Luciano Reis MAESTRO FERNANDO CORREIA MARTINS O Homem e o Músico Fonte da Palavra 1 Prefácio Fernando Correia Martins, amigo de quem guardo saudades cobertas da sua bondade, correcção e competência profissional, pertence ao grupo de músicos da minha terra de elevado conhecimento e low profile. Trabalhei longamente com ele e pude beneficiar da sua sabedoria, sempre transmitida como quem pede desculpa. Acompanhou-me de forma muito diversa, ora tocando violino – instrumento em que era exímio executante, guitarra-eléctrica ou acústica e baixo-eléctrico. Sempre discreto, eficaz, sugerindo melhorias no trabalho colectivo comprovado nos meus discos “Um Homem no País” e “Ao Vivo na Ópera de Frankfurt”, onde a sua participação atinge um patamar de excelência. Do ponto de vista humano gostaria de sublinhar o seu carácter afectivo e bondoso. Quando nos cruzávamos tínhamos o hábito de nos beijar como dois familiares. Pessoas como o Fernando passam pela vida de uma forma discreta mas ajudamnos a sermos melhores. Carlos do Carmo 17/03/2010 2 Introdução Fernando Correia Martins faz parte das figuras cimeiras da cultura musical portuguesa. Como intérprete, compositor, chefe de orquestra, orquestrador, produtor discográfico, Correia Martins marcou um destaque que me orgulho de assinalar. Desde criança adiantou-se no tempo, nos espaços, na ousadia, na lealdade, na lucidez e nos sentimentos que o levaram a viver a música, como se de uma missão se tratasse. Detentor de virtudes especiais e únicas, associadas à virtuosidade do seu trabalho, foi capaz de transmitir aos outros o fruto do seu trabalho com capacidade, apreço e paixão. Maestro Correia Martins, uma pessoa com imensa sensibilidade, bom-gosto, educação, personalidade e talento. Um homem para quem os bons intérpretes da Música e do Teatro tinham sempre um espaço especial no seu coração. Não podemos esquecer que o Fernando foi um dos fundadores da companhia do teatro Adoque, em 1975, com Francisco Nicholson, Braga Santos, Henrique Viana, Fernando Lima, Magda Cardoso, Gonçalves Preto, Ermelinda Duarte e Celso Sacavém. Um espaço em perfeita comunhão com a música, o teatro e outras artes do espectáculo. Fernando Correia Martins nasceu em Aveiro no dia 23 de Novembro de 1936 e faleceu em Lisboa a 28 de Março de 2009. Tirou o curso de violinista na Academia dos Amadores de Música com o professor Fernando Cabral, estudando ainda com Fernando Lopes-Graça e Francine Benoit. Fez o seu “aperfeiçoamento” com o “mestre d’arco” soviético Maxim Jacobsei, ingressando na Orquestra de Instrumentos de Câmara da Emissora Nacional onde, um ano depois, é convidado como violinista-concertino da Orquestra Ligeira da mesma emissora, permanecendo aqui doze anos como “solista”. Como chefe de orquestra, orquestrador e produtor discográfico, associou-se a cerca de 500 discos gravados. Neste sector foi responsável pela edição de trabalhos discográficos de conceituados nomes do nosso universo musical, nomeadamente, entre muitos e muitos outros, da Simone de Oliveira, Nicolau Breyner, Marco Paulo, Dulce Pontes, Alexandra, António Mourão, António Sala, Clemente, Gabriel Cardoso, Manuela Bravo, Maria Armanda, Grupo Maranata, Maria Guinot, Paulo Alexandre, Sérgio & Madi, Carlos do Carmo, Vasco Rafael e da Marina Mota, para quem em 2006, orquestrou e compôs alguns temas do CD, intitulado “Estados D’Alma” . 3 Foi autor de música para teatro em cerca de 30 Revistas à Portuguesa, estreadas a público em espaços tão diversos, como o Teatro Adoque, Teatro Monumental, Teatro ABC, Teatro Maria Matos, Teatro Variedades e Teatro Maria Vitória. Neste teatro iniciou o seu trabalho em 1985 a convite do autor e encenador Henrique Santana, que se prolongou até 2008, num total de 12 produções. Aliás dos muitos prémios e homenagens que lhe foram prestadas a última foi por intermédio do empresário Hélder Freire Costa, que no dia 27 de Março de 2009, integrado no Dia Mundial do Teatro, lhe entregou o prémio “Máscaras de Teatro”, numa consagração dos seus 50 anos de actividade musical como profissional. O Quinteto Correia Martins, com executantes de primeira linha, excelentes músicos, alegres, contagiantes e versáteis deram categoria à noite lisboeta. Ganhou o 1º prémio como orquestrador no Festival da Canção em 1979, com o tema “Sobe-Sobe, Balão, Sobe”, acompanhando a intérprete Manuela Bravo ao Festival da Eurovisão em Jerusalém (Israel). Neste Festival os Chefes de Orquestra e Maestros Israelitas fizeram greve e ele, entre 40 Chefes de Orquestra de todo o mundo, foi o convidado do governo israelita para dirigir este certame, convite esse que lhe valeu uma Condecoração Estatal. Foi director musical, compositor e orquestrador no Festival OTI em 1989, no Teatro de São Luís, em Lisboa, e nos Festivais da Canção RTP de 1990, 91 e 92, neste último ano, dirigindo a Orquestra da RAI, em Roma, acompanhando Dulce Pontes. Em 1980 foi director musical, compositor, orquestrador e chefe de orquestra da opereta “A Invasão”, produzida por Sérgio de Azevedo e encenada por Nicolau Breyner, estreada no Teatro da Trindade, em Lisboa, e ainda produtor da peça “A Severa”, baseada no obra de Júlio Dantas, com versos de Rosa Lobato Faria, apresentada ao público no Teatro Maria Matos, Lisboa, em 1990. Em 1981 ganhou o Prémio Nova Gente como o “melhor maestro”. Em 1982 ganhou o Troféu Rádio Renascença como o melhor orquestrador em “disco” com o trabalho “Bailadinho & Outros Amores”. De 1990 a 1994 foi um dos “dois directores” da Orquestra da RDP. Teve uma forte participação nas Marchas Populares de Lisboa e de Almada, ganhando com Rosa Lobato Faria, em 1989, este concurso em Lisboa. Em cinco anos consecutivos, de 2003 a 2007, ganhou o Prémio de Musicalidade das Marchas Populares da capital. Foi o director de orquestra dos Espectáculos de Homenagem dos 50 Anos de Carreira da Anita Guerreiro, da Maria José Valério, do Artur Garcia e dos 60 Anos de Carreira de Deolinda Rodrigues. Trabalhou intensamente como compositor, orquestrador e director musical dos programas televisivos de “Marina Mota Produções”. Colaborou em diversos programas musicais, como por exemplo, “Deixem Passar a Música”, “Grande Noite”, “Tonicha 78”, “Festival da Canção de Lisboa”, “Carlos Quintas Canta Lisboa”, “Festivais RTP da Canção”, “Sábado à Noite”, “Piano Bar” e “Notas Soltas”. 4 Posto isto, façam o favor de ler esta modesta biografia sobre o Fernando Correia Martins, porque como nos fala o Carlos do Carmo no Prefácio deste obra: - “Pessoas como o Fernando passam pela vida de uma forma discreta mas ajudam-nos a sermos melhores”. Acredito que o Maestro Fernando Correia Martins tinha da vida terrena uma verdadeira noção do seu significado. Acredito que não se perdeu em ninharias, porque sabia que a vida era muito mais do que isso. Acredito que a vida é muito mais que uma “morte terrena” e que por isso, o seu Amor pela música o leve, no espaço onde agora se encontra, a dirigir uma orquestra com talento superior, abrindo as mãos e os braços para o ensinamento das notas e compassos que possam despertar os corações numa vibração harmoniosa, cheia de amor e projectos de alegria e de paz. A música do Fernando tem agora a força da espiritualidade que nos pode ajudar a desenvolver nossas almas, crescer, participar e amar cada vez mais. Irmão até sempre e obrigado por me ter sido permitido falar de ti… Luciano Reis, Janeiro de 2011 5 1. NASCER PARA A MÚSICA Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música. Aldous Huxley 6 Fernando Correia Martins1, de seu nome completo, Fernando Domingos Marques Correia Martins, filho do músico profissional, Manuel Correia Martins e de Elisa Maria Marques Martins, nasceu em Aveiro, no dia 23 de Novembro de 1936. O nascimento nesta cidade deu-se por mero acaso, pois o pai do Fernando encontrava-se aqui a dirigir uma revista no Teatro Aveirense2, tendo na altura, mandado vir a mulher, da residência do casal, sita na Rua do Almada, nº 321, 1º Esquerdo no Porto, para apoiar o nascimento do filho e para também ser ajudada por uns tios do nosso biografado que nesse tempo viviam em Aveiro. Após o décimo quinto dia do seu nascimento regressa ao Porto, fadado para o aperfeiçoamento do gosto musical. Desde os seus três anos que o pai o começou a habituar a ouvir música. A sua mãe levava-o, muitas vezes, da parte da tarde, ao Café Guarany3, para assistir a concertos de música por orquestras em que o pai fazia parte. Para além desses agrupamentos musicais, o pai também era contrabaixista da Orquestra Sinfónica do Sindicato do Porto. Fernando tinha por ele uma enorme admiração, carinho e respeito. Diversas vezes dizia que “o meu pai era um músico e um executante bastante versátil, tocando bastante bem acordeão, piano e banjo-de-acordes, que se usava muito naquele tempo nas orquestras. Também durante toda a sua vida foi arranjador e compositor. Talvez uma das mais célebres músicas que fez, foi «Os Pintados de Fresco»”. Quando o Fernando fez 8 anos, o seu pai recebeu um convite de alguns colegas de Lisboa, para se constituir uma orquestra para a abertura de um Cabaret na Rua da Glória, que viria a chamar-se Ritz Clube, casa que ainda hoje existe, passando a família, a partir daqui, a residir na capital. O Ritz Clube, bem como outras casas do género tinham variedades. Na maior parte eram parelhas ou ballets espanhóis. E logo aqui, o Fernando começou, desde muito cedo, por volta dos 9 ou 10 anos, a acompanhar o pai aos ensaios das estrelas dessas variedades que se faziam da parte da tarde. Foi nessa altura, já com a instrução primária concluída, que o pai tirou do pulso o relógio Tissot que usava e lho ofereceu. Esse relógio acompanhou o Fernando até à sua morte. Desejoso que o filho seguisse o curso de Engenharia de Máquinas, o pai tenta matriculá-lo na Escola Industrial Afonso Domingues, não o conseguindo pois as matriculas tinham encerrado, optando depois pela Escola Comercial Patrício Prazeres. 1 Para além de termos conhecido o Maestro Correia Martins em vida e de com ele termos conversado algumas vezes sobre a escrita da sua Biografia, como aconteceu na véspera da sua morte, no Teatro Maria Vitória, cuja primeira entrevista aprofundada, para esse efeito, tinha ficado marcada para a semana seguinte, não quisemos deixar de cumprir aquilo que tinha sido combinado em vida. Para além de algumas notas que fomos tomando, em contacto directo com o maestro, na elaboração deste capítulo foi fundamental um texto que nos serviu de base, fornecido pela Olívia Correia Martins, escrito pelo Fernando, a partir de 2004, altura em que o editor, José Marques, se disponibilizou para a edição da sua Biografia. O Correia Martins que abraçou cada projecto de uma forma colectiva, também quis aqui prestar uma boa ajuda àquele que iria compilar e ordenar a sua história de vida. 2 O Teatro Aveirense foi inaugurado em 6 de Março de 1881. A inauguração foi feita pela companhia do Teatro Nacional D. Maria II de Lisboa, com a peça Estrangeira. Por este espaço passaram, desde logo, as várias companhias teatrais da província, do Porto e de Lisboa, como as dos empresários: Rosas & Brasão, Ciríaco Cardoso, Sousa Bastos, Alves Rente, Taveira, José Ricardo, entre muitas outras. 3 Café Restaurante fundado em 1933, que ainda hoje existe, situado na Av. dos Aliados, Nº 89/85, no Porto. 7 Desde criança que o Fernando Correia Martins começou a arquitectar no seu espírito, o desejo muito forte de ser músico, dizendo constantemente à sua mãe que não queria ser engenheiro, médico ou arquitecto, mas apenas ser músico. Por essa altura um vizinho, que era sapateiro, foi falar com o seu pai, para este dar lições de música a um filho. Essa situação ainda preocupou mais Correia Martins. O Fernando, que era filho dum músico, nada sabia de música e todos estes dissabores os transmitia à sua mãe, que o ouvia e o tentava acalmar, dizendo-lhe que falaria com o seu pai. Mas o pai não desejava que o filho fosse músico, dizendo muitas vezes “que ser músico não era profissão para ninguém, que tinha a mesma categoria dum motorista de táxi, ou de um empregado de mesa”, que na época se chamava criado de mesa. Um dia a mãe vem junto do filho e disse-lhe: - “Se me prometeres que os teus estudos não são prejudicados com a aprendizagem da música, talvez o teu pai te ensine música”. Claro está que o Fernando prometeu à mãe que isso não aconteceria, e o dia mais feliz da sua vida, foi quando o seu pai o chamou e lhe mostrou o livro de solfejo de Freitas Gazul4. Obviamente que teve de ouvir todas as recomendações de seu pai em relação à escala, bem como à sua conduta. A primeira lição que recebeu de solfejo, acompanhou-o a vida inteira e deu-a a muita gente que queria aprender música. Nessa primeira lição o pai disse-lhe: - Ao compreenderes e venceres a primeira página perfeitamente bem, tens o livro vencido”. E assim foi! Ao fim de seis meses, já tinha dado o 1º e o 2º ano de solfejo, incluindo também o 1º ano de Teoria Musical de Ernesto Vieira. O Fernando não era uma criança igual às outras e não sentia vontade nem tempo para brincar. Aliás, era normal, com o ordenado que o seu pai ganhava, não lhe permitia usufruir de brinquedos e quando isso acontecia, era com o arco e uma gancheta, ao berlinde ou com caricas das garrafas que brincava. Mas o seu pai para além de um excelente músico, tinha uma habilidade extraordinária para a carpintaria, para desenhar e pintar. Conforme as suas possibilidades o permitiam, ia comprando pequenas ferramentas e nas horas vagas, fez um automóvel e um avião de madeira para o Fernando brincar. Segundo o Fernando “talvez fosse a maneira que ele encontrou para o compensar do aluno aplicado que eu era, tanto na música, como na escola”. Com dez anos já tocava bem bandolim, um instrumento pequenino, de acordo com as suas mãos. Mas a sua paixão como executante era o violino, influenciado pela admiração que tinha pela violinista Vieira Pinto e o solista da Sinfónica Nacional, Paulo Manso. Mais tarde também foi admirador de Herberto de Aguiar, Vasco Barbosa e Rafael Couto. Só em sonhos o Fernando poderia pensar que, anos mais tarde, iria substituir como solista o Rafael Couto na Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, dirigida pelo Maestro Tavares Belo. A ligação ao bandolim, teve a ver com a relação que o seu pai teve com um senhor de nome Abel, que era director de uma orquestra de bandolins, banjos, violas e bandolas 4 Francisco de Freitas Gazul nasceu em Lisboa, em 30 de Setembro de 1842, onde faleceu a 20 de Outubro de 1925. Este compositor foi aluno de Guilherme Cossoul e Monteiro de Almeida no Conservatório Nacional de Lisboa, de que veio a ser professor. Regeu a orquestra de vários teatros, entre os quais a do Teatro de S. João, do Porto, (onde dirigiu as óperas Guilherme Tell, O Barbeiro de Sevilha, A Sonâmbula, Um Baile de Máscaras e Linda de Chamonix), a do Teatro da Rua dos Condes e a do Teatro da Trindade. 8 que existia e ensaiava no Clube Radiofónico de Portugal. Naquele tempo, por altura de 1946/1947, os bailes ao domingo nas Colectividades de Cultura e Recreio, eram abrilhantados por conjuntos musicais, cujos instrumentos de base, eram banjos e bandolas, hoje substituídos por guitarras-eléctricas. O Fernando, pela pouca idade que tinha, nunca fez parte desses agrupamentos. Gostava era de tocar na Orquestra do Radiofónico, porque ensaiava com ela alguns temas mais sérios, para serem transmitidos pela própria Rádio. Enquanto tudo isso acontecia já tinha terminado a instrução primária e iniciado o seu Curso Comercial. O pai, com conversas que ia tendo com a esposa e com o senhor Abel, com alguns colegas dele e com o próprio filho, ia-se deixando influenciar de que o seu filho seguisse a carreira de violinista. Mas isso só aconteceu aos 12 anos, depois do Fernando se comprometer com ele a terminar o Curso Comercial, ao mesmo tempo que estudava música e violino a sério. E o pai dizia-lhe: -“Nas várias matérias da escola podes enganar-me, mas atenção, na música não me enganas”. E assim foi daí para a frente. Nessa altura o seu pai estava a tocar no Arcádia, hoje Café-Restaurante e Cervejaria Sol-Mar, ao lado do Coliseu dos Recreios. O Fernando conhecia bem o Arcádia, uma vez que acompanhava muitas vezes o pai aos ensaios da orquestra e artistas que ali actuavam, assim como os colegas do seu pai. A orquestra chamava-se The Royal Jazz e tinha, pela primeira vez, uma mulher como vocalista. O senhor Abel emprestou ao Fernando um violino que tinha em casa, dizendo-lhe que tinha pertencido ao seu avô. Esse violino acompanhou-o toda a sua vida. Uma tarde foi com o seu pai ao Arcádia, para o violinista da orquestra, Domingos Rosário, lhe por pela primeira vez um violino. Que sensação agradável teve o Fernando e que a recordava da seguinte forma: - “Apetecia-me comer o tampo superior do instrumento e beber aquelas 4 cordas. O arco, para mim, era sinónimo de poder”. A partir daquele momento a sua vida alterou-se por completo. Se até àquela altura ele tinha sido uma criança que pouco tinha brincado, a partir daquele momento sentiu-se adulto e com muitas responsabilidades. Tinha que mostrar aos outros e principalmente a si próprio, que era isso que queria. Além disso não gostava que lhe dissessem: - “Não és capaz!” Como a situação financeira dos pais tinha melhorado, o pai alugou um piano na Valentim de Carvalho para ele estudar, pois achava que deveria estudar um pouco de piano para melhor concretizar os seus estudos musicais. Assim, tinha o violino, o piano e o curso comercial. “Um bocado de cultura geral não faz mal a ninguém”, diziam-lhe os pais, principalmente a sua mãe. A sua mãe era filha de uma família culta do Porto e por isso, pessoa estudiosa e culta. Graças a essa educação cultivou no filho o gosto pela leitura, especialmente por autores portugueses, como Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós e Almeida Garrett, entre outros. Mais tarde o gosto por ler estendeu-se a outros autores, principalmente a partir do 25 de Abril de 1974. As prioridades do Fernando eram muitas e como tal, tinha que as saber gerir muito bem. Ele era muito jovem na idade, mas muito adulto na sua paixão pela música, designadamente pelo violino. Passou a estudar entre 12 a 14 horas por dia, com alteração das horas de estudo em casa, com os horários das várias disciplinas na Escola Patrício Prazeres. Dizia que “a 9 sua casa passou a ser um inferno de sons. A pena que eu tinha dos ouvidos dos meus vizinhos, principalmente da minha mãe.” O violino é dos piores instrumentos que há para se ouvir estudar, nomeadamente quando se está a começar. O som é horrível. É gritante e arrepiante. “Parece um gato com cio”, dizia o Fernando. O violino, assim como a violeta, cello e contrabaixo, são instrumentos de cálculo. Não tem “trastes”. É como se chama as divisões de escala de um bandolim, guitarra-portuguesa ou guitarra-eléctrica. O violino, assim como outro instrumento qualquer, soa bem ou mal, mediante a pessoa que o toca. No entanto, há instrumentos que pela sua construção e missão, notase menos que outros esta diferença de sonoridade. Como já tivemos a oportunidade de dizer o Fernando habituou-se, desde criança, a estar com o pai no meio de instrumentos musicais e de ir a várias casas, onde os vendiam e alugavam. Havia na Rua 1º de Dezembro uma delas que se chamava Santos Beirão. Todos os dias, da parte da tarde, reuniam-se ali alguns músicos em alegre cavaqueira, principalmente executantes da Orquestra Sinfónica, da Orquestra da Ópera de São Carlos e alguns de Bandas Militares. O Fernando e o pai iam lá muitas vezes. Durante um ano a sua vida resumiu-se a pouco. Dormia 6 a 7 horas por dia. fazia as refeições normais e estudava… Estudava e voltava a estudar. Estudava violino pelos métodos do primeiro ano e de vez em quando, ia ao Arcádia à tarde, para o Domingos Rosário analisar os seus progressos e orientá-lo sobre novos estudos e novos métodos. Em relação ao piano todas as semanas recebia lições do pianista da orquestra do seu pai. Ao mesmo tempo ouvia discos do Jasha Heifetz, Menuyn e de outros grandes violinistas. No entanto sabia, por experiência própria, que se aprendia mais vendo do que ouvindo. Nessa altura teve o privilégio de ver e ouvir o Heifetz num concerto que deu no Cinema Tivoli. Iam passando as semanas e os meses e o Fernando continuava naquela rotina normal. O violino era de certeza a disciplina que mais estudava e mais gostava. Os progressos começavam a ser evidentes. O piano era muito “chato”. Já estava saturado de “escalas” e “arpejos”. No entanto para ele tinha uma função formidável, era o poder fazer acordes. Daí começar a apaixonar-se pela harmonização. Uma vez foi apanhado pelo pai em flagrante delito. Era fim de tarde e como não o ouviu entrar em casa, apanhou-o ao piano a fazer ritmos harmónicos. Mal entrou na sala diz-nos o Fernando “ofereceu-me um olhar de 10 metros de altura e eu recomecei as minhas escalas e arpejos. O meu pai tinha um pormenor óptimo: - Não precisava falar. Bastava olhar e eu compreendia perfeitamente o que aquele olhar dizia”. A sua mãe cuidava dos seus estudos não relacionados com a música. Ajudava-o nas várias disciplinas, pois conforme já o dissemos era uma pessoa inteligente e estudiosa. O seu avô materno, Raul Martins Gonçalves, tinha sido inspector dos Caminhos de Ferro do Norte, pessoa bastante abastada e muito conceituada nos movimentos anti-Salazaristas. Andou cinco anos fugido de casa para a PIDE não o apanhar. 10 Era o Fernando ainda muito pequeno e ainda a viver no Porto, quando os agentes da PIDE foram buscar o seu pai, pensando que era o seu avô. O seu pai ainda passou alguns dias nos calabouços da PIDE, até uma certa tarde em que passou pela cela um inspector desta polícia e que o conhecia perfeitamente. Passado um hora o seu pai chegava a casa num automóvel da PIDE. O pai do Fernando amava-o profundamente e ele sabia-o. Muitas vezes detectoulhe nos olhos algumas lágrimas quando tocava algum estudo que o satisfazia. Por outras vezes ouvia pequenas conversas entre os pais, em que este contava à mãe as boas informações que o Domingos Rosário lhe dava sobre os seus progressos musicais. O seu pai, além de uma conduta correcta, educado e de carácter íntegro e honrado, era um “gentleman” e charmoso. Sempre vestiu muito bem, com os colarinhos engomados, o seu alfinete de gravata e o seu chapéu. Costuma dizer que a “apresentação de um homem é meio caminho para o êxito”. As muitas vezes que o Fernando foi com ele aos ensaios no Ritz Clube e no Arcádia, pode observar o quanto ele era aceite, observado e considerado. Talvez fosse a sensibilidade musical que unisse, ainda mais, este pai e filho. O Fernando teve pelo pai um amor e uma admiração como nunca teve por ninguém. Quando ele faleceu, em 1970, durante cinco anos não conseguiu tirar o luto. Mas voltando ao percurso que estamos a seguir do Fernando Correia Martins. Nesse tempo havia um café na Av. da Liberdade, esquina para o Parque Mayer, que era o Café Lisboa. Era aí que todas as tardes se reuniam muitos e bons músicos portugueses, que tocavam à noite em cabarets ou boites de Lisboa e alguns músicos da Orquestra Ligeira da Emissora Nacional. Todos conheciam muito bem o pai do Fernando. Todos perguntavam como iam os seus estudos e todos opinavam sobre o seu futuro. Fernando conhecia-os a todos, ainda usando calções. Muitos deles pegaram-lhe ao colo e o Fernando nem pensava que alguns iriam tocar sob a sua direcção. Mas que percurso deveria seguir? O Conservatório de Música era realmente a escola mais correcta e indicada, só que tinha um ponto negativo, o curso de violino era de 9 anos, mais 3 de virtuosismo. Esse curso incluía Português, Inglês, Francês, História da Música, Composição, Acústica, Contra-Ponto e Fuga e o 3º ano de Piano obrigatório. Todo esse grupo de 9 ou 12 anos tinha para ele um aspecto bastante negativo. O Conservatório não admitia que na disciplina de violino pudesse num ano dar a matéria de dois anos. Quer dizer que tinha que aguentar o Conservatório durante os 9 ou 12 anos, estudasse muito ou pouco. Para além disso tinha que estudar matérias que já estudava na Patrício Prazeres e piano que já há alguns meses estudava em casa. Assim, desistiu de ir para o Conservatório e foi estudar para a Academia dos Amadores de Música5, com o maestro de arco Fernando Cabral, tendo também como professores 5 A Academia de Amadores de Música foi fundada no ano de 1884, com o nome de Real Academia de Amadores de Música, tendo como um dos primeiros directores, o Rei D. Luís I. Desde a sua fundação, um dos objectivos desta Associação, tem sido o de promover e divulgar a música, abrangendo todas as faixas etárias e proporcionando a muitos “amadores” a oportunidade de aprender um instrumento, beneficiando do ensino de professores altamente qualificados. Por este motivo, todos os cursos leccionados na Escola da AAM têm equiparação pedagógica, permitindo a todos os estudantes a continuação da sua formação para a via profissional. 11 noutras matérias, Fernando Lopes Graça e Francine Benoit. O Fernando Cabral viu e ouviu-o durante meia hora e no final, mandou-o iniciar o 2º ano, deixando-o contente, pois logo pensou que o estudo de alguns meses em casa tinha dado bons resultados. No mesmo dia da aula que tinha com o Fernando Cabral, havia 3 alunos mais velhos que ele e a tocarem bem. O Ramiro que era bancário, o Luís de Almeida e Adolfo Chaves. Este último, mais tarde, veio a ser concertino da Orquestra Ligeira da Emissora Nacional. Apesar do Fernando ser o mais novo, havia uma grande camaradagem e amizade entre os quatro. A Academia tinha uma pequena Orquestra de Câmara, da qual todos eles faziam parte, para actuarem em determinados eventos promovidos pela própria Academia, num auditório que a escola tinha para esse efeito. Assim seguia o percurso da sua vida. Acabou o Curso Comercial na Escola Patrício Prazeres, passando sempre à “tangente”. Mas estava feliz, pois tinha conseguido fazer a vontade ao seu pai. Também já tinha feito o 5º ano de violino, tocando o concerto de Kreutzer. O presidente do júri foi o Fernando Lopes Graça, dando-lhe a nota de 17 valores. Durante todo esse tempo, os seus sonhos surgiam na sua mente e na cabeça do seu pai. O propósito que o pai alimentava era ele terminar o curso na Academia e depois ir para Paris ou Viena para um aperfeiçoamento geral e seguir a virtuosidade caso ele fosse capaz. O Fernando queria ser concertista. Queria tocar melhor que muitos, só que às vezes, o destino prega uma partida, ou pregamos nós uma partida ao destino. O seu pai trabalhava muito. Tocava todas as noites até às 5 da manhã. Durante o dia, ou compunha para um qualquer artista, ou tinha que fazer arranjos para a orquestra da qual fazia parte. Estava a sentir-se tremendamente fatigado e doente. Doente a tal ponto que tinha de parar de trabalhar e foi o que aconteceu. 1.1. A SUA ESTREIA Nessa altura, em 1952, o Fernando já tinha 16 anos e estava no 7º ano de violino. Com o seu pai acamado, as dificuldades começaram a surgir em sua casa, porque a única fonte de rendimento que tinham era o trabalho do seu pai. Começou a notar no semblante da sua mãe uma preocupação constante. O que é que ele poderia fazer? Trabalhar? Onde e com quem? Mas o seu destino já estava traçado e nem ele nem ninguém lhe podia fugir. Certa tarde, o telefone tocou. Era o pianista José Mesquita, querendo falar com o seu pai. Falaram durante bastante tempo, até que o seu pai depois de desligar o telefone, chamou a mãe ao quarto. O Fernando tentou sorrateiramente, 12 ouvir a conversa, pois tinha um pressentimento que aquele telefonema tinha algo a ver consigo. E tinha mesmo. O José Mesquita tinha ouvido falar do filho do Correia Martins como um belíssimo violinista e também com umas noções boas de piano. Por isso queria perguntar ao seu pai, pois o Fernando era ainda menor, se estava disposto a autorizar a sua ida para a sua orquestra que actuava no Maxime. A conversa com os seus pais prolongou-se por bastante tempo e ao jantar o pai falou-lhe do assunto e perguntou-lhe qual era a sua opinião sobre o assunto. De imediato o Fernando não respondeu. O seu cérebro era um turbilhão de pensamentos. Não estava habituado a que o pai lhe pedisse opinião sobre assuntos tão sérios. Assaltou-lhe à cabeça todos os projectos sonhados pelo seu pai, em relação ao seu futuro como violinista. Pensou como ele sofreria naquele momento ao fazer-lhe tal pergunta. Pensou também que aquele momento era muito importante para a sobrevivência da família e para o bem estar dos seus pais, que tanto se tinham sacrificado para que ele, agora com 16 anos, fosse um adolescente com rigores de conduta e bom senso. Todos esses pensamentos aconteceram em fracções de segundos, com o olhar pousado no prato. Quando levantou a cabeça, viu os olhos dos seus pais focados na sua cara, com ar de certo espanto, à espera da sua resposta. O Fernando respondeu que gostaria de experimentar. O Maxime era dos melhores cabarets de Lisboa. Tinha dois palcos para duas orquestras. Uma era a do José Mesquita. A outra chamava-se, “Sérgio e a sua Orquestra”. Estas orquestras alternavam de meia em meia hora. O Maxime começava a funcionar às 22h30 e ia até às 5 horas da madrugada. O Fernando foi ganhar 110$00 por dia. Eram 3.300$00 por mês. Nunca tinha visto tanto dinheiro. O pai recomendou-lhe coisas que ele já sabia, principalmente em relação às empregadas que estas casas tinham, para companhia dos clientes. Como adolescente que era, “essas” também era uma das razões para ele ter dito que gostava de experimentar. Conforme o combinado o seu pai, no dia a seguir telefonou ao José Mesquita, marcando uma reunião no Maxime. Não podia nem devia, era fazer grandes esforços físicos. Lá foram ao Maxime. Esperava-os o José Mesquita e todos os elementos da orquestra. O Fernando já conhecia alguns colegas, cumprimentou-os e o José Mesquita perguntou-lhe se se importava de tocar com eles dois ou três temas que faziam parte do seu trabalho. Como já tivemos a oportunidade de salientar, as variedades que estas casas tinham, na sua maioria, eram ballets espanhóis, onde só se dançava música espanhola como era evidente. O receio do José Mesquita era fazer-lhe um exame sobre leitura à primeira vista. O que isto quer dizer? Quer dizer que o executante pega numa qualquer música, põe na estante e sem qualquer estudo prévio tocar sem nenhum engano o que está escrito. Na maioria dos casos, qualquer estudante de um instrumento é mau leitor à primeira vista. Porquê? Porque está habituado a dar a sua aula, trazer para casa os novos estudos a fazer, estudar as suas peças 8/10 ou 15 dias, tendo assim muito tempo para ler a música que está escrita. O José Mesquita não sabia que dos 13 aos 16 anos o “divertimento” musical do Fernando era juntamente com o seu professor de piano lerem muita, muita e muita música à primeira vista. Este era um dos exercícios musicais que o seu pai sempre o obrigou a fazer. Na estante estavam três peças: - Córdoba de Albeniz, Dança do Fogo de Falla e El Antequerano e uma Jota. 13 Quando terminou esse “exame” o José Mesquita só disse: -“Eu sabia que você tocava bem, não sabia era que “devorava” leitura à primeira vista. Como o Fernando era menor não pode assinar o contrato. No dia seguinte, numa reunião com os empresários, que na altura era o Saraiva e o Carlos Santos, onde estava também o José Mesquita, o contrato ficou “selado”, num acordo de cavalheiros. Dessa orquestra faziam parte: José Mesquita (piano), Mário Coelho (trompeta), Albino Gomes (sax-alto e violino), Almeida Medonho (sax-tenor), Emídio Baquetas (bateria), Manuel Serrano (vocalista) e o Fernando como violinista. Nessa altura estava muito em voga um género musical brasileiro que era o Baião. Na rádio portuguesa ouvia-se muitos discos do Luís Gonzaga, tocando este novo género. Como o José Mesquita tinha muita habilidade para o acordeão, usava este instrumento para os “baiões”, enquanto o Fernando tocava piano. Durante alguns anos existiu um costume nos conjuntos musicais que actuavam nos boites de Lisboa, que era o vocalista tocar contrabaixo. O “prato forte” do Fernando como violinista da orquestra do José Mesquita eram as variedades, em que o violino tinha um papel muito importante. Além disso tocavamse os tradicionais tangos, fados e alguns números lentos, em que o violino era utilizado. Uma noite o José Mesquita perguntou-lhe se ele se adaptaria a tocar contrabaixo. “Não sei”, respondeu. “Foi uma situação que nunca me passou pela cabeça”. José Mesquita recebia regularmente edições estrangeiras com arranjos para orquestras pequenas. Arranjos para metais e secção rítmica. O contrabaixo era realmente um instrumento importante para estes arranjos. Não admitia ser mal tocado. O seu pai foi com o Fernando uma tarde ao Maxime para dar-lhe uma noção do instrumento e da sua afinação, bem como alguns pormenores mais. O Fernando começou aos poucos a estudar o instrumento e a sua função base numa orquestra e começou a gostar. Numa determinada tarde, depois do ensaio de novas variedades, o José Mesquita pediu para tocarem dois arranjos que tinha recebido. O Fernando, como não ia tocar esses números, porque não havia papéis para violinos, pediu ao José Mesquita que lhe desse os papéis de contrabaixo para experimentar. O José Mesquita olhou para ele um pouco surpreendido com o pedido e deu-lhe os papéis. O Fernando pô-los na estante, pegou no contrabaixo e esperou a marcação de entrada. Tocaram o tema e quando terminaram foi surpreendido com uma salva de palmas de todos os seus colegas. Nessa tarde começou um novo “calvário” para ele: – os seus pobres e ricos dedos. O contrabaixo, como qualquer instrumento de corda, não se compadece de ligeireza na pressão sobre as cordas da mão esquerda. Essa pressão, essa força e essa genica tem que existir para a corda soar. Se a corda não for bem pisada, “esborracha” o som dessa mesma nota. Habituado a cordas de violino até ali, agora pisava cordas com dez vezes mais de espessura. Os dedos da mão esquerda começavam a inchar e a doer. Na mão direita começou a usar dedeiras, porque 90% do que tocava era em “pizzicato”. Uma ou duas vezes aconteceu estar a tocar e sentir os olhos húmidos com a dor dos seus dedos. O que é que deveria fazer? Lembrou-se então das pontas dos dedos que o seu pai tinha e da grande força muscular que tinha na mão esquerda. Os seus pais, algumas vezes, disfarçadamente, olhavam para as suas mãos, baixavam os olhos e nada diziam. Pensava que a sua carreira como violinista mal tinha começado e já tinha terminado. Não. Ele não podia deixar que isso acontecesse. Tinha que dar a volta por cima e arranjar soluções para a mão esquerda. Arranjou uma pequena luva, cortada por ele, em que só tapava o primeiro dedo, o segundo e o terceiro juntos e quarto dedo, ficando todo o resto da mão sem luva. 14 Estes três orifícios onde ele metia os dedos estavam cheios de algodão. A luva, na palma da mão, tinha uma pequena tira do mesmo material que era apertada no pulso. Convém dizer que a luva tinha a cor de carne. Com o correr dos dias foi aperfeiçoando a técnica de por e tirar a luva, consoante o instrumento que ia tocar. Desde os 14 anos que fumava. Durante toda a permanência no Maxime, todos os dias entregava à sua mãe o ordenado. Esta também diariamente lhe dava algum dinheiro para as suas próprias despesas, que se resumiam a um maço de cigarros, uma ou duas bicas e aos transportes. O princípio da sua adolescência foi muito caseira e devotado ao estudo. No entanto, porque também nunca foi um “santinho” tinha os seus pensamentos perversos, de acordo com a sua idade. Uma certa tarde, acompanhado por dois amigos de infância, com a mesma idade, foram ao Intendente levar “o Bernardo às Compras”. Era a frase utilizada quando queriam dizer “ir às meninas”. A partir da altura em que foi para o Maxime, deixou de “ir às meninas”. Eram elas que iam a ele. Para as empregadas do Maxime ele era um “torrãozinho”, era um “menino” que todas elas queriam ser as primeiras. Os seus colegas, homens feitos e alguns casados, muito brincavam com ele e gozavam com essa situação. Era rara a noite quando saíam que não tinha um táxi ocupado por uma mulher à espera dele. 1.2. A IDA PARA MADRID Passados 3 ou 4 meses de estar no Maxime, confirmou-se a ida da Orquestra José Mesquita a Madrid, para actuar na casa de maior categoria, que era o Villa Rose. Entrava-se nesta casa por um grande portão de ferro, indo-se logo ter a jardins imensos e belos. À direita ficava o espaço onde existia a boite e seguindo em frente, estava um belíssimo palco, tendo a seguir uma pista de dança envidraçada e iluminada, ladeada de inúmeras mesas e cadeiras, dando ao espaço uma miragem de sonho. A Orquestra de José Mesquita ia alternar com a orquestra espanhola de Luis Rovira e com a orquestra húngara de Pista Feket. Como haviam dois espaços para dançar ao mesmo tempo teria que haver três orquestras. O Fernando e o Manuel Serrano ficaram hospedados na Pension Cantábrico, na Calle de la Cruz, rua que ficava junto à Plaza Canalejas, a 300 metros das Puertas del Sol. Era uma pensão modesta e acolhedora. Pagava por dia 50 pesetas, com direito a refeições e quarto. Como estava a ganhar diariamente 250 pesetas, podia, com toda a certeza juntar algum dinheiro. Apesar de todos os conselhos dos seus pais, relacionados com a sua permanência em Madrid, ele era um rapaz sem nenhuma experiência de vida. Nunca tinha tido nas mãos tanto dinheiro. Por outro lado, todo e qualquer passo dado a partir daquele momento, seria comandado por ele. Seria ele capaz? Não, não foi capaz, porque o “pecado morava ao lado”. Morava por cima dele, por baixo dele e até em frente. 15 Entretanto o pai tinha-se restabelecido completamente do mal que o afligira e passado dois meses foi visitá-lo a Madrid. O Café Cubasol que ficava na Plaza Canalejas, era o ponto de encontro todas as tardes. Umas das primeiras frases que o José Mesquita disse ao seu pai quando o encontrou no Café Cubasol, foi: - “Tens que ouvir o teu rapaz tocar contrabaixo”. O seu pai mostrou um olhar incrédulo e olhando para as mãos do filho, perguntou-lhe como elas estavam, o que este lhe respondeu que estavam bem, porque diariamente as punha num recipiente com água muito quente e depois passava os dedos por algodão e tintura. A tintura fortalecia as calosidades e ao mesmo tempo evitava as dores. Nessa mesma noite e todas as seguintes, até à partida para Lisboa, o pai não deixou de ir ao Villa Rose ver a orquestra. Ou mais correctamente, ouvir e ver o filho. Quando os colegas espanhóis e húngaros se aperceberam que ele era pai do “Martinez”, todos o quiseram cumprimentar e duma certa forma elogiar “ele niño esse” que era “um bueno chavallo e que tocava muy bien”. O pai ficava todo “babado” quando diziam essas coisas. O José Mesquita, após a primeira noite do pai ter ido ao Villa Rose, perguntou-lhe qual a opinião do Fernando como contrabaixista. “Se não viesse e ouvisse não acreditava”, respondeu. O Fernando sentia-se bem a tocar contrabaixo. Sentia-se o “mandão” da orquestra. Tinha nas suas mãos o tempo e o ritmo dos números que se tocavam. Muitas vezes não obedecia ao que estava escrito, alterando alguns desenhos e algumas notas. O José Mesquita olhava para ele e dizia, “assim como se fez está melhor”. Esta frase incentiva-o a fazer melhor. Aliás, o Fernando sempre teve a preocupação durante toda a sua vida como músico, como executante, como compositor, como orquestrador e director de orquestra, entregar-se a fundo em tudo o que fazia. Se não fazia melhor era porque não sabia e não falta de interesse. Todavia, como sempre foi defensor da frase: - “Cada Macaco no seu Galho”, sabia que não cometia o erro de “meter a foice em seara alheia”. Sempre fez o que sabia fazer. A comunicação social de Lisboa e de Madrid, também não ficou indiferente à prestação musical do Fernando em terras espanholas. O jornal “Século Ilustrado”, de 7 de Novembro de 1953, fez referência a esta digressão, tecendo-lhe fortes elogios. O seu pai esteve com ele em Madrid dez dias, regressando depois a Lisboa por motivos de compromissos profissionais. Entretanto o agente artístico da orquestra, Artur Pereira, informou o José Mesquita que o contrato da orquestra para Genebra (Suiça), estava no bom caminho. A sua vida em Madrid corria perfeitamente, nunca deixando porém de estudar. Tanto assim que todas as semanas se encontrava com um violinista francês a viver em Espanha há alguns anos. Trocavam ideias, escalas diferentes e novos métodos. Foi muito bom para o Fernando esse contacto. As semanas foram passando e o contracto que tinham no Villa Rose terminou. Estavam à espera da resposta do Artur Pereira, com as datas correctas da sua partida para Genebra. Sem perder mais tempo disse ao José Mesquita e aos colegas que vinha a Lisboa 2 ou 3 dias para ver os seus pais, porque iria estar aproximadamente 6 meses na Suíça. 16 Compreenderem perfeitamente o seu desejo e o Fernando meteu-se no “Lusitânia Expresso”, em direcção à capital. Como não avisou os pais dessa decisão, durante toda a viagem arquitectou e antecipou a surpresa que iriam ter quando lhes batesse à porta. E assim foi, principalmente a mãe, que já não o via há aproximadamente 5 meses. Tirou a “barriga de misérias” ao comer os seus pratos favoritos, os quais a mãe muito bem confeccionava, que era arroz de frango, mais propriamente dito, arroz de cabidela e o empadão de carne. Esses três dias passaram num ápice. Nunca tinha falado tanto com os pais, como nesse três dias. A sua mãe queria saber tudo de tudo e tudo o Fernando contou. Desde miúdo que tinha conversas com a mãe que, de forma alguma, as poderia ter com o seu pai. O pai, no relacionamento com ele, não lhe dava “confiança” para determinados diálogos. Distanciava-se sempre não lhe dando hipótese de com ele falar sobre qualquer assunto relacionado com a sua própria adolescência. Depois de receber todo o tipo de recomendações e cautelas, lá regressou a Madrid. É bom dizer-vos que para o Fernando poder viajar livremente pela Europa tinha que ter uma autorização do seu pai, autenticada pela PIDE e da primeira vez que toda a orquestra se deslocou a Madrid, quando chegaram à fronteira, depois de mostrarem os passaportes, as carteiras profissionais e o contrato assinado por todos e a empresa do Villa Rose, foram obrigados a tocar os seus instrumentos, para as autoridades portuguesas na nossa fronteira, terem a certeza que realmente todos eles eram músicos. O José Mesquita como não tinha piano “à mão”, tocou acordeão e o Manuel Serrano teve que cantar um tango. Após a chegada do Fernando esperava-o, infelizmente, algumas surpresas. Entrou na Pension Cantábrico e dirigiu-se ao quarto do Manuel Serrano, encontrando-o num aspecto lastimoso, com barba por fazer há alguns dias, muito macilento e magro. Ao perguntar-lhe o que se passava, respondeu que estava sem dinheiro nenhum. O que é que o Fernando podia fazer para remediar a situação? Era fazer o que fez. Disse-lhe para ele não se preocupar que enquanto ele tivesse dinheiro também ele o teria. Acontece que os dias foram passando, as semanas também, e as notícias sobre a data da sua ida para Genebra não chegava. Entretanto chegou o dia do seu aniversário, dia 23 de Novembro, onde fez 17 anos, passando a data completamente só, passeando pelas ruas de Madrid. O dinheiro já pouco restava. Já começava a dever à pensão. Tomava uma bica por dia e começou a contar os cigarros que fumava. Começou sinceramente a passar dificuldades que até aí desconhecia. Os seus pais, de vez em quando, telefonavam-lhe para a pensão, perguntando-lhe se estava bem e como estava a sua situação. Dizia-lhes sempre que estava tudo a correr bem e que a sua partida para a Suíça ia ser para breve. Chega o dia 24 de Dezembro e a esposa do José Mesquita e este convidaram-no a passar com eles a véspera de Natal, jantando na sua companhia, no apartamento que tinham alugado. A partir dessa altura começou a sentir-se muito desorientado. Não sabia o que fazer. Não estava habituado a pedir nada a ninguém, muito menos dinheiro. Já devia à pensão 3 ou 4 semanas. Já não tomava a sua bica e não fumava, o que o fazia sentir-se muito mal. Entretanto chegou a Lisboa a noticia que a situação da Orquestra do José Mesquita em Madrid era catastrófica. – Estavam a passar mal e havia elementos que não tinham dinheiro para comer. No Café Lisboa já diziam que o filho do Correia Martins não tinha dinheiro para a bica e para o cigarro. O seu pai que diariamente frequentava aquele espaço ao ouvir notícias que o seu “menino” estava a passar por essas dificuldades, não quis saber de mais nada. Chegou a casa relatou à mulher tudo o que tinha ouvido e esta, sem esperar por qualquer opinião do marido, começou a fazer uma mala, meteu 17 dinheiro na carteira e vai para Madrid. Felizmente que tinha passaporte. O Fernando recebeu um telefonema do pai informando-o da próxima chegada da sua mãe. Quando a mãe desceu do comboio, teve a visão de um anjo! Era realmente ela, a libertadora dos seus males. O primeiro pedido que lhe fez, depois de a beijar e abraçar, foi pedir-lhe para lhe pagar o pequeno almoço. Nessa mesma tarde, no Café Cubasol, houve uma grande conversa entre a mãe e o José Mesquita e ele, chegando todos à conclusão final, que o melhor era ele regressar a Lisboa e o José Mesquita arranjar um colega espanhol para o substituir. Esse colega foi o violinista Emílio Hernandez, que mais tarde teve oportunidade de conhecer. 1.3. DE REGRESSO A LISBOA A entrada do Fernando no Café Lisboa, acompanhado pelo pai, causou algum espanto nos colegas. Não estavam à espera que regressasse tão repentinamente. Alguns colegas acercaram-se dele e do pai, perguntando-lhe um sem número de coisas. A saída da Orquestra José Mesquita tinha para o Fernando um lado positivo. Não tinha que tocar mais contrabaixo. Era um instrumento que lhe dava muito prazer tocar, mas em primeiro lugar estavam os seus dedos. O seu pai estava a tocar nessa altura na Boite Príncipe Negro que se situava por cima do Café Palladium. Entrava-se pela Calçada da Glória. O pianista do conjunto, que era o Leão de Almeida, quando soube pelo seu pai que o Fernando estava em Lisboa, logo o entusiasmou para que ele fosse trabalhar com eles. Assim foi! Nessa boite também havia as tradicionais variedades. Um dia anunciaram a estreia, pela primeira vez em Portugal, de duas artistas francesas que faziam “StreapTease”. No dia da estreia fizeram um ensaio à tarde. O Fernando tinha que tocar, acompanhado unicamente a piano, um trecho do célebre bailado “O Lago dos Cisnes”. Durante o ensaio nada se passou, pois as duas francesas estiveram sempre sentadas a uma mesa, bebendo água e ouvindo. Quando acabou de tocar o trecho, agradeceram a sua participação e o tempo que o Fernando utilizou era exactamente aquele. Essa noite no Príncipe Negro foi uma verdadeira enchente. O público habituado destas casas não estava nos seus costumes verem “Streap-Tease” ao vivo. E uma coisa também certa, o Fernando também ainda não tinha visto. Chega a hora da apresentação das francesas. A luz apaga-se, um foco de luz sobre a pista e o Fernando, acompanhado pelo Leão de Almeida, começaram muito bem a tocar o célebre “Lago dos Cisnes”. As duas artistas entraram, começam a deambular pela pista, olhando provocadoramente para os espectadores que estavam sentados, mirando as mulheres como “boi para um palácio”. Essas mulheres eram praticamente iguais. Da mesma altura, cabelos compridos loiros, olhos azuis, elegantes e bonitas. Pouco a pouco vão-se despindo uma à outra. Naquela sala só se ouvia o violino e o piano. Nunca, até àquela altura, o Fernando tinha tocado para um público tão silencioso e tão atento à sua interpretação. Não. Não era a interpretação destes dois músicos que os subjugava. Eles estavam paralisados. Estavam manietados às cadeiras. Não respiravam nem buliam. Unicamente e de vez em quando, passavam a língua pelos lábios secos. As mulheres continuavam a tirar peças de roupa uma à outra. Abraçavam-se e entrelaçavam-se, entrando já um pouco pelo erotismo. O Fernando também já não estava muito seguro…Por duas vezes o pai lhe segredou ao ouvido: -“Rapaz, olha para a música”. Estes avisos aconteceram porque o pai notou a pouca segurança que estava a ter no arco do violino. Quando as duas francesas se despiram totalmente, o Fernando respirou fundo e ouviu-se um 18 clamoroso aplauso de todos aqueles “babados”. As artistas recolheram ao camarim e quando regressaram à sala já tinham mesa marcada que estava a ser ocupada por personagens de relevo da sociedade de então. E pois claro, muita conversa e muito champanhe. Pouco tempo depois voltou a tocar no Maxime, desta vez na Orquestra de Ferrer Trindade6. No outro palco actuava o conjunto de Jorge Machado7. O seu pai também ia trabalhando em novas casas. Esteve bastante tempo a tocar no Negresco, com o pianista Mário Teixeira. Em Abril desse ano, ainda com 17 anos, o pai recebe um convite do pianista Domingos Marto, chefe de orquestra do Casino da Póvoa do Varzim, mostrando a sua vontade em ter na orquestra a colaboração do Fernando e do seu pai. O pai ficou radiante com esse convite, por vários motivos. Iria trabalhar com o filho, ganhando cada um 250$00 diários. Assim, os pais teriam toda a família ali perto e o contrato era de seis meses. Começava a 1 de Junho e prolongava-se até ao final de Novembro. Naquele tempo entrar em casa 500$00 diários, era muito 6 Ferrer Trindade nasceu no Barreiro. O maestro faleceu a 13 de Janeiro de 1999. Compositor e arranjador, desde cedo descobriu a sua sensibilidade musical. Começou por actuar como músico amador no conjunto "Os Timpanas", um grupo de cordas percutidas e dedilhadas. Mais tarde foi para a Banda d'"Os Franceses" onde aprendeu a tocar clarinete. Posteriormente formou a sua primeira orquestra, no início utilizando o nome "Ferrer Trindade e sua Orquestra", vindo mais tarde a chamar-se "Orquestra Ritmo". Entretanto, trabalhava de dia e estudava à noite, matriculando-se como aluno externo no Conservatório Nacional de Música. Aqui cursou instrumentos de sopro, violino, piano, composição, acústica e história da música, contando entre os seus mestres, Abílio Meireles, Venceslau Pinto, Luís de Freitas Branco, Carlos Gonçalves, Padre Tomás Borba e Tomás Lima. A nível profissional, estreou-se como executante de clarinete na Banda da Armada, tendo como maestro Artur Fão. Na Orquestra Filarmónica de Lisboa concretizou a sua estreia com o violino, dirigido pelo maestro Ivo Cruz. Nesse período decidiu formar a sua própria Orquestra, que actuaria nos Casinos da Póvoa do Varzim, Figueira da Foz, Espinho e Estoril. No Maxime, onde contactou com os maiores artistas nacionais e estrangeiros. Foi o primeiro a dirigir uma Orquestra no período experimental da Rádio Televisão Portuguesa. Entre as muitas condecorações, obteve a Medalha de Ouro da Emissora Nacional, condecoração atribuída a compositores consagrados, a Medalha de Mérito Artístico, pelo Governador Civil do Distrito de Setúbal e a Medalha da Cidade de Setúbal atribuída pela Câmara Municipal, com base no reconhecido mérito da sua carreira musical e o seu elevado valor artístico. 7 O maestro e pianista Jorge Machado nasceu em Lisboa 1927, onde faleceu, a 29 de Julho de 2006, derivado a um cancro na próstata. Fez o curso de piano, violoncelo e composição no Conservatório Nacional, enveredando pela música ligeira, onde criou o Conjunto Jorge Machado. Manteve a sua actividade de pianista no Hotel Tivoli, em Lisboa, onde ao fim da tarde, tocou quase durante 40 anos, interrompendo apenas, 15 dias entes da sua morte Durante décadas fez a direcção musical de programas de televisão e de muitos dos Festivais da Canção da Eurovisão. Dirigiu várias bandas e trabalhou na direcção musical de cançonetistas da área musical ligeira, como António Calvário, Madalena Iglésias e Simone de Oliveira. O Conjunto Jorge Machado marcou uma época no nosso país, animando as noites boémias de Lisboa. Foi supervisor da Valentim de Carvalho e fez trabalhos orquestrais para grandes artistas, como Frei Hermano da Câmara e Mara Abrantes, dirigindo as gravações em disco de mais de 70 artistas portugueses. Integrou parcerias musicais para revistas do Parque Mayer. Dirigiu os espectáculos musicais: O Encoberto, Annie, Godspell e Nazareno, que tiveram um êxito enorme em Portugal. Em 1962 foi galardoado com o “Óscar da Imprensa”, atribuído pela Casa da Imprensa. Em 2005 a Sociedade Portuguesa de Autores, homenageou publicamente, no âmbito das comemorações dos 80 anos daquela cooperativa, onde estava inscrito desde 1948. 19 dinheiro. Durante todos esses anos os pais ainda conservavam a casa do Porto, na Rua do Almada. O Casino Monumental da Póvoa do Varzim era dirigido pelo Artur Ayres. Este, todas as noites, jantava na boite-restaurante do Casino, acompanhado por sua esposa a senhora Laura Ayres. As orquestras no Casino funcionavam da seguinte forma: durante os meses de Junho e Julho havia duas orquestras, alternando de meia em meia hora, na Boite-Restaurante. Chamava-se Boite-Restaurante, porque das 21 horas até às 22h30 funcionava como restaurante e a partir dessa hora, passava a ser Boite. Nos meses de Agosto e Setembro, existia uma terceira orquestra, porque havia também no 1º andar do Casino o chamado “Salão Nobre”, onde as pessoas se limitavam unicamente a dançar. Estas três orquestras também alternavam entre si, ao tocarem todos os dias duas horas no café do Hotel do Casino. O Fernando, como violinista da orquestra principal do Casino, tinha de tocar das 21 horas às 22h30 musica de concerto para os jantares. Tocava todos os géneros, como: selecções de ópera, zarzuelas, operetas, ouvertures, etc. Tinha um vastíssimo reportório de música de concerto, muito dele orquestrado ou copiado pelo seu pai. Durante quatro épocas em que esteve neste Casino, alternaram com esta orquestra várias orquestras estrangeiras, mas houve uma que lhe deixou saudades, pela sua camaradagem e competência. Foi a Orquestra Argentina de Eduardo Rovira. Durante a permanência de seis meses em cada ano na Póvoa do Varzim, ganhavase amizade por certas pessoas residentes nesta terra. A Póvoa do Varzim era, na altura, uma vila muito simpática e acolhedora. A sua gente mais popular era constituída por pescadores e varinas, dando uma cor muito típica às ruas desta vila. Nos primeiros dois anos, ficaram hospedados no 1º andar duma casa que era propriedade do alfaiate Izac. Nos dois últimos anos os seus pais alugaram uma pequena vivenda de dois andares na Rua Tenente Valadim, muito perto dos Correios. Os meses de maior actividade profissional eram Agosto e Setembro. No Casino tocava em dois espaços. Uma a duas vezes por semana tinha que tocar no café do Hotel e de 15 em 15 dias, tinha ensaios de novas variedades para o Casino. Também todas as semanas fazia um ensaio de orquestra para renovar o novo reportório de baile. Os outros quatro meses eram bastante calmos. O seu pai ocupava-se também, a escrever arranjos para a orquestra e escrevia também e ensaiava o Rancho Folclórico da Póvoa. O Fernando estudava, jogava bilhar e também namorava. Oh, se namorava. Namorou muita rapariga na Póvoa do Varzim. No entanto houve duas que na altura o marcaram. A primeira foi a Helena Godinho, filha do Saul Godinho, croupier do Casino e irmã do vocalista Tito Godinho, que na altura actuava no Casino de Espinho. Mais tarde veio a trabalhar em vários conjuntos com o Tito. A segunda foi a Manuela Magalhães, filha e neta de pessoas muito conhecidas na Póvoa, com quem esteve quase para casar. Quando havia oportunidade gostava de fazer com o pai grandes passeios de bicicleta. Como o contrato no Casino da Póvoa terminava em fim de Novembro o seu pai convidava colegas e amigos para um jantar, para comemorar no dia 23, o aniversário do Fernando. Esses jantares realizavam-se quase sempre na “Canarinha” ou no Restaurante Leonardo. O Fernando gostava de ver a alegria e a felicidade do pai, quando o pianista Domingos Marta fazia um brinde ao aniversariante, enaltecendo as suas nobres qualidades de pessoa e violinista. Os olhos do pai ficavam húmidos e a sua boca aberta num sorriso largo e franco. Nada havia melhor na vida do pai do que um elogio de quem quer que fosse, alusivo ao filho. 20 Não estavam na Póvoa do Varzim o ano todo. Nos primeiros dias de Dezembro arrumavam “armas e bagagens” e lá vinham para a sua casa em Lisboa, com o comprometimento com o Casino e com o Domingos Marta, de voltarem em fins de Maio à Póvoa do Varzim. Os cinco meses e tal que passavam em Lisboa, descansava e estudava mais do que trabalhava. Já nesse tempo se começava a trabalhar muito em gravações de discos, ou gravações de música para filmes. Também os Teatros de Revista tinham orquestras, com 10 a 12 elementos. O próprio empresário do Teatro Monumental, o falecido Vasco Morgado, convidou o Fernando para fazer parte duma orquestra para a Companhia de Opereta e Zarzuela do cantor espanhol Sagi Vella. Também se lembrava de orquestras que actuaram no Teatro Apolo8 e Teatro Avenida9, há muitos anos já desaparecidos. Como o Fernando e o pai estiveram durante quatro anos comprometidos com o Casino da Póvoa, não lhes convinha nos meses que estavam em Lisboa, terem compromissos duradouros. O seu pai, por seu lado, tinha muita coisa para escrever, principalmente instrumentar ou copiar música de concerto para o Casino. Não nos esqueçamos que eles tinham de fazer este género de música 1h30 todos os dias, durante 6 meses. Era necessário ter um reportório muito vasto, para não terem que se repetir. O Fernando entretanto, ia trabalhando, gravando com o maestro Jaime Mendes música para filmes na antiga Tobis, ou gravando discos com o maestro João Nobre, José Mesquita Tavares Belo, Fernando de Carvalho, entre outros. Depois de uma longa carreira que teve como executante, orquestrador e produtor discográfico, achava muita graça quando se recordava dos moldes de gravação de discos, nesse tempo. Estúdios, propriamente ditos, não os havia. Lembrava-se perfeitamente de gravar com o maestro João Nobre e com o Max, num antigo teatro da Costa do Castelo, o Teatro Taborda. Tinham tirado a plateia e assim havia espaço suficiente para expor a orquestra. O gravador que se utilizava era em “fio de aço”. Ainda não existiam os gravadores de fita magnética. Desta forma, toda a orquestra e voz, gravavam ao mesmo tempo. Qualquer engano que existisse num instrumento ou no cantor, tinham que gravar tudo de início, pois não havia “pistas” nem se podia “picar”. Estes são termos e facilidades de gravação que hoje existem, e que naquele tempo, para 8 O Teatro Apolo inaugurou-se em 31 de Dezembro de 1896, com a representação de um drama marítimo, cuja apresentação foi feita por uma modesta companhia. Era situado na Rua do Alvito, em Alcântara, sendo construído por quatro sócios. Passou a novo proprietário, que o reabriu a 17 de Outubro de 1897, numa empresa dirigida por Daniel Alves, chamando-se então Teatro de Variedades. Fechou pouco tempo depois para nunca mais voltar a abrir as suas portas. 9 O Teatro Avenida foi construído, nuns terrenos pertença de João Salgado Dias por iniciativa deste, ligado a Alexandre Mó e a Ernesto Desforges e situava-se a meio da Avenida da Liberdade. Inaugurou-se em 11 de Fevereiro de 1888, com as comédias, O Tio Torquato, de Alfredo Ataíde, em que entrou Taborda e a comédia em 3 actos, De Herodes para Pilatos, tradução de Guilherme Celestino, com a participação culminante de António Pedro. Foi seu primeiro empresário Ernesto Desforges, que em Maio do mesmo ano, o arrendou a Alves Rente, para apresentação da sua companhia do Príncipe Real do Porto. Ao longo de quase oitenta anos, o Teatro Avenida conheceu, êxitos e insucessos. Muitos autores e muitas artistas ali tiveram, com efeito, grandes êxitos, quer no teatro declamado (dramas, altas-comédias, farsas), quer no teatro musicado (operetas, vaudevilles, revistas), êxitos que, transcendendo a época em que se verificaram, ficaram na história do teatro português. Do que ele representara na vida teatral e social lisboeta das últimas oito décadas ficaram porém, com montes de cinzas, feixes de recordações e se é com recordações que se faz a saudade é igualmente, com recordações que se faz a história. 21 os músicos e cantores, técnicos e produtores, eram simplesmente “tabu”. O primeiro técnico com que trabalhou nestas condições foi com o Ribeiro da Valentim de Carvalho. Mais tarde, também para a Valentim de Carvalho, disponibilizaram uma sala na Rua Nova do Almada, por cima das lojas de instrumentos. O local de gravação já era outro, todavia os meios técnicos, continuavam a ser os mesmos. Exactamente por estes meios de gravação serem tão limitados, exigia-se dos músicos, dos solistas, dos orquestradores e maestros, um grau muito elevado de competência. Hoje, os estúdios de gravação podem ser equiparados a “laboratórios”. Fazem-se as mais diversificadas experiências, sem estragar o que atrás ou à frente esteja feito. O Fernando, a este propósito, costumava dizer: - “Muito eu gostaria de assistir a alguns músicos de hoje e principalmente a muitos cantores actuais, gravarem discos nestas condições”. Foi no período em que esteve no Casino da Póvoa do Varzim que o Fernando comemorou os 21 anos. Nesse momento já era “maior” e muito mais responsabilidade tinha sobre os seus ombros. Regressaram a Lisboa e desta vez, com outras perspectivas para o futuro. O seu pai por um lado e ele por outro, tinham que seguir em frente na sua profissão. Passados poucos dias após a sua chegada, o trompetista José Magalhães convida-o a fazer parte da sua orquestra que actuava no Cabaret Olímpia, na Rua dos Condes, mesmo em frente do Cinema Odeon. Esta casa era dirigida pelo empresário José Miguel, que foi também um grande empresário teatral. 1.4. ENTRADA NA ORQUESTRA LIGEIRA DA EMISSORA NACIONAL Mais tarde o José Magalhães perguntou-lhe se estava interessado em fazer parte da Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, como violinista-concertino. O Fernando recordou-se, de imediato, quando ainda era criança, de ouvir com o seu pai, transmissões directas pela Rádio dos “Serões de Trabalhadores”, assim como também programas emitidos em directo do “Estúdio A” da Emissora Nacional. Ouviu, muitas vezes, o clarinetista Domingos Vilaça tocar temas do Benny Goodman. Essa orquestra era constituída pela “fina flor” dos músicos portugueses e dirigida por um homem de enorme competência, o maestro Tavares Belo10. Era uma orquestra constituída, aproximadamente, por 40 elementos. 10 O maestro Tavares Belo nasceu em Faro em 20 de Novembro de 1911 e faleceu em Lisboa no ano de 1993. Iniciou o estudo do piano aos 5 anos de idade. A sua estreia profissional teve lugar em 1929, com o Orquestra do Clube Montanha, integrando a seguir a Orquestra Portugal, que actuava no antigo Maxime. Em 1938 fundou a famosa Orquestra Tozelli, que dirigiu até 1946, ano em que assumiu a direcção da Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, exercendo as respectivas funções até 1986. Foram quarenta anos durante os quais desenvolveu uma intensa actividade de divulgação da música, dos músicos portugueses e dos seus intérpretes, para além da sua actividade de compositor e orquestrador de notáveis recursos. Pertencia desde 1973, aos órgãos directivos da Sociedade Portuguesa de Autores, de onde foi VicePresidente da Direcção de 1974 a 1976. Tavares Belo foi distinguido pelo Presidente da República com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e foram-lhe atribuídas as medalhas de Mérito Municipal da Cidade de Lisboa e Faro. 22 Logo após este convite os seus pensamentos atropelaram-no em vertiginosa velocidade. Ficou paralisado. O seu cérebro bloqueou e não sabia o que pensar. O José Magalhães olhava para ele, por tardar um pouco a responder-lhe. Finalmente diz que sim, que teria muito prazer em aceitar o seu convite e pediu-lhe para lhe dizer a razão desse convite. O José Magalhães explicou-lhe então que o Rafael Couto, concertino da orquestra, ia ser transferido como solista para a Orquestra Sinfónica Nacional. Por outro lado, o seu nome já tinha sido ventilado por alguns elementos da Orquestra Ligeira, como violinista capaz de ocupar esse lugar, apesar de ser bastante jovem. É verdade, apesar dos seus 21 anos, dos seus 70 quilos e de 1,74m de altura, tinha uma cara muito miúda. Todas as pessoas lhe davam menos idade daquela que tinha. Nessa noite, depois do trabalho, chegado a casa, já era muito tarde para contar aos seus pais o convite recebido e a grande confusão que ia na sua cabeça. Na manhã seguinte quando lhes conta, deram-lhe os parabéns por essa distinção e o seu pai, com alguma preocupação, lá lhe disse para ter cuidado, porque ali estavam os melhores instrumentistas portugueses e que não lhe iam desculpar a mais pequena falha. Por outro lado, todos os dias trabalhava até às cinco horas da manhã. Além disso tinha durante o mês algumas gravações em estúdio para discos. Era na realidade uma grande responsabilidade, mas já nessa altura ele gostava de desafios. Aliás, toda a sua vida como profissional, tinha sido sempre um desafio. Nunca gostou que lhe dissessem, como já o afirmámos atrás, que não era capaz. Em certos sectores da sua vida profissional, foi um autentico auto-didacta. Aprendeu muito a ver e a ouvir, não havendo melhor crítico do que fazia, que ele próprio. Era esse talvez o motivo porque ficava terrivelmente surpreendido, quando anos mais tarde, quando encetou a sua carreira como orquestrador, produtor discográfico e chefe de orquestra, quase todos os cantores e cantoras, inclusive músicos, lhe perguntarem se o seu trabalho estava bem. No dia e hora marcada pelo José Magalhães apresentou-se no “Estúdio A” da Emissora Nacional, na Rua do Quelhas, para a sua estreia como violinista-concertino na Orquestra Ligeira. Quando entrou no estúdio cumprimentou muitas colegas que já conhecia e foi apresentado aos restantes. Quando o maestro Tavares Belo entrou no estúdio foi o próprio José Magalhães que o apresentou ao maestro. Este olhou para ele, fitou-o durante segundos e perguntou-lhe com um certo ar de troça, se se sentia bem. O Fernando, com resposta disse-lhe: - “Maestro tenho a firme certeza que caí no “covil dos leões”. Ele riu-se, compreendendo a sua frase e conversaram sobre várias coisas durante algum tempo, chegando o Fernando à conclusão que o maestro gaguejava bastante. Ora como ele também padecia um pouco desse mal, achou por bem avisar o maestro, não fosse ele pensar que ele o estava a imitar, ou a fazer pouco da sua gaguez. Entretanto o Tavares Belo convidou-o a sentar-se no lugar que lhe competia, que era a “primeira estante” do lado de fora e logo a seguir pediu silêncio à orquestra para o apresentar a esta. Este tinha um defeito que o acompanhou toda a vida; quando se enervava, começava a tremer-lhe as pernas. Se não estivesse já sentado, com certeza que teria caído ao chão. Nunca na vida se tinha sentido assim. É estranho, mas foi verdade. Sabia perfeitamente que ia ter, aproximadamente, 80 olhos e 80 ouvidos nele. O ensaio começou, que era mais um dos tradicionais programas ensaiados e gravados em estúdio, para transmitir dois dias mais tarde. Praticamente consistia em acompanhar cançonetistas, cantores líricos, um ou outro grupo vocal e sempre um ou dois números de orquestra. 23 Para melhor se entender o que daí a pouco aconteceu, talvez seja bom referir, novamente, que o Fernando era muito bom como leitor musical “à primeira vista”. Quando ele tocava a música existente num compasso a visão já estava a ler os dois ou três compassos seguintes. Quando olhava para uma folha de papel de música escrita, em breves segundos conseguia ler toda a música. Quando existe mais que uma folha é aconselhável ler todas essas folhas, para não haver surpresas com alguma “passagem” ou “divisão” mais estranha. Todavia, neste caso, não foi isso que aconteceu. O Fernando só leu a primeira página e não viu as outras. Começaram a ensaiar o número da orquestra e o seu colega de estante, que era o violinista Castro Rodrigues, voltou a página, apareceu no segundo compasso a palavra “solo”. O “solo” começava com uma semibreve ligada para uma mínima. Era a primeira vez que ele ia mostrar ao maestro Tavares Belo o que sabia fazer, assim como a toda a orquestra. Não soube o que se passou com o seu sistema nervoso. Soube que atacou a “nota” e o braço do arco começou a tremer tanto, que o arco caiu-lhe ao chão. O ensaio parou. O Tavares Belo sorriu, olhou para ele e toda a orquestra ria, olhando a sua atrapalhação. O maestro aproveitou esta cena para fazer intervalo. Foram para o hall do estúdio fumar um cigarro e muitos colegas e o própria Tavares Belo diziam-lhe para ele não se preocupar, porque foi derivado ao primeiro impacto. A sua atitude só mostrou o grau de responsabilidade que tinha e ao mesmo tempo, o grande respeito por aquela orquestra. O que tinha acontecido ali só mostrava o seu bom carácter. Voltou-se ao ensaio com o mesmo número. O Fernando tocou o solo e quando terminou foi saudado com uma salva de palmas. Era exactamente como Tavares Belo tinha dito. Foi o primeiro impacto e agora já tinha passado. Foi nessa altura que iniciaram a carreira artistas, como Simone de Oliveira, Madalena Inglésias, António Calvário, Artur Garcia, Maria Fernanda Soares, Maria de Lourdes Resende, Margarida Amaral, o grupo vocal “4 de Espadas” com o Paulo Alexandre, o sexteto vocal feminino, o cantor José António, Mariete Pessanha, Gina Maria, Alice Amaro, Lina Maria e muitos outros que saíram do “Centro de Preparação Artística da Rádio”, dirigido pelo professor Mota Pereira. A Orquestra Ligeira e alguns artistas actuavam semanalmente para o publico nos tradicionais “Serões de Trabalhadores” no Liceu Camões, e também muitos foram realizados na Voz do Operário. Aconteceu também, de vez em quando, toda a orquestra e alguns intérpretes fazerem este mesmo espectáculo em várias localidades do País. O maestro Tavares Belo era o principal e único director da Orquestra Ligeira. Como assim dirigia todos os “Serões de Trabalhadores” e fazia um ou dois programas por mês, gravados em estúdio. No entanto todos os meses havia um maestro convidado a fazer o programa. Tocou muitas vezes sob a direcção do Fernando de Carvalho11, Belo 11 O compositor e maestro, Fernando de Carvalho, nasceu em 5 de Fevereiro de 1913 e faleceu a 18 de Agosto de 1967. Era membro da Sociedade de Escritores e Compositores, havendo nela desempenhado, no triénio de 1959 a 1962, o cargo de secretário-geral do seu Conselho-Director. Fernando de Carvalho nasceu com vocação musical. Aos quatro anos já trauteava áreas de ópera. Aos oito anos escreveu a primeira composição. Aos vinte, iniciava na revista Tip-Top, escrita por Acácio de Paiva e Erico Braga, a sua carreira de compositor profissional, revista essa estreada no Teatro da Trindade. Daí para a frente foi um trabalho constante. Compôs música para vinte e tantas operetas, cento e tantas revistas, uma dezena de filmes (ao todo mais de duas mil canções, muitas delas de invulgar êxito). E Fernando de Carvalho não se limitava a compor infatigavelmente: era também um constante director de orquestras. Viveu toda a sua vida para a música. Morreu com cinquenta e quatro anos. 24 Marques12, Ferrer Trindade, Joaquim Luís Gomes13 e Elvira de Freitas, filha do Frederico de Freitas. Fez parte dessa orquestra durante 11 anos, não deixando nunca de trabalhar à noite. Aliás não era só o seu caso, pois havia alguns elementos da Orquestra que também estavam nas mesmas condições, inclusive o José Magalhães, responsável pela sua ida para a orquestra. Quando o convidavam para outro lado, com melhores condições financeiras, a sua primeira preocupação era, principalmente ao Sábado, chegar um pouco mais tarde, pois tinha “Serão para Trabalhadores”. Nunca ninguém lhe levantou problemas. Durante todos esses anos não conseguia dar uma sequência exacta das casas onde trabalhou, mas sabia onde e com quem tinha tocado. Depois de estar no Cabaret Olímpia, recebeu o convite para tocar no Bico Dourado que ficava na Rua da Misericórdia. Os seus colegas eram o pianista António Bastos (Bastinhos), o baterista Luís Costa Pinto (irmão do maestro Jorge Costa Pinto), o saxofonista Félio Grevi e o vocalista Martins. O seu pai já há muito tempo que tinha comprado uma guitarra-eléctrica para no trabalho profissional dele tocar umas melodias. O Fernando conhecia minimamente a escala da guitarra (viola), porque quando começou a aprender bandolim, o seu avô paterno, nas várias visitas a casa do filho em Lisboa, acompanhava o neto à viola. Tanto o seu avô como o seu pai, tocavam bem viola e bandolim. Daí o seu avô desejar que ele o acompanhasse à viola quando ele tocava bandolim. Para que tal acontecesse foi 12 Belo Marques era conhecido por "o rapaz do violoncelo" pela tertúlia do Café Gelo, no Rossio, mas o grande público recordá-lo-á mais pela autoria de canções como Grão de Arroz, Alcobaça ou Feia. Canções que, ironicamente, foram necessárias ao maestro José Belo Marques para sobreviver, já que a sua ambição era a de ser compositor sinfónico... Nascido em Leiria em 1898, considerado "menino prodígio" por dominar já vários instrumentos aos treze anos, após quatro anos de estudo, José Belo Marques não teve uma formação musical convencional. De facto, aos 16 anos actuava no Casino Mondego, na Figueira da Foz, onde conheceu o seu mentor João Passos, igualmente violoncelista e que o ajudou a escolher aquele instrumento. Em 1918 tornava-se músico profissional nos paquetes e viajou até 1929, só nesse ano se fixando em Lisboa onde iniciou estudos mais tradicionais. Pelo meio, ia sempre escrevendo obras sinfónicas, mas a dificuldade de sobreviver com estas composições levou-o a aceitar o convite da Emissora Nacional, em 1935, para se juntar aos seus quadros. Dessa primeira estadia na estação de rádio, que durou três anos, ficou célebre a sua orientação do quarteto vocal de Mota Pereira, Paulo Amorim, Guilherme Kjolner e Fernando Pereira. Em 1938 foi para Moçambique, de onde regressou à Emissora Nacional em 1941, para abraçar definitivamente a canção popular, formando a Orquestra Típica Portuguesa e dirigindo a Orquestra de Variedades (cuja direcção passa a Tavares Belo em 1946) e o Centro de Preparação de Artistas. É contudo, posterior a toda esta carreira a sua composição mais conhecida, Alcobaça, com letra de Silva Tavares, criada por Maria de Lurdes Resende nos finais dos anos cinquenta e que - como disse em tempos - lhe pagou a casa que construiu em Arruda dos Vinhos. Escreveu igualmente marchas populares e criou música para uma vintena de revistas e meia-dúzia de filmes, tendo assinado cerca de sete centenas de canções. Retirou-se do olhar público na década de sessenta. Faleceu em 1986. 13 Joaquim Luís Gomes nasceu em 1914 em Santarém. Aos 18 anos entrou para o Batalhão de Caçadores 5, onde tocava clarinete e onde esteve durante oito anos. Também trabalhou na Emissora Nacional. Compôs e orquestrou canções como "Desprendimento", "Olhos Verdes" ou "Nostalgia". Foi o orquestrador da canção Desfolhada Portuguesa. Trabalhou com artistas como Amália, Maria de Lourdes Resende, Francisco José, Rui de Mascarenhas, Paulo Alexandre, Tony de Matos, Carlos do Carmo, Simone de Oliveira ou Fernando Tordo. Escreveu obras para orquestra sinfónica, harpa e piano, com destaque para "Pérolas Soltas", "Abertura Scalabitana", "Abidis", "Sonata em Mi Bemol" (para piano) e "Mar Português". Foi ainda autor das bandas sonoras dos filmes "Passagem de Nível" ou "Justiça dos Céus. Em 1995 e 2005 foi homenageado pela Sociedade Portuguesa de Autores que o considerou "uma das figuras mais marcantes da música portuguesa no século XX". Faleceu no dia 23 de Julho de 2009. 25 necessário que o seu avô lhe ensinasse algumas posições, assim como o nome dos acordes. Tinha umas luzes muito concretas da escala da viola. Numa conversa com os colegas do Bico Dourado ele diz-lhes que tocava um pouco viola. Foi logo assaltado por inúmeras ideias, dadas por eles, em que ele tocando guitarra-eléctrica iria beneficiar imenso o trabalho do conjunto. Ele, como sempre adorou mais este desafio musical, passada uma semana tinha comprado uma guitarra Ofner e um amplificador Meazi. Além de meia dúzia de acordes que tinham sido ensinados pelo seu avô e seu pai, ninguém mais lhe ensinou nada sobre guitarraeléctrica. Durante duas semanas estudou o instrumento em casa, transpondo para a guitarra toda a técnica do violino. O mais difícil era a sincronização da mão direita (com a palheta) com a mão esquerda. Este instrumento tinha para o Fernando uma variante que o apaixonava e que sempre o seduziu desde os tempos em que ele estudava piano. A guitarra, além de ser um instrumento melódico, era essencialmente um instrumento harmónico. E a harmonia sempre o apaixonou. A harmonia, para ele, é a maior beleza que uma melodia pode ter. Entretanto começou a tocar algumas músicas com guitarra no Bico Dourado e com o praticar e estudar, passado algumas semanas já tocava mais tempo guitarra que violino. A guitarra é um instrumento que se adapta a qualquer género de música e como tal o violino era mais usado em esquemas de música lenta, ou então para acompanhar variedades. Esteve alguns meses no Bico Dourado e em determinada altura teve um convite do José Mesquita, que já estava em Portugal, para trabalhar com ele no Restaurante-Boite do Hotel Tivoli, que ficava no último andar. Tocavam ao jantar música semi-concerto, das 21 horas até às 22h30. 1.5. MULHERES No bengaleiro do Bico Dourado havia uma empregada jovem e bonita, chamada Celeste, com quem teve uma relação durante algum tempo. Foi também no Bico Dourado que conheceu a mulher com quem veio a casar mais tarde. Essa mulher tinha dez anos mais que o Fernando. Apesar de, desde os 16 anos, trabalhar nestes ambientes de boites e cabarets e ter sido para ele muito fácil a ligação íntima com muita mulher, ele continuava a ser muito inexperiente nesta matéria. Era aquilo que ele costumava chamar-se de “Pinga-Amor”. Apaixonava-se muito facilmente por várias mulheres ao mesmo tempo. Para ele a música estava acima de tudo e logo a seguir, mulheres e de uma maneira geral mais velhas. “Só assim realmente conseguia aprender qualquer coisa”, dizia. Só que levou muito tempo a aprender. Por outro lado e não sabendo bem porquê, todas as mulheres com quem se ligou: - cantoras, bailarinas ou actrizes, eram sempre casadas ou companheiras de alguém. A ligação com a mulher com quem iria casar, era cada vez mais forte. Ela morava num andar da Rua Maria Andrade e aí passou a ser o seu local preferido de dia e de noite. Os seus pais não gostavam dessa sua ligação e mais tarde veio a compreender que tinham razão. O Fernando casou-se. Os padrinhos do casamento foram o Manuel Serrano e esposa. Casou no Registo Civil de Arroios e a seguir foram almoçar a um restaurante em Almada, perto do Cristo Rei. Os seus pais desconheciam que ele tinha casado. Quando souberam, principalmente para o pai, foi o maior desgosto da sua vida. Sobre 26 este assunto, damos a palavra ao Fernando: - “Nós, quando jovens, a maior parte das vezes não damos crédito aos conselhos dos pai, acontecendo mais tarde o quê? – A triste verdade de que eles é que estavam certos e a longa estrada que percorremos toda a vida com este remorso e arrependimento. Muitas vezes aqueles que mais amamos são precisamente esses que mais ferimos. Sinceramente não sei se é por ignorância, inexperiência ou até estupidez. Uma coisa eu sei que é certa, é precisamente com os nossos erros que vamos aprendendo a ser melhor pessoa e ter a cautela necessária para não voltar a repetir. Só que depois do facto consumado e da asneira feita e por mais cuidados que existam pela vida fora não deixamos de nos penitenciar e de não esquecer o desgosto que causamos a alguém.” Depois deste casamento conheceram-se duas fugazes uniões, não oficializadas. 1.6. O GRANDE AMOR DA SUA VIDA A sua grande relação ainda estava para acontecer. Numa das suas várias deslocações de vinte dias aos EUA, como director musical da orquestra que acompanhava Carlos do Carmo, em actuações por esse país, conheceu em 1983, a mulher que viria a ser a sua segunda esposa, uma pessoa também ligada à música como intérprete, chamada Olívia Rodrigues. A Olívia vivia nos Estados Unidos e era, na altura, convidada para fazer a primeira parte da actuação dos grandes artistas que iam de Portugal para ali actuarem, como foi o caso do Carlos do Carmo, do Duo Ouro Negro, do Tony de Matos e de muitos outros. Antes da chegada do Carlos do Carmo, um amigo comum de ambos, o fadista Jorge Quaresma, com quem Fernando Correia Martins já tinha trabalhado conhecia bem o Fernando e a sua reputação em relação às mulheres, após o espectáculo alertou a Olívia que com o Carlos do Carmo vinha o maestro Fernando Correia Martins e que ela tinha que ter cuidado, pois ele com as mulheres era fogo. Olívia não ligou nenhuma. Nessa tournée o empresário pediu à Olívia, no primeiro dia, para os ir buscar ao restaurante e os levar ao hotel. Jantaram juntos e a Olívia ia acompanhada do seu filho que teve do primeiro casamento. O filho vivia com ela e praticava Karaté e já tinha um corpo de atleta. Tinha 16 anos mas já aparentava ter mais idade. O Fernando tinha desabafado para os amigos: - “Eh lá, isto deve ser um namorico”. A seguir apresentaram-na como a primeira pessoa que ia fazer a primeira parte do espectáculo. Olívia lá os foi levar ao hotel e a partir daí começaram a encontrar-se várias vezes. E logo a seguir ou segundo ou terceiro encontro, sentiram que havia uma química muito grande a envolvê-los. Depois havia dias que não havia espectáculos e o Fernando pedia-lhe para o ir buscar ao hotel para darem uma volta, uma vez que a Olívia conhecia muito bem aquela zona onde viviam portugueses e assim, o namoro foi inevitável. Para ambos foi «amor à primeira vista». Nem o Carlos do Carmo nem os músicos que o acompanhavam lhe disseram que o Fernando tinha uma ligação em Portugal, mas o seu sentimento era tão forte que passados 15 dias, após o término da digressão, estava em Portugal, a pedido do Fernando. Para além do amor que a unia ao Fernando, a Olívia tinha um sonho grande, como 27 cantora, o de conhecer o ambiente artístico português. A pessoa com quem o Fernando vivia na altura era uma corista do Teatro Adoque, de forma que quando a Olívia chegou ao aeroporto de Lisboa o Fernando levou-a para o Hotel Príncipe. Esteve três meses nesse hotel e nesse tempo, o Fernando só ia a casa de vez em quando, regressando sempre ao hotel depois das actuações com o Carlos do Carmo. O Fernando e a Olívia saiam todas as noites e dizia-lhe: -“Se vieste para Portugal vais ter que aprender tudo de novo: a cantar, a vestir, a estar em palco; a escolher bons poemas e boas músicas”. Foi começar tudo de novo para a Olívia. Quando a Olívia soube da relação amorosa do Fernando voltou para os Estados Unidos e 15 dias depois, o Fernando foi lá para a ir buscar, pois já tinha resolvida toda a situação anterior. A Olívia veio e desta vez, foi já para a casa do Fernando, onde ainda hoje se encontra, sita na Rua Conde de Monsaraz. A mãe do Fernando que não tinha gostado das relações anteriores do filho e que estava ao corrente de tudo, pois este desabafava tudo com a mãe, quando viu a Olívia gostou logo dela, pois viu nela algo de diferente das outras e a vida em família foi sempre de um enorme respeito, misturado com muito amor entre os três. A relação com a mãe do Fernando não foi perturbadora. A Olívia vinha de uma vida artística dos Estados Unidos e Canadá, completamente à vontade. Não tinha que dar satisfações a ninguém. Os seus pais sempre lhe deixaram fazer a vida que ela entendesse. Sempre a ajudaram, sempre a acompanharam, sempre a admiraram muito, principalmente o seu pai, porque ela se fez na carreira aquilo que ele gostaria de ter feito. De maneira que quando os seus pais souberam desta relação foi um choque tremendo, porque a Olívia tinha feito um casamento, casamento esse que ainda não estava divorciada e as pessoas, nessa altura, tinham a ideia de que o casamento era para toda a vida. O seu pai ouviu dizer que o Fernando tinha 46 anos e a filha tinha 33 e tudo aquilo era complicado para ele, só que o Fernando era uma pessoa muito elegante, muito culto, muito sábio e a Olívia precisava de encontrar alguém com essa força, esse potencial. Depois, quando chegou a Portugal, constatou que o Fernando tinha todo esse peso e respeito no meio artístico, no meio musical e foi-o registando, no fundo da sua alma, com muito amor, porque praticamente não estavam um sem o outro. Com esta união toda a sua vida se transformou para melhor. O Fernando continuou a sair com a Olívia e este a apresentá-la a toda a gente. Na altura com muitos projectos e trabalhos a nível de televisão. Quando a Olívia chegou o Fernando trabalhava muito com a Simone de Oliveira. Fazia muitos espectáculos no Piano Bar, onde o Fernando a acompanhava só com a viola acústica. A Olívia chegou aqui ao sector mais alto do meio artístico, na companhia do Fernando e a sua vida mudou completamente, com a sorte de estar apaixonadíssima pelo Fernando e este muito preocupado com tudo o que se relacionava com a mulher. Era um homem que a protegia de tudo. Tudo o que ela fazia ele estava sempre com os olhos em cima: - como estar numa mesa, como estar com outras pessoas, como estar em palco, como se cultivar, etc. Três anos depois da Olívia estar aqui, a mãe do Fernando começou a ter imensos problemas de saúde motivado por causa do cigarro. Era uma pessoa que fumava muito e 28 quando fumava mais do que devia, deixava de ter oxigénio no cérebro e deixava de saber o que fazia. A Olivia ajudou o Fernando no que podia e sempre esteve ao seu lado em todas as situações. Após três anos de estar aqui a Olívia chegou a perguntar-se: -“Afinal o que é que eu vim buscar?”. Mas, ela sabia que não tinha vindo só buscar o marido e como gostava tanto dele, tudo aceitou de bom grado, até à morte da sogra, ocorrida em 1986. Após a morte da mãe o Fernando viu-se muito sozinho e das primeiras coisas que quis fazer foi casar com a Olívia, tornando-se a relação entre ambos ainda mais forte, mas o casamento para o Olivia não era o mais importante, pois vinha de um divórcio e isso só acontece anos mais tarde novamente por pedido do Fernando em 1997. O Fernando continuou com muito trabalho e a pedir sempre a opinião da sua querida esposa. Viajaram muito. Foram aos Açores, a França, Estados Unidos e Canadá por várias vezes. “Foi uma relação muito apaixonada”, nas palavras da Olívia, “um homem que a protegia de tudo e qualquer coisa”, acrescenta. As pessoas que conheciam bem o Fernando eram unânimes em afirmarem que ele era um homem completamente apaixonado e que, por isso, a partir daí os temas das suas melodias eram completamente diferentes. A Olívia lembra-se do Fernando quando preparou os temas musicais para A Severa, da produção do empresário Sérgio de Azevedo, ela tinha perdido a mãe há pouco tempo, em 1989, com cancro de mama detectado em1988 e nesse ano foi o ano que a Simone de Oliveira foi operada ao peito e a Olívia estava de rastos, mas o Fernando foi sempre uma pessoa que a acompanhou e que foi com ela aos Estados Unidos. Ele tinha uma admiração muito grande pelos seus sogros e quando ele fez esses temas para A Severa, em que o Carlos Zel cantava dois, bem como a participação do Carlos Quintas e do José Viana, a Olívia lembra-se de haver pessoas lá que diziam que só um homem apaixonado podia escrever música assim. A Olívia confidencia-nos que “sempre onde quer que o Fernando estivesse, com o olhar dele a envolvia, a protegia e ela sentia-se uma mulher completamente privilegiada. Entrar num lado qualquer, de braço dado com o marido, era um gosto enorme. A minha família tem recordações do meu marido encantadoras. Todos, para ele, eram queridos. Chamava-lhes meus amores a todos. Muito temperamental, muito sentido, mas muito apaixonado. Era um homem que tinha sempre frases bonitas para dizer a uma mulher, para dizer a uma pessoa amiga, para dizer à família”. A Olívia foi mãe aos 16 anos. O seu filho Tony nasceu em França e depois foi para os Estados Unidos com a mãe. Na escola também estudou piano. Quando o Fernando chega aos Estados Unidos, em 1983, o Tony ia tocar, pela primeira vez, piano no espectáculo onde entrou o Carlos do Carmo. Estava tão nervoso nesse dia que o Fernando chamou a Olívia de lado e diz-lhe: - “Qual é a mãe que põe um filho a tocar em cima de um palco tão nervoso como ele está?”. A ligação do Tony com o Fernando era como se fosse de um pai para filho, ao ponto do Tony ter pelo Fernando uma ligação e uma adoração como nunca teve com o próprio pai, porque com o Fernando podia falar de tudo. Como o Tony tem uns ouvidos musicais extraordinários o Fernando mostrava-lhe as coisas e era o Tony que o ajudava no computador. Mesmo vivendo em França, por intermédio do Skype do computador era o Tony que ajudava o Fernando nas gravações. Quando a Olívia conheceu o Fernando o Tony ainda chegou a morar com eles em 29 Portugal. Nessa altura o Fernando diz-lhe que se ele quisesse seguir a música teria que estudar 12 horas por dia, as mesmas que o pai do Fernando o obrigou a ter. Mas o Tony não estava para aí virado e isso lhe dificultava os seus passeios e os seus namoros. De forma que o Tony um dia decidiu ir para França ter com o pai, onde este tinha uma empresa de construção civil, actualmente dirigida pelo Tony, com 12 empregados e uma boa carteira de clientes. Do casamento de Tony nasceram três netos. O Gabriel, com 14 anos, que chegou a ter aulas de guitarra com o Fernando, a Cassandra, com 11 anos, que estudou piano, mas que actualmente prefere a dança e o Matias, com a idade de 6 anos. A relação do Fernando com a Olívia durou 26 anos e segundo ela, sempre sentiram um pelo outro aquilo que sentiram desde o início do seu relacionamento. Ao lhe pedir umas últimas palavras neste campo e lhe pedir que me ajudasse a encontrar o sentido certo da dor que é a partida de um ente querido, a Olívia pronunciou-se desta forma magnífica: “As pessoas que vão ler esse livro, as que me conhecem, têm conhecimento das minhas ideias espirituais, até porque eu nunca as escondi. Sabem aquilo que eu sinto e sabem que eu choro imenso. Chamo muito por ele. Não deveria. Tenho muitas saudades dele, porque eu fui uma mulher muito amada por este homem e foi realmente o homem que eu quis na minha vida. Eu tive o homem que eu gostaria de ter na minha vida. Eu queria realmente estar no meio musical e apaixonei-me por um homem que a nível musical, a nível de amor, a nível de paixão, de cumplicidade era diferente de todas as pessoas que conheci. Nós éramos o oposto. Ele dizia uma coisa e eu dizia – não é assim Fernando. Não faças assim em relação à pessoa. Não deixes que a pessoa te diga isto. Depois parava, ia pensar e dizia: - se calhar tens razão. Nunca dizia está bem. Assim como ele, em relação a mim, também não. Evidente que eu tinha esse à vontade com o Fernando. Eu sei que ele foi para um sítio para onde todos nós vamos estar e todos vamos partir. Não somos eternos aqui. Tenho imensas saudades por ele não estar aqui. Tenho uma casa completamente vazia. Tudo aquilo que construímos e que ainda queríamos construir. Viagens. Pensámos fazer uma viagem sem destino. Era uma coisa que ele adorava. Sem tempo, sem datas. Tínhamos ainda muito para fazer. Sei que a minha carreira com este homem teve outro impulso. Eu sentia-me completamente à vontade. Se estava num palco sabia que ele estava a tomar conta de tudo. Ele escolhia o meu reportório. Se ia para a província era diferente. Se as coisas corriam muito bem era o primeiro a dizer-me -“Estiveste bem, gostei de ver”. Ele era um homem muito crítico, até em relação aos seus trabalhos. Os cantores e músicos deste país e não só, pois ele chegou a acompanhar Júlio Iglésias, Gilbert Becaut, Clif Richard e outros que agora não me vem à memória sabem do seu profissionalismo. Era exigente com todos com quem trabalhava. A primeira coisa quando ia à televisão e fui convidada para mais de 55 programas de televisão, a crítica que eu tinha mais medo era sempre a do meu marido, no bom sentido, porque era uma crítica que ia aos pormenores todos. Espiritualmente ele está sempre comigo. Eu sinto a sua vibração, sinto que me está a proteger. Sinto o seu trabalho e a sua paixão pela música, porque realmente, mulher eu sei que fui a sua paixão, sei que fui o seu grande amor, mas o seu amor maior foi realmente a música, porque este homem era capaz de se deixar estar, 3, 4 ou 5 horas, a descansar ao lado da sua mulher, para estar a fazer algo, para responder a um compromisso e porque ele adorava isso. A juventude do meu marido era fazer aquilo 30 que mais amou na vida. Ele nasceu para ser músico, ele nasceu para ser o homem que foi. Espiritualmente choro a saudade. Ainda vou ao cemitério. Eu sei que ele não está lá. Se eu me iniciei e procurei o caminho espiritual, também foi ele que detectava em mim certos e determinados sintomas. E dizia-me: - “Tens que procurar o caminho espiritual e tens que ir aqui e tens que ir acolá”. Foi ele que me empurrou para eu abrir mais a mente para esta caminhada que é a nossa passagem por aqui e dificilmente eu vou esquecer este homem. Não é possível esquecer e nem penso nisso. De qualquer das maneiras o que eu sei é que um dia vamos estar do outro lado. Aquilo que eu pretendo agora é chorar o menos possível. Eu choro de saudade. Eu sei que ele não morreu. Eu sei que ele não fica ali. Eu sei que ele já está a trabalhar noutro sítio. Já está a tocar para outro nível. Até um dia meu querido marido e que Deus te Abençoe. NAMASTÉ”. 31 2. UMA LONGA E CONCEITUADA CARREIRA “Milhares de pessoas cultivam a música; poucas porém têm a revelação dessa grande arte”. Ludwig Van Beethoven 32 2.1. DO CLUBE MAXIME AO TEATRO Conforme já o referimos o maestro Fernando Correia Martins teve a sua estreia como músico profissional, aos 16 anos, como violinista, no Clube Maxime, em Lisboa, através da Orquestra de José Mesquita, seguindo com essa orquestra para Espanha, onde fez uma temporada numa das salas mais notáveis de Madrid. Em finais de 1956 e início de 1957, o Fernando e o pai, numa deslocação à Madeira, para actuarem no Casino daquela ilha, criaram o grupo “Correia Martins, Filho e seu Conjunto”. Foi um enorme impacto a sua permanência na ilha da Madeira. Nos diversos recortes de notícias que consultei sobre esta digressão, fiquei com a certeza que a maioria das pessoas ficaram deslumbrados com a interpretação do Fernando. No “Diário de Notícias” do Funchal, edição de 8 de Janeiro de 1956, dizia que: -“Põe-se muito gostosamente em evidência a felicíssima actuação do esperançoso violinista Correia Martins (Filho), pena de virtuosismo e de interesse, numa demonstração magnífica da sua extraordinária inclinação musical. Um dos solos interpretados bastou para dar a todos os presentes uma ideia precisa do valor do jovem músico, a quem deve estar reservado, por certo, uma carreira deveras brilhantíssima.” E continuando terminava dizendo que: - “Este afamado grupo musical teve a seu cargo, além dos acompanhamentos, alguns números que foram primorosamente executados, sendo muito apreciado o talentoso violinista Correia Martins, que foi justamente destacado nos aplausos que premiaram todas as interpretações dos componentes da orquestra.” No alinhamento dos espectáculos apresentaram duas novidades musicais: - LUAR DO FUNCHAL, com versos e música de Correia Martins e criação de Catalina Valero e ILHA DO FUNCHAL, música de Correia Martins, Filho, versos de Jerónimo Bragança, com criação de Júlia Barroso, apresentada aqui em estreia absoluta, merecendo nas diversas assistências calorosas salva de palmas. Estes temas tiveram honras de publicação em vários jornais da Madeira, como o “Eco do Funchal” e no “Diário de Notícias”, do Funchal. A constituição do conjunto era a seguinte: Correia Martins, Filho, como Violinista Solista e Guitarra Eléctrica; Carlos da Rocha Pires, 1º Pianista; Correia Martins, Acordeão, Contrabasso e 2º Pianista; Floriano Silava, Violino, Contrabaixo e Bateria e Abreu Moreira, como Vocalista e Ritmos. Daqui seguiram para o Cairo, onde as suas actuações foram um forte êxito. 33 Na década de setenta, tem um contacto muito acentuado com o teatro, começando como autor de música para a peça infantil, O Cavaleiro sem Medo, de autoria de Francisco Nicholson, levada à cena no Teatro ABC, numa produção do conceituado empresário Sérgio de Azevedo. Esta peça inaugurou o “ABCINHO”, estrutura teatral infantil, criada pelo Sérgio de Azevedo, para contemplar o público infantil. A encenação coube a Maria do Céu Guerra, uma grande senhora do teatro. Sérgio de Azevedo empenhou-se na divulgação desta área artística como se se tratasse de teatro para adultos e o êxito foi muito, muito considerável. Foi uma experiência de enorme importância que o 25 de Abril de 1974 viria deitar por terra. Correia Martins em parceria com Braga Santos, eram os responsáveis de uma produção com um elenco de peso, com nomes como Pedro Machado, Helena Isabel, Joel Branco, Maria Tavares, Luís de Mascarenhas e Nuno Emanuel. A aposta estava ganha. Autores e intérpretes tinham dado o melhor, de tal forma que logo a seguir, Sérgio de Azevedo, estreia nova peça, Batatinha e Casacão, de autoria do Pedro Pinheiro, onde o próprio desempenha o papel de protagonista. A convite deste empresário, Fernando Correia Martins vai continuar, ate 1974 neste teatro, mas agora criando músicas para um novo estilo teatral, o do teatro de revista à portuguesa. Em parceria com o Pedro Osório e Braga Santos, dão vida musical aos textos escritos por Francisco Nicholson, Gonçalves Preto, Mário Alberto e Nicolau Breyner. P’ró Menino e P’rá Menina foi uma revista que ficou na memória dos espectadores atentos e entendidos nesta área, com lotações esgotadas durante meses. Um elenco de luxo defendeu-a com um trabalho extremamente válido, com destaque para Nicolau Breyner, Anabela, António Montês, Io Apoloni, Mariema e Victor Espadinha. Quando em Portugal se deu a Revolução do 25 de Abril de 1974, o Teatro ABC tinha em cena a Revista, Tudo a Nú, cuja parceria musical e de textos era a mesma da produção anterior, excepto o nome de Nicolau Breyner. Em 31 de Janeiro de 1974 era divulgado no Diário Popular que já tinham assistido 170 000 pessoas a esta produção. Depois do 25 de Abril esta revista passou a designa-se de, Tudo a Nú Com Nova Parra. A ela estiveram ligados os mais conceituados actores portugueses, como Aida Baptista, Henrique Mendes, Francisco Nicholson e Anabela, que interpretou o seu “Charlot”, numa esplêndida interpretação mímica, considerada das melhores criações da sua carreira. Em 1974 faz parte duma equipa de forte espírito revolucionário, que está por detrás da criação da Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, responsável pela edificação do Teatro Adoque que, entre exposições, peças infantis e revistas, teve um notável exemplo até ao fim dos seus dias, que aconteceu por volta de 1982. Destes obreiros da mudança estética, faziam parte nomes como: Correia Martins, Francisco Nicholson, Gonçalves Preto, César de Oliveira, Ferro Rodrigues, Magda Cardoso, José Carlos Ary dos Santos, Joaquim Pessoa, Mário Alberto, Henrique Viana, Artur Semedo, Braga Santos, Maria Helena Reis, António Montez, Ermelinda Duarte e Joaquim Luís Gomes. Estas pessoas criaram uma nova sala de espectáculos, à força de muito trabalho e teimosia, sem apoios estatais, mas com uma vontade imensa da sala não cristalizar em fórmulas e se revigorar e enriquecer. Ary dos Santos, dizia no lançamento do Jornal Adoque, lançado no âmbito de “A Grande Cegada”: 34 - Agora sim, fiz revista sem empresários mandões. Só pode ser progressista a revista sem patrões. Dos treze espectáculos de revista, estreados entre 1974 e 1982, o Fernando participa na parceria musical de cinco: Pides na Grelha (primeira produção, 1974), A Grande Cegada (1976), A Paródia (1977), Paga as Favas (1981) e Tá Entregue à Bicharada (1982). Segundos a opinião de Luiz Francisco Rebello, A Paródia, estreada em Fevereiro de 1977, foi considerada a melhor revista desta cooperativa, cuja estrutura criativa assentava na homenagem que fizeram a Rafael Bordalo Pinheiro, no âmbito do centenário do Zé Povinho, que tinha ocorrido um ano e meio antes. A parceria musical de Correia Martins nestes espectáculos foi ou com Braga Santos, ou com o José Luís Gomes. Nesta década ainda há espaço e tempo para outras criações musicais para teatro. No Teatro Monumental, a convite do actor brasileiro Badaró, é o autor da música O Último Fado em Lisboa, uma produção de Vasco Morgado que algumas figuras do nosso espectáculo contestaram, nomeadamente com a interrupção da representação tida na noite de 24 de Agosto de 1974. Em 9 de Abril de 1978, no Cinema Satélite, em Lisboa, a convite do Pedro Pinheiro compõe a música para a peça, Guilherme e Marinela, dirigida pelo actor Ruy de Matos. Esta década não ia terminar sem a assinatura musical de uma estrondosa produção que o Teatro da Trindade teve o privilégio de apresentação a público. Novamente a convite do activo empresário Sérgio de Azevedo, Fernando Correia Martins, participa com música adicional e orquestração, na opereta, A Invasão, estreada no dia 20 de Dezembro de 1979. Esta produção agora posta em cena, onde o Correia Martins, empresta o especial talento, é a reposição de uma obra estreada em 1945, num original de José Galhardo, Vasco Santana e Carlos Lopes, com música de Raul Ferrão, Fausto Caldeira e Fernando de Carvalho. Na edição de 1979, estiveram ligados nomes bem reconhecidos da nosso espectáculo, como Nicolau Breyner na encenação e interpretação; César de Oliveira, na adaptação do texto, Moniz Ribeiro, como maquetista; Melo Frazão, na área dos figurinos; José Luís Ardiz, que assinou a coreografia e ao responsável musical Correia Martins responsável pela música. As músicas originais e a orquestração do Fernando Correia Martins, tiveram um grande destaque no esforça desta produção. Goulart Nogueira, na crítica que escreveu, publicada em “O Diabo” de 2 de Janeiro de 1980, diz-nos que “… foi na parte musical que se conseguiu o melhor resultado desse esforço”. No campo interpretativo para além do Nicolau, participou o António Calvário, Carlos Quintas, Paula Correia, Henrique Santos, Maria Helena Matos, Vera Mónica, Victor de Sousa, Mafalda Drummond e Luís Horta, entre outros. Num artigo de duas páginas publicado no mesmo jornal indicado atrás, edição de 29 de Janeiro de 1980, Goulart Nogueira volta novamente a esta produção e colhe depoimentos de cinco pessoas sobre esta opereta: César de Oliveira, Nicolau Breyner, Correia Martins, Carlos Quintas e Mafalda Drummond. Quando o jornalista pergunta ao Nicolau para se pronunciar sobre o ritmo diferente e processos novos, atribuídos a este 35 espectáculo, este não evita em se pronunciar sobre esses processos novos que, segundo ele estavam “nas orquestrações, nos processos de representação. O coro faz parte integrante da espectáculo: fala, canta, está constantemente em movimento e até ajuda a representação. (…) Outro exemplo: os concertantes; (…) criámos uma certa distanciação, paralisando todos os intervenientes do concertante e deixando só em movimento o solista.” Quando Goulart pergunta ao Correia Martins se o espectáculo A Invasão, é uma autêntica opereta, o Fernando diz-lhe que o é “sem dúvida: possui todos os ingredientes, condimentos e regras. Há pessoas que vêm ver isto julgando que é revista ou comédia musical. Mas trata-se de uma opereta com todos os cânones e características duma opereta portuguesa”. O jornal “Sete” na edição de 27 de Dezembro de 1979, num trabalho escrito por Edite Soeiro, dedica três páginas a este espectáculo, dizendo-nos que “Nicolau Breyner que soube cumprir sua obrigação de fazer da velha opereta, quase uma comédia musical, onde é muito importante destacar as orquestrações do Correia Martins, que são talvez do melhor que ouvi até hoje, no teatro ligeiro português.” Para este espectáculo Correia Martins teve no fosso de orquestra 25 músicos que dirigiu primorosamente, numa situação nunca vista em Portugal, uma vez que o máximo era de 15 músicos. Este trabalho foi reconhecido pelo Sérgio de Azevedo. Em telegrama que este lhe mandou para o Teatro da Trindade, logo a seguir à estreia, mandou escrever o seguinte: - “O teu trabalho encantou-me a todos os níveis. Parabéns. Faço votos que continuemos a trabalhar juntos por muito tempo. Apresenta meu maior respeito a todos os componentes da Orquestra.” No início da década de oitenta, a convite de Pedro Pinheiro e Maria Dulce, colabora na parceria musical da revista, Ai a Tola, ao lado de Nuno Gomes dos Santos, Carlos Alberto Moniz, Carlos Mendes e José Jorge Letria, cuja estreia em 1981, acontece no palco da Filarmónica da Amadora. O jornal “Correio da Manhã”, numa edição de Outubro de 1981, dizia que era “de salientar o trabalho do maestro Fernando Correia Martins e da cançonetista Teresa Paula Brito”. No ano seguinte o Teatro Nacional D. Maria II, contrata-o como compositor e orquestrador da peça infantil, Chapéu Mágico, da autoria de Carlos Correia, com encenação do Rogério Paulo e a interpretação da Lúcia Maria, Manuel Coelho, António Anjos e Mário Pereira. Em Outubro de 1985 colabora pela primeira vez, com o Teatro Maria Vitória, por intermédio da Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Não Batam Mais no Zézinho, é a revista onde vai iniciar essa colaboração musical, juntamente com João Vasconcelos e Nuno Nazareth Fernandes. A interpretação fez-se com um elenco de luxo: Eugénio Salvador, Ivone Silva, Henrique Santana, Linda Silva, Carlos Cunha e Marina Mota, entre outros artistas. Esta revista atingiu um impacto tão grande que esteve cerca de 2 anos em cena. Os ingredientes para esse êxito estão bem patentes no texto de introdução ao programa deste espectáculo, escrito pela Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa: “Quando juntámos o Henrique Santana o Francisco Nicholson e a eles ligámos o Mário Zambujal; quando convidámos o Fernando Correia Martins a juntar-se a João Vasconcelos e Nuno Nazareth Fernandes; quando fizemos estrear no “Maria Vitória” como Montador e Maquetista, o Moniz Ribeiro e para Cenografia trouxemos o José Manuel; quando de novo chamámos o José Luís Ardiz para a Coreografia e por fim, 36 quando entregámos os Figurinos à criação de Helena Reis…Estava no nosso sincero desejo fazer algo diferente do que é habitual…” Correia Martins acompanha em Maio de 1986, a companhia do Maria Vitória para Teatro Municipal Maria Matos, em consequência do incêndio ocorrido no Teatro Maria Vitória. A primeira estreia, neste novo espaço, aconteceu com Isto é Maria Vitória, estreada em Julho desse ano. A parceria musical é a mesma e a parceria dos textos tem, também, a participação do Rogério Bracinha. Seguiu-se Escrita do Dia, levada à cena em 29 de Janeiro de 1987, com a mesma parceria, na música e nos textos. A revista seguinte, Toma Lá Revista, estreou-se em Julho de 1987 e foi convidado o compositor Fernando Ribeiro para se juntar aos autores musicais anteriores, que trabalharam para um grande elenco, constituído entre outros, por Eugénio Salvador, Simone de Oliveira e Delfina Cruz. Agora para o Teatro Variedades, a convite do Hélder Freire Costa, associado a Vasco Morgado Júnior, participa na revista, A Prova Dos Novos, estreada em 1988. Com os mesmos autores da companhia do Teatro Maria Vitória, é convidada uma grande senhora do nossa teatro, Maria Helena Matos, para fazer a encenação. Esta produção, tal como o nome indica, preocupou-se em lançar no mercado teatral, com grande destaque, um grupo de novos actores, nomeadamente Marina Mota, Carlos Cunha, Fernando Mendes, Carlos Ivo, José Raposo e Maria José Abreu. Em 7 de Fevereiro de 1990, apresenta-se no Teatro Maria Matos o espectáculo musical, A Severa, um dos melhores textos de Júlio Dantas, que Sérgio de Azevedo se atreve a levar à cena. Como sempre serve-se de conceituados obreiros do espectáculo: Rosa Lobato Faria nos poemas; Fernando Correia Martins na coordenação musical e na orquestração e novamente, o Nicolau Breyner na encenação. Na interpretação o destaque para a Lena Coelho,14 o Carlos Quintas, Henrique Viana, Manuel Cavaco, José Raposo, Maria José Abreu e o fadista Carlos Zel. Foi um espectáculo muito bem recebido pelo público e pela crítica, que o consideraram como uma produção invulgar no meio artístico, digna de ser vista e o mais conseguido musical desse tempo. A RTP transmitiu nesse mesmo ano. Ainda em 1990, concretamente a 2 de Março estreia-se já no Maria Vitória, coincidindo com a inauguração do teatro reconstruído, a revista, Vitória! Vitória…Mantém-se o mesmo grupo de compositores da produção anterior deste teatro e os textos são escritos por Henrique Santana, Augusto Fraga, Nuno Nazareth Fernandes e Francisco Nicholson. No ano seguinte, também no Teatro Maria Vitória, com produção de Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior, é responsável pela criação das músicas, juntamente com João Vasconcelos, Fernando Ribeiro e Nuno Nazareth Fernandes de, Vamos a Votos, que muda para Fomos a Votos, a partir do início de 1992. Houve números de grande destaque que um elenco defendeu capazmente, nomeadamente Carlos Miguel, Rosa do Canto, Fernando Mendes e Vera Mónica. A revista seguinte, estreada no dia 7 de Agosto de 1992, intitulada Quem Tem Ecu Tem Medo, escrita pelo Henrique Santana, Eduardo Damas, Carlos Ivo e Mário Raínho, 14 A Lena Coelho, que foi a protagonista deste espectáculo, utilizou em cena a guitarra que pertenceu à Severa, graças ao empréstimo do coleccionador José Lúcio. 37 teve na parceria musical, o Fernando Correia Martins, junto com o Manuel Paião, João Vasconcelos e Fernando Ribeiro. A direcção deste espectáculo, por Henrique Santana, foi muito cuidada, coadjuvada pelo Carlos Ivo, bem como na área coreográfica, dirigida pela Liliane Viegas. Ainda em 1992 o actor e encenador Carlos César, responsável máximo pela Teatro de Animação de Setúbal, faz o convite ao Fernando para ele ser o autor musical da peça, O Pai Tirano, original de António Lopes Ribeiro, cuja adaptação foi feita por João Aldeia e Alberto Gortler. Foi um espectáculo magnifico que o grupo levou a cena no Fórum Municipal Luísa Todi de Setúbal. As duas revistas seguintes, apresentadas a público no Maria Vitória: - A Pão e Laranjas, estreada em 1993 e De Pernas Pró Ar!, levada à cena a partir do dia 14 de Dezembro de 1994, têm, novamente, a assinatura criativa do nosso Fernando Correia Martins, na primeira junto com o João Vasconcelos, Fernando Ribeiro e Manuel Paião e na segunda só com o João Vasconcelos e o Fernando Ribeiro. Como sempre os mesmos produtores contratam os melhores artistas para dar corpo à parte criativa. Actores bem conhecidos e experientes nesta modalidade artística, como Henrique Santana, Octávio de Matos, Lena Coelho, Alexandra, Carlos Areia, João Baião, Delfina Cruz, Vasco Rafael, Camacho Costa, Octávio de Matos, Fernando Mendes e Maria João Abreu, entre outros. Ora Bolas…Pró Parque, tem também a participação do Fernando, junto com João Vasconcelos e Nuno Nazareth Fernandes. Esta revista tem a produção do Hélder Freire Costa, associado a Marina Mota e ao Carlos Cunha e foi estreada em 1997. De referir que em muitas destas produções, Fernando Correia Martins, para além de compositor, acumulou com o cargo de orquestrador e chefe de orquestra. Em 2003 é o autor da música para a revista, Isto é Que Vai Uma Açorda, produzida por Pedro Pinheiro para digressão pela província, cujos textos além do Pedro Pinheiro, foram escritos pelo Luís Mascarenhas. A ligação à revista e ao Teatro Maria Vitória volta a ter lugar em 2006, desta vez não como elemento da parceria musical, mas com a publicação de um depoimento que o Fernando, a convite do Hélder Feire Costa, do João Raposo e da Maria João Abreu, apresenta no programa da revista, Já Viram Isto?!..., cuja estreia teve lugar no dia 26 de Outubro. Um texto extraordinário, publicado no referido programa, que não resistimos de o apresentar aqui: “Antes e depois” O Parque Mayer fez parte da minha infância. Meu pai, um grande amante do Teatro, levou-me a ver imensas revistas, a partir dos meus 9 anos de idade. Lembro-me perfeitamente de ver no Teatro Maria Vitória e no Teatro Variedades, actores e actrizes como: António Silva, Eugénio Salvador, José Viana, Barroso Lopes, Humberto Madeira, Costinha, Irene Isidro, Teresa Gomes, Luísa Durão, Eunice Moñoz, e muitos outros. Tenho à frente dos olhos imagens desse Parque Mayer. 38 Quando hoje «ali entro», vejo vários teatros a funcionar. Vejo cafés e esplanadas. Vejo vários restaurantes. Vejo as barracas de tiro-ao-alvo, e até vejo o ringue de boxe! Vejo muita gente e ouço todo o seu movimento. Quando finalmente abro os olhos, encontro-me no meio de nada, como se de um deserto se tratasse!... O que eu «vi, ouvi e senti» foi simplesmente uma miragem vinda do fundo da minha imaginação! O que é que irá acontecer ao Parque Mayer??? Irá continuar nesta agonia? Neste estado terminal? NÃO! Não acredito! Enquanto houver homens e mulheres empenhados no seu renascimento, ELE ressuscitará. No entanto, um conselho de amigo: escolham pelo melhor os seus autores e compositores, actores e actrizes, bailarinos, encenadores e todo o corpo técnico. Não pactuem com medíocres ou incompetentes , senão nada têm para dar ao espectador, a não ser um bilhete de custo elevado. Vamos para a frente, mas sempre com o máximo de qualidade. Eu, seja qual for a situação, estarei sempre do vosso lado! Fernando Correia Martins (Compositor, Orquestrador, Chefe-de-Orquestra)” Quando o Fernando dizia que estaria sempre ao lado da revista, não era mentira e quando o Hélder Freire Costa e a Marina Costa o convidam para o elenco de autores da música para a revista de 2007, aceita no primeiro momento. Lá o vimos com Braga Santos e o José Cabeleira estar à frente da parceria musical da revista, Hip-Hop’Arque!, com a acumulação também de director de orquestra. Com direcção e encenação da Marina Mota, foi uma revista de grande qualidade, escrita pelo Francisco Nicholson e Tiago Torres da Silva; Coreografia do Marco de Camilis e a Direcção Plástica e Figurinos dessa grande senhora que se chama Helena Reis. A defender os números, como sempre um elenco de luxo. Desta vez com a Mariana Mota, Carlos Cunha, João Baião, Ana Brito e Cunha, Rui de Sá, Paulo Vasco e a Melânia Gomes, entre outros. No dia 18 de Dezembro de 2008, Hélder Freire Costa & Marina Mota Produções convidam novamente o Fernando Correia Martins, para encabeçar o leque de compositores da revista, Piratada à Portuguesa, igualmente com Braga Santos e José Cabeleira, onde assume também a direcção musical e orquestrações. A direcção e encenação é da responsabilidade da Mariana Mota que também a escreve em parceria com o Francisco Nicholson e a interpreta ao lado do Carlos Cunha, a Mariana Mota que volta à revista, o Telmo Miranda, Paulo Vasco, Melânia Gomes e Sara Brás, entre outros. Esta foi a última revista em que o Fernando participou. Não por vontade própria, pois o Hélder Freire Costa contava com ele para a produção de 2009, mas o destino tinha outro caminho traçado para o Fernando Correia Martins. Quis levá-lo para outros planos, para outras composições… outros estados… 2.2. OS FESTIVAIS RTP DA CANÇÃO 39 Em 1975 participa, pela primeira vez no Festival da Canção RTP. O evento desse ano, iniciado em 1964, tem ainda bem presente as ideias revolucionárias do 25 de Abril de 1974. Neste é vencedor o capitão Duarte Mendes, num festival diferente dos anteriores. Correia Martins participa, com a orquestração e direcção de orquestra, na canção nº 7, intitulada “Canção Acesa”, com letra e música de Rita Olivais. Só em 1979 é que volta a participar neste certame, ano em que ganhou a Manuela Bravo com a canção “Sobe, Sobe, Balão Sobe”. No Festival deste ano Correia Martins teve uma participação intensa e versátil. Foi o orquestrador da canção “Zé Brasileiro”, interpretada pela Alexandra, com música de António Sala e letra de Vasco Lima Couto e “A Canção do Realejo”, cantada por Valério Silva, com música e orquestração de Fernando Correia Martins e letra de António Sala. Na canção da Manuela Bravo coubelhe a orquestração, a música e a letra a Carlos Nóbrega e Sousa. Mas o seu grande impacto ainda estava para acontecer, relacionado com a realização deste festival. Com a deslocação da Manuela Bravo ao Festival da Eurovisão, que nesse ano decorreu em Israel, onde a Manuela obteve um honroso 9º lugar, aconteceu um caso digno do nosso registo. Nesse ano os chefes de orquestras e maestros israelitas fizeram greve e ele entre 40 chefes de orquestras de todo o Mundo foi o convidado do Governo Israelita, convite esse que lhe mereceu uma Condecoração Estatal. Caso único em Portugal. A comunicação social deu uma enorme cobertura à edição desse festival e foi unânime em valorizar a prestação do Fernando Correia Martins. Um periódico que não conseguimos identificar, pois o recorte não o permitiu, mas que julgamos ser a “Crónica Feminina”, diz o seguinte: - “Sempre que se fala em música portuguesa, refere-se, invariavelmente, os intérpretes, deixando-se num lamentável esquecimento pessoas de alto nível no campo musical como FERNANDO CORREIA MARTINS, um profissional que consegue aliar os seus elevados méritos a qualidades humanas de excepção, num meio onde as «boas pessoas» não abundam. Pelo muito que tem feito em prol da nossa música e pelos dotes de cavalheirismo que sempre tem sabido evidenciar, aqui fica a referência, à maneira de chamada de atenção…”. Outros críticos disseram que se não fosse a mão orquestral de Correia Martins, a Manuela Bravo não teria tido tanto impacto, uma vez que aquela canção não era, de modo algum, forte e com força de actualidade. A esse respeito gostámos das palavras que o António Sala disse para a Plateia, edição de 6 a 12 de Março de 1979: - “ (…)Penso que se esta composição se situasse há dez anos atrás era uma canção popular e actualizada. Poeticamente acho-a muito fraca, musicalmente muito frágil, a interpretação acho-a conseguida com uma certa frescura, alegria e jovialidade. No entanto o único trabalho que para mim merece realmente nota positiva é o do orquestrador Correia Martins que conseguiu pegar numa canção que é quase infantil , com uma construção extremamente simples, talvez simples demais para um Festival de profissionais e conseguiu torná-la pelo menos agradável.” No “Jornal Novo”, num artigo assinado por C.P., diz-nos que “o bom arranjo orquestral (o melhor do festival, segundo votação secreta dos membros da orquestra) do «Balão» e a voz bonita, fresca, de Manuela Bravo ajudam a esquecer a enorme insipidez do poema”. Nesse ano, Correia Martins, foi laureado com o prémio da melhor orquestração do Festival RTP. 40 No ano seguinte é responsável, como orquestrador da canção, “Concerto Maior”, cantada por Manuel José Soares, com música de Manuel José Soares, letra de Mário Contumélias e direcção de orquestra do maestro Jorge Machado. Na canção “Razão de Ser”, cantada por Alexandra e António Sala, o Correia Martins é o autor da música e da orquestração. A letra coube ao Fernando Guerra e Jorge Machado dirigiu a orquestra. Também nesta edição do festival assina a orquestração do tema, “Agosto em Lisboa”, cuja interpretação foi da responsabilidade de Zélia, com música de Manuel José Soares e Isabel Soares, letra de Mário Contumélias e direcção de orquestra do Jorge Machado. No ano de 1981 concorre com a canção, “Daqui Deste País”, na situação de orquestrador e direcção de orquestra, tema interpretado pelo grupo “Bric à Brac”, cuja letra foi do Mário Contumélias e a música do Manuel José Soares. Para a canção de Maria Guinot, escrita, musicada e interpretada pela própria, com o título “Um Adeus Um Recomeço”, teve as mesmas funções. Para o Festival RTP de 1982, toma a seu cuidado a orquestração e direcção de orquestra, do tema cantado pela Alexandra e pelo Marco Paulo. A Alexandra com “Até Amanhecer”, letra do Tozé Brito e música de Pedro Brito e o Marco Paulo com “É o Fim do Mundo”, com letra e música de Fernando Guerra e João Henrique. No ano seguinte é encarregue do tema da Alexandra, onde faz uma parceria com a Rosa Lobato Faria para o tema “Rosa Flor Mulher”, que além da autoria da música também é o orquestrador e director de orquestra. Mas, a canção Nº 6 desse Festival, intitulada “Mal D’Amores”, cantada pelo Xico Jorge, foi da responsabilidade total do Correia Martins: - Letra, Música, Orquestração e Direcção de Orquestra. Volta ao Festival RTP em 1989, com a orquestração e a direcção da orquestra que a Lenita Gentil, levou a este certame. Chamava-se “Canção de Roda e Fantasia” e tinha letra de João Cavadinhas e António Prata que foi também o autor da música. Nesse ano é o Orquestrador e Director de Orquestra do Festival da Canção e de todo o espectáculo envolvente no Teatro Garcia Resende em Évora. De assinalar que foi neste ano que um Festival da Canção ganhou um prémio internacional, não através de uma canção, mas do bailado, “Amores de Verão”, cuja composição musical coube a Correia Martins e que, logo ali no dia da sua estreia, foi amplamente elogiado pelo Maestro António Vitorino de Almeida, o responsável pela apresentação do Festival de 1989. Para dignificar a qualidade deste evento, outros artistas se associaram ao mesmo, como foi o caso dos actores Nicolau Breyner, Octávio de Matos e José Viana, de Raul Mendes e o seu grupo de Harmónica Vocal, do cantor José Cid e da Tonicha, Simone de Oliveira e Carlos do Carmo, numa extraordinária homenagem a José Carlos Ary dos Santos. A edição seguinte teve lugar no dia 10 de Março de 1990, também com a direcção musical do Fernando Correia Martins, com apresentação de Ana do Carmo e Nicolau Breyner. Intitulado “Gostamos de Estar Consigo”, foi levado a cabo no Casino Estoril, em 10 de Março, para comemorar o 33º aniversário da RTP. Os textos foram do Mário Zambujal e participaram os artistas: Paulo de Carvalho, Luís Filipe, Dora, Alexandra, Lara Li e o Corpo de Baile foi da Escola de Rui Horta, bem como a colaboração especial do actor Mário Viegas. 41 Em 1991 dirige a orquestra que acompanha Dulce Pontes em “Lusitana Paixão”, tema vencedor desse Festival. É também, o orquestrador do tema que obteve o segundo lugar, interpretado pelo grupo “Os Bloco”, cuja música era de Jan Van Dijck e letra da Rosa Lobato Faria. Foi designado pela RTP, na edição deste ano, como Maestro Director. Na edição seguinte, em parceria com a Rosa Lobato Faria, no campo da letra, inscreveu-se no Festival com a canção “Chão de Baile”, cantada pela sua mulher, Olivia, sendo igualmente o orquestrador. Em 1993 a Olivia participa novamente neste evento, com o tema “Lembrar os Anos Sessenta”, musicado pelo Carlos Canelhas, com letra da Rosa Lobato Faria e orquestração do Correia Martins. Para o grupo “Até Já’zz”, faz a orquestração da canção “Pó (de) Melhorar”, com letra e música de José Ferreira de Castro. Volta ao Festival RTP da Canção, pela última vez, em 1998, participando na parceria da letra e da música que o Axel cantou, chamada “À Tua Espera”. Deixamos aqui algumas das letras das canções em que Correia Martins participou neste sector. CANÇÃO ACESA Nunca a palavra madrugada Foi mulher assim apaixonada Que acorda nova e ofegante Nos braços do povo, seu amante Nunca uma pomba incendiada Tinha desflorado o meu país Que se deu abandonado e quente Ao prazer da força libertada Assim chegou a primavera Naquela rubra manhã de amor Em que a cidade transparente Se abriu como uma flor Eu nesse dia fui nascente E tive asas de condor Ao matar em mim a espera De voar num céu maior Não me escureçam o espaço Desta límpida viagem Não quero tombar na margem Dum rio turvo que não passo, Não me cortem à partida O fôlego com que me bato, Que não me invada o cansaço No tempo desta corrida Quero rasgar o meu caminho Como em primeira noite de amor Como se nunca amor fizera Debaixo de um lençol de linho 42 Que o meu corpo em suor Saiba ao puro mel selvagem Que o poema que hoje faço Tenha o fervor de uma reza E que seja este amor uma certeza E que seja este amor canção acesa. INTÉRPRETE: Víctor Leitão MÚSICA: Rita Olivais LETRA: Rita Olivais ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1975 ZÉ BRASILEIRO Zé brasileiro português de braga Sacola no medo e o navio aos pés Perdeste o que foste ganhaste o que és Por comeres mais cedo o sal das marés Zé brasileiro português de Braga Fugindo p'ra longe das saias da mãe Em Copacabana e outras avenidas Comias tristeza nas noites perdidas Tinhas na algibeira as cartas de casa Falando das vinhas e da aguardente E no horizonte que guarda a semente E na alma é fruto com tudo o que sente Zé que dividiste o tempo de ser O tempo que é mesmo coragem de ver Que o céu é redondo e o mar é profundo Zé brasileiro português de Braga Português do mundo Zé brasileiro português de Braga Sacola no medo e o navio aos pés Perdeste o que foste ganhaste o que és Por comeres mais cedo o sal das marés Zé brasileiro português de Braga Fugindo p'ra longe das saias da mãe Em Copacabana e outras avenidas Comias tristeza nas noites perdidas Tinhas na algibeira as cartas de casa Falando das vinhas e da aguardente E no horizonte que guarda a semente E na alma é fruto com tudo o que sente Zé que dividiste o tempo de ser O tempo que é mesmo coragem de ver Que o céu é redondo e o mar é profundo 43 Zé brasileiro português de Braga Português do mundo Zé brasileiro português de Braga Fugindo p'ra longe das saias da mãe Em Copacabana e outras avenidas Comias tristeza nas noites perdidas Zé que dividiste o tempo de ser O tempo que é mesmo coragem de ver Que o céu é redondo e o mar é profundo Zé brasileiro português de Braga Português do mundo Zé brasileiro português de Braga Fugindo p'ra longe das saias da mãe Em Copacabana e outras avenidas Comias tristeza nas noites perdidas Zé que dividiste o tempo de ser O tempo que é mesmo coragem de ver Que o céu é redondo e o mar é profundo Zé brasileiro português de Braga Português do mundo INTÉRPRETE: Alexandra MÚSICA: António Sala LETRA: Vasco de lima Couto ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1979 A CANÇÃO DO REALEJO É uma rua sem cor, com prédios de janelas verdes Mas sem luz, nem flor Só o luar nas noites mesmo muito frias lá podia entrar Mas tinha sempre a canção Que um velho muito velho ali levava pela mão Ao som d'um realejo de corda gasto e muito velho Seu meio de ganhar dinheiro E as crianças cantavam junto ao ribeiro Este era o velho senhor Que tinha só o realejo macaco doutor E para cantar mexia bem na manivela E a música a tocar e a gente da pobre rua Ouvindo esta velha canção pensava que era sua Ao som d'um realejo de corda gasto e muito velho Seu meio de ganhar dinheiro E as crianças cantavam junto ao ribeiro Mas um dia ao despertar o povo do ribeiro Não ouviu mais cantar, só solidão Nem velho, nem macaco, nem realejo no chão E nunca mais apareceu deixando a gente da calçada Sem dizer adeus morreu o realejo de corda 44 Gasto e muito velho Não dava para ganhar dinheiro E os meninos não cantam junto ao ribeiro Este era o velho senhor Que tinha só um realejo macaco doutor E para cantar mexia bem na manivela E a música a tocar e a gente da pobre rua Ouvindo esta velha canção pensava que era sua Ao som do realejo de corda gasto e muito velho Seu meio de ganhar dinheiro E as crianças cantavam junto ao ribeiro E as crianças cantavam junto ao ribeiro INTÉRPRETE: Maria José Valério MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS LETRA: António Sala ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1979 SOBE, SOBE BALÃO SOBE Sobe, sobe balão sobe Eu vivo a sonhar Não pensem mal de mim Quanto mais não vale Viver a vida assim! Nas asas do sonho É bom andar sem norte Não preciso vistos Nem uso passaporte Não tenho limites Parar não é comigo Se ouço o meu amor Dizer: eu vou contigo! Ter essa certeza É luz de um novo dia Vai, meu balão d'oiro envolto em fantasia Sobe, sobe balão sobe Vai pedir àquela estrela Que me deixe lá viver...e sonhar Levo o meu amor comigo Pois eu sei que encontrei O lugar ideal para amar Sobe, sobe balão sobe Vai pedir àquela estrela Que me deixe lá viver...e sonhar Levo o meu amor comigo 45 Pois eu sei que encontrei O lugar ideal para amar Sobe, sobe balão sobe Vai pedir àquela estrela Que me deixe lá viver...e sonhar Levo o meu amor comigo Pois eu sei que encontrei O lugar ideal para amar Sobe, sobe balão sobe Vai pedir àquela estrela Que me deixe lá viver...e sonhar Levo o meu amor comigo Pois eu sei que encontrei O lugar ideal para amar Levo o meu amor comigo Pois eu sei que encontrei O lugar ideal para amar Sobe, sobe balão sobe Balão sobe INTÉRPRETE: Manuela Bravo MÚSICA: Carlos Nóbrega e Sousa LETRA: Carlos Nóbrega e Sousa ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1979 CONCERTO MAIOR Aqui começa a canção Uma história de amor, um concerto entre nós Um copo cheio, um mar de bonança Uma esperança, um acorde, um compasso, uma voz. E nota a nota, assim mesmo Vai surgir no papel, no ouvido a canção Um desenho, uma insónia, um projecto, um borrão, Uma hora, uma noite, um serão Assim começa a canção Uma rua, um jardim, um adeus, um abraço Um gesto cheio de nada, ilusão Uma praça vazia, uma bala, um estilhaço É um concerto maior Um olhar, um sorrir, um correr de criança Uma valsa que gira em três tempos na orquestra Uma flor, um retrato, uma trança... E num «crescendo» de amor Um violino que é mais uma veia, um queimar Um fogo aceso, um arder sem ardor 46 Um falar em silêncio, uma noite, um luar. E, nota a nota me entrego Um compasso, um navio, uma praia, um desejo Um choupal, um rimanço, um trinado, um mondego Uma margem mais larga que o tejo... E não acaba a canção Uma nota, uma valsa, um concerto entre nós Um olhar de criança, quem sabe, uma ilusão Um engano, talvez, a sós... É assim que começa a canção... INTÉRPRETE: Manuel José Soares MÚSICA: Manuel José Soares LETRA: Mário Contumélias ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: JORGE MACHADO FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1980 RAZÃO DE SER Que música é essa no piano Que letra que me assusta, me arrepia Tu sentes quando tocas no piano Que a nossa vida é esta melodia Que acorde vou achar para resolvê-la Que nota vai soar à tua lágrima Sem solução quase desistes dela Mas quase encontras-te a sua rima E arranca a orquestra começa o refrão Que não é de festa portanto senão E eu canto as palavras Eu digo a razão de ser canção Aqui entra a corda Não fica demais o refrão acorda Ao som dos metais e eu digo as palavras Que são a razão de ser canção E de novo como fundo o piano Onde tu sentado escrevias As pausas que eram já o teu plano P'ra não mostrares tudo o que sentias De novo este acorde no piano Por pouco quase tudo resolvia Mas deixas uma nota ao engano Que quando eu cantei desconhecia E então a orquestra repete o refrão Que é o que resta da inspiração E eu canto as palavras que são a razão 47 De ser canção Por fim entra a corda que se ouve mais O refrão recorda o som dos metais E eu canto as palavras que são a razão De ser canção, canção E então a orquestra repete a canção Que é o que resta da inspiração E eu canto as palavras que são a razão de ser canção Por fim entra a corda que se ouve mais O refrão recorda o som dos metais E eu canto as palavras que são a razão De ser canção, canção Eu canto as palavras que são a razão De ser INTÉRPRETE: Alexandra e António Sala MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS LETRA: FERNANDO GUERRA ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: JORGE MACHADO FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1980 AGOSTO EM LISBOA Ai árvores tão verdes, Vestidas de Agosto Em Lisboa Ai um beijo a sol posto Ai carícia que voa Em Lisboa Mas vem, minha avenida Ai de vestido ao vento Meu amor... Minha ave, Meu sofrer, Minha dor. Não tragas no teu rosto Lisboa desolada E traída Traz uma rosa acesa A enfeitar-te os dentes Minha vida Vem inventar comigo Uma cidade nova Traz um cantar de amiga Traz um cantar de amante Minha trova Ai árvores tão quentes 48 Ai pássaros tão perto Em Lisboa Ai olhos tão dolentes Desejo que não mata Que atordoa Ai meus bairros tão velhos Colinas de Lisboa Meu amor... Ai cravos de papel Ai um amor que doa Em Agosto Em Lisboa Meu amor... Ai cravos de papel Ai um amor que doa Em Agosto Em Lisboa Meu amor, Meu amor... INTÉRPRETE: Zélia MÚSICA: MANUEL JOSÉ SOARES E ISABEL SOARES LETRA: Mário Contumélias ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: JORGE MACHADO FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1980 DAQUI DESTE PAÍS Daqui deste país do meu doer te escrevo meu amor Daqui da minha dor quem bem me quer Está longe meu amor daqui deste cinzento De lata e vento te sofro em cada dia amor Aqui neste relento neste tormento O pão nasce sem suor Aqui nestes andaimes de chuva Não nascem cachos de uva não bebo o vinho Que ambos pisámos só bebo o aceno que trocámos Aqui sempre estrangeiro sem barca bela Sem nau das descobertas Aqui dói o amor dói a saudade São feridas sempre abertas Daqui deste país com estas letras Invento a alegria amor Daqui deste país com estas lágrimas Te escrevo e conto a minha dor Aqui em alamedas de fumo 49 Tijolos e fios de prumo não nasce o sol Aqui com este céu a sangrar Com o teu bordado a gritar no meu lençol Aqui com este inútil luar aberto de par em par Nesta janela deste país te digo - até um dia amor INTERPRETE: Bric à Brac MÚSICA: MANUEL JOSÉ SOARES LETRA: Mário Contumélias ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1981 UM ADEUS UM RECOMEÇO Fizeste crescer no meu corpo um poema Fizeste nascer um tempo diferente Libertos de mágoas partimos mãos dadas Em busca de um sonho E as mãos enlaçadas calaram o riso De toda esta gente Fizeste da vida um tempo de esperança Tão cheio de sol em dias felizes Nas mãos que nos demos havia promessas O tempo passou que palavras são essas Em silêncio guardadas Que já não me dizes É tempo de te arrancar de mim Tempo de escrever outro poema Não pensar que tudo tem um fim Só fica a solidão só fica a pena Há horas, há muitas horas por viver Há dias de outros dias renascidos Há mundos que ainda quero conhecer E há sonhos noutros sonhos repartidos Sabias que eu iria partir P'la estrada difícil de ser mais mulher O meu corpo foi chão que tu pisaste Foi ternura que a pouco e pouco renegaste Foi um dizer não àquilo que se quer Não mais sentirei o calor dos teus braços Não mais ouvirei meu amor a tua voz Não mais trocaremos os nossos olhares Não mais essa esperança de um dia voltares Tu e eu somos dois ficaremos mais sós É tempo de te arrancar de mim Tempo de escrever outro poema 50 Não pensar que tudo tem um fim Só fica a solidão só fica a pena Há horas, há muitas horas por viver Há dias de outros dias renascidos Há mundos que ainda quero conhecer E há sonhos noutros sonhos repartidos Há horas, há muitas horas por viver Há dias de outros dias renascidos Há mundos que ainda quero conhecer E há sonhos noutros sonhos repartidos INTÉRPRETE: Maria Guinot MÚSICA: MARIA GUINOT LETRA: Maria Guinot ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1981 ATÉ AMANHECER Fecha a porta dos meus braços, Abre a luz do meu olhar, Abre as asas do meu sonho amor, Deixa o teu corpo voar, Fecha a porta do meu medo Abre a luz do meu desejo Abre as janelas do sonho amor, Em segredo dá-me um beijo Faz desta loucura A noite mais eterna de ternura, Ajuda-me a encontrar-te e a perder O medo de acordar e não te ver. Ajuda-me a fazer deste segundo A hora mais eterna deste mundo, Depois adormecer contigo aqui, No sonho mais profundo que dormi... Até amanhecer Fecha a porta do meu quarto Abre a luz do meu prazer Abre as janelas do tempo Amor fica até amanhecer Faz desta loucura A noite mais eterna de ternura, Ajuda-me a encontrar-te e a perder O medo de acordar e não te ver. Até amanhecer Faz desta loucura A noite mais eterna de ternura, 51 Ajuda-me a encontrar-te e a perder O medo de acordar e não te ver. Ajuda-me a fazer deste segundo A hora mais eterna deste mundo, Depois adormecer contigo aqui, No sonho mais profundo que dormi... Até amanhecer INTÉRPRETE: Alexandra MÚSICA: PEDRO BRITO LETRA: Tozé Brito ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1982 É O FIM DO MUNDO Um dia quando eu te encontrei Vivias nos sonhos que sonhei Eu sei as coisas que inventei Para te trazer aqui Depois ficou a tua imagem E os dois fizemos a viagem Da vida que nada é sem ti E que começa aqui Há um amor que nos cega E que dura uma hora E um amor que nos chega E que nunca demora É um amor que nos leva A viver num segundo Pois se esse amor acabar É o fim do mundo Se este amor não durar O amor de passagem É um amor feito nuvem Curta viagem Mas este amor que nos une É um amor sem tristeza Ternura que fica A nossa certeza De ficar sempre juntos À volta da mesa Se um amor por alguém For o fim de tudo É um amor de quem tem Tanto amor para dar E é o fim do mundo 52 Se este amor acabar. Há um amor que nos cega E que dura uma hora E um amor que nos chega É um amor que nos leva A viver num segundo Pois se esse amor acabar É o fim do mundo Se este amor não durar O amor de passagem É um amor feito nuvem Curta viagem Mas este amor que nos une É um amor sem tristeza Ternura que fica A nossa certeza De ficar sempre juntos À volta da mesa Se um amor por alguém For o fim de tudo É um amor de quem tem Tanto amor para dar E é o fim do mundo Se este amor acabar. Se um amor por alguém For o fim de tudo É um amor de quem tem Tanto amor para dar E é o fim do mundo Se este amor acabar. INTÉRPRETE: Marco Paulo MÚSICA: FERNANDO GUERRA E JOÃO HENRIQUE LETRA: Fernando Guerra e João Henrique ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1982 MAL D’AMORES Vais fugir, nunca mais te posso ver sorrir, Nunca mais te poderei amar, Como outrora fiz junto ao mar. Vais mudar, Nunca mais te poderei beijar, Nunca mais serei capaz de amar, 53 Nosso amor será p´ra sonhar... Dizemos tantas vezes isto É nossa forma nossa de sofrer Gostamos de sentir a dor no amor. É vicio nosso de galã, Vendermos caro o coração Sentirmos grande devoção na paixão Todos nós sonhamos com o amor Ah, ah, ah, ah Todos nós queremos A ternura sem favor E p’ra todos nós sonharmos Com o amor Ah, ah, ah, ah Vamos chorando Sorrindo, brincando Sentindo o perfume da flor Vais fugir, nunca mais te posso ver sorrir, Nunca mais te poderei amar, Como outrora fiz junto ao mar. Vais mudar, Nunca mais te poderei beijar, Nunca mais serei capaz de amar, Nosso amor será p´ra sonhar... Dizemos tantas vezes isto É nossa forma nossa de sofrer Gostamos de sentir a dor no amor. É vicio nosso de galã, Vendermos caro o coração Sentirmos grande devoção na paixão Todos nós sonhamos com o amor Ah, ah, ah, ah Todos nós queremos A ternura sem favor E p’ra todos nós sonharmos Com o amor Ah, ah, ah, ah Vamos chorando Sorrindo, brincando Sentindo uma flor Em teu gesto de amor Todos nós sonhamos com o amor Ah, ah, ah, ah Todos nós queremos A ternura sem favor E p’ra todos nós sonharmos Com o amor Ah, ah, ah, ah Vamos chorando Sorrindo, brincando 54 Sentindo o perfume da flor INTÉRPRETE: Xico Jorge MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS LETRA: Fernando Correia Martins ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1983 ROSA FLOR MULHER Rosa é meu nome nome de mulher P’ra quem quiser é rainha santa Mulher dum rei no milagre encanta Rosa cor do mar é miragem pura Do meu olhar Rosa é dos ventos Do mar aos centos No seu rodar Rosa flor bonita de várias cores Sem favores Lembras minha infância e meus amores Tenho já saudades dos verdes campos Seus encantos Terra aberta ao céu como triste réu! Lá, lá, lá, lá, lá, lá Pétala de cor do amor Será filho flor Lá, lá, lá, lá, lá, lá Rosa mal-me-quer Bem-me-quer será da mulher Vida de mulher e flor como ela Sua vida cai água do regato sai E ao mar ela também vai Vida do amor é igual à mulher Como duma flor Rosa que partiu não viu Seu novo amor Rosa é meu nome nome de mulher P’ra quem quiser é rainha santa Mulher dum rei no milagre encanta Rosa cor do mar é miragem pura Do meu olhar Rosa é dos ventos Do mar aos centos No seu rodar Rosa flor bonita de várias cores 55 Sem favores Lembras minha infância e meus amores Tenho já saudades dos verdes campos Seus encantos Terra aberta ao céu como triste réu! Lá, lá, lá, lá, lá, lá Pétala de cor do amor Será filho flor Lá, lá, lá, lá, lá, lá Rosa mal-me-quer Bem-me-quer será da mulher Vida de mulher e flor como ela Sua vida cai água do regato sai E ao mar ela também vai Vida do amor é igual à mulher Como duma flor Rosa que partiu não viu Seu novo amor Lá, lá, lá, lá, lá, lá Pétala de cor do amor Será filho flor Lá, lá, lá, lá, lá, lá Rosa mal-me-quer Bem-me-quer será da mulher Vida de mulher e flor como ela Sua vida cai água do regato sai E ao mar ela também vai Vida do amor é igual à mulher Como duma flor Rosa que partiu não viu INTÉRPRETE: Alexandra MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS LETRA: Fernando Correia Martins ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1983 CANÇÃO DE RODA E FANTASIA O meu amor diz que vinha Morar na minha cidade Deixar searas maduras Para me afagar a saudade Mas eu sei da força Da terra a florir 56 Dos campos louros de trigo Onde nos vimos sorrir Quem me dera ter As noites e os dias Sempre que quiser acordar E para viver Ter que gastá-los à toa sem medo De nunca os vir a perder Quem me dera ter As noites e os dias Sempre que quiser acordar E para viver Ter que gastá-los à toa sem medo De nunca os vir a perder Brinquei na neve da serra Mão na mão pelo caminho Ouvi segredos e lendas Que me contou de mansinho Passou sobre as ondas Do mar claro e azul Dos dias soalheiros Das praias quentes do sul Quem me dera ter As noites e os dias Sempre que quiser acordar E para viver Ter que gastá-los à toa sem medo De nunca os vir a perder Quem me dera ter As noites e os dias Sempre que quiser acordar E para viver Ter que gastá-los à toa sem medo De nunca os vir a perder Fui beber do vinho novo Cantei pela madrugada Encontrei o milho-rei Em tarde de desfolhada E a gente bailou De roda e fantasia E a noite foi nascendo De aromas e de alegria Quem me dera ter As noites e os dias Sempre que quiser acordar E para viver Ter que gastá-los à toa sem medo De nunca os vir a perder Quem me dera ter As noites e os dias 57 Sempre que quiser acordar E para viver Ter que gastá-los à toa sem medo De nunca os vir a perder Quem me dera ter As noites e os dias Sempre que quiser acordar E para viver Ter que gastá-los à toa sem medo De nunca os vir a perder INTÉRPRETE: Lenita Gentil MÚSICA: ANTÓNIO PRATA LETRA: João Cavadinhas, António Prata ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1989 LISBOA MAREANTE Lisboa abriu/à beira-rio Por isso tem os olhos rasos d’água Cresceu partiu/naquele navio Passou além da mágoa e além-mar Cantou seus ais… Sofreu lutou/depois voltou No dia em que a saudade lhe doeu mais Por fim chegou/sorriu chorou Ao ver essa Lisboa que a esperou Lá no cais… Refrão Há uma Lisboa que não esquece Que nos aquece o coração Há uma Lisboa à nossa espera É primavera lençol e pão Há uma Lisboa navegante É mareante/que torna a casa fragata do Tejo Bis gaivota no beijo Painel de azulejo mar e asa A sua voz/acorda em nós Um vento de morangos e janelas E quem se fôr/leva de cor Os fados as vielas os pardais 58 E o Céu tão…ai! … Lisboa é/luar maré Saudades dum craveiro na sacada Lisboa tem/olhar de mãe No xaile agasalhado leva a dor Por quem vai. LETRA: Rosa Lobato Faria MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS INTÉRPRETE: OLÍVIA IV FESTIVAL DA CANÇÃO DE LISBOA, 1990 FAZER UMA CANÇÃO Fazer uma canção com outro visual Que tenha o bom sabor do ar de Portugal Que seja muito alegre Que tenha muito amor Mar azul ao fundo E laranjas em flor Fazer uma canção com sete notas só Fá sol mi dó lá sol fá sol lá mi ré dó Palavras dos poetas Saudade e coração Bateu o sol nas teclas Nasceu uma canção! Um, dois, três É uma canção de gostar Espalha no ar Um cheiro bom de alecrim Canta na chuva No refrão sabe a uvas Tem saudades e fala Do teu corpo e de mim Fazer uma canção que é gira e soa bem E dá vontade a todos de a cantar também Pode ter da nossa terra O baloiçar do trigo E a candura eterna De um cantar de amigo Um, dois, três É uma canção de gostar Espalha no ar Um cheiro bom de alecrim Canta na chuva No refrão sabe a uvas Tem saudades e fala 59 Do teu corpo e de mim É uma canção de gostar Espalha no ar Um cheiro bom de alecrim Canta na chuva No refrão sabe a uvas Tem saudades e fala Do teu corpo e de mim Um, dois, três É uma canção de gostar Espalha no ar Um cheiro bom de alecrim Canta na chuva No refrão sabe a uvas Tem saudades e fala Do teu corpo e de mim INTÉRPRETE: Bloco MÚSICA: JAN VAN DIJCK LETRA: Rosa Lobato Faria ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1991 LUSITANA PAIXÃO Fado, chorar a tristeza bem Fado, adormecer com a dor Fado, só quando a saudade vem Arrancar do meu passado um grande amor Mas não condeno essa paixão Essa mágoa nas palavras Que a guitarra vai gemendo também Eu não, eu não pedirei perdão Quando gozar o pecado E voltar a dar de mim Porque eu quero ser feliz E a desdita não se diz Não quero o que o fado quer dizer Fado, soluçar recordações Fado, reviver uma tal dor Fado, só quando a saudade vem Arrancar do meu passado um grande amor 60 Mas não condeno essa paixão Essa mágoa nas palavras Que a guitarra vai gemendo também Eu não, eu não pedirei perdão Quando gozar o pecado E voltar a dar de mim Eu sei desse lado que há em nós Cheio de alma Lusitana Como a lenda da Severa* Porque eu quero ser feliz E a desdita não se diz O fado não me faz arrepender LETRA: Fred Micaelo e José da Ponte MÚSICA: JORGE QUINTELA E JOSÉ DA PONTE MAESTRO: FERNANDO CORREIA MARTINS INTÉRPRETE: Dulce Pontes FESTIVAL DA CANÇÃO 1991 CHÃO DE BAILE Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x) Neste doce balanço de mar Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x) Neste passo que passa no ar Levo no vento um dia de verão Paira a melodia no salão Comigo e leva-me a dançar Faz o meu vestido esvoaçar Digo baladas de amor E rodar, e rodar, e rodar Até esquecer que há gente a ver Vem rodopiar ai Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x) Neste doce balanço de mar Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x) Nossos pés não tocam quase o chão Gaivota não pares de voar O meu corpo é feito de luar Diz palavras de amor P’ra rodar e rodar e rodar INTÉRPRETE: Olívia MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS LETRA: Rosa Lobato Faria ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS 61 FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1992 PÓ (DE) MELHORAR Uoooo O céu escureceu, A terra abanou Abriu-se uma porta, E ela chegou. Primeiro fui cavalo, Depois promoveu-me a burro Primeiro levei um estalo, Depois levei um murro. Mas a nossa paixão não vai acabar, não Ela vai tão mal, ela vai tão mal, Ela vai tão mal só pode melhorar Pode melhorar, pode melhorar Pode melhorar, pode melhorar Só pode melhorar, pode melhorar Pode melhorar, pode melhorar Pode melhorar, pode melhorar Só pode melhorar, pode melhorar Uoooouoooo Uoooouoooo Dum conto de fadas eu trouxe a magia Com jeito de crianças constrói-se a alegria, Com caixas de pó de perlim-pim-pim, Que agarram nas tristezas e fazem-nas chegar ao fim, Não é pó de bruxa nem pó de enganar. É pó de atitude. É pó, é pó, é pó de melhorar Pó de melhorar, pó de melhorar Pó de melhorar, pó de melhorar Só pode melhorar, pode melhorar Uoooouoooo Uoooouoooo Não é pó de bruxa nem pó de enganar. É pó de atitude. É pó, é pó, é pó de melhorar Pó de melhorar, pó de melhorar Pó de melhorar, pó de melhorar Só pode melhorar, pó de melhorar Uoooouoooo Uoooouoooo INTÉRPRETE: Grupo Até Já’zz MÚSICA: JOSÉ FERREIRA DE CASTRO 62 LETRA: José Ferreira de Castro ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO DA RTP - 1993 LEMBRAR OS ANOS SESSENTA É tão bom recordar Esse tempo de amar O encanto a magia Que eu trouxe dos anos sessenta O sorriso, o apelo Uma flor no cabelo E a música, mágica e doce Dos anos sessenta Contra o medo, uma flor Contra a guerra, o amor E na terra uma cor mais intensa Nos anos sessenta Era a Francoise Hardi O Adamo, a Silvie E os Beatles fazendo a diferença Dos anos sessenta E os dedos que se erguiam A pedir paz E as roupas Que floriam qualquer rapaz Não há nada que anime Com'o Yellow Submarine Quando eu quero dar mais cor À vida cinzenta É tão bom, tão bom Lembrar os anos sessenta Contra o medo, uma flor Contra a guerra, o amor E na terra uma cor mais intensa Nos anos sessenta Era a Francoise Hardi O Adamo, a Silvie E os Beatles fazendo a diferença Dos anos sessenta Tinha um gosto nunca visto O verbo amar E no palco Jesus Cristo Foi Super Star Não há nada que anime Com'o Yellow Submarine Quando eu quero dar mais cor À vida cinzenta 63 É tão bom, tão bom Lembrar os anos sessenta Quando a música no ar Já não me contenta É tão bom, tão bom Lembrar os anos sessenta INTÉRPRETE: Olívia MÚSICA: CARLOS CANELHAS LETRA: Rosa Lobato Faria ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS FESTIVAL DA CANÇÃO DA RTP - 1993 2.3. OUTROS FESTIVAIS, OUTRAS MÚSICAS Num espectáculo ao vivo que a Tonicha levou ao palco do Teatro São Luiz, em 12 de Dezembro de 1977, com a designação de “TONICHA 78”, toda a direcção musical foi do Correia Martins, espectáculo que teve, para além das actuações da Tonicha, a participação especial de Eunice Munõz, Carlos Mendes, Tó Zé Brito, Grupo Típico Cancioneiro de Águeda, Ceifeiros de Cuba e Rancho Folclórico de Silvares. Fernando Correia Martins participa, em 1979, no 1º Festival de Canção de Lisboa, vencendo o 1º, 2º e 3º lugares. Este certame, de iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, realizou-se no Castelo de São Jorge e teve a colaboração da Radiotelevisão Portuguesa. O Júri, formado por Luís Sttau Monteiro, Carlos dos Jornais, Tavares Belo, Frederico Valério, Lopes Vítor e Estêvão de Lima Ferreira, das 12 canções apresentadas a concurso atribuiu o 1º prémio a “Hino de Lisboa”, de Carlos Canelhas e Joaquim Pedro Gonçalves, na orquestração de Correia Martins, interpretado pelo grupo «Bric-ABrac”; o 2º prémio a “Lisboa Minha e Tua”, de Carlos Canelhas e Maria Amália Ortiz da Fonseca, orquestrada por Correia Martins, sendo prodigiosamente cantada pela Alexandra e o 3º prémio, com o tema “Sempre que tu vens é Primavera”, música de Nuno Nazareth Fernandes, letra de Vasco de Lima Couto, orquestração de Correia Martins e cantada por Simone de Oliveira, com aquela voz e garra que lhe é conhecida. Neste Festival, Correia Martins, foi também o orquestrador da canção não classificado, “Canção Sonhada”, dos autores Maria da Luz Castro e Silva e Azevedo Pereira, cantada por Eduardo Beirão. Acompanhado por Correia Martins, no Teatro Maria Matos, em 1979, actuações do grupo Maranata, no âmbito do 5º ano da existência do grupo e Teresinha Reis. Em Julho de 1984, no aniversário da independência de Cabo Verde, esteve presente, na cidade da Praia, um grande espectáculo onde foi convidado o Carlos do Carlos. Este fez-se acompanhar pelo maestro Correia Martins, José Maria Nóbrega e António Chainho. Nesta deslocação, ainda realizaram um novo espectáculo que teve lugar no espaço do Cine-Teatro Éden Park, na cidade do Mindelo. 64 Em 11 Agosto do mesmo ano, na Festa do Emigrante, realizada em Faro, o Carlos do Carmo, tem como maestro Fernando Correia Martins e os músicos António Chainho, José Maria Nóbrega, Fernando Ribeiro, José Duarte, Armindo Neves e Fernando Falé. Por convite da Radiotelevisão Portuguesa, dirige o 16º festival OTI da canção, que teve lugar no Teatro Municipal de S. Luís, no dia 24 de Outubro de 1987. A realização foi de Luís Andrade, produção de António Andrade, cenografia de António Alfredo e a apresentação esteve a cargo da Ana Zanatti e Eládio Clímaco. Participou a cantora Teresa Mauko. Durante a década de oitenta vários programas da RTP contaram com a prestação de Fernando Correia Martins, para além de o convidarem na situação de entrevistado. O programa “Notas Soltas”, dedicou-lhe uma emissão. Artur Agostinho em 1983, conversando com Correia Martins, foi entrando na vida e obra do maestro, ilustrando a entrevista com temas musicais do convidado, emissão onde foi apresentado a obra “Recordações de Santo Aleixo”, da autoria do Correia Martins. Na edição deste programa dedicada a Armindo Neves, apresentada pelo Luis Pereira de Sousa, a direcção musical foi entregue a Correia Martins, cujo momento alto se deu com a interpretação do tema de Armindo Neves “Segredos dos Jardins de Monserrat”, cuja regência de orquestra esteve a cargo do Fernando. No programa da RPT, “Carlos Quintas Canta Lisboa”, produzido por Piedade Maio em 1987, a direcção musical foi do Correia martins. Neste ano participa com a RTP em “Canta Simone”, com arranjos e direcção musical, numa realização de Oliveira Costa. No ano seguinte em “Deixem Passar a Música”, a RTP dedica uma emissão a Fernando Correia Martins, realizada por Ruy Ferrão. Fernando Correia convida para esta emissão a colaboração do corpo de baile do Teatro Maria Vitória, de Marina Mota, Simone de Oliveira, Olívia, Fernanda Guerra e Fernando Ribeiro. Na edição de 1990 do Festival do Tâmega, em Amarante, a sua esposa Olívia é vencedora do Festival desse ano, com o tema “Canção de Amor”, letra de Raul Duarte, música Aníbal Freire e orquestração de Fernando Correia Martins. Nesta XI edição do Festival da Canção do Tâmega, Correia Martins é também o autor da música e orquestrador da canção “Canto Amarante”, interpretada pela Diana, com letra de Joaquim Pedro Gonçalves. CANÇÃO DE AMOR I Há em ti a Poesia O encanto de um sorriso, A ternura de criança, Uma gota de alegria, Um eterno paraíso, Um futuro de esperança. 65 II És a flor na Primavera, Como um toque de magia, Que inspira meus desejos; Sonho, lágrimas, quimeras, O passar do dia-a-dia, Na doçura dos teus beijos. III És o fruto da paixão, No Verão da minha vida, Belo e puro no sabor. És poema de canção, Harmonia conseguida, Elegia do Amor. IV És o sonho, és a vida, O início de um caminho, Novo dia a nascer. És a lágrima perdida, Que afago com carinho, Meu sentido de viver. REFRÃO Viver a vida, fazer dela uma canção, Canção de amor, de viva voz. Viver a vida, fazer dela uma canção, Canção de amor, que há em nós. CANTO AMARANTE Ó Amarante Ó menina portuguesa Meu alpendre de beleza Minhas horas tão felizes Cidade encanto Minha amora meu espanto Eu te quero tanto, tanto Tu em mim já tens raízes Ao rio Tâmega E à serra do Marão Leva a minha saudação Com o teu azul profundo 66 Ó Amarante Um sorriso mais dos teus Que tu és terra de Deus És a minha linda do mundo Refrão Em Portugal Há o S. Pedro e o S. João E Stº. António Que p’ras moças também é um regalo Mas o que traz Amor e sonho ao coração E mais graça pois então É o nosso bom S. Gonçalo Ó Amarante Tu és o mais lindo tema Do poeta e do poema Por ti sempre enamorado E do pintor Para quem és sempre bela És a mais linda aguarela Ó meu cantinho sagrado Ao rio Tâmega E à serra do Marão Leva a minha saudação Com o teu azul profundo Ó Amarante Um sorriso mais dos teus Que tu és terra de Deus És a minha linda do mundo Também em 1990, concretamente a 30 de Junho, a administração da Feira Popular, levou a cabo o IV Festival da Canção de Lisboa. Com a colaboração da Orquestra Ligeira da RDP, realização de Mara Abrantes e apresentação de Helena Ramos. Correia Martins é o autor da música da canção “Lisboa Mareante”, cantada pela Olívia, cuja letra foi escrita pela Rosa Lobato Faria. No dia 23 de Julho de 1991, na situação de Director da Orquestra Ligeira da RDP, teve a seu cargo a realização de um espectáculo com fado e canção ligeira nas ruínas do Carmo, em Lisboa, com Vasco Rafael, Olívia, António Calvário e Victor de Sousa. A Olívia, teve a sua passagem em palco, entre outras, com as canções “Sete Notas Só” e “Canção de Dois”. A convite de Teresa Guilherme participa no seu programa “Eterno Feminino”, transmitido pela RTP em 1991, onde estava também Mário Martins. 67 Em 10 de Abril de 1992, dirige no Teatro da Trindade, para a Rádio Renascença, o “III Grande Prémio do Disco – LV Aniversário da Rádio Renascença”. No âmbito das comemorações dos 50 anos da Feira Popular, participou, junto com Olívia, num jantar e programa especial de variedades, realizado em 9 de Julho de 1992, com a presença de muitos artistas e membros do Governo. Correia Martins foi o Director e Regente da Orquestra da Emissora Nacional, entre 1990 até ao seu término, ocorrido em 1994. Em 22 de Maio de 1995, a SPA – Sociedade Portuguesa de Autores, no âmbito das comemorações do seu 70º Aniversário, levou a cabo no Casino Estoril, um jantar espectáculo, com a presença do Presidente da República, Dr. Mário Soares. Para o feito foi constituída uma Orquestra de 38 figuras que foi dirigida pelo Fernando Correia Martins. No programa participaram os intérpretes: Alexandra, António Pelarigo, Fernando Tordo, Helena Vieira, Jorge Palma, José Cid, Mário Laginhas, Paulo de Carvalho, Pedro Abrunhosa, Pedro Caldeira Cabral, Tó Leal e Simone de Oliveira. A convite do José Carlos Español foi Director de Orquestra dos espectáculos de homenagem aos seguintes artistas: 50 anos de carreira de Anita Guerreiro, realizado no Teatro São Luís, a 17 de Fevereiro de 2004, onde participaram António Rocha, Artur Garcia, Fernanda Baptista, Maria José Valério, Marina Mota, Olívia e Wanda Staurt, bem como o corpo de baile do Teatro Maria Vitória. A 1 de Abril do mesmo ano, no Fórum Lisboa, homenagem a Maria José Valério, onde foi também orquestrador de todos os temas. Participaram os artistas e convidados: Anita Guerreiro, Artur Garcia, Deolinda Rodrigues, Fernando de Sousa, Gonçalo da Câmara Pereira, Henrique Feist, José Manuel Concha, Luiz N’Gambi, Lurdes Santana, Olivia, Paula Ribas, Victor de Sousa, Xico Dias e Wanda Stuarte. No dia 12 de Março de 2005, no mesmo espaço, homenagem a Deolinda Rodrigues, com as orquestrações e direcção de orquestra, dos artistas: Anita Guerreiro, Deolinda de Jesus, Fernando de Sousa, Maria Valejo, Marina Mota, Natércia Maria, Pedro Pinheiro, Piedade Fernandes, Quim Manuel e Wanda Stuart. A 15 de Abril do mesmo ano, assume as mesmas tarefas do evento de Março, no âmbito do espectáculo dos 50 anos de carreira de Artur Garcia, onde participou a Alexandra, Henrique Feist, Isabel Damatt, Jorge Baião, Maria Amélia Canossa, Maria José Valério, Octávio Matos, Olívia e Piedade Fernandes. A terminar este sub-ponto de referência queremos sublinhar a preocupação do Correia Martins criar um grupo em Lisboa, que denominou de “QUINTETO CORREIA MARTINS”. Este agrupamento tinha cinco músicos de excelência; executantes de primeira linha, larga experiência, alegres contagiantes e versáteis que deram muito que falar nos ambientes musicais lisboetas. Era constituído pelo Tino, Carvalhinho, Chico, Hélder Reis e Correia Martins. Editaram dois discos, editados pela RR, relacionados com sucessos da música brasileira. O salto da noite de Lisboa para o disco foi amplamente justificado pela própria gravação. 2.4. GALAS NOVA GENTE 68 Participa como Director Musical, nas edições das Gala Nova Gente, edição 1981 e na de 1982; em 1986, levada a cabo no palco do Teatro São Luís e em 1988, no Teatro Municipal Maria Matos. Nestas galas, consideradas pela crítica e pelo público como “super espectáculos”, num importante acontecimento social e artístico, destinavam-se a entregar os Troféus “Nova Gente”, como consagração pública dos melhores espectáculos do ano. Na Gala de 1982, apresentada pela Rita Ribeiro e Victor de Sousa, junto com Fernando Correia Martins, onde lhe foi atribuído o Troféu como “MaestroOrquestrador”, foram consagrados os seguintes nomes: Ivone Silva, na modalidade de Actriz de Revista; Igor Sampaio, Revelação; Leonor Poeira, Prémio Estimulo; Rui de Carvalho, Actor; Carlos Paulo, Revelação na Revista; São José Lapa, Revelação Comédia; Helena Reis, Figurinista; Maria do Céu Guerra, Melhor Actriz; Joel Branco, Actor; Simone de Oliveira, Revelação Feminina; Varela Silva, Actor; Octávio Clérigo, Cenografia; Suzy Sweet, Ruth Bryden e Lydia Barllof, no espectáculo «Dança das Bruxas»; e Vitorino, A Voz de «Romances». Na gala de 1986, com prémios atribuídos ao sector das artes plásticas, bailado, cinema, circo, desporto, fado, imprensa, literatura, música clássica, música ligeira, ópera, rádio, tauromaquia, teatro declamado, teatro musical e televisão, os textos deste grande evento foram do Rui Mendes; direcção musical do Correia Martins; coreografia de Fernando Lima; figurinos de J. C. Quintão; cenografia de António Casimiro e direcção artística de Nuno Teixeira. Na edição de 2 de Maio de 1988 a apresentação esteve a cargo da Helena Ramos e Fialho Gouveia e foi, como os restantes, uma produção de grande prestígio, onde a orquestra dirigida pela Fernando Correia Martins soube impor-se à qualidade daquele evento. 2.5. MARCHAS POPULARES Neste grande evento realizado pelo município de Lisboa, desde 1932 e dedicado aos bairros da cidade, considerado como um dos seus melhores cartazes de visita e de envolvimento colectivo lisboeta, pois consegue congregar na mesma actividade e no mesmo espaço de realização largos milhares de pessoas, entre músicos, compositoras, coreógrafos, ensaiadores, cantores, poetas, cenógrafos, figurinistas e marchantes, o Correia Martins é um nome que tem marcado, não só pela continuidade mas, acima de tudo pela qualidade. Nesta área registamos aqui alguma da sua participação, a maioria pela bairro de Penha de França, nomeadamente: Em 1989 com Rosa Lobato Faria ganham a Grande Marcha de Lisboa. Continuando com a parceria com Rosa Lobato Faria, em 1992, apresentam: “Marcha da Penha de França” e “Uma Nau no Seu Brazão”, cujos padrinhos foram a Olívia e o Paulo Bragança. 69 No ano seguinte a mesma dupla concorre com: “Quando a Arte Vem do Povo”, e “2º Andamento”. Como padrinho a Olívia e o figurinista, João Quintão. Os ensaios estiveram a cargo do Amadeu Fernando, assistido pelo Henrique José. Entre 2003 a 2007, portanto cinco anos consecutivos, o Fernando Correia Martins ganhou o Prémio de Musicalidade das Marchas Populares de Lisboa, situação nunca conseguida por outro compositor até hoje. A convite da Câmara Municipal de Almada, em parceria com o Carlos Jorge Español e Sara da Costa, compõe a “Grande Marcha de Almada 2005”, no tema “Almada como te quero”. Também na edição de 2005 é autor da Marcha do Alto do Pina, com letra de Sara da Costa e Carlos Jorge Español e da Marcha do Lumiar, cujos autores da letra foram os mesmos. Ainda em 2005 a Associação dos Comerciantes de Lisboa nos Mercados de Lisboa, começou a participar no Concurso das Marchas Populares, com a designada “Marcha dos Mercados”. Com esta novidade pretendeu-se transcrever a energia dos vendedores dos produtos e os pregões das varinas, num misto de cor, de cheiro e de muita memória popular. Para a Marcha dos Mercados de 2006, o Fernando em conjunto com o Carlos Jorge Español, apresentaram o tema “Nos Mercados de Lisboa” e “As Flores dos Mercados”. Os padrinhos foi a Anita Guerreiro e o Joaquim Monchique. No ano seguinte manteve-se a mesma equipa (letra, música e padrinhos), apresentando-se com os temas “Pregões de Boca em Boca” e “Lisboa, Vai aos Mercados Comprar”. A sua última participação nas Marchas de Lisboa, Penha de França, foi na edição de 2008, com os temas “Alto Pina Trás Festa à Fantasia”, com letra de Sérginho e “Alto do Pina, Noite e Dia de Folia”, com letra de Carlos Jorge Español. Seguem alguns dos temas apresentadas em Marchas Populares: MARCHA DA PENHA DE FRANÇA/89 Refrão Penha de França Penha de França Tu és criança entre as outras freguesias Penha de França A tua trança É penteada pela mão das ventanias Penha de França Ninguém se cansa E a tradição uma vez uma vez mais vai ser verdade Entra na dança Penha de França Bate ao ferrolho p’ra acordar 70 Toda a cidade. Tens Lisboa Toda a teus pés Vês Alfama, vês Rossio Vês o povo entrar na Sé Vês os barcos singrar no rio, pois é… Foste ermida De muita fé Tens orgulho e tradição E o ex-voto dum bom jacaré Que salvou uma vez Quem lá está a dormir Na igreja que um bom português Prometeu ao Senhor em Alcácer-Quibir. Refrão Tens fadistas Tens foliões Que marcaram no Carnal Tens guitarras e tens brazões Muita casa senhorial, que tal? No Convento dos teus avós Jesus Cristo vela por nós Desde o tempo em que os homens do mar Iam ao Ferrugento beber e cantar É a Penha de França e de vida Que desce a Avenida Que sabe marchar. Refrão LETRA: Rosa Lobato Faria MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS DAQUI A MIL ANOS Daqui a mil anos Que será da gente? Haverá humanos? Existir será diferente? Daqui a mil anos Eu até aposto Que haverá no Mundo Tudo aquilo de que eu gosto. REFRÃO 71 Daqui a mil anos Vai haver crianças Daqui a mil anos Vai haver cantigas Vai haver a marcha Da Penha de França Vai haver rapazes A beijar as raparigas Daqui a mil anos Vai haver Lisboa Vai haver S. Pedro António e S. João Vai haver o povo pela rua A cantar à lua da lua, O amor numa canção. Daqui a mil anos Haverá planetas Haverá meninos Haverá reis e poetas. Daqui a mil anos Eu até aposto Que haverá no Mundo Tudo aquilo de que eu gosto. REFRÃO LETRA: Rosa Lobato Faria MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS MARCHAS POPULARES, FESTAS DE LISBOA, 1991 ALMADA COMO TE QUERO I Tempos e que tempos passaram Vamos recordar a história Na Ramalha apareceu O São João Padroeiro, Almada não esqueceu Tinhas quentes areais A Margueira, Praia e Ginjal Ao vento, o moinho Com branca farinha 72 Lá no alto um cheirinho Refrão Almada, Almada Vem já p’ra rua A noite é tua E as fogueiras Que todos vamos saltar Almada, Almada Tu não te esqueças Da tradição Almada, Almada Vem já p’ra rua É São João II E Burrinhos pachorrentos Que traziam peixe e vinho Foi corticeiro e camponês Almada é A cidade que este povo fez Ai Almada como te quero Verde lá no Parque da Paz Mostra se és capaz Uma terra assim Será p’ra ti e p’ra mim Refrão MARCHAS POPULARES DE ALMADA 2005 LETRA: CARLOS JORGE ESPAÑOL/SARA DA COSTA MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS MARCHA DO ALTO DO PINA NOBRES DO ALTO DO PINA Refrão Olhei p’rá céu E vi uma luz Que nos ilumina É Alto do Pina – Bis E as estrelas Começaram a cantar E a fidalguia Nos salões a dançar Com este céu 73 Assim tão estrelado Aqui vai a marcha Do Alto do Pina – Bis I Voltar a outros caminhos Falar de séculos atrás Com verdade e certeza Cantar a velha nobreza Tu vais ver que sou capaz Eu fecho os olhos e penso Nos salões de gente fina Com os rostos escondidos Havia beijos perdidos Nobres do Alto do Pina Refrão II Palácios, espelhos dourados Candelabros, luz e cor Uma sombrinha agitada Sinal de apaixonada Dando luz para o amor P’rás festas palacianas Chegavam as carruagens Os nobres mais elegantes Faziam-se mais galantes Traziam coches e pagens Refrão (Bis) MARCHA DO ALTO DO PINA 2005 LETRA: Carlos Jorge Español / Sara da Costa MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS INTÉRPRETE: Anita Guerreiro MARCHA DO LUMIAR O LUMIAR TAMBÉM É FADO Refrão Ai Fado, Fado Continua adulterando Sejas batido ou tocado Cantado ou esticado Tu és sempre Fado Ai Fado, ai Fado 74 Aqui fora de portas No Lumiar e arredores Onde quer que tu mores Esta Marcha é um Fado I O Fado era choradinho E tinha aquele jeitinho De ciúmes e paixões Cantado fora de portas Chorado a horas mortas Seguia as tradições E nos velhinhos retiros Solta-se o Fado, um suspiro E o tanger da Guitarra E de Louro há um raminho A indicar o caminho P’rás grandes noites de farra Refrão II E quando havia tourada Nos campos à desfilada Os fidalgos da tipóia Chegavam sempre fadistas Ar gingão e artistas Pra animar a rambóia Hoje tudo é recordado Fado batido e chorado Tudo por aqui passou Também se pode pular E esta marcha alegrar O Fado que aqui morou Refrão (Bis) MARCHA DO LUMIAR 2005 LETRA: Carlos Jorge Español / Sara da Costa MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS INTÉRPRETE: Olívia MARCHA DOS MERCADOS Refrão (Bis) Agora sim Oh freguesa compre aqui 75 Ao venha cá Oh freguesa aqui está Ai venham ver A qualidade é tão boa Só Nos Mercados Nos Mercados de Lisboa Ai venham ver A qualidade é tão boa Só Nos Mercados Nos Mercados de Lisboa I Nos Mercados de Lisboa Temos tudo p’ra vender Frutas, legumes e flores Carne, peixe e licores Oh freguesa é escolher Nos Mercados de Lisboa Vendemos por devoção Onde os produtos são frescos Pois aqui não há restos E mantemos a tradição Refrão (Bis) II Nos Mercados de Lisboa Vive a paz e a amizade Lembrando o tempo passado De um fado bem amargo Que nos enche de saudade Nos Mercados de Lisboa Temos tanta ambição Que até vamos desfilar Na avenida a marchar Levando um arco e balão Refrão (Bis) MARCHA DOS MERCADOS 2006 LETRA: Carlos Jorge Español MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS PREGÕES DE BOCA EM BOCA Refrão Olha o Pregão, Que ande de boca em boca Olha o Mercado 76 Que temos que reavivar Olha Lisboa, Cada vez mais marota Esta Cidade, Que só pensa em festejar Setenta e cinco anos Estão as Marchas a comemorar E Santo António, Cada vez mais folião Os Pregões nos Mercados, Como é bom entoar E Santo António, Cada vez mais folião Os Mercados de Lisboa, De arquinho e balão I Há uma tradição em Lisboa Que não se pode esquecer São os Pregões dos Mercados Que esta Cidade invade Antes do amanhecer Pregões dos vendedores dos Mercados São de Lisboa também Que bonito é ouvi-los No meu peito senti-los Vozes vindas do além! Refrão II Será tudo isto saudade Ou fértil imaginação Voltem os Pregões de Lisboa Para os jovens de agora Ouvirem tão bela canção Cantem os Pregões d’outrora Cantem p’ra ver como soa A malta de hoje, não sabe É lamento que chora Pelas Ruas de Lisboa Refrão MARCHA DOS MERCADOS 2007 LETRA: Carlos Jorge Español MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS 77 ALTO DO PINA, NOITE E DIA DE FOLIA Refrão Agora é que é Noite e dia de folia Cantar e dar ao pé Agora é que é Noite e dia de folia No Alto do Pina Como há muito não se via Agora é que vai ser Com tanta imaginação Nesta marcha que está a ver Agora é que vai ser Com tanta imaginação É Alto do Pina Sempre a fazer sensação I Ao chegar o mês de Junho Lisboa é uma tentação Mas no bairro do Alto Pina É que ninguém imagina Como este bairro é folião Noite e dia, uma festa Que não, acaba ao luar Vamos vestir a fantasia Sempre com muita alegria A cantar, sorrir, dançar Refrão II São João que está à espreita Com o pezinho a dar a dar Veste o traje, o mais bonito Vão os dois p’ró bailarico Na Alameda festejar Já vai alta a madrugada Todos os Bairros na reinação Entre eles partilham estima Hoje ninguém desatina No Alto Pina e São João Refrão (Bis) MARCHA DO ALTO PINA 2008 78 LETRA: Carlos Jorge Español MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS 3. TEMAS MUSICADOS E ORQUESTRADOS "A música tem uma coisa boa: Quando bate você não sente dor". Bob Marley 79 Fernando Correia Martins tem um enormíssimo currículo como compositor e orquestrador de discos. São centenas de produções que passaram pela sua exímia capacidade musical, trabalhando para os mais conceituados nomes do nosso espectáculo musical, com Simone de Oliveira, Paulo Alexandre, Carlos do Carmo, Nicolau Breyner, Marina Mota, Manuela Bravo, Lenita Gentil, Marco Paulo, Vasco Rafael, Nucha, Dulce Pontes, Alexandra, Dora, Olívia, entre tantos e tantos outros. Este capítulo tem a pretensão de nos dar uma brevíssima resenha do que foi a sua produção neste campo. Em 1975 é convidado por Diniz Paiva a deslocar-se aos EUA para gravar em exclusivo para a marca Rossil. Para o Marco Paulo, faz os arranjos de orquestra e coros do LP “Concerto Ligeiro”, editado em 1978. É um disco onde foram lançados grandes êxitos que entraram, rapidamente na boca do povo, como “Ninguém, Ninguém” e “Canção Proibida”. Um dos maiores êxitos neste campo, foi com a canção “Verde Vinho”, interpretada pelo Paulo Alexandre, que chegou a disco de ouro. O disco, editado pela Rossil, teve toda a coordenação musical e orquestral de Correia Martins. O trabalho agradou de tal forma a Paulo Alexandre que na entrevista que deu à “Crónica Feminina”, edição de 12 de Outubro de 1978, a páginas tantas, desabafa assim: - “O Correia Martins faz músicas tão boas que até chego a ter pena de ter que lhes meter a minha voz…”. Para este cantor foi igualmente, o grande mentor da produção do disco “Voltei para ficar”, também editado pela Rossil. Em 1979, Paulo Alexandre lança “Vem Comigo a Portugal”. Esta produção teve versões em espanhol, francês, inglês e alemão do poema português, original do próprio e música de Correia Martins. Paulo Alexandre fez uma apresentação ao vivo desta obra, em Madrid, na “Semana Portuguesa”, lançando a versão espanhola de “Vem comigo a Portugal”, onde alcançou um sucesso animável. Na edição da Plateia de 24 a 30 de Julho de 1979, num artigo não assinado, mas que julgamos ter sido escrito pelo Carvalho Ramos, com o título “FERNANDO CORREIA MARTINS – “FABRICANTE” DE SUCESSOS”, inicia assim o artigo: “Êxitos que o povo canta, desde o “Verde Vinho” a “Mulher Sentimental”, sem esquecer “Senhora Maria”, “Zé Brasileiro, Português de Braga”, “Sobe, Sobe, Balão Sobe”, “Aleluia”, etc., etc.. É uma longa lista que tem a assinatura de um dos músicos portugueses mais em foco nestes últimos tempos – um “cozinheiro” de sucessos, em 80 suma! Chama-se Fernando Correia Martins, e do seu talento está nascendo uma nova “era na música portuguesa!”. Em 1979, Vicente lança um long-play, cantando poemas de Afonso Lopes Vieira, com música de Vicente do Nascimento e orquestração de Correia Martins. Nascia, assim, um trabalho maravilhoso, com poemas de um dos nossos maiores nomes da literatura portuguesa, com suas melodias orquestradas pelo Maestro Correia Martins que conseguiu um disco notável a todos os níveis. “Muito belo, profundamente belo até, traz nele uma lufada de pureza que nos chega à alma”, segundo palavras que retirámos de uma edição da “Crónica Feminina”, de 1979. Para a editora Alvorada, faz as orquestrações do “Disco-Sound”, para o artista Gabriel Cardoso, cujo autor das letras foi Joaquim Pedro Gonçalves. Cândida Branca-Flor lançou pela Vadeca, um single em 1980, que incluiu os temas “Mil Vezes Só” e “Amar por Amar”, de António José, com arranjos de Fernando Correia Martins. Faz parte, em 1983, do elenco musical do LP do Carlos do Carmo “Um Homem no País”, ao lado dos músicos Carlos Paredes, Fernando Alvim, António Serafim e Rui Cardoso. Em 1985, Correia Martins grava nos EUA, LPs, onde inclui os nomes de Olívia Rodrigues, Dinis Paiva, Ted Ramos e Agostinho Mecha, entre outros. No inicio de 1990, Olívia lança o seu primeiro LP, “Canta Comigo”, um bom disco de musica portuguesa, coordenado pelo Correia Martins. No ano seguinte é responsável do segundo LP de Olívia, denominado “Bailinho e Outros Amores”. Para a Vidisco, em 1993, produz um CD para a Olívia, onde canta poemas de Rosa Lobato Faria, Ana Zanatti, Marco Quelhas e Jerónimo Bragança, com músicas de Carlos Quelhas, Nóbrega e Sousa, Carlos Quelhas e Fernando Correia Martins. Olívia apresentou 14 temas. Também a sua mulher, é responsável pelo disco “Novos Amores”, lançado em 1994, trabalho que reuniu alguns dos nomes mais sonantes da nossa terra. Há uma dupla que marcou a carreira de Olívia, que foi a Rosa Lobato Faria e o seu marido Correia Martins. No CD acima referido “Bailinho e Outros Amores”, a Rosa Lobato Faria é a autora de todas as letras dos dez temas apresentadas, que foram musicados seis por Correia Martins, dois por Carlos Canelhas e um por Dina. Em 2001, numa produção, arranjos e direcção de Fernando Correia Martins, foi lançado o CD, “Olívia Mulher”, também com a assinatura da Rosa Lobato Faria. Num texto de apresentação, que esta grande poetisa e actriz escreveu para este trabalho, ela diz o seguinte: - “Olívia, uma voz praticamente desconhecida dos portugueses, por ter vivido muito tempo fora da sua terra, regressou há alguns anos disposta a rever, com persistência e humildade a sua forma de estar na música. Cativou-me a maneira determinada e séria com que o fez. O enorme profissionalismo, a magnífica voz, a exigência da qualidade, a capacidade de trabalho. Escrever para a Olívia, é ter a certeza de ver o nosso texto respeitado, sentido, analisado e amado. De encontro na interpretação a intenção das palavras, na beleza da voz a musicalidade dos versos, (…) Esta aí uma cantora portuguesa, no sentido da palavra.” 81 Entre 1993 e 1994, fazemos referência às orquestrações para o CD de Piedade Fernandes, intitulado “É Magia”, a autoria musical de dois temas para o CD de Vasco Rafael “Canto o Meu Fado”, cujas letras foram da Rosa Lobato Faria e a produção, autor de alguns temas, arranjos e direcção de orquestra e coros do CD da Alexandra, intitulado “De Viva Voz”. Por último fazemos destaque de um trabalho lançado em 1994 do poema musical “Os Olhos da Mente”, original de Félix Heleno e Correia Martins, com Ana Zanatti e Félix Heleno e as vozes da Alexandra, Olívia, Isabel Campelo e Marco Quelhas. A produção, orquestração e direcção foi também, do Correia Martins. No ano de 1995, o maestro Correia Martins dá à estante um trabalho que se serve do seu instrumento mais querido. O CD, “As nossas canções e o violino”, trouxeram ao mercado um trabalho de grande fôlego, lançado pela PoliGram. Foi um álbum de temas e canções portuguesas intemporais, interpretadas por um instrumento expressamente convidado para o efeito, magicamente manobrado pelo saber indiscutível do Correia Martins. Quem conhecia e convivia de perto com o Fernando Correia Martins e a Olívia, sabem o quanto eles eram sensíveis com o lado espiritual, o quanto eles se preocupavam em trabalhar o seu “eu” interior. Em 1997, o Fernando incomodado com um sonho que tinha tido, aventura-se na produção de um trabalho, todo ele virado para esta dimensão. Aliás, segundo informação de Olívia, foi mesmo uma proposta do Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom António Ribeiro, pois este achava que o projecto merecia o apoio incondicional do Patriarcado, situação que não veio acontecer, pois derivado à morte deste Patriarca, toda a estrutura orgânica seguinte não quis abraçar tal projecto. Mesmo assim o Fernando e a Olívia foram com ele em frente, deram-lhe o título “Ámen”, e o CD foi lançado no mercado, com a falência da editora logo a seguir e a não promover convenientemente, este trabalho de profundo significado espiritual. Do Fernando há a registar a produção, arranjos e direcção. Deram a voz, para além da Olívia, a Isabel Campelo, Maria Margarida, Marco Quelhas e Manuel Lourenço. Dos textos introdutórios deste CD, não resistimos de incluir aqui dois, ambos escritos pelo Fernando. O primeiro, intitula-se “um sonho” e começa assim: - “Não mais esquecerei um sonho que tive há três anos!... Meu espírito vagueava por entre as cores… Meu corpo não existia… Amarelo, azul, verde e lilás eram as tonalidades que me envolviam, juntamente com sons ao princípio confusos, mas que pouco a pouco, muito lentamente, se foi transformando em algo musical. Todo o meu “ser invisível” rodopiava por entre jactos de luz. Algo estranho acontecia, porque no meio deste turbilhão, vindo doutra dimensão, comecei a ouvir uma flauta… uma harpa… e de quando em vez, surgindo do nada como um murmúrio, um coral imenso cantando palavras que ao princípio não as entendi, mas com a aproximação deste colossal naipe fui percebendo “sons” como AMOR…ESPERANÇA….FÉ e PAZ. Sem saber como e porquê…. Acordei. Acordei e pensei… Pensei no “meu” sonho como se fosse um alerta… Um alerta para todos nós… Uma aviso à HUMANIDADE do pouco tempo que nos resta… 82 Mas quem sou eu para alertar o MUNDO? Quem é que me escutará? Chamar-me-ão louco ou transviado de razão. A HUMANIDADE não me ouvirá. Não acredito que o meu PAÍS ou a minha CIDADE me escute, nem mesmo na minha RUA. Ficarei contente se, ao olhar um espelho, contar ao “outro” o que sonhei… e o “OUTRO” acredite!... Se o reflexo fosse DEUS, o MUNDO não seria assim… … e foi assim, que este “trabalho” começou.” O outro texto que consideramos de uma espiritualidade magnífica, é dirigido à Olívia, grande amor da sua vida. Nele escreveu: -“Na sua passagem pela Terra, ela tinha que fazer este trabalho para a calmia do seu espírito, e para conforto do seu “eu”. Nos caminhos do espiritual, ela é devota e ciente da sua responsabilidade como tal. A realização deste projecto não foi fácil. A todo o momento e a toda a hora sentia contrariedade e algo como querendo negar-lhe o direito da concretização. No entanto, usando a sua Fé como força, tudo foi vencido e por último realizado. Sei que o seu maior desejo é que todo aquele que escutar este trabalho sinta a paz, a serenidade e o amor que ela colocou nas suas interpretações e mais, nas suas convicções. Possamos pois, todos com ela afirmar: “A MAIOR ORAÇÃO É AMAR”…” Amigos, na verdade, ouvir este trabalho é limpar a nossa alma. É podermos chorar de alegria, pelas coisas simples, mas enormes de sentido, que DEUS nos deu. Sob a direcção do Maestro Fernando Correia Martins e numa edição da SPA/Strauss, é lançado, em 2001, um CD comemorativo dos 150 anos do nascimento do compositor Thomaz De-Negro, em que participa Gonçalo Salgueiro, Lia Altavila, Olívia, Fernando Serafim e Marina Mota. Sobre este espectacular trabalho, fica aqui as palavras sentidas por Correia Martins, inseridas na obra em causa: -“Quando recebi da Sociedade Portuguesa de Autores, na pessoa do seu Presidente – Dr. Luís Francisco Rebello – a incumbência de, segundo o meu critério, produzir um CD com obras inéditas de Thomaz Del-Negro, fiquei entre surpreendido e receoso, pois tinha cerca de três quilos de papel de música classificar e investigar. Manuscritos de 1910 de leitura ilegível e papel amarelo. Porém, foram-se os receios e veio o encantamento. Que beleza e quanta sensibilidade. Thomaz Del-Negro foi realmente um melodista ímpar para a sua época, balançando entre o popular, ligeiro e lírico. Tinha a particularidade de transmitir emoções com “traquinice”, “rebeldia” ou crítica mordaz em pequenas “alfinetadas”. Foi sem sombra de dúvida um homem que nasceu para o teatro. Ao escutarmos a sua música o palco começa a construir-se nos nossos sentidos. E ali está tudo: orquestra, ribalta, luzes, artistas… como ele nos permite sonhar! Com “Mangerico” ou “Coro das Farturas” podemos constatar como são actuais estes temas em qualquer “Revista à Portuguesa” de hoje… se houvesse Parque Mayer. “O Cigarro do Soldado” e “Fado Moderno” mostra-nos o seu romantismo com alguns gotas de lirismo. Com “Bilhetes Postais”, “Aninhas e Gavroche” e ainda “Descante de Fogueiras de S. João” temos belos momentos de música de Opereta. 83 Como era versátil e completo este homem que me pareceu tão temperamental quanto sensível e inconformado. Falemos dos intérpretes… As razões desta escolha foram várias: qualidade, sensibilidade, timbre, forma, facilidade, força e jeito, princípios básicos para se cantar Thomaz Del-Negro. Quando ouvimos estes cinco intérpretes, estas “sete” insinuações são-nos transmitidas por cada um por si é um caso, e cada caso um exemplo. Ao pensar em Lia Altavilla e Fernando Serafim, estou numa “onda” mais lírica, mas poética, e talvez mais em sintonia com determinados impulsos espirituais do compositor. Estes intérpretes têm no seu curriculum uma vida cheia de altos valores no que se refere ao belo-canto. São profissionais aplaudidos sem reserva pela crítica e pelo público. Este trabalho é enriquecido com as suas vozes e a alma que nos dão. A minha terceira escolha era um pouco mais difícil, pois precisava de um interprete pouco vulgar para o desempenho de três funções: O lírico e o fadista (ouça-se “O Fado do Guines”) e o cantor. Este alguém versátil e sentimental (embora muito jovem) só poderia ser o Gonçalo Salgueiro que cumpriu perfeitamente os meus desejos. Um último convite seria para Olívia e Marina Mota. Duas interpretes “iguais” mas com grandes diferenças. Iguais na qualidade, sensibilidade e facilidade, mas diferentes no timbre, na forma, na força e no jeito. Se por um lado está Marina que é actriz, cançonetista, fadista e grande mulher da Revista à Portuguesa, por outro lado está a Olívia, uma cançonetista de forma romântica, versejando com a singeleza duma adolescente. Nestas duas mulheres a complementaridade necessária para expressar a escrita do compositor. Por último uma chamada de atenção para “Bilhetes Postais” em que a cançonetista “escorrega” para o lírico, e o lírico de quando em vez se torna “cançonetista”. Refiro-me a Olívia e Gonçalo Salgueiro. Foi uma experiência feliz. A todos, com o meu coração de músico e espectador, um muito obrigado. Inclusive, a Thomaz Del-Negro pois, sem a sua obra e inspiração não seria possível recriar com amor e arte.” No ano de 2004, para a editora Ovação, é um dos colaboradores de um CD de homenagem a Arlindo de Carvalho. “Canções à Beira Terra”, teve um texto de introdução assinado por António Vitorino D’Almeida. Neste magnífico trabalho Correia Martins colaborou com arranjador, direcção de orquestra e orquestração. Sob a produção e realização da EGEAC, E.M. – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa, tem a seu cargo a orquestração e direcção de orquestra do CD “Marchas Populares de Lisboa 2005”. Com direcção e produção executiva de Carlos Jorge Español, participaram os intérpretes Ada de Castro, Anita Guerreiro, Deolinda de Jesus, Maria Valejo, Maria José Valério, Olívia, Paula Ribas, Piedade Fernandes e Wanda Stuart. No ano de 2006 foi o orquestrador, arranjos e direcção de orquestra e autor de alguns temas do CD, lançado por Marina Mota Produções, denominado “Estados D’Alma”. É bem verdade que o trabalho do Fernando Correia Martins é enorme neste capítulo. Respeitando o que indicamos atrás, mas como se torna fastidioso falar aqui de cada um dos trabalhos editados em singles, Lp’s e Cd’s, optamos por deixar a indicação 84 da maioria deles, salientando apenas a sua colaboração como autor, compositor, arranjador, produção ou direcção. Singles 1. ALBERTO JÚLIO TÍTULO: Ser Poeta, Vem Liberdade EDITORA/ANO: Decca, 1974 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 2. ALEXANDRA TÍTULO: Senhora Maria EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Zé Brasileiro Português de Braga – Festival RTP - 1979 EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Co-Autor (Face B), Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: ALEXANDRA EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Alexandra/António Sala – Festival RTP 1980 EDITORA/ANO: Rossil, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: passeio de charrete EDITORA/ANO: Rossil, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: ATÉ AMANHECER EDITORA/ANO: Rossil, 1982 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Rosa Flor Mulher – Festival RTP 1983 EDITORA/ANO: Rossil, 1983 FUNÇÕES DO FERNANDO: Autor, Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si dó EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Tu e Eu EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Co-Autor, Arranjos e Direcção de Orquestra 3. ANA 85 TÍTULO: O nosso filme EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: QUANTO + TE BATO EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: DAMA DE COPAS EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 4. ANDREIA TÍTULO: “OS QUATRO AMIGOS” - Canção concorrente à II Gala Internacional dos Pequenos Cantores EDITORA/ANO: Pintainho, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 5. ANÍBAL TÍTULO: Meninos do Orfanato EDITORA/ANO: Imavox, FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção musical 6. ANTÓNIO ARTILHEIRO TÍTULO: Poema da Distância Invenção EDITORA/ANO: Alvorada, 1973 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Do Nada Venho EDITORA/ANO: Alvorada, 1973 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Poema de Voltar a Ser EDITORA/ANO: Alvorada, 1974 FUNÇÕES DO FERNANDO: 7. ANTÓNIO MOURÃO TÍTULO: Nem Contigo Nem Sem Ti EDITORA/ANO: Decca, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra e coro 8. ANTÓNIO RIOS 86 TÍTULO: Alguém Chamou por Mim, Quero… EDITORA/ANO: Alvorada, 1973 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Melodias Do Desespero EDITORA/ANO: Osiris FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Rios EDITORA/ANO: Osiris FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 9. ANTÓNIO SALA TÍTULO: A Minha Aldeia EDITORA/ANO: Poligram, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 10. ARCO IRIS TÍTULO: Arco Íiris EDITORA/ANO: RPE, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Autor e Produção 11- ARLINDO DE CARVALHO TÍTULO: O Comboio do Algueirão EDITORA/ANO: Música e Som FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 12. BADARÓ TÍTULO: “Como Ispilico” EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Cantigas P’ra Qem Tem Filhos EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 13. BOLA DE NEVE TÍTULO: Bola de Neve EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 14. BRIC À BRAC TÍTULO: Daqui Deste País – FESTIVAL RTP 1981 EDITORA/ANO: Rossil, 1981 87 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 15. CANDIDA BRANCAFLOR TÍTULO: Mil Vezes Só, Amar Por Amar EDITORA/ANO: Vadeca, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 16. CARLOS FILIPE REIS TÍTULO: Palavras Proibidas até 15 de Abril EDITORA/ANO: Alvorada, 1974 FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestra de Correia Martins 17. CLARISSE & TÓ TÍTULO: “NINGUÉM”, Também Sonha EDITORA/ANO: Rossil, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção, Arranjos e Direcção de Orquestra 18. CLEMENTE TÍTULO: Canção Dos Teus Cabelos EDITORA/ANO: Rossil, 1982 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Amore Mio EDITORA/ANO: Polygram, 1983 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção TÍTULO: Noites De Praia EDITORA/ANO: Vidiofono, 1983 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Balada dos Caçadores EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Vais Partir EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Organização 19. DANIEL GARCIA TÍTULO: O Último Tacho em PORTUGAL EDITORA/ANO: Alfabeta FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra 20. DÁRIO DE BARROS 88 TÍTULO: Diário de Barros EDITORA/ANO: RTE, 1973 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Músico, Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Hipocrisia EDITORA/ANO: RPE FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Músico, Arranjos e Direcção de Orquestra 21. DINO MEIRA TÍTULO: É Sempre Assim, Barco Estrangeiro, Adeus Amor, Fuga EDITORA/ANO: Estúdio FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 22. EDUARDO LEMOS TÍTULO: Eduardo Lemos EDITORA/ANO: Osiris FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 23. ELSA COIMBRA TÍTULO: Seiva do Meu Pensamento, Contábile, Sou Mulher da Rua, Se eu Fosse Corpo de Trigo EDITORA/ANO: Alvorada FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 24. FERNANDO PEDRO TÍTULO: Mulher Nazaré do Mar EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Fernando Pedro EDITORA/ANO: Gira, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Coro e Direcção Musical TÍTULO: Mais de Mil EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Esse Teu Corpo de Mulher e Fizemos de Setembro Primavera EDITORA/ANO: Discossete, 1984 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 25. GABRIEL CARDOSO 89 TÍTULO: És Muito Mais do Que Canto EDITORA/ANO: Alvorada, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração TÍTULO: Oh, Meu Amor EDITORA/ANO: Edison, 1982 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Êxitos Internacionais EDITORA/ANO: Monitor FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical TÍTULO: Sou D’um Povo de Raiz EDITORA/ANO: Alfabeta FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção de Orquestra 26. GRUPO MUSICA TÍTULO: Lição de Solfejo e a Ave e a Infância (1º Prémio Eurovisão-77, Versão Portuguesa) EDITORA/ANO: Imavoz, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical TÍTULO: Eurofestival 78 EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 27. GRUPO “PALMO E MEIO” TÍTULO: Natal de Irmãos EDITORA/ANO: Rossil, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical 28. IO APOLONI TÍTULO: Erótica, Política Sexy EDITORA/ANO: Metro-Som, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical TÍTULO: Olhaste Alguma Vez, Há Pr’aí Muitas Mulheres EDITORA/ANO: Alvorada, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Um Pouco Mais EDITORA/ANO: Rossil, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 29. JOÃO FERNANDO TÍTULO: Quem Estará 90 EDITORA/ANO: RCA Records, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos, Coros e Direcção 30. JOEL TÍTULO: D. Roberto EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 31. JORGE BARRADAS TÍTULO: Cidade das Três Cidades EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 32. JOSÉ BRAVO TÍTULO: Teu Corpo Meu País, Hoje Ninguém Vai Chorar EDITORA/ANO: RR FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 33. JOSÉ DE CASTRO TÍTULO: José de Castro EDITORA/ANO: Lisboa Record FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 34. JOSÉ MANUEL TÍTULO: Tu Cambiarás EDITORA/ANO: Estúdio FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 35. JÚLIA BABO TÍTULO: Não Vires a Casaca, O Tempo é de Vigilância EDITORA/ANO: Alvorada, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração e Direcção 36. LENITA TÍTULO: Canção dos Pés Descalços EDITORA/ANO: RR FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical 37. LUÍS DUARTE TÍTULO: Luís Duarte EDITORA/ANO: Alvorada, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 91 TÍTULO: My Love Song, meu pai EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra 38. LUÍS ROMÃO TÍTULO: Chegou o Vento, Canção Distante EDITORA/ANO: Alvorada, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Rossio, para Voar EDITORA/ANO: Alvorada, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 39. MADI TÍTULO: Lição de Português (3º Lugar Festival RTP, 1980) EDITORA/ANO: Rossil, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos de Cordas e Metais TÍTULO: Em Vez de um Beijo EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Alegria, Alegria EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 40. MARCHAS DE LISBOA TÍTULO: Cantar Lisboa (1º Prémio das Marchas de Lisboa, 1981), voz de Ermelinda Duarte EDITORA/ANO: Metro-Som, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical 41. MARCO PAULO TÍTULO: O Mais Feliz do Mundo EDITORA/ANO: EMI, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Com o Vento Vou Cantando EDITORA/ANO: EMI, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Canção Proibida EDITORA/ANO: EMI, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 92 TÍTULO: Mulher Sentimental EDITORA/ANO: EMI, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Eu Tenho Dois Amores, Tão Amantes que Nós Fomos EDITORA/ANO: EMI, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: É o Fim do Mundo/Vou Recordar EDITORA/ANO: EMI, 1982 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra e Coros 42. MANUEL JOSÉ SOARES TÍTULO: Concerto Maior (Canção finalista Festival RTP, 1980) EDITORA/ANO: Nova, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 43. MANUELA BRAVO TÍTULO: Sobe, Sobe, Balão Sobe (Canção vencedora do Festival RTP/79. Prémio da Melhor Interpretação) EDITORA/ANO: VDC, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Mulher Só EDITORA/ANO: VDC, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 44. MARIA ARMANDA TÍTULO: A Bia da Mouraria EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Novo Fado do Emigrante EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 45. MARIA CANDAL TÍTULO: Que Saudade, A Você Tristonho, À Espera de Alguém, Erva Venenosa EDITORA/ANO: Marfer, 1967 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção Musical 46. MARIA GUINOT TÍTULO: 3º LUGAR FESTIVAL DA RTP 1981 EDITORA/ANO: Rossil, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 93 TÍTULO: Falar Só Por Falar EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 47. MARRK OLIVER TÍTULO: Mark Oliver EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 48. MARANATA TÍTULO: Velha Estrada EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Barbara EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Aleluia EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Maranata canta Mozart EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Blue Jeans EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Lua Vai e Lua Vem EDITORA/ANO: Rosil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Filho (xaile do meu peito) EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Grupo Vocal Maranata EDITORA/ANO: Alfabeta FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção TÍTULO: As Maõs EDITORA/ANO: Estúdio FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 49. NICOLAU BREYER 94 TÍTULO: Fornicoques d’A Batalha do Colchão, Tango do Orangotango EDITORA/ANO: DECCA, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 50. OLÍVIA RODRIGUES TÍTULO: Eu Espero EDITORA/ANO: Metro-Som, 1986 FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção e Mistura 51. ONDINA TÍTULO: Madrugada, a Primeira Aula, Tudo É, Foi, Há Quanto Tempo EDITORA/ANO: Alvorada, 1976 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 52. PATRÍCIA TÍTULO: Rock da Pequenada (Vencedora Nacional da 3ª Gala dos Pequenos Cantores da Figueira da Foz, 1981) EDITORA/ANO: Rossil, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Vai Chegar, O Pai Natal EDITORA/ANO: Rossil, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 53. PAULO ALEXANDRE TÍTULO: Voltei para Ficar EDITORA/ANO: Rossil, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Verde Vinho EDITORA/ANO: Rossil, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Oferece as Tuas Maõs EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Vem Comigo a Portugal EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: De Mala Aviada EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 95 TÍTULO: Paulo Alexandre canta Camões EDITORA/ANO: Ross FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Bom Bom Bom Só o Amor EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 54. PAULO JORGE TÍTULO: Luísa EDITORA/ANO: Alfabeta FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 55. PIRILAMPO MÁGICO TÍTULO: Pirilampo Mágico EDITORA/ANO: Antena 1/Cerci’s, 1989 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical 56. QUINTETO CORREIA MARTINS TÍTULO: QUINTETO CORREIA MARTINS EDITORA/ANO: RR FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção TÍTULO: QUINTETO CORREIA MARTINS EDITORA/ANO: RR FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção 57. ROBERTO VALADAS PRETOS TÍTULO: A Música dos Bons Velhos Tempos EDITORA/ANO: Lis FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra e Coros 58. RODRIGO TÍTULO: O Mundo é da Criança EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 59. RUBEN TÍTULO: Canção de Amor EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos TÍTULO: Até Logo ou Amanhã EDITORA/ANO: Rossil 96 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 60. SIMONE DE OLIVEIRA TÍTULO: 1º PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO DO FESTIVAL DA NOVA CANÇÃO DE LISBOA EDITORA/ANO: Alvorada, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração e Direcção TÍTULO: Simone EDITORA/ANO: Alvorada, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração 61. SÉRGIO E MADI TÍTULO: OH MY EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Cry To Me EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Forever Loving You EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra TÍTULO: Solta o Rock (que ele não te morde) EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 62. CORO VOZES LIVRES – “CANÇÃO DE LUTA” TÍTULO: Soldados e Povo, Camponês a Terra é Tua EDITORA/ANO: Osiris FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical 63. SWISS LADY GRUPO MÚSICA TÍTULO: Swiss Lady Grupo Música EDITORA/ANO: Rossil, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 64. SÉRGIO WONDER TÍTULO: O Nosso Entardecer EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 65. STELLA-MAR 97 TÍTULO: O Cão e o Gato EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra 66. TEATRO ADOQUE TÍTULO: Taran Tan Tan Não Enche Barriga EDITORA/ANO: Orfeu, 1976 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor TÍTULO: CHIÇA! – Este é o Bom Governo de Portugal! EDITORA/ANO: Adoque, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical TÍTULO: É TUDO ADOQUE EDITORA/ANO: Adoque, 1981 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra TÍTULO: CANINHAS A VIAGEM A PARIS EDITORA/ANO: Adoque FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical TÍTULO: Ao Lado do Homem EDITORA/ANO: Adoque FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção Musical TÍTULO: O Anjinho por FRANCISCO NICHOLSON EDITORA/ANO: Sassetti FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical TÍTULO: A Justiça – ERMELINDA DUARTE coloca a justiça nos bancos dos réus EDITORA/ANO: Adoque FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical TÍTULO: Jovem, Jovem! ERMELINDA DUARTE EDITORA/ANO: Metro-Som FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical TÍTULO: A Paródia EDITORA/ANO: Adoque FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 67. TEATRO MARIA VITÓRIA TÍTULO: Vitória! Vitória… EDITORA/ANO: A Árvore do Deserto FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Produção e Direcção Musical 98 TÍTULO: MARINA MOTA NO TEATRO MARIA VITÓRIA NA SUPER REVISTA “NÃO BATAM MAIS NO ZEZINHO” EDITORA/ANO: Metro-Som, 1985 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 68. TERESINHA TÍTULO: É Doce Morrer no Mar EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Cabocla Bonita EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra 69. TUDELA TÍTULO: Vou Inventar Uma Flor, KANIMAMBO EDITORA/ANO: Tecla, 1973 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 70. VALÉRIO SILVA TÍTULO: Canção de Paz e Amor EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Canção do Realejo, Festival RTP-1979 EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra TÍTULO: Let’s Keep Mooving, Joy to the world EDITORA/ANO: RR FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Júlia EDITORA/ANO: Alfabeta FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: II FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO DOS DOIS MUNDOS EDITORA/ANO: Alfabeta FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 71. VICTOR ESPADINHA TÍTULO: A Nossa Canção EDITORA/ANO: Poligram, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 72. VICENTE 99 TÍTULO: Vem Comigo ao Norte/Devagar Devagarinho… EDITORA/ANO: Vidisco, 1984 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical TÍTULO: A Guitarra Está de Luto EDITORA/ANO: Vidisco, 1984 FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico, Arranjos e Direcção de Orquestra 73. VITOR LEITÃO TÍTULO: Rosa de Maio EDITORA/ANO: Decca, 1974 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Canção Acesa (Canção concorrente à canção RTP da Eurovisão 1975) EDITORA/ANO: Decca, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 74. ZÉLIA TÍTULO: Agosto em Lisboa (Canção finalista Festival RTP 1980) EDITORA/ANO: Nova, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos LP,s 1. AGOSTINHO MECHA TÍTULO: Agostinho Mecha Canta Ao Meu Povo EDITORA/ANO: Henda Records Inc., 1985 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical 2. ALEXANDRA TÍTULO: Canta Folclore do Minho aos Açores EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra TÍTULO: Êxitos Para Si – FESTIVAL RTP 1982 EDITORA/ANO: Rossil, 1982 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção TÍTULO: Aplauso EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 3. ALGARVE 100 TÍTULO: Algarve EDITORA/ANO: Comissão Regional de Turismo do Algarve, 1980 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 4. ARLINDO DE CARVALHO TÍTULO: Meu Canto Minhas Raízes 4º anos de Canções EDITORA/ANO: Ovação, 1990 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 5. BADARÓ TÍTULO: O Pagode do BADARÓ EDITORA/ANO: MBP, 1989 FUNÇÕES DO FERNANDO: Produtor, Músico e Compositor 6. CANTA…NAZARÉ! TÍTULO: Canta… NAZARÉ! EDITORA/ANO: Porfanto, 1988 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Produção 7. CARLOS PAREDES e CARLOS DO CARMO TÍTULO: Carlos Paredes e Carlos do Carmo (Ao vivo na Ópera de Frankfurt) EDITORA/ANO: Philips, 1983 FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico e Direcção Musical 8. CECÍLIA CARDOSO TÍTULO: Cecília Cardoso EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 9. FERNANDO PEDRO TÍTULO: Mulher da NAZARÉ EDITORA/ANO: Edisom, 1983 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Orquestrações TÍTULO: Um Sorriso uma Flor EDITORA/ANO: Gira FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção e Adaptação 10. FRANCISCO SEIA TÍTULO: Alcatruz EDITORA/ANO: Musidisco, 1983 FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico, Arranjos e Direcção Musical 101 11. GABRIEL CARDOSO TÍTULO: Festival do Amor, Baby, Venham Amigos e Muitas Mais… EDITORA/ANO: ESTÚDIO FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 12. GRUPO “PALMO E MEIO” TÍTULO: Natal de Irmãos EDITORA/ANO: Rossil, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Música, Arranjos e Direcção Musical 13. IO APOLLONI TÍTULO: Viver Mulher EDITORA/ANO: Io Apolloni FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos Musicais 14. IO APOLLONI E ANTÓNIO ANJOS TÍTULO: Io Apolloni e António Anjos EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 15. IGOR SAMPAIO TÍTULO: Igor Sampaio EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 16. JOSÉ CHETA TÍTULO: José Cheta EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 17. JOÃO FERNANDO TÍTULO: Rumores EDITORA/ANO: Musidisco FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 18. JOÃO LUÍS TÍTULO: João Luís EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 19. JÚLIA BABO 102 TÍTULO: Uma Só Pátria EDITORA/ANO: Alvorada, 1975 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjo e Direcção de Orquestra 20. LUÍSA BASTOS TÍTULO: Canta Romeu Correia EDITORA/ANO: Câmara Municipal de Almada FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 21. MARANATA TÍTULO: Vem e Canta EDITORA/ANO: Valentim de Carvalho, 1977 FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico, Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: As Cores da Música EDITORA/ANO: Rossil FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 22. MARCO PAULO TÍTULO: Concerto Ligeiro EDITORA/ANO: Valentim Carvalho, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjo de Orquestra e Coro 23. MARIA DA LUZ TÍTULO: Canta Paso Dobles e Canções EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 24. MARIA DILAR TÍTULO: Quero Viver EDITORA/ANO: Riso e Ritmo Discos, Lda., 1984 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 25. MÚSICA PARA DANÇAR TÍTULO: Música para Dançar EDITORA/ANO: Alvorada, 1976 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 26. NATÉRCIA FREIRE TÍTULO: Cantigas do Meu País EDITORA/ANO: GAF, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração e Direcção de Orquestra 103 27. OLÍVIA TÍTULO: Bailadinho & Outros Amores EDITORA/ANO: Caravela, 1991 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical TÍTULO: Canta Comigo EDITORA/ANO: A Arvore do Deserto FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção e Direcção Musical 28. PAULO ALEXANDRE TÍTULO: Romance EDITORA/ANO: Rossil, 1978 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção de Orquestra TÍTULO: Vem Comigo a PORTUGAL EDITORA/ANO: Rossil, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção de Orquestra 29. RAIMUNDO TÍTULO: Raimundo EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 30. ROSITA AFONSO TÍTULO: Rosita Afonso EDITORA/ANO: Lisbon Records FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical 31. A SEVERA TÍTULO: A Severa (Espectáculo de Sérgio de Azevedo) EDITORA/ANO: A Árvore do Deserto) FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Direcção Musical 32. SIMONE TÍTULO: Simone EDITORA/ANO: Philips FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 33. TEATRO ADOQUE TÍTULO: O Indiozinho Raio de Luar EDITORA/ANO: Teatro Adoque FUNÇÕES DO FERNANDO: Conjunto Musical, Arranjos e Direcção Musical 104 34. TEATRO MARIA VITÓRIA TÍTULO: Toma Lá Revista EDITORA/ANO: Teatro Maria Vitória, 1987 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor 35. TEATRO VARIEDADES TÍTULO: A Prova dos Novos! EDITORA/ANO: Teatro Maria Vitória, 1988 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Orquestrador 36. TEÓFILO RAMOS TÍTULO: Sim!!! EDITORA/ANO: Henda Records, INC. FUNÇÕES DO FERNANDO: Co-Autor de Letras e Músicas; Produção, Direcção e Arranjo Musical 37. TRIO ODEMIRA TÍTULO: “Ciúmes” EDITORA/ANO: MBP FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos 38. VICENTE TÍTULO: fala o poeta AFONSO LOPES VIEIRA EDITORA/ANO: Alvorada, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos de Orquestra TÍTULO: Navegante da Canção EDITORA/ANO: Vidisco, 1986 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra 39. VITÓRIA MARIA TÍTULO: Os Maiores Sucessos de Nóbrega e Sousa EDITORA/ANO: Movie Play, 1979 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra CD’S 1. ALEXANDRA TÍTULO: De Viva Voz EDITORA/ANO: Alexandra, 1994 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor 105 2. ANA ZANATTI E FÉLIX HELENO TÍTULO: Os Olhos da Mente (Original de Félix Heleno e Correia Martins) EDITORA/ANO: Vidisco, 1994 FUNÇÕES DO FERNANDO: Autor, Compositor, Produção e Orquestração 3. ARLINDO DE CARVALHO TÍTULO: Canções à Beira Terra EDITORA/ANO: 2004 FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestrações e Direcção de Orquestra 4. MARCHAS POPULARES DE LISBOA TÍTULO: Marchas Populares de Lisboa 2005 EDITORA/ANO: Egeac, 2005 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Mistura e Orquestrações 5. MARINA MOTA TÍTULO: Estados D’Alma EDITORA/ANO: Marina Mota, 2006 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção 6. OLÍVIA TÍTULO: Bailinhos e Outros Amores EDITORA/ANO: Caravela, 1991 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra TÍTULO: Ámen EDITORA/ANO: PR, 1997 FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção, Arranjos, Direcção e Músico TÍTULO: Olívia Mulher EDITORA/ANO: Cormusical, 2001 FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção, Arranjos e Direcção de Orquestra 7. PIEDADE FERNANDES TÍTULO: É Magia EDITORA/ANO: 1993 FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção 8. THOMAZ DEL-NEGRO TÍTULO: Thomaz De- Negro, música e compositor 150 Anos EDITORA/ANO: SPA, 2001 106 FUNÇÕES DO FERNANDO: Investigação, Produção, Direcção Musical e Orquestrações 9. VASCO RAFAEL TÍTULO: Canto o meu Fado EDITORA/ANO: Movieplay, 1994 FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção 4. PRÉMIOS E HOMENAGENS “A Música é o coração da alma. Ela faz com que os seres humanos se lembrem de onde vieram.” In, Espíritos entre nós, James Van Praagh 107 Ao longo da sua longa carreira, Correia Martins foi diversas vezes contemplado com prémios e homenagens, como temos vindo a referir. Desses actos, muitos deles feitos com rigor de análise à sua excelência musical, registamos aqui os seguintes: Prémio como orquestrador no Festival da Canção em 1979, com o tema “SobeSobe, Balão, Sobe” e a condecoração estatal dada pelo governo israelita, aquando da sua deslocação com a Manuela Bravo ao Festival da Eurovisão em Israel. No dia 3 de Março de 1980, uma comissão do Cenáculo Artístico e Literário “Tábua Rasa”, levou a cabo um jantar de homenagem ao Maestro Fernando Correia Martins, que se realizou no Hotel Roma, com numerosas figuras de relevo do nosso meio artístico. Das várias notícias, referentes à divulgação desta iniciativa, atrevemo-nos a indicar aqui a foi escrita pela escritor e jornalista, Armando de Aguiar, publicada no jornal “O Dia”, na edição do dia 5 de Março. “Homenagem ao maestro orquestrador Correia Martins Por iniciativa do cenáculo artístico literário “Tábua Rasa” foi oferecido um jantar ao maestro-orquestrador Fernando Correia Martins a dirigir, actualmente, a orquestra que está actuando no Teatro da Trindade, com a peça “A Invasão”. Artista do nosso teatro ligeiro e muitas outras que se dedicam a canções, assim como intelectuais e senhoras, associando-se a essa homenagem que teve a presidi-la o comendador Júlio Navarro Cabral. A escritora Odette de Saint-Maurice, Vice-presidente daquele cenáculo, disse da razão da homenagem, exaltando a personalidade do maestro Correia Martins. Outros oradores também afirmaram do seu muito apreço por quem tanto tem trabalhado pelo teatro do “music-hall” português. Alguns artistas cantaram em homenagem a Correia Martins, que agradeceu.” Vários telegramas foram enviados por pessoas que não puderam estar presentes, mas congratulando-se com o acto, como aconteceu com a Simone de Oliveira, João Nogueira, José de Carvalho, Luís Horta, Mil Costa, Maria Helena Henrique Santana, Guilherme Lena, Victor de Sousa e Nicolau Breyner que diz o seguinte no seu 108 telegrama: -“IMPOSSÍVEL ESTAR AÍ MOTIVOS PROFISSIONAIS ESTOU CONTIGO EM ESPÍRITO HOJE E SEMPRE GRANDE AMIGO PARABÉNS MERECIDA HOMENAGEM DO AMIGO NICOLAU BREYNER”. Em 1981 é vencedor com o 1º Prémio das Marchas de Lisboa e o Prémio Nova Gente como “Melhor Maestro” e, no ano seguinte, o Troféu Rádio Renascença como o melhor orquestrador em “disco” com a edição “Bailadinho &Outros Amores”. Ganha, com Rosa Lobato Faria a Grande Marcha de Lisboa em 1989, através da participação da Marcha de Penha de França. Neste ano, compôs para o Festival da Canção RTP, que se realizou no Teatro Garcia de Resende, em Évora, dois bailados, com coreografia de José Arantes e Liliana Viegas, que ganharam a “Rosa de Oiro”, em Montreux, único prémio internacional ganho até hoje no Festival da Canção. Neste Festival da Canção, Fernando Correia Martins foi galardoado também com o prémio da melhor orquestração. Ganhou cinco vezes o “Prémio de Musicalidade”, atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa às Marchas Populares, entre 2003 e 2007. Na sua casa, em Lisboa, são imensos os diplomas, troféus e medalhas, relacionados com a sua actividade profissional, relativos aos Festivais da Canção, RTP, Galas Nova Gente; Trabalhos Discográficos com Editoras, Marchas de Lisboa e Almada, Festas da Cidade de Lisboa, Actividade Teatral e actividade com a SPA. No dia 27 de Março de 2009, Dia Mundial do Teatro, recebe no Palco do Teatro Maria Vitória o prémio “Máscaras de Teatro”, atribuído pelo empresário Hélder Freire Costa. 109 5. O PERCURSO ARTÍSTICO “Quando se ouve boa música fica-se com saudade de algo que nunca se teve e nunca se terá.” Samuel Howe 110 Neste capítulo optamos por apresentar apenas a actividade do Fernando Correia Martins ao nível teatral. Assim, fruto da pesquisa efectuada, seguem-se as fichas técnicas e artísticas dos trabalhas tidos neste sector, obviamente com a possibilidade de haver outros. Como é sabido nem sempre os artistas guardam toda a documentação, inerente à sua obra. TEATRO DECLAMADO TEATRO ABC O CAVALEIRO SEM MEDO, de Francisco Nicholson. Encenação: Maria do José Guerra. Música: Correia Martins e Braga Santos. Cenários e Figurinos: Mário Alberto. Coreografia: Tânia Pegova. Execução Cenográfica: José Manuel, Rebocho e Mário Alberto. Interpretação: Pedro Machado, Daniel, Filomena, Rosa, Maria, Graça Victória, Maria Tavares, Duarte Nuno, Cristóvão, Joel, Helena Isabel, Fátima Barreto, Luís de Mascarenhas, Nuno Emanuel, Venceslau, José Carlos e Guilherme Gomes. Estreada em 1973. CINEMA SATÉLITE (COMPANHIA DE IO APOLONI) GUILHERME E MARINELA. Texto: Viveca Melander. Tradução e Adaptação: Io Apoloni e António Nazaré Vaz. Encenação: Ruy de Matos. Orquestração: Fernando Correia Martins. Realização Plástica: Jorge Rocha. Interpretação: Pedro Pinheiro e Io Apoloni. Estreada em 9 de Abril de 1978. TEATRO NACIONAL D. MARIA II CHAPÉU MÁGICO, peça infantil de Carlos Correia. Música orquestrada e arranjos: Fernando Correia Martins. Encenação: Rogério Paulo. Cenários e Cartazes: Mário Alberto. Fantocheiro: Francisco Esteves. Coreografia: Fernando Lima. Interpretação: Lúcia Maria, Manuel Coelho, António Anjos e Mário Pereira. Estreada em 1982. TEATRO ANIMAÇÃO DE SETÚBAL 111 O PAI TIRANO, de António Lopes Ribeiro. Adaptação: João Aldeia e Alberto Gortler. Música: Fernando Correia Martins. Direcção Coreográfica: Amadeu Fernando. Cenografia e Figurinos: Asdrúbal Teles. Encenação: Carlos César. Interpretação: Carlos César, João Manuel, Carlos Rodrigues, Maria Clementina, João Gaspar, Alexandre Pinheiro, Emanuele Gaspar, Maria Simões, Asdrúbal Teles, Isabel Ganilho, José Nobre, Álvaro Félix, Célia David, Sónia Martins, Madalena Ribeiro, Fátima Saraiva, Gil António, Maria Sobral, Nuno Alçaria, Paulo Jorge, João Victor, Susana Brito, Luis Cruz, Paulo Jorge, Rute Vitoriano, Brigite Reis, Madalena Ribeiro, Maria Simões, Fernando Guerreiro, Eduardo Bento, José Becker, Lina Melo, Luis Tavares e Marta Valera. Estreada em 1992. TEATRO MUSICADO TEATRO ABC P’RÒ MENINO E P’RÀ MENINA. Textos de Francisco Nicholson, Gonçalves Preto, Mário Alberto e Nicolau Breyner. Música: Pedro Osório, Braga Santos e Correia Martins, estreada em 1973, num elenco de Anabela, Nicolau Breyner, António Montês, Ia Apoloni, Mariema, Helena Isabel, Victor Espadinha, Graça Vitória, Maria Tavares, Carlos Gonçalves, Luís de Mascarenhas e a atracção internacional dos “Diablos Del Bombo”. TUDO A NÚ (Até 25 de Abril de 1974) e depois TUDO A NÚ COM PARRA NOVA (Após remodelação). Produção: Sérgio de Azevedo. Textos de Francisco Nicholson, Gonçalves Preto e Mário Alberto. Música: Pedro Osório, Braga Santos e Fernando Correia Martins. Montagem: Mário Alberto. Interpretação: Anabela, Francisco Nicholson, Henrique Viana, Aida Baptista, Rui Mendes, Carlos Gonçalves, Maria Tavares, Luís Mascarenhas, Lia Sena, Rosa Vendrell, Fátima Veloso, Natália de Sousa, Conchita e as atracões nacionais Vitória Maria e José Bravo. Do elenco da 1ª. fase faziam parte ainda Helena Isabel, Lurdes Pinto e Marta Gonzalez. Nos intervalos actuavam as atracções Sérgio e Madi Nelson, The Zulus e The Playmates (norteamericanos). TEATRO ADOQUE PIDES NA GRELHA. Textos: Francisco Nicholson, Gonçalves Preto e Mário Alberto. Música: Joaquim Luís Gomes, Braga Santos e Correia Martins. Estreada em 1974. A GRANDE CEGADA. Textos: Carlos de Oliveira, Francisco Nicholson, José Carlos Ary dos Santos, Gonçalves Preto e Ferro Rodrigues. Música: José Luís Gomes, Braga Santos e Correia Martins. Coreografia: Fernando Lima. Cenografia e Figurinos: Maria Helena Reis. Interpretação: Ermelinda Duarte, Francisco Nicholson, Anabela, António Monteza, Henrique Viana, Magda Cardoso, Maria Tavares. Fernando Oliveira, Lia Sena, Fátima Veloso, Natália de Sousa, Virgílio Castelo, Daniel Filipe, Maria N’Zambi, Ana Marques e Carlos Bombom. Estreada a 30 de Junho de 1976. 112 A PARÓDIA. Textos: Francisco Nicholson, Gonçalves Preto, José Carlos Ary dos Santos e Joaquim Pessoa. Música: José Luís Gomes, Correia Martins e Braga Santos. Estreada em 1977. PAGA AS FAVAS. Textos: Francisco Nicholson e Gonçalves Preto. Música: Fernando Correia Martins e Braga Santos. Coreografia: Fernando Lima. Cenografia: F. Ferreira de Almeida, Elisabete Silva, Joaquim Afonso e Margarida Tengarrinha Dias Coelho. Figurinos: Magda Cardoso. Encenação: Francisco Nicholson. Interpretação: Delfina Cruz, Ermelinda Duarte, Francicso Nicholson, António Montez, António Feio, Cremilda Gil, Natália de Sousa, Manuela Valente, Paula Gil, Paula Nunes, Sara Lima, Cláudia Cadima, Paula Oliveira, Luísa Roubaud, Cristina Oliveira, Vitor Hugo, Carlos Ivo, Telma Santos, Carlos Vieira de Almeida, Carlos Guia e Maria Vieira. Estreada em 1981. TÁ ENTREGUE À BICHARADA. Textos: Francisco Nicholson e Gonçalves Preto. Música: Correia Martins e Braga Santos. Estreada em 1982. TEATRO MONUMENTAL O ÚLTIMO FADO EM LISBOA. Produção: Vasco Morgado. Texto: Badaró. Música: Correia Martins. Estreada em 1974. TEATRO DA TRINDADE A INVASÃO. Produção: Sérgio de Azevedo. Autoria: José Galhardo, Vasco Santana e Carlos Lopes. Adaptação: Henrique Santana e César de Oliveira. Música: Raul Ferrão, Fernando Carvalho e F. Caldeira. Música adicional e orquestração: Fernando Correia Martins. Coreografia: José Luís Ardis. Montagem: Moniz Ribeiro. Figurinos: Melo Ferrão. Guarda-roupa: Paiva. Encenação: Nicolau Breyner. Interpretação: Nicolau Breyner, João Rodrigo, Jorge Nery, David Silva, Luís Horta, Alda Pinto, Maria Helena Matos, Vera Mónica, Carlos Quintas, João Luís, Henrique Santos, António Calvário, Paula Carreira, José de Carvalho, Victor de Sousa, António Laranjeira e Vasco Girão. Estreada em 20 de Dezembro de 1979. TEATRO MESTRE GIL AI A TOLA. Produção: Teatro Mestre Gil. Texto: José Jorge Letria e Pedro Pinheiro. Música: Nuno Gomes dos Santos, Carlos Alberto Moniz, Carlos Mendes, José Jorge Letria, Fernando Correia Martins e Samuel. Encenação: Maria Dulce. Coreografia: José Vicente. Interpretação: Maria Dulce, Pedro Pinheiro, Helena Isabel, Fernanda Coimbra, José Manuel Rosado, Manuel Mendonça e Teresa Paula Brito. Estreia: Filarmónica da Amadora em 1981. TEATRO MARIA VITÓRIA 113 NÃO BATAM MAIS NO ZEZINHO!. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson e Mário Zambujal. Música: João Vasconcelos, Fernando Correia Martins e Nuno Nazareth Fernandes. Encenação e direcção: Henrique Santana. Direcção de montagem e maquetas: Moniz Ribeiro. Cenografia: José Manuel, Vítor Rebocho, Barata de Carvalho e António Alberto. Encenação e direcção: Henrique Santana. Coreografia: José Luís Ardis. Interpretação: Eugénio Salvador, Ivone Silva, Henrique Santana, Linda Silva, Carlos Cunha, Marina Mota, Maria Armanda, Nuno Emanuel, Carlos Ivo, Maria Cabral, Fernando Mendes, Leonor Edviges, Marília Barroso, Alice Gomes, Raquel Almeida e Soraya Arrais. Estreada em Outubro de 1985. ISTO É MARIA VITÓRIA. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Rogério Bracinha e Mário Zambujal. Música: João Vasconcelos, Fernando Correia Martins e Nuno Nazareth Fernandes. Maquetas e direcção de montagem: Moniz Ribeiro. Cenografia: José Manuel, Victor Rebocho, Hernâni e Rui Martins. Coreografia: José Luís Ardiz. Figurinos: Helena Reis. Encenação e direcção de ensaios: Ivone Silva. Interpretação: Eugénio Salvador, Ivone Silva, Linda Silva, Delfina Cruz, Carlos Cunha, Nuno Emanuel, Júlia Alves, Carlos Ivo, Leonor Edviges, Marina Mota, Fernanda Guerra e Fernando Ribeiro (acordeonistas), Cláudia Cadima, Raquel Almeida, Marília Almeida, Soraya Arrais e Cristina Areia. Estreada em Julho de 1986 no palco do Teatro Municipal Maria Matos. ESCRITA EM DIA. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Rogério Bracinha e Mário Zambujal. Música: João Vasconcelos, Fernando Correia Martins e Nuno Nazareth Fernandes. Maquetas e direcção de montagem: Moniz Ribeiro, José Manuel, Hernâni e Rui Martins. Criação de guarda-roupa, adereços e chapéus: Helena Reis. Cenografia: José Manuel e Victor Rebocho, com a colaboração de Hernâni e Rui Martins. Coreografia: José Luís Ardiz. Encenação: Francisco Nicholson. Interpretação: Eugénio Salvador, Simone de Oliveira, Francisco Nicholson, Fernanda Guerra e Fernando Ribeiro (acordeonistas), Fernando Mendes, Leonor Edviges, Nuno Emanuel, Delfina Cruz, Carlos Cunha, Marina Mota, Júlia Alves, Carlos Ivo, Cláudia Cadima, Raquel Almeida, Marília Barroso, Cristina Areia e Rute Correia. Estreada em 29 de Janeiro de 1987 no palco do Teatro Municipal Maria Matos. TOMA LÁ REVISTA!. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Rogério Bracinha e Mário Zambujal. Música: João Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth Fernandes e Fernando Ribeiro. Encenação: Francisco Nicholson. Coreografia: Magda Cardoso. Montagem: Moniz Ribeiro, José Manuel, Hernâni e Rui Martins. Figurinos: Helena Reis. Cenografia: José Manuel e Victor Rebocho. Interpretação: Eugénio Salvador, Simone de Oliveira, Francisco Nicholson, Delfina Cruz, Carlos Cunha, Marina Mota, Fernanda Guerra e Fernando Ribeiro (acordeonistas), Fernando Mendes, Leonor Edviges, José Raposo, Carlos Ivo, Maria João Abreu, Marília Barroso, Fernando Ferrão, Cristina Areia, Luísa Lima, Eva Cristina e Rute Correia. Posteriormente ingressou no elenco Carlos Quintas. Estreada em Julho de 1987 no palco do Teatro Municipal Maria Matos. VITÓRIA! VITÓRIA!... Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Augusto Fraga e Nuno Nazaré Fernandes. Música: João de Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth 114 Fernandes e Fernando Ribeiro. Figurinos: Juan Soutullo. Cenografia: Hernâni e Rui Martins e Zé Manuel e Rebocho. Coreografia: Liliane Viegas, com assistência de Paula Fonseca. Direcção de ensaios: Henrique Santana, com assistência de Marina Mota. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Carlos Ivo, Fernando Mendes, Rosa do Canto, Cristina Areia, Rui de Sá, Anabela Perez, Rute Correia, Eva Cristina, João Loy, Olímpia Portela, Paula Soares e Maria Arriaga. Estreada em Março de 1990. VAMOS A VOTOS, a partir do início de 1992 mudou o título para FOMOS A VOTOS!, sofrendo uma remodelação. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Augusto Fraga e Marcelino Mota. Música: João de Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth Fernandes e Fernando Ribeiro. Coreografia: Jorge Amaral Ramos e José Carlos Mascarenhas. Figurinos: Helena Reis. Caracterizações especiais: Luís Matos. Montagem, direcção e execução de maquetas: Moniz Ribeiro. Cenografia: Hernâni e Rui Martins, José Manuel e Rebocho. Encenação e direcção: Henrique Santana, com assistência de Carlos Quintas. Interpretação: Carlos Miguel, Vera Mónica, Fernando Mendes, Rosa do Canto, Carlos Areia, Lena Coelho, Eva Cristina, Rui de Sá, Rosa Villa, Cristina Areia, João Loy, Rute Correia, Olímpia Portela e Maria Arriaga. Estreada em 1991. QUEM TEM ECU TEM MEDO!. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior. Textos de Henrique Santana, Eduardo Damas, Carlos Ivo e Mário Raínho. Figurinos: Helena Reis. Música: João de Vasconcelos, Manuel Paião, Fernando Correia Martins e Fernando Ribeiro. Coreografia: Liliane Viegas. Encenação e direcção: Henrique Santana, com assistência de Carlos Ivo. Montagem: Moniz Ribeiro. Cenografia: Rui Martins, José Manuel, Rebocho e Eduardo José. Caracterizações especiais: Luís Matos. Interpretação: Carlos Miguel, Vera Mónica, Octávio de Matos ( em reaparição na revista ), Lena Coelho, Carlos Ivo, Maria João Abreu ( depois substituída por Noémia Costa ), Carlos Areia, Rosa Villa, Luís Testa, Paulo Ferreira, Olímpia Portela, Paula Soares, Marta Falcão, São Nastari, Fátima Apolinário, Elizabete Sereno e Sandra Silva. Estreada em 7 de Agosto 1992. A PÃO E LARANJAS!... Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior. Textos de Henrique Santana, Eduardo Damas e Carlos Areia. Música: João de Vasconcelos, Manuel Paião, Fernando Correia Martins e Fernando Ribeiro. Encenação e direcção de Ensaios: Henrique Santana, com assistência de Carlos Areia. Maquetas e direcção de montagem: Moniz Ribeiro. Figurinos: Helena Reis. Coreografia: José Carlos Mascarenhas, com assistência de Luís Justo. Cenografia: Zau Monteiro, João Barros e a colaboração de Luís Furtado. Interpretação: Henrique Santana, Octávio de Matos, Fernando Mendes, Delfina Cruz, Lena Coelho, Maria João Abreu, Carlos Areia, Alexandra (atracção nacional), depois substituída por Alice Pires, Luís Testa, Paulo Ferreira, Olímpia Portela, Paula Soares, Cristina Areia, Ruth Correia e Ana Guimarães. Marina Mota e Carlos Cunha. Estreada em 1993. DE PERNAS PRÓ AR!. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior. Textos de Carlos Areia e João Baião, com recolha de textos de alguns dos sucessos de Henrique Santana, Paulo da Fonseca, César de Oliveira, Rogério Bracinha, Aníbal Nazaré, José Viana, José Galhardo e João Nobre. Música: João Vasconcelos, Fernando Correia Martins e Fernando Ribeiro. Direcção Musical: Maestro Fernando Ribeiro. Figurinos: Helena Reis. Coordenação, encenação e direcção de ensaios: Carlos Areia. 115 Assistência de: João Baião. Montagem: Moniz Ribeiro. Coreografia: José Carlos Mascarenhas, com assistência de Luís Justo. Cenografia: José Manuel e Rebocho, Zau Monteiro, João Barros e a colaboração de Luís Furtado. Interpretação: Delfina Cruz, João Baião, Maria João Abreu, Carlos Areia, José Raposo, Anita Guerreiro, António Calvário ( atracção ), Vasco Rafael, Camacho Costa, Olímpia Portela, Paulo Vasco, Luís Testa, Paula Soares, Ruth Correia, Catarina Matos, Joana Figueira, Fernando Ferrão e Ana Luís. Estreada em 14 de Dezembro de 1994. ORA BOLAS... PRÓ PARQUE!, de Mário Raínho, Francisco Nicholson e Marina Mota. Produção: Hélder Freire Costa, Marina Mota e Carlos Cunha. Música: Fernando Correia Martins, João Vasconcelos e Nuno Nazareth Fernandes. Coordenação, direcção e encenação: Marina Mota. Direcção plástica, cenários e figurinos: Helena Reis. Coreografia: José Arantes. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Natalina José, Fernando Ferrão, Rosa Villa, Paulo Vasco, Rui de Sá, Eva Cristina, Rosa Vieira, Marinela, Susana Mota, Valéria, José Carvalho, António Calixto, Miltércio e Paula Soares. Estreada em 1997. HIP-HOP’ARQUE!, de Francisco Nicholson e Tiago Torres da Silva. Produção: Hélder Freire Costa & Marina Mota. Música: Fernando Correia Martins, Braga Santos e José Cabeleira. Direcção Plástica: Helena Reis. Coreografia: Marco de Camillis. Direcção e Encenação: Marina Mota. Direcção de Orquestra: Fernando Correia Martins. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, João Baião, Ana Brito e Cunha, Rui de Sá, Paulo Vasco, Melânia Gomes, Marisa Carvalho, Sara Brás e Cristina Aurélio. Estreia: Dezembro de 2007. PIRATADA À PORTUGUESA, de Francisco Nicholson e Marina Mota. Produção: Hélder Freire Costa. Música: Fernando Correia Martins, Braga Santos e José Cabeleira. Direcção Plástica (Cenários e Figurinos): Helena Reis. Coreografia: Marco de Camillis. Direcção e Encenação: Marina Mota. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Vera Mónica, Telmo Miranda, Paulo Vasco, Melânia Gomes, Sara Brás, Marisa Carvalho, Cristina Aurélio e Flávio Gil. Estreada em 2008. TEATRO VARIEDADES A PROVA DOS NOVOS!. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Augusto Fraga e Nuno Nazareth Fernandes. Música: João de Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth Fernandes e Fernando Ribeiro. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Vera Mónica, Fernando Mendes, Carlos Ivo, José Raposo, Maria João Abreu, Eva Cristina, Gina Espadinha, Isabel Amaro, Cristina Areia, Rute Correia, Olímpia Portela, Teresa Paula, Fernando Palaio e João Paulo. Estreada em 1988. TEATRO MARIA MATOS A SEVERA, peça de Júlio Dantas. Produção: Sérgio de Azevedo. Versos: Rosa Lobato Faria. Coordenação musical e orquestração: Fernando Correia Martins. Interpretação: Lena Coelho, Carlos Quintas e Carlos Zel, Maria João Abreu, José 116 Raposo, Rosa Villa, Manuel Cavaco e Henrique Viana, entre outros. Estreada em Fevereiro de 1990. PRODUÇÃO PEDRO PINHEIRO ISTO É QUE VAI AQUI UMA AÇORDA! Texto: Pedro Pinheiro, Luís de Mascarenhas e Zica. Música: Fernando Correia Martins. Produção: Compadres do Riso. Interpretação: Sandra B, Luís Mascarenhas, Raquel Maria, João Maria Pinto, Suzana Cacela e João de Carvalho. Estreia: 2003 para digressão pela província. 6. DEPOIMENTOS E CITAÇÕES “Onde há música não pode haver coisa má”. Miguel de Cervantes, Dom Quixote 117 “Correia Martins é de facto, um homem novo cheio de qualidades de que muito há a esperar”. Século Ilustrado, de 7-11-1953 “Põe-se muito gostosamente em evidência a felicíssima actuação do esperançoso violinista Correia Martins (Filho), plena de virtuosismo e de interesse, numa demonstração magnifica da sua inclinação musical.” Diário de Notícias, Funchal, de 8-1-1956 “O Correia Martins faz músicas tão boas que até chego a ter pena de ter que lhes meter a minha voz… - disse o intérprete de – Verde Vinho – após receber as homenagens da Rocil.” Crónica Feminina, de 12-10-1978 “Fernando Correia Martins, a cujo nome estão ligados alguns dos maiores êxitos musicais do momento, não pára de produzir, felizmente. Laureado com o prémio da melhor orquestração do Festival da RTC, Correia Martins trabalha em força a pensar já no próximo Festival da Canção.” Plateia, de 1 a 7 de Maio de 1979 “Êxitos que o povo canta, desde o “Verde Vinho” a “Mulher Sentimental”, sem esquecer “Senhora Maria”, “Zé Brasileiro, Português de Braga”, “Sobe, Sobe, Balão Sobe”, “Aleluia”, etc., etc.. É uma longa lista que tem a assinatura de um dos músicos portugueses mais em foco nestes últimos tempos – um “cozinheiro” de sucessos, em suma! Chama-se Fernando Correia Martins, e do seu talento está nascendo uma nova “era na música portuguesa”! Plateia, de 24 a 30 de Julho de 1979 “(…) opereta, quase uma comédia musical, onde é muito importante destacar as orquestrações do Correia Martins, que são talvez do melhor que ouvi, até hoje, no teatro ligeiro português.” Edite Soeiro, in “A Invasão”, 35 anos depois, Sete, 27-12-1979 118 “(…) A minha meta na vida é ter uma situação profissional que me dê prazer, que sinta que valeu a pena ter vivido. (…) Faço o que me dá prazer, não ligo ao dinheiro, vivo na mesma casa há 40 anos e tenho um carro podre que não vendi porque lhe tenho amor.” Correia Martins, in, Nova Gente, de 24 a 30 de Janeiro de 1990 O MAESTRO FERNANDO CORREIA MARTINS “Músico duma rara sensibilidade, o Fernando tem uma música que não se parece com a de ninguém. Há autores que as próprias músicas são completos plágios. Sempre admirei este bom e querido amigo que continua a ser aquele homem honesto de quem se gosta porque se tem de gostar mesmo. Já o meu tio, o Maestro compositor Frederico Valério, tinha uma admiração grande por ele e achava lindas as suas melodias. Orquestrador de primeira classe, ele sabe imprimir às obras que faz uma beleza sem igual e aquela “Severa” é toda ela feita com amor e muito calor. As músicas são lindas e os versos uma loucura, dessa senhora de quem muito gosto e que se chama Rosa Lobato Faria. A nossa música tem que merecer o máximo destaque, já que tem sido tão mal tratada. Chegou o tempo de se mostrar ao Mundo inteiro que há músicos como o Correia Martins, que é orgulho de Portugal. Também no meu próximo disco vou incluir melodias dele, e estou muito orgulhosa por isso mesmo, claro que as respectivas músicas têm versos como não podia deixar de ser da minha queridíssima Rosa Lobato Faria. Além de ser grande actriz, o talento poético me agrada muito e tem, forçosamente, que passar além fronteiras. Tem que ser. Espero que dêem o valor a quem merece e Rosa Lobato Faria já demonstrou que tem categoria e merece toda a minha admiração e carinho. Para ela vai pois, a minha maior amizade, e que continue a fazer poemas lindos como até aqui. A dupla – Correia Martins e Rosa Lobato Faria – acertou em cheio e tem, em cada canção, um sucesso. Hoje venho manifestar o meu apreço a este Correia Martins, senhor que trata a música por tu, que tem sabido sempre criar melodias com uma roupagem bem nova, bem moderna não tirando nunca o cunho tradicional e bem português à nossa canção. Pena que ele não tenha nascido noutro País, porque, desgraçadamente, para nós, tudo o que vem de fora é que é bom, e eu não o troco por nenhum daqueles compositores que vêm de longe e que fazem músicas em cima do joelho. Seria formidável se os portugueses soubessem valorizar aquilo que é nosso, afinal, temos autores de que nos podemos orgulhar, como é, este caso. O Correia Martins é também o autor das lindas marchas de “Penha de França”, com versos de Rosa Lobato Faria. A marcha que gravei que é “Penha de França Fidalga”, tem uma melodia diferente, linda, toda ela cheia de música, mas música a sério. Gostei de a gravar porque gosto de boa qualidade e é uma honra para um artista gravar Correia Martins. É de facto, um músico dos pés à cabeça e um primeiríssimo violinista, tocando ainda outros instrumentos. Que Deus te continue a inspirar para que acha bonita e boa música neste Portugal que ainda gosta de se divertir. Beijocas da ZÉ VALÉRIO.” Maria José Valério, in, “O Zé”, de 21 de Fevereiro de 1991 119 “Fernando Correia Martins, músico brilhante, compositor das mais belas melodias da nossa actualidade, maestro de sucesso.” In, Dona, de 11 a 17 de Setembro de 1992 “(…) Lembro-me perfeitamente de ver no Maria Vitória e no Variedades o Salvador, o Humberto Madeira, Barroso Lopes, Vasco Santana, Costinha, Luísa Durão, Teresa Gomes, Eunice Muñoz, Irene Isidro, Satanela, Aida Baptista e tantos outros (…).” Correia Martins, in, Dona, de 11 a 17 de Setembro de 1992 “E uma palavra de grande apreço a um Homem que tem a responsabilidade da direcção musical e orquestrações de mais uma Gala, ele é sem dúvida, um dos verdadeiros pilares destes espectáculos. Obrigado Maestro Fernanda Correia Martins.” Carlos Jorge Español, in, Programa de Homenagem a Artur Garcia, 15 de Abril de 2005 “O meu colega Fernando Correia Martins, morreu ontem, com 72 anos, vítima da mistura explosiva de um acidente cardiovascular com a incompetência já recorrente de funcionários da assistência médica que, ou desligam os telefones na cara das pessoas em aflição que não forem capazes de ter a presença de espírito e frieza suficientes para descrever com rigor científico os sintomas do doente, de maneira que até eles os entendam, ou então, como parece ter sido o caso, respondem que não deve ser nada de grave. No caso do Correia Martins, quando outra (e demorada) ajuda chegou... era tarde! O Correia Martins era um músico de mão cheia, um ser humano bom e um poço de energia. Trabalhei com ele pela primeira vez no Grupo de Teatro Ádóque, ainda em 1974, na Revista à Portuguesa “Pides na Grelha”. Depois as nossas vidas musicais foram por estradas diferentes, sem que alguma vez se tenha perdido a cordialidade e a cumplicidade ganha nesses meses de divertido e intenso companheirismo. Quase sempre que nos encontrávamos, ficávamos de vir a fazer "qualquer coisa juntos". Fica para um dia destes, Fernando! Para a família e o muito grande número de amigos, um grande abraço!” Samuel, 29 de Março de 2009 “A Morte de Fernando Correia Martins Faleceu no passado dia 28 de Março o compositor, maestro e músico Fernando Correia Martins, de 72 anos, cooperador da SPA desde 1977. Fernando Correia Martins destacou-se, ao longo de décadas, como compositor de temas musicais de êxito, como director de orquestra, orquestrador, guitarrista e violinista. Uma boa parte da sua carreira ficou associada a grandes êxitos da revista à portuguesa no Parque Mayer.” Boletim SPA, N. 20 (Abril/Maio 2009) A MINHA SENTIDA HOMENAGEM 120 “Iniciei com o Maestro Fernando Correia Martins um relacionamento nos anos 70. Era um Homem simpático e afável, que respirava humildade e admiração pelos amigos, além de ser um músico de excelência. Mais tarde, contei com a sua colaboração em alguns dos meus espectáculos de revista e aí, testemunhei o seu enorme profissionalismo, a sua dedicação ao trabalho e até, o seu perfeccionismo. Sim, é verdade: se o Fernando Correia Martins achasse que o seu trabalho poderia ser melhorado, reformulava-o até à exaustão, dedicando-lhe muitas horas do seu descanso até entender que o trabalho estava, finalmente, a seu inteiro gosto. Trabalhava muito e fumava ainda mais. Mas era um apaixonado pelo trabalho que assumia, concedendo-nos o descanso de saber que dali ia sair obra perfeita. Depois de alguns anos a trabalhar comigo, partiu para outras aventuras musicais, sempre com o sentido e a responsabilidade de fazer bem, cumprindo ainda melhor. Foi Músico, Autor, Maestro, Compositor, quer no Teatro, na Rádio ou na Televisão, como nas Marchas Populares de Lisboa ou Almada. Foi orquestrador e dirigente das grandes orquestras para músicas gravadas em disco de alguns dos mais sonantes nomes artísticos portugueses. Foi um dos fundadores do Teatro Adoque. Adquiriu um vasto currículo ao serviço do espectáculo, quer em Portugal quer no Estrangeiro. Era um Homem dedicado ao trabalho, que nunca recusava, entendendo-o, sempre, como um novo desafio. Em 2007, volto a tê-lo a trabalhar no Teatro Maria Vitória, como Autor, Compositor e Director de Orquestra. Teve um excelente relacionamento com toda a equipa que fazia parte da revista “Hip Hop’arque!” e foi convidado, com as mesmas tarefas, para a revista seguinte – “Piratada à Portuguesa!” – a última em que trabalhou. A vida é traiçoeira: as inúmeras horas dedicadas ao trabalho e aos cigarros que sempre o acompanhavam e a falta de descanso, não lhe perdoaram, roubando-lhe a vida, quando muito ainda teria para dar. Perdeu-se um excelente profissional, um enorme talento e um Homem Bom. O espectáculo, em Portugal, ficou muito mais pobre. Na véspera do seu falecimento – Dia Mundial do Teatro – tive o orgulho de o distinguir com as “Máscaras de Ouro” do Teatro Maria Vitória. OBRIGADO, Maestro Fernando Correia Martins por tudo o que nos deste. PAZ À TUA ALMA.” Hélder Freire Costa (Produtor e Empresário do Teatro Maria Vitória) 25 de Março de 2010 “Falar do meu irmão Fernando correia Martins é muito fácil. Porque ele era tão transparente que se podia ver a beleza do seu coração. Porque ele era de uma franqueza e bondade dignas de um santo homem. Amigo do seu amigo e um músico competentíssimo, com sólida formação profissional, gostava de dizer que tocava rabeca, em vez de lhe chamar violino, o seu instrumento de formação. Tinha também um sentido de humor que revelava uma sensibilidade fora do comum e uma inteligência emocional fora de série. Tinha uma enorme capacidade de trabalho. Lembro-me de o ter conhecido no Angel 1, em contínuas sessões de gravação, a beber cafés a seguir a cafés e a fumar cigarro atrás de cigarro, num ritmo de trabalho alucinante! Lembras-te, Zé Fortes? Nisso éramos muito parecidos. Nisso e em muitas outras coisas. Partilhávamos o sonho de melhorar as condições em que vivem os músicos neste país. Sempre demos o nosso melhor em cada trabalho, fosse ele qual fosse. Foste um exemplo de profissionalismo 121 para todos os que trabalharam contigo. Por isso foste sempre respeitado e ainda és, meu irmão. Tinhas a humildade que é própria dos grandes espíritos. Eras “low profile”, como agora se diz. Ainda me lembro quando te passei aquele convite que tive para escrever música para a revista. Ficaram muito melhor servidos contigo. Deixaste saudades, meu querido. Muitas. Estou certo de que nos voltaremos a encontrar um dia. Para partilharmos de novo os nossos corações e o nosso riso. Até sempre, meu irmão.” Luís Pedro Fonseca, 27de Março de 2010 “Pretendo falar-vos de um grande músico que nos deixou de repente, causando em todos nós uma desagradável surpresa. Trata-se de Fernando Correia Martins. Se pensarmos nele um minuto, lembrar-nos-emos de muitos dos seus trabalhos, todos eles notáveis. Correia Martins foi durante alguns anos 1º violino na Orquestra Ligeira da então “Emissora Nacional”. No campo da música haverá músicos melhores e músicos piores. Contam, por isso, os conhecimentos profissionais, o talento, a imaginação, a vontade e a capacidade de trabalho. Vale a pena mencionar que Correia Martins podia estar um dia a dirigir um Festival da Canção e no dia seguinte, a fazer canções para o teatro. Também vale a pena dizer que trabalhei muito com ele e que os seus trabalhos surpreendiam-me sempre. Grande melodista, grande harmonizador, grande intérprete, em suma, um artista inigualável. Correia Martins era violinista, no entanto ele tocava com perfeição guitarra, piano, baixo, bandolim e não se atrapalhava se fosse necessário tocar bateria. Um profissional altamente competente. Penso que o seu lugar não será facilmente preenchido. Um bom homem com um sorriso sempre pronto e, sempre disposto a ajudar um amigo. Eu era amigo dele, como ele era meu amigo. Não o esquecerei facilmente. Num país onde tanto falta a qualidade, a ausência de Correia Martins vai sentir-se durante muitos anos.” Fernando Ribeiro, 1 de Abril de 2010 “Ao longo dos meus já cinquenta anos de espectáculos tive o privilégio de trabalhar com grandes músicos, grandes compositores, grandes orquestradores, grandes chefes de orquestra. No decorrer deste meio século de textos para músicas e músicas para textos materializei, não poucas vezes, sonhos há muito sonhados, embarcando em arriscadas aventuras, desbravando caminhos arriscados em busca de novos conceitos, da originalidade, da diferença. Fazendo o balanço de cinco décadas , (como tempo corre!) encontro a cada passo, ano após ano, indossiciavelmente ligado a muito do que fiz e do que foi o músico, o compositor, o orquestrador, o maestro, o grande e querido Amigo, companheiro de estrada, sempre disponível, incansável na sua imensa generosidade, Fernando Correia Martins. Acredita Fernando, orgulho-me de ter trabalhado com alguém com a tua envergadura artística e a tua dimensão humana. Até Sempre, Amigo.” Francisco Nicholson, 8 de Abril de 2010 122 Fernando Correia Martins – Um brilhante compositor da Música Ligeira Portuguesa “O meu amigo Luciano Reis deu-me a oportunidade de escrever sobre o maestro e compositor Fernando Correia Martins e aqui estou a aproveitá-la. Habituei-me a vê-lo como director musical e um dos músicos nas sessões das últimas revistas do Teatro Maria Vitória. Nas várias vezes que tive o privilégio de assistir à representação das revistas “Hip Ho´Parque” e “Piratada à Portuguesa” pude apreciar a postura de rigor, grande dedicação e exemplar profissionalismo que o maestro sempre mostrou. Tive também a oportunidade de estar presente na cerimónia de entrega das Máscaras de Ouro, iniciativa do amigo empresário Hélder Freire Costa, ao maestro Correia Martins, uma atribuição inteiramente merecida. Ao longo dos anos acompanhei a sua intensa e variada actividade no campo musical. Na televisão eu não perdia os Festivais da Canção. Assistia com grande interesse e era habitual ver o maestro associado às canções concorrentes, umas vezes como compositor, outras como orquestrador, e ainda outras na dupla qualidade. Anualmente, no mês de Junho, assistia ao desfilar das marchas populares de Lisboa pela Avenida da Liberdade, pela televisão ou no próprio local, e sabia que ele era o compositor de muitas delas. Mas na minha juventude dos 20 anos, quase diariamente passava no Martim Moniz, e o nome e a fotografia do maestro Correia Martins lá estavam nos cartazes do Teatro Adoque. Na minha colecção discográfica constam vários singles com a participação deste grande músico. Desde o single com a composição que deu nome à revista “Vitória! Vitória!...”, de que foi autor, até à direcção musical da revista “Não Batam Mais no Zézinho!”, um grande êxito do Teatro Maria Vitória, ou também do mesmo teatro, a sua direcção musical e a autoria de arranjos na revista “Rei, Capitão, Soldado, Ladrão”, são vários os discos onde é possível apreciar os trabalhos deste grande Homem da Música Portuguesa. Dos anos 70 do século passado posso ouvir as suas participações no Teatro Adoque, desde a revista “A Paródia”, onde foi autor das músicas de canções e director musical da orquestra com o mesmo nome do teatro, ou a revista “Paga as Favas”, onde também várias composições foram da sua autoria, e para além da direcção musical também fez alguns arranjos. São inesquecíveis as interpretações de Ermelinda Duarte. Também posso apreciar, ainda no Teatro Adoque, a sua direcção musical na revista “A Cia dos Cardeais”. Para o disco onde consta um grande êxito de Paulo Alexandre, o “Verde Vinho”, fez o maestro Correia Martins os arranjos e assumiu a direcção da orquestra que executou as composições. A cantora Ana também consta na minha colecção discográfica e para ela fez o maestro os arranjos das composições que ela interpreta. Mas também nos meus long plays constam vários trabalhos do maestro. É autor de algumas músicas para as canções da revista, produzida por Hélder Freire Costa, “Toma lá Revista!”, no Teatro Maria Matos, orquestrador e um dos autores das músicas da revista “A Prova dos Novos”, no Teatro Variedades, também numa produção de Hélder Freire Costa, e de Vasco Morgado. Foi autor da música original de “A Severa”, uma produção de Sérgio de Azevedo e dirigiu os coros e a orquestra. Ainda possuo um long play da cantora Alexandra, com várias músicas da autoria do maestro Correia Martins, tendo também feito os arranjos e assumido a direcção de orquestra. 123 Todo este levantamento da minha colecção discográfica serve para afirmar que, através destes discos de vinil, que ouvirei quando sentir vontade e tiver necessidade, o maestro e compositor Fernando Correia Martins continuará para mim a estar vivo e darme-á o prazer de continuar a saborear um pouco da sua excelente obra que construiu ao longo de toda uma brilhante carreira musical. Luciano Reis saberá, estou certo, fazer um trabalho que honrará a memória do maestro e deixará para os vindouros uma fonte relevante de informação para se conhecer mais e melhor este brilhante artista que já faz parte da História da Música Ligeira Portuguesa.” Abril de 2010 Jorge Trigo (Escritor e Mestre em História Regional e Local e co-autor dos livros “Parque Mayer”) "OLÁ MESTRINHO, ENTÃO COMO ESTAMOS, TUDO BEM ?" “Era sempre assim, que nos saudávamos, quando ia a sua casa. Desde finais de 2003, essas visitas eram constantes e em muitos dias, mais do que uma vez ao dia, por causa das marchas populares que fazíamos em conjunto, as galas de Homenagem que fizemos para a C.M.Lisboa, o CD para a EGEAC, tudo durou até um fatídico dia em Março de 2009. Mesmo assim ainda levei em Junho de 2009, assim como em Junho 2010, marchas do meu Maestrinho ! Mas tudo isso começou em 1976, quando eu apenas com 10 anos o conheci no extinto Teatro Adoque, depois perdi-lhe o rasto e volto a vê-lo no Trindade, dirigi-me a ele e disse-lhe ... " eu conheço-o, você é o Maestro do Adoque" e ele me respondeu ... " Também já fui sim e tu quem és ?" resposta sempre pronta ... " Sou o filho da Fernanda costureira", uma risota, um aperto de mão e um até breve e porta-te bem disse-me ele ! No Parque Mayer muitos anos passados, na revista Não Batam Mais No Zézinho, eu enquanto adjunto de Contra regra e figurante, voltei a encontrar o Maestro do Adoque, aí trabalhamos vários anos seguidos, no Maria Vitória, Maria Matos e Variedades, mas voltou a haver um interregno. Até que um dia andava o maestro a passear o Jolly e o encontro precisamente no sitio onde anos mais tarde veio a falecer, à porta de sua casa, conversamos e decidimos fazer uma parceria musical, parceria essa que foi muito além, para produções conjuntas de grandes Espectáculos para a Cidade de Lisboa. Muitas horas em sua casa a trabalhar, nos estúdios da Musicorde. Muitas horas essas que eu recordo a cada segundo, como de uma grande aprendizagem que eu ganhei. Aprendi mais música nos anos de trabalho com o meu Maestrinho, do que nos anos todos que andei a aprender música na escola, por obrigação. O Maestro Fernando Correia Martins, era um homem que transpirava música por todos os poros, ele vivia música, e ele a conversar conseguia ensinar o que nunca ninguém me conseguiu. Ninguém faz orquestrações como ele e eu que o diga pois continuo a escrever letras, e quando chega a altura de as musicarem e as orquestrarem ninguém tem a sua sensibilidade. São capazes de colocar um naipe de trompetes a tocarem em uníssono, então porque não apenas um ? Ele dizia, que não era Maestro porque não existem Maestros em Portugal actualmente, assim como dizia muitas vezes, eu cada vez percebo menos de música, sempre que 124 tenho de ser júri ou ler composições Musicais, escritas de outras pessoas, acho que os 50 anos que andei a queimar as pestanas, não me serviram de nada. Mas eu discordo e digo, que esse ser humano enorme que era, incapaz de uma má palavra para quem quer que fosse, foi o ser humano mais bonito que eu conheci e tive o privilégio de poder trabalhar com ele e se hoje por vezes discuto música só a ele posso agradecer ! Que falta me faz Maestrinho, não há um só dia que eu não o recorde e não repita as mesmas palavras QUE FALTA ME FAZ MAESTRINHO !!!” Carlos Jorge Español, 2010/05/03 “Conheci o maestro Correia Martins, infelizmente para mim, tarde demais. Quando solicitei a sua colaboração para uma trabalho na área da Música Ligeira Portuguesa, logo anuiu, com a simpatia e solicitude que me apercebi ser definitiva do seu carácter. Na primeira ocasião me disse ser de Aveiro, assim como eu. De facto, estando o pai - também músico - a actuar numa revista no Teatro Aveirense, a mãe deslocou-se do Porto à cidade da Ria para visitar o marido. Pois o menino Fernando acabaria por aqui nascer, numa residencial da rua de José Estêvão, contígua ao Canal Central. Das vezes em que cá esteve, recordou-me, maravilhou-se com a seiva de água que irrompia com majestade mas naturalidade na geografia da cidade. Não foi muito diferente da Música e da Arte na personalidade e na criação de Correia Martins. A propósito do seu pai - cujos artistas e elementos de Orquestra o seu filho mais tarde iria encontrar e trabalhar -, este músico colaborou em Aveiro, numa revista do Clube dos Galitos, agremiação polifacetada de gloriosa actividade. Foi com muita emoção que recebeu uma cópia que lhe facultei da correspondência do clube com seu pai. Muitos anos mais tarde, Fernando Correia-Martins faria parte dos músicos que acompanharam Carlos do Carmo no disco "Um Homem no País", onde consta o "Fado Moliceiro" (Ary dos Santos /Carlos Paredes). Este disco constituiria depois um espectáculo televisivo (25 anos artísticos de Carlos do Carmo), cuja direcção musical caberia a Correia Martins. Por aqui se quedaram, infelizmente para Aveiro, a colaboração dos Correia Martins com a cidade. Disse-me um dia: "Não pense o meu amigo que sou uma pessoa amarga ou saudosista! Não. Não sou. Sou um homem bem-disposto, progressista, até um pouco revolucionário, assim como meu pai e meu avô o foram. No entanto, nunca deixei a orientação e o padrão de honestidade, carácter e competência. Foi esta a herança que os meus pais me deixaram". Era fácil tecer-se uma agradável empatia com Correia Martins. Chegámos mesmo a agendar um dia para ele visitar o seu Aveiro-natal, o que, infelizmente, já não foi possível. Estou porém certo que ele hoje - como todos os meus amigos - vislumbra a Vida e o Tempo numa outra dimensão, apreciando-os na sua plenitude. Provavelmente a ver, em todos os seus matizes e sons, a Ria, junto da qual ele nasceu.” Nuno Gonçalo da Paula “É para mim uma honra, puder dar o meu depoimento sobre uma pessoa como o Fernando... Foram bastantes anos que trabalhei com o Fernando Correia Martins, um ser humano fora do comum, pela sua amizade, profissionalismo, sempre com uma palavra de carinho para todos, nunca o vi zangado, antes pelo 125 contrário, tinha sempre uma graça para nos pôr a todos bem dispostos. Um cavalheiro em todas as situações....Enfim um amigo que perdi, mas que nunca vou esquecer....ao dizer perdi, não é bem assim porque sei que ele é mais um Anjo que estará a olhar pelos amigos e sua família. Fernando, onde estiveres, sabes que nunca te esquecerei e te envio aquele abraço com muito carinho, como o que demos uma semana antes de partires....Um grande beijo com eterna saudade.... A Amiga sempre” Piedade Maio FERNANDO CORREIA MARTINS “Nando para a família, o irmão mais velho, para os amigos mais próximos. Partiu, quando nada o fazia prever. Ainda tinha tanto para nos dar; o seu talento musical era inesgotável, o seu amor infindável. Estava em plena actividade. Um traiçoeiro “colapso cardíaco”, levou-nos o nosso querido Nando. Fica a saudade, a sua música inconfundível, a recordação dos seus momentos que passámos em família. Com ele não havia tempos mortos. Era uma enciclopédia de saber, de conhecimentos da vida. Via tudo pelo lado positivo, estava sempre disponível para atender um amigo. Todos os que com o Correia Martins privaram, lembram um homem de uma dignidade enorme. De personalidade vincada, mas não deixava de ser flexível quando a razoabilidade da situação o aconselhava. O Familiar dedicado, o Amigo inconfundível, o Maestro, o Poeta, o Compositor, Orquestrador, Músico virtuoso, o Homem Bom, merece que este país, que se esqueceu de lhe dar a mão há hora da angustia da morte, se retrate, se faça justiça, se lembre de quem cá ficou e o amava. Por fim que lhe seja prestada merecida homenagem, pelo seu alto talento, Homem Bom, modesto e digno. Que a cidade de Lisboa, que tanto amou perpetue a sua memória, marcando para sempre, com o seu nome, o local onde viveu grande parte da sua vida e de onde partiu par todo o sempre.” Saudades Querido Irmão. (O primo, o irmão amigo. Os primos Fernando e M. Lurdes de Correia Martins) “Foi com enorme tristeza que recebi a notícia da partida do Fernando Correia Martins, pois, pouco mais passava de 1 hora tinha estado a tocar com ele na matiné no Teatro Maria Vitória. Tinha os meus 18 anos quando o conheci e me dirigiu o convite para fazer parte numa orquestra no Parque Mayer. Desde então, fiquei seu grande amigo tendo redobrando toda a admiração que já sentia por ele. Além de um excelente e talentoso músico era pessoa de um enorme carácter, partilhando sempre o seu saber , e de um trato de carinho para com todos que partilhavam o seu dia-a-dia no trabalho. Foi uma honra para mim ter tocado com o Fernando Correia Martins e de sido seu grande amigo. Chorarei sempre a sua partida.” Luis Filipe Oliveira (Litas), 2010-05-17 126 “Conheci o Fernando em 1968 quando ele tocava à noite numa boite chamada, Tamila. Nesta época havia música em toda a Lisboa e Fernando tocava guitarra, embora também tocasse violino, viola baixo, teclas, etc. Os músicos nessa época costumavam ir ver os colegas no dia de folga e o Fernando era craque da guitarra. Depois comecei a trabalhar com ele em estúdio, e na televisão por volta de 1976 até ao dia em que ele se despediu de mim e partiu. Fui de certo modo o braço direito dele pois era eu que organizava as orquestras das gravações e dos programas que o Fernando fazia. Como dizia Vinicius viajámos muitas músicas juntos e temos ainda muitas pr’a viajar. O Correia era competente, honesto, amigo e estava deslocado neste planeta conforme ele próprio dizia. A nossa relação era como dois irmãos no bom sentido, aliás ele dizia que gostava de ter tido um irmão e que gostava que fosse eu. Neste momento se ele estiver a ler estas linhas está-se a rir e à minha espera, porque ele sabe que um dia vamos voltar a encontrar-nos com outros amigos do peito, que estão do lado de lá, para continuarmos a curtir a música de que tanto gostamos. Até um dia destes irmão.” Fallé, Maio, 2010 “Sou uma testemunha entre muitas, de quem era o Correia Martins enquanto profissional de competência, talento e rigor profissional incontestáveis, mas sou sobretudo, alguém para quem a relação de trabalho se tornou no prazer de estar com um Amigo. Ao longo de quase vinte anos, as horas que passámos em estúdio terão sido na ordem das muitas centenas, talvez milhares, foram poucas disso tenho a certeza, pois o tempo que passamos com um amigo é sempre escasso. Tenho imenso orgulho dessa amizade e sobretudo de sabe-la plenamente correspondida. Ficar-me-ão para sempre na memória os telefonemas começados por: -Paulinho…Filho, Como estás? Bem? -Temos um Trabalho para fazer. Estas palavras eram para mim sinónimo de imensa satisfação na experiência que se adivinhava de convívio, cumplicidade e até diversão, sem nunca descurar o rigor do trabalho e a busca da missão cumprida. Sim porque quem ama o que faz diverte-se a faze-lo e este sentimento ambos partilhava-mos. A sua confiança no meu trabalho era também para mim um elixir para o ego, pois saber que poderia corresponder de forma capaz à exigência do seu talento era sem dúvida a maior das motivações. Para todos ficou o seu imenso legado artístico, para mim ficou também e acima de tudo a grande amizade de vinte anos.” Paulo Feijão, 2010-06-19 De Viva Voz 127 “Conheci o Correia Martins em 1978 quando gravei o tema “Senhora Maria”. Em 1979 de novo nos juntamos para, na sua qualidade de orquestrador, preparar o que viria a ser o tema da minha apresentação no Festival RTP da Canção “Zé Brasileiro Português de Braga”. Com ele gravei discos e por ele fui dirigida musicalmente inúmeras vezes. De Correia Martins “Profissional”, beneficiei da experiência dum músico completo. Instrumentista - de vários instrumentos -, Director de Orquestra, Compositor, Orquestrador e Arranjador, Correia Martins teria por certo outra visibilidade se…se não fosse português. Do Correia Martins “Homem” guardo a recordação dum profissional sério e cuidado, preocupado em fazer sempre melhor e em defender quem com ele trabalhava. Tenho ainda a lembrança dum cavalheiro, jovial e condescendente, mas sem facilitismos. Guardo na lembrança como no coração. Foi nosso último trabalho comum o CD “De viva voz”. Pois aqui, de viva voz te digo: “Amigo, até sempre!” Alexandra, Cantora / 2010 “Olá Miúda! Foi sempre assim que me chamas-te! Olá miúda tivesse eu 40, 50 ou 60 anos! Cruzámo-nos em estúdio (o teu violino no tema à tua espera, tem toda a tua alma e todo o teu saber, a tua sensibilidade. As tuas orquestrações tiveram, quer no início quer no final a tua assinatura! Estivemos nos mesmos palcos! Fizemos revistas juntos, fumámos cigarros juntos na tua casa. Ouvimos entusiasmados algumas músicas, trocámos ideias, e sempre que nos ensaios havia qualquer som que o teu ouvido rejeitava, tua dizias. “Malta há aqui um “besibó! Besibó – ainda hoje uso essa palavra, quando qualquer coisa não está a correr muito bem. Ouvimos palmas, chorámos (lembro-me de ti a chorar no hospital, quando me foste dar um beijo). Rimos, rias tanto com os meus disparates! Eras capaz de encontrar um acorde que fazia falta! Tens trabalhos óptimos. A tua orquestração do tema “O País do Eça”, que estreámos no Casino, num aniversário da SPA, foi e é brilhante. E a minha pequena guerra de fazer um bis (merecidíssimo) e a tua cara de espanto, como a dizer… oh miúda… és mesmo tu! Olha lá rapaz e vais-te embora assim, sem me dizer nada? Não se faz, … mas o teu violino deve andar por aí, algures na alma de muita gente, que te lembra, que te respeita, e que não quer esquecer quem tu és. A tua Olívia, tem sido a “pedra” para nos unir à tua volta. Não te esqueças dela. Fico à tua espera com o teu violino bem colocado debaixo do teu queixo, e também com toda a paixão com que o tocavas. Um beijo enorme da” Miúda – Simone (Janeiro 2011) 128 AGRADECIMENTOS Todo e qualquer trabalho é feito com uma dualidade de papéis. Uns, encontrados nos arquivos das mais diversas instituições, outros, retirados das memórias das pessoas, através das suas acções, interpretações, ideias e muitas vezes sugestões e correcções. Esta obra não foge a esta regra. Assim, apraz-me de foram especial, mencionar em primeiro lugar, a forma simpática e prestável com que fui recebidos pela editora Fonte da Palavra que, em boa hora, me mandou elaborar este livro. Registo, de igual modo, o meu profundo reconhecimento pela preciosa colaboração da Olivia Correia Martins, o grande amor da vida do Maestro, que acompanhou com paciência e dedicação, o desenrolar das fases desta obra. Ao empresário Hélder Freire Costa, esse grande homem do espectáculo e amigo de sempre, bem como aos amigos especiais do Fernando Correia Martins, que se quiserem associar a esta edição, nomeadamente ao Carlos do Carmo, autor do prefácio, ao Fernando Falé, Luís Pedro Fonseca, Carlos Jorge Español e a todos aqueles a quem solicitámos depoimentos e que aqui apresentamos por ordem alfabética. Carlos do Carmo Carlos Jorge Español Fernanda Ferreira Fernando e Maria de Lurdes de Correia Martins Fernando Falé Fernando Ribeiro, Francisco Nicholson, Hélder Freire Costa Jorge Trigo José Carvalho Luis Filipe Oliveira ( Litas ) Luís Pedro Fonseca Marina Mota Nuno Gonçalo da Paula Nuno Nazareth Fernandes Olívia Correia Martins Paulo Feijão Piedade Maio Samuel 129 Simone de Oliveira BIBLIOGRAFIA LIVROS AZEVEDO, Sérgio de, Histórias de Teatro e Outras Paralelas (Volume I), Porto, Multisaber, 2003. PORTO, Carlos e MENEZES, Salvato Teles de, 10 anos de teatro e cinema em Portugal 1974-1984, Lisboa, Editorial Caminho, 1985. REBELLO, Luiz Francisco, História do Teatro de Revista (2º volume), Lisboa, Publicação Dom Quixote, 1985. REIS, Luciano, Pedro Pinheiro – Actor de Mim Placos, Lisboa, Sete Caminhos, 2008. REIS, Luciano, Maria Dulce a verdade a que tem direito, Lisboa, Sete Caminhos, 2006. RIBAS, Tomaz, O Teatro da Trindade 125 anos, Porto, Lello & Irmão, 1993. RICARDO, Maria do Céu, Teatro Maria Matos (1969-2001) – um teatro com história, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 2002. SANTOS, Vítor Pavão dos, A Revista à Portuguesa, Lisboa, O Jornal, 1978. TRIGO, Jorge e LUCIANO Reis, Parque Mayer (1953-1973), Lisboa, Sete Caminhos, 2005. TRIGO, Jorge e LUCIANO Reis, Parque Mayer (1974-1994), Lisboa, Sete Caminhos, 2006. PERIÓDICOS Jornais e Revistas 16 anos a cantar para os emigrantes – OLÍVIA RODRIGUES, Maria, de 25 de Junho a 1 de Julho de 1986. 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Marchas Populares, Festas de Lisboa 1993. 70 ANOS DA SPA JANTAR-ESPECTÁCULO, CASINO ESTORIL, 22 de Maio de 1995. Homenagem dos 50 anos de Carreira de Anita Guerreira, 2004. Homenagem a Maria José Valério, 2004. Homenagem a Artur Garcia, 2005. Marchas Populares de Almada, 2005. Homenagem a Deolinda Rodrigues, 2005. Marcha dos Mercados, 2006. Marcha dos Mercados, 2007. Hip-Hop’Arque!, Teatro Maria Vitória, 2007. Marcha do Alto Pina, 2008. Piratas à Portuguesa, Teatro Maria Vitória, 2008. Os discos e cd’s indicados no Ponto. 3 Créditos da Iconografia Arquivo Iconográfico de Luciano Reis Olívia Correia Martins 133 ÍNDICE Prefácio Introdução 1. Nascer para a Música 1.1. A Sua Estreia 1.2. A Ida para Madrid 1.3. Regresso a Lisboa 1.4. Entrada na Orquestra Ligeira da Emissora Nacional 1.5. Mulheres 1.6. O Grande Amor da Sua Vida 2. Uma Longa e Conceituada Carreira 2.1. Do Clube Maxime ao Teatro 2.2. Os Festivais RTP da Canção 2.3. Outros Festivais, Outras Músicas 2.4. Galas Nova Gente 2.5. Marchas Populares 3. Temas Musicados e Orquestrados 4. Prémios e Homenagens 5. O Percurso Artístico 6. Depoimentos e Citações Agradecimentos 134 Bibliografia Índice 135