SAMUEL GALBUSERA Falecido no dia 22 de março de 1960 Dados de sua ficha do arquivo inspetorial da MSMT: Filho de José Galbusera e Agnese Fumagalli, nasceu e foi batizado no dia 20 de junho de 1879 em Rimoldo, diocese de Milão, Itália. Freqüentou o colégio salesiano de Sampierdarena, onde entrou no dia 8/8/1899. Fez o noviciado em Lombriasco em 1903; nesse ano recebeu a batina das mãos do P. Miguel Rua. No final do seu noviciado fez a profissão no dia 29 de setembro de 1904. Iniciou nesse mesmo ano a filosofia em Ivrea; a seguir é enviado para Portugal onde cursa em 1905 o 2° ano de filosofia em Braga. Aí mesmo de 1906 a 1907 fez o Tirocínio e de 1908 a 1909 fez o 1° e 02° anos de teologia. A seguir retorna a Itália onde em 1910 fez o 3° ano de filosofia em Foglizzo Canavese. Em 1911 é enviado ao Brasil onde conclui em Campinas seus estudos teológicos. É ordenado sacerdote no dia 23 de setembro de 1911. Como naquele tempo o salesiano deveria lecionar nos colégios, o Pe. Samuel era habilitado como professor de Latim, Matemática e História Universal. Possuia qualificação também em horticultura e fruticultura o que lhe serviu muito em sua vida missionária aqui no Brasil. Este foi o seu currículo, ou seja, as casas em que trabalhou durante a sua vida salesiana: 1905-1907: Tirocínio em Braga(Portugal). 1912-1915: Assistente e professor em Campinas no Liceu N.S.Auxiliadora. 1916: Assistente e professor em Aracaju, Sergipe, no Colégio N.S.Auxiliadora. 1917-1919: Assistente e professor em Tebaida, Sergipe, na Escola Agrícola. 1920-1921: Assistente e professor em Lorena, São Paulo, na Escola Agrícola José Vicente. 1922-1923: Pároco em Virgínia no Espírito Santo. 1924-1937: Adido ao Arcebispo de Goiás Velho, Goiás, Dom Emanuel Gomes de Oliveira e contemporaneamente Pároco em Goiás Velho. 1937-1938: Prefeito (Ecônomo) em Silvânia, Goiás, no Ginásio Anchieta. 1938-1939: Pároco da Paróquia Santo Antônio em Campo Grande, MS. 1940-1942: Diretor da Missão de Meruri. 1942-1943: Pároco e diretor em Ponta Porã e Campo Grande, paróquia São José. 1943-1944: Reitor do Santuário Dom Bosco em Goiânia, Goiás. 1944-1948: Confessor no Ginásio Anchieta de Silvânia, Goiás. 1948-1960: Confessor no Instituto São Vicente, Campo Grande onde faleceu no dia 22 de março de 1960 às 14 horas. Informações de una carta do então secretário Inspetorial, Pe. Giovanni Zerbini ao Pe. Zanella, parente do Pe. Samuel: “Não convivi na mesma casa com o Pe. Samuel, pois quando cheguei no Brasil iniciei meu trabalho sacerdotal no Seminário Diocesano de Campo Grande, distante cerca de três kms do Instituto São Vicente (naquele tempo noviciado e filosofia) onde o Pe. Samuel vivia. Uma vez por mês, por ocasião do Exercício da Boa Morte (Retiro Mensal), ele vinha pontualmente para atender às confissões dos seminaristas e salesianos. Chegava de jeep, carro pouco confortável, mas o único capaz de enfrentar as estradas daquele tempo. Era alegre e amavelmente brincava com todos, também com o último que chegou da Itália, lombardo como ele. Era fácil fazer amizade com o Pe. Samuel; pois era jovial e alegre não obstante seu aspecto austero que faziam-no se assemelhar a um asceta habituado a longas penitências e jejuns. Era magro, alto, rude, queimado de sol. Mãos grossas e calosas. Verdadeiro asceta salesiano, que aposentado (!) após quarenta anos de intenso apostolado na escola e na paróquia, dedicava seu tempo livre a cultivar um pedaço de terra transformado em fértil horta que fornecia abundante verdura aos noviços e estudantes de filosofia. Ele que no confessionário tinha sempre uma palavra serena e segura para os seus penitentes, fruto de grande experiência com as almas juvenis e adultas, transformava-se num trabalhador incansável, sem meios mecânicos, pois amava a terra, usando enxada, rastelo, pá, carrinho de mão que empurrava cheio de esterco. Era um grande asceta salesiano. Sua batina já remendada tantas vezes, desbotada pelo tempo e pelo sol, seus sapatos grosseiros para se defender da lama e dos insetos; sempre empurrando sua carriola, sempre com o enxadão nas mãos, sempre atento para controlar as pragas dos tomates, sempre com o regador nas mãos para irrigar os canteiros ressecados pelo quente sol tropical; sua alegria era levar para as irmãs da cozinha as cestas cheias de fresca e abundante verdura. Era brincalhão e jovial. Nas reuniões comunitárias, nas festividades salesianas, não faltava sua voz de poeta e humorista. Seus versos não obedeciam a métrica clássica e menos ainda a moderna.. .mas era o Pe. Samuel que sabia provocar o riso e manter a alegria com suas piadas, comentários e definições engraçadas. Este é o P. Samuel que eu conheci e que se apagou, aos oitenta anos, nesta terra tão generosa, mas que requeria, especialmente naqueles tempos, salesianos de fibra para não se deixar vencer pelas insídias dos homens e das intempéries. Um dia perguntei a ele porque usava uma batina tão velha, com botões pintados de preto para cobrir os antigos de cor roxa. Era uma lembrança do seu caro amigo, arcebispo de Goiás Velho e salesiano Dom Emanuel Gomes de Oliveira, homem nobre, imponente e finíssimo, com quem tinha vivido muitos anos, num serviço dedicado e gozando de sua intensa amizade. Padre Sarnuel soube viver e fazer-se amar em ambientes onde, às vezes, exigiam uma certa diplomacia. Seu lado brincalhão ele o reservava para momentos mais íntimos e familiares em sua comunidade salesiana.” Dados para o necrológio: 20/06/1879 – Rimoldo-Milão-Itália 22/03-1960 Campo Grande – MS 56 anos de profissão e 49 de sacerdócio 80 anos de idade