Slide 1 - História das Relações Internacionais

Propaganda
• 7. I Guerra Mundial (1914-18),
Revolução Russa (1917)
e crise sistêmica
Gilberto Maringoni – UFABC - 2014
Programação
25 de abril: Devolução das provas –
I Guerra Mundial e Revolução Russa
POLANYI, Karl, A grande transformação, Editora Campus, Rio de
Janeiro, 2000, pags. 36 a 47 (Capítulo 2 – A década de 1920
conservadora; A década de 1930 revolucionária)
HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos, Companhia das Letras,
São Paulo, 1996, pags. 29 a 89 (Capítulos 1 e 2 – ‘A era da guerra
total’ e ‘A revolução mundial’)
28 de abril – Crise sistêmica
PARKER, Selwyn, O crash de 1929, Editora Globo, São Paulo, 2009,
pags. 400 a 418 (Pósfácio)
Hobsbawm
• Os quinze anos entre 1899 e 1914 foram
prósperos e a vida era incrivelmente atraente
para os que tinham dinheiro. As sociedades da
Europa Ocidental pareciam, de maneira geral,
administráveis.
• Entretanto, no mundo havia áreas consideráveis
onde claramente este não era o caso. Nessas
regiões, aos anos de 1880 a 1914 foram um
período de revoluções continuamente possíveis
e reais.
• A Era dos Impérios
• Eric Hobsbawm
• Para a maioria dos Estados Ocidentais, e na
maior parte do tempo entre 1871 e 1914, uma
guerra européia era uma lembrança histórica ou
um exercício teórico para um futuro indefinido. A
principal função dos exércitos em suas
sociedades durante esse período era civil.
• O século burguês desestabilizou sua periferia de
dois modos principais:
• 1. Solapando as antigas estruturas de suas
economias e sociedades;
• 2. Tornando inviáveis seus regimes e instituições
políticas estabelecidos.
• Dois grandes e instáveis impérios multinacionais
europeus estavam a beira do colapso, a Rússia e o
Habsburgo. Eles não eram muito comparáveis entre
si, salvo na medida em que ambos representavam
um tipo de estrutura. Eram países governados como
propriedades familiares, que cada vez mais
pareciam sobreviventes pré-históricos no século
XIX.
• Em contraste com os impérios
antigos, ficavam na Europa, na
fronteira entre zonas de
economia desenvolvida e
atrasada e, portanto, desde o
início parcialmente integrados ao
mundo economicamente
“avançado”.
• Causas da Guerra
• As causas da guerra são complexas e
intrincadas. Elas repousam na natureza de uma
situação internacional em deterioração
progressiva, que escapava cada vez mais ao
controle dos governos.
• Não havia interesse do mundo dos negócios na
Guerra. No entanto, o desenvolvimento do
capitalismo exacerbou rivalidades entre as
potências e a expansão imperialista. A economia
internacional não girava em torno de um único
centro (GB). Seu declínio relativo era visível.
• Mas havia grandes tensões não
resolvidas:
• A disputa pelo comando da economia
mundial, num quadro de clara decadência
da Grã-Bretanha. Um subproduto fora o
rearmamento dos países mais ricos;
• A industrialização chegara às forças
armadas, através de novas e mortíferas
armas com inédito poder de fogo.
• O mundo da virada do século
estava pautado por:
• Instabilidades internacionais nos países secundários (Rússia, 1905)
• Revolução turca (1908), que desestabilizou acordos no oriente
médio.
• A Áustria anexou a Bósnia Herzegovina, precipitando uma crise
com a Russia.
• A crise com o Marrocos (1911), quando a Alemanha envia uma
canhoneira disposta a recuperar o porto de Agadir.
• Itália ocupa Líbia em 1911
• As Guerras Balcânicas
• 1912 - Tensões nacionalistas contra Império Otomano (Bulgária,
Sérvia e Grécia), alimentadas pela Rússia e Áustria-Hungria –
obtém territórios turcos na Europa.
• 1913 – Búlgara contra Sérvia e Grécia pela disputa da Macedônia –
produto da guerra anterior
• Desde 1815 não houvera
nenhuma guerra envolvendo as
potências européias. Desde
1871, nenhuma nação européia
ordenara a seus homens em
armas que atirassem nos de
qualquer outra nação similar.
• Tecnologia:
• Tanques – Em pequena escala
• Aviões –de observação a bombardeios
• Submarino – Entrada efetiva cerco GB
• Gás - Alemães usaram gás químico em Verdun. Repulsa
internacional. Convenção de Genebra. Não foi usado na II Guerra.
• Antiga - táticas de infantaria – Séc XIX – Diferença: transportados
de trem ou veículos motoizados.
• Com a sofisticação bélica, de uma forma ou de outra, os Estados
eram obrigados a garantir a existência de poderosas indústrias
nacionais de armamentos, a arcar com boa parte do custo de seu
desenvolvimento técnico e a fazer com que permanecessem
rentáveis. Em outras palavras, tinham que proteger essas indústrias
contra os vendavais que ameaçavam os navios da empresa
capitalista, que singravam os mares imprevisíveis do mercado livre
e da livre concorrência.
• “Nos anos 1880, os produtores
privados de armamento
assinaram mais de um terço de
seus contratos de fornecimento
com as forças armadas; nos anos
de 1890, 46%; nos anos 1900,
60%: o governo, incidentalmente,
estava disposto a garantir-lhes
dois terços.
• Uma intrincada rede de alianças
construídas em décadas
anteriores provocava reações em
cadeia diante de quaisquer
tensões localizadas. Assim, a
Sérvia, apoiada pela Rússia, era
aliada da França e da GrãBretanha contra a ÁustriaHungria, que por sua vez contava
com apoio alemão.
• " Não admire que as empresas de
armamento estivessem entre os gigantes
da indústria, ou passassem a estar: a
guerra e a concentração capitalista
caminhavam juntas.
• Krupp, na Alemanha, o rei dos canhões,
empregava 16 mil pessoas em 1873, 24
mil em torno de 1890, 45 mil em torno de
1900 e quase 70 mil em 1912, quando 50
mil das famosas armas Krupp saíram da
linha de produção..
• As principais nações da Europa tinham o
interesse de desmembrar o decadente
Império Turco-Otomano, cujos recursos
petrolíferos e seu domínio sobre áreas
estratégicas do Oriente Médio atraíam a
cobiça das grandes potências.
• Com exceção dos germânicos
e húngaros, todas as outras minorias
governadas por Viena eram eslavas e,
portanto, muito suscetíveis à propaganda
pan-eslavista.
• A Rússia fomentava um nacionalismo
eslavófilo buscando "implodir" o
Império Austro- Húngaro e assim
tornar possível a presença dos
súditos de Moscou na Europa
Oriental.
• Havia ainda o
"revanchismo" francês. Paris
desejava recuperar as províncias
carboníferas da Alsácia e Lorena.
• A guerra ocorreu entre a
Tríplice Entente (aliança
formada no início do século
entre Grã-Bretanha, França e
Rússia) e a Tríplice Aliança
(pacto firmado em 1882 pela
Alemanha, Império AustroHúngaro e Itália).
• O traço diplomático mais
permanente do período 18711914 foi a Tríplice Aliança, na
verdade era uma aliança
austro-alemã, já que o terceiro
participante, a Itália, logo se
afastaria para finalmente se
unir ao campo antialemão em
1915.
As alianças na I Guerra
• A guerra causou o colapso de quatro
impérios – Alemão, Áusto-Húngaro, Russo r
Turco-Otomano - e mudou de forma radical o
mapa geopolítico da Europa e do Médio
Oriente.
• Dinastias imperiais européias como as das
famílas Habsburgos, Romanov e
Hohenzollern, que vinham dominando
politicamente a Europa e cujo poder tinha
raízes nas Cruzadas, também caíram durante
os quatro anos de guerra.
• “Descobrir as origens da Primeira Guerra
Mundial não equivale a descobrir "o
agressor".
• Elas repousam na natureza de uma
situação internacional em processo de
deterioração progressiva, que escapava
cada vez mais ao controle dos governos.
Gradualmente a Europa foi se dividindo
em dois blocos opostos de grandes
nações.
•
• A rivalidade entre as potências, confinada
antes em grande medida à Europa e áreas
adjacentes (com exceção dos britânicos), era
agora global e imperial fora a maior parte das
Américas, destinada com exclusividade à
expansão imperial dos EUA pela Doutrina
Monroe de Washington.
• Agora era igualmente provável que as
disputas internacionais que tinham que ser
resolvidas, para não degenerarem em
guerras, ocorressem em qualquer parte do
mundo.
• Em duas ocasiões (1905 e 1911), a
Europa quase foi à guerra, em meio a
um braço de ferro entre franceses e
alemães pela posse do Marrocos.
• O decadente Império Otomano era
terreno fértil para disputas entre
potências européias por mais
mercado, fontes de matéria prima e
mão de obra barata.
• No início dos anos 1910, a
tentativa de uma ex-província
turca de população eslava, a
Sérvia – com apoio da Rússia
– de unificar todos os povos
eslavos sob seu comando deu
origem a duas Guerras
Balcânicas (1912-13).
• A partir de 1905, a desestabilização da situação
internacional, como conseqüência da nova vaga
de revoluções na periferia das sociedades
plenamente "burguesas", acrescentou material
inflamável novo a um mundo que já estava
prestes a pegar fogo.
• Houve a revolução russa de 1905, que deixou o
Império Czarista temporariamente incapacitado,
encorajando a Alemanha a insistir em suas
reivindicações no Marrocos, intimidando a
França.
• Dois anos depois, a Revolução Turca
destruiu os acordos, cuidadosamente
construídos, que visavam ao equilíbrio
internacional no sempre explosivo Oriente
Próximo.
• A Áustria aproveitou a oportunidade para
anexar formalmente a Bósnia-Herzegovina
(que anteriormente apenas administrava),
precipitando assim uma crise com a Rússia,
resolvida apenas com a ameaça de um apoio
militar alemão à Áustria.
• A terceira grande crise
internacional, em torno do
Marrocos em 1911, tinha
reconhecidamente pouco a ver
com a revolução e tudo a ver com
o imperialismo e com as
duvidosas operações de homens
de negócios piratas, que
perceberam suas múltiplas
possibilidades.
• A Alemanha enviou uma canhoneira
disposta a se apoderar do porto de Agadir,
ao sul do Marrocos, no intuito de obter
alguma "compensação" dos franceses por
seu "protetorado" iminente sobre o
Marrocos, mas foi forçada a recuar pelo
que pareceu ser uma ameaça britânica, a
de ir à guerra do lado dos franceses;
irrelevante se isso foi mesmo proposital ou
não.
• Apesar das tensões, havia por parte dos
líderes das grandes potências o interesse
de se evitar uma guerra total.
• Razões profundas
• Colapso padrão-ouro
• O colapso do padrão-ouro internacional na
virada do século foi o elo entre a desintegração
da economia mundial e a transformação que
adviria após 1930. O padrão ouro não era ma
instituição meramente econômica, ele
organizava as finanças, a economia, a politica e
a sociedade.
• A dissolução do sistema econômico mundial que
se processava desde 1900 foi responsável pela
tensão política que explodiu em 1914.
•
• O que empurrou o mundo para uma
rivalidade insolúvel – desenvolvimento do
capitalismo.
• Vale aqui a reflexão de Arrighi. O que
impulsiona os Estados para a conquista
territorial – e para a Guerra – não é a
lógica territorialista.
• É a lógica capitalista. Mais do que nunca
a reprodução do capital – o lucro – é o fim.
A base territorial é o meio.
• A guerra em si era aceitável somente na medida
em que não interferisse nos "negócios como de
costume”.
• De fato, por que os capitalistas mesmo os
industriais, com a possível exceção dos
fabricantes de armas desejariam perturbar a paz
internacional, quadro essencial de sua
prosperidade e expansão, se o tecido da
liberdade internacional para negociar e o das
transações financeiras dependiam dela?
• No entanto, o
desenvolvimento do
capitalismo empurrou o
mundo, inevitavelmente, em
direção a uma rivalidade
entre os Estados, à
expansão imperialista, ao
conflito e à guerra.
• Após 1870, como os historiadores mostraram,
"a passagem do monopólio à concorrência
talvez tenha sido o fator isolado mais
importante na preparação da mentalidade
propícia ao empreendimento industrial e
comercial europeu.
• Crescimento econômico também era luta
econômica, luta que servia para separar os
fortes dos fracos, para desencorajar alguns e
endurecer outros, para favorecer as nações
novas e famintas às custas das antigas.
• A economia mundial deixara totalmente de
ser, como fora em meados do século XIX,
um sistema solar girando em torno de
uma estrela única, a Grã-Bretanha.
• Embora as transações financeiras e
comerciais do planeta ainda, na verdade
cada vez mais, passassem por Londres, a
Grã-Bretanha já não era, evidentemente,
a "oficina do mundo", nem seu principal
mercado importador. Ao contrário, seu
declínio relativo era patente.
• Um certo número de economias
industriais nacionais agora se
enfrentavam mutuamente. Sob tais
circunstâncias, a concorrência
econômica passou a estar intimamente
entrelaçada com as ações políticas, ou
mesmo militares, do Estado.
• O ressurgimento do protecionismo no
período 1853-96 foi a primeira
conseqüência dessa fusão.
• O traço característico da
acumulação capitalista era
justamente não ter limite.
• As "fronteiras naturais" da Standard
Oil, do Deutsche Bank, da De
Beers Diamond Corporation
estavam situadas nos confins do
universo, ou antes, nos limites de
sua capacidade de expansão.
• Foi este aspecto dos novos padrões da
política mundial que desestabilizou as
estruturas da política mundial tradicional.
• Enquanto o equilíbrio e a estabilidade
permaneciam como a condição
fundamental das nações européias em
suas relações recíprocas, em outros
lugares nem as mais pacíficas hesitavam
em recorrer à guerra contra os fracos.
• Lenin 1916 – Imperialismo, fase
suprema do capitalismo.
• Para Vladimir Lênin (1870-1924) não se
poderia acalentar a esperança de que a paz
entre os povos viesse a imperar na ordem
imperialista. "No terreno do capitalismo, perguntava ele - que outro meio poderia
haver, a não ser a guerra, para eliminar a
desproporção existente entre o
desenvolvimento das forças produtivas e a
acumulação de capital, por um lado, e, por
outro lado, a partilha das colônias e das
'esferas de influência' do capital financeiro?"
Vladimir Lenin
(1870-1924)
• “Nesta brochura, prova-se que a
guerra de 1914-1918 foi, de ambos
os lados, uma guerra imperialista
(isto é, uma guerra de conquista, de
pilhagem e de rapina), uma guerra
pela partilha do mundo, pela divisão e
redistribuição das colónias, das
«esferas de influência», do capital
financeiro, etc”.
• “É que a prova do verdadeiro caracter social ou,
melhor dizendo, do verdadeiro caracter de classe de
uma guerra não se encontrará, naturalmente, na
sua história diplomática, mas na análise da situação
objetiva das classes dirigentes em todas potências
beligerantes.
• Para refletir essa situação objetiva há que colher
não exemplos e dados isolados (dada a infinita
complexidade dos fenómenos da vida social,
podem-se encontrar sempre os exemplos ou dados
isolados que se queira susceptíveis de confirmar
qualquer tese), mas sim, obrigatoriamente, todo o
conjunto dos dados sobre os fundamentos da vida
económica de todas as potências beligerantes e do
mundo inteiro”.
“A particularidade fundamental do
capitalismo moderno consiste na dominação
exercida pelas associações monopolistas
dos grandes patrões. Estes monopólios
adquirem a máxima solidez quando reúnem
nas suas mãos todas as fontes de matériasprimas, e já vimos com que ardor as
associações internacionais de capitalistas
se esforçam por retirar ao adversário toda a
possibilidade de concorrência, por adquirir,
por exemplo, as terras que contêm minério
de ferro, os jazigos de petróleo, etc.
A posse de colônias é a única coisa que
garante de maneira completa o êxito do
monopólio contra todas as contingências da
luta com o adversário, mesmo quando este
procura defender-se mediante uma lei que
implante o monopólio do Estado.
Quanto mais desenvolvido está o capitalismo,
quanto mais sensível se toma a insuficiência de
matérias-primas, quanto mais dura é a
concorrência e a procura de fontes de matériasprimas em todo o mundo, tanto mais encarniçada
é a luta pela aquisição de colônias”.
“Os monopólios, a oligarquia, a tendência para a
dominação em vez da tendência para a liberdade, a
exploração de um número cada vez maior de nações
pequenas ou fracas por um punhado de nações
riquíssimas ou muito fortes: tudo isto originou os traços
distintivos do imperialismo, que obrigam a qualificá-lo de
capitalismo parasitário, ou em estado de decomposição.
Cada vez se manifesta com maior relevo, como urna das
tendências do imperialismo, a formação de "Estados"
rentistas, de Estados usurários, cuja burguesia vive cada
vez mais à custa da exportação de capitais e do "corte de
cupões".
Seria um erro pensar que esta tendência para a
decomposição exclui o rápido crescimento do
capitalismo. Não; certos ramos industriais, certos
setores da burguesia, certos países, manifestam,
na época do imperialismo, com maior ou menor
intensidade, quer uma quer outra dessas
tendências.
No seu conjunto, o capitalismo cresce corri uma
rapidez incomparavelmente maior do que antes,
mas este crescimento não só é cada vez mais
desigual como a desigualdade se manifesta
também, de modo particular, na decomposição
dos países mais ricos em capital (Inglaterra)”.
A estopim
Em 28 de Junho de 1914 o
Arquiduque Francisco
Ferdinando, sobrinho do
Imperador Francisco José e
herdeiro do trono Austro-Húngaro
e sua esposa Sofia, duquesa de
Hohenburg, foram assassinados
em Sarajevo, então parte do
Império Austro-Húngaro.
A conspiração envolveu Gavrilo Princip,
um estudante sérvio que fazia parte de
um grupo de quinze assaltantes que
formavam o grupo Bósnia Jovem, que
atuava em conjunto com o grupo ultranacionalista Mão Negra.
Gradativamente a Europa foi se
dividindo em dois blocos e derivavam
da entrada em cena do Império Alemão
unificado entre 1864-71.
• O assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando aparentemente detonou um
confronto inimaginável.
• A Sérvia sempre pode contar com o respaldo da
Rússia e esta, da França, Grã-Bretanha e
simpatia dos EUA. A Austro-Hungria era aliada
dos alemães.
• Um primeiro movimento – patrocinado pela GrãBretanha – para resolver pacificamente o
problema do assassinato malogrou.
• A Alemanha invade a Bélgica, a caminho da
França, em agosto de 1914.
Duas frentes
Ocidente – França (prioridade alemã), Balcãs (por conta das
pendencias da Austria-Hungria). Tornou-se o palco dos maiores
massacres vistos até então.
Objetivo alemão – Liquidar rapidamente a França (o que quase
conseguiu, como em 1940) e partir para a Russia. Quase deu certo.
O avanço foi detido no rio Marne, seis semanas após a declaração
de guerra, próximo a Paris, em 9 de setembro de 1914:
Envolveu 2 milhões de homens (franceses e britânicos contr
alemães) ao longo de 300 quilômetros. Sem um vencedor claro,
mas com o avanço alemão impedido, os franceses, ingleses e
belgas improvisaram uma extensa linha de trincheiras, que
mantiveram a posição até quase o final da guerra. Milhões de
homens conviveram ali, entre lama, privações, neve e ratos.
Oriente – Rússia
• Verdun (cidade) antiga cadeia
montanhosa e rota defensiva – Alemães
tentaram romper a barreira em 1916
(fevereiro a agosto).
• 15 mil habitantes da cidade saem. Marco
divisor. Alemanha perde a esperança na
vitória total e Franco-britânicos perdem a
esperança e vencer por suas próprias
forças (sem EUA). Foi o ultimo ano da
Russia na guerra. Pior campanha da
guerra ( 2 milhões de homens envolvidos,
800 mil perdas totais)
• Frente oriental
• Alemanha e Potências Centrais faziam a
Rússia recuar na Polônia.
• Balcãs, potências centrais tinha domínio.
Maiores perdas militares relativas – Sérvia
e Romênia.
•
• Problema: impasse na frente ocidental
– Ali se decidiria a guerra. Guerra naval
empatada.
• Guerra envolve população
Principais frentes
na I Guerra
• EUA
• Desempate – Entrada dos EUA,
em 1917, com recursos
ilimitados.
• Saída da Rússia em 1917 liberou
tropas alemãs no Oriente. 500 mil
soldados. Nova ofensiva sobre
Paris, após Brest Litowski (maço
1918.).
• Fim da Guerra
• A partir de 1917 a situação começou a alterarse, quer com a entrada em cena de novos
meios, como o carro de combate e a aviação
militar, quer com a chegada ao teatro de
operações europeu das forças norte-americanas
ou a substituição de comandantes por outros
com nova visão da guerra e das táticas e
estratégias mais adequadas; lançam-se, de um
lado e de outro, grandes ofensivas, que causam
profundas alterações no desenho da frente,
acabando por colocar as tropas alemãs na
defensiva e levando por fim à sua derrota.
• É verdade que a Alemanha adquire
ainda algum fôlego quando a revolução
estala no Império Russo e o governo
bolchevista, chefiado por Lenin,
prontamente assina a paz sem
condições.
• Anula assim a frente leste, mas essa
circunstância não será suficiente para
evitar a derrocada. O armistício que põe
fim à guerra é assinado a 11 de
Novembro de 1918.
• A Cláusula de Culpa
• Após o fim das batalhas, os países vencedores
elaboraram o Tratado de Versalhes e Tratado
de Saint.Germain, que acusava tanto a
Alemanha quanto o Império Austro-Húngaro
pela responsabilidade da guerra.
• A Alemanha foi considerada culpada e teve que
pagar as reparações pela guerra e todos os
custos futuros, além de pensões para todos os
veteranos da Tríplice Entente, num valor total
estimado em trinta bilhões de dólares.
• O valor foi sendo renegociado por toda a
década de 20, até ser extinto em 1931.
Balanço material
• Neste conflito estiveram envolvidos
cerca de 65 milhões de soldados.
• A guerra química e o
bombardeamento aéreo foram
utilizados pela primeira vez em
massa na Primeira Guerra Mundial.
Ambos tinham sido tornados ilegais
após a Convenção Haia de 1907.
• Sociedade das Nações
• Um dos pontos do amplo tratado referiu-se à
criação de uma associação internacional, cujo
papel seria o de assegurar a paz.
• Em 28 de julho de 1919, foi assinado o tratado
de Versalhes, cuja sede passou a ser na cidade
de Genebra, na Suíça.
• Uma de suas deliberações foi a constituição da
Sociedade das Nações, também conhecida por
Liga das Nações.
• Passou a existir oficialmente em 10 de janeiro
de 1920, quando a Alemanha, um dos países
conflitantes da Primeira Guerra, passou a
constar na sede.
• Sua criação foi baseada na proposta de
paz conhecida como Quatorze Pontos,
feita pelo presidente norte-americano
Woodrow Wilson, em mensagem enviada
ao Congresso dos Estados Unidos em 8
de janeiro de 1918.
• Os Quatorze Pontos propunham as bases
para a paz e a reorganização das relações
internacionais ao fim da Primeira Guerra
Mundial, e o pacto para a criação da
Sociedade das Nações constituíram os 30
primeiros artigos do Tratado de Versalhes.
• Os países integrantes
originais eram 32 membros
do anexo ao Pacto e 113
dos estados convidados
para participar, ficando
aberto o futuro ingresso aos
outros países do mundo.
• As exceções foram Alemanha,
Turquia e a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS).
• Estava permitindo, desse modo, o
Reino Unido, bem como o seu
ingresso e o de seus domínios e
colônias, como o exemplo dos
Domínios Britânicos (Índia, África do
Sul, Austrália e Nova Zelândia).
• Uma das conseqüências mais visíveis do fim da guerra
foi o aparecimento de uma série de estados-nações –
Polônia, Tchecoslováquia, Áustria, Hungria, Iugoslávia,
Finlândia, Estonia, Letônia e Lituânia.
• A I Guerra Mundial envolveu TODAS as grandes
potencias, todos os estados europeus, com exceçço de
Espanha, Países baixos, Escandinávia e Suíça.
Soldados atravessaram o Atlântico para lutar.
• A Guerra deixou definitivamente para trás o mundo do
Congresso de Viena (1815) e o equilíbrio de poderes daí
resultantes. A Inglaterra deixava de ser a potência
hegemônica. O forte candidato ao posto eram os
Estados Unidos.
• Consequencias e mudanças da I
Guerra
• Não existiam mais as grandes
potências européias.
• Acabara o século europeu e o
eurocentrismo.
• EUA já eram a maior economia mundial.
Só seriam a dominante após 1945.
• No Médio Oriente o Império Turco-Otomano foi
substituído pela República da Turquia e muitos
territórios por toda a região acabaram em mãos
inglesas e francesas.
• Na Europa Central os novos estados
Tchecoslováquia, Finlândia, Lituânia, Estônia e
Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os
estados da Austria, Hungria e Polônia foram
redefinidos.
• Crise, ressentimentos e empobrecimento da
população gerariam graves conseqüências
políticas, especialmente na Alemanha e na
Itália.
• Revolução Russa
• Eric Hobsbawm
• “A Revolução de Outubro produziu de longe o mais
formidável movimento revolucionário organizado na
história moderna. Sua expansão global não tem
paralelo (...). Apenas trinta ou quarenta anos após a
chegada de Lênin à Estação Finlândia em Petrogrado,
um terço da humanidade se achava vivendo sob
regimes diretamente derivados dos “Dez dias que
abalaram o mundo” (Reed, 1919) e do modelo
organizacional de Lênin, o Partido Comunista. ”.
Greve na
fábrica de
tratores
Putilov –
Petrogrado,
1917
• Realizada num país atrasado, em meio a um
conflito de largas proporções - a I Guerra
Mundial - e num momento em que o capitalismo
monopolista assumia um vigor inusitado, a
Revolução de 1917 produziu reflexos em
inúmeras áreas do conhecimento humano.
• Não há praticamente domínio da cultura que
tenha ficado imune a seus impulsos. Arquitetura,
música, artes plásticas, artes cênicas, fotografia,
cinema, publicidade, dentre outros, foram
tocados de forma indelével pelo formidável
movimento de massas desencadeado naquele
país.
• A Rússia das últimas décadas do século
XIX era um imenso país agrícola – 85%
de sua população vivia no campo, em
situação de extrema pobreza.
• O regime político era o czarismo, dinastia
que se pretendia eterna. A partir da
década de 1890, a indústria conheceu um
sólido progresso, principalmente nas
áreas de metalurgia, petróleo, tecelagem
e carvão, graças a vultosos investimentos
estrangeiros.
• A atração de camponeses empobrecidos para
as cidades deu origem a uma massa crescente
de operários que adquiriam ao mesmo tempo
qualificação técnica e consciência de classe.
• Mesmo sendo um país atrasado, a Rússia
possuía vida cultural e intelectual bastante
dinâmica, em larga medida anti-czarista. Esses
setores formaram a base, desde meados do
século XIX, para o florescimento de diversos
movimentos revolucionários.
• O mais expressivo deles era o dos populistas
(narodniks), surgido por volta de 1860.
• Um dos grupos populistas, chamado Vontade do
povo, realizou diversos atentados, entre eles o
que culminou com o assassinato do czar
Alexandre II, em 1881.
• Uma das vertentes do movimento revolucionário
russo era a social-democracia.
• Em março de 1898, foi fundado o Partido
Operário Social Democrata Russo (POSDR).
• A agremiação fazia severas restrições às ações
voluntaristas dos populistas.
• Em março de 1902, Vladimir Lênin, um
dos dirigentes do POSDR, publica o livro
Que fazer? O título era uma referência ao
romance homônimo do populista Nikolai
Chernychevsky (1828-1889).
• Desenvolvendo as idéias de Marx e
Engels, Lênin defende a necessidade
imperiosa da construção de uma teoria
revolucionária e de um “partido de novo
tipo” que organize os trabalhadores.
• Em seu congresso de 1903, o POSDR dividiu-se em
duas facções: a maioria (bolchinstvo) e a minoria
(menchinstvo).Daí vêm os nomes bolchevique e
menchevique.
• As duas alas se constituíram, mais tarde, em partidos
distintos.
• Em 1904, a disputa pela hegemonia do extremo oriente
levou a uma guerra imperialista entre a Rússia e o
Japão. O conflito se desenrolou nos territórios de dois
países neutros, Coréia e China. A Rússia acabou
derrotada. Para fazer frente ao esforço de guerra, o czar
aumentou impostos e jornadas de trabalho. Os protestos
e greves não tardaram a ocorrer.
• O domingo sangrento
• Em 22 de janeiro de 1905, cerca de 200 mil
trabalhadores e seus familiares aglomeraram-se
em frente ao Palácio de Inverno, numa
manifestação absolutamente pacífica,
reivindicando melhores salários e condições de
trabalho.
• O czar não estava. Não conseguindo dispersar
a multidão, a guarda do Palácio atirou para
matar. O saldo: centenas de mortos e mais de 3
mil feridos. As ilusões populares com a
monarquia terminavam ali.
Reconstituição do Domingo Sangrento
• A partir de outubro de 1905, a onda de
greves transformou-se numa maré
incontrolável, com 400 mil trabalhadores
paralisados no País.
• Em novembro, eles eram 2,5 milhões em
todo o império. Eclodia, pela primeira vez,
um movimento revolucionário popular,
liderado pelos trabalhadores da indústria.
• Os marinheiros do encouraçado Potemkin,
o mais poderoso da frota do Mar Negro,
rebelaram-se, matando oficiais e
hasteando a bandeira vermelha.
O
encouraçado
Potemkim
• Os rebeldes criaram um novo instrumento
de decisões populares, os sovietes
(conselhos), que reuniam delegados
eleitos por grupos de 500 trabalhadores.
• O soviete mais importante era o da
capital, São Petersburgo, presidido por
Leon Trotsky. O soviete durou 50 dias.
Seus membros foram presos em seguida.
• Uma greve geral, decretada três dias após
sua queda foi derrotada por uma terrível
repressão.
• Como forma de recuar e manter o poder,
o czar Nicolau II anunciou a criação da
Duma – parlamento – em outubro de
1905.
• Todos os homens com mais de 25 anos
teriam direito a concorrer. Mas o voto
seria censitário, isto é, diferente de acordo
com a classe social. Os proprietários de
terra votavam diretamente e os
camponeses só poderiam votar
indiretamente.
• Aberta em maio de 1906, a
Duma foi fechada em julho,
sob a alegação de contestar o
poder do czar.
• As tensões se agravariam e o
czarismo entraria em lenta
crise por uma década.
• Em 1915, os problemas do governo do czar
pareciam mais uma vez insuperáveis. Nada pareceu
menos surpreendente e inesperado que a revolução
de março de 1917, que derrubou a monarquia
russa.(...)
• A revolução da Rússia não podia e não seria
socialista. As condições para uma tal transformação
simplesmente não estavam presentes em um país
camponês que era sinônimo de pobreza, ignorância
e atraso, e onde o proletariado industrial, o
predestinado coveiro do capitalismo de Marx, era
apenas uma minúscula minoria, embora
estrategicamente localizada.
• A I Guerra Mundial
• “A participação da Rússia na guerra encerrava
contradições quer nos motivos, quer nos fins. Em
verdade, a luta sangrenta tinha como objetivo o domínio
mundial. Neste sentido, ultrapassava as possibilidades
da Rússia. (...)
• Ao mesmo tempo, a Rússia, na qualidade de grande
potência, não poderia abster-se de participar da guerra
dos países capitalistas mais adiantados, da mesma
forma como não lhe fora possível, durante a época
precedente, dispensar a instalação em suas terras de
usinas, fábricas, ferrovias, assim como adquirir fuzis de
tiro rápido e aviões”.
• Trotsky, A história da Revolução RA história da
Revolução Russa
• O exército russo perdeu 500 mil homens
no conflito. A maior parte da indústria
fechou as portas. Com a agricultura
fortemente afetada, o espectro da fome
assolava o País.
• Aquela situação acabou gerando um
descontentamento geral com a política
czarista. Com as massivas greves nos
centros industriais mais importantes, o
movimento revolucionário recomeçava a
ganhar forças.
• Em fins de 1916, o Partido Bolchevique,
então na clandestinidade, com notável
influência no movimento operário, foi o
único a defender o fim da guerra e do
czarismo e apontar a revolução como
única saída.
• O fracasso da Rússia na guerra acabou
contribuindo para a queda do sistema
czarista, servindo de catalisador para a
Revolução.
• A Revolução foi fruto da
insatisfação contra as guerras
e a luta pela conquista da paz.
• Cansados de pagar a conta,
milhares de cidadãos comuns
assumiram a luta contra a
situação imposta.
• O caos era generalizado. Em 1917,
toda a Europa se tornara um monte
de explosivos sociais prontos para
ignição.
• A Rússia, madura para a revolução
social, cansada de guerra e à beira
da derrota, foi o primeiro dos regimes
da Europa Central e Oriental a ruir
sob as pressões e tensões da
Primeira Guerra Mundial
Lenin discursa na praça Vermelha (1919)
Tomada do Palácio de Inverno
• A Revolução de Fevereiro
e a queda do Czar
• “Petrogrado foi a capital do Império
russo e o centro financeiro e
industrial mais importante em uma
sociedade primordialmente agrícola.
Em 1917 tinha uma população de 2,4
milhões de habitantes.
 Poucas semanas antes da revolução de
fevereiro, Lênin ainda se perguntava em seu
exílio suíço se viveria para vê-la.
 Na verdade, o governo do czar desmoronou
quando uma manifestação de operárias (no
habitual “Dia da Mulher” do movimento socialista
– 8 de março) se combinou com um locaute
industrial na notoriamente militante metalúrgica
Putilov e produziu uma greve geral e a invasão
do centro da capital (...) basicamente para exigir
pão.
• A Revolução de Fevereiro de 1917
chegou inesperadamente. Começou em
23 de fevereiro (8 de março), Dia
Internacional da Mulher, quando milhares
de donas de casa e operárias, ignorando
os chamados dos dirigentes sindicais para
manter a calma, ganharam as ruas. No dia
seguinte, 200 mil operários estavam em
greve em Petrogrado.
• Steve Smith, Petrogrado, 1917, o
panorama visto de baixo
• Em 25 de fevereiro, exércitos de manifestantes
chocavam-se contra as tropas: começara a
Revolução. Dois dias depois, chegou-se ao
ponto culminante, quando regimentos inteiros
da guarnição desertaram e passaram para o
lado dos insurgentes. Em seguida, os membros
da Duma - um arremedo de parlamento, criado
em 1905 - recusaram-se a obedecer a ordem do
czar de se dispersarem e declararam-se ‘Comitê
Provisório’. Em 3 de março, Nicolau II abdicou
do trono”.
• Steve Smith, Petrogrado, 1917, o panorama
visto de baixo
Alexandr Kerenski
(à esquerda)
• Constituiu-se um governo
provisório, chefiado por
Aleksandr Kerenski, membro
socialrevolucionário da Duma.
Todos os partidos políticos
estavam nele representados, à
exceção dos monarquistas e
dos bolcheviques.
• Quatro dias espontâneos e sem liderança na rua
puseram fim a um Império Mais que isso: tão pronta
estava a Rússia para a revolução social que as
massas de Petrogrado imediatamente trataram a
queda do czar como uma proclamação de liberdade,
igualdade e democracia direta e universais.
• O feito extraordinário de Lênin foi transformar essa
incontrolável onda anárquica popular em poder
bolchevique.
• Institui-se o governo provisório e os inúmeros
conselhos de base (sovietes).
• Desde o início, os
trabalhadores
desconfiavam do governo
provisório, o qual viam
atados com mil laços a
interesses capitalistas e
dos donos de terras.
• O Governo Provisório tentou governar com leis e
decretos. O povo queria pão, paz e terra.
• Quando os bolcheviques – até então um partido de
operários – se viram em maioria nas principais cidades
russas, e sobretudo na capital (...) depressa ganharam
terreno no exército, a existência do Governo Provisório
tornou-se cada vez mais irreal. (...) Na verdade quando
chegou a hora, mais que tomado o poder foi colhido.
• O argumento de Lênin não podia deixar de convencer
seu partido. Se um partido revolucionário não tomasse o
poder quando as massas o pediam, em que ele diferia
de um partido não revolucionário?
• “Para que a revolução ecloda,
não é suficiente que os de
baixo não queiram mais viver
como antes, mas é importante
também que os de cima não
consigam mais viver como
antes.”
• Lênin
• Todo poder aos sovietes
• “No dia 23 de outubro, numa reunião do
Comitê Central do Partido Bolchevique,
tomou-se a decisão de se preparar uma
insurreição armada. (...) Na noite do dia 6
para o dia 7 de novembro, o Comitê Militar
Revolucionário, sediado no Instituto
Smólni, deu a senha para o início da
ação”.
• Trotsky, História da Revolução da
Revolução Russa
• A tomada do Palácio de Inverno
• “Por volta das 22 horas do dia 7, as tropas
revolucionárias que cercavam o Palácio
de Inverno atacaram, após um tiro de
canhão disparado pelo cruzador Aurora.
Logo, o Palácio caiu nas mãos dos
bolcheviques. (...) Os ministros do
governo provisório foram mandados para
a fortaleza de Pedro e Paulo”.
• L. Bryant, Seis meses vermelhos na
Rússia
•
Tomada do Palácio
de Inverno –
reconstituição
• Planejada para ser a deflagradora da
revolução mundial, a Revolução
Russa estava isolada
internacionalmente. Assim, exércitos
ingleses, franceses, alemães,
japoneses, norte-americanos e
tchecos uniram-se aos exércitos do
czar, que ainda combatiam o
governo, na tentativa de derrubar o
poder soviético.
• 17 de novembro – a Rússia sai da Guerra
• A Rússia que saiu da I Guerra Mundial
tinha sua economia destroçada, o sistema
de transportes arruinado e o
abastecimento das cidades em colapso.
• Vastos setores do território não estavam
sob controle por parte do Estado.
• Aparentemente, o poder soviético tinha
poucas chances de sobreviver.
• Trotsky sobre a Guerra
• “A participação da Rússia na Guerra encerrava
contradições quer nos motivos, quer nos fins.
• Em verdade, a luta sangrenta tinha como objetivo o
domínio mundial. Neste sentido, ultrapassava as
possibilidades da Rússia. (...) Ao mesmo tempo, a
Rússia, na qualidade de grande potência, não poderia
abster-se de participar da guerra dos países capitalistas
mais adiantados, da mesma forma como não lhe fora
possível, durante a época precedente, dispensar a
instalação em suas terras de usinas, fábricas, ferrovias,
assim como adquirir fuzis de tiro rápido e aviões”.
• Trotsky, A história da Revolução Russa
• Os três anos seguintes à Revolução de
Outubro se constituem numa das maiores
guerras civis da história. Para fazer frente
a esta ameaça, o Partido Bolchevique
definiu as bases do chamado “comunismo
de guerra”: os transportes e a indústria
tiveram de se submeter às necessidades
do combate. Proibiu-se a existência de
qualquer empreendimento privado.
•
• A partir de 1921, os bolcheviques se legitimaram
em todo o país. Mas o espectro da crise
econômica rondava a Rússia. A fome entre os
anos de 1921 e 1922 matou cerca de 5 milhões
de pessoas. Outras vinte milhões haviam
perecido desde 1914. O “comunismo de guerra”
não estava mais tendo sucesso.
• “A revolução mundial, que justificou a decisão
de Lênin de entregar a Rússia ao socialismo,
não ocorreu, e com isso, a Rússia soviética foi
comprometida, por uma geração, com um
isolamento empobrecido e atrasado”
• Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos
Fome
• A crise persistia
• A resposta de Lênin foi a implantação da
NEP (Nova Política
• Econômica), em março de 1921. Através
dela, ao invés de terem o excedente do
que produziam requisitado
compulsoriamente pelo Estado, os
camponeses poderiam vender seus
produtos. Reiniciou-se o comércio privado.
A conseqüência imediata foi o aumento da
produção agrícola, que possibilitaria as
bases do crescimento industrial.
• A diretriz gerou uma contradição: os
médios e grandes proprietários, que
começaram a ter lucros com a medida,
reforçaram suas posições contrárias à
socialização da economia.
•
• Até 1925, as enormes perdas causadas
pela guerra civil e pela fome foram
superadas quase completamente. No
entanto, havia a necessidade premente de
se investir no crescimento da
industrialização.
• Em termos econômicos, a Rússia levou
dez anos para recuperar-se da Revolução
de 1917 e da guerra civil. Só em 1927, a
produção agrícola e industrial atingiu o
nível anterior a 1914.
• Todavia, o cidadão soviético comum
estava satisfeito, pois embora o padrão de
vida ainda fosse baixo, melhorava
sensivelmente a cada ano.
Repercussões
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Sovietes foram formados por operários em Cuba.
1917- 9 biênio bolchevique na Espanha.
1919 - Movimentos estudantis em Pequim.
1919 em Córdoba na Argentina.
1917 no México.
Movimento de liberação na Indonésia.
Movimento dos tosquiadores na Austrália.
Nos EUA os mineiros de Minnesota.
A Revolução de Outubro foi universalmente reconhecida
como um acontecimento que abalou o mundo.
• A história do Breve Século XX não
pode ser entendida sem a Revolução
Russa e seus efeitos diretos e
indiretos. Não menos porque se
revelou a salvadora do capitalismo
liberal, tanto possibilitando ao
Ocidente ganhar a Segunda Guerra
Mundial contra a Alemanha de Hitler
quanto fornecendo o incentivo para o
capitalismo se reformar
• Consequências e mudanças da I Guerra
• Não existiam mais as grandes potências européias
• Acabara o século europeu e o eurocentrismo.
• EUA já eram a maior ecnomia mundial. Só seriam a
dominante após 1945.
• No Médio Oriente o Império Turco-Otomano foi
substituído pela República da Turquia e muitos
territórios por toda a região acabaram em mãos inglesas
e francesas.
• Na Europa Central os novos estados Tchecoslováquia,
Finlândia, Látvia, Lituânia, Estônia e Iugoslávia
"nasceram" depois da guerra e os estados da Austria,
Hungria e Polônia foram redefinidos.
• Crise, ressentimentos e empobrecimento da população
gerariam graves conseqüências políticas, especialmente
na Alemanha e na Itália.
Ascensão da direita na Europa
• A ascensão da direita radical após a Primeira
Guerra Mundial foi sem dúvida uma resposta ao
perigo, na verdade à realidade da revolução
social (Revolução de Outubro).
• A militância de classe média e de classe média
baixa deu uma virada para a direita radical,
sobretudo em países onde as ideologias de
democracia e de liberalismo não eram
dominantes.
• Na verdade, nos principais países centrais do
liberalismo ocidental – Grã-Bretanha, França e
EUA – a hegemonia da tradição revolucionária
impediu o surgimento de quaisquer movimentos
fascistas de massa importantes.
Itália e Alemanha
• A passagem pelos momentos de crises interna e
externa da Itália e da Alemanha tornam-se
essenciais para o entendimento do contexto em
que os indivíduos carentes de
representatividade estavam inseridos, para
legitimar uma ideologia totalitária e
empregadora do terrorismo político, como
alternativa aos problemas e às crises que
assolavam seus respectivos países.
• Os modelos eram o fascismo italiano e o
nacional-socialismo, sendo estes desenvolvidos
em países que reuniram condições internas e
externas para o surgimento da ideologia sob
forma de movimento em condições de disputa
pelo poder.
• Haviam na Itália aspectos do
desenvolvimento do capitalismo de tipo
tardio, que irão influenciar no surgimento
de idéias como o nacionalismo, o
expansionismo e o imperialismo
colonialista, utilizadas na composição
fascista.
• O desequilíbrio na concentração de pólos
econômico, contribuindo para constantes
choques entre regiões mais pobres e mais
ricas são presentes na península itálica,
promovendo dificuldades para a
estabilidade do país.
•
•
A Marcha sobre
Roma foi uma vasta
manifestação
fascista, com
característica de
golpe de estado, de
direita, ocorrida em
28 de outubro de
1922
Milhares de
militantes fascistas
que reivindicavam o
trono da Itália. Este
evento representou
a ascensão ao poder
do Partido Nacional
Fascista (PNF) e o
fim da democracia
liberal, pela
nomeação de Benito
Mussolini como
chefe de governo
pelo Rei Vítor
Emanuel III
• Mesmo após a unificação territorial, a
Itália permanecia com fissuras sérias,
tanto culturais quanto econômicas,
traduzidas por concepções separatistas,
fomentadas pelas regiões de índice de
industrialização mais elevado, atacando
as regiões predominantemente agrárias.
• Os fatores de disparidade interna que
minavam o sistema liberal adotado como
forma de governo, eram ampliados pelos
acontecimentos externos.
• Junto ao “perigo vermelho” os movimentos
nacionalistas originados antes da Grande
Guerra permaneciam ativos e
ideologicamente organizados.
• Diante da expansão das ideologias de
esquerda, cujo símbolo mais forte na Itália
era o Partido Socialista Italiano (PSI), os
nacionalistas adotaram a postura de
oposição radical à esquerda.
Entre as motivações aos ataques estão:
• O internacionalismo adotado pelos
socialistas - interpretado como traição à
pátria, diante das ambições nacionais,
• O princípio mobilizador mantido pelo PSI,
regido pela revolução social, adquirindo
assim antipatia dos setores médios da
sociedade no pós-Guerra, em função do
medo da proletarização.
• Alguns destes movimentos de nacionalismo
exaltado, antiliberais e anti-socialistas se viram,
no pós-Guerra Mundial, aglutinados sob
liderança de Benito Mussolini, ex-integrante do
Partido Socialista Italiano, e ex-diretor do Avanti!
(jornal oficial do partido).
• Após ser expulso do PSI, por fazer apologia à
entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial –
constrangendo o internacionalismo do partido -,
Mussolini torna pública sua interpretação da luta
de classes marxista, levando-a a escala
mundial.
Condições
• As condições ideais para o triunfo da ultradireita
alucinada eram um Estado velho, com seus
mecanismos dirigentes não mais funcionando,
uma massa de cidadãos desencantados,
desorientados e descontentes, não mais
sabendo querer ser leais, forte movimento
socialista ameaçando ou parecendo ameaçar
com a revolução social, mas não de fato em
posição de realizá-la; e uma inclinação do
ressentimento nacionalista contra o tratado de
paz de 1918-1920.
• A Alemanha sentiu de maneira mais violenta as
punições impostas pelo Tratado de Versalhes.
• A intervenção das nações vitoriosas, sob o respaldo do
tratado firmado após a Primeira Guerra Mundial, em
assuntos políticos e econômicos internos da Alemanha,
suscitaram sensação de debilidade interna e de
indignação coletiva.
• O Artigo 231 do Tratado de Versalhes enfatizava a
responsabilidade moral exclusiva do Reich alemão,
sendo constantemente lembrado, como forma de
justificar as ações que pesavam contra a Alemanha
derrotada. O direito de autodeterminação dos povos,
defendido pelo presidente estadunidense Wilson, era
suspendido quando rogado pelos alemães em defesa da
soberania nacional.
• As medidas previstas pelo tratado de
paz da Conferência de Versalhes
implicavam em privações ao
desenvolvimento industrial alemão,
ora pela perda de territórios
estratégicos - ricos em minério de
ferro e carvão (matérias-primas para
o desenvolvimento da indústria de
base) -, ora pela imposição de
racionamentos à produção fabril.
• O putsch de
Munique
Inspirado no
movimento
fascista de
Mussolini na
Itália, Hitler,
em novembro
de 1923,
organizou um
golpe a partir
da cidade de
Munique,
tendo como
pano de fundo
a grave crise
econômica no
país.
• .Apesar do
fracasso do
movimento,
projetou o
partido e suas
idéias em nível
nacional.
Hitler preso após a tentativa de golpe
O mundo do pós Guerra
Hobsbawm
• A Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo de
colapso verdadeiramente mundial, sentido pelo menos
em todos os lugares em que homens e mulheres se
envolviam ou faziam uso de transações impessoais de
mercado.
• Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de
serem um porto seguro das convulsões de continentes
menos afortunados, se tornaram o epicentro deste que
foi o maior terremoto global medido na escala Richter
dos historiadores econômicos - a Grande Depressão do
entreguerras.Em suma: entre as guerras, a economia
mundial capitalista pareceu desmoronar. Ninguém sabia
exatamente como se poderia recuperá-la.
• A globalização da economia
dava sinais de que parara de
avançar nos anos
entreguerras.
• Por qualquer critério de
medição, a integração da
economia mundial estagnou
ou regrediu.
Por que essa estagnação?
• Sugeriram-se vários motivos, como
por exemplo que a maior das
economias do mundo, a dos EUA,
passara a ser praticamente autosuficiente,exceto pelo suprimento de
umas poucas matérias-primas; jamais
dependera particularmente do
comércio externo.
Crise e mudança
• O mundo do início dos anos 1930 enfrentava os
sobressaltos da Grande Depressão, cujo marco
definidor foi a quebra da bolsa de Nova York,
em 29 de outubro de 1929. Nenhum país
capitalista passou incólume pela crise.
• Vivendo uma expansão constante desde a
segunda metade do século anterior, sem
enfrentar nenhum conflito significativo em seu
território desde a Guerra de Secessão (18611865), os Estados Unidos despontaram, após a
Guerra de 1914-1918, como a maior potência
mundial e a força dominante entre os mercados
latino-americanos.
• Apesar de uma enorme desigualdade social 90% da riqueza estava na mão de 13% dos
estadunidenses - nunca uma sociedade exibira
tamanha opulência e tamanha pujança
econômica.
• Mas a roda girou em falso através de uma brutal
crise de superprodução. Ela refletia a saturação
dos mercados, que não absorviam mais o
volume de mercadorias produzidas. Sem
mecanismos de regulação, o livre-mercado
mostrou seus limites.
• A quebra fez com que bilhões de
dólares evaporassem da noite
para o dia, centenas de empresas
fossem à bancarrota e as
demissões de trabalhadores
atingissem números nunca
imaginados. Somente em Nova
York, em fins de 1929, havia um
milhão de desempregados
vagando pelas ruas.
• Nos EUA, a queda dos preços
dos produtos primários (que
deixaram de cair ainda mais pelo
acúmulo feito de estoques cada
vez maiores) simplesmente
demonstrou que a demanda
deles não conseguia acompanhar
a capacidade de produção.
• Uma dramática recessão da
economia industrial norteamericana logo contaminou outro
núcleo industrial, Alemanha.
• A produção industrial americana
caiu cerca de um terço entre
1929 e 1931, e a alemã mais ou
menos o mesmo.
• A Westinghouse, grande empresa de
eletricidade,perdeu dois terços de suas vendas entre
1929 e 1933, enquanto sua renda líquida caiu75%em
dois anos.
A crise se difundiu internacionalmente.
• Isso deixou prostrados Argentina, Austrália, países
balcânicos, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Egito,
Equador, Finlândia, Hungria, Índia, Malásia britânica,
México, Índias holandesas (atual Indonésia), Nova
Zelândia, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela
• As economias da Áustria, Tchecoslováquia, Grécia,
Japão, Polônia e Grã-Bretanha, bastante sensíveis a
abalos sísmicos vindos do Ocidente (ou Oriente), foram
igualmente abaladas.
Em suma, a Depressão tornou-se
global no sentido literal.
• Quase simbolicamente, a Grã-Bretanha
em 1931 abandonou o Livre Comércio,
que fora tão fundamental para a
identidade econômica britânica desde a
década de 1840.
• O trauma da Grande Depressão foi
realçado pelo fato de que um país que
rompera clamorosamente com o
capitalismo pareceu imune a ela: a União
Soviética.
URSS
• Enquanto o resto do mundo, ou pelo menos o
capitalismo liberal ocidental, estagnava, a URSS
entrava numa industrialização ultra-rápida e
maciça sob seus novos Planos Qüinqüenais.
• De 1929 a 1940, a produção industrial soviética
triplicou, no mínimo dos mínimos. Subiu de 5%
dos produtos manual faturados do mundo em
1929 para 18% em 1938, enquanto no mesmo
período a fatia conjunta dos EUA, Grã-Bretanha
e França caía de 59% para 52%do total do
mundo.
• E mais, não havia desemprego.
• Essas conquistas impressionaram mais os
observadores estrangeiros de todas as
ideologias, incluindo um pequeno mas
influente fluxo de turistas sócioeconômicos em Moscou em 1930.
• O que eles tentavam compreender não
era o fenômeno da URSS em si, mas o
colapso de seu próprio sistema
econômico, a profundidade do fracasso do
capitalismo ocidental
• Qual era o segredo do sistema
soviético? Podia-se aprender alguma
coisa com ele? Ecoando os Planos
Qüinqüenais da URSS, "Plano" e
"Planejamento" tomaram-se palavras
da moda na política.
• Os partidos social-democratasa
adotaram "planos", como na Bélgica
e Noruega.
• Jovens políticos conservadores
como o futuro primeiro-ministro
Harold Macmillan (1894-1986)
tornaram-se porta-vozes do
"planejamento".
• Até os nazistas plagiaram a idéia,
quando Hitler introduziu um
"Plano Quadrienal" em1933.
Por que a economia capitalista não
funcionou entre as guerras?
• A situação nos EUA é parte essencial de
qualquer resposta a essa pergunta. Pois, se era
possível responsabilizar, ao menos
parcialmente, as perturbações da Europa na
guerra e no pós-guerra, ou pelo menos nos
países beligerantes da Europa, pelos problemas
econômicos ali ocorridos, os EUA tinham estado
muito distantes do conflito, embora por um curto
e decisivo período tivessem se envolvido nele.
• Assim, longe de perturbar sua economia, a
Primeira Guerra Mundial, como a Segunda,
beneficiou-os espetacularmente.
• Em 1913, os EUA já se haviam tornado a
maior economia do mundo, arcando com
mais de um terço da produção industrial
mundial. Além disso, a guerra não apenas
reforçou sua posição como maior produtor
do mundo, como os transformou no maior
credor do mundo.
• Em suma, não há explicação para a crise
econômica mundial sem os EUA. Isso não
pretende subestimar as raízes
exclusivamente européias do problema,
em grande parte, de origem política
• Em 1929. respondiam por mais de 42% da
produção mundial total, comparados com
apenas pouco menos de 28% das três
potências industriais européias.
• É uma cifra espantosa. Concretamente,
enquanto a produção de aço americana
subiu cerca de um quarto entre 1913 e
1920, a produção de aço do resto do
mundo caiu cerca de um terço.
• Em suma, após o fim da Primeira
Guerra Mundial, os EUA eram em
muitos aspectos uma economia
tão internacionalmente dominante
quanto voltou a tornar-se após a
Segunda Guerra Mundial.
• Foi a Grande Depressão que
interrompeu temporariamente
essa ascensão.
A crise deixou a Europa Central
pronta para o fascismo.
• Na Alemanha em 1923 a unidade
monetária foi reduzida a um milionésimo
de milhão de seu valor de 1913, ou seja,
na prática o valor da moeda foi reduzido a
zero.
• Mesmo nos casos menos extremos, as
conseqüências foram drásticas.
• O desemprego na maior
parte da Europa
Ocidental permaneceu
assombroso e, pelos
padrões pré-l914,
patologicamente alto.
•8. O entreguerras
e a crise sistêmica
Gilberto Maringoni – UFABC - 2014
Programação
5 de maio: O entreguerras e a crise sistêmica–
Referências
HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos, Companhia das Letras,
São Paulo, 1996, pags. 90 a 112 (Capítulo 3 – ‘Rumo ao abismo
econômico’)
PARKER, Selwyn, O crash de 1929, Editora Globo, São Paulo, 2009,
pags. 400 a 418 (Pósfácio)
O mundo do pós Guerra
Hobsbawm
• A Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo de
colapso verdadeiramente mundial, sentido pelo menos
em todos os lugares em que homens e mulheres se
envolviam ou faziam uso de transações impessoais de
mercado.
• Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de
serem um porto seguro das convulsões de continentes
menos afortunados, se tornaram o epicentro deste que
foi o maior terremoto global medido na escala Richter
dos historiadores econômicos - a Grande Depressão do
entreguerras.Em suma: entre as guerras, a economia
mundial capitalista pareceu desmoronar. Ninguém sabia
exatamente como se poderia recuperá-la.
• A globalização da economia
dava sinais de que parara de
avançar nos anos
entreguerras.
• Por qualquer critério de
medição, a integração da
economia mundial estagnou
ou regrediu.
Por que essa estagnação?
• Sugeriram-se vários motivos, como
por exemplo que a maior das
economias do mundo, a dos EUA,
passara a ser praticamente autosuficiente,exceto pelo suprimento de
umas poucas matérias-primas; jamais
dependera particularmente do
comércio externo.
A crise deixou a Europa Central
pronta para o fascismo.
• Na Alemanha em 1923 a unidade
monetária foi reduzida a um milionésimo
de milhão de seu valor de 1913, ou seja,
na prática o valor da moeda foi reduzido a
zero.
• Mesmo nos casos menos extremos, as
conseqüências foram drásticas.
• O desemprego na maior
parte da Europa
Ocidental permaneceu
assombroso e, pelos
padrões pré-l914,
patologicamente alto.
Itália e Alemanha
• A passagem pelos momentos de crises interna e
externa da Itália e da Alemanha tornam-se
essenciais para o entendimento do contexto em
que os indivíduos carentes de
representatividade estavam inseridos, para
legitimar uma ideologia totalitária e
empregadora do terrorismo político, como
alternativa aos problemas e às crises que
assolavam seus respectivos países.
• Os modelos eram o fascismo italiano e o
nacional-socialismo, sendo estes desenvolvidos
em países que reuniram condições internas e
externas para o surgimento da ideologia sob
forma de movimento em condições de disputa
pelo poder.
• Haviam na Itália aspectos do
desenvolvimento do capitalismo de tipo
tardio, que irão influenciar no surgimento
de idéias como o nacionalismo, o
expansionismo e o imperialismo
colonialista, utilizadas na composição
fascista.
• O desequilíbrio na concentração de pólos
econômico, contribuindo para constantes
choques entre regiões mais pobres e mais
ricas são presentes na península itálica,
promovendo dificuldades para a
estabilidade do país.
•
•
A Marcha sobre
Roma foi uma vasta
manifestação
fascista, com
característica de
golpe de estado, de
direita, ocorrida em
28 de outubro de
1922
Milhares de
militantes fascistas
que reivindicavam o
trono da Itália. Este
evento representou
a ascensão ao poder
do Partido Nacional
Fascista (PNF) e o
fim da democracia
liberal, pela
nomeação de Benito
Mussolini como
chefe de governo
pelo Rei Vítor
Emanuel III
• Mesmo após a unificação territorial, a
Itália permanecia com fissuras sérias,
tanto culturais quanto econômicas,
traduzidas por concepções separatistas,
fomentadas pelas regiões de índice de
industrialização mais elevado, atacando
as regiões predominantemente agrárias.
• Os fatores de disparidade interna que
minavam o sistema liberal adotado como
forma de governo, eram ampliados pelos
acontecimentos externos.
• Junto ao “perigo vermelho” os movimentos
nacionalistas originados antes da Grande
Guerra permaneciam ativos e
ideologicamente organizados.
• Diante da expansão das ideologias de
esquerda, cujo símbolo mais forte na Itália
era o Partido Socialista Italiano (PSI), os
nacionalistas adotaram a postura de
oposição radical à esquerda.
Entre as motivações aos ataques estão:
• O internacionalismo adotado pelos
socialistas - interpretado como traição à
pátria, diante das ambições nacionais,
• O princípio mobilizador mantido pelo PSI,
regido pela revolução social, adquirindo
assim antipatia dos setores médios da
sociedade no pós-Guerra, em função do
medo da proletarização.
• Alguns destes movimentos de nacionalismo
exaltado, antiliberais e anti-socialistas se viram,
no pós-Guerra Mundial, aglutinados sob
liderança de Benito Mussolini, ex-integrante do
Partido Socialista Italiano, e ex-diretor do Avanti!
(jornal oficial do partido).
• Após ser expulso do PSI, por fazer apologia à
entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial –
constrangendo o internacionalismo do partido -,
Mussolini torna pública sua interpretação da luta
de classes marxista, levando-a a escala
mundial.
Condições
• As condições ideais para o triunfo da ultradireita
eram um Estado velho, com seus mecanismos
dirigentes não mais funcionando, uma massa de
cidadãos desencantados, desorientados e
descontentes, não mais sabendo querer ser
leais, forte movimento socialista ameaçando ou
parecendo ameaçar com a revolução social,
mas não de fato em posição de realizá-la; e uma
inclinação do ressentimento nacionalista contra
o tratado de paz de 1918-1920.
• A Alemanha sentiu de maneira mais
violenta as punições impostas pelo
Tratado de Versalhes.
• A intervenção das nações vitoriosas,
sob o respaldo do tratado firmado
após a Primeira Guerra Mundial, em
assuntos políticos e econômicos
internos da Alemanha, suscitaram
sensação de debilidade interna e de
indignação coletiva.
• O Artigo 231 do Tratado de Versalhes
enfatizava a responsabilidade moral
exclusiva do Reich alemão, sendo
constantemente lembrado, como forma de
justificar as ações que pesavam contra a
Alemanha derrotada.
• O direito de autodeterminação dos povos,
defendido pelo presidente estadunidense
Wilson, era suspendido quando rogado
pelos alemães em defesa da soberania
nacional.
• As medidas previstas pelo tratado de
paz da Conferência de Versalhes
implicavam privações ao
desenvolvimento industrial alemão,
ora pela perda de territórios
estratégicos - ricos em minério de
ferro e carvão (matérias-primas para
o desenvolvimento da indústria de
base) -, ora pela imposição de
racionamentos à produção fabril.
• O putsch de
Munique
Inspirado no
movimento
fascista de
Mussolini na
Itália, Hitler,
em novembro
de 1923,
organizou um
golpe a partir
da cidade de
Munique,
tendo como
pano de fundo
a grave crise
econômica no
país.
• .Apesar do
fracasso do
movimento,
projetou o
partido e suas
idéias em nível
nacional.
Hitler preso após a tentativa de golpe
• Mussolini, em um discurso
proferido dia 28 de outubro de
1925 proferiu a frase que define
concisamente a filosofia do
fascismo: "Tutto nello Stato,
niente al di fuori dello Stato, nulla
contra lo Stato" ("Tudo no Estado,
nada fora do Estado, nada contra
o Estado").
• O Fascismo italiano assume que a natureza do estado é
superior à soma dos indivíduos que o compõem e que
eles existem para o estado, em vez de o estado existir
para os servir. Deste modo todas os assuntos dos
indivíduos são assuntos do Estado.
• No seu modelo corporativista da gestão totalitária mas
privada, as várias funções do Estado são
desempenhadas por entidades individuais que
compõem o Estado, sendo do interesse do Estado
inspeccionar essa acção, sem nacionalizar aquelas
entidades.
• A atividade privada é num certo modo empreguada pelo
Estado, o qual pode decidir suspender a infra-estructura
de alguma entidade de acordo com a sua utilidade e
direcção, ou interesse do estado.
• O fascismo foi de certa forma
o resultado de um sentimento
geral de ansiedade e medo
dentro da classe média na
Itália do pós-guerra, que
surgiu no seguimento da
convergência de pressões
interrelacionadas de ordem
económica, política e cultural.
• Sob o estandarte desta ideologia
autoritária e nacionalista, Mussolini foi
capaz de explorar os medos perante o
capitalismo numa era de depressão
pós-guerra, o ascendente de uma
esquerda mais militante, e um
sentimento de vergonha nacional e de
humilhação que resultaram da "vitória
mutilada" da Itália nos tratados de paz
pós Primeira Guerra Mundial.
• O fascismo, primeiro em sua forma original
italiana, depois na forma alemã do nacionalsocialismo, inspirou outras forças antiliberais,
apoiou-as e deu à direita internacional um senso
de confiança histórica: na década de 1930,
parecia a onda do futuro.
• Sem o triunfo de Hitler na Alemanha, a idéia do
fascismo como um movimento universal, uma
espécie de equivalente direitista do comunismo
internacional tendo Berlim como sua Moscou,
não teria se desenvolvido.
• A ascensão da direita radical após a Primeira
Guerra Mundial foi também uma resposta ao
avanço da revolução social e do poder operário
em geral, e à Revolução de Outubro e ao
leninismo em particular.
• Sem esses, não teria havido fascismo algum,
pois embora os demagógicos ultradireitistas
tivessem sido politicamente barulhentos e
agressivos em vários países europeus desde o
fim do século XIX, quase sempre haviam sido
mantidos sob controle antes de 1914.
Nazismo
Do programa do NSDAP - Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores
• Pedimos igualdade de direitos para o Povo Alemão em relação às
outras nações e a revogação do Tratado de Versalhes e do Tratado
de Saint-Germain.
• É necessário impedir novas imigrações de não alemães. Pedimos
que todos os não alemães estabelecidos no Reich depois de 2 de
Agosto de 1914, sejam imediatamente obrigados a deixar o Reich.
• Todos os cidadãos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres.
• Pedimos a nacionalização de todas as empresas que atualmente
pertencem a trusts.
• Pedimos uma participação nos lucros das grandes empresas.
• Pedimos a criação e proteção de uma classe média sã, a entrega
imediata das grandes lojas à administração comunal e o seu
aluguer aos pequenos comerciantes a baixo preço. Deve ser dado
prioridade aos pequenos comerciantes e industriais nos
fornecimentos ao Estado, aos Länder ou aos municípios.
• Pedimos uma reforma agrária adaptada às nossas necessidades
nacionais
• O Estado deve preocupar-se por melhorar a saúde pública
• Tais aspirações nacionalistas não
realizadas (ou frustradas)
manchavam a reputação do
liberalismo e do constitutionalismo
entre muitos sectores da população
italiana. Adicionalmente, tais
instituições democráticas nunca
cresceram ao ponto de se tornarem
firmemente enraizadas na nova
nação-estado.
Crise e mudança
• O mundo do início dos anos
1930 enfrentava os
sobressaltos da Grande
Depressão, cujo marco
definidor foi a quebra da bolsa
de Nova York, em 29 de
outubro de 1929. Nenhum
país capitalista passou
incólume pela crise.
• Vivendo uma expansão constante
desde a segunda metade do século
anterior, sem enfrentar nenhum
conflito significativo em seu território
desde a Guerra de Secessão (18611865), os Estados Unidos
despontaram, após a Guerra de
1914-1918, como a maior potência
mundial e a força dominante entre os
mercados latino-americanos.
• Apesar de uma enorme desigualdade social 90% da riqueza estava na mão de 13% dos
estadunidenses - nunca uma sociedade exibira
tamanha opulência e tamanha pujança
econômica.
• Mas a roda girou em falso através de uma brutal
crise de superprodução. Ela refletia a saturação
dos mercados, que não absorviam mais o
volume de mercadorias produzidas. Sem
mecanismos de regulação, o livre-mercado
mostrou seus limites.
• A quebra fez com que bilhões de
dólares evaporassem da noite
para o dia, centenas de empresas
fossem à bancarrota e as
demissões de trabalhadores
atingissem números nunca
imaginados. Somente em Nova
York, em fins de 1929, havia um
milhão de desempregados
vagando pelas ruas.
• Nos EUA, a queda dos preços
dos produtos primários (que
deixaram de cair ainda mais pelo
acúmulo feito de estoques cada
vez maiores) simplesmente
demonstrou que a demanda
deles não conseguia acompanhar
a capacidade de produção.
• Uma dramática recessão da
economia industrial norteamericana logo contaminou outro
núcleo industrial, Alemanha.
• A produção industrial americana
caiu cerca de um terço entre
1929 e 1931, e a alemã mais ou
menos o mesmo.
• A Westinghouse, grande empresa de
eletricidade,perdeu dois terços de suas vendas entre
1929 e 1933, enquanto sua renda líquida caiu75%em
dois anos.
A crise se difundiu internacionalmente.
• Isso deixou prostrados Argentina, Austrália, países
balcânicos, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Egito,
Equador, Finlândia, Hungria, Índia, Malásia britânica,
México, Índias holandesas (atual Indonésia), Nova
Zelândia, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela
• As economias da Áustria, Tchecoslováquia, Grécia,
Japão, Polônia e Grã-Bretanha, bastante sensíveis a
abalos sísmicos vindos do Ocidente (ou Oriente), foram
igualmente abaladas.
Em suma, a Depressão tornou-se
global no sentido literal.
• Quase simbolicamente, a Grã-Bretanha
em 1931 abandonou o Livre Comércio,
que fora tão fundamental para a
identidade econômica britânica desde a
década de 1840.
• O trauma da Grande Depressão foi
realçado pelo fato de que um país que
rompera clamorosamente com o
capitalismo pareceu imune a ela: a União
Soviética.
URSS
• Enquanto o resto do mundo, ou pelo menos o
capitalismo liberal ocidental, estagnava, a URSS
entrava numa industrialização ultra-rápida e
maciça sob seus novos Planos Qüinqüenais.
• De 1929 a 1940, a produção industrial soviética
triplicou, no mínimo dos mínimos. Subiu de 5%
dos produtos manual faturados do mundo em
1929 para 18% em 1938, enquanto no mesmo
período a fatia conjunta dos EUA, Grã-Bretanha
e França caía de 59% para 52%do total do
mundo.
• E mais, não havia desemprego.
• Essas conquistas impressionaram mais os
observadores estrangeiros de todas as
ideologias, incluindo um pequeno mas
influente fluxo de turistas sócioeconômicos em Moscou em 1930.
• O que eles tentavam compreender não
era o fenômeno da URSS em si, mas o
colapso de seu próprio sistema
econômico, a profundidade do fracasso do
capitalismo ocidental
• Qual era o segredo do sistema
soviético? Podia-se aprender alguma
coisa com ele? Ecoando os Planos
Qüinqüenais da URSS, "Plano" e
"Planejamento" tomaram-se palavras
da moda na política.
• Os partidos social-democratasa
adotaram "planos", como na Bélgica
e Noruega.
• Jovens políticos conservadores
como o futuro primeiro-ministro
Harold Macmillan (1894-1986)
tornaram-se porta-vozes do
"planejamento".
• Até os nazistas plagiaram a idéia,
quando Hitler introduziu um
"Plano Quadrienal" em1933.
Por que a economia capitalista não
funcionou entre as guerras?
• A situação nos EUA é parte essencial de
qualquer resposta a essa pergunta. Pois, se era
possível responsabilizar, ao menos
parcialmente, as perturbações da Europa na
guerra e no pós-guerra, ou pelo menos nos
países beligerantes da Europa, pelos problemas
econômicos ali ocorridos, os EUA tinham estado
muito distantes do conflito, embora por um curto
e decisivo período tivessem se envolvido nele.
• Assim, longe de perturbar sua economia, a
Primeira Guerra Mundial, como a Segunda,
beneficiou-os espetacularmente.
• Em 1913, os EUA já se
haviam tornado a maior
economia do mundo, arcando
com mais de um terço da
produção industrial mundial.
• Além disso, a guerra não apenas
reforçou sua posição como maior
produtor do mundo, como os
transformou no maior credor do
mundo.
• Em suma, não há explicação
para a crise econômica
mundial sem os EUA.
• Isso não pretende subestimar as
raízes exclusivamente européias
do problema, em grande parte, de
origem política
• Em 1929. respondiam por mais de 42% da
produção mundial total, comparados com
apenas pouco menos de 28% das três
potências industriais européias.
• É uma cifra espantosa. Concretamente,
enquanto a produção de aço americana
subiu cerca de um quarto entre 1913 e
1920, a produção de aço do resto do
mundo caiu cerca de um terço.
• Em suma, após o fim da Primeira
Guerra Mundial, os EUA eram em
muitos aspectos uma economia
tão internacionalmente dominante
quanto voltou a tornar-se após a
Segunda Guerra Mundial.
• Foi a Grande Depressão que
interrompeu temporariamente
essa ascensão.
• O mundo do início dos anos
1930 enfrentava os
sobressaltos da Grande
Depressão, cujo marco
definidor foi a quebra da bolsa
de Nova York, em 29 de
outubro de 1929. Nenhum
país capitalista passou
incólume pela crise.
• No início da década de 1930, a
mudança veio abrupta. Seus
marcos foram o abandono do
padrão-ouro pela Grã-Bretanha,
os Planos Qüinqüenais na
Rússia, o New Deal nos EUA e a
ascenção do nacional-socialismo
na Alemanha e o colapso da Liga
das nações em favor de impérios
autárquicos.
• .
• Em 1940 já não existiam vestígios do
sistema anterior.
• A causa da mudança foi o colapso do
sistema econômico internacional.
• Algumas moedas desapareceram,
como a alemã, a austríaca, a húngara
e a russa. Apareceu um fenômeno
inteiramente novo: a fuga de capital
• Vivendo uma expansão constante
desde a segunda metade do século
anterior, sem enfrentar nenhum
conflito significativo em seu território
desde a Guerra de Secessão (18611865), os Estados Unidos
despontaram, após a Guerra de
1914-1918, como a maior potência
mundial e a força dominante entre os
mercados latino-americanos.
• Nunca uma sociedade exibira
tamanha opulência e pujança
econômica.
• Mas a roda girou em falso através
de uma brutal crise de
superprodução.
• O livre-mercado mostrou
seus limites.
• A quebra fez com que bilhões
de dólares evaporassem da
noite para o dia, centenas de
empresas fossem à bancarrota
e as demissões de
trabalhadores atingissem
números nunca imaginados.
• Após a crise, a produção
industrial americana caiu
cerca de um terço entre
1929 e 1931, e a alemã
mais ou menos o
mesmo, mas essas são
médias suavizadas.
• A Depressão tornou-se global
no sentido literal.
• A interdependência do
comércio e, especialmente, a
interdependência financeira
agiram como poderosos
instrumentos de transmissão
internacional da crise.
• De imediato, foram atingidos Argentina,
Austrália, países balcânicos, Bolívia,
Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Egito,
Equador, Finlândia, Hungria, Índia,
Malásia britânica, México, Índias
holandesas (atual Indonésia), Nova
Zelândia, Paraguai, Peru, Uruguai e
Venezuela.
• As economias da Áustria,
Tchecoslováquia, Grécia, Japão, Polônia
e GrãBretanha, bastante sensíveis a
abalos sísmicos vindos do Ocidente (ou
Oriente), foram igualmente abaladas.
• O Brasil tornou-se um símbolo
do desperdício do capitalismo e
da seriedade da Depressão, pois
seus cafeicultores tentaram em
desespero impedir o colapso dos
preços queimando café em vez
de carvão em suas locomotivas a
vapor. (Entre dois terços e três
quartos do café vendido no
mundo vinham desse país.)
• Apesar disso, a Grande Depressão
foi muito mais tolerável para os
brasileiros ainda em sua grande
maioria rurais que os cataclismos
econômicos da década de 1980;
sobretudo porque as expectativas
das pessoas pobres quanto ao que
podiam receber de uma economia
ainda eram extremamente modestas.
• O Brasil de 1930 tinha 37,6 milhões de
habitantes e o café respondia por 70% de
sua receita de exportações. Sem
indústrias de monta e com uma economia
baseada em produtos agrícolas, o país
vive ao sabor das ondas da economia
mundial.
• A crise de 1929 bate de frente nessa
lógica da quase monocultura. Agoniza a
República Velha. Avizinha-se uma grave
crise social.
• De acordo com Celso Furtado, a política
de valorização do café, por seu efeito
multiplicador na economia, teve
características anticíclicas que impediram
o aprofundamento da crise no país.
• Os fortes subsídios estatais na compra da
produção, mesmo com a redução da
demanda externa, foram decisivos para
que, em 1933, a economia começasse a
se recuperar.
• A política de valorização do café resultava
de um acordo firmado entre cafeicultores
e o governo federal, em 1906, na cidade
de Taubaté.
• Através dele, o Estado compraria o
excedente da produção, evitando crises
de superprodução e a queda abrupta dos
preços no mercado mundial.
• Funcionava como se o país estabelecesse
uma política de cotas de produção.
• A defasagem cambial desestimulava as
importações.
Ao mesmo tempo, a recuperação do setor
cafeeiro conferia maior dinamismo ao
mercado interno, nesse momento mais
atraente para investimentos que a
economia de exportação, então
estagnada.
Foi o mercado interno o motor da
recuperação econômica brasileira, um
processo, segundo Furtado, inédito.
• A produção industrial e mesmo a
agrícola voltou-se, em sua maior
parte, para o consumo local, no
início dos anos 1930.
• O pólo dinâmico da economia
deslocava-se do setor exportador
para a demanda doméstica, que
gerava maiores lucros e atraía
mais investimentos.
• Assim, mesmo com as importações de insumos
e maquinário dificultadas pela depreciação da
moeda nacional, a indústria – especialmente a
de bens de capital - pode se desenvolver.
• O Brasil passou a importar máquinas e
equipamentos obsoletos nos países centrais,
mais baratos, o que compensava a defasagem
cambial. A produção industrial cresceu cerca de
50% entre 1929 e 1937. Assim, a taxa de
câmbio depreciada passou a ter enorme
importância no desenvolvimento da economia
brasileira.
No cenário mundial
• A conseqüência básica da Depressão foi o
desemprego em escala inimaginável e sem
precedentes, e por mais tempo do que qualquer
um já experimentara.
• No pior período da Depressão (1932), 22% a
23% da força de trabalho britânica e belga, 24%
da sueca, 27% da americana, 29% da austríaca,
31% da norueguesa, 32% da dinamarquesa e
nada menos que 44% da alemã não tinha
emprego.
• O único Estado ocidental que conseguiu
eliminar o desemprego foi a Alemanha nazista
entre 1933 e 1938.
• Não houvera nada semelhante a essa
catástrofe econômica na vida dos
trabalhadores até onde qualquer um
pudesse lembrar.
• O que tornava a situação mais dramática
era que a previdência pública na forma de
seguro social, inclusive auxíliodesemprego, ou não existia, como nos
EUA, ou, pelos padrões de fins do século
20, era parca, sobretudo para os
desempregados a longo prazo.
• A Grande Depressão destruiu o
liberalismo econômico por meio século.
• Em 1931, a Grã-Bretanha, Canadá, toda a
Escandinávia e os EUA abandonaram o
padrão-ouro, sempre encarado como a
base de trocas internacionais estáveis.
• Em 1936 haviam-se juntado a eles os
belgas, os holandeses e os franceses.
• A Grã-Bretanha em 1931
abandonou o Livre Comércio,
que fora tão fundamental para
a identidade econômica
britânica desde a década de
1840 quanto a Constituição
americana para a identidade
política dos EUA.
• Após a guerra, o "pleno emprego", ou
seja, a eliminação do desemprego
em massa, tornou-se a pedra
fundamental da política econômica
nos países de capitalismo
democrático reformado.
• Seu mais famoso profeta e pioneiro
foi o economista britânico John
Maynard Keynes (1883-1946).
• Os keynesianos afirmavam, corretamente, que a
demanda a ser gerada pela renda de
trabalhadores com pleno emprego teria o mais
estimulante efeito nas economias em recessão.
• Apesar disso, o motivo pelo qual esse meio de
aumentar a demanda recebeu tão urgente
prioridade - o governo britânico empenhou-se
nele mesmo antes do fim da Segunda Guerra
Mundial - foi que se acreditava que o
desemprego em massa era política e
socialmente explosivo, como de fato mostrara
ser durante a Depressão.
• O trauma da Grande Depressão foi realçado pelo fato de
que um país que rompera clamorosamente com o
capitalismo pareceu imune a ela: a União Soviética.
• Enquanto o resto do mundo, ou pelo menos o
capitalismo liberal ocidental, estagnava, a URSS entrava
numa industrialização ultra-rápida e maciça sob seus
novos Planos Qüinqüenais.
• De 1929 a 1940, a produção industrial soviética triplicou,
no mínimo dos mínimos.
• Subiu de 5% dos produtos manual faturados do mundo
em 1929 para 18% em 1938.
• No mesmo período a fatia conjunta dos EUA, GrãBretanha e França caía de 59% para 52% do total do
mundo.
• E mais, não havia desemprego na URSS.
• Ecoando os Planos Qüinqüenais da
URSS, "Plano" e "Planejamento"
tomaram-se palavras da moda na política.
• Os partidos social-democra tas adotaram
"planos", como na Bélgica e Noruega.
• Até os nazistas plagiaram a idéia, quando
Hitler introduziu um "Plano Quadrienal" em
1933.
• O sistema mundial, pode-se argumentar,
não funcionou porque, ao contrário da
Grã-Bretanha, que fora o centro antes de
1914, os EUA não precisavam muito do
resto do mundo, e portanto, outra vez ao
contrário da Grã-Bretanha, que sabia que
o sistema de pagamentos mundiais se
apoiava na libra esterlina e cuidava para
que ela permanecesse estável, os EUA
não se preocuparam em agir como
estabilizador global.
• O que tomava a economia tão mais
vulnerável durante um período em
que houve um boom de crédito era
que os consumidores não usavam
seus empréstimos para comprar os
bens de consumo tradicionais, que
mantêm corpo e alma juntos, e têm
portanto muito pouca variação:
alimentos, roupas e coisas
semelhantes.
• O mundo continuou em depressão ao
longo de toda a década de 1930.
• Isso foi mais visível na maior de todas as
economias, a dos EUA, porque as várias
experiências para estimular a economia
feitas pelo "New Deal" do presidente F. D.
Roosevelt - às vezes de maneira
inconsistente - não corresponderam
exatamente à sua promessa econômica.
• Economistas que aconselhavam que
se deixasse a economia em paz,
governos cujos primeiros instintos,
além de proteger o padrão ouro com
políticas deflacionárias, era apegarse à ortodoxia financeira, aos
equilíbrios de orçamento e à redução
de despesas, visivelmente não
tomavam melhor a situação.
• Na verdade, à medida que
continuava a Depressão,
argumentava-se com
considerável vigor, entre
outros por J. M. Keynes que
tais governos estavam
piorando a Depressão.
• Não surpreende que os
efeitos da Grande
Depressão tanto sobre a
política quanto sobre o
pensamento público
tivessem sido dramáticos
e imediatos.
• Infeliz o governo por acaso no poder
durante o cataclismo, fosse ele de direita,
como a presidência de Herbert Hoover
nos EUA (1928-32), ou de esquerda,
como os governos trabalhistas na GrãBretanha e Austrália.
• A mudança nem sempre foi tão imediata
quanto na América Latina, onde doze
países mudaram de governo ou regime
em 1930-31, dez deles por golpe militar.
• Em meados da década de 1930 havia poucos
Estados cuja política não houvesse mudado
substancialmente em relação ao que era antes
do crash.
• Na Europa e Japão, deu-se uma impressionante
virada para a direita, com exceção da
Escandinávia, onde a Suécia entrou em seu
governo social-democrata de meio século em
1932, e na Espanha, onde a monarquia Bourbon
deu lugar a uma infeliz e, como se viu, breve
República em 1931
• Os portões para a Segunda
Guerra Mundial foram abertos em
1931.
• O fortalecimento da direita radical
foi reforçado, pelo menos durante
o pior período da Depressão,
pelos espetaculares reveses da
esquerda revolucionária.
• O Estado no centro da agenda
• No combate à crise, a maior parte dos governos
dos países mais importantes adotou políticas
intervencionistas e de fortalecimento do Estado,
além da URSS. São alguns exemplos:
•
•
•
•
•
•
•
•
EUA - 1932-1944
Alemanha – 1933-1945
Espanha – 1938-73
Itália – 1922-1944
Portugal - 1932-1968
Brasil – 1930 -1945
Argentina – 1946 -1955
México – 1934-1940
• O teórico da retomada
• John Maynard Keynes (1883-1946), economista
britânico, defendia, contra as teses liberais, uma
política econômica de Estado intervencionista.
• Nela, os governos usariam medidas fiscais e
monetárias para mitigar os efeitos adversos dos
ciclos econômicos - recessão, depressão e
booms. Suas ideias serviram de base para a
escola de pensamento conhecida como
economia keynesiana.
• Na década de 1930, Keynes
iniciou uma revolução no
pensamento econômico,
opondo-se às ideias da
economia neoclássica que
defendiam que os mercados
livres ofereceriam
automaticamente empregos
aos trabalhadores contanto
que eles fossem flexíveis na
sua procura salarial.
• Após a eclosão da Segunda Guerra
Mundial, as ideias econômicas de Keynes
foram adotadas pelas principais potências
econômicas do Ocidente.
• Durante as décadas de 1950 e 1960, o
sucesso da economia keynesiana foi tão
retumbante que quase todos os governos
capitalistas adotaram suas
recomendações.
• O impacto da Teoria Geral do Emprego, do Juro
e da Moeda (1936) nos meios acadêmicos e na
formulação de políticas públicas excedeu o que
normalmente seria esperado, até mesmo de
pensadores tão destacados como John Maynard
Keynes.
• O objetivo de Keynes, ao defender a
intervenção do Estado na economia não é, de
modo algum, destruir o sistema capitalista de
produção. Muito pelo contrário, segundo o autor,
o capitalismo é o sistema mais eficiente que a
humanidade já conheceu (incluindo aí o
socialismo).
• O objetivo é o aperfeiçoamento do sistema, de
modo que se una o altruísmo social (através do
Estado) com os instintos do ganho individual
(através da livre iniciativa privada). Segundo o
autor, a intervenção estatal na economia é
necessária porque essa união não ocorre por
vias naturais, graças a problemas do livre
mercado.
• Suas ideias e as dos seus seguidores foram
adotadas por vários governos ocidentais e
também por muitos governos do terceiro
mundos.
O New Deal, a reação dos EUA
• Em 4 de março de 1933, Franklin Delano Roosevelt (1882 -1945)
torna-se presidente dos Estados Unidos.
• A crise econômica e social iniciada em outubro de 1929 arruína o
país. Desaparece a confiança na prosperidade. Os especuladores
arruinados não podem mais saldar suas dívidas. Os bancos
reclamam sua parte.
• Como não conseguem reaver o dinheiro que lhes é devido, 659
bancos fecham suas portas em 1929, 1.352 em 1930, e 2.294 no
ano seguinte. Obrigados a abrir falência, os industriais fecham as
fábricas.
• O desemprego atinge índices astronômicos: 1,5 milhão de
americanos em 1929, 13 milhões de homens e mulheres quatro
anos mais tarde, ou seja, um quarto da população ativa.
• Roosevelt promete agir imediatamente
nos primeiros 100 dias de seu mandato.
• De março a junho de 1933, inúmeros
projetos invadem o Congresso. A equipe
do presidente, principalmente o Brain
Trust, demonstra uma atividade febril.
• A 9 de março, uma lei reorganiza o
sistema bancário e permite a reabertura
dos bancos.
• Nascem vários órgãos federais.
• O Civilian Conservation Corps (CCC), conduzido
por militares, empregará 250 mil pessoas, que
passam a trabalhar nas estradas, florestas e
parques nacionais.
• A Federal Emergency Relief
Administration (Fera) destinará US$ 500 milhões
aos estados e municípios para que criem
empregos.
• O Agricultural Adjustment Act (AAA) tenta
remediar a crise agrícola limitando a
superprodução, elevando os preços, e ajudando
os fazendeiros que aceitarem reduzir a
superfície cultivada.
• A Tennessee Valley Authority (TVA)
valorizará o vale do Tennessee, construirá
barragens hidrelétricas, facilitará a
irrigação e assegurará o desenvolvimento
regional.
• A National Industrial Recovery Act (Nira)
visa dar novo vigor às atividades
industriais, e confia aos empresários a
iniciativa de concluir acordos com a ajuda
do federal. O artigo 7 dessa lei garante
aos trabalhadores o direito de formar
sindicatos. A Civil Works
Administration (CWA) dará assistência a 4
milhões de desempregados.
• O método não se limita aos cem dias do
programa.
• À medida que vários desses organismos vão
desaparecendo, conforme o prazo fixado pela
lei, são substituídos por outras administrações,
formadas segundo o mesmo modelo.
• A Works Progress Administration (WPA) data de
1935 e é sucessora da Fera. A Securities
Exchange Commission (SEC) cuida da
regulamentação das operações da Bolsa.
A Rural Electrification Administration (REA)
recebe a missão de eletrificar as zonas rurais.
• A National Youth Administration (NYA) trata do
desemprego dos jovens.
• O National Labor Relations Board (NLRB)
controla o processo de negociações
trabalhistas.
• Cada medida envolve a criação de secretarias,
comitês e serviços para assegurar a aplicação
da lei.
• É como se os Estados Unidos procurassem
compensar seu atraso em relação às pesadas
administrações européias.
• O governo federal torna-se o motor da vida
econômica e social, intervindo em todos os
domínios. Neste sentido, Roosevelt vai contra
os seus predecessores. Ele não acredita mais
na filosofia política do passado. É preciso que o
país entre na modernidade.
• Seis anos após a ascensão ao poder
de Roosevelt, a crise não fora
superada. Os índices econômicos
são reveladores.
• O PIB de 1939 atinge com dificuldade
o nível de 1929; e se o critério
escolhido for o PIB per capita, o
índice de 1939 é ligeiramente inferior.
• A produção industrial experimentou ligeira
melhora em 1937, antes de cair novamente no
ano seguinte e ganhar alguns pontos em 1939.
• O desemprego diminuiu. Todavia, há ainda 9,5
milhões de pessoas sem emprego, ou seja, 17%
da população ativa. O desempregado de 1939
está, é certo, mais bem protegido do que o de
1929. Mas o que colocará a economia
americana nos trilhos será a produção de
guerra. O New Deal teve êxito apenas relativo.
• Somente a guerra retiraria os EUA da crise.
• O fortalecimento do Estado no Brasil
Sonia Draibe:
• "De uma a outra fase da industrialização,
com autonomia, força e capacidade de
iniciativa, o Estado brasileiro planejou,
regulou e interveio nos mercados e
tomou-se, ele próprio, produtor e
empresário; através de seus gastos e
investimentos coordenou o ritmo e os
rumos da economia e, através de seus
aparelhos e instrumentos, controlou e se
imiscuiu até o âmago da acumulação
capitalista.
• Do ponto de vista social e
político, regulou as relações
sociais, absorveu no interior
de suas estruturas os
interesses e se transformou
numa arena de conflitos, todos
eles mediados e arbitrados
pelos seus agentes.
• Manifestou-se como Executivo forte,
como aparelho burocráticoadministrativo moderno e complexo e
passou a operar através de um corpo
cada vez maior e mais sofisticado de
funcionários, os novos burocratas,
metamorfoseados, nestas
circunstâncias, em aparente
'tecnocracia'. (Sonia Draibe)
• “Um tipo de Estado que se enraiza numa
estrutura social heterogênea, em
desequilíbrio tendência!; um tipo de
Estado que se erige sobre um conjunto de
forças sociais em transformação, não
articuladas objetivamente. Finalmente, um
tipo de Estado que (. ..) vai adquirindo, ao
longo do processo de transição, as
estruturas centralizadas, unificadas e
ramificadoras do Estado nacional
capitalista". (Sonia Draibe)
• No vasto setor colonial do mundo, a
Depressão trouxe um acentuado aumento
na atividade antiimperialista, em parte por
causa do colapso dos preços das
mercadorias das quais dependiam as
economias coloniais (ou pelo menos suas
finanças públicas e classes médias), e em
parte porque os próprios países
metropolitanos apressaram-se em
proteger sua agricultura e empregos, sem
avaliar os efeitos dessas políticas sobre
suas colônias.
• 9. A II Guerra Mundial e
a Hegemonia dos EUA
• Gilberto Maringoni – UFABC 2014
• Saídas da crise e a II Guerra Mundial.
Hegemonia dos EUA;
HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos,
Companhia das Letras, São Paulo, 1996,
pags. 144 a 177
KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das
grandes potências, Editora Campus, Rio
de Janeiro, 1989, pags. 331 a 356
• Contra o inimigo comum Hobsbawm
• A Guerra foi o único momento em que dois
antípodas, a pátria mãe do capitalismo, os EUA,
e a matriz do socialismo, a URSS, se uniram em
prol de uma causa comum.
• A situação histórica era sem dúvida excepcional
e teria vida relativamentte curta. Durou, no
máximo, de 1939 (quando os EUA
reconheceram oficial mente a URSS ) até 1947
(quando os dois campos ideológicos se
defrontaram como inimigos na “Guerra Fria”).
• Em outras palavras, a aliança foi determinada
pela ascensão e queda da Alemanha de Hitler
(1933-45), contra a qual EUA e URSS fizeram
causa comum, porque a viam como um perigo
maior do que cada um ao outro.
• Os motivos pelos quais o fizeram transcendem o
alcance das relações internacionais
convencionais ou a política de influência, e é o
que toma tão significativo o anômalo
alinhamento de Estados e movimentos que
acabaram travando e ganhando a Segunda
Guerra Mundial.
• O que acabou forjando a união
contra a Alemanha foi o fato de
que não se tratava apenas de um
Estado-nação com razões para
sentir-se descontente com sua
situação, mas de um Estado cuja
política e ambições eram
determinadas por sua ideologia.
• A fronteira passava não entre capitalismo
e comunismo, mas entre o que o século
XIX teria chamado de “progresso” e a
“reação” — só que esses termos já não
eram exatamente opostos.
• Tomou-se uma guerra internacional,
porque em essência suscitou as mesmas
questões na maioria dos países
ocidentais.
• Foi também uma guerra civil, porque as
linhas que separavam as forças pró e
antifascistas cortavam cada sociedade.
• O que uniu todas essas divisões civis
nacionais numa única guerra global,
internacional e civil, foi o surgimento da
Alemanha de Hitler.
• Ou, mais precisamente, entre 1931 e
1941, a marcha para a conquista e a
guerra da aliança de Estados —
Alemanha, Itália e Japão, da qual a
Alemanha de Hitler se tornou o pilar
central.
• O tabuleiro da Guerra foi
montado na década anterior.
• Em 1931, o Japão invadiu a Manchúria e
estabeleceu ali um Estado títere.
• Em 1932 ocupou a China ao Norte da
Grande Muralha e chegou a Xangai.
• Em 1933 Hitler subiu ao poder na
Alemanha com um programa que ele não
tentava ocultar.
• Em 1934, uma breve guerra civil na Áustria
eliminou a democracia ali e introduziu um
regime semifascista que se destacou sobretudo
por resistir à integração com a Alemanha e (com
apoio ita liano na época) por derrotar um golpe
nazista que assassinou o premiê austríaco.
• Em 1935, a Alemanha comunicou sua ruptura
com os tratados de paz e ressurgiu como
grande potência militar e naval, reapossando-se
(por plebiscito) da região do Saar em sua
fronteira ocidental e desligando-se com
desprezo da Liga das Nações.
• No mesmo ano Mussolini, com igual desprezo
pela opinião pública, invadiu a Etiópia, que a
Itália passou ocupar como colônia em 1936-7,
após o que o Estado também rasgou sua ficha
de membro da Liga.
• Em 1936, a Alemanha recuperou a Renânia e,
com ajuda e intervenção ostensivas de Itália e
Alemanha, um golpe militar na Espanha iniciou
um grande conflito, a Guerra Civil Espanhola.
• As duas potências fascistas fizeram num
alinhamento formal, o Eixo Berlim-Roma, en
quanto Alemanha e Japão concluíam um “Pacto
Anti-Comintem”.
• Em 1937, sem surpreender ninguém, o Japão
invadiu a China e partiu para uma guerra aberta
que só cessou em 1945.
• Em 1938, a Alemanha também achou que
chegara a hora da conquista.
• A Áustria foi invadida e anexada em março, sem
resistência militar, e, após várias ameaças, o
acordo de Munique em outubro despedaçou a
Tchecoslováquia e transferiu grandes partes
dela para Hitler, mais uma vez pacificamente.
• O resto foi ocupado em março de 1939,
encorajando a Itália, que não tinha demonstrado
ambições imperiais por alguns meses, a ocupar
a Albânia.
• Quase imediatamente uma crise
polonesa, mais uma vez
resultante de mais exigências
territoriais alemãs, paralisou a
Europa.
• Disso veio a guerra européia de
1939-41, que se tomou a
Segunda Guerra Mundial.
• Decorrência da crise do
liberalismo
• Outro fator entrelaçou os fios da política
nacional numa única teia internacional: a
consistente e cada vez mais espetacular
debilidade dos Estados democráticos
liberais (que coincidiam ser também os
Estados vitoriosos da Primeira Guerra
Mundial); a sua incapacidade ou falta de
vontade de agir, individualmente ou em
conjunto, para resistir ao avanço de seus
inimigos.
• Há um agudo contraste entre
o Velho e Novo Mundo.
• Na Europa não ocorreu nada semelhante
à dramática mudança de republicanos
para democratas em 1932 (o voto
presidencial destes subiu de entre 15 a 16
milhões para quase 28 milhões em quatro
anos), mas deve-se dizer que, em termos
eleitorais, Franklin D. Roosevelt atingiu
seu pico em 1932, embora (para surpresa
de todos, com exceção de seu povo)
ficasse só um pouco aquém daquilo em
1936.
• O racismo nazista logo provocou o êxodo
em massa de intelectuais judeus e
esquerdistas, que se espalharam pelo que
restava de um mundo tolerante.
• A hostilidade nazista à liberdade
intelectual quase imediatamente expurgou
das universidades alemãs talvez um terço
de seus professores.
• Muitos conservadores achavam,
sobretudo na Grã-Bretanha, que
a melhor de todas as soluções
seria uma guerra germanosoviética, enfraquecendo, e talvez
destruindo, os dois inimigos, e
uma derrota do bolchevismo por
uma enfraquecida Alemanha não
seria uma coisa ruim.
• A relutância pura e simples dos governos
ocidentais em entrar em negociações efetivas
com o Estado vermelho, mesmo em 1938-9,
quando a urgência de uma aliança antiHitler não
era mais negada por ninguém, é demasiado
patente.
• Na verdade, foi o temor de ter de enfrentar Hitler
sozinho que acabou levando Stalin, desde 1935
um inflexível defensor de uma aliança com o
Ocidente contra Hitler, ao Pacto StalinRibbentrop de agosto de 1939, com o qual
esperava manter a URSS fora da guerra
enquanto a Alemanha e as potências ocidentais
se enfraqueciam mutuamente
• Como a Segunda Guerra
Mundial iria demonstrar,
a única aliança
antifascista efetiva seria
a que incluísse a URSS.
• Segunda Guerra Mundial (1939–1945)
• O conflito opôs os Aliados às
Potências do Eixo, tendo sido o
conflito que causou mais vítimas
em toda a história da
Humanidade.
• As principais potências aliadas
eram a China, a França, a GrãBretanha, a União Soviética e os
Estados Unidos. O Brasil se
integrou aos Aliados em 1943.
• A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua
vez, perfaziam as forças do Eixo.
• Muitos outros países participaram na
guerra, quer porque se juntaram a um dos
lados, quer porque foram invadidos, ou
por haver participado de conflitos laterais.
Em algumas nações (como a França e a
Jugoslávia), a Segunda Guerra Mundial
provocou confrontos internos entre
partidários de lados distintos.
• Início da guerra na Europa
• A 1 de Setembro de 1939, o exército
alemão lançou uma forte ofensiva de
surpresa contra a Polônia, com o
principal objetivo de reconquistar
seus territórios perdidos na Primeira
Guerra Mundial e com o objetivo
secundário de expandir o território
alemão.
• As tropas alemãs conseguiram
derrotar as tropas polacas em apenas
um mês.
• A União Soviética tornou efetivo o
acordo (Ribbentrop-Molotov) com a
Alemanha e ocupou a parte oriental
da Polónia.
• A Grã-Bretanha e a França,
responderam à ocupação declarando
guerra à Alemanha, mas não
entrando, porém, imediatamente em
combate. A Itália, nesta fase,
declarou-se "país neutro".
• O plano de expansão do governo envolvia uma
série de etapas.
• Em 1938, com o apoio da população austríaca,
o governo nazista anexou a Áustria, episódio
conhecido como Anschluss.
• Em seguida, reivindicou a integração das
minorias germânicas que habitavam os Sudetos
(região montanhosa da Checoslováquia).
• Como esta não estava disposta a ceder, a
guerra parecia iminente, foi então convocada
uma conferência internacional em Munique.
• Na conferência de Munique, em setembro de
1938, ingleses e franceses, seguindo a política
de apaziguamento, cederam à vontade de Hitler,
concordando com a anexação dos Sudetos
Dresden, Alemanha, fevereiro de 1945
Stuka
GUERRA!
• Início da guerra na Europa
• A 1 de Setembro de 1939, o exército alemão
lançou uma forte ofensiva de surpresa contra a
Polónia, com o principal objectivo de
reconquistar seus territórios perdidos na
Primeira Guerra Mundial e com o objetivo
secundário de expandir o território alemão.
• As tropas alemãs conseguiram derrotar as
tropas polacas em apenas um mês.
• A União Soviética tornou efetivo o acordo
(Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha
nazista e ocupou a parte oriental da
Polónia.
• A Grã-Bretanha e a França, responderam
à ocupação declarando guerra à
Alemanha, mas não entrando, porém,
imediatamente em combate.
• A Itália, nesta fase, declarou-se "país
neutro".
• O plano de expansão alemão envolvia uma
série de etapas.
• Em 1938, com o apoio da população austríaca,
o governo nazista anexou a Áustria, episódio
conhecido como Anschluss.
• Em seguida, reivindicou a integração das
minorias germânicas que habitavam os Sudetas
(região montanhosa da Checoslováquia). Como
esta não estava disposta a ceder, a guerra
parecia iminente, foi então convocada uma
conferência internacional em Munique.
• Na conferência de Munique, em setembro de
1938, ingleses e franceses, seguindo a política
de apaziguamento, concordaram com a
anexação dos Sudetos.
Cronologia da II Guerra Mundial
• 1939
• 1 setembro - tropas da Alemanha invadem a
Polônia. Começa oficialmente Guerra.
• 3 de setembro - França e Inglaterra declaram
guerra à Alemanha.
• 6 de setembro – Os EUA se declaram neutros
• 10 de setembro - começa a Batalha do Atlântico.
• 17 de setembro - União Soviética invade a Polônia.
• 27 de setembro - Polônia se rende aos alemães.
• 30 de novembro- URSS ataca a Finlândia.
• 1940
• 18 de janeiro - Dinamarca, Suécia e Noruega declaram
neutralidade.
• 10 de maio - Alemanha invade a Bélgica, Holanda,
Luxemburgo e norte da França.
• 16 de maio - a Alemanha começa a bombardear o sul da
Inglaterra.
• 3 de junho - Aviões da Alemanha bombardeiam Paris.
• 10 de junho - Itália declara guerra aos aliados.
• 14 de junho - Paris é tomada pelos alemães.
• 8 de agosto - Alemães começam a atacar Londres pelo ar.
• 25 de agosto - Aviação inglesa bombardeia a cidade de
Berlim.
• 13 de setembro - Incursões militares italianas no norte da
África.
• 22 de setembro - Japão invade a Indochina Francesa
(Vietnã).
• 27 de setembro - Alemanha, Itália e Japão firmam o tratado
conhecido como Eixo Roma-Berlim-Tóquio, delineado desde
• 1941
• 13 de abril - URSS e Japão assinam o
Pacto de Neutralidade.
• 16 de junho - EUA ordenam o
fechamento de todos os consulados
alemães no país.
• 22 de junho - Alemanha ataca URSS
• 7 de dezembro - Japão ataca Pearl
Harbor.
• 8 de dezembro - EUA declaram guerra ao
Japão
• 11 de dezembro - Alemanha e Itália
declaram guerra aos Estados Unidos.
• 1942
• 13 de setembro - Tem início a Batalha de
Stalingrado. O cerco nazista à cidade se deu
entre 17 de julho de 1942 e 2 de fevereiro de
1943. A batalha foi o ponto de virada na frente
leste da guerra, marcando o limite da expansão
alemã no território soviético e é considerada a
maior e mais sangrenta batalha de toda a
História, causando a morte e ferimentos em
cerca de dois milhões de soldados e civis.
• 10 de novembro - A França de Vichy é
ocupada pelos alemães.
• 24 de novembro - Tropas alemãs são cercadas
em Stalingrado.
• 1943
• 10 de julho - Tropas aliadas
desembarcam na Sicília.
• 28 de novembro - Conferência
de Teerã, onde se encontram
Churchill, Roosevelt e Stálin para
decidir o final da Guerra
• 1944
• 17 de janeiro - Começa a Batalha de
Monte Cassino na Itália com
participação de soldados brasileiros
do lado dos aliados.
• 4 de junho - Aliados entram em
Roma.
• 6 de junho - Dia D, os aliados
desembarcam na Normandia.
• 1945
• 17 de janeiro - Varsóvia é ocupada pela URSS
• 27 de janeiro - Exército vermelho libertam os
prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz.
• 4 de fevereiro - começa a Conferência de Yalta
(Criméia), reunindo Churchill, Roosevelt e Stalin.
• 28 de abril – Mussolini é morto por guerrilheiros
resistentes
• 30 de abril - Hitler se suicida em Berlim.
• 2 de maio - Berlim é ocupada pelo exército soviético.
• 6 de agosto - EUA lançam bomba atômica sobre a
cidade japonesa de Hiroshima.
• 2 de setembro - Assinatura da rendição do Japão e fim
da Segunda Guerra Mundial.
Europa antes da Guerra
Alemanha – ofensiva inicial
1941
• OS EUA na Guerra
• Não fosse Pearl Harbor e a
declaração de guerra de Hitler, os
EUA sem dúvida teriam
continuado fora da guerra. Não
está claro sob que circunstâncias
poderiam ter entrado.
• A aliança anti-Hitler na Europa
• A França e a Inglaterra se sabiam fracos
demais para defender a paz estabelecida
em 1918 para atender a seus interesses.
Também sabiam que esse status quo era
instável e impossível de ser mantido.
• Nenhum tinha nada a ganhar com outra
guerra, e muito a perder. A política óbvia e
lógica era negociar com a nova Alemanha
para estabelecer um padrão europeu mais
durável,
• Uma Segunda Guerra Mundial, podia-se
prever com segurança, arruinaria a economia
britânica e desmontaria grandes partes de
seu império. O que verdade foi o que
aconteceu.
• As vacilações terminaram numa guerra que
ninguém queria, numa época e lugar que
ninguém queria (nem a Alemanha), e que na
verdade deixou a GrãBretanha e a França
sem a mínima idéia do que, como
beligerantes, deviam fazer, até que a
blitzkrieg (a invasão da França e a batalha da
Inglaterra) de 1940 os aniquilou.
• Mesmo diante da evidência que eles
próprios aceitaram, os apaziguadores na
Grã-Bretanha e França ainda não
conseguiam pensar em negociar a sério
uma aliança com a URSS , sem a qual a
guerra não podia ser nem adiada nem
vencida.
• Até quando os exércitos alemães
entraram na Polônia, o govemo de
Chamberlain ainda estava disposto a
negociar com Hitler, como Hitler calculara
que ele faria.
• Guerras periféricas –
Década de 1930
• As disputas da década de 1930,
travadas dentro dos Estados ou entre
eles, eram transnacionais. Em
nenhuma parte foi isso mais evidente
do que na Guerra Civil Espanhola de
1936-9, que se tomou a expressão
exemplar desse confronto global.
• A Espanha era uma
parte periférica da Europa
• Mais de 40 mil jovens estrangeiros de
mais de 50 países acabaram indo lutar e
muitos morrer num país sobre o qual
provavelmente não conheciam mais que o
mapa no atlas da escola. É significativo
que não mais de mil voluntários
estrangeiros tenham lutado do lado de
Franco.
• Na época, a Guerra Civil Espanhola não
pareceu um bom presságio para a derrota
do fascismo. Internacionalmente, foi uma
versão em miniatura de uma guerra
européia, travada entre Estados fascistas
e comunistas, os últimos marcadamente
mais cautelosos e menos decididos que
os primeiros.
• A Internacional Comunista – 1919-43 mobilizara todos os seus formidáveis
talentos em favor da República espanhola.
• O futuro marechal Tito, libertador e
líder da Iugoslávia comunista,
organizava o fluxo de recrutas das
Brigadas Internacionais em Paris;
• Palmiro Togliati, líder comunista
italiano, era o dirigente de fato do
inexperiente Partido Comunista
espanhol, e foi um dos últimos a
escapar do país em 1939.
• O teatro da Guerra
• Internacionalmente, transformou-se numa
aliança entre o capitalismo dos EUA e o
comunismo da União Soviética.
• Dentro de cada país da Europa — mas
não, na época, do mundo dependente do
imperialismo ocidental — esperava unir
todos os dispostos a resistir à Alemanha
ou à Itália, ou seja, formar uma coalizão
de resistência que fosse de um lado a
outro do espectro político.
• Geopolítica do pós Guerra
• A divisão do globo, ou de uma grande
parte dele, em duas zonas de influência,
negociadas em 1944-5, permaneceu
estável.
• Nenhum lado cruzou mais que
momentaneamente a linha que os dividiu
durante trinta anos. Ambos recuaram do
confronto aberto, assegurando assim que
as guerras frias mundiais jamais se
tornassem quentes.
• EUA X URSS
• O breve sonho de Stalin, de uma parceria
americano-soviética no pós Guerra, não
fortaleceu de fato a aliança global de
capitalismo liberal e comunismo contra o
fascismo. Em vez disso, demonstrou sua
força e amplitude.
• Várias partes da Europa foram libertadas
pela revolução guerrilheira ou pelo
Exército Vermelho.
• Muito curiosamente, a URSS
foi (com os EUA ) o único país
beligerante a que a guerra não
trouxe nenhuma mudança
social e institucional
significativa.
• Começou e terminou o conflito
sob Joseph Stalin.
• A guerra impôs enormes tensões à
estabilidade do sistema, sobretudo
severamente reprimida na área rural. Não
fosse a arraigada crença do nacionalsocialismo de que os eslavos eram uma
raça de escravos subumanos, os
invasores alemães teriam podido
conquistar apoio duradouro entre muitos
povos soviéticos.
• Por outro lado, a verdadeira base da
vitória soviética foi o patriotismo da
nacionalidade majoritária da URSS.
• A Segunda Guerra
Mundial se tomou
oficialmente conhecida
na URSS como
“a Grande Guerra
Patriótica”.
Balanço macabro
•
•
•
•
•
•
•
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•
•
•
Países
Número de mortos na II Guerra
URSS
17 000 000
Alemanha
5 500 000
Polônia
4 000 000
China
2 200 000
Iugoslávia
1 600 000
Japão
1 500 000
França
535 000
Itália
450 000
Grã-Bretanha
396 000
EUA
292 000
Fonte: Almanaque Abril, 1999
No Oriente
• O que exige explicação é por que, afinal, o
antiimperialismo e os movimentos de libertação
coloniais se inclinaram em sua maioria para a
esquerda, e assim se viram, pelo menos no fim
da guerra, convergindo com a mobilização
antifascista global.
• O motivo fundamental é que a esquerda
ocidental era o viveiro das teorias e políticas
antiimperialistas, e o apoio aos movimentos de
libertação colonial vinha em maior parte da
esquerda internacional, e sobretudo (desde o
Congresso Bolchevique dos Povos Orientais,
em Baku, em 1922) do Comintern e da URSS .
• Além disso, os ativistas e futuros
líderes dos movimentos de
independência, que pertenciam
principalmente às elites de seus
países educadas no Ocidente,
sentiam-se mais à vontade no
ambiente não racista e anticolonial
dos liberais, democratas, socialistas e
comunistas locais do que em que
qualquer outro, quando iam às suas
metrópoles.
• Quem o fascismo mobilizava
• No fim, o fascismo não tinha mobilizado
nada além de seus países originais, a não
ser um punhado de minorias ideológicas
da direita radical, a maioria das quais teria
sido marginalizada em seus próprios
países, uns poucos grupos nacionalistas
que esperavam atingir seus objetivos com
uma aliança germânica, e um monte de
refugos do fluir e refluir da guerra e
conquista, recrutados para a bár bara
soldadesca auxiliar da ocupação nazista.
• O nacional-socialismo nada tinha a oferecer à
Alemanha pós-1945, a não ser lembranças
amargas.
• O fascismo desapareceu com a crise mundial
que lhe permitira surgir.
• Jamais fora, mesmo em teoria, um programa ou
projeto político universal.
• Por outro lado, o antifascismo, por mais
heterogêneo e transitório que fosse sua
mobilização, conseguiu unir uma extraordinária
gama de forças.
• Países do Terceiro Mundo
acreditavam que só a ação pública
podia tirar suas econo mias do atraso
e dependência. No mundo
descolonizado, seguindo a inspiração
da União Soviética, a estrada para o
futuro parecia ser a do socialismo.
• A União Soviética e sua nova e
extensa família acreditavam apenas
no planeja mento central.
• Todas as regiões do mundo
avançaram no pós-guerra com a
convicção de que a vitória sobre
o Eixo, conseguida através da
mobilização política e de políticas
revolucionárias, além de sangue
e ferro, abria uma nova era de
transformação social.
• Em certo sentido, tinham
razão. Jamais a face do globo
e a vida humana foram tão
dramaticamente
transformadas quanto na era
que começou sob as nuvens
em cogumelo de Hiroshima e
Nagasaki.
• ONU
• No plano das relações internacionais, o fracasso
da Sociedade das Nações em evitar a guerra
levaria à criação de uma nova instituição, a
Organização das Nações Unidas.
• Fundada em Junho de 1945, apresentou como
objectivos assegurar a paz e a cooperação
internacional. Uma das razões apontadas para o
fracasso da Liga das Nações foi a igualdade
entre países pequenos e grandes, que
bloqueava o processo de tomada de decisões.
• A ONU vai distinguir na sua organização
interna cinco grandes países, tidos como
detentores de maiores responsabilidades,
e os restantes; estes cinco países
possuem assento permanente no
Conselho de Segurança, principal órgão
da ONU, onde possuem direito de veto.
• Os outros membros do Conselho de
Segurança são seis países eleitos
rotativamente.
• As principais potências imperialistas
(França e Inglaterra) saíram da
Guerra completamente arrasadas,
tornado insustentável a manutenção
de seus vastos territórios coloniais.
• Foi durante essa época que iniciouse o movimento de descolonização
afro-asiática.
• A Segunda Guerra Mundial
provocou igualmente o fim da
hegemonia mundial da Europa e
a ascensão de duas
superpotências, os Estados
Unidos da América e a União
Soviética, que seriam os
protagonistas da cena
internacional durante o período
conhecido como a Guerra Fria.
• Supremacia norteamericana
• Com o desfecho da Segunda Guerra
Mundial, os Estados Unidos podiam
considerar-se os maiores beneficiários da
Guerra.
• Seu território não fora alvo de massivas
destruições, a perda de vidas fora
diminuta (apesar dos cerca de 292mil
soldados mortos em combate, não
contando com os feridos e desaparecidos)
e o esforço de guerra proporcionou
crescimento econômico.
• Entre 1939 e 1945, os EUA entraram num
período de desenvolvimento resultante do
aumento do PIB, do incremento da
produtividade agrícola e industrial e da
queda das taxas de desemprego.
• Este crescimento económico foi mais
notório a partir de 1945, porque os EUA,
além de abastecerem o mercado interno,
estavam passaram a ser fornecedores e a
estender seu raio de influência aos países
devastados pela guerra.
• Nos anos 1950, a sociedade
americana era vista no exterior
como a terra da abundância:
de pessoas, de bens e de
meios técnicos. E afirmava-se
já como uma superpotência
capitalista na corrida pela
liderança do mundo ocidental.
10. A descolonização e a
emergência do 3º. mundo.
ONU, organismos
multilaterais
Gilberto Maringoni – UFABC 2014
• Referências
HOBSBAWM, Eric J., A era dos extremos, Companhia das Letras, São
Paulo, 1996, pags. 223 a 252 (Guerra fria)
•
ARRIGHI, Giovanni, O Longo século XX, Contraponto/ Editora UNESP, Rio
de janeiro/ São Paulo, 1996, pags. 247 a 334
KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências, Editora
Campus, Rio de Janeiro, 1989, pags. 356 a 415
• A Segunda Guerra
Mundial se tomou
oficialmente conhecida
na URSS como
“a Grande Guerra
Patriótica”.
Balanço macabro
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Países
Número de mortos na II Guerra
URSS
17 000 000
Alemanha
5 500 000
Polônia
4 000 000
China
2 200 000
Iugoslávia
1 600 000
Japão
1 500 000
França
535 000
Itália
450 000
Grã-Bretanha
396 000
EUA
292 000
Fonte: Almanaque Abril, 1999
•
Hobsbawm:
• EUA X URSS
• O breve sonho de Stalin, de uma parceria
americano-soviética no pós Guerra, não
fortaleceu de fato a aliança global de
capitalismo liberal e comunismo contra o
fascismo. Em vez disso, demonstrou sua
força e amplitude.
• Várias partes da Europa foram libertadas
pela revolução guerrilheira ou pelo
Exército Vermelho.
•
Hobsbawm:
• Muito curiosamente, a URSS
foi (com os EUA ) o único país
beligerante a que a guerra não
trouxe nenhuma mudança
social e institucional
significativa.
• Começou e terminou o conflito
sob Joseph Stalin.
• Hobsbawm:
• A guerra impôs enormes tensões à
estabilidade do sistema, sobretudo
severamente reprimida na área rural.
• Não fosse a arraigada crença do nacionalsocialismo de que os eslavos eram uma
raça de escravos subumanos, os
invasores alemães teriam podido
conquistar apoio duradouro entre muitos
povos soviéticos.
• Por outro lado, a verdadeira base da
vitória soviética foi o patriotismo da
• Hobsbawm:
• No Oriente
• O que exige explicação é por que, afinal, o
antiimperialismo e os movimentos de libertação
coloniais se inclinaram em sua maioria para a
esquerda, e assim se viram, pelo menos no fim
da guerra, convergindo com a mobilização
antifascista global.
• O motivo fundamental é que a esquerda
ocidental era o viveiro das teorias e políticas
antiimperialistas, e o apoio aos movimentos de
libertação colonial vinha em maior parte da
esquerda internacional, e sobretudo (desde o
Congresso Bolchevique dos Povos Orientais,
em Baku, em 1922) do Comintern e da URSS .
• Além disso, os ativistas e futuros
líderes dos movimentos de
independência, que pertenciam
principalmente às elites de seus
países educadas no Ocidente,
sentiam-se mais à vontade no
ambiente não racista e anticolonial
dos liberais, democratas, socialistas e
comunistas locais do que em que
qualquer outro, quando iam às suas
metrópoles.
• Quem o fascismo mobilizava
• No fim, o fascismo não tinha mobilizado
nada além de seus países originais, a não
ser um punhado de minorias ideológicas
da direita radical, a maioria das quais teria
sido marginalizada em seus próprios
países, uns poucos grupos nacionalistas
que esperavam atingir seus objetivos com
uma aliança germânica, e um monte de
refugos do fluir e refluir da guerra e
conquista, recrutados para a bár bara
soldadesca auxiliar da ocupação nazista.
• Hobsbawm:
• O nacional-socialismo nada tinha a oferecer à
Alemanha pós-1945, a não ser lembranças
amargas.
• O fascismo desapareceu com a crise mundial
que lhe permitira surgir.
• Jamais fora, mesmo em teoria, um programa ou
projeto político universal.
• Por outro lado, o antifascismo, por mais
heterogêneo e transitório que fosse sua
mobilização, conseguiu unir uma extraordinária
• Países do Terceiro Mundo
acreditavam que só a ação pública
podia tirar suas economias do atraso
e dependência. No mundo
descolonizado, seguindo a inspiração
da União Soviética, a estrada para o
futuro parecia ser a do socialismo.
• A União Soviética e sua nova e
extensa família acreditavam apenas
no planejamento central.
• Todas as regiões do mundo
avançaram no pós-guerra com a
convicção de que a vitória sobre
o Eixo, conseguida através da
mobilização política e de políticas
revolucionárias, além de sangue
e ferro, abria uma nova era de
transformação social.
• Em certo sentido, tinham
razão. Jamais a face do globo
e a vida humana foram tão
dramaticamente
transformadas quanto na era
que começou sob as nuvens
em cogumelo de Hiroshima e
Nagasaki.
• ONU
• No plano das relações internacionais, o fracasso
da Sociedade das Nações em evitar a guerra
levaria à criação de uma nova instituição, a
Organização das Nações Unidas.
• Fundada em 1945, apresentou como objetivos
assegurar a paz e a cooperação internacional.
Uma das razões apontadas para o fracasso da
Liga das Nações foi a igualdade entre países
pequenos e grandes, que bloqueava o processo
de tomada de decisões.
• A ONU vai distinguir na sua organização
interna cinco grandes países, tidos como
detentores de maiores responsabilidades,
e os restantes; estes cinco países
possuem assento permanente no
Conselho de Segurança, principal órgão
da ONU, onde possuem direito de veto.
• Os outros membros do Conselho de
Segurança são dez países eleitos
rotativamente.
• As principais potências imperialistas
(França e Inglaterra) saíram da
Guerra completamente arrasadas,
tornado insustentável a manutenção
de seus vastos territórios coloniais.
• Foi durante essa época que iniciouse o movimento de descolonização
afro-asiática.
• A Segunda Guerra Mundial
provocou igualmente o fim da
hegemonia mundial da Europa e
a ascensão de duas
superpotências, os Estados
Unidos da América e a União
Soviética, que seriam os
protagonistas da cena
internacional durante o período
conhecido como a Guerra Fria.
• Supremacia norteamericana
• Com o desfecho da Segunda Guerra
Mundial, os Estados Unidos podiam
considerar-se os maiores beneficiários da
Guerra.
• Seu território não fora alvo de massivas
destruições, a perda de vidas fora
diminuta (apesar dos cerca de 292 mil
soldados mortos em combate, não
contando com os feridos e desaparecidos)
e o esforço de guerra proporcionou
crescimento econômico.
• Entre 1939 e 1945, os EUA entraram num
período de desenvolvimento resultante do
aumento do PIB, do incremento da
produtividade agrícola e industrial e da
queda das taxas de desemprego.
• Este crescimento econômico foi mais
notório a partir de 1945, porque os EUA,
além de abastecerem o mercado interno,
estavam passaram a ser fornecedores e a
estender seu raio de influência aos países
devastados pela guerra.
• A supremacia americana
era um fato.
• Os Acordos de Bretton Woods de
1944 geraram o Banco Mundial
(“Banco Internacional para
Reconstrução e
Desenvolvimento”) e o FMI,
ambos ainda existentes,
tomaram-se de fato subordinadas
à política americana.
• De acordo com Giovanni Arrighi, em 1947, 70%
das reservas internacionais de ouro pertenciam
aos Estados Unidos. E a exacerbação da
demanda de dólares, por parte de governos e
empresas estrangeiros, significou o controle
norteamericano da liquidez mundial tornou-se
muito maior do que estava implícito na
extraordinária concentração de ouro monetário.
• A II Guerra Mundial demonstrara que os EUA
podiam se tornar ricos e poderosos em meio ao
caos sistêmico.
• Nos anos 1950, a sociedade
americana era vista no exterior
como a terra da abundância:
de pessoas, de bens e de
meios técnicos. E afirmava-se
já como uma superpotência
capitalista na corrida pela
liderança do mundo ocidental.
Áreas de influência no pós Guerra
Cronologia 1945-1983
• 1944
• Julho – Conferência de Bretton Woods desenha o novo sistema
financeiro internacional
• 1945
• Fevereiro: Conferência de Yalta (Ucrânia) – Churchill, Roosevelt e
Stalin acordam a divisão de áreas de influência. A Alemanha é
dividida em 4 zonas de influência. Romênia, Bulgária e Hungria
ficariam sob influência soviética. A Grécia fica na órbita britânica, o
Japão fará parte da geopolítica dos EUA e a Coréia é dividida em
dois. Há um acordo também sobre a criação da ONU, no qual os
três mais França e China terão direito a veto sobre as deliberações.
• Agosto - Cientistas estadunidenses testam com sucesso o primeiro
dispositivo atômico do mundo. Em agosto de 1945 os EUA atacam
as cidades de Hiroshima e Nagasaki com armas nucleares.
• Outubro – Cai o Estado novo no Brasil. O governo Dutra aproximase dos EUA, rompe com a URSS e coloca o PCB na ilegalidade.
• Outubro - Criação da ONU
• 1946
• Agosto - Winston Churchill cita a expressão "iron
curtain" ou, em português, "cortina de ferro", em
discurso pronunciado no Westminster College, em
Fulton, Missouri, nos Estados Unidos
• 1947
• 12 de março – Doutrina Truman – Nova doutrina
externa dos EUA define apoio a todos os países que se
colocam contra o “avanço do comunismo” e afirma ser
necessário "defender o mundo capitalista contra a
ameaça socialista". Em seguida, o secretário de estado
George Catlett Marshall anunciou a disposição de os
Estados Unidos colaborar financeiramente para a
recuperação da economia dos países europeus, o Plano
Marshall. Truman deu início à concessão de créditos
auxiliando a Grécia e a Turquia, com o objetivo de
sustentar governos pró-ocidentais naqueles países. Um
diplomata soviético classifica oo gesto como “verdadeira
declaração de guerra fria contra a URSS”.
• 1947
• Junho – Lançado Plano Marshall
• 15 de agosto – Independência da Índia - Os ingleses
reconheceram a independência indiana que levou em função
das rivalidades religiosas a criação da União Indiana
governada por Nerhu , do Partido do Congresso, com maioria
hinduísta , e do Paquistão (Ocidental e Oriental) governado
por Ali Jinnah ,da Liga Muçulmana com maioria islamita.
• 9 de setembro - Proclamada a República Popular da
Bulgária, após dois anos de maioria comunista no governo e
forte apoio soviético
• 29 de novembro – ONU aprova partilha da Palestina em dois
Estados, um árabe e outro judeu. Os árabes não aceitam. Em
maio do ano seguinte, é criado o Estado de Israel, que inicia
uma agressiva política belicista na região.
• 1948
• 22 de fevereiro – Comunistas tchecos obtêm
maioria do parlamento e chegam ao poder.
• Criada a OEA
• A ONU proclama a Declaração Universal dos
Direitos do Homem
• Fraude nas eleições italianas – patrocinada pelos
EUA - dá vitória à Democracia Cristã (48,5%) contra
os Comunistas (31%)
• Criada a Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe ou Comissão Económica para a América
Latina e Caraíbas (português europeu) (CEPAL), pelo
Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. Seu
objetivo de incentivar a cooperação econômica entre os
seus membros. Ela é uma das cinco comissões
econômicas da Organização das Nações Unidas (ONU).
• 1949
• Abril - A Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) é fundado pela Bélgica, o Canadá, a
Dinamarca, a França, a Islândia, a Itália,
Luxemburgo, os Países Baixos, a Noruega,
Portugal, o Reino Unido, e os Estados Unidos.
• A URSS testa sua primeira bomba atômica
• Agosto – Brasil – Fundada a Escola Superior de
Guerra
• Outubro - Revolução – Criada a República Popular
da China
• Maio - Formação da Alemanha Ocidental.
• Outubro - Formação da Alemanha Oriental.
Militarização das relações entre as duas Alemanhas
• 1950
• Fevereiro – Senador norteamericano Joseph Mc Carthy,
de extrema-direita, começa uma histérica cruzada
anticomunsita, que s e reproduz no Senado e nos meios
de comunicação. Várias lideranças populares, artistas,
cientistas e personalidades são processadas, presas e
algumas são condenadas à cadeira elétrica.
• Junho - A Coreia do Norte – que havia vivido uma
Revolução em 1945, com forte influência soviética invade a Coreia do Sul, iniciando a Guerra. O general
americano Douglas MacArthur discute publicamente a
possibilidade de usar armas nucleares para definir o
conflito.
• Brasil – Vargas é eleito presidente com plataforma
nacionalista
• 1951
• Março – Irã, governado pelo nacionalista Mohamed
Mossadegh, nacionaliza o petróleo, até então dominado por
capitais britânicos, através da Companhia Anglo Iraniana de
Petróleo, desde 1908. O país era responsável pela produção
de 40% do óleo do Oriente Médio.
• 1 de setembro - O Tratado de Segurança ente Austrália,
Nova Zelândia e Estados Unidos (ANZUS) é assinado.
• 1952
• Novembro - A primeira teste de bomba de hidrogênio
acontece nos Estados Unidos.
• O Reino Unido explode um dispositivo nuclear
• Novembro - Dwight D. Eisenhower é eleito presidente dos
Estados Unidos.
• Golpe leva ao poder Gamal Abdel Nasser, no Egito. Seria
assassinado em 1970
• Guatemala – Eleito o governo nacionalista de Jacobo
Arbenz. Seria deposto em 1954 pelos EUA, após realizar um
governo centrado nas questões sociais e patrocinador de
uma reforma agrária
• 1953
• Janeiro - Dwight D. Eisenhower torna-se o presidente
dos Estados Unidos.
• Criada a República Popular da Polônia
• Março - Morte de Stálin, assume em seu lugar Nikita
Kruschev, o novo chefe da União Soviética. Fim da
Guerra da Coréia. A URSS testa sua primeira bomba
termonuclear (hidrogênio).
• Agosto – Irã - Mossadegh é derrubado. Inicia-se a
ditadura do Xá Rehza Pahlevi
• 1954
• Maio- Franceses são derrotados em Dien Bien Phu, no
Vietnã, após 55 dias de cerco
• Agosto – Brasil - Após cerco midiático da direita,
Vargas se suicida.
• 1955
• Abril – Conferência de Bandung (Indonésia), com
participação de 29 países, cria o Movimento dos Não
Alinhados
• Maio – Criado o Pacto de Varsóvia ou Tratado de
Varsóvia, aliança militar entre os países socialistas do
Leste Europeu e a União Soviética. O tratado
estabeleceu o alinhamento dos países membros com
Moscou, estabelecendo um compromisso de ajuda
mútua em caso de agressões militares
• 1956
• Fevereiro – XX Congresso do Partido Comunista da
União Soviética. O Secretário-geral Nikita Khrushev
denuncia “os crimes de Stálin”
• Outubro – Israel ataca Egito
• Novembro – Na lógica da geopolítica mundial, URSS
invade a Hungria, derrubando governo reformista de
Imre Nagy
• 1957
• Outubro - A União Soviética lança o primeiro satélite
artificial, o Sputnik, lançado com o foguete Sputinik-1, cuja
versao militar foi o primeiro Míssil balístico intercontinental
• 1959
• Janeiro – Revolução Cubana
• 1960
• A França explode um dispositivo nuclear.
• Em Bagdá, os cinco principais produtores de petróleo
(Arábia Saudita, Irão, Iraque, Kuwait e Venezuela)
fundaram a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo. A criação da OPEP foi uma forma de reivindicar
perante uma política de achatamento de preços praticada
pelo cartel das grandes empresas petroleiras ocidentais –
as chamadas "sete irmãs" (Standard Oil, Royal Dutch
Shell, Mobil, Gulf, BP e Standard Oil da California).
• 1961
• Fevereiro – Patrice Lumumba, primeiro ministro
nacionalista do Congo, é assassinado, um ano após a
independência do país
• A União Soviética lança o primeiro homem ao espaço,
Yuri Gagarin, a bordo do foguete Vostok-1, da família R7, uma versão civil do Míssil balístico intercontinental
Vostok-K
• Agosto – Construção do Muro de Brelim
• 1962
• Outubro – Crise dos mísseis. John Kennedy,
presidente dos EUA, anuncia bloqueio econômico contra
Cuba
• Julho – Após 132 anos de domínio colonial francês, a
Argélia obtém a independência, numa guerra
violentíssima
Crise no pós-Guerra
• Com o final da Segunda Guerra Mundial,
estabeleceu-se uma política global bipolar, ou seja,
centrada em dois grandes pólos (denominadas na
época superpotências): EUA e URSS. Formadas
por ideais distintos, ambos os pólos de poder
tinham como principal meta a difusão de seus
sistemas políticos e culturais no resto do mundo
• Os EUA defendiam a política capitalista,
argumentando ser ela a representação da
democracia e da liberdade. Em contrapartida a
URSS enfatizava o socialismo como resposta ao
domínio burguês e solução dos problemas sociais.
• Após a derrota alemã na Segunda Guerra, os
países vencedores lhe impuseram pesadas
sanções.
• Entre elas a divisão da Alemanha em quatro
zonas de influência, cada uma chefiada por um
dos vencedores: Estados Unidos, França, Reino
Unido e União Soviética. Berlim, a capital da
Alemanha, também foi dividida, mesmo estando
totalmente em território de influência soviética.
Então a comunicação entre o lado ocidental da
cidade fragmentada e as outras zonas era feita
por pontes aéreas e terrestres.
• Com as nações européias frágeis, após uma
guerra violenta, os Estados Unidos estenderam
uma série de apoios econômicos à Europa
aliada, para que estes países pudessem se
reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo.
Assim, o Secretário de Estado dos Estados
Unidos, George Marshall, propõe a criação de
um amplo plano econômico, que veio a ser
conhecido como Plano Marshall.
• Era uma série de empréstimos a baixos juros e
investimentos públicos para facilitar o fim da
crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do
socialismo entre a população descontente.
• Em 1951, foi elaborado o Plano
Colombo, similar ao Plano Marshall,
porém bem menos ambicioso, para
estimular o desenvolvimento de
países do sul e sudeste da Ásia.
Somente o Japão, entre 1947 e 1950,
recebeu uma ajuda financeira na
ordem de 2,5 bilhões de dólares
diretamente do Tesouro dos Estados
Unidos
A Guerra Fria
• A Guerra Fria foi a designação
atribuída ao conflito políticoideológico entre os Estados Unidos
(EUA), defensores do capitalismo, e a
União Soviética (URSS), defensora
do socialismo, compreendendo o
período entre o final da Segunda
Guerra Mundial e a extinção da União
Soviética.
• É chamada "fria" porque não houve qualquer
combate físico, embora o mundo todo temesse
a vinda de um novo conflito mundial por se
tratarem de duas potências com grande arsenal
de armas nucleares.
• Norteamericanos e soviéticos travaram uma luta
ideológica, política e económica durante esse
período. Se um governo socialista fosse
implantado em algum país do Terceiro Mundo, o
governo norte-americano via aí logo uma
ameaça aos seus interesses; se um movimento
popular combatesse um governo alinhado aos
EUA, logo receberia apoio soviético.
Corrida armamentista
• Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas
potências vencedoras dispunham de uma enorme
variedade de armas, muitas delas desenvolvidas
durante o conflito.
• Tanques, aviões, submarinos, navios de guerra
constituiam as chamadas armas convencionais. Mas os
grandes destaques eram as chamadas armas nãoconvencionais, mais poderosas, eficientes, difíceis de
desenvolver e extremamente caras. A principal dessas
armas era a bomba atómica. Só os EUA tinham essas
armas, que aumentava em muito seu poderio bélico.
• Os 45 anos que vão do lançamento das bombas
atômicas até o fim da União Soviética não
formam um período homogêneo único na
história do mundo.
• Eles dividem-se em duas metades, tendo como
divisor de águas o início da década de 1970.
• A Segunda Guerra Mundial mal terminara
quando a humanidade mergulhou no que se
pode encarar, razoavelmente, como uma
Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra
muito peculiar, a Guerra Fria entre EUA e
URSS.
• As duas superpotências aceitaram a distribuição global
de forças no fim da Segunda Guerra Mandíal, que
equivalia a um equilíbrio de poder desigual mas não
contestado em sua essência.
• A URSS controlava uma parte do globo, ou sobre ela
exercia predominante influência — a zona ocupada pelo
Exército Vermelho e/ou outras Forças Armadas
comunistas no término da guerra — e não tentava
ampliá-la com o uso de força militar.
• Os EUA exerciam controle e predominância sobre o
resto do mundo capitalista, além do hemisfério norte e
oceanos, assumindo o que restava da velha hegemonia
imperial das antigas potências coloniais. Em troca, não
intervinha na zona aceita de hegemonia soviética.
• Na Europa, linhas de demarcação foram
traçadas em 1943-45, tanto a partir de acordos
em várias conferências de cúpula entre
Roosevelt, Churchill e Stalin, quanto pelo fato de
que só o Exército Vermelho podia derrotar a
Alemanha.
• O problema é que a futura orientação dos novos
Estados pós-coloniais não estava nada clara.
• Foi nessa área que as duas superpotências
continuaram a competir, por apoio e influência,
durante toda a Guerra Fria.
• A situação mundial se tomou
razoavelmente estável pouco
depois da guerra, e permaneceu
assim até meados da década de
1970, quando o sistema
internacional e as unidades que o
compunham entraram em outro
período de extensa crise política
e econômica.
• Provavelmente o período mais explosivo
foi aquele entre a enunciação formal da
Doutrina Truman, em março de 1947
(“Creio que a política dos Estados Unidos
deve ser a de apoiar os povos livres que
resistem a tentativas de subjugação por
minorias armadas ou por pressões de
fora”), e abril de 1951, quando o mesmo
presidente americano demitiu o general
Douglas MacArthur, comandante das
forças americanas na Guerra da Coréia,
que levou sua ambição militar longe
demais.
• Assim que a URSS adquiriu armas nucleares —
quatro anos depois de Hiroxima no caso da bomba
atômica (1949), nove meses depois dos EUA , no
caso da bomba de hidrogênio (1953) — as duas
superpotências claramente abandonaram a guerra
como instrumento de política, pois isso equivalia a
um pacto suicida.
• Em qualquer avaliação racional, a URSS não
apresentava perigo imediato para quem estivesse
fora do alcance das forças de ocupação do Exército
Vermelho. Saíra da guerra em ruínas, exaurida e
exausta, com a economia de tempo de paz em
frangalhos, com o rn desconfiado de uma população
que, em grande parte fora da Grande Rússia,
mostrara uma nítida e compreensível falta de
compromisso com o regime.
• Os dois lados viram-se
comprometidos com uma
insana corrida armamentista
para a mútua destruição, e
com o tipo de generais e
intelectuais nucleares cuja
profissão exigia que não
percebessem essa insanidade.
• OTAN e Pacto de Varsóvia
• Em 1949 os EUA e o Canadá, juntamente com a
maioria da Europa capitalista, criaram a OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico Norte),
uma aliança militar com o objetivo de proteção
internacional em caso de um suposto ataque
dos países do leste europeu.
• Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela
e seus aliados o Pacto de Varsóvia (1955) para
unir forças militares da Europa Oriental. Logo as
alianças militares estavam em pleno
funcionamento, e qualquer conflito entre dois
países integrantes poderia ocasionar uma
guerra nunca vista antes.
As bases da descolonização
• A Grande Depressão desestabilizou a política nacional e
internacional do mundo dependente. Os anos 1930 foram
portanto uma década crucial para o Terceiro Mundo, não
tanto porque a Depressão levou à radicalização, mas antes
porque estabeleceu contato entre as minorias politizadas e a
gente comum de seus países.
• Os anos de Depressão quebraram os laços entre as
autoridades coloniais e as massas camponesas, deixando
espaço para o surgimento de futuros políticos.
• No fim da década de 1930, a crise do colonialismo já se
espalhara para outros impérios, embora dois deles, o italiano
(que acabava de conquistar a Etiópia) e o japonês (que
tentava conquistar a China), ainda se achassem em
expansão, se bem que não por muito tempo.
• A Síria e o Líbano (antes franceses) se tomaram
independentes em 1945; a Índia e o Paquistão
em 1947; Birmânia, Ceilão (Sri Lanka), Palestina
(Israel) e as índias Orientais holandesas
(Indonésia) em 1948. Em 1946, os EUA
concederam status formal de independência às
Filipinas, que haviam ocupado desde 1898.
• O império japonês desaparecera em 1945.
• O Norte da África islâmico já estava abalado,
mas ainda se segurava.
• A maior parte da África Central e Setentrional, e
as ilhas do Caribe e Pacífico permaneciam
relativamente calmas.
• Só em partes do Sudeste Asiático essa
descolonização política sofreu séria resistência,
notadamente na Indochina francesa (atuais
Vietnã, Camboja e Laos), onde a resistência
comunista declarara independência após a
libertação, sob a liderança do nobre Ho Chi
Minh.
• Os franceses, apoiados pelos britânicos e
depois pelos EUA, realizaram uma desesperada
ação para reconquistar e manter o país contra a
revolução vitoriosa.
• Foram derrotados e obrigados a se retirar em
1954, mas os EUA impediram a unificação do
país e mantiveram um regime satélite na parte
Sul do Vietnã dividido.
• Depois que este, por sua vez,
pareceu à beira do colapso, os
EUA travaram dez anos de uma
grande guerra, até serem por fim
derrotados e obrigados a retirarse em 1975, depois de lançar
sobre o infeliz país um volume de
explosivos maior do que o
empregado em toda a Segunda
Guerra Mundial.
• No fim da Segunda Guerra Mundial, a rápida e
pacífica retirada da Grã-Bretanha do maior bloco da
humanidade já submetido e administrado por um
conquistador estrangeiro estava longe de ser um
sucesso completo.
• Foi conseguida à custa da sangrenta divisão da
Índia num Paquistão muçulmano e numa índia não
religiosa mas esmagadoramente hindu, no curso da
qual talvez várias centenas de milhares de pessoas
foram massacradas por adversários religiosos e
outros milhões de habitantes expulsos de suas
terras ancestrais para o que era agora um país
estrangeiro. Isso não fazia parte do plano dos
nacionalistas indianos, dos movimentos
muçulmanos nem dos governantes imperiais.
• Descolonização e revolução
transformaram de modo impressionante o
mapa político do globo. O número de
Estados internacionalmente reconhecidos
como independentes na Ásia quintuplicou.
• Na África, onde havia um em 1939, agora
eram cerca de cinqüenta. Mesmo nas
Américas, onde a descolonização no início
do século XIX deixara atrás umas vinte
repúblicas latinas, a de então acrescentou
mais uma dúzia.
• Perry Anderson
• O novo tipo de nacionalismo que se tornou
dominante em escala mundial após 1945 foi
antiimperialista, e suas principais zonas
geográficas foram Ásia, África e América atina.
Quais eram suas características estruturais?
• Socialmente, o novo nacionalismo era muito
mais heterogêneo que as formas de
nacionalismo europeu que sucedera. Os
movimentos de libertação nacional que varreram
o Terceiro Mundo foram guiados por uma ampla
gama de classes sociais.
• O Vietnã e o Oriente Médio enfraqueceram os
EUA , embora isso não alterasse o equilíbrio
global das superpotências, ou a natureza do
confronto nos vários teatros regionais da Guerra
Fria.
• Entre 1974 e 1979, uma nova onda de
revoluções surgiu numa grande parte do globo
• A terceira rodada dessas revoltas no Breve
Século XX parecia poder mudar o equilíbrio das
superpotências desfavoravelmente aos EUA,
pois vários regimes na África, Ásia e mesmo no
próprio solo das Américas eram atraídos para o
lado soviético e — mais concretamente —
forneciam à URSS bases militares, e sobretudo
navais, fora de seu núcleo interior.
• A nova onda de revoluções, todas
provavelmente contra os regimes conservadores
que os EUA se haviam feito os defensores
globais, deu à URSS a oportunidade de
recuperar a iniciativa.
• À medida que o decadente império africano de
Portugal (Angola, Moçambique, Guiné-Cabo
Verde) passava para o domínio comunista e a
revolução que derrubou o imperador da Etiópia
se voltava para o Leste; à medida que a
velozmente desenvolvida marinha soviética
passava a contar com grandes novas bases nos
dois lados do oceano Índico; à medida que o xá
do Irã caía, um clima beirando a histeria foi
tomando conta do público americano e do
debate privado.
Economia e finanças
José Luís Fiori
• Na história do sistema capitalista, só
existiram duas moedas internacionais: a
libra e o dólar. E só se pode falar da
existência de três sistemas monetários
globais: o “padrão ouro”, que ruiu na
década de 1930; o “padrão dólar”, que
terminou em 1971; e o “padrão dólarflexível”, que nasceu na década de 1970 e
está passando por uma turbulência, neste
início do Século XXI.
• Os dois primeiros sistemas se
apoiaram numa relação fixa entre a
libra e o dólar, e uma base metálica
comum, o ouro; mas o terceiro
sistema, o “dólar-flexível”, não tem
nenhum tipo de padrão metálico de
referência, apoiando-se apenas no
poder dos EUA de definir o valor da
sua moeda nacional/internacional, e
dos seus títulos da dívida pública.
• O dólar, moeda-chave da economia mundial do
pós-guerra planejada e garantida pelos EUA ,
enfraqueceu.
• Em teoria apoiado pelos lingotes de Fort Knox,
que abrigava quase três quartos das reservas
tífe ouro do mundo, na prática consistia
sobretudo em dilúvios de papel ou moeda
contábil — mas como a estabilidade do dólar
era garantida por sua ligação com determinada
quantidade de ouro, os cautelosos europeus,
encabeçados pelos ultracautelosos franceses de
olho no metal, preferiram trocar papel
potencialmente desvalorizado por sólidos
lingotes.
• Apesar de certa imprecisão histórica, se
pode dizer que o “padrão ouro” nasceu
depois da vitória inglesa nas guerras
bonapartistas, e junto com a supremacia
econômica britânica, na América e na
Índia.
• Por sua vez, o “padrão dólar” só se impõe
a todo mundo capitalista, depois da vitória
americana na II Guerra Mundial.
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