Engenharia Biomédica – 3º ano, 1º semestre Mecanismos Gerais da Doença (2006/2007) Aula 11 – 6 de Dezembro de 2006 Tema: Falência de Sistemas III Professores Conceição Coutinho e Cecília Monteiro Aula desgravada por Joana Baptista e Diana Nunes Então,para terminar a discussão das diferentes insuficiências de órgãos, hoje vamos falar de insuficiência respiratória. Mais uma vez, se vocês tiverem minimamente presentes os conhecimentos de fisiologia, isso não é nada de complicado. Complicado é saber usar um computador. Ok. Função do aparelho respiratório, a principal função do aparelho respiratório, é garantir a entrega de oxigénio às diferentes células do organismo e garantir a remoção do produto do metabolismo das células do dióxido de carbono. O aparelho respiratório tem obviamente outras funções, por exemplo, a eliminação do dióxido de carbono, tem um papel na regulação do equilíbrio do pH. Vocês falaram nisso na aula passada. Portanto, o pulmão é um dos órgãos reguladores do pH sanguíneo. Depois como todo o sangue é filtrado pela rede arterial..err… rede venosa pulmonar, isso faz daquela rede venosa um sítio óptimo para, por exemplo, inactivar uma data de substâncias ou activar uma data de substâncias. Tá bem? Mas tudo isso são, digamos, não são funções secundárias, mas não são a função principal que nós vamos falar hoje. Nós vamos falar da função de trocas gasosas. Em termos esquemáticos nós podemos pensar no aparelho respiratório em dois componentes: um componente que é a bomba ventilatória, que é constituída pela caixa toráxica e os músculos respiratórios e pelo seu controlo nervoso, no sistema nervoso central. E por outro lado, a parte parenquimatosa onde se dão as trocas propriamente ditas do pulmão, que é um conjunto de unidades funcionais, a unidade alvéolo-capilar. E essa distinção entre estas duas funções é importante porque nós sabemos que podemos ter insuficiências ou falências do aparelho respiratório por falências primárias do parênquima ou por falências primárias da bomba ventilatória. E as consequências vão ser diferentes. Vocês ainda têm isso vagamente presente isso da fisiologia, penso eu, os volumes e as capacidades ventilatórias, os volumes, para rever, são primários, as capacidades resultam da adição de vários volumes, o volume corrente é o volume que é mobilizável numa respiração normal, não forçada, o volume de reserva funcional é aquele que não pode ser mobilizado, aquele que fica no pulmão mesmo depois duma expiração forçada. A capacidade pulmonar total é a capacidade intra-toráxica no fim de uma inspiração forçada. Então, falando de ventilação:a ventilação e o trabalho ventilatório depende de propridades estáticas e de propriedades dinâmicas do aparelho respiratório. Esta curva, a curva da compliance, ou curva da capacidade pulmonar, descreve, como o termo define, a variação do volume em função das variações de pressão aplicadas. O pulmão tem uma certa distensabilidade e uma certa elasticidade, e a sua distensabilidade é máxima quando ele está completamente [ ? ], ou seja, o volume residual, e é mínima na expansão máxima, capacidade total. Obviamente que a parte da curva onde se desenvolve menos trabalho, para insuflar o pulmão é na parte mais próxima do volume residual, e o trabalho, quando já estamos próximos da capacidade total é imenso. Se vocês inspirarem, façam uma inspiração profunda e depois a seguir a isso tentem inspirar mais e percebem que têm de desenvolver um esforço enorme e não conseguem fazer variar mais o volume de gás intra-toráxico. A elasticidade do pulmão depende de, para além das fibras que constituem o parênquima do colagénio, da elastina, que lhe conferem essa elasticidade, depende também, em grande parte, do surfactante. O surfactante é um constituinte que reveste a membrana alveolar, que é constituído por fosfolípidos e por proteínas, e cuja função é separar a interface entre a água e o ar e portanto diminui a tensão superficial. As vantagens são, para já, impede o colapso dos alvéolos, obviamente a tensão superficial tenderia a fechar os alvéolos, diminui a força que é necessária para expandir os alvéolos cada vez que há insuflação pulmonar. Porque diminui a tensão que contraria essa expansão. E impede, na prática, que os alvéolos sejam inundados por líquido a partir do espaço intersticial, segundo esse gradiente de tensão na mesma. Depois, o trabalho ventilatório, para além do trabalho necessário desenvolver para vencer a elasticidade pulmonar, é o que consiste também no trabalho necessário para vencer a resistência ao fluxo nas vias aéreas. E o fluxo é habitualmente, ou melhor, a resistência depende sobretudo do diâmetro das vias aéreas, do calibre das vias aéreas, com uma pequenina nuance. É que a resistência é máxima não nos bronquíolos mais distais mas nos brônquios de médio calibre. Por uma razão muito simples, nessa zona o fluxo deixa de ser laminar e passa a ser um fluxo turbulento e portanto a resistência é proporcional ao débito nessa zona, nos bronquíolos mais distais, como a área de secção é muito grande, o débito é muito menor e portanto a resistência volta a diminuir um bocadinho. E retenham esta imagem porque daqui a bocadinho, quando falarmos de patologias das vias aéreas, vão perceber porque é que a resistência neste ponto é tão importante. Falámos da parte da ventilação e agora a parte das trocas gasosas propriamente ditas. As trocas gasosas dão-se por difusão simples dos gases. Para isso o que é preciso? Têm, em corte, a unidade alvéolo-capilar.Então o que é que têm? Deste lado o alvéolo, com pneumócitos que preenchem, que revestem o alvéolo, e encostado ao alvéolo um capilar sanguíneo. Para que as trocas se dêem, têm entre estes dois espaços um capilar sanguíneo. Para que as trocas se dêem entre estes dois espaços é preciso ter ar entre o alvéolo, sangue dentro do capilar e uma membrana que permita ser atravessada pelos gases por difusão simples. O dióxido de carbono apesar de ter um peso molecular muito mais elevado que o do oxigénio, difunde muito mais prontamente naquela membrana do que o oxigénio, por ser muito mais solúvel do que o oxigénio. O que significa na prática que nós conseguimos, quando ventilamos mais, quando respiramos mais depressa, quando fazemos ventilações mais profundas, nós conseguimos «melhorar muito melhor»(???) as trocas de dióxido de carbono do que de oxigénio. Está bem? As trocas do oxigénio são muito mais dependentes das diferenças de pressão e menos desse efeito de lavagem alveolar. Como para que as trocas gasosas se dêem nós precisamos de reunir essas mesmas condições, alvéolos ventilados, capilares profundidos, nós sabemos que ao longo do pulmão todo as condições não são exactamente iguais. Os alvéolos mais apicais tendem a estar mais ventilados porque a pressão pleural é mais negativa nesta zona mas, para contrabalançar isto, como as bases pulmonares são mais compliance, são mais distensíveis, em cada inspiração há uma maior distribuição de volume às bases do que propriamente aos ápices pulmonares. A distribuição do sangue também obedece à lei da gravidade e portanto também é maior nas bases. A importância disto é que nós temos de ter um equilíbrio, digamos um match entre a ventilação e a profusão. Se isso não acontece vamos ter isto. Então, duas situações limite: numa situação limite ao alvéolo não chega ar nenhum, o álveolo não está sequer ventilado mas é adequadamente profundido. O que é que acontece? Todo o sangue que chega aquele alvéolo que não está ventilado passa e sai do pulmão exactamente com a mesma constituição em termos gasosos com que entrou, ou seja, não trocou oxigénio, não trocou dióxido de carbono e isto nós chamamos efeito de Shunt. A situação limite oposta é uma coisa deste tipo em que o alvéolo é adequadamente ventilado mas não há perfusão capilar desse alveolo. É exactamente a mesma coisa, não há possibilidade de ocorrer trocas gasosas, e portanto, há trabalho ventilatorio que é gasto, para ventilar um espaço morto capilar, que não é útil para trocas gasosas. Em qualquer uma destas situações, o que acontece é que estas alterações, a consequência é que vai haver uma diminuição na pressão do oxigénio no sangue periférico e um aumento na pressão do dióxido de carbono, e há quimiosensores no sistema arterial distribuídos pelo corpo todo que denotam essas alterações e que estimulam os centros respiratórios, para aumentar a frequência respiratória para promover uma mais eficaz troca gasosa. Dai resulta, habitualmente conseguimos com o dióxido de carbono efectivamente elimina-lo bem, aumentando a frequência respiratória, mas para o oxigénio isso já não é assim tão linear. Como apesar de tudo em circunstancias nós temos algum volume de reserva respiratório, podemos aumentar um bocadinho a oxigenação do sangue aumentando a nossa frequência e amplitude dos movimentos respiratórios, mas só ate determinado ponto. Na partica, se esse limite de compensação for ultrapassado qualquer uma destas situações se irá traduzir por hipoxémia. Está bem? Ou seja, alterações parenquimatosas quer dos alvéolos, quer dos vasos, e se calhar vocês conseguem pensar numa situação para cada uma destas coisas, imaginem porque é que um alvéolo poderia não estar ventilado? Alguem: “…”. Professora: “Por exemplo, porque?”. Alguém: “…”. Professora: “Ou grandes… Por exemplo, uma criança que mete um berlinde pelo nariz dentro. E este, vai pela arvore e pela traqueia, pelo brônquio direito habitualmente, e impacta num brônquio de médio calibre. O que acontece é que rapidamente o ar que está para além desse brônquio obstruído vai ser absorvido e os brônquios colapsam! Por exemplo, pode ser isso! Mas pode não ser um corpo estranho, pode ser por exemplo um tumor a crescer dentro do brônquio, ou pode ser uma patologia não da via aérea mas mesmodo alvéolo porque por exemplo, uma pneumonia, tal como um processo inflamatório noutro sitio qualquer, desencadeia um (…) inflamatório. E se esse (…) inflamatório, aquela mistura de bactérias, de proteínas, de neutrófilos, todo aquele caos da resposta inflamatória ocupar precisamente o alvéolo, está a ocupar a zona onde deveria existir ar, que não existe não é? Portanto uma pneumonia pode funcionar como um mecanismo deste tipo, criar um efeito de shunt.” Professora: “E um exemplo deste tipo? Um exemplo de espaço morto alveolar? Isto têm a obrigação de me dizer! Já pensaram nisto noutras aulas.” Alguém: “(…)” Professora: “hm..? Sim sim sim sim! Quem é que disse? Pode ser um trombo! Por exemplo, um trombo embolismo pulmonar causa precisamente isto, não é? Há um bloqueio na circulação, o que significa que todos os capilares dependentes desse ramo que foi ocluido, não vão ter sangue. E portanto todas as unidades desse ramo, não vão ser profundidas e, portanto, há uma grande quantidade de espaço morto alveolar que não é útil para as trocas gasosas. Ok?”. Claro que na prática, para já é assim… dificilmente nós temos as situações limite, o que nós temos é desequilíbrios que tendem num sentido ou noutro, ou seja, desequilíbrios em que há uma hipoventilação, ou desiquilibrios em que temos uma hipoperfusão, mas as situações limite não são propriamente habituais. E de qualquer das maneiras podem ate coexistir diferentes processos patológicos que podem causar uma ou duas coisas. A consequência final é habitualmente a mesma, que é a hipoxémia. Esta bem? A hiper(…, ou seja,a retenção de dióxido de carbono, geralmente so acontece, e este processo é muito extenso, se intersecta(?) tantas unidades alvéolo capilares que ate as trocas do dióxido de carbono são comprometidas, ou se não há capacidade de fazer a tal resposta compensadores por exemplo, por fadiga muscular. Por exemplo, um doente entra com uma pneumonia, tem uma situação deste tipo constante(?) numa porção significativa do seu pulmão, o que ele faz é respirar mais depressa e mais fundo (está com falta de ar) para tentar compensar as trocas gasosas, mas ao fim de algum tempo esse esforço físico esgota-se e a pessoa deixa de ser capaz de manter esse esforço físico e deixa de ser capaz d manter essa ventilação tão elevada e começaa falhar a própria bomba ventilatoria. Já estamos a falar de uma falência diferente. Não é falência parenquimatosa, não é falência das trocas gasosas é uma falência da própria bomba ventilatoria. Ok? Quando as alterações da relação ventiçação/perfusão são mais subtis nos podemos não notar, não conseguir medir, quando medimos os gases, a pressão parcial dos gases no sangue periférico, nos podemos não notar alterações absolutas muito grandes, mas se nos medirmos o gradiente alvéolo arterial, ou seja, a diferença entre a pressão de oxigénio no alvéolo, que é aquela do ar inspirado (pode ser o ar ambiente, ou qualquer outra mistura de gases que nos administremos ao doente), e a pressão de oxigénio que nos determinamos, porque podemos medir, no sangue arterial do doente. Nos sabemos que existe sempre uma diferença muito pequenina, por causa do shunt que existe fisiologicamente, por causa das veias brônquicas, mas se esta diferença estiver alargada isso implica que há um processo qualquer que esta a alterar a difusibilidade dos gases. Ok? Um dos mecanismos de adaptação que o organismo já tem programado para responder a isto é este mecanismo da vasoconstrição pulmonar hipoxica, ou seja, o nosso organismo é capaz d detectar alvéolos que são hipoventilados, e detectar essa hipoxia alveolar e fazer a compensação adequada. Para que as trocas sejam adequadas, o que interessa é que em cada unidade haja um equilíbrio da relação ventilação e perfusão, esta bem? Alvéolo – vaso… Vocês conseguem ver? Mais ou menos? Alvéolo e vaso, o que interessa é o equilíbrio, se isto diminuir, a resposta adequada aqui diminuir também e portanto a relação entre os dois fica constante. Ou seja, não há desperdício de sangue que passa por um alvéolo que está pouco ventilado. E se este capilar levar menos sangue significa que os outros capilares que passam por alvéolos não adequadamente ventilados levam mais sangue e as trocas são optimizadas em cada unidade funcional, certo? Portanto a resposta é esta: quando diminui a pressão de oxigénio dentro deste alvéolo, este capilar ou arteriola pré-capilar, sofre uma vasoconstrição para diminuir a quantidade de sangue que passa aqui que é a tal vaso-constrição pulmonar hipóxica, tende a equilibrar a relação ventilação profusão. Isto é, funciona muito bem desde que não seja generalizada a uma parte muito importante do pulmão. Se isto ocorrer com uma percentagem que acho que é da ordem dos 30-40% do parênquima pulmonar, qual é que é a consequênica? Imaginem a vaso-constrição duma área de secção enorme duma quantidade de arteríolas… exactamente, a pressão na artéria pulmonar sofre, e essa hipertensão pulmonar depois vai ter consequências para trás. Reflecte-se onde, a hipertensão na artéria pulmonar? No ventrículo direito. E a consequência duma hipertensão pulmonar crónica é um aumento duma sobrecarga de pressão crónica sobre o ventrículo direito, que ao fim de algum tempo deixa de conseguir responder a esse aumento de pressão e entra em falência. Pode dar uma insuficiência do coração direito. Tem um nome, [????pulmonal]. Na prática é isto, isto é uma das consequências de insuficiências do aparelho respiratório crónicas, como habitualmente este mecanismo demora tempo a desenvolver-se, pessoas que tenham insuficiências respiratórias crónicas,por causa deste meanismo, eventualmente podem haver outros, nomeadamente destruição dos próprios capilares, ou obstrução por trombos, mas predominantemente por causa deste mecanismo da vaso-constrição hipóxica desenvolvem hipertensõe s pulmonares que se reflectem sobre o coração direito e acabam por desenvolver insuficiências cardíacas do coração direito, ou seja, [?? Pulmonal].Tá bem? Então, em termos de classificação nós podemos falar de insuficiências respiratórias parciais em que apenas há hipoxémia e nós referimos hipoxémia para valores de pressão de oxigénio no sangue arterial inferiores a60mmHg ou insuficiências respiratórias globais em que para além da hipoxémia temos retenção do dióxido de carbono, ou hipercapnia(??), ou seja, pressões de dióxido de carbono superiores a 50 mmHg. Na prática era aquilo que eu vos dizia, como doenças do parênquima que estejam relativamente localizadas nós podemos compensar ventilando mais e conseguimos dessa maneira eliminar o dióxido de carbono, geralmente esse tipo de doenças dão insuficiências respiratórias do tipo I, quando temos insuficiências respiratórias do tipo II, ou globais, quando também temos retenção de dióxido de carbono, é porque há falência da bomba ventilatória. Há sempre falência de bomba quando a insuficiência é global.Tá bem? Ok.Então vamos falar de algumas causas, alguns exemplos típicos de patologias respiratórias. Então, já falámos um bocadinho disto. Pneumonias. O processo inflamatório no pulmão é exactamente como um processo inflamatório noutro sítio qualquer. Há uma resposta inflamatória do organismo para eliminar o agente agressor, forma-se um esxudado(??) inflamatório, só que com a pequenina nuance que um esxudado inflamatório dentro dum alvéolo impede as trocas alveolares. Tem outra consequência, o facto de o pulmão estar preenchido por este esxudado inflamatório, por líquido na prática e não por ar, significa que a compliance do pulmão diminui, e portanto o trabalho ventilatório para conseguir ventilar mesmo [as áreas que não são poupadas(?????) isso aumenta muito, ok? A imagem de raios-X traduz precisamente os espaços alveolares preenchidos por líquido e que por isso aparecem menos transparentes no raio-X, aparecem brancas, zonas de condensação, ou seja, zonas em que há líquido em vez de haver ar. Naquela imagem é um corte histológico em que o alvéolo está preenchido por esxudado [não percebo nda desta merda], aqueles pontinhos são neutrófilos e restos necróticos. Disto falaram há bocadinho, sim? Então…mais uma vez isto é um raciocínio hidraúlico, não é? Um raciocínio mecânico…Se há uma falência do coração esquerdo, há congestão e há congestão a montante e o que fica a montante do coração esquerdo é a circulação pulmonar. Há congestão venosa pulmonar e há saída de líquido por aumento da pressão hidroestática para os espaços alveolares. Na prática num raio-X vemos exactamente a mesma coisa, zonas de hipotransparência são as zonas em que há edema alveolar, os alvéolos estão inundados por líquido, tá bem? Aqui a distribuição obedece à gravidade, não é? Nas zonas mais basais do pulmão são as zonas que estão mais inundadas porque as zonas onde passam na gravidade a pressão hidroestática é maior. Nesta imagem também vêm o coração alargado. Lá está, é um coração insuficiente que nesta fase já está muito dilatado e que causa este edema que é um edema que ocupa quase a superfície pulmonar toda. Mas isto tem graus, por exemplo, os doentes mais bem compensados com uma insuficiência cardíaca relativamente pouco simpática(?) podem ter edema só na parte de baixo, nas bases. E por exemplo quando nós ouvimos esses doentes conseguimos ouvir um ruído característico que são fervores de (???) 24.23 estase/espase (?) que é precisamente o liquido a borbulhar, mais ou menos, que isto é uma imagem, dentro dos alvéolos e conseguimos ver só no () da base e à medida que a gravidade da doença aumenta vão progredindo para cima. Este doente estaria sempre com dificuldade respiratória em qualquer posição mas um doente que tivesse inundação das bases só estaria confortável sentado. Se se deitasse a distribuição do edema ocupava muito mais a área do pulmão e por isso a pessoa teria mais dificuldade em respirar. E isso é um dos sinais de insuficiência cardíaca. Falaram disto há bocado, a ortopneia. Mas podem haver muitas outras causas de edema alveolar que não cardiogénico. Cardiogénico já falámos, depois podem haver outras causas para que haja saída de líquido dos capilares para dentro dos alvéolos. Pode acontecer por exemplo porque há perda de pressão oncótica que tende a manter o líquido dentro dos vasos. Isto acontece comumente quando há perda de proteínas do plasma, isto pode ser por exemplo por uma insuficiência hepática, há menos produção d albumina pelo fígado, ou por doenças renais em que ou há perda de proteínas ou há retenção de líquido e duma maneira ou de outra o que acontece é que há um desiquilíbrio e a pressão oncótica é insuficiente para manter a água dentro dos vasos, ou pode haver por exemplo lesões que não atingem o pulmão, ou melhor, pode haver um conjunto de agentes de lesão que atingem o pulmão quer por via inalatória quer por via da circulação sanguínea, e quer dum lado ou do outro da barreira alvéolocapilar, lesar essa barreira e impedir essa função de barreira, portanto o líquido que consegue sair do capilar para dentro do alvéolo. Todas essas causas por contraposição com as causas cardíacas nós chamamos edema pulmonar não cardiogénico. Precisamente porque nós tratamos de maneira muito diferente, enquanto num edema agudo do pulmão de causa cardiogénica o que nós vamos tratar é o coração, nas outras causas nós vamos tratar o pulmão, em princípio o coração está bem. Já conhecem esta sigla? A.R.D.S., significa síndrome de dificuldade respiratória aguda. Antigamente, e se calhar também vão encontrar nalguns livros, vão encontrar esta sigla como síndrome de dificuldade respiratória do adulto, porque é um síndrome muito parecido com o que os bébés prematuros apresentam. E portanto por contraponto com o síndrome de dificuldade respiratória num recém-nascido chamávamos síndrome de dificuldade respiratória do adulto. Mas como nos agora percebemos melhor a fisiopatologia de um e de outro, já não chamamos do adulto, chamamos só agudo. Na prática o que é que acontece? Por diferentes causas, qualquer uma das diferentes causas de edema não cardiogénico, nós podemos ter basicamente isto, os alvéolos inundados, tá bem? No fundo são todas as possíveis causas de edema, só que num grau extremo em que os pulmões estão quase totalemente preenchidos por líquido dentro dos alvéolos, o que significa que há uma insuficiência respiratória grave como uma hipoxémia muito grave e refractária, e que mesmo fazendo ventilação mecânica a estes doentes nós temos muita dificuldade em conseguir assegurar as trocas ventilatórias. Precisamente porque os pulmões estão completamente cheios de líquido, os pulmões são muito rígidos e muito difíceis de ventilar. Um das coisas que é determinante não é só mas é uma das coisas que contribui para esta situação, é precisamente a destruição do surfactante. Recordam-se? As funções do surfactante eram, entre outras, diminuir a tensão superficial dentro dos alvéolos, e portanto facilitar a expansibilidade dos alvéolos, diminuir o trabalho que era necessário fazer para expandir os alvéolos e impedir que os alvéolos ficassem inundados por liquido. Por isso qualquer mecanismo de lesão que destrua o surfactante contribui para uma progressão para uma coisa deste tipo em que os alvéolos estão totalemente inundados. O que acontece nos recém nascidos muito prematuros é que ainda não têm maturidade pulmonar suficiente e portanto não produzem a quantidade de surfactante suficiente. E então têm uma coisa deste tipo, porque não têm surfactante para assegurar que os pulmões fiquem secos. ~ No tromboembolismo pulmonar também já falámos, aqui também conseguem perceber o que é que falha. Habitualmente o trombo vem doutra zona qualquer da circulação, habitualmente não se forma ali in situ, é um trombo que é formado habitualmente numa veia distal, tipicamente do membro inferior ou da bacia, que se solta, se desprende, e vai alojar-se,vai passar a veia cava, vai passar o coração direito e depois aloja-se num sítio que tenha um calibre menor do que o trombo, que é algures na árvore arterial pulmonar. E as consequências dependem do tamanho do trombo e da percentagem da árvore arterial pulmonar que fica ocluida. Se um trombo ocluir a artéria pulmonar, o resultado é a morte por falência pulmonar? (vozes) É morte definitivamente. Mas é assim, para além de que o sangue não consegue ser oxigenado, o sangue não circula de todo, todo o sangue tem que passar sempre pela artéria pulmonar, prossegue do nosso coração da artéria pulmonar (*pop*), instantâneo. Isso é relativamente raro. Mas se tiveres um êmbolo alojado numa artéria não na pulmonar mas numa das de grande calibre, ou muitas de pequeno calibre, o que acontece é, para além das consequências respiratórias, ou seja, para além de não haver sangue suficiente a ventilar os alvéolos e portanto terem aquele fenómeno de ventilação de espaço morto, recordam-se? Cuja consequência era… (vozes) Professora: hum, hum, hum. Então, não chega sangue, portanto temos um mecanismo de ventilação de espaço morto, não era? As trocas não se dão eficientemente, mas há um dos gases que é mais afectado que o outro. É o oxigénio, os doentes apresentam-se com hipoxémia, tá bem? Nas situações intermédias entra um trombo muito periférico em que apenas afecta as trocas gasosas mas o débito cardíaco está relativamente conservado porque apesar de tudo há sangue suficiente a circular através do pulmão para chegar ao coração esquerdo, isso é o único sinal, a única manifestação é a hipoxémia, mas nos casos intermédios o que pode acontecer é que haja uma obstrução suficientemente significativa ao sangue que circula pela artéria pulmonar para haver também uma insuficiência cardíaca por obstrução. Porque não há sangue suficiente a chegar ao ventrículo esquerdo e portanto o débito cardíaco também baixa, porque não há retorno ao ventrículo esquerdo. Agora já não estamos a falar do parênquima, vamos falar das vias aéreas. Doenças das vias aéreas. A asma é uma doença inflamatória das vias aéreas, que resulta dum mecanismo de hipersensibilidade a alguns alergenos, ou seja a substâncias estranhas que quando são inaladas desencadeiam uma resposta inflamatória por parte do hospedeiro e esta resposta é habitualmente desadequada porque, por definição, essas substâncias não são nocivas por si, simplesmente o organismo monta uma resposta que é totalmente desadequada e por isso nós dizemos que é uma resposta de hipersensibilidade. E as consequências da resposta inflamatória vão ser, imaginem que aquelas partículas que são inaladas seriam mesmo nocivas, que é assim que o organismo hipersensível as vê, a cena nociva da defesa adequada é impedir que elas cheguem mais longe, e portanto a nível das vias aéreas de médio e pequeno calibre, o que acontece é, para já uma constrição do musculo liso que envolve essas vias aéreas, para impedir que o ar que leva estas partículas chegue mais longe, depois um aumento da secreção da mucosa brônquica que retém essas partículas e que depois as expele com a tosse. Na prática o que é que acontece? Quer pela bronco constrição, quer pelo edema e pelas secreções, o calibre desses brônquios diminui significativamente, e isto não está a acontecer apenas num bronquíolo, está a acontecer em toda a árvore respiratória ao mesmo tempo. E o que é que isto significa? O que é que acontece à resistência das vias aéreas? Aumenta muito, muito. O que significa que o trabalho ventilatório é imenso. E depois uma coisa que tem a ver com as propriedades elásticas do próprio pulmão, enquanto que a inspiração é um processo activo em que os músculos ventilatórios contraem para expandir a caixa toráxica e as forças elásticas expandem o pulmão, e portanto na prática o que acontece é que isto tende a abrir um bocadinho as vias aéreas, na inspiração, a expiração é um fenómeno que é totalmente passivo, depende da elasticidade na mesma, do recoil(?) elástico do pulmão para haver a exalação, para haver a expiração. Se houver uma obstrução deste tipo quando se perde o suporte elástico, ou seja, na expiraçao perde-se o suporte elástico e as vias aéreas colapsam e portanto o ar fica preso. Esta bem? E isto, imaginem vários ciclos em que isto acontece, os pulmões ficam hiperinsuflados com o ar ficar sempre preso distalmente a esta obstrução. E o que é q acontece? Recordam-se do primeiro gráfico da compliance pulmonar? Quanto mais próximo da capacidade vital, maior era a resistência, portanto, menor era a compliance e portanto maior era o trabalho que era preciso desenvolver para conseguir insuflar mais o pulmão, ou seja, já era preciso vencer a resistência das vias aéreas para ventilar, depois era preciso tabalhar a partir de uma fase m que o pulmão está tão insuflado, em que o próprio trabalho ventilatorio aumenta so por essa razão. Na practica é preciso desenvolver imenso trabalho ventilatorio para conseguir ventilar. E o que acontece é que quando estes doentes entram em fadiga (e entram rapidamente em fadiga porque este trabalho não se consegue manter durante muito tempo) entram em falência de bomba e entram em insuficiência respiratória elevada, e se não forem apanhados a tempo ou não se derem medidas para inverter esta resposta inflamatória, por exemplo com fármacos que inibem a resposta inflamatória, tipo o dos corticoides, ou com fármacos que actuam sobre o próprio musculo liso e permitem a broncodilataçao e muitas vezes é preciso para alem disso entubar os doentes e fazer uma ventilação mecânica para eles sobreviverem. DPOC. DPOC significa doença pulmonar obstrutiva crónica, mais uma vez é uma doença das vias aéreas sobretudo, mais uma vez a obstrução é o que domina. Em mais de 90% dos casos a DPOC é causada pelo fumo do tabaco e tem duas grandes consequências: as consequências nas vias aéreas e as consequências nos alvéolos. Nalguns doentes predomina uma, noutros doentes predomina outra mas na pratica quase todos os doentes têm um bocadinho de cada coisa. A bronquite crónica que se calhar é um nome que já vos diz alguma coisa, no fundo é consequência nas vias aéreas de ter um irritante crónico em que a mucosa se tenta defender produzindo mais muco, então há uma hipertrofia da mucosa, há uma hipertrofia das glândulas mucosas que produz mais muco para tentar eliminar esse agente agressor, só que ainda por cima como o fumo do tabaco é para o próprio epitelio ciliar e para os próprios cílios do epitelio que promovem a libertação do muco, o muco tende a ficar retido, e portanto têm obstrução quer por edema, por estas alterações, por este espessamento da mucosa, quer porque o próprio muco tende a ficar retido la dentro. E Nos definimos a bronquite crónica clinicamente, ou seja, um doente é um bronquite crónico se tem uma tosse produtiva?, portanto com expectoração, durante mais de três meses durante dois anos seguidos. É um diagnostico clínico. A outra fase da DPOC é o efisema. Quer porque as partículas do tabaco são directamente lesivas para os pneumocitos, quer porque a activação dos neutrófilos, os macrofagos alveolares liberta substancias (vocês recordam-se quando falaram na inflamação) dentro do armamentario(?) das nossas células imunitárias existem susbtancias que são lesivas para as próprias células do organismo e o que mantém isto em balanço são as nossas defesas, nomeadamente defesas antioxidantes e defesas antiproteoliticas recordam-se? Só que o problema, é que o tabaco não so activa os neutrófilos e promove a drenadulaçao(?) do seu arsenal lesivo, como ao mesmo tempo inactiva as nossas defesas antioxidantes e antiproteoliticas e portanto há um desiquilibrio entre a agressão proteolitica e as defesas antiproteoliticas, então o que acontece é que há uma digestão das proteínas nos alvéolos, nomeadamente da elastina que constitui a parede dos alvéolos, e a consequência é essa, os ceptos alveolares são destruídos. Vocês deviam olhar para aqui e ver vários favozinhos, tipo uma colmeia, vários favozinhos pequeninos, num corte do pulmão o que veriam, os diferentes alvéolos seriam isto mas uma rede muito mais fina. O que acontece é que estes espaços foram todos alargados porque estes ceptozinhos alveolares foram todos destruídos. Isto na pratica significa que a superfície para haver trocas gasosas diminui muito. E portanto há insuficiência respiratória porque não há zona para se dar as trocas. Por outro lado, recordam-se do mecanismo que vos falei há bocado, na expiração, é a elasticidade deste parenquima ligados as vias aéreas que mantem as vias aéreas abertas durante a expiração e portanto, quando deixa de haver este suporte porque (riso irónico) as fibras foram cortadas, o que acontece é que as vias aéreas tendem a colapsar também na expiração e portanto os doentes com enfisema também têm hiperinsuflaçao, também têm ar a mais dentro do tórax. Depois menos frequentemente, também podemos ter falências respiratórias causadas não por problemas no parenquima propriamente dito, mas problemas por exemplo dos controladores, dos reguladores, por exemplo podemos ter doenças dos músculos respiratórios, por exemplo a miaestenia gravis que é uma miopatia dá uma fraqueza dos músculos respiratórios e pode haver uma insuficiência respiratória por falência dos músculos. Ou por exemplo, nos temos dois centros reguladores da respiração, um voluntário e um involuntário. Habitualmente o involuntário comanda, vocês não têm uma noção consciente da vossa respiração, mas vocês conseguem controlar conscientemente a vossa respiração, se vocês agora quiserem respirar fundo, vocês conseguem fazer isso, não é? Por exemplo, uma overdose de opioides, por exemplo de heroína, inibe o centro automático, e numa overdose de heroína os doentes podem morrer por isso, porque param de respirar. Mas se nos chegarmos ao pe dos doentes e lhes dissermos para respirar, se lhes lembrarmos que eles têm de respirar, se lhes dissermos “agora inspire fundo!!!!!!” (barulho da professora a inspirar), eles inspiram, porque eles ainda têm o controlo voluntário. E depois também pode haver doenças da própria parede e da caixa traxica, pode haver doenças da pleura, por exemplo ar dentro da pleura. Como é que pode la chegar o ar? A cavidade pleurar é um espaço virtual, funciona precisamente para transmitir a pressão negativa gerada pela caixa toraxica ao parenquima pulmonar, não é? ~ Alguém: “furar!” Professora: “Furar? Como?” Professora: “Por exemplo por fora, por uma ferida penetrante do tórax, exactamente, e o ar vem de fora, mas também pode ser por dentro, por exemplo…” Alguém: (…) Professora: “Tipicamente isso acontece nos doentes com enfisema, porque eles têm bolhas, zonas onde o parenquima esta destruído onde a pressão é relativamente alta, e pode rebentar, pode o ar vir dos próprios brônquios. Ok?” De uma maneira ou de outra, o que acontece se houver ar dentro da cavidade pleural, a transmissão das pressões não é igual e a expansão pulmonar esta comprometida e portanto dessa maneira a mecânica ventilatoria esta comprometida. Falamos de ar mas podemos falar de outra coisa, de sangue, de liquido ou de tumores que ocupem aquele espaço. Muito resumidamente, em termos de consequências de falência respiratória, as manifestações dividem-se em dois tipos: uma são as consequências da hipoxemia e da hipercatnia(?) e outra os mecanismos de compensação ou os sinais dos mecanismos de compensação. Na pratica todos os mecanismos de compensação tentam compensar a baixa de oxigénio no sangue aumentando a entrega por unidade de tempo. Aumentar a frequência respiratória e a amplitude dos movimentos respiratórios, tenta recrutar mais unidades funcionais para optimizar as trocas, aumentar o debito cardíaco significa que, mesmo que cada unidade esteja menos oxigenada, chega mais sangue a casa célula e portanto isso é uma das maneiras de compensar. A hipertensão pulmonar justifica-se por aquele mecanismo que vos expliquei há bocado, e a poliglobulia? (??) O que é que é a poliglobulia? Ou eritrocitose? É um aumento de glóbulos vermelhos no sangue. Se a unidade transportadores do oxigénio, a hemoglobina, que esta contida dentro dos glóbulos vermelhos, se nos tivermos mais glóbulos vermelhos, em condições de hipoxemia relativa nos conseguimos tranportar mais oxigénio certo? É por isso que os atletas vão fazer treinos em altitude, também já falámos disto ou não? Se calhar não foi aqui. Foi? A ideia é mesmo essa, os insuficientes respiratórios crónicos não estão em ambientes de baixo oxigénio como num treino de altitude mas cronicamente têm uma hipoxemia porque tem uma insuficiência respiratória crónica. E a compensação também passa por isso, ter mais glóbulos vermelhos para ter mais oxigénio para entregar as células. Depois as manifestações de hipoxemia são as manifestações de sofrimento hipoxico dos diferentes orgaos e obviamente os orgaos que sofrem mais são aqueles que são metabolicamente mais activos. Nomeadamente o sistema nervoso central, ok? As manifestações da hipercatnia, da retenção de dióxido de carbono são também muito parecidas, simplesmente o dióxido de carbono tem so algumas alterações um bocadinho particulares, ou seja, causa vasodilatação intracraniana e por isso manifesta-se por cefaleias, e se, numa fase inicial , ou seja, para níveis moderados de hipercatnia dá irritabilidade, para níveis elevados dá uma sedação, uma inibição progressiva do sistema nervoso central ate ao coma hipercatnico. Na sequencia do que falaram na primeira parte da aula, vamos falar de choque. A definição está ali. O choque é.. é isto, pronto, por definição é isto, é a incapacidade do sistema cardiocirculatorio de assegurar uma entrega adequada de sangue aos tecidos que precisam desse sangue para o seu metabolismo. Visces conseguem imaginar porque é que isto pode acontecer? Alguém diz qualquer coisa relacionada com choque térmico. Choque é igual a falência circulatória. Alguém volta a dizer qualquer coisa. ~ Professora: “Até poderia mas é um bocadinho rebuscado.” (…) Conversa imperceptível (…) O choque anafilático, o que é que acontece no choque anafilático? É uma reacção alérgica sistémica, exagerada. Mas sabem quem é a consequência? Porque é que, essa reacção inflamatória exagerada resulta em falência circulatória, ou seja, a incapacidade do sistema circulatório fazer com que o sangue chegue aos tecidos? O que acontece é uma vasodilatação, porque os mediadores inflamatórios… Pensem em termos locais, quando há um processo inflamatório localmente o que interessa é conseguir fazer chegar à zona da inflamação sangue sufienciente, sangue que leve neutrófilos, que leve anticorpos, que leve as proteínas do plasma que são da coagulação e todo o armamentario para combater a infecção que circula habitualmente no sangue. E portanto a maior parte dos mediadores circulatorios que actuam sobre o sistema circulatório, actuam para produzir vasodilatação e aumento da permeabilidade. Precisamente para que o sangue chegue la e que estes mediadores solúveis do sangue possam sair de la, para o interstício, para montar a resposta inflamatória no local. Isso faz tudo sentido em termos locais, agora imaginem que isto escapa do controlo e acontece de maneira sistémica, ou seja, em todos os vasos do organismo, o que é que acontece? Uma vasodilatação brutal, o que é que acontece às resistências, à resistencia? A resistência diminui abruptamente. E o que é que à pressão arterial? A pressão arterial baixa abruptamente. Portanto, a perfusão depende da pressão arterial. Se há uma vasodilatação que é perfeitamente desadequada, ou seja, vocês podem ate ter muito sangue a chegar a sítios onde não é absolutamente necessário e depois têm tecidos que é preciso e não chega la sangue nenhum. Portanto têm sofrimentos esquemicos dos outros orgaos. Ok? No caso de choque anafilatico ainda há mais umas quantas nuances, por exemplo o aumento da permeabilidade o que é que acontece se há aumento da permeabilidade? Há saída de liquido. Então o que é que acontece ao volume circulante? À volémia circulante? Diminui. E para que é que isso contribui também ainda? Se há menos volume circulante também há uma diminuição da pressão arterial, também há menos sangue para fazer chegar aos outros tecidos. Isto é uma das formas de choque. A essas formas de choque, nos chamamos choque distributivo. O nome é ilustrativa. Há uma forma muito mais comum de choque distributivo, que não é por uma reacção anafilatica, mas é também por uma reacção inflamatória sistémica fora do controlo que é o choque ceptico. Em que o iniciador é uma infecção, em que a resposta inflamatória é adequada à inflamação inicialmente, mas que depois escapa de controlo quer porque a infecção é mt grave, quer porque há uma susceptibilidade maior do hospedeiro, há uma progressão dessa infecção que deixa de ser um processo localizado, passa a ser um processo sistémico, e que a dada altura entra numa espiral que nos já não conseguimos agarrar. E o que acontece é uma coisa desse tipo, precisamente porque esses mediadores inflamatórios que estão em circulação entre outras coisas, comprometem a capacidade do sistema circulatório de manter uma perfusão e uma pressão adequadas nos tecidos que precisam.