Histórico da Trindade entre os adventistas

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A maioria dos pioneiros e líderes
do Movimento Adventista eram
não trinitarianos. Hoje, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia
oficialmente é trinitária.
Pergunta-se como introdução
para aguçar o pensamento. Eles
estavam errados e nós estamos
certos, ou eles estavam certos e
nós estamos na linha da
apostasia Ômega como dizem os
opositores da trindade?
Veremos neste breve histórico,
se os adventistas cresceram em
sua compreensão a respeito da
trindade, ou se eles perderam o
rumo.
Segundo a história Adventista, o
assunto da trindade ocupa cinco
distintos capítulos na vida da
Igreja. Cada capítulo desta
história está marcado por atos
claros e definidos. (Trinity, págs
190-203) são eles:
1 – Período onde o pensamento
anti-trinitariano era
dominante – 1846-1888
Nesse período, a maioria dos
líderes e escritores da Igreja [José
Bates, Tiago White, Uriah Smith,
mais tarde E.J.Waggoner, e
outros] eram anti-trinitarianos, ou
pelo menos pensavam assim.
Apenas alguns deles
advogavam e aceitavam o
conceito de trindade. Não eram
totalmente incrédulos com
respeito a obra de Jesus e do
Espírito Santo. Mas não
conseguiam vê-Los como pessoas
distintas no trio celestial. Eles
apresentavam seis razões porque
não conseguiam ser trinitarianos.
Eles não viam evidência bíblica
de três pessoas na trindade.
Eles não conseguiam ver a
coerência na afirmação de que
Jesus era o poderoso Deus e
igual com o Pai.
Eles achavam que acreditar na
trindade era acreditar em três
deuses. Por isso rejeitavam a
idéia completa.
Achavam que o conceito de
trindade diminuiria a expiação de
Cristo feita na cruz ao morrer
pela humanidade. Pensavam que
se Cristo era Deus eterno, então
como Deus Ele não morreu. E se
o divino não morreu, concluíam,
Seu sacrifício não foi completo.
Compreendiam que as citações:
“Ele é o começo da criação de
Deus” e “Cristo o Filho de
Deus” deviam indicar que Ele não
era eterno.
Achavam que as citações que
dizem que o Espírito Santo foi
derramado sobre toda carne ou
derramado em nossos corações
indicavam que Ele não podia ser
uma pessoa.
Obs: Se você analisar todas estas
objeções, verá que embora sejam
baseadas em textos bíblicos,
nenhuma delas é contraditória a
respeito da crença da trindade.
(Ver The Trinity, pág. 190-194)
2 – O Começo da Insatisfação
com o anti-trinitarianismo 1888 –1898
A conferência geral de Mineápolis
tratou do assunto da justificação
pela fé. Mas, ao tratar do assunto,
é claro, tiveram que lidar com o
assunto da pessoa de Jesus.
2 – O Começo da Insatisfação
com o anti-trinitarianismo 1888 –1898
Portanto, uma das tarefas de
Waggoner foi apresentar um
Cristo diferente daquele que até
então eles conheciam. (Lembrese que eram arianos ou semi
arianos).
2 – O Começo da Insatisfação
com o anti-trinitarianismo 1888 –1898
E.J. Waggoner um dos principais
oradores deste evento, embora
não fosse totalmente trinitariano
escreveu:
“Cristo tinha vida em Si mesmo
[João 10:17] Ele possui
imortalidade em Si mesmo. Há uma
divina unidade entre o Pai e o Filho.
Cristo é por natureza da mesma
substância de Deus. Ele tem vida
em Si mesmo. Ele é chamado de
Jeová, e existe por Si mesmo.
Ele é chamado de Jeová, e existe
por Si mesmo. Ele é igual ao Pai
e tem os atributos de Deus.”
(Citado em Trinity, pág. 195)
Neste período, em 1892, Samuel
T. Spear escreveu um panfleto
esclarecendo que a crença na
trindade não era crer em três
deuses. E apresentou uma linha
de raciocínio semelhante a que
advogamos hoje. No mesmo
período Uriah Smith, que era
também anti-trinitariano,
escreveu o livro Looking Unto
Jesus, rejeitando suas idéias
anteriores de que Cristo fora
criado. Embora continuasse
crendo que unicamente Deus não
teve começo,
e que Jesus veio à
existência por algum meio
não conhecido. Mas não
criado. Neste livro, Smith
reconhece, embora
parcialmente a existência da
trindade.
3 – O Paradigma Mudado
1898 –1915
Neste período, aconteceu a maior
virada do pensamento Adventista
sobre a trindade. A mudança se deu
pela publicação do Desejado de Todas
as Nações em 1898. Ellen começa
falando de Jesus, e no terceiro
parágrafo solta a bomba:
“Desde os dias da eternidade o
Senhor Jesus Cristo era um com
o Pai.” DN, pág. 19. Ao comentar a
ressurreição de Lázaro, vem outra
afirmação inesperada: “Em Cristo
há vida, original, não emprestada,
não derivada” DN, pág. 530. Mais
na frente ela diz: “O Salvador veio
da sepultura pela vida que havia
em Si mesmo.” DN pág. 785.
A mudança parecia tão grande e
chocante que M.L. Andreasen que
tinha se tornado Adventista há
apenas quatro anos aos 18 anos e
estava no Seminário preparandose para ser um pastor não
acreditou que Ellen White tivesse
escrito estas declarações. Ao
entrar para o ministério em 1902,
ele viajou até a Califórnia para
conferir pessoalmente com a irmã
White se aquelas declarações eram
suas mesmo. Tudo foi confirmado
dela para ele. No mesmo livro,
Ellen White reconhece o Espírito
Santo como a Terceira pessoa da
Divindade e O chama de “Ele” (Ver
DN. págs. 669-671)
Sem sobra de dúvida, O
Desejado de Todas as Nações foi
um divisor de águas na
compreensão do assunto da
Trindade.
Aqui neste ponto, quero
acrescentar alguns comentários
sobre a posição de Ellen White
sobre a questão da trindade.
Muitos dos críticos atuais sobre o
assunto, usam afirmar que Ellen
White nunca apoiou a doutrina da
trindade e, que os ASD têm violado
suas declarações nas traduções e
com isso tem forçado Ellen White
a dizer o que ela nunca disse.
Dizem mais que as mudanças
do pensamento anti-trinitariano
para trinitariano, se deram após
sua morte. Especialmente após
a conferência bíblica de 1919.
Seria isso verdade? Em que se
baseiam para afirmarem isso?
Vejamos um pouco mais de
história:
Nesse período de mudança de
pensamento, [1898-1915]
aparece a figura do Dr. J.H.
Kellogg. Ele escreveu o livro The
Living Temple com a proposta de
vender 500 mil cópias e
empregar os recursos na
reconstrução do Hospital que
tinha sido destruído pelo fogo.
A liderança da igreja a princípio
aceitou a proposta, mas ao
tomarem conhecimento do
conteúdo do livro, o assunto
pegou fogo. Ellen White a
princípio, esteve calada. Mas
chegou o momento de falar e
falou como sempre com
autoridade e bases bíblicas
dizendo que o livro de Kellogg
era uma negação da fé, era uma
heresia espiritualista.(Ver
Trinity, pág. 217) O livro é uma
defesa aberta do panteísmo.
Então, veja algumas das mais
fortes citações da irmã White
sobre a questão da trindade
escritas exatamente neste
momento de crise. Observe a
seqüência de datas.
“O obreiro de Deus é o agente
através do qual a comunicação
celestial é dada, e o Espírito Santo
dá autoridade divina para a
palavra da verdade.” RH, Abril 4,
1893 – (SDABC, Vol. 6. pág. 1053.)
“As três grandes potestades do
céu são testemunhas, são
invisíveis, mas estão presentes.”
MS, 57, 1900 – (SDABC, Vol. 6, pág. 1074)
“A obra é delineada frente a
cada alma que tem confessado
sua fé em Jesus Cristo mediante
o batismo, e se tem convertido
em um receptáculo da promessa
que procede das três pessoas
da divindade: O Pai, o Filho e o
Espírito Santo.” MS, 57, 1900.
(SDABC, Vol. 6, pág. 1074)
“O Pai, o Filho e o Espírito
Santo, poderes infinitos e
oniscientes, recebem aqueles
que verdadeiramente entram em
relação de concerto com Deus.
Eles estão presentes em cada
batismo, para receber os
candidatos que tem renunciado
o mundo e tem recebido Cristo
no templo da alma.” MS 27 ½ - 1900
(SDABC, Vol 6, pág. 1075)
“Quando aceitamos a Cristo, e
no nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo prometemos
servir a Deus, o Pai, Cristo e o
Espírito Santo – Os três
dignitários e poderes do céu –
empenham-se a Si mesmos de
que todas as facilidades nos
serão proporcionadas,
se cumprirmos nosso voto
batismal...” MS 85, 1901 (
SDABC, Vol. 6. 1075)
“O Pai, o Filho e o Espírito
Santo, os três santos dignitários
do céu, declararam que eles
fortalecerão os homens para
vencer os poderes das trevas...”
MS 92, 1901. (SDABC, vol. 5,
pág. 1110)
“Ele (Cristo) determinou dar
Seu representante, a terceira
pessoa da Divindade. Este dom
não seria excedido...” SW Nov.
28. 1905 (SDABC, Vol. 6. pág.
1053)
Note o que ela escreveu
quando o assunto do
panteísmo de Kelloggs estava
em pauta:
“Fui instruída a dizer: Os
sentimentos dos que andam em
busca de avançadas idéias
científicas não são para confiar.
Fazem-se definições como essas: O
Pai é como a Luz invisível: O Filho é
como a luz corporificada, o Espírito
é a luz derramada. O Pai é como o
orvalho, vapor invisível; O Filho é
como o orvalho condensado
em uma bela forma; e o Espírito
é como o orvalho caído sobre a
sede da vida. Outra
apresentação: O Pai é como o
vapor invisível, o Filho como a
nuvem plúmbea, e o Espírito é a
chuva caída e operando em
poder refrigerante. Todas estas
definições espiritualistas são
simplesmente nada. São
imperfeitas, inverídicas...
Deus não pode ser comparado a
coisas feitas por Suas mãos.
Estas são meras coisas
terrenas....O Pai não pode ser
definido por coisas da terra. O
Pai é toda a plenitude da
Divindade corporalmente, e
invisível aos olhos mortais. O
Filho é toda a plenitude da
Divindade manifestada. ...
...O Consolador que Cristo
prometeu depois de ascender ao
Céu, é o Espírito em toda
plenitude da Divindade,
tornando manifesto o poder da
graça divina a todos quantos
recebem e crêem em Cristo
como um Salvador pessoal. Há
três pessoas vivas pertencentes
à trindade celeste, em nome
destes três grandes poderes – O
Pai, o Filho e o Espírito Santo –
os que recebem a Cristo por fé
viva são batizados... (Grifos
acrescidos) (Special
Testemunies, Série B, No. 7,
págs. 62 e 63. (1905)).
“Virtualmente, tomamos um
solene voto, em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, que
desde então, nossa vida se uniria
na vida destas três grandes
Agencias, que a vida que
viveríamos na carne, deveria ser
vivida em fiel obediência à
sagrada lei de Deus.” MS 67, 1907.
(SDABC Vol. 1, pág. 1120.)
Neste período um dos
destacados líderes e editor da
mais importante revista dos
ASD, a Review and Herald, F. M.
Wilcox - um dos cinco
depositários indicados por Ellen
White para cuidar do patrimônio
literário dela, escreveu uma
síntese das crenças dos ASD.
E no ano de 1913 [Note que Ellen
White estava viva e não
contradisse o que ele escreveu]
Wilcox escreveu na Review: “Os
Adventistas do Sétimo Dia
crêem na Divina Trindade. Esta
Trindade consiste do eterno
Pai...O Senhor Jesus Cristo,...e o
Espírito Santo, a terceira pessoa
da Divindade” (Grifos acrescidos) (Trinity,
Pág. 218)
Penso que Ellen White desde o
começo tinha uma mentalidade
trinitariana, uma vez que ela era
um fiel Metodista e os Metodistas
são trinitarinos, [mas os
Metodistas não têm a mesma
compreensão do assunto como o
temos hoje.] Mas creio também
que sua compreensão sobre o
assunto foi se aprofundando
à medida que Deus ia lhe
proporcionando as visões.
Assim como ela cresceu na
compreensão do sábado, da
porta fechada, da alimentação e
de outros pontos fundamentais
de nossa fé, ela cresceu também
na compreensão da trindade.
Creio também que embora Ellen
White tivesse alguma idéia
diferente sobre determinado
assunto, ela se submetia à
vontade de Deus. Veja o que ela
disse sobre isso: “Nessas
cartas que escrevo e nos
testemunhos que dou, eu
apresento para vocês aquilo que
o Senhor me apresentou. Não
escrevo um artigo sequer,
expressando minhas próprias
idéias. Elas são o que Deus tem
aberto para mim em visão.” –
Selected Messages, book 1, p.
(27).
4 – O declínio do antitrinitarianismo. 1915- 1946
Talvez por causa da declaração de
Wilcox, o debate a respeito da
trindade entrou pelo século XX
provocando acaloradas
discussões entre os ASD. Em 1919
o assunto da Cristologia e da
relação de Cristo com Deus
assumiram ligar de destaque.
Note que apesar da declaração de
Ellen White de que em Cristo há
vida original, não emprestada e
não derivada, alguns continuaram
afirmando que Cristo era de
alguma maneira derivado do Pai.
(Ver Merlin Burt, Monografia da
Andrews, 1996 págs. 26,27 e 31)
Em 1930 os irmãos da Divisão
Africana solicitaram que a
Conferência Geral enviasse um
documento para que eles
pudessem apresentar ao governo
nossas crenças. A associação
Geral enviou 22 crenças
fundamentais que apareceram no
Year Book de 1931.
Entre as crenças aparece: “A
Divindade ou Trindade” “Jesus é
verdadeiramente Deus”
Em 1946 a Conferência Geral
tomou um voto dizendo que
nenhuma mudança de nossas
crenças como aparecia no Manual
da Igreja deveria ser feita a não ser
por voto da Sessão da Conferência
Geral. Isto era uma aceitação
oficial da trindade pelos ASD.
5 – O domínio da Crença da
Trindade. – 1946 até o
presente.
Em 1957 com a publicação de
Questions on Doctrine a questão do
uso de “O trio celestial” foi aceita e
propagada pelos ASD.
L.E.Froom publicou em 1971 o livro
Movement of Destiny.
Talvez podemos dizer que Froom
foi o campeão de defesa da
Trindade.
Mais recentemente, Fernando
Canale escreveu um pequeno livro
no qual ele defende que a
compreensão que os ASD têm
sobre Deus e a trindade, está
baseada somente na Bíblia e não
mesclada com a filosofia grega.
Finalmente em 1980 a
Conferência Geral realizada em
Dallas, votou as 27 crenças
fundamentais dos ASD como
aparecem no livro Nisto
Cremos, dentre as quais está
esboçada de forma clara,
concisa e Bíblica a doutrina da
trindade.
Um outro argumento que
devemos apresentar àqueles que
nos acusam de termos
formalizado nossa apostasia
como Igreja com o voto e a
aceitação oficial da trindade em
Dallas pelos ASD em 1980, é a
seqüência histórica sobre a
aceitação oficial da doutrina da
trindade pelos ASD, que talvez os
não conhecem.
“O primeiro documento das
crenças fundamentais dos ASD foi
elaborado por Uriah Smith em
1872. Note que Smith era antitrinitariano e neste período o
pensamento da maioria era antitrinitariano. Mas, assim mesmo
houve fortes oposições e o
documento não recebeu a
aprovação oficial da Igreja.
Um segundo documento foi
preparado em 1889, também por
Uriah Smith. Como já estavam
num estágio mais avançado de
compreensão do assunto – veja a
data – e Smith também tinha
crescido, o documento agradou
aos dois grupos: Os anti e os
trinitarianos.
O terceiro documento de nossas
crenças foi escrito por F.M
Wilcox em 1931. Este foi o
primeiro documento a receber o
status oficial da Igreja. Em 1946
a Conferência Geral em sessão
geral votou que o documento de
nossas crenças de 1931
somente poderia ser mudado em
sessão da Conferência Geral.
Sendo assim, o documento de
Dallas foi o quarto documento
produzido pelos ASD, mas foi o
segundo a receber a aprovação
oficial da Igreja.
Percebemos que temos a
resposta para a pergunta
formulada no começo deste breve
histórico. Notamos claramente
que a rejeição que eles tinham da
doutrina da trindade, derivava da
mão de Deus guiando-os para
longe de uma doutrina da
trindade mesclada com idéias
pagãs. Hoje, após diversos
passos na direção certa,
podemos afirmar que os ASD
não estão cumprindo a profecia
da apostasia ômega por crerem na
trindade. Mas, pelo contrário,
temos visto a mão de Deus
guiando seus líderes, estudiosos,
escritores e administradores na
compreensão mais clara a respeito
da trindade com base estritamente
bíblica. Louvado seja o Senhor por
isso. Amém.
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