Mas afinal, o que é marketing? Essa é uma pergunta cuja resposta está na ponta da minha língua. No entanto, para a sociedade em geral, há uma visão muito distorcida, que distância do seu conceito correto e também de sua prática. É comum observarmos pessoas se referindo ao marketing com um tom pejorativo, associando-o somente a propaganda, publicidade, vendas e, o que é pior, a “enrolação” e enganação – como se o marketing fosse uma ferramenta para ludibriar as pessoas, mascarando um defeito de um produto, ajudando a eleger um candidato ruim ou induzindo o consumidor na compra de um produto. Infelizmente sempre escuto coisas do tipo: “Ah, Fulano não sabe nada, ele é só marketing”. Ou, “Esse produto não é bom, é só fruto do marketing”. E ainda, “Aquele candidato só ganhou por causa do seu marketeiro”. Recentemente a Revista IstoÉ publicou uma matéria sobre o pré-sal que dizia: “Lula faz marketing com exploração de petróleo, que só será possível em 2010 e com gasto de US$ 1 trilhão”, associando o marketing a um mero espetáculo criado pelo atual Presidente para ganhar popularidade – mais uma vez o marketing é colocado como uma “máscara” sobre a verdade. Até o consagrado Arnaldo Jabor há pouco tempo, em seu comentário matinal na Rádio CBN, se referiu ao marketing com um tom pejorativo, ao criticar o Presidente da República. Segundo o Professor Raimar Richers, grande defensor do marketing e grande autoridade no assunto, nem mesmo a igreja está isenta do preconceito, como demonstrou a afirmação de um arcebispo, em uma entrevista concedida em setembro de 1996 para o Jornal O Estado de S. Paulo: “A Igreja católica não fará do imediatismo, do escapismo, das estratégias de hipnose coletiva, do marketing, do ilusionismo, meios para firmar a fé e os valores éticos da vida humana”. Observem que até pessoas cultas têm uma visão equivocada do conhecimentos. marketing – imaginem os mais desprovidos de Entendendo o significado de Marketing Na verdade, o marketing é muito diferente de tudo isso. A expressão anglo-saxônica marketing vem do inglês e deriva do latim mercátus. Em português significa mercadologia, comercialização ou ação de mercado. Segundo Bartels, outra referência no assunto, a origem da palavra marketing tem a sua acepção entre os anos de 1900 e 1910, através de publicações sobre práticas do comércio e distribuição. No entanto, os primeiros conceitos básicos de marketing nasceram entre as décadas de 10 e 40, no século passado, sendo alicerçados com o nascimento do Journal of Marketing e da American Marketing Association, na década de 30, porém, nessa época seus conceitos eram muito limitados à distribuição e o comércio. No entanto, foi a partir da década de 50 que o conceito moderno do marketing surgiu motivado pelas transformações sociais da época – pósguerra e o aumento da industrialização e da competição. Aumentava o poder do cliente, pois este agora detinha o poder de escolha. Adam Smith já dizia, em 1776, que o consumo é o único objetivo e propósito de toda a produção; ao passo que o interesse do produtor deve ser atendido somente na medida em que possa ser necessário promover o interesse do consumidor. O princípio é tão óbvio que seria absurdo tentar demonstrálo. Vê-se que o (verdadeiro) marketing se preocupa em satisfazer necessidades e não em “cria-las”. Portanto, o marketing não é um vilão, ele é uma ferramenta importante para o equilíbrio social. Para a American Marketing Association, o marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado. Quanto à área de estudo do marketing, as opções giram em torno de algumas áreas específicas, a saber: Economia, Sociologia, Comunicação e Administração. A Sociologia é considerada ciência pura ou básica, apesar do marketing utilizar as leis desta para atingir seus objetivos não seria coerente classificá-lo como disciplina da Sociologia, visto que possui um componente muito pragmático. Tal componente é o mesmo que a faz distinta da Economia, pois o marketing apesar de utilizar suas leis, aplica componentes de outras áreas de estudo. Com relação à Comunicação também não pode ser, pois apesar do marketing utilizá-la em sua prática, ela por si só não contempla outros aspectos primordiais do marketing, como preço, distribuição e produto. Também não se justificaria classificar o marketing como disciplina autônoma, pois a mesma não teria características suficientes para tal. Diante do exposto a área que mais se aproxima é a Administração, pois é esta disciplina que possui todos os elementos – teóricos e práticos – para absorver o marketing como área de estudo. Autor: Prof. Dr. André Carneiro Fonte: Portal Administradores Com base no texto, responda: 1) Afinal, o que é marketing? 2) Na sua visão, como o marketing pode auxiliar a logística? 3) Por que o marketing é mais do que uma simples propaganda na TV? 4) Qual a importância do marketing em uma empresa?