Sistema Nervoso O sistema nervoso dirige e coordena nossos

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Sistema Nervoso
O sistema nervoso dirige e coordena nossos movimentos. Recebe estímulos do ambiente
que nos rodeia e de todos os nossos órgãos internos. Interpreta esses estímulos
e elabora respostas, que são transmitidas a músculos ou glândulas.
A Evolução do Sistema Nervoso
Nos animais multicelulares mais inferiores, como poríferos ou espongiários,
não existe nenhum rudimento de nervoso. Começamos a ver neurônios, células que
conduzem estímulos nervosos, em celenterados. Nos pólipos dos cnidários essas
células aparecem espalhadas pelo corpo, formando uma rede sem muita organização.
Não há nesses animais um centro nervoso que comande essa rede. Cada estímulo externo
que atua sobre um ponto do corpo é acompanhado de uma resposta meramente local,
determinando um impulso nervoso que se propaga com intensidade decrescente à
proporção que se afasta do ponto inicial do estímulo. Os cnidários possuem sistema
nervoso difuso.
Nos vermes platelmintos (como as planárias, por exemplo), os neurônios se
associam formando filetes nervosos ligados a algumas estruturas - os gânglios
nervosos, situados na cabeça. Esses gânglios já representam centros nervosos
precários na coordenação das atividades do corpo. Em cada gânglio há uma
concentração maior de neurônios.
O sistema nervoso ganglionar começa a se aperfeiçoar nos anelídeos. Neles,
há um conglomerado maior de neurônios na cabeça, formando os gânglios cerebróides,
que desempenham um papel de cérebro primitivo, no comando dos demais gânglios.
A partir dos gânglios cerebróides, surgem os gânglios periesofágicos, que se
relacionam com uma dupla cadeia nervosa ganglionar ventral. Ao longo dessa cadeia,
há um par de gânglios para cada segmento corporal. Esses gânglios têm ainda
acentuada autonomia sobre as atividades específicas da área do corpo que os rodeia.
Nos anelídeos, não obstante a presença dos gânglios cerebróides, os pares
de gânglios ao longo da cadeia nervosa ventral possuem bastante autonomia e, por
isso, uma minhoca, mesmo depois de cortada ao meio, continua a mover os dois pedaços
separados.
Os gânglios cerebróides mostram-se mais desenvolvidos ainda nos artrópodos,
principalmente nos insetos.
Observe bem um detalhe: o sistema nervoso ganglionar, que caracteriza os
invertebrados, apresenta a sua dupla cadeia de gânglios disposta ventralmente no
animal, isto é, correndo ao longo da face ventral do corpo. Este sistema faz grande
contraste com o sistema nervoso cérebro-espinhal, próprio dos vertebrados, e que
veremos a seguir. O sistema nervoso cérebro-espinhal situa-se em posição dorsal,
descendo da cabeça, ao longo do dorso do animal.
O sistema nervoso cérebro-espinhal
Nos vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos), o sistema
nervoso é bem desenvolvido e se classifica como sistema nervoso cérebro-espinhal.
É constituído por uma “sede” - O SNC (sistema nervoso central) - e uma rede de
nervos que dela partem e se distribuem por todo o organismo - o sistema nervoso
periférico.
O sistema nervoso central
O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula raquiana.
O encéfalo, por sua vez, compreende as seguintes porções: cérebro, cerebelo,
protuberância (ponte ou menencéfalo) e bulbo.
Nos vertebrados inferiores, de peixes até aves, os hemisférios cerebrais têm
superfície lisa. Por isso, tais animais são considerados lissencéfalos (encéfalo
liso). Já nos mamíferos, surgem os sulcos e as circunvoluções, dando ao cérebro
uma superfície cheia de ondulações. Por essa razão, os mamíferos são denominados
girencéfalos (encéfalo com giros ou curvas). Essa transformação trouxe uma grande
vantagem para os mamíferos: com o mesmo volume, um cérebro com circunvoluções tem
sua superfície consideravelmente maior do que se estivesse com hemisférios lisos.
Como é na superfície do cérebro (córtex cerebral, com massa cinzenta) que ficam
os corpos dos neurônios, quanto mais sulcos e circunvoluções tiver o cérebro, mais
extenso será o seu córtex, com maior número de neurônios e, portanto, mais eficiente
e aperfeiçoado.
A massa cinzenta localiza-se na superfície do encéfalo, e é onde se acumulam
os corpos dos neurônios. É neles que são armazenadas as informações, que são
percebidos os sentidos, que são “processados” os dados obtidos a partir de
estímulos exteriores. Também dos neurônios partem as ordens para as contrações
musculares ou para as secreções glandulares etc. Essa área superficial é o córtex
cerebral. Ele tem a maior importância no grau de desenvolvimento de uma espécie.
O córtex cerebral é todo dividido em zonas, como um mapa. Cada área (umas
pequenas, outras grandes) representa um centro nervoso. Em todo o encéfalo, são
numerosos os centros nervosos, como os centros da visão, da audição, do olfato,
do paladar, da dor, da fome, da tosse, da cócega, da raiva, da coordenação motora
(esse é muito amplo e se subdivide em áreas correspondentes aos diversos pontos
do corpo), da associação visual para a leitura, além dos centros de regulação
respiratória, cardíaca, o centro termorregulador etc. O córtex é, como se vê, a
“sede” do controle dos atos conscientes e inconscientes e também da inteligência.
O cérebro de um crocodilo é, evidentemente, maior que um cérebro de um
camundongo. Todavia, o crocodilo, como réptil, é lissencéfalo, enquanto o
camundongo, como mamífero, é girencéfalo. Por isso, a extensào do córtex cerebral
do camundongo é maior que a do crocodilo, justificando maior inteligência no
roedor. É por essa razão que, nos circos, as apresentações com animais exibem
predominantemente mamíferos.
Na região mais profunda do encéfalo se situa a massa branca. Nela,
praticamente não se encontram corpos de neurônios, mas apenas as suas ramificações
(dentritos e axônios).
O cerebelo, a ponte e o bulbo também são muito importantes porque encerram
centros nervosos que regulam várias funções de relevante papel. Os controles da
respiração e da temperatura ficam no bulbo. O controle do equilíbrio corporal fica
no cerebelo.
Afora o encéfalo, o restante do SNC é constituído pela medula raquiana (ou
raquidiana). Ela é um comprido cordão de estrutura nervosa que corre ao longo do
dorso, no interior do canal vertebral. Fica, portanto, protegida em toda a sua
extensão pela coluna vertebral. Nela, a massa cinzenta (ao contrário do cérebro)
fica no centro e a massa branca, na periferia.
O encéfalo e a medula ficam totalmente protegidos por estruturas ósseas (o crânio
e a coluna vertebral) e por três membranas ou meninges, que são, de fora para dentro:
1a) dura-máter - a mais externa, grossa e fibrosa;
2a) aracnóide - tem uma vascuralização que lembra uma teia de aranha;
3a) pia-máter - a mais interna, delgada e aderente ao SNC.
Abaixo da aracnóide, localiza-se o líquor ou líquido cefalorraquiano, que
tem função protetora, envolvendo todo o SNC.
A medula raquiana não ocupa totalmente o canal vertebral. Ela termina mais
ou menos ao nível da 1a ou da 2a vértebra lombar. A raquianestia, que preocupa
tanta gente, não oferece perigo de traumatizar a medula porque é feita com uma
agulha que penetra no canal medular abaixo da 2a vértebra lombar. Abaixo desse
nível, só se encontra um cordão fibroso muito fino - o filum terminale - que prende
a extremidade inferior da medula ao cóccix. Assim, a medula deve mostrar-se sempre
esticada.
No seu percurso, a medula raquiana emite os nervos raquianos, sempre aos
pares. E você pode notar que esses nervos estão intimamente relacionados com a
massa cinzenta.
Muitos atos reflexos são controlados diretamente pela medula raquiana, sem
a interferência do cérebro. Mas, na maioria dos casos, os estímulos nervosos que
chegam a esse órgão são, em seguida, transmitidos ao encéfalo, alcançando
primeiramente o diencéfalo (região que abrange o hipotálamo) e dali se irradiando
para as mais variadas áreas do cérebro
O Sistema Nervoso Periférico
O sistema nervoso periférico é composto pela interna rede de nervos que
partem do SNC e se distribuem por todo o corpo (nervos motores) e de nervos que
vêm de todas as áreas do organismo e convergem no SNC (nervos sensitivos).
Naturalmente, existem nervos mistos, cujas características incluem as de todos
os tipos mencionados anteriormente, isto é, conduzem todas as ordens do SNC para
os diversos pontos do corpo e, ao mesmo tempo, transmitem as percepções sensoriais
desses mesmos pontos para o SNC.
Podemos, então, dizer que o SNP (sistema nervoso periférico) compreende
todos os nervos do nosso corpo. Muitos desses nervos têm a sua atuação na
dependência da vontade do indivíduo, revelando ação voluntária. Esses nervos
motores de ação voluntária, juntamente com os nervos sensitivos (que permitem ver,
ouvir, sentir dor, cheiro, gosto, calor ou frio etc.), oferecem ao indivíduo a
possibilidade de se relacionar com o meio ambiente. Por isso, elesformam o que
podemos chamar de sistema nervoso da vida de relação. Este sistema contrasta com
um outro grande número de nervos que atuam sem a consciência ou a vontade do
indivíduo, regulando a atividade de inúmeros órgãos, como o coração, o estômago,
os intestinos, os movimentos do diafragma, as secreções das glândulas salivares,
o diâmetro das pupilas etc. Esses nervos de ação involuntária, que trabalham sem
a pessoa sequer suspeitar, formam em conjunto o sistema nervoso autônomo ou sistema
nervoso de vida vegetativa.
Existem lesões que destroem áreas do SNC, anulando completamente a atuação
do sistema nervoso do sistema nervoso da vida de relação, mas deixando intato o
sistema nervoso da vida vegetativa. Quando isso ocorre, a pessoa deixa de ter
relação com o mundo que a rodeia e passa a uma vida extremamente vegetativa
(osórgãos funcionam bem, mas o indivíduo parece não sentir mais nada, nem responde
aos estímulos externos).
É comum chamar o sistema nervoso da vida de relação de sistema nervoso
somático (do grego soma, “corpo”), o que não nos parece muito lógico, uma vez que
o sistema nervoso autônomo, atuando sobre as diversas partes do corpo, é,
conseqüentemente, também somático.
O sistema nervoso da vida de relação compreende nervos que se originam
diretamente no encéfalo (particularmente, no cérebro, no cerebelo, na ponte ou
protuberância, e, mais numerosamente, no bulbo) e nervos que se originam na medula
raquiana. Distinguimos, então, os nervos cranianos e os nervos raquidianos,
respectivamente.
Denominam-se nervos cranianos aqueles que nascem diretamente do encéfalo.
Nos mamíferos, eles são em número de 12 pares (em outros vertebrados, encontram-se
apenas 10 pares). Alguns são sensitivos; outros, motores; outros, ainda, são
mistos. Todos são catalogados por números. Muitas vezes, faz-se referência a um
determinado par pelo seu número, e não pelo seu nome. Assim, torna-se obrigatório
o conhecimento dos 12 pares de nervos cranianos pelos seus números de ordem:
1) Olfativo (sensitivo): Transmite ao cérebro os impulsos que dão a percepção do
olfato.
2) Óptico (sensitivo): Leva ao cérebro os impulsos que proporcionam as sensações
visuais.
3) Motor ocular comum ou Oculomotor (motor): Movimenta os olhos para cima, para
baixo e para dentro (direção do nariz).
4) Patético ou troclear (motor): Faz os olhos girarem circularmente.
5) Trigêmeo (misto): Percebe sensações da face e atua sobre os músculos da mímica.
6) Motor ocular externo ou Abdulente (motor): Move os olhos para fora.
Facial (misto): Transmite as sensações cutâneas da face e atua também na mímica.
8) Acústico ou Vestíbulo-coclear (sensitivo): Um dos seus ramos leva ao cérebro
impulsos que darão percepções sonoras. O outro leva ao cerebelo impulsos
responsáveis pela noção de equilíbrio corporal.
9) Glossofaríngeo (misto): Transmite os impulsos que dão a percepção do gosto e
movimenta a língua.
10) Pneumogástrico ou Vago (misto): Atua sobre os órgãos torácicos e abdominais
e é o principal nervo do sistema parassimpático.
11) Spinal, Espinhal ou Acessório (motor): Age sobre os músculos dos ombros (bater
de ombros do malcriado).
Hipoglosso (motor): Ajuda o glossofaríngeo na movimentação da língua.
Todos eles atuam sobre órgãos e músculos da cabeça ao ombro. Apenas o pneumogástrico
ou vago se dirige para o interior do corpo e inerva as vísceras, como o coração,
o estômago, o intestino e outros órgãos. Aliás, esse é o único par craniano que
tem atuação involuntária, pertencendo, portanto, ao sistema nervoso autônomo.
Os nervos raquianos nascem todos da medula raquiana, mas dirigem-se para
pontos diversos do corpo, como braços, troncos e pernas. Compreendem 31 pares e
são todos mistos, isto é, transmitem sensações da pele e dos órgãos para a medula,
como transmitem as ordens motoras desta para os músculos.
Cada nervo raquiano contém fibras sensitivas, que trazem para a medula percepções
sensoriais de uma região do corpo, e fibras motoras, que levam da medula estímulos
motores para essas mesmas regiões. Os nervos raquianos emergem da medula por meio
de duas raízes - raiz anterior e raiz posterior -, as quais se juntam logo adiante
formando o nervo propriamente dito.
As raízes posteriores (com fibras sensitivas) são aferentes em relação à
medula, pois conduzem o estímulo no sentido dela. As raízes anteriores (com fibras
motoras) são eferentes em relação à medula, pois levam estímulos que se afastam
dela.
Portanto, na sua maior extensão, cada nervo raquiano encerra fibras
sensitivas e fibras motoras e procede como uma “estrada de mão dupla”. Pelas fibras
sensitivas vêm os estímulos de percepção e pelas fibras motoras vão as ordens de
comando.
Os neurônios de transição (ou associação) podem fazer a ligação entre um
neurônio sensitivo e um neurônio motor:
do mesmo lado e ao mesmo nível da massa cinzenta da medula;
do lado oposto mas ao mesmo nível, na medula (associação cruzada horizontal);
do lado oposto e a outro nível, na medula (associação cruzada vertical);
do mesmo lado e a outro nível (associação vertical não cruzada).
Certamente você já tocou alguma vez um dedo com mais força do que esperava na ponta
de uma agulha. E retirou o dedo bruscamente, com uma rapidez que voluntária ou
conscientemente não lhe seria possível. Esse fato constitui um exemplo de
arco-reflexo. O arco-reflexo é a resposta imediata à excitação de um nervo sem
a interferência da vontade (e, às vezes, até da consciência) do indivíduo.
No exemplo acima, o estímulo correu pelas fibras sensitivas de um nervo
raquiano, contornou a massa cinzenta da medula pelo neurônio de associação e
voltou, pelas fibras motoras do nervo raquiano, atingindo os músculos do braço
e da mão, obrigando-os a se contrair e retirar o dedo da ponta da agulha.
Muitos reflexos se fazem por mecanismo apenas medular. O reflexo rotuliano
ou patelar, que o médico investiga uma pequena pancada no tendão rotuliano (no
joelho), denota através da resposta brusca da musculatura, fazendo o pé chutar
involuntariamente o ar, que os nervos raquianos dessa região, bem como a medula,
estão perfeitos e em bom funcionamento.
Mas alguns reflexos são mais complexos e envolvem estímulos que vão ao córtex
cerebral e dele voltam trazendo ordens para a medula.
Pela análise da figura acima, você pode observar:
As setas 7 e 8 mostram que, ao nível do bulbo, os estímulos provenientes de um
lado do corpo se transferem para o lado oposto do cérebro, assim como as motoras
que vêm de um hemisfério cerebral cruzam, ao nível do bulbo ou da medula, para
o outro lado do corpoNum reflexo que envolva a medula e o cérebro, o estímulo
sensitivo passa de um lado para o outro ao nível do bulbo, mas a resposta motora
que vem do cérebro só reverte para o lado primitivo ao nível da medula.
O Sistema Nervoso Autônomo
O sistema nervoso autônomo ou sistema neurovegetativo é formado por nervos
que trabalham sem qualquer dependência da vontade ou da consciência do indivíduo.
Esses nervos se dividem em dois grandes grupos: o sistema simpático e o sistema
parassimpático. Os dois grupos são antagônicos. No órgão em que os nervos do
simpático agem estimulando, os nervos do parassimpático que ali vão ter agem
inibindo. Em outros órgãos, o parassimpático é excitante e o simpático é inibidor.
O coração é estimulado pelo pelo simpático e inibido pelo parassimpático.
O contrário ocorre, entretanto, no intestino.
Da antagônica dos dois grupos, decorre o equilíbrio funcional do organismo.
Quando um dos grupos fica perturbado, há o desequilíbrio, e as funções orgânicas
começam a apresentar distúrbios. Assim se explicam os distúrbios neurovegetativos,
como taquicardias (palpitações), vômitos, diarréias, alterações da pressão
arterial, da salivação etc.
Os nervos do sistema simpático nascem todos a partir de ramificações
anteriores de nervos raquianos. Já os nervos do sistema parassimpático formam-se,
uns, também a partir de ramificações anteriores de nervos raquianos, enquanto
outros nascem diretamente do encéfalo (são os diversos ramos do pneumogástrico
ou vago).
Os nevos que compõem o SNA (sistema nervoso autônomo) terminam em glândulas
ou em tecido muscular liso. Eles comandam, sem a consciência do indivíduo, a
atividade secretora e os movimentos das vísceras em cuja estrutura existem músculos
lisos.
SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO Pupilas dilata contrai Coração acelera (taquicardia)
retarda (bradicardia) Vasos sanguíneos contrai (a pessoa fica pálida) dilata (a
pessoa fica vermelha) Estômago paralisa excita Intestino paralisa excita
Bexiga relaxa contrai Útero relaxa contrai
Os nervos do sistema simpático anastomoses, reúnem suas raízes e formam os plexos
simpáticos, como o plexo cardíaco (que atua sobre o coração), o plexo solar ou
plexo celíaco (cujos ramos vão dar no fígado, no estômago e nos intestinos) e o
plexo sacro (que age sobre os órgãos urogenitais). Todos esses órgãos também
recebem ramos nervosos do sistema parassimpático.
Sistema muscular
O tecido celular é constituído pôr células alongadas, altamente
especializadas e dotadas de capacidade contrátil, denominadas fibras musculares.
A capacidade de contração das fibras é que proporcionas os movimentos dos membros
e das vísceras do organismo.
As células (fibras) musculares têm nomes específicos para as suas
estruturas. Assim, a membrana plasmática é denominada sarcolema, enquanto o
citoplasma é chamado de sarcoplasma.
Existem três tipos de tecidos musculares: liso, estriado esquelético e
estriado cardíaco.
O tecido muscular liso é constituído pôr fibras fusiformes dotadas de um
núcleo alongado e central. Essas fibras, de contração lenta e involuntária, ocorrem
os músculos eretores do pêlo (na pele), a musculatura do tubo digestivo (esôfago,
estômago e intestino), da bexiga, do útero e dos vasos sangüíneos.
Ex: O movimento peristáticos do esôfago, estômago e intestino decorrem da
atividade de musculatura lisa presente nesses órgãos. Esses movimentos,
involuntários, são responsáveis pelo deslocamento do alimento ao longo do tubo
digestivo.
O tecido muscular estriado esquelético tem fibras cilíndricas, com centenas
de núcleos periféricos. A contração é rápida e voluntária. Essas fibras organizam
os músculos esqueléticos, assim denominados pôr se acharem inseridos no arcabouço
esquelético através dos tendões.
O tecido muscular estriado cardíaco é constituído de fibras com um ou dois
núcleos centrais. Sua contração é rápida e involuntária. Essas fibras organizam
o músculo do coração (miocárdio). Entre uma fibra e outra verifica-se a presença
de discos intercalares, membranas que promovem a separação entre as células.
Curiosidade: Os músculos estriados são às vezes chamados de músculos vermelhos,
devido à presença de um a proteína chamada mioglobina (semelhante à hemoglobina),
de coloração vermelha. A mioglobina funciona como um reservatório de O2 para a
atividade muscular. Em certas partes do organismo (exemplo: peito de peru) a
presença da mioglobina é insignificante, daí a coloração branca da carne. De modo
geral, quando maior a presença de mioglobina, maior a atividade do músculo.
A fibra muscular estriada é envolvida pôr uma bainha de tecido conjuntivo
denominado endomísio. Um aglomerado de fibras forma um feixe muscular. Cada feixe
acha-se envolvido pôr uma bainha de tecido conjuntivo chamado perimísio. O conjunto
de feixes constitui o músculo que, também, acha-se envolvido pôr uma bainha
conjuntiva denominada epimísio.
Nas bainhas conjuntivas existem fibras nervosas e vasos sangüíneos.
O mecanismo contrátil dos músculos
As fibras musculares são dotadas de inúmeras miofibrilas contráteis basicamente
pôr dois tipos de proteínas: actina e miosina.
Na musculatura lisa, as miofibrilas são muito finas e não se organizam em
feixes, de maneira que são dificilmente observadas. Assim, o sarcoplasma
apresenta-se com aspecto homogêneo, sem estrias. É pôr isso que as fibras desse
músculo são denominadas lisas.
Na musculatura estriada, as miofibrilas organizam-se em feixes, delimitando
um intercalamento de faixas claras e escuras, o que confere à fibra um aspecto
estriado. Descrevemos a seguir a estrutura de uma fibra muscular estriada
A fibra estriada é constituída pôr inúmeras miofibrilas contráteis, entre
as quais pode-se
observar a presença de numerosas mitocôndrias.
Cada miofibrila apresenta faixas claras e escuras, de maneira alternada.
As faixas claras apresentam no seu centro uma estria mais escura. As faixas escuras
são maiores e apresentam na região central uma zona mais clara.
A energia para a contração muscular
Os músculos armazenam glicogênio. Através do mecanismo respiratório, as
moléculas de glicose provenientes do glicogênio liberam energia para a síntese
de ATP. A energia liberada pelo ATP permite o deslizamento da actina sobre a
miosina, determinando a contração muscular.
O estoque de ATP nas fibras musculares é, porém, limitado. Quando a atividade
muscular é intensa, esse estoque é rapidamente consumido e, nessas condições, a
energia oriunda do mecanismo respiratório não consegue, normalmente , restaurar
as moléculas de ATP. Ocorre, no entanto, que a fibra muscular contém grandes
quantidades de uma substância orgânica chamada creatina, capaz de ser fosforilada
e armazenar fosfatos de alta energia. Assim, quando o suprimento de ATP diminui,
a creatina-fosfato fornece fosfatos de alta energia para o ADP, o que permite a
rápida formação de novas moléculas de ATP. Quando o músculo se encontra em repouso,
o mecanismo respiratório fornece energia que permite a formação de novas moléculas
de creatina-fosfato.
Considerando o mecanismo contrátil, podemos concluir as seguintes funções
para as substâncias citadas abaixo:
Glicogênio: fonte primária de energia para a contração.
ATP: fonte de energia para a contração.
Creatina-fosfato: reservatório de energia química para a contração.
As células musculares e a fermentação láctea
Em situações de intensa atividade, a musculatura esquelética pode não dispor
de um suprimento adequado de oxigênio para promover a oxidação da matéria orgânica
fornecedora de energia necessária para a ocorrência do mecanismo contrátil. Nessas
condições, as células musculares passam a realizar a fermentação láctica, fato
que lhes acarreta o acúmulo de ácido láctico, substância inibidora da contração
muscular.
O ácido láctico assim formado, porém, será lentamente oxidado até
desaparecer, à medida que o músculo recebe oxigênio. Entretanto, parte do ácido
láctico produzido passa para o sangue; nesse caso conversão em moléculas de
glicose, que serão armazenadas na forma de glicogênio.
Sistema Sensorial
É composto pelos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) com seus
respectivos órgãos (olho, ouvido, nariz, língua e pele) que compreendem o sistema
de percepção do nosso corpo com o meio externo.
Visão
O órgão da visão são os olhos, os globos oculares, situados nas
cavidades orbitárias. Cada um dos dois globos oculares consta de três membranas
superpostas e três meios transparentes. As três membranas do globo ocular são:
esclerótica, coróide e retina. A esclerótica, de natureza fibrosa, protetora do
globo ocular, é vulgarmente chamada “o branco dos olhos”. Apresenta, atrás, um
orifício, por onde passa o nervo óptico. Adiante, transforma-se em uma membrana
transparente, a córnea. A coróide, muito rica em vasos sanguíneos, é nutritiva
do globo ocular, para o qual constitui também uma espécie de “câmara escura”,
necessária na formação da imagem retiniana. Na parte posterior da coroíde, há um
orifício correspondente ao da esclerótica, dando passagem ao nervo óptico. Na sua
parte anterior, em abertura circular, está encaixado um disco diversamente
colorido, a íris, com um orifício central, a pupila ou “menina dos olhos”. A cor
da íris não é uniforme. A íris contém fibras musculares de duas espécias: as fibras
circulares, que, pela contração, diminuem a abertura pupilar e as fibras radiadas,
que a aumentas. A retina forma-se pelo desdobramento do nervo óptico, que penetra
no globo ocular pela sua parte posterior. Há, na retina, a pupila, o ponto cego,
e a mácula lútea. O globo ocular se comporta como uma pequena máquina fotográfica.
Os raios luminosos, partindo dos objetos atravessam a córnea transparente, a
pupila, o humor aquoso, o cristalino, onde se desvia, o humor vítreo e vão atingir
a retina. Sobre a retina forma-se uma imagem diminuta e invertida, é assim que
acontece na máquina fotográfica. O cristalino corresponde à lente da máquina, a
retina o filme que é sensível as impressões luminosas, e a pupila ao diafragma.
As impressões recebidas pela retina são transmitidas através do nervo óptico até
o cérebro, onde ocorrem as sensações visuais. Para que as imagem sejam nítidas
é necessário que se formem exatamente sobre a retina, variando o cristalino, sua
própria curvatura, segundo a maior ou menor distância dos objetos. Essa propriedade
do cristalino chama-se poder de acomodação.
Audição
O órgão da audição é o ouvido, formado externamente pela orelha ou ouvido externo
(órgão de recepção), pelo ouvido médio (órgão de transmissão) e pelo ouvido interno
(órgão de percepção das vibrações sonoras). Os ouvidos médio e interno acham-se
localizados no rochedo do osso temporal. O ouvido externo
é
formado
pelo
pavilhão da orelha e pelo conduto auditivo externo: transmite as ondas sonoras
para o tímpano, membrana que separa o ouvido externo do ouvido médio. Do interior
da caixa do tímpano, entre o tímpano e a janela oval, encontra-se uma cadeia de
três ossinhos: o martelo, a bigorna e o estribo, os quais se articulam entre si.
O martelo encontra-se em parte na membrana do tímpano e o estribo se aplica por
sua base sobre a janela oval. Os ossinhos podem se mover uns sobre os outros, graças
à músculos. O ouvido interno, o labirinto, parte essencial do aparelho auditivo,
compreende o vestíbulo, o caracol, os canais semi circulares existentes no rochedo
encerrando tubos membranosos separados de suas paredes por líquido. São nestes
tubos que se encontram as últimas ramificações do nervo acútico. O caracol vai
ter ligação com a janela redonda; e no vestíbulo é que se acha o órgão de Corti
o aparelho nervoso da audição. Os sons transmitidos pelo conduto auditivo externo
do tímpano fazem essa membrana vibrar. As vibrações são transmitidas ao ouvido
interno, quer pelo ar da caixa, quer pelos ossinhos. O ar da caixa está sempre
com a mesma pressão que o ar exterior, por causa da comunicação da caixa com a
trompa de Eustáquio, a qual se abre em cada movimento da deglutição. As vibrações
transmitidas ao líquido do ouvido interno vão impressionar as células nervosas.
Os ruídos são reconhecidos pelos vestíbulos e os canais semi circulares. O som,
sensação harmoniosa, é percebido pelo órgão de Corti, que o transmite ao cérebro.
Paladar
O órgão principal do paladar ou gosto, é a língua (mais particularmente,
a mucosa que a recobre), através das papilas gustativas. Umas têm a forma comprida
e fina, sendo por isso chamadas papilas filiformes, outras apresentam-se sob o
aspecto de pequenos fungos, particularidades que lhes mereceu o nome de
fungiformes, e ainda outras, cercadas por um valo chamam-se papilas circunvaladas
ou caliciformes. As papilas filiformes acham-se especialmente na ponta da língua;
o resto da superfície é ocupada por papilas fungiformes de mistura com papilas
filiformes; as caliciformes, em númemo de 7 a 12, acham-se perto da raiz da língua.
Além das papilas, encontram-se abaixo da membrana mucosa da língua várias
glândulas. A cada lado do sulco perto da língua há uma glândula de 20mm de
comprimento e 5 a 8 mm da língua. Dentro das papilas caliciformes existem pequenas
glândulas racemosas, que se abrem no interior
das papilas, segregando um líquido aquoso. A sede do gosto, são as glândulas
fungiformes e as caliciformes. Dentro desses órgãos acham-se de mistura com células
meramente mecânicas, destinadas a servir de apoio ás células gustativas. As
substâncias sabor chamam-se sápidas, e as não produzem impressões gustativas
chamam-se insípidas. As diversas sensações gustativas resultam da associação de
quatro sabores fundamentais: sabor doce, percebido pela ponta da língua, sabor
salgado, percebido pela região mediana da língua, sabor amargo, percebido pela
base da língua e sabor ácido, percebido pelos cantos da língua. As impressões
gustativas são associadas às impressões olfativas, de tal maneira que a noção que
temos do gosto dos alimentos resulta da soma destas duas impressões.
Olfato
O sentido do olfato radica numa porção da membrana mucosa, que reveste o
interior das fossas nasais (que comunicam atrás com a boca posterior e a faringe,
na frente com o ar pelas narinas), e conhecida sob a denominação de pituitária.
Esta cobre as fossas nasais em toda a sua extensão: tem cor rosada consistência
e espessura variáveis. Em sua superfície observam-se numerosos orifícios, que são
as aberturas de outras tantas glândulas que segregam o muco. Um corte através da
pituitária
oferece
o
aspecto de todas as mucosas; debaixo do epitélio
acha-se a derme ou o cório mucoso, constituído, como todas as membranas
semelhantes, de tecido conjuntivo, numerosas glândulas, nervos e vasos sanguíneos.
Acha-se na pituitária olfativa propriamente dita, uma mancha amarelada no alto
do nariz. A camada superior se caracteriza por células alongadas, que se apresentam
sob duas formas: uma sãos cilíndricas, emitindo prolongamentos ramificados para
o interior da pituitária e exercendo uma função meramente mecânica; no meio delas
outras fusiformes, compridas, providas de um núcleo redondo e claro e de vários
nucléolos, representado as células olfativas propriamente ditas. Cada uma delas
possui, como nas células gustativas, dois prolongamentos nervosos, dos quais um
sobe à superfície, terminando em várias cerdas olfativas outro desce para o
interior, indo reunir-se ao nervo olfativo. Só a extremidade superior das cerdas
entra em contato direto com o mundo exterior, estando o resto protegido por uma
camada perfeitamente transparente. O órgão do olfato reage a estímulos de origem
química. As partículas odoríferas, emitidas pelos corpos produzem, em contato com
as células olfativas, uma transformação química que se transmite ao cérebro e ali
se manifesta como cheiro.
Tato
Ë um dos cincos sentidos, pelo qual nos pomos em contato com o ambiente e
apreciamos o estado físico dos corpos ( se sólidos, líquidos e gasosos), percebemos
o polido ou a aspereza das superfícies, as formas e as dimensões das coisas, as
variantes de temperatura. Na função de órgão de sentidos, a pele só se exerce em
efetivo contato com os objetos, não atuando à distância, como a vista. Diz-se,
atualmente, que no sentido da pele é o tato. No revestimento cutâneo se reúnem,
porém, quatro sentidos diferentes, posto que atuem muitas vezes associados: o da
pressão, o do frio, o do calor e o da dor.
As
chamadas
sensações
táteis
são quase sempre compostas,
entrando, na sua constituição, dois elementos: pressão e temperatura. Se, ainda
ao tatear, efetuarmos movimentos, ou fazermos esforço, outro elemento não cutâneo,
se associa: o sentido muscular. Quando, finalmente, a pressão se torna demasiado
violenta, ou as variações de temperatura são excessivas, aparece a sensação de
dor, que domina as outras. As quatro modalidades sensoriais não se acham
distribuídas na pele de maneira uniforme e contínua. Cada uma apresenta pontos
precisos e limitados. Por meio de excitações punctiformes, obtidas com o emprego
de agulhas muito finas, ou de pêlos curtos e rígidos, demonstram-se os pontos
correspondentes a cada sentido. O sentido mais grosseiro é o tato. Não obstante,
serve-nos esplendidamente, de muitos modos. É errado dizer que temos um sentido
do tato. Na verdade, este sentido é um
complexo de sentidos. Não é tão sutil e estético como a audição e a visão, mas,
auxilia-npo muito no contato com o mundo exterior. Nas pessoas comuns, que se fiam
mais da vista e da audição, o tato pode ficar um tanto descurado. Revela-se, porém
sua eficiência e sua capacidade educativa, quando faltarem os demais sentidos.
Sistema Circulatório - Sangue
O sangue apresenta-se como um líquido vermelho, variando de tonalidade
segundo o vaso de que provém; escuro, vermelho vivo, se de artéria, dependendo,
a diferença do grau de oxigenação. Viscoso, um pouco mais denso que a água (1,060),
o sangue tem sabor salgado e cheiro de sui generis. A quantidade de sangue numa
pessoa corresponde a 1/13 do peso da mesma, ou seja, se uma pessoa pesa 65 Kg,
terá 5 litros de sangue em seu corpo. Os órgãos que têm mais sangue são - além
do coração e dos grandes vasos - o fígado, os músculos e os pulmões. Possui nada
menos de quatro funções:
Recolher, nos alvéolos pulmonares e nas vilosidades intestinais, o oxigênio e
demais alimentos de que necessitamos, e distribuí-los às células;
Receber, destas mesmas células, as substâncias de dessamilação por elas expelidas
e levá-las a órgãos especiais (pulmão, rins, etc.) que se encarregam de
eliminá-las;
Estabelecer relações entre as várias partes do organismo, distribuindo por elas
os produtos das glândulas de secreção interna;
Auxiliar o equilíbrio da temperatura, e do conteúdo em água, no organismo;
Contribuir para a defesa deste último.
Estrutura do sangue
O sangue é composto de uma parte líquida, o plasma, tendo em suspensão
inúmeros corpúsculos microscópicos, os glóbulos sanguíneos, de que há de três
espécies: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e as plaquetas. Existem ainda no
sangue, dissolvidos ou combinados, três gases, o oxigênio, o azoto e o anidrido
carbônico.
Glóbulos vermelhos
Os glóbulos vermelhos, hemáceas ou eritrócitos, são os mais numerosos no
sangue, pois existem na proporção de 5 milhões por milímetro cúbico de líquido.
Na mulher esse número é 4 milhões e 500 mil, ao passo que alcança no recém nascido
5 milhões e 600 mil. A superfície das hemáceas no corpo é de 1.500 vezes maior
do que o mesmo. Extensão que facilita o intercâmbio gasoso entre os glóbulos e
o plasma.
Têm nos glóbulos vermelhos a forma de pequenos discos, escavados no centro.
São perfeitamente elásticos, podendo deforma-se transitoriamente, para passar nos
mais finos capilares. Medem, no sangue circulante, pouco mais de 8 mícrons de
diâmetro, e, quando fixados nas preparações, 7 mícrons.
As hemáceas são desprovidas de núcleos. A sua forma é a mesma, na grande
maioria dos mamíferos. Isoladas, as hemáceas parecem amarelas; reunidas são
vermelhas. Cada glóbulo vermelho consiste em uma rede de proteína, contendo uma
substância, a hemoglobina.
A hemoglobina, substância essencial das hemáceas, resulta da combinação de
uma proteína, a globina, com um pigmento, a hematina, que contém ferro. Em toda
a massa do sangue, há cerca de 3 gramas desse metal. A hemoglobina tem a propriedade
de combinar-se facilmente com o oxigênio, dando oxiemoglobina. É uma reação que
passa nos pulmões, pela qual o sangue venoso transforma-se em sangue arterial.
A oxiemglobina não é um composto muito estável, pois facilmente deixa em liberdade
o oxigênio, voltando a hemoglobina. Assim como existe a o oxiemoglobina, tem a
carboxiemoglobina, que é formando por óxido de carbono e hemoglobina e é um composto
muito mais estável, que quando está neste estado é inutilizável.
A função das hemáceas consiste em transportar oxigênio aos pulmões e aos
tecidos. Passando o sangue pelos alvéolos pulmonares, a hemoglobina combina-se
com o oxigênio inspirado, transformando-se em oxiemoglobina. Nos órgãos, o
oxigênio abandona a hemoglobina, que assim libertada, volta aos pulmões. A
proporção de anidrido carbônico no sangue tem influência sobre a afinidade da
hemoglobina: no pulmão, afastado o anidrido carbônico, a hemoglobina combina-se
mais facilmente com o oxigênio; nos órgãos, enriquecendo o sangue de anidrido
carbônico, o oxigênio se desprende da sua combinação.
As hemáceas são formadas na medula vermelha dos ossos. Funcionam elas por
um período que não está ainda bem determinado, mas próximo de dois meses. De
qualquer modo, parece que, em cada período de trinta ou cinqüenta dias, todas as
hemáceas são renovadas.
Sua destruição se faz, ou no sangue, sendo elas devoradas por glóbulos
brancos, ou, principalmente, no fígado e no baço. A hematina, libertada pela
destruição das hemáceas, vai constituir a bilirrubina, pigmento biliar.
Glóbulos brancos
Os glóbulos brancos ou leucócitos, são elementos maiores que as hemáceas, mas em
quantidade muito menor, pois em cada milímetro cúbico de sangue há deles,
aproximadamente, oito mil. Incolores, desprovidos de membrana, têm núcleo mais
ou menos irregular. Distribuem-se em dois grupos: os polinucleares e os
mononucleares.
Os glóbulos brancos apresentam diversas propriedades. Uma delas é a de emitir
prolongamentos, ou pseudópodos, com que efetuam movimentos amebóides, chegando
a abandonar o sangue e imiscuir-se nos tecidos. São ainda capazes de englobar
células ou partículas estranhas, propriedade denominada fagocitose, chamando
fagócitos os glóbulos brancos que a possuem. Os neutrófilos são os micrófagos do
organismo, ao passo que os monocelulares e as células do retículo endotelial são
os macrófagos.
Os leucócitos também fabricam fermentos vários, proteolíticos e lipolíticos, e
uma plasmase, que desempenha papel importante no fenômeno da coagulação do sangue.
Mereceram, por isso, o nome de glândulas unicelulares circulantes.
Plaquetas
As plaquetas são glóbulos pequeníssimos, de 2 a 3 mícrons de diâmetro, incolores,
ovóides ou esféricos, tomando freqüentemente, nas preparações, formas estreladas.
Seu número, muito variável, é, em média, de 300 mil por milímetro cúbico. Supõe-se
que provenham da fragmentação de certas células da medula óssea, ou mega
carióticos. A função das plaquetas ainda não está esclarecida. No fenômeno da
coagulação do sangue, atuam como auxiliares. O sangue, sem elas, se coagula, mas
muito lentamente.
Plasma
O plasma é a parte líquida do sangue. A água entra na sua constituição, em
proporção vizinha de 90%. Os outros 10% são representados por substâncias sólidas
em dissolução. Destas, a maior parte cabe às proteínas, há cerca de 7% de protéicos,
em que se incluem o fibrinogênio (desempenha papel essencial na coagulação do
sangue), a soroalbumina e a soroglobulina.
Encontram-se ainda, no plasma, substâncias azotadas mas não protéicas, que
podemos dividir em duas classes: na primeira acham-se os ácidos aminados, e outros
corpos azotados, originários dos alimentos protéicos, que, absorvidos no
intestino, vão entrar na resconstituição celular; na segunda, estão os produtos
de desintegração das células, como a uréia, o ácido úrico, a creatinina, o amoníaco.
Algumas destas substâncias às vezes se acumulam demais no sangue, produzindo
fenômenos mais ou menos graves (uremia, uricemia).
Os corpos orgânicos não azotados são a glicose (0,1%) e uma pequena
quantidade de gordura, sempre um pouco mais elevada após as refeições. Encontra-se
ainda cerca de 1% de substâncias minerais, moemente de cloreto de sódio, que
representa mais da metade dessa proporção. Vem, após, o bicarbonato de sódio,
formando a chamada reserva alcalina, utilíssima na função de manter constante a
reação com o sangue.
Um importante grupo de substâncias, os hormônios, produzidos pelas glândulas
de secreção interna (tireóide, supra-renais, etc.) são, por estas, lançadas
incessantemente na torrente circulatória. Ainda figuram no plasma certos produtos
de reação das células, os anticorpos.
Gases do sangue
Encontram-se no sangue três gases: o oxigênio, o anidrido carbônico e o azoto.
Cem volumes de sangue arterial contém, aproximadamente, 20 volumes de oxigênio
e 43 de anidrido carbônico; a mesma quantidade de sangue venoso contém 12 de
oxigênio e 50 de anidrido carbônico. O azoto existe em ambos na proporção de 1
volume por 100.
O oxigênio encontra-se em combinação, formando a oxiemoglobina. A afinidade
da hemoglobina para com o oxigênio é favorecida por duas circunstâncias: a
diminuição do anidrido carbônico e a grande tensão do próprio oxigênio. No pulmão,
essas duas circunstâncias se realizam: o sangue perde anidrido carbônico, e, ao
mesmo tempo, se pões, através da parede alveolar, em contato com a atmosfera, rica
em oxigênio. Daí a facilidade com que se forma a oxiemoglobina. Nos tecidos ocorre
justamente o inverso: o sangue entra em contato com os tecidos, pobres em oxigênio
livre, e ao mesmo tempo se enriquece com o anidrido carbônico. A reação se dá,
por isso, em sentido oposto, liberando oxigêniol
O anidrido carbônico encontra-se em parte dissolvido no plasma, em parte
no estado de combinação química com álcalis do plasma, das proteínas e da
hemoglobina.
O azoto do sangue só existe dissolvido no plasma.
Sangue Arterial e Sangue Venoso
O sangue sai dos órgãos relativamente pobre em oxigênio e rico em anidrido
carbônico: é o sangue venoso, vermelho-escuro. Ao passar pelos pulmões, dá-se nele
o fenômeno da hematose, pelo qual a hemoglobina fixa o oxigênio, sendo o anidridro
carbônico em parte eliminado: o sangue se torna vermelho-vivo, é desde então
arterial.
Coagulação
sangüínea
Quando se corta um vaso sangüíneo de pequeno calibre, o sangue, que começa
a escorrer, logo se estanca. À maneira de uma rolha, o coalho que se forma obstrui
a abertura do vaso. A coagulação protege, pois, o organismo, impedindo a
continuação da hemorragia, cujo êxito seria letal.
Qual o mecanismo da coagulação? Para explicá-lo, vejamos o que se passa
quando retiramos, de um animal, sangue ainda líquido, e o deitamos num vaso. Ao
fim de algum tempo, o sangue se solidifica em um todo escuro, que logo se retrai,
expulsando um líquido amarelo, o soro, e deixando depositar no fundo do vaso, uma
massa vermelho-escura, o coalho. O coalho é constituído de uma rede - rede de
fibrina - tendo nas malhas os glóbulos sanguíneos. Os filamentos de fibrina, logo
depois de formados, se retraem, e se estendem, por exemplo, de um a outro lábio
da ferida, contribuem para o fechamento desta.
No sangue circulante há, em dissolução no plasma, uma substância protéica,
denominada fibrinogênio. Logo que o sangue deixa os vasos, um fermento se gera,
a trombina, que que transforma o fibrinogênio em uma substância insolúvel, a
fibrina. É com essa fibrina, que parte essencial do coalho, que se constitui, então,
a rede solida, a qual, ao cair para o fundo da vasilha, leva consigo os glóbulos
sangüíneos . Quanto ao soro, parte liquida do sangue coalhado, é ele o próprio
plasma do sangue circulante, menos fibrinogênio, que, transformado em fibrina,
se fez solido. Os glóbulos não fazem parte essencial do coalho, e , por artificio
de laboratório, podem mesmo separar-se deste. Espontaneamente, os glóbulos
vermelhos não são capazes de abandonar o coalho e invadir o soro. Os glóbulos
brancos o fazem, graças aos seus movimentos amebóides
Sistema ABO
Sistema de classificação do sangue em relação à presença ou ausência das
aglutininas anti-A ou anti-B e dos aglutinogênios A e B.
Anticorpos e antígenos do sistema ABO
Com relação ao sistema ABO há quatro tipos de sangue: A, B, AB O. Esses tipos são
caracterizados pela presença de determinados antígenos na membrana das hemáceas,
os agutinogênios e pela presença de anticorpos, as aglutininas, no plasma
sangüíneo.
Existem dois tipos de agutinogênio, A e B, e dois tipos de aglutinina, anti-A e
anti-B. Pessoas do tipo A possuem aglutinogênio A nas hemáceas e aglutinina anti-B
no plasma; as do grupo B tem aglutinogênio B nas hemáceas e aglutinina anti-A no
plasma; as do grupo AB tem aglutinogênios A e B nas hemáceas e nenhuma aglutinina
no plasma, e as do grupo O não tem aglutinogênios nas hemáceas, mas possuem as
duas aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma.
Transfusões permitidas
As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sangüíneas ocorrem quando
a pessoa que possue determinada aglutinina recebe sangue com aglutinogênio
correspondente. Por exemplo, a pessoa de tipo A tem aglutinina anti-B. Por isso
ela não pode receber sangue tipo B nem sangue tipo AB que contém aglutinogênio
B.
Pessoas do tipo AB podem receber qualquer tipo de sangue porque não possuem
aglutininas no plasma. Por isso elas são chamadas receptoras universais. Pessoas
do grupo O, por outro lado, podem doar sangue para qualquer outra pessoa porque
não possuem aglutinogênio A nem aglutinogênio B em suas hemáceas. Por isso elas
são denominadas doadoras universais.
Alelos do sistema ABO
Os quatro fenótipos do sistema sangüíneo ABO são determinados em uma série de três
alelos IA, IB e i. Trata-se, portanto, de um caso de alelos multiplos. Os alelos
IA, IB determinam a presença dos aglutinogênios A e B, respectivamente, e o alelo
i condiciona a ausência de aglutinogênio. Assim as pessoas com genótipo IA IA ou
IA i produzem apenas aglutinogênios A, e são do tipo A. Pessoas com genótipo IB
IB ou IB i produzem apenas aglutinogênios B, e são do tipo B. Pessoas do genótipo
IA IB produzem os dois aglutinogênios e são de tipo AB. Pessoas com genótipo i
i não produzem aglutinogênios e são do tipo O. Os alelos IA e IB são denominados
co-dominantes pelo fato de ambos se expressarem nos heterozigóticos IA e IB. Já
o alelo i é recessivo em relação aos outros dois.
Sistema Rh
Landsteiner, que já havia descoberto a existência do sistema ABO, realizou um
experimento que permitiu desvendar a existência do sistema Rh de grupo sangüíneo
na espécie humana.
Hemáceas do pequeno macaco conhecido como reso (Macaca rhesus) foram injetadas
em coelhos, o que provocou a formação de anticorpos específicos. Estes reagiam
contra o fator presente nas hemáceas do macaco (fator Rh, de rhesus) e foram
denominados anticorpos anti-Rh. Ao serem misturados com sangue de diversas
pessoas, os anticorpos anti-Rh provocaram, em 85% dos casos, forte reação de
aglutinação. Por isso, essas pessoas foram chamadas Rh positivas ( Rh+), para
indicar a presença do fator Rh em suas hemáceas. O sangue de cerca de 15% das pessoas
testadas não reagia com os anticorpos anti-Rh, e por isso elas foram denominadas
Rh negativas (Rh-), para indicar a ausência do fator Rh em suas hemáceas.
Os anticorpos anti-Rh não existem naturalmente no sangue das pessoas, como ocorre
com os anticorpos anti-A e anti-B. Os indivíduos Rh- somente produzem anticorpos
anti-Rh, quando recebem sangue Rh+. Já as pessoas Rh+ nunca produzem anticorpos
anti-Rh.
Teste do fator Rh no sangue
A determinação do tipo sangüíneo para o sistema Rh é feita adicionando-se ao sangue
examinado um pouco de soro com anticorpos anti-Rh purificados. Caso o sangue
aglutine em contato com o soro, o indivíduo testado é Rh+, se não houver
aglutinação, ele é Rh-.
Alelos do sistema Rh
Os tipos sangüíneos do sistema Rh são determinados por um par de alelos ( R e r
) com dominância completa. Pessoas portadoras do alelo dominante ( RR ou Rr) têm
fator Rh em suas hemáceas, e são Rh+; os homozigóticos recessivos ( rr ) não têm
fator Rh, e são Rh-.
Fator Rh e eritroblastose fetal
Pessoas Rh- produzem anti-Rh ao receber sangue Rh+. No caso das mulheres isso pode
ocorrer também quando elas geram filhos Rh+ devido a rupturas na placenta durante
a gravidez e principalmente na hora do parto, com passagem de hemáceas da criança
para a circulação materna. A destruição das hemáceas leva a anemia, e o
recém-nascido apresenta icterícia devido ao acúmulo de bilibubina. Como resposta
a anemia são produzidos e lançados no sangue os eritroblastos
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