GENÉTICA BACTERIANA GENÉTICA – Ciência da hereditariedade; ciência que estuda os genes, como eles transportam a informação, como sua informação é expressa e como são replicados e passados às gerações subseqüentes ou a outros organismos. GENE – Gene é um seguimento de DNA, uma seqüência de nucleotídeos que codifica um produto funcional, usualmente uma proteína. DNA – O Ácido desoxirribonucléico (DNA) é um polímero de desoxirribonucleotídeos. Nas células, o DNA existe como uma dupla-hélice - as duas fitas de DNA se enrolam em torno do eixo da hélice, sendo a orientação antiparalela; as duas fitas são mantidas unidas por pontes de hidrogênio entre pares de bases nitrogenadas específicas: A = T e C G. Toda a informação genética de um organismos encontra-se acumulada na seqüência de linear das quatro bases. A maioria da informação genética de uma célula bacteriana está contida em unidades genéticas independentes que apresentam capacidade de auto-replicação, cromossomo e plasmídios. Alguns genes podem estar contidos em transposons, que não apresentam replicação autônoma. CROMOSSOMOS – são estruturas celulares que transportam fisicamente a informação hereditária; contém a maior parte das informações genéticas da célula bacteriana, incluindo genes essenciais para o crescimento celular. As bactérias são haplóides, pois possuem um único cromossomo circular constituído de uma única molécula de DNA com proteínas associadas que regulam a atividade genética. O cromossomo é encontrado de forma altamente enovelada (recurvado e dobrado), e está fixado à membrana plasmática. O cromossomo da E. coli possui 4,2 x 106 pares de bases PLASMÍDIOS - Moléculas de DNA circulares, auto-replicativas e de localização extra-cromossômica. Tais elementos genéticos são menores que o cromossomo. Plasmídios conjugativos - Plasmídio F (fertility) (Maiores que 30 kb) - Plasmídios capazes de autotransferência por um mecanismo denominado conjugação e estão, presentes em somente uma ou duas cópias por célula. Plasmídios não conjugativos (menores que 10 kb) - não apresentam a característica de autotransferência de uma célula bacteriana para outra; normalmente estão presentes em múltiplas cópias. Os plasmídios conferem características associadas a funções especializadas, como por exemplo, resistência aos antimicrobianos ou expansão de atividades metabólicas (utilização de novos substratos); sua presença, portanto, aumenta a flexibilidade de resposta do organismo a mudanças do ambiente. CARACTERÍSTICAS BACTERIANAS DETERMINADAS POR PLASMÍDIOS. - Resistência a antibióticos e a metais (mercúrio e prata) – codificada por plasmídio R (fatores R). Muitos fatores R contêm dois grupos de genes: - Um grupo é denominado fator de transferência de resistência e inclui genes para replicação do plasmídio e conjugação. - O r-determinante, contém os genes de resistência; ele codifica a produção de enzimas que inativam certas drogas e substâncias tóxicas. - Capacidade de produzir substâncias antimicrobianas (bacteriocinas) – As bacteriocinas mais bem descritas são as colicinas, produzidas por algumas linhagens de E. coli e codificadas por plasmídios Col. - Capacidade metabólica extra – Fermentação de açúcares como lactose e sacarose, a hidrólise de uréia e a produção de H2S. Capacidade de nodulação e fixação de nitrogênio em bactérias do gênero Rhizobium. A quebra de compostos aromáticos - como tolueno e xileno – e de pesticidas, por bactérias do gênero Pseudomonas. - Fatores de virulência – codificam toxinas e adesinas em determinada cepa de E. coli, toxina esfoliativa de Staphylococcus aureus e neurotoxina do Clostridium tetani. TRANSPOSONS – moléculas de DNA linear fita dupla móveis, apresentam a capacidade de mover-se (transpor) de um locus para outro do cromossomo, ou para um plasmídio. Os transposons normalmente contém genes que codificam para enzimas relacionadas a resistência a drogas antibacterianas. Apresentam grande importância nos mecanismos de variabilidade genética, pois podem causar mutações nos genes em se inserem. Gene da transposase Gene repressor Gene de resistência a antibiótico SIR SIR Tn1 - Ampicilina Tn10 - Tetraciclina FLUXO DA INFORMAÇÃO GENÉTICA Replicação DNA Transcrição RNAm Tradução proteína REPLICAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO Anteriormente à divisão celular bacteriana ocorre a replicação do DNA, que se inicia em uma região denominada origem (ori), associada à membrana plasmática. A partir da origem, duas forquilhas de replicação deixam a origem em duas direções postas, a replicação prossegue ao longo da fita de DNA em ambas as direções, seqüencialmente até o término. Durante a replicação cromossômica as duas fitas do DNA parental são copiadas, originando moléculas filhas com somente uma das fitas novas sintetizadas, processo denominado semiconservativo. 1. MUTAÇÃO Mutação é uma alteração na seqüência de bases do DNA. Esta alteração nas bases de um gene muitas vezes causa uma alteração no produto codificado pelo gene. Sendo denominado mutante a linhagem que carrega tal alteração. Mutações espontâneas - podem ser causadas por erros durante a replicação ou interações aleatórias com o ambiente. Freqüência de mutação espontânea - 10-6 a 10-10, em uma população proveniente de uma única bactéria. Mutações induzidas - agentes mutagênicos aumentam a freqüência de mutações. Agentes químicos análogo de bases nucleotídicas – 5-bromouracila (BrU) é incorporada no lugar de timina e pareia com guanina, causando a substituição de um par de A-T por um par C-G. Agentes desaminantes - ácido nitroso – converte o grupo amina em grupo ceto. A desaminação da base adenina resulta no pareamento com C, logo na substituição de um par A-T por C-G. Agentes físicos Radiação ionizante (raiosX e ) – quebrando as ligações covalentes, produzindo radicais livres que podem destruir as bases e, alterando os elétrons nas bases, alterando, portanto, as pontes de hidrogênio. Radiação não-ionizantes (radiação ultravioleta - UV) – Indução de ligação cruzada entre pirimidinas adjacentes. A formação de dímeros resulta mais comumente em substituição de bases. TIPOS DE MUTAÇÃO a) Modificações tautoméricas – substituição de um par de bases por outro b) Mutações que modificam a fase de leitura – alteram a estrutura de leitura de todas as trincas (codons) no gene após a mutação. PRINCIPAIS VARIAÇÕES FENOTÍPICAS CONSEQÜENTES DE MUTAÇÃO. Morfológicas, auxotróficas – são incapazes de sintetizar um ou mais fatores de crescimento, resistência a drogas, temperatura sensíveis e, etc. 2. MECANISMOS DE RECOMBINAÇÃO E TRANSFERÊNCIA GENÉTICA Recombinação genética refere-se ao processo pelo qual moléculas distintas de DNA são combinadas em uma mesma molécula, graças ao processo físico de quebra e ligação destas moléculas. A recombinação genética em procariotos ocorre quando há introdução de fragmentos de DNA de uma célula doadora em uma célula receptora. A transferência de fragmentos de DNA cromossômico e de plasmídios é altamente disseminada nos procariotos, sendo uma das causas da notável diversidade genética observada nas bactérias. Os genes transferidos podem integrar-se ao cromossomo bacteriano ou permanecer como elementos extracromossomais. a) Transformação – células receptoras incorporam moléculas de DNA livres no meio. doadora DNA livre receptora Célula transformada b) Conjugação – envolve a transferência direta de plasmídios de uma célula doadora para uma célula receptora através de uma fímbria sexual (pilus sexual - F). doadora receptora F+ F- Fímbria sexual F+ F- F+ F+ c) Transdução – transferência de DNA bacteriano é mediada por bacteriófagos d) Conversão lisogênica / fágica - É o temo aplicado para propriedades bacterianas (fatores de virulência) como resultado da expressão de genes de um profago. Ex.: Enterotoxina de Staphylococcus aureus, Toxina escarlatínica de Streptococcus pyogenes, Toxina diftérica de Corynebacterium diphtheriae, Toxina botulínica de Clostridium botulinum.