A última curva Há quem diga que a morte é tormento. Há quem diga que a morte é descanso. Porém, mais sensato seria dizer que a morte pode vir a ser um tormento, ou, que ela pode vir a ser um repouso. Tudo depende de como utilizamos o nosso tempo presente. Bendito tempo... As gerações que se sucedem interminavelmente. O tempo que corre continuamente, e as marcas deixadas pela sua passagem. O ontem, e o amanhã... A vida terrena é breve como a brisa que passa. Eternos são o amor, a compaixão, e a bondade. Qual o significado de um dia? Qual o significado de uma vida? Qual o significado da eternidade?... A cada noite, antes de deitar, avaliar como foi que utilizamos o dia que finda. Foi um dia de ganhos ou de perdas espirituais? Boas ações, virtudes, tesouros imperecíveis... Se o nosso coração estiver um pouco mais puro e compassivo, então por certo ganhamos o dia. Não permitir que as miudezas do dia-a-dia ofusquem de nossa vista o essencial. Essencial é o amor. Essencial é a compaixão. Essencial é proteger a infância. Cuidar dos filhos e netos. Sejam os nossos próprios filhos e netos, sejam os filhos e netos do mundo, carentes de amor, proteção e cuidado. Olhares que transmitem aquilo que palavras não saberiam traduzir. Educar as futuras gerações de modo que cresçam com um espírito desarmado, compassivo e generoso. Educar o olhar, o dizer, o sentir... Essencial são as Bem-aventuranças. “Bem-aventurados os famintos e sedentos de justiça!” “Vossos olhos são bem-aventurados, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem.” “Bem-aventurados os puros de coração!” Aproveitar os breves dias terrenos para renovar o olhar, para purificar o coração. Percorrer os caminhos de aprimoramento interior que conduzem às Bem-aventuranças. De pés descalços trilhar a senda saudável de uma existência modesta, por vezes solitária, porém, sempre solidária. Ter em mente que esta existência terrena é a infância da eternidade. E que ao final da última curva, da última trilha desta vida terrena, nos esperam outros céus, outros horizontes, outras brisas matinais... Realidades sutis, subjetividades, colheitas espirituais...