O amor não se improvisa, nem se inventa, nem se fabrica de qualquer maneira. O amor acolhe-se, aprende-se e contagia-se. Uma maior atenção ao amor de Deus revelado em Jesus, uma escuta mais profunda do evangelho, uma abertura maior ao seu Espírito podem fazer brotar pouco a pouco do nosso ser possibilidades de amor que hoje nem imaginamos. José Antonio Pagola. O caminho aberto por Jesus João 15, 9-17 // Páscoa 6 –BComentários e apresentação: Asun Gutiérrez. Música: Amor, algo maravilhoso. Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. A palavra chave dos textos dos domingos passados foi “vida”, a palavra chave do texto de hoje é “amor”. Jesus, quando se despede, quando diz as últimas coisas que quer dizer, revela o que guiou e impulsionou toda a sua vida: o amor. Fala daquilo que o ser humano mais gosta e necessita: das relações humanas, de amor, de alegria, de amizade. Seguir Jesus é uma questão de amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. O capítulo quinze do quarto evangelho está marcado pela ternura de Jesus para com todos os seres humanos. O amor que nos tem é o mesmo que o que o Pai lhe tem a Ele. Jesus oferece-nos a possibilidade de partilhar a sua própria alegria. Convida-nos a meditar na sua profunda alegria e na nossa, a desfrutar da vida seguindo os seus passos. A alegria e a felicidade são características essenciais dos discípulos de Jesus. Quem trabalha por conseguir um mundo mais feliz, é feliz. Quem sente entusiasmo também é capaz de entusiasmar. Como Jesus. É este o meu mandamento: que voa ameis uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Amar, ser amado é um grito e um dom que nós levamos dentro de nós. O que nos alegra é o amor feito detalhe, feito realidade quotidiana. O que mais dói é o desamor, a falta de amor. Jesus junta um “pequeno” pormenor: “como Eu vos amei”. Temos um modelo e uma forma de amar: amar como Jesus ama. Há que estar continuamente referidos a Jesus para captar o seu modo de amar, para entender a profundidade do seu amor. Amar como Jesus é novidade. Não brota sem mais. Vamo-lo aprendendo olhandoO e escutando-O a Ele. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Jesus exprime a sua relação connosco com uma palavra chave: amizade. Ser cristão é ser amigo de Jesus. Amigo, não servo. Os servos actuam porque recebem uma ordem. A amizade supõe comunicação, partilhar a alegria da tarefa comum, sentir como próprios os objectivos e sentimentos de quem amamos. Como fazem os amigos, Jesus comunica e partilha o que Ele sabe, a sua melhor notícia: que Deus é Amor. Pai, próximo, carinhoso, cheio de ternura. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O nosso amor é resposta à sua iniciativa livre e gratuita. Quem se compromete com as necessidades e aspirações dos outros está próximo de Deus. Conhece a Deus. Dá fruto. Quem ama, seja ou não católico, inclusive se se confessa agnóstico ou ateu, “conhece a Deus”. Quem não ama, seja católico praticante ou agnóstico ou ateu, “não conheceu a Deus”. Isso afirma Jesus na parábola do juízo final: não nos vai perguntar se somos homem ou mulher, casados, solteiros, religiosos, monjas, monges, nem pela nossa profissão, nem pelas nossas ideias, nem sobre conceitos teológicos ou dogmáticos. Unicamente importará a qualidade do nosso amor: ”o que fizestes aos meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes”. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros. O mandamento de Jesus consiste em amar. O amor não é uma questão de obediência ou de dever. Como o pode explicar perfeitamente uma mãe, um pai e/ou uma pessoa enamorada. O amor é a resposta agradecida e feliz ao amor incondicional de Deus, não uma lei. O amor de Deus é um amor incarnado. Está no ser humano. Ao dizer-nos: “que vos ameis”, Jesus indica-nos a direcção. Jesus não diz que O amemos, mas que nos amemos. Não só que lhe correspondamos, mas que prolonguemos o seu amor para os outros. Passando pela vida semeando amor e bondade. Como Ele. Assim é Ele, irmão/ã, assim é Ele. Transborda-Lhe a ternura pelos poros, levanta-nos até aos seus olhos, beija-nos, faz-nos mimos, cócegas e piscadelas, e sonha esperanças para nós mais que as mães melhores e apaixonadas. Deus pôs em nós a sua esperança. Deus confiou-nos a seu Filho, confiou-nos a sua herança, a sua Boa Notícia, e ainda a sua própria esperança; e será que não vamos pôr n’Ele a nossa esperança? Há que ter confiança na vida apesar de nos dizerem que tudo está mal. Há que ter esperança nas pessoas, em todas! Só em algumas, até os fariseus e néscios a têm... Há que confiar mais em Deus e lançar-nos nos seus braços e descansar no seu regaço. Há que esperar EM Deus. Melhor: há que esperar A Deus. E se tudo isto já o fazes e gozas, uma coisa te falta ainda: há que esperar COM Deus! Ulibarri, Fl.