FILOSOFIA PARA QUEM DESEJA SER AMIGO “Amigos deveriam ser mestres em adivinhar e calar: não se deve querer saber tudo.” (Nietzsche) Ah, a amizade! Palavra poderosa e, concomitantemente, desinstaladora! Palavra, ou melhor, postura de vida que exige, que repreende e que incomoda; atitude que nos “obriga” livremente a um êxodo de si mesmo, a uma saída de um eu ensimesmado em direção ao outro, ao diferente, à “terra prometida”. Convenhamos: não é fácil ser amigo. É necessário descobrir a medida certa entre o estar perto e a invasão de privacidade, entre o aconselhamento e a imposição, entre a paciência e a indiferença. As palavras do filósofo alemão Nietzsche abordam justamente uma postura ímpar nas relações de amizade: a discrição, característica necessária entre amigos. No processo de discrição, somos amigos nem de mais e nem de menos, nem tão longe nem tão perto, mas na medida mais exata que pudermos. No fundo, a relação entre amigos se estabelece, talvez, como a postura que o filósofo Maimônides apregoava: “Não caminhe na minha frente, porque talvez eu não possa segui-lo. Não caminhe atrás de mim, porque talvez eu não possa guiá-lo. Caminhe ao meu lado e seremos amigo”.