Sistema Nervoso O sistema nervoso dirige e coordena nossos movimentos. Recebe estímulos do ambiente que nos rodeia e de todos os nossos órgãos internos. Interpreta esses estímulos e elabora respostas, que são transmitidas a músculos ou glândulas. A Evolução do Sistema Nervoso Nos animais multicelulares mais inferiores, como poríferos ou espongiários, não existe nenhum rudimento de nervoso. Começamos a ver neurônios, células que conduzem estímulos nervosos, em celenterados. Nos pólipos dos cnidários essas células aparecem espalhadas pelo corpo, formando uma rede sem muita organização. Não há nesses animais um centro nervoso que comande essa rede. Cada estímulo externo que atua sobre um ponto do corpo é acompanhado de uma resposta meramente local, determinando um impulso nervoso que se propaga com intensidade decrescente à proporção que se afasta do ponto inicial do estímulo. Os cnidários possuem sistema nervoso difuso. Nos vermes platelmintos (como as planárias, por exemplo), os neurônios se associam formando filetes nervosos ligados a algumas estruturas - os gânglios nervosos, situados na cabeça. Esses gânglios já representam centros nervosos precários na coordenação das atividades do corpo. Em cada gânglio há uma concentração maior de neurônios. O sistema nervoso ganglionar começa a se aperfeiçoar nos anelídeos. Neles, há um conglomerado maior de neurônios na cabeça, formando os gânglios cerebróides, que desempenham um papel de cérebro primitivo, no comando dos demais gânglios. A partir dos gânglios cerebróides, surgem os gânglios periesofágicos, que se relacionam com uma dupla cadeia nervosa ganglionar ventral. Ao longo dessa cadeia, há um par de gânglios para cada segmento corporal. Esses gânglios têm ainda acentuada autonomia sobre as atividades específicas da área do corpo que os rodeia. Nos anelídeos, não obstante a presença dos gânglios cerebróides, os pares de gânglios ao longo da cadeia nervosa ventral possuem bastante autonomia e, por isso, uma minhoca, mesmo depois de cortada ao meio, continua a mover os dois pedaços separados. Os gânglios cerebróides mostram-se mais desenvolvidos ainda nos artrópodos, principalmente nos insetos. Observe bem um detalhe: o sistema nervoso ganglionar, que caracteriza os invertebrados, apresenta a sua dupla cadeia de gânglios disposta ventralmente no animal, isto é, correndo ao longo da face ventral do corpo. Este sistema faz grande contraste com o sistema nervoso cérebro-espinhal, próprio dos vertebrados, e que veremos a seguir. O sistema nervoso cérebro-espinhal situa-se em posição dorsal, descendo da cabeça, ao longo do dorso do animal. O sistema nervoso cérebro-espinhal Nos vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos), o sistema nervoso é bem desenvolvido e se classifica como sistema nervoso cérebro-espinhal. É constituído por uma “sede” - O SNC (sistema nervoso central) - e uma rede de nervos que dela partem e se distribuem por todo o organismo - o sistema nervoso periférico. O sistema nervoso central O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula raquiana. O encéfalo, por sua vez, compreende as seguintes porções: cérebro, cerebelo, protuberância (ponte ou menencéfalo) e bulbo. Nos vertebrados inferiores, de peixes até aves, os hemisférios cerebrais têm superfície lisa. Por isso, tais animais são considerados lissencéfalos (encéfalo liso). Já nos mamíferos, surgem os sulcos e as circunvoluções, dando ao cérebro uma superfície cheia de ondulações. Por essa razão, os mamíferos são denominados girencéfalos (encéfalo com giros ou curvas). Essa transformação trouxe uma grande vantagem para os mamíferos: com o mesmo volume, um cérebro com circunvoluções tem sua superfície consideravelmente maior do que se estivesse com hemisférios lisos. Como é na superfície do cérebro (córtex cerebral, com massa cinzenta) que ficam os corpos dos neurônios, quanto mais sulcos e circunvoluções tiver o cérebro, mais extenso será o seu córtex, com maior número de neurônios e, portanto, mais eficiente e aperfeiçoado. A massa cinzenta localiza-se na superfície do encéfalo, e é onde se acumulam os corpos dos neurônios. É neles que são armazenadas as informações, que são percebidos os sentidos, que são “processados” os dados obtidos a partir de estímulos exteriores. Também dos neurônios partem as ordens para as contrações musculares ou para as secreções glandulares etc. Essa área superficial é o córtex cerebral. Ele tem a maior importância no grau de desenvolvimento de uma espécie. O córtex cerebral é todo dividido em zonas, como um mapa. Cada área (umas pequenas, outras grandes) representa um centro nervoso. Em todo o encéfalo, são numerosos os centros nervosos, como os centros da visão, da audição, do olfato, do paladar, da dor, da fome, da tosse, da cócega, da raiva, da coordenação motora (esse é muito amplo e se subdivide em áreas correspondentes aos diversos pontos do corpo), da associação visual para a leitura, além dos centros de regulação respiratória, cardíaca, o centro termorregulador etc. O córtex é, como se vê, a “sede” do controle dos atos conscientes e inconscientes e também da inteligência. O cérebro de um crocodilo é, evidentemente, maior que um cérebro de um camundongo. Todavia, o crocodilo, como réptil, é lissencéfalo, enquanto o camundongo, como mamífero, é girencéfalo. Por isso, a extensào do córtex cerebral do camundongo é maior que a do crocodilo, justificando maior inteligência no roedor. É por essa razão que, nos circos, as apresentações com animais exibem predominantemente mamíferos. Na região mais profunda do encéfalo se situa a massa branca. Nela, praticamente não se encontram corpos de neurônios, mas apenas as suas ramificações (dentritos e axônios). O cerebelo, a ponte e o bulbo também são muito importantes porque encerram centros nervosos que regulam várias funções de relevante papel. Os controles da respiração e da temperatura ficam no bulbo. O controle do equilíbrio corporal fica no cerebelo. Afora o encéfalo, o restante do SNC é constituído pela medula raquiana (ou raquidiana). Ela é um comprido cordão de estrutura nervosa que corre ao longo do dorso, no interior do canal vertebral. Fica, portanto, protegida em toda a sua extensão pela coluna vertebral. Nela, a massa cinzenta (ao contrário do cérebro) fica no centro e a massa branca, na periferia. O encéfalo e a medula ficam totalmente protegidos por estruturas ósseas (o crânio e a coluna vertebral) e por três membranas ou meninges, que são, de fora para dentro: 1a) dura-máter - a mais externa, grossa e fibrosa; 2a) aracnóide - tem uma vascuralização que lembra uma teia de aranha; 3a) pia-máter - a mais interna, delgada e aderente ao SNC. Abaixo da aracnóide, localiza-se o líquor ou líquido cefalorraquiano, que tem função protetora, envolvendo todo o SNC. A medula raquiana não ocupa totalmente o canal vertebral. Ela termina mais ou menos ao nível da 1a ou da 2a vértebra lombar. A raquianestia, que preocupa tanta gente, não oferece perigo de traumatizar a medula porque é feita com uma agulha que penetra no canal medular abaixo da 2a vértebra lombar. Abaixo desse nível, só se encontra um cordão fibroso muito fino - o filum terminale - que prende a extremidade inferior da medula ao cóccix. Assim, a medula deve mostrar-se sempre esticada. No seu percurso, a medula raquiana emite os nervos raquianos, sempre aos pares. E você pode notar que esses nervos estão intimamente relacionados com a massa cinzenta. Muitos atos reflexos são controlados diretamente pela medula raquiana, sem a interferência do cérebro. Mas, na maioria dos casos, os estímulos nervosos que chegam a esse órgão são, em seguida, transmitidos ao encéfalo, alcançando primeiramente o diencéfalo (região que abrange o hipotálamo) e dali se irradiando para as mais variadas áreas do cérebro O Sistema Nervoso Periférico O sistema nervoso periférico é composto pela interna rede de nervos que partem do SNC e se distribuem por todo o corpo (nervos motores) e de nervos que vêm de todas as áreas do organismo e convergem no SNC (nervos sensitivos). Naturalmente, existem nervos mistos, cujas características incluem as de todos os tipos mencionados anteriormente, isto é, conduzem todas as ordens do SNC para os diversos pontos do corpo e, ao mesmo tempo, transmitem as percepções sensoriais desses mesmos pontos para o SNC. Podemos, então, dizer que o SNP (sistema nervoso periférico) compreende todos os nervos do nosso corpo. Muitos desses nervos têm a sua atuação na dependência da vontade do indivíduo, revelando ação voluntária. Esses nervos motores de ação voluntária, juntamente com os nervos sensitivos (que permitem ver, ouvir, sentir dor, cheiro, gosto, calor ou frio etc.), oferecem ao indivíduo a possibilidade de se relacionar com o meio ambiente. Por isso, elesformam o que podemos chamar de sistema nervoso da vida de relação. Este sistema contrasta com um outro grande número de nervos que atuam sem a consciência ou a vontade do indivíduo, regulando a atividade de inúmeros órgãos, como o coração, o estômago, os intestinos, os movimentos do diafragma, as secreções das glândulas salivares, o diâmetro das pupilas etc. Esses nervos de ação involuntária, que trabalham sem a pessoa sequer suspeitar, formam em conjunto o sistema nervoso autônomo ou sistema nervoso de vida vegetativa. Existem lesões que destroem áreas do SNC, anulando completamente a atuação do sistema nervoso do sistema nervoso da vida de relação, mas deixando intato o sistema nervoso da vida vegetativa. Quando isso ocorre, a pessoa deixa de ter relação com o mundo que a rodeia e passa a uma vida extremamente vegetativa (osórgãos funcionam bem, mas o indivíduo parece não sentir mais nada, nem responde aos estímulos externos). É comum chamar o sistema nervoso da vida de relação de sistema nervoso somático (do grego soma, “corpo”), o que não nos parece muito lógico, uma vez que o sistema nervoso autônomo, atuando sobre as diversas partes do corpo, é, conseqüentemente, também somático. O sistema nervoso da vida de relação compreende nervos que se originam diretamente no encéfalo (particularmente, no cérebro, no cerebelo, na ponte ou protuberância, e, mais numerosamente, no bulbo) e nervos que se originam na medula raquiana. Distinguimos, então, os nervos cranianos e os nervos raquidianos, respectivamente. Denominam-se nervos cranianos aqueles que nascem diretamente do encéfalo. Nos mamíferos, eles são em número de 12 pares (em outros vertebrados, encontram-se apenas 10 pares). Alguns são sensitivos; outros, motores; outros, ainda, são mistos. Todos são catalogados por números. Muitas vezes, faz-se referência a um determinado par pelo seu número, e não pelo seu nome. Assim, torna-se obrigatório o conhecimento dos 12 pares de nervos cranianos pelos seus números de ordem: 1) Olfativo (sensitivo): Transmite ao cérebro os impulsos que dão a percepção do olfato. 2) Óptico (sensitivo): Leva ao cérebro os impulsos que proporcionam as sensações visuais. 3) Motor ocular comum ou Oculomotor (motor): Movimenta os olhos para cima, para baixo e para dentro (direção do nariz). 4) Patético ou troclear (motor): Faz os olhos girarem circularmente. 5) Trigêmeo (misto): Percebe sensações da face e atua sobre os músculos da mímica. 6) Motor ocular externo ou Abdulente (motor): Move os olhos para fora. Facial (misto): Transmite as sensações cutâneas da face e atua também na mímica. 8) Acústico ou Vestíbulo-coclear (sensitivo): Um dos seus ramos leva ao cérebro impulsos que darão percepções sonoras. O outro leva ao cerebelo impulsos responsáveis pela noção de equilíbrio corporal. 9) Glossofaríngeo (misto): Transmite os impulsos que dão a percepção do gosto e movimenta a língua. 10) Pneumogástrico ou Vago (misto): Atua sobre os órgãos torácicos e abdominais e é o principal nervo do sistema parassimpático. 11) Spinal, Espinhal ou Acessório (motor): Age sobre os músculos dos ombros (bater de ombros do malcriado). Hipoglosso (motor): Ajuda o glossofaríngeo na movimentação da língua. Todos eles atuam sobre órgãos e músculos da cabeça ao ombro. Apenas o pneumogástrico ou vago se dirige para o interior do corpo e inerva as vísceras, como o coração, o estômago, o intestino e outros órgãos. Aliás, esse é o único par craniano que tem atuação involuntária, pertencendo, portanto, ao sistema nervoso autônomo. Os nervos raquianos nascem todos da medula raquiana, mas dirigem-se para pontos diversos do corpo, como braços, troncos e pernas. Compreendem 31 pares e são todos mistos, isto é, transmitem sensações da pele e dos órgãos para a medula, como transmitem as ordens motoras desta para os músculos. Cada nervo raquiano contém fibras sensitivas, que trazem para a medula percepções sensoriais de uma região do corpo, e fibras motoras, que levam da medula estímulos motores para essas mesmas regiões. Os nervos raquianos emergem da medula por meio de duas raízes - raiz anterior e raiz posterior -, as quais se juntam logo adiante formando o nervo propriamente dito. As raízes posteriores (com fibras sensitivas) são aferentes em relação à medula, pois conduzem o estímulo no sentido dela. As raízes anteriores (com fibras motoras) são eferentes em relação à medula, pois levam estímulos que se afastam dela. Portanto, na sua maior extensão, cada nervo raquiano encerra fibras sensitivas e fibras motoras e procede como uma “estrada de mão dupla”. Pelas fibras sensitivas vêm os estímulos de percepção e pelas fibras motoras vão as ordens de comando. Os neurônios de transição (ou associação) podem fazer a ligação entre um neurônio sensitivo e um neurônio motor: do mesmo lado e ao mesmo nível da massa cinzenta da medula; do lado oposto mas ao mesmo nível, na medula (associação cruzada horizontal); do lado oposto e a outro nível, na medula (associação cruzada vertical); do mesmo lado e a outro nível (associação vertical não cruzada). Certamente você já tocou alguma vez um dedo com mais força do que esperava na ponta de uma agulha. E retirou o dedo bruscamente, com uma rapidez que voluntária ou conscientemente não lhe seria possível. Esse fato constitui um exemplo de arco-reflexo. O arco-reflexo é a resposta imediata à excitação de um nervo sem a interferência da vontade (e, às vezes, até da consciência) do indivíduo. No exemplo acima, o estímulo correu pelas fibras sensitivas de um nervo raquiano, contornou a massa cinzenta da medula pelo neurônio de associação e voltou, pelas fibras motoras do nervo raquiano, atingindo os músculos do braço e da mão, obrigando-os a se contrair e retirar o dedo da ponta da agulha. Muitos reflexos se fazem por mecanismo apenas medular. O reflexo rotuliano ou patelar, que o médico investiga uma pequena pancada no tendão rotuliano (no joelho), denota através da resposta brusca da musculatura, fazendo o pé chutar involuntariamente o ar, que os nervos raquianos dessa região, bem como a medula, estão perfeitos e em bom funcionamento. Mas alguns reflexos são mais complexos e envolvem estímulos que vão ao córtex cerebral e dele voltam trazendo ordens para a medula. Pela análise da figura acima, você pode observar: As setas 7 e 8 mostram que, ao nível do bulbo, os estímulos provenientes de um lado do corpo se transferem para o lado oposto do cérebro, assim como as motoras que vêm de um hemisfério cerebral cruzam, ao nível do bulbo ou da medula, para o outro lado do corpoNum reflexo que envolva a medula e o cérebro, o estímulo sensitivo passa de um lado para o outro ao nível do bulbo, mas a resposta motora que vem do cérebro só reverte para o lado primitivo ao nível da medula. O Sistema Nervoso Autônomo O sistema nervoso autônomo ou sistema neurovegetativo é formado por nervos que trabalham sem qualquer dependência da vontade ou da consciência do indivíduo. Esses nervos se dividem em dois grandes grupos: o sistema simpático e o sistema parassimpático. Os dois grupos são antagônicos. No órgão em que os nervos do simpático agem estimulando, os nervos do parassimpático que ali vão ter agem inibindo. Em outros órgãos, o parassimpático é excitante e o simpático é inibidor. O coração é estimulado pelo pelo simpático e inibido pelo parassimpático. O contrário ocorre, entretanto, no intestino. Da antagônica dos dois grupos, decorre o equilíbrio funcional do organismo. Quando um dos grupos fica perturbado, há o desequilíbrio, e as funções orgânicas começam a apresentar distúrbios. Assim se explicam os distúrbios neurovegetativos, como taquicardias (palpitações), vômitos, diarréias, alterações da pressão arterial, da salivação etc. Os nervos do sistema simpático nascem todos a partir de ramificações anteriores de nervos raquianos. Já os nervos do sistema parassimpático formam-se, uns, também a partir de ramificações anteriores de nervos raquianos, enquanto outros nascem diretamente do encéfalo (são os diversos ramos do pneumogástrico ou vago). Os nevos que compõem o SNA (sistema nervoso autônomo) terminam em glândulas ou em tecido muscular liso. Eles comandam, sem a consciência do indivíduo, a atividade secretora e os movimentos das vísceras em cuja estrutura existem músculos lisos. SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO Pupilas dilata contrai Coração acelera (taquicardia) retarda (bradicardia) Vasos sanguíneos contrai (a pessoa fica pálida) dilata (a pessoa fica vermelha) Estômago paralisa excita Intestino paralisa excita Bexiga relaxa contrai Útero relaxa contrai Os nervos do sistema simpático anastomoses, reúnem suas raízes e formam os plexos simpáticos, como o plexo cardíaco (que atua sobre o coração), o plexo solar ou plexo celíaco (cujos ramos vão dar no fígado, no estômago e nos intestinos) e o plexo sacro (que age sobre os órgãos urogenitais). Todos esses órgãos também recebem ramos nervosos do sistema parassimpático. Sistema muscular O tecido celular é constituído pôr células alongadas, altamente especializadas e dotadas de capacidade contrátil, denominadas fibras musculares. A capacidade de contração das fibras é que proporcionas os movimentos dos membros e das vísceras do organismo. As células (fibras) musculares têm nomes específicos para as suas estruturas. Assim, a membrana plasmática é denominada sarcolema, enquanto o citoplasma é chamado de sarcoplasma. Existem três tipos de tecidos musculares: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco. O tecido muscular liso é constituído pôr fibras fusiformes dotadas de um núcleo alongado e central. Essas fibras, de contração lenta e involuntária, ocorrem os músculos eretores do pêlo (na pele), a musculatura do tubo digestivo (esôfago, estômago e intestino), da bexiga, do útero e dos vasos sangüíneos. Ex: O movimento peristáticos do esôfago, estômago e intestino decorrem da atividade de musculatura lisa presente nesses órgãos. Esses movimentos, involuntários, são responsáveis pelo deslocamento do alimento ao longo do tubo digestivo. O tecido muscular estriado esquelético tem fibras cilíndricas, com centenas de núcleos periféricos. A contração é rápida e voluntária. Essas fibras organizam os músculos esqueléticos, assim denominados pôr se acharem inseridos no arcabouço esquelético através dos tendões. O tecido muscular estriado cardíaco é constituído de fibras com um ou dois núcleos centrais. Sua contração é rápida e involuntária. Essas fibras organizam o músculo do coração (miocárdio). Entre uma fibra e outra verifica-se a presença de discos intercalares, membranas que promovem a separação entre as células. Curiosidade: Os músculos estriados são às vezes chamados de músculos vermelhos, devido à presença de um a proteína chamada mioglobina (semelhante à hemoglobina), de coloração vermelha. A mioglobina funciona como um reservatório de O2 para a atividade muscular. Em certas partes do organismo (exemplo: peito de peru) a presença da mioglobina é insignificante, daí a coloração branca da carne. De modo geral, quando maior a presença de mioglobina, maior a atividade do músculo. A fibra muscular estriada é envolvida pôr uma bainha de tecido conjuntivo denominado endomísio. Um aglomerado de fibras forma um feixe muscular. Cada feixe acha-se envolvido pôr uma bainha de tecido conjuntivo chamado perimísio. O conjunto de feixes constitui o músculo que, também, acha-se envolvido pôr uma bainha conjuntiva denominada epimísio. Nas bainhas conjuntivas existem fibras nervosas e vasos sangüíneos. O mecanismo contrátil dos músculos As fibras musculares são dotadas de inúmeras miofibrilas contráteis basicamente pôr dois tipos de proteínas: actina e miosina. Na musculatura lisa, as miofibrilas são muito finas e não se organizam em feixes, de maneira que são dificilmente observadas. Assim, o sarcoplasma apresenta-se com aspecto homogêneo, sem estrias. É pôr isso que as fibras desse músculo são denominadas lisas. Na musculatura estriada, as miofibrilas organizam-se em feixes, delimitando um intercalamento de faixas claras e escuras, o que confere à fibra um aspecto estriado. Descrevemos a seguir a estrutura de uma fibra muscular estriada A fibra estriada é constituída pôr inúmeras miofibrilas contráteis, entre as quais pode-se observar a presença de numerosas mitocôndrias. Cada miofibrila apresenta faixas claras e escuras, de maneira alternada. As faixas claras apresentam no seu centro uma estria mais escura. As faixas escuras são maiores e apresentam na região central uma zona mais clara. A energia para a contração muscular Os músculos armazenam glicogênio. Através do mecanismo respiratório, as moléculas de glicose provenientes do glicogênio liberam energia para a síntese de ATP. A energia liberada pelo ATP permite o deslizamento da actina sobre a miosina, determinando a contração muscular. O estoque de ATP nas fibras musculares é, porém, limitado. Quando a atividade muscular é intensa, esse estoque é rapidamente consumido e, nessas condições, a energia oriunda do mecanismo respiratório não consegue, normalmente , restaurar as moléculas de ATP. Ocorre, no entanto, que a fibra muscular contém grandes quantidades de uma substância orgânica chamada creatina, capaz de ser fosforilada e armazenar fosfatos de alta energia. Assim, quando o suprimento de ATP diminui, a creatina-fosfato fornece fosfatos de alta energia para o ADP, o que permite a rápida formação de novas moléculas de ATP. Quando o músculo se encontra em repouso, o mecanismo respiratório fornece energia que permite a formação de novas moléculas de creatina-fosfato. Considerando o mecanismo contrátil, podemos concluir as seguintes funções para as substâncias citadas abaixo: Glicogênio: fonte primária de energia para a contração. ATP: fonte de energia para a contração. Creatina-fosfato: reservatório de energia química para a contração. As células musculares e a fermentação láctea Em situações de intensa atividade, a musculatura esquelética pode não dispor de um suprimento adequado de oxigênio para promover a oxidação da matéria orgânica fornecedora de energia necessária para a ocorrência do mecanismo contrátil. Nessas condições, as células musculares passam a realizar a fermentação láctica, fato que lhes acarreta o acúmulo de ácido láctico, substância inibidora da contração muscular. O ácido láctico assim formado, porém, será lentamente oxidado até desaparecer, à medida que o músculo recebe oxigênio. Entretanto, parte do ácido láctico produzido passa para o sangue; nesse caso conversão em moléculas de glicose, que serão armazenadas na forma de glicogênio. Sistema Sensorial É composto pelos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) com seus respectivos órgãos (olho, ouvido, nariz, língua e pele) que compreendem o sistema de percepção do nosso corpo com o meio externo. Visão O órgão da visão são os olhos, os globos oculares, situados nas cavidades orbitárias. Cada um dos dois globos oculares consta de três membranas superpostas e três meios transparentes. As três membranas do globo ocular são: esclerótica, coróide e retina. A esclerótica, de natureza fibrosa, protetora do globo ocular, é vulgarmente chamada “o branco dos olhos”. Apresenta, atrás, um orifício, por onde passa o nervo óptico. Adiante, transforma-se em uma membrana transparente, a córnea. A coróide, muito rica em vasos sanguíneos, é nutritiva do globo ocular, para o qual constitui também uma espécie de “câmara escura”, necessária na formação da imagem retiniana. Na parte posterior da coroíde, há um orifício correspondente ao da esclerótica, dando passagem ao nervo óptico. Na sua parte anterior, em abertura circular, está encaixado um disco diversamente colorido, a íris, com um orifício central, a pupila ou “menina dos olhos”. A cor da íris não é uniforme. A íris contém fibras musculares de duas espécias: as fibras circulares, que, pela contração, diminuem a abertura pupilar e as fibras radiadas, que a aumentas. A retina forma-se pelo desdobramento do nervo óptico, que penetra no globo ocular pela sua parte posterior. Há, na retina, a pupila, o ponto cego, e a mácula lútea. O globo ocular se comporta como uma pequena máquina fotográfica. Os raios luminosos, partindo dos objetos atravessam a córnea transparente, a pupila, o humor aquoso, o cristalino, onde se desvia, o humor vítreo e vão atingir a retina. Sobre a retina forma-se uma imagem diminuta e invertida, é assim que acontece na máquina fotográfica. O cristalino corresponde à lente da máquina, a retina o filme que é sensível as impressões luminosas, e a pupila ao diafragma. As impressões recebidas pela retina são transmitidas através do nervo óptico até o cérebro, onde ocorrem as sensações visuais. Para que as imagem sejam nítidas é necessário que se formem exatamente sobre a retina, variando o cristalino, sua própria curvatura, segundo a maior ou menor distância dos objetos. Essa propriedade do cristalino chama-se poder de acomodação. Audição O órgão da audição é o ouvido, formado externamente pela orelha ou ouvido externo (órgão de recepção), pelo ouvido médio (órgão de transmissão) e pelo ouvido interno (órgão de percepção das vibrações sonoras). Os ouvidos médio e interno acham-se localizados no rochedo do osso temporal. O ouvido externo é formado pelo pavilhão da orelha e pelo conduto auditivo externo: transmite as ondas sonoras para o tímpano, membrana que separa o ouvido externo do ouvido médio. Do interior da caixa do tímpano, entre o tímpano e a janela oval, encontra-se uma cadeia de três ossinhos: o martelo, a bigorna e o estribo, os quais se articulam entre si. O martelo encontra-se em parte na membrana do tímpano e o estribo se aplica por sua base sobre a janela oval. Os ossinhos podem se mover uns sobre os outros, graças à músculos. O ouvido interno, o labirinto, parte essencial do aparelho auditivo, compreende o vestíbulo, o caracol, os canais semi circulares existentes no rochedo encerrando tubos membranosos separados de suas paredes por líquido. São nestes tubos que se encontram as últimas ramificações do nervo acútico. O caracol vai ter ligação com a janela redonda; e no vestíbulo é que se acha o órgão de Corti o aparelho nervoso da audição. Os sons transmitidos pelo conduto auditivo externo do tímpano fazem essa membrana vibrar. As vibrações são transmitidas ao ouvido interno, quer pelo ar da caixa, quer pelos ossinhos. O ar da caixa está sempre com a mesma pressão que o ar exterior, por causa da comunicação da caixa com a trompa de Eustáquio, a qual se abre em cada movimento da deglutição. As vibrações transmitidas ao líquido do ouvido interno vão impressionar as células nervosas. Os ruídos são reconhecidos pelos vestíbulos e os canais semi circulares. O som, sensação harmoniosa, é percebido pelo órgão de Corti, que o transmite ao cérebro. Paladar O órgão principal do paladar ou gosto, é a língua (mais particularmente, a mucosa que a recobre), através das papilas gustativas. Umas têm a forma comprida e fina, sendo por isso chamadas papilas filiformes, outras apresentam-se sob o aspecto de pequenos fungos, particularidades que lhes mereceu o nome de fungiformes, e ainda outras, cercadas por um valo chamam-se papilas circunvaladas ou caliciformes. As papilas filiformes acham-se especialmente na ponta da língua; o resto da superfície é ocupada por papilas fungiformes de mistura com papilas filiformes; as caliciformes, em númemo de 7 a 12, acham-se perto da raiz da língua. Além das papilas, encontram-se abaixo da membrana mucosa da língua várias glândulas. A cada lado do sulco perto da língua há uma glândula de 20mm de comprimento e 5 a 8 mm da língua. Dentro das papilas caliciformes existem pequenas glândulas racemosas, que se abrem no interior das papilas, segregando um líquido aquoso. A sede do gosto, são as glândulas fungiformes e as caliciformes. Dentro desses órgãos acham-se de mistura com células meramente mecânicas, destinadas a servir de apoio ás células gustativas. As substâncias sabor chamam-se sápidas, e as não produzem impressões gustativas chamam-se insípidas. As diversas sensações gustativas resultam da associação de quatro sabores fundamentais: sabor doce, percebido pela ponta da língua, sabor salgado, percebido pela região mediana da língua, sabor amargo, percebido pela base da língua e sabor ácido, percebido pelos cantos da língua. As impressões gustativas são associadas às impressões olfativas, de tal maneira que a noção que temos do gosto dos alimentos resulta da soma destas duas impressões. Olfato O sentido do olfato radica numa porção da membrana mucosa, que reveste o interior das fossas nasais (que comunicam atrás com a boca posterior e a faringe, na frente com o ar pelas narinas), e conhecida sob a denominação de pituitária. Esta cobre as fossas nasais em toda a sua extensão: tem cor rosada consistência e espessura variáveis. Em sua superfície observam-se numerosos orifícios, que são as aberturas de outras tantas glândulas que segregam o muco. Um corte através da pituitária oferece o aspecto de todas as mucosas; debaixo do epitélio acha-se a derme ou o cório mucoso, constituído, como todas as membranas semelhantes, de tecido conjuntivo, numerosas glândulas, nervos e vasos sanguíneos. Acha-se na pituitária olfativa propriamente dita, uma mancha amarelada no alto do nariz. A camada superior se caracteriza por células alongadas, que se apresentam sob duas formas: uma sãos cilíndricas, emitindo prolongamentos ramificados para o interior da pituitária e exercendo uma função meramente mecânica; no meio delas outras fusiformes, compridas, providas de um núcleo redondo e claro e de vários nucléolos, representado as células olfativas propriamente ditas. Cada uma delas possui, como nas células gustativas, dois prolongamentos nervosos, dos quais um sobe à superfície, terminando em várias cerdas olfativas outro desce para o interior, indo reunir-se ao nervo olfativo. Só a extremidade superior das cerdas entra em contato direto com o mundo exterior, estando o resto protegido por uma camada perfeitamente transparente. O órgão do olfato reage a estímulos de origem química. As partículas odoríferas, emitidas pelos corpos produzem, em contato com as células olfativas, uma transformação química que se transmite ao cérebro e ali se manifesta como cheiro. Tato Ë um dos cincos sentidos, pelo qual nos pomos em contato com o ambiente e apreciamos o estado físico dos corpos ( se sólidos, líquidos e gasosos), percebemos o polido ou a aspereza das superfícies, as formas e as dimensões das coisas, as variantes de temperatura. Na função de órgão de sentidos, a pele só se exerce em efetivo contato com os objetos, não atuando à distância, como a vista. Diz-se, atualmente, que no sentido da pele é o tato. No revestimento cutâneo se reúnem, porém, quatro sentidos diferentes, posto que atuem muitas vezes associados: o da pressão, o do frio, o do calor e o da dor. As chamadas sensações táteis são quase sempre compostas, entrando, na sua constituição, dois elementos: pressão e temperatura. Se, ainda ao tatear, efetuarmos movimentos, ou fazermos esforço, outro elemento não cutâneo, se associa: o sentido muscular. Quando, finalmente, a pressão se torna demasiado violenta, ou as variações de temperatura são excessivas, aparece a sensação de dor, que domina as outras. As quatro modalidades sensoriais não se acham distribuídas na pele de maneira uniforme e contínua. Cada uma apresenta pontos precisos e limitados. Por meio de excitações punctiformes, obtidas com o emprego de agulhas muito finas, ou de pêlos curtos e rígidos, demonstram-se os pontos correspondentes a cada sentido. O sentido mais grosseiro é o tato. Não obstante, serve-nos esplendidamente, de muitos modos. É errado dizer que temos um sentido do tato. Na verdade, este sentido é um complexo de sentidos. Não é tão sutil e estético como a audição e a visão, mas, auxilia-npo muito no contato com o mundo exterior. Nas pessoas comuns, que se fiam mais da vista e da audição, o tato pode ficar um tanto descurado. Revela-se, porém sua eficiência e sua capacidade educativa, quando faltarem os demais sentidos. Sistema Circulatório - Sangue O sangue apresenta-se como um líquido vermelho, variando de tonalidade segundo o vaso de que provém; escuro, vermelho vivo, se de artéria, dependendo, a diferença do grau de oxigenação. Viscoso, um pouco mais denso que a água (1,060), o sangue tem sabor salgado e cheiro de sui generis. A quantidade de sangue numa pessoa corresponde a 1/13 do peso da mesma, ou seja, se uma pessoa pesa 65 Kg, terá 5 litros de sangue em seu corpo. Os órgãos que têm mais sangue são - além do coração e dos grandes vasos - o fígado, os músculos e os pulmões. Possui nada menos de quatro funções: Recolher, nos alvéolos pulmonares e nas vilosidades intestinais, o oxigênio e demais alimentos de que necessitamos, e distribuí-los às células; Receber, destas mesmas células, as substâncias de dessamilação por elas expelidas e levá-las a órgãos especiais (pulmão, rins, etc.) que se encarregam de eliminá-las; Estabelecer relações entre as várias partes do organismo, distribuindo por elas os produtos das glândulas de secreção interna; Auxiliar o equilíbrio da temperatura, e do conteúdo em água, no organismo; Contribuir para a defesa deste último. Estrutura do sangue O sangue é composto de uma parte líquida, o plasma, tendo em suspensão inúmeros corpúsculos microscópicos, os glóbulos sanguíneos, de que há de três espécies: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e as plaquetas. Existem ainda no sangue, dissolvidos ou combinados, três gases, o oxigênio, o azoto e o anidrido carbônico. Glóbulos vermelhos Os glóbulos vermelhos, hemáceas ou eritrócitos, são os mais numerosos no sangue, pois existem na proporção de 5 milhões por milímetro cúbico de líquido. Na mulher esse número é 4 milhões e 500 mil, ao passo que alcança no recém nascido 5 milhões e 600 mil. A superfície das hemáceas no corpo é de 1.500 vezes maior do que o mesmo. Extensão que facilita o intercâmbio gasoso entre os glóbulos e o plasma. Têm nos glóbulos vermelhos a forma de pequenos discos, escavados no centro. São perfeitamente elásticos, podendo deforma-se transitoriamente, para passar nos mais finos capilares. Medem, no sangue circulante, pouco mais de 8 mícrons de diâmetro, e, quando fixados nas preparações, 7 mícrons. As hemáceas são desprovidas de núcleos. A sua forma é a mesma, na grande maioria dos mamíferos. Isoladas, as hemáceas parecem amarelas; reunidas são vermelhas. Cada glóbulo vermelho consiste em uma rede de proteína, contendo uma substância, a hemoglobina. A hemoglobina, substância essencial das hemáceas, resulta da combinação de uma proteína, a globina, com um pigmento, a hematina, que contém ferro. Em toda a massa do sangue, há cerca de 3 gramas desse metal. A hemoglobina tem a propriedade de combinar-se facilmente com o oxigênio, dando oxiemoglobina. É uma reação que passa nos pulmões, pela qual o sangue venoso transforma-se em sangue arterial. A oxiemglobina não é um composto muito estável, pois facilmente deixa em liberdade o oxigênio, voltando a hemoglobina. Assim como existe a o oxiemoglobina, tem a carboxiemoglobina, que é formando por óxido de carbono e hemoglobina e é um composto muito mais estável, que quando está neste estado é inutilizável. A função das hemáceas consiste em transportar oxigênio aos pulmões e aos tecidos. Passando o sangue pelos alvéolos pulmonares, a hemoglobina combina-se com o oxigênio inspirado, transformando-se em oxiemoglobina. Nos órgãos, o oxigênio abandona a hemoglobina, que assim libertada, volta aos pulmões. A proporção de anidrido carbônico no sangue tem influência sobre a afinidade da hemoglobina: no pulmão, afastado o anidrido carbônico, a hemoglobina combina-se mais facilmente com o oxigênio; nos órgãos, enriquecendo o sangue de anidrido carbônico, o oxigênio se desprende da sua combinação. As hemáceas são formadas na medula vermelha dos ossos. Funcionam elas por um período que não está ainda bem determinado, mas próximo de dois meses. De qualquer modo, parece que, em cada período de trinta ou cinqüenta dias, todas as hemáceas são renovadas. Sua destruição se faz, ou no sangue, sendo elas devoradas por glóbulos brancos, ou, principalmente, no fígado e no baço. A hematina, libertada pela destruição das hemáceas, vai constituir a bilirrubina, pigmento biliar. Glóbulos brancos Os glóbulos brancos ou leucócitos, são elementos maiores que as hemáceas, mas em quantidade muito menor, pois em cada milímetro cúbico de sangue há deles, aproximadamente, oito mil. Incolores, desprovidos de membrana, têm núcleo mais ou menos irregular. Distribuem-se em dois grupos: os polinucleares e os mononucleares. Os glóbulos brancos apresentam diversas propriedades. Uma delas é a de emitir prolongamentos, ou pseudópodos, com que efetuam movimentos amebóides, chegando a abandonar o sangue e imiscuir-se nos tecidos. São ainda capazes de englobar células ou partículas estranhas, propriedade denominada fagocitose, chamando fagócitos os glóbulos brancos que a possuem. Os neutrófilos são os micrófagos do organismo, ao passo que os monocelulares e as células do retículo endotelial são os macrófagos. Os leucócitos também fabricam fermentos vários, proteolíticos e lipolíticos, e uma plasmase, que desempenha papel importante no fenômeno da coagulação do sangue. Mereceram, por isso, o nome de glândulas unicelulares circulantes. Plaquetas As plaquetas são glóbulos pequeníssimos, de 2 a 3 mícrons de diâmetro, incolores, ovóides ou esféricos, tomando freqüentemente, nas preparações, formas estreladas. Seu número, muito variável, é, em média, de 300 mil por milímetro cúbico. Supõe-se que provenham da fragmentação de certas células da medula óssea, ou mega carióticos. A função das plaquetas ainda não está esclarecida. No fenômeno da coagulação do sangue, atuam como auxiliares. O sangue, sem elas, se coagula, mas muito lentamente. Plasma O plasma é a parte líquida do sangue. A água entra na sua constituição, em proporção vizinha de 90%. Os outros 10% são representados por substâncias sólidas em dissolução. Destas, a maior parte cabe às proteínas, há cerca de 7% de protéicos, em que se incluem o fibrinogênio (desempenha papel essencial na coagulação do sangue), a soroalbumina e a soroglobulina. Encontram-se ainda, no plasma, substâncias azotadas mas não protéicas, que podemos dividir em duas classes: na primeira acham-se os ácidos aminados, e outros corpos azotados, originários dos alimentos protéicos, que, absorvidos no intestino, vão entrar na resconstituição celular; na segunda, estão os produtos de desintegração das células, como a uréia, o ácido úrico, a creatinina, o amoníaco. Algumas destas substâncias às vezes se acumulam demais no sangue, produzindo fenômenos mais ou menos graves (uremia, uricemia). Os corpos orgânicos não azotados são a glicose (0,1%) e uma pequena quantidade de gordura, sempre um pouco mais elevada após as refeições. Encontra-se ainda cerca de 1% de substâncias minerais, moemente de cloreto de sódio, que representa mais da metade dessa proporção. Vem, após, o bicarbonato de sódio, formando a chamada reserva alcalina, utilíssima na função de manter constante a reação com o sangue. Um importante grupo de substâncias, os hormônios, produzidos pelas glândulas de secreção interna (tireóide, supra-renais, etc.) são, por estas, lançadas incessantemente na torrente circulatória. Ainda figuram no plasma certos produtos de reação das células, os anticorpos. Gases do sangue Encontram-se no sangue três gases: o oxigênio, o anidrido carbônico e o azoto. Cem volumes de sangue arterial contém, aproximadamente, 20 volumes de oxigênio e 43 de anidrido carbônico; a mesma quantidade de sangue venoso contém 12 de oxigênio e 50 de anidrido carbônico. O azoto existe em ambos na proporção de 1 volume por 100. O oxigênio encontra-se em combinação, formando a oxiemoglobina. A afinidade da hemoglobina para com o oxigênio é favorecida por duas circunstâncias: a diminuição do anidrido carbônico e a grande tensão do próprio oxigênio. No pulmão, essas duas circunstâncias se realizam: o sangue perde anidrido carbônico, e, ao mesmo tempo, se pões, através da parede alveolar, em contato com a atmosfera, rica em oxigênio. Daí a facilidade com que se forma a oxiemoglobina. Nos tecidos ocorre justamente o inverso: o sangue entra em contato com os tecidos, pobres em oxigênio livre, e ao mesmo tempo se enriquece com o anidrido carbônico. A reação se dá, por isso, em sentido oposto, liberando oxigêniol O anidrido carbônico encontra-se em parte dissolvido no plasma, em parte no estado de combinação química com álcalis do plasma, das proteínas e da hemoglobina. O azoto do sangue só existe dissolvido no plasma. Sangue Arterial e Sangue Venoso O sangue sai dos órgãos relativamente pobre em oxigênio e rico em anidrido carbônico: é o sangue venoso, vermelho-escuro. Ao passar pelos pulmões, dá-se nele o fenômeno da hematose, pelo qual a hemoglobina fixa o oxigênio, sendo o anidridro carbônico em parte eliminado: o sangue se torna vermelho-vivo, é desde então arterial. Coagulação sangüínea Quando se corta um vaso sangüíneo de pequeno calibre, o sangue, que começa a escorrer, logo se estanca. À maneira de uma rolha, o coalho que se forma obstrui a abertura do vaso. A coagulação protege, pois, o organismo, impedindo a continuação da hemorragia, cujo êxito seria letal. Qual o mecanismo da coagulação? Para explicá-lo, vejamos o que se passa quando retiramos, de um animal, sangue ainda líquido, e o deitamos num vaso. Ao fim de algum tempo, o sangue se solidifica em um todo escuro, que logo se retrai, expulsando um líquido amarelo, o soro, e deixando depositar no fundo do vaso, uma massa vermelho-escura, o coalho. O coalho é constituído de uma rede - rede de fibrina - tendo nas malhas os glóbulos sanguíneos. Os filamentos de fibrina, logo depois de formados, se retraem, e se estendem, por exemplo, de um a outro lábio da ferida, contribuem para o fechamento desta. No sangue circulante há, em dissolução no plasma, uma substância protéica, denominada fibrinogênio. Logo que o sangue deixa os vasos, um fermento se gera, a trombina, que que transforma o fibrinogênio em uma substância insolúvel, a fibrina. É com essa fibrina, que parte essencial do coalho, que se constitui, então, a rede solida, a qual, ao cair para o fundo da vasilha, leva consigo os glóbulos sangüíneos . Quanto ao soro, parte liquida do sangue coalhado, é ele o próprio plasma do sangue circulante, menos fibrinogênio, que, transformado em fibrina, se fez solido. Os glóbulos não fazem parte essencial do coalho, e , por artificio de laboratório, podem mesmo separar-se deste. Espontaneamente, os glóbulos vermelhos não são capazes de abandonar o coalho e invadir o soro. Os glóbulos brancos o fazem, graças aos seus movimentos amebóides Sistema ABO Sistema de classificação do sangue em relação à presença ou ausência das aglutininas anti-A ou anti-B e dos aglutinogênios A e B. Anticorpos e antígenos do sistema ABO Com relação ao sistema ABO há quatro tipos de sangue: A, B, AB O. Esses tipos são caracterizados pela presença de determinados antígenos na membrana das hemáceas, os agutinogênios e pela presença de anticorpos, as aglutininas, no plasma sangüíneo. Existem dois tipos de agutinogênio, A e B, e dois tipos de aglutinina, anti-A e anti-B. Pessoas do tipo A possuem aglutinogênio A nas hemáceas e aglutinina anti-B no plasma; as do grupo B tem aglutinogênio B nas hemáceas e aglutinina anti-A no plasma; as do grupo AB tem aglutinogênios A e B nas hemáceas e nenhuma aglutinina no plasma, e as do grupo O não tem aglutinogênios nas hemáceas, mas possuem as duas aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma. Transfusões permitidas As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sangüíneas ocorrem quando a pessoa que possue determinada aglutinina recebe sangue com aglutinogênio correspondente. Por exemplo, a pessoa de tipo A tem aglutinina anti-B. Por isso ela não pode receber sangue tipo B nem sangue tipo AB que contém aglutinogênio B. Pessoas do tipo AB podem receber qualquer tipo de sangue porque não possuem aglutininas no plasma. Por isso elas são chamadas receptoras universais. Pessoas do grupo O, por outro lado, podem doar sangue para qualquer outra pessoa porque não possuem aglutinogênio A nem aglutinogênio B em suas hemáceas. Por isso elas são denominadas doadoras universais. Alelos do sistema ABO Os quatro fenótipos do sistema sangüíneo ABO são determinados em uma série de três alelos IA, IB e i. Trata-se, portanto, de um caso de alelos multiplos. Os alelos IA, IB determinam a presença dos aglutinogênios A e B, respectivamente, e o alelo i condiciona a ausência de aglutinogênio. Assim as pessoas com genótipo IA IA ou IA i produzem apenas aglutinogênios A, e são do tipo A. Pessoas com genótipo IB IB ou IB i produzem apenas aglutinogênios B, e são do tipo B. Pessoas do genótipo IA IB produzem os dois aglutinogênios e são de tipo AB. Pessoas com genótipo i i não produzem aglutinogênios e são do tipo O. Os alelos IA e IB são denominados co-dominantes pelo fato de ambos se expressarem nos heterozigóticos IA e IB. Já o alelo i é recessivo em relação aos outros dois. Sistema Rh Landsteiner, que já havia descoberto a existência do sistema ABO, realizou um experimento que permitiu desvendar a existência do sistema Rh de grupo sangüíneo na espécie humana. Hemáceas do pequeno macaco conhecido como reso (Macaca rhesus) foram injetadas em coelhos, o que provocou a formação de anticorpos específicos. Estes reagiam contra o fator presente nas hemáceas do macaco (fator Rh, de rhesus) e foram denominados anticorpos anti-Rh. Ao serem misturados com sangue de diversas pessoas, os anticorpos anti-Rh provocaram, em 85% dos casos, forte reação de aglutinação. Por isso, essas pessoas foram chamadas Rh positivas ( Rh+), para indicar a presença do fator Rh em suas hemáceas. O sangue de cerca de 15% das pessoas testadas não reagia com os anticorpos anti-Rh, e por isso elas foram denominadas Rh negativas (Rh-), para indicar a ausência do fator Rh em suas hemáceas. Os anticorpos anti-Rh não existem naturalmente no sangue das pessoas, como ocorre com os anticorpos anti-A e anti-B. Os indivíduos Rh- somente produzem anticorpos anti-Rh, quando recebem sangue Rh+. Já as pessoas Rh+ nunca produzem anticorpos anti-Rh. Teste do fator Rh no sangue A determinação do tipo sangüíneo para o sistema Rh é feita adicionando-se ao sangue examinado um pouco de soro com anticorpos anti-Rh purificados. Caso o sangue aglutine em contato com o soro, o indivíduo testado é Rh+, se não houver aglutinação, ele é Rh-. Alelos do sistema Rh Os tipos sangüíneos do sistema Rh são determinados por um par de alelos ( R e r ) com dominância completa. Pessoas portadoras do alelo dominante ( RR ou Rr) têm fator Rh em suas hemáceas, e são Rh+; os homozigóticos recessivos ( rr ) não têm fator Rh, e são Rh-. Fator Rh e eritroblastose fetal Pessoas Rh- produzem anti-Rh ao receber sangue Rh+. No caso das mulheres isso pode ocorrer também quando elas geram filhos Rh+ devido a rupturas na placenta durante a gravidez e principalmente na hora do parto, com passagem de hemáceas da criança para a circulação materna. A destruição das hemáceas leva a anemia, e o recém-nascido apresenta icterícia devido ao acúmulo de bilibubina. Como resposta a anemia são produzidos e lançados no sangue os eritroblastos