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Luciano Reis
MAESTRO
FERNANDO CORREIA MARTINS
O Homem e o Músico
Fonte da Palavra
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Prefácio
Fernando Correia Martins, amigo de quem guardo saudades cobertas da sua
bondade, correcção e competência profissional, pertence ao grupo de músicos da minha
terra de elevado conhecimento e low profile.
Trabalhei longamente com ele e pude beneficiar da sua sabedoria, sempre
transmitida como quem pede desculpa. Acompanhou-me de forma muito diversa, ora
tocando violino – instrumento em que era exímio executante, guitarra-eléctrica ou
acústica e baixo-eléctrico. Sempre discreto, eficaz, sugerindo melhorias no trabalho
colectivo comprovado nos meus discos “Um Homem no País” e “Ao Vivo na Ópera de
Frankfurt”, onde a sua participação atinge um patamar de excelência.
Do ponto de vista humano gostaria de sublinhar o seu carácter afectivo e bondoso.
Quando nos cruzávamos tínhamos o hábito de nos beijar como dois familiares.
Pessoas como o Fernando passam pela vida de uma forma discreta mas ajudamnos a sermos melhores.
Carlos do Carmo
17/03/2010
2
Introdução
Fernando Correia Martins faz parte das figuras cimeiras da cultura musical
portuguesa. Como intérprete, compositor, chefe de orquestra, orquestrador, produtor
discográfico, Correia Martins marcou um destaque que me orgulho de assinalar.
Desde criança adiantou-se no tempo, nos espaços, na ousadia, na lealdade, na
lucidez e nos sentimentos que o levaram a viver a música, como se de uma missão se
tratasse. Detentor de virtudes especiais e únicas, associadas à virtuosidade do seu
trabalho, foi capaz de transmitir aos outros o fruto do seu trabalho com capacidade,
apreço e paixão.
Maestro Correia Martins, uma pessoa com imensa sensibilidade, bom-gosto,
educação, personalidade e talento. Um homem para quem os bons intérpretes da Música
e do Teatro tinham sempre um espaço especial no seu coração. Não podemos esquecer
que o Fernando foi um dos fundadores da companhia do teatro Adoque, em 1975, com
Francisco Nicholson, Braga Santos, Henrique Viana, Fernando Lima, Magda Cardoso,
Gonçalves Preto, Ermelinda Duarte e Celso Sacavém. Um espaço em perfeita
comunhão com a música, o teatro e outras artes do espectáculo.
Fernando Correia Martins nasceu em Aveiro no dia 23 de Novembro de 1936 e
faleceu em Lisboa a 28 de Março de 2009.
Tirou o curso de violinista na Academia dos Amadores de Música com o professor
Fernando Cabral, estudando ainda com Fernando Lopes-Graça e Francine Benoit. Fez o
seu “aperfeiçoamento” com o “mestre d’arco” soviético Maxim Jacobsei, ingressando
na Orquestra de Instrumentos de Câmara da Emissora Nacional onde, um ano depois, é
convidado como violinista-concertino da Orquestra Ligeira da mesma emissora,
permanecendo aqui doze anos como “solista”.
Como chefe de orquestra, orquestrador e produtor discográfico, associou-se a
cerca de 500 discos gravados. Neste sector foi responsável pela edição de trabalhos
discográficos de conceituados nomes do nosso universo musical, nomeadamente, entre
muitos e muitos outros, da Simone de Oliveira, Nicolau Breyner, Marco Paulo, Dulce
Pontes, Alexandra, António Mourão, António Sala, Clemente, Gabriel Cardoso,
Manuela Bravo, Maria Armanda, Grupo Maranata, Maria Guinot, Paulo Alexandre,
Sérgio & Madi, Carlos do Carmo, Vasco Rafael e da Marina Mota, para quem em 2006,
orquestrou e compôs alguns temas do CD, intitulado “Estados D’Alma” .
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Foi autor de música para teatro em cerca de 30 Revistas à Portuguesa, estreadas a
público em espaços tão diversos, como o Teatro Adoque, Teatro Monumental, Teatro
ABC, Teatro Maria Matos, Teatro Variedades e Teatro Maria Vitória. Neste teatro
iniciou o seu trabalho em 1985 a convite do autor e encenador Henrique Santana, que se
prolongou até 2008, num total de 12 produções. Aliás dos muitos prémios e
homenagens que lhe foram prestadas a última foi por intermédio do empresário Hélder
Freire Costa, que no dia 27 de Março de 2009, integrado no Dia Mundial do Teatro, lhe
entregou o prémio “Máscaras de Teatro”, numa consagração dos seus 50 anos de
actividade musical como profissional.
O Quinteto Correia Martins, com executantes de primeira linha, excelentes
músicos, alegres, contagiantes e versáteis deram categoria à noite lisboeta.
Ganhou o 1º prémio como orquestrador no Festival da Canção em 1979, com o
tema “Sobe-Sobe, Balão, Sobe”, acompanhando a intérprete Manuela Bravo ao Festival
da Eurovisão em Jerusalém (Israel). Neste Festival os Chefes de Orquestra e Maestros
Israelitas fizeram greve e ele, entre 40 Chefes de Orquestra de todo o mundo, foi o
convidado do governo israelita para dirigir este certame, convite esse que lhe valeu uma
Condecoração Estatal.
Foi director musical, compositor e orquestrador no Festival OTI em 1989, no
Teatro de São Luís, em Lisboa, e nos Festivais da Canção RTP de 1990, 91 e 92, neste
último ano, dirigindo a Orquestra da RAI, em Roma, acompanhando Dulce Pontes.
Em 1980 foi director musical, compositor, orquestrador e chefe de orquestra da
opereta “A Invasão”, produzida por Sérgio de Azevedo e encenada por Nicolau
Breyner, estreada no Teatro da Trindade, em Lisboa, e ainda produtor da peça “A
Severa”, baseada no obra de Júlio Dantas, com versos de Rosa Lobato Faria,
apresentada ao público no Teatro Maria Matos, Lisboa, em 1990.
Em 1981 ganhou o Prémio Nova Gente como o “melhor maestro”. Em 1982
ganhou o Troféu Rádio Renascença como o melhor orquestrador em “disco” com o
trabalho “Bailadinho & Outros Amores”.
De 1990 a 1994 foi um dos “dois directores” da Orquestra da RDP.
Teve uma forte participação nas Marchas Populares de Lisboa e de Almada,
ganhando com Rosa Lobato Faria, em 1989, este concurso em Lisboa. Em cinco anos
consecutivos, de 2003 a 2007, ganhou o Prémio de Musicalidade das Marchas
Populares da capital.
Foi o director de orquestra dos Espectáculos de Homenagem dos 50 Anos de
Carreira da Anita Guerreiro, da Maria José Valério, do Artur Garcia e dos 60 Anos de
Carreira de Deolinda Rodrigues.
Trabalhou intensamente como compositor, orquestrador e director musical dos
programas televisivos de “Marina Mota Produções”. Colaborou em diversos programas
musicais, como por exemplo, “Deixem Passar a Música”, “Grande Noite”, “Tonicha
78”, “Festival da Canção de Lisboa”, “Carlos Quintas Canta Lisboa”, “Festivais RTP
da Canção”, “Sábado à Noite”, “Piano Bar” e “Notas Soltas”.
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Posto isto, façam o favor de ler esta modesta biografia sobre o Fernando Correia
Martins, porque como nos fala o Carlos do Carmo no Prefácio deste obra: - “Pessoas
como o Fernando passam pela vida de uma forma discreta mas ajudam-nos a sermos
melhores”.
Acredito que o Maestro Fernando Correia Martins tinha da vida terrena uma
verdadeira noção do seu significado. Acredito que não se perdeu em ninharias, porque
sabia que a vida era muito mais do que isso. Acredito que a vida é muito mais que uma
“morte terrena” e que por isso, o seu Amor pela música o leve, no espaço onde agora se
encontra, a dirigir uma orquestra com talento superior, abrindo as mãos e os braços para
o ensinamento das notas e compassos que possam despertar os corações numa vibração
harmoniosa, cheia de amor e projectos de alegria e de paz.
A música do Fernando tem agora a força da espiritualidade que nos pode ajudar a
desenvolver nossas almas, crescer, participar e amar cada vez mais.
Irmão até sempre e obrigado por me ter sido permitido falar de ti…
Luciano Reis,
Janeiro de 2011
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1. NASCER PARA A MÚSICA
Depois do silêncio,
o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música.
Aldous Huxley
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Fernando Correia Martins1, de seu nome completo, Fernando Domingos Marques
Correia Martins, filho do músico profissional, Manuel Correia Martins e de Elisa Maria
Marques Martins, nasceu em Aveiro, no dia 23 de Novembro de 1936.
O nascimento nesta cidade deu-se por mero acaso, pois o pai do Fernando
encontrava-se aqui a dirigir uma revista no Teatro Aveirense2, tendo na altura, mandado
vir a mulher, da residência do casal, sita na Rua do Almada, nº 321, 1º Esquerdo no
Porto, para apoiar o nascimento do filho e para também ser ajudada por uns tios do
nosso biografado que nesse tempo viviam em Aveiro.
Após o décimo quinto dia do seu nascimento regressa ao Porto, fadado para o
aperfeiçoamento do gosto musical.
Desde os seus três anos que o pai o começou a habituar a ouvir música. A sua mãe
levava-o, muitas vezes, da parte da tarde, ao Café Guarany3, para assistir a concertos de
música por orquestras em que o pai fazia parte. Para além desses agrupamentos
musicais, o pai também era contrabaixista da Orquestra Sinfónica do Sindicato do
Porto. Fernando tinha por ele uma enorme admiração, carinho e respeito. Diversas vezes
dizia que “o meu pai era um músico e um executante bastante versátil, tocando bastante
bem acordeão, piano e banjo-de-acordes, que se usava muito naquele tempo nas
orquestras. Também durante toda a sua vida foi arranjador e compositor. Talvez uma
das mais célebres músicas que fez, foi «Os Pintados de Fresco»”.
Quando o Fernando fez 8 anos, o seu pai recebeu um convite de alguns colegas de
Lisboa, para se constituir uma orquestra para a abertura de um Cabaret na Rua da
Glória, que viria a chamar-se Ritz Clube, casa que ainda hoje existe, passando a família,
a partir daqui, a residir na capital.
O Ritz Clube, bem como outras casas do género tinham variedades. Na maior
parte eram parelhas ou ballets espanhóis. E logo aqui, o Fernando começou, desde
muito cedo, por volta dos 9 ou 10 anos, a acompanhar o pai aos ensaios das estrelas
dessas variedades que se faziam da parte da tarde.
Foi nessa altura, já com a instrução primária concluída, que o pai tirou do pulso o
relógio Tissot que usava e lho ofereceu. Esse relógio acompanhou o Fernando até à sua
morte.
Desejoso que o filho seguisse o curso de Engenharia de Máquinas, o pai tenta
matriculá-lo na Escola Industrial Afonso Domingues, não o conseguindo pois as
matriculas tinham encerrado, optando depois pela Escola Comercial Patrício Prazeres.
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Para além de termos conhecido o Maestro Correia Martins em vida e de com ele termos conversado
algumas vezes sobre a escrita da sua Biografia, como aconteceu na véspera da sua morte, no Teatro Maria
Vitória, cuja primeira entrevista aprofundada, para esse efeito, tinha ficado marcada para a semana
seguinte, não quisemos deixar de cumprir aquilo que tinha sido combinado em vida. Para além de
algumas notas que fomos tomando, em contacto directo com o maestro, na elaboração deste capítulo foi
fundamental um texto que nos serviu de base, fornecido pela Olívia Correia Martins, escrito pelo
Fernando, a partir de 2004, altura em que o editor, José Marques, se disponibilizou para a edição da sua
Biografia. O Correia Martins que abraçou cada projecto de uma forma colectiva, também quis aqui
prestar uma boa ajuda àquele que iria compilar e ordenar a sua história de vida.
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O Teatro Aveirense foi inaugurado em 6 de Março de 1881. A inauguração foi feita pela companhia do
Teatro Nacional D. Maria II de Lisboa, com a peça Estrangeira. Por este espaço passaram, desde logo, as
várias companhias teatrais da província, do Porto e de Lisboa, como as dos empresários: Rosas &
Brasão, Ciríaco Cardoso, Sousa Bastos, Alves Rente, Taveira, José Ricardo, entre muitas outras.
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Café Restaurante fundado em 1933, que ainda hoje existe, situado na Av. dos Aliados, Nº 89/85, no
Porto.
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Desde criança que o Fernando Correia Martins começou a arquitectar no seu
espírito, o desejo muito forte de ser músico, dizendo constantemente à sua mãe que não
queria ser engenheiro, médico ou arquitecto, mas apenas ser músico.
Por essa altura um vizinho, que era sapateiro, foi falar com o seu pai, para este dar
lições de música a um filho. Essa situação ainda preocupou mais Correia Martins. O
Fernando, que era filho dum músico, nada sabia de música e todos estes dissabores os
transmitia à sua mãe, que o ouvia e o tentava acalmar, dizendo-lhe que falaria com o seu
pai.
Mas o pai não desejava que o filho fosse músico, dizendo muitas vezes “que ser
músico não era profissão para ninguém, que tinha a mesma categoria dum motorista de
táxi, ou de um empregado de mesa”, que na época se chamava criado de mesa.
Um dia a mãe vem junto do filho e disse-lhe: - “Se me prometeres que os teus
estudos não são prejudicados com a aprendizagem da música, talvez o teu pai te ensine
música”. Claro está que o Fernando prometeu à mãe que isso não aconteceria, e o dia
mais feliz da sua vida, foi quando o seu pai o chamou e lhe mostrou o livro de solfejo de
Freitas Gazul4. Obviamente que teve de ouvir todas as recomendações de seu pai em
relação à escala, bem como à sua conduta.
A primeira lição que recebeu de solfejo, acompanhou-o a vida inteira e deu-a a
muita gente que queria aprender música. Nessa primeira lição o pai disse-lhe: - Ao
compreenderes e venceres a primeira página perfeitamente bem, tens o livro vencido”. E
assim foi!
Ao fim de seis meses, já tinha dado o 1º e o 2º ano de solfejo, incluindo também o
1º ano de Teoria Musical de Ernesto Vieira.
O Fernando não era uma criança igual às outras e não sentia vontade nem tempo
para brincar. Aliás, era normal, com o ordenado que o seu pai ganhava, não lhe permitia
usufruir de brinquedos e quando isso acontecia, era com o arco e uma gancheta, ao
berlinde ou com caricas das garrafas que brincava.
Mas o seu pai para além de um excelente músico, tinha uma habilidade
extraordinária para a carpintaria, para desenhar e pintar. Conforme as suas
possibilidades o permitiam, ia comprando pequenas ferramentas e nas horas vagas, fez
um automóvel e um avião de madeira para o Fernando brincar. Segundo o Fernando
“talvez fosse a maneira que ele encontrou para o compensar do aluno aplicado que eu
era, tanto na música, como na escola”.
Com dez anos já tocava bem bandolim, um instrumento pequenino, de acordo com
as suas mãos. Mas a sua paixão como executante era o violino, influenciado pela
admiração que tinha pela violinista Vieira Pinto e o solista da Sinfónica Nacional, Paulo
Manso. Mais tarde também foi admirador de Herberto de Aguiar, Vasco Barbosa e
Rafael Couto. Só em sonhos o Fernando poderia pensar que, anos mais tarde, iria
substituir como solista o Rafael Couto na Orquestra Ligeira da Emissora Nacional,
dirigida pelo Maestro Tavares Belo.
A ligação ao bandolim, teve a ver com a relação que o seu pai teve com um senhor
de nome Abel, que era director de uma orquestra de bandolins, banjos, violas e bandolas
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Francisco de Freitas Gazul nasceu em Lisboa, em 30 de Setembro de 1842, onde faleceu a 20 de
Outubro de 1925.
Este compositor foi aluno de Guilherme Cossoul e Monteiro de Almeida no Conservatório Nacional de
Lisboa, de que veio a ser professor. Regeu a orquestra de vários teatros, entre os quais a do Teatro de S.
João, do Porto, (onde dirigiu as óperas Guilherme Tell, O Barbeiro de Sevilha, A Sonâmbula, Um Baile
de Máscaras e Linda de Chamonix), a do Teatro da Rua dos Condes e a do Teatro da Trindade.
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que existia e ensaiava no Clube Radiofónico de Portugal. Naquele tempo, por altura de
1946/1947, os bailes ao domingo nas Colectividades de Cultura e Recreio, eram
abrilhantados por conjuntos musicais, cujos instrumentos de base, eram banjos e
bandolas, hoje substituídos por guitarras-eléctricas.
O Fernando, pela pouca idade que tinha, nunca fez parte desses agrupamentos.
Gostava era de tocar na Orquestra do Radiofónico, porque ensaiava com ela alguns
temas mais sérios, para serem transmitidos pela própria Rádio.
Enquanto tudo isso acontecia já tinha terminado a instrução primária e iniciado o
seu Curso Comercial. O pai, com conversas que ia tendo com a esposa e com o senhor
Abel, com alguns colegas dele e com o próprio filho, ia-se deixando influenciar de que
o seu filho seguisse a carreira de violinista. Mas isso só aconteceu aos 12 anos, depois
do Fernando se comprometer com ele a terminar o Curso Comercial, ao mesmo tempo
que estudava música e violino a sério. E o pai dizia-lhe: -“Nas várias matérias da escola
podes enganar-me, mas atenção, na música não me enganas”. E assim foi daí para a
frente.
Nessa altura o seu pai estava a tocar no Arcádia, hoje Café-Restaurante e
Cervejaria Sol-Mar, ao lado do Coliseu dos Recreios. O Fernando conhecia bem o
Arcádia, uma vez que acompanhava muitas vezes o pai aos ensaios da orquestra e
artistas que ali actuavam, assim como os colegas do seu pai. A orquestra chamava-se
The Royal Jazz e tinha, pela primeira vez, uma mulher como vocalista.
O senhor Abel emprestou ao Fernando um violino que tinha em casa, dizendo-lhe
que tinha pertencido ao seu avô. Esse violino acompanhou-o toda a sua vida. Uma tarde
foi com o seu pai ao Arcádia, para o violinista da orquestra, Domingos Rosário, lhe por
pela primeira vez um violino. Que sensação agradável teve o Fernando e que a
recordava da seguinte forma: - “Apetecia-me comer o tampo superior do instrumento e
beber aquelas 4 cordas. O arco, para mim, era sinónimo de poder”.
A partir daquele momento a sua vida alterou-se por completo. Se até àquela altura
ele tinha sido uma criança que pouco tinha brincado, a partir daquele momento sentiu-se
adulto e com muitas responsabilidades. Tinha que mostrar aos outros e principalmente a
si próprio, que era isso que queria. Além disso não gostava que lhe dissessem: - “Não és
capaz!”
Como a situação financeira dos pais tinha melhorado, o pai alugou um piano na
Valentim de Carvalho para ele estudar, pois achava que deveria estudar um pouco de
piano para melhor concretizar os seus estudos musicais. Assim, tinha o violino, o piano
e o curso comercial. “Um bocado de cultura geral não faz mal a ninguém”, diziam-lhe
os pais, principalmente a sua mãe.
A sua mãe era filha de uma família culta do Porto e por isso, pessoa estudiosa e
culta. Graças a essa educação cultivou no filho o gosto pela leitura, especialmente por
autores portugueses, como Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós e Almeida Garrett,
entre outros. Mais tarde o gosto por ler estendeu-se a outros autores, principalmente a
partir do 25 de Abril de 1974.
As prioridades do Fernando eram muitas e como tal, tinha que as saber gerir muito
bem. Ele era muito jovem na idade, mas muito adulto na sua paixão pela música,
designadamente pelo violino.
Passou a estudar entre 12 a 14 horas por dia, com alteração das horas de estudo em
casa, com os horários das várias disciplinas na Escola Patrício Prazeres. Dizia que “a
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sua casa passou a ser um inferno de sons. A pena que eu tinha dos ouvidos dos meus
vizinhos, principalmente da minha mãe.”
O violino é dos piores instrumentos que há para se ouvir estudar, nomeadamente
quando se está a começar. O som é horrível. É gritante e arrepiante. “Parece um gato
com cio”, dizia o Fernando. O violino, assim como a violeta, cello e contrabaixo, são
instrumentos de cálculo. Não tem “trastes”. É como se chama as divisões de escala de
um bandolim, guitarra-portuguesa ou guitarra-eléctrica.
O violino, assim como outro instrumento qualquer, soa bem ou mal, mediante a
pessoa que o toca. No entanto, há instrumentos que pela sua construção e missão, notase menos que outros esta diferença de sonoridade.
Como já tivemos a oportunidade de dizer o Fernando habituou-se, desde criança, a
estar com o pai no meio de instrumentos musicais e de ir a várias casas, onde os
vendiam e alugavam. Havia na Rua 1º de Dezembro uma delas que se chamava Santos
Beirão. Todos os dias, da parte da tarde, reuniam-se ali alguns músicos em alegre
cavaqueira, principalmente executantes da Orquestra Sinfónica, da Orquestra da Ópera
de São Carlos e alguns de Bandas Militares. O Fernando e o pai iam lá muitas vezes.
Durante um ano a sua vida resumiu-se a pouco. Dormia 6 a 7 horas por dia. fazia
as refeições normais e estudava… Estudava e voltava a estudar. Estudava violino pelos
métodos do primeiro ano e de vez em quando, ia ao Arcádia à tarde, para o Domingos
Rosário analisar os seus progressos e orientá-lo sobre novos estudos e novos métodos.
Em relação ao piano todas as semanas recebia lições do pianista da orquestra do seu pai.
Ao mesmo tempo ouvia discos do Jasha Heifetz, Menuyn e de outros grandes
violinistas. No entanto sabia, por experiência própria, que se aprendia mais vendo do
que ouvindo.
Nessa altura teve o privilégio de ver e ouvir o Heifetz num concerto que deu no
Cinema Tivoli.
Iam passando as semanas e os meses e o Fernando continuava naquela rotina
normal.
O violino era de certeza a disciplina que mais estudava e mais gostava. Os
progressos começavam a ser evidentes. O piano era muito “chato”. Já estava saturado de
“escalas” e “arpejos”. No entanto para ele tinha uma função formidável, era o poder
fazer acordes. Daí começar a apaixonar-se pela harmonização.
Uma vez foi apanhado pelo pai em flagrante delito. Era fim de tarde e como não o
ouviu entrar em casa, apanhou-o ao piano a fazer ritmos harmónicos. Mal entrou na sala
diz-nos o Fernando “ofereceu-me um olhar de 10 metros de altura e eu recomecei as
minhas escalas e arpejos. O meu pai tinha um pormenor óptimo: - Não precisava falar.
Bastava olhar e eu compreendia perfeitamente o que aquele olhar dizia”.
A sua mãe cuidava dos seus estudos não relacionados com a música. Ajudava-o
nas várias disciplinas, pois conforme já o dissemos era uma pessoa inteligente e
estudiosa. O seu avô materno, Raul Martins Gonçalves, tinha sido inspector dos
Caminhos de Ferro do Norte, pessoa bastante abastada e muito conceituada nos
movimentos anti-Salazaristas. Andou cinco anos fugido de casa para a PIDE não o
apanhar.
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Era o Fernando ainda muito pequeno e ainda a viver no Porto, quando os agentes
da PIDE foram buscar o seu pai, pensando que era o seu avô. O seu pai ainda passou
alguns dias nos calabouços da PIDE, até uma certa tarde em que passou pela cela um
inspector desta polícia e que o conhecia perfeitamente. Passado um hora o seu pai
chegava a casa num automóvel da PIDE.
O pai do Fernando amava-o profundamente e ele sabia-o. Muitas vezes detectoulhe nos olhos algumas lágrimas quando tocava algum estudo que o satisfazia. Por outras
vezes ouvia pequenas conversas entre os pais, em que este contava à mãe as boas
informações que o Domingos Rosário lhe dava sobre os seus progressos musicais.
O seu pai, além de uma conduta correcta, educado e de carácter íntegro e honrado,
era um “gentleman” e charmoso. Sempre vestiu muito bem, com os colarinhos
engomados, o seu alfinete de gravata e o seu chapéu. Costuma dizer que a “apresentação
de um homem é meio caminho para o êxito”. As muitas vezes que o Fernando foi com
ele aos ensaios no Ritz Clube e no Arcádia, pode observar o quanto ele era aceite,
observado e considerado. Talvez fosse a sensibilidade musical que unisse, ainda mais,
este pai e filho. O Fernando teve pelo pai um amor e uma admiração como nunca teve
por ninguém. Quando ele faleceu, em 1970, durante cinco anos não conseguiu tirar o
luto.
Mas voltando ao percurso que estamos a seguir do Fernando Correia Martins.
Nesse tempo havia um café na Av. da Liberdade, esquina para o Parque Mayer, que era
o Café Lisboa. Era aí que todas as tardes se reuniam muitos e bons músicos
portugueses, que tocavam à noite em cabarets ou boites de Lisboa e alguns músicos da
Orquestra Ligeira da Emissora Nacional. Todos conheciam muito bem o pai do
Fernando. Todos perguntavam como iam os seus estudos e todos opinavam sobre o seu
futuro. Fernando conhecia-os a todos, ainda usando calções. Muitos deles pegaram-lhe
ao colo e o Fernando nem pensava que alguns iriam tocar sob a sua direcção.
Mas que percurso deveria seguir? O Conservatório de Música era realmente a
escola mais correcta e indicada, só que tinha um ponto negativo, o curso de violino era
de 9 anos, mais 3 de virtuosismo. Esse curso incluía Português, Inglês, Francês, História
da Música, Composição, Acústica, Contra-Ponto e Fuga e o 3º ano de Piano obrigatório.
Todo esse grupo de 9 ou 12 anos tinha para ele um aspecto bastante negativo. O
Conservatório não admitia que na disciplina de violino pudesse num ano dar a matéria
de dois anos. Quer dizer que tinha que aguentar o Conservatório durante os 9 ou 12
anos, estudasse muito ou pouco. Para além disso tinha que estudar matérias que já
estudava na Patrício Prazeres e piano que já há alguns meses estudava em casa. Assim,
desistiu de ir para o Conservatório e foi estudar para a Academia dos Amadores de
Música5, com o maestro de arco Fernando Cabral, tendo também como professores
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A Academia de Amadores de Música foi fundada no ano de 1884, com o nome de Real Academia de
Amadores de Música, tendo como um dos primeiros directores, o Rei D. Luís I.
Desde a sua fundação, um dos objectivos desta Associação, tem sido o de promover e divulgar a música,
abrangendo todas as faixas etárias e proporcionando a muitos “amadores” a oportunidade de aprender um
instrumento, beneficiando do ensino de professores altamente qualificados. Por este motivo, todos os
cursos leccionados na Escola da AAM têm equiparação pedagógica, permitindo a todos os estudantes a
continuação da sua formação para a via profissional.
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noutras matérias, Fernando Lopes Graça e Francine Benoit. O Fernando Cabral viu e
ouviu-o durante meia hora e no final, mandou-o iniciar o 2º ano, deixando-o contente,
pois logo pensou que o estudo de alguns meses em casa tinha dado bons resultados.
No mesmo dia da aula que tinha com o Fernando Cabral, havia 3 alunos mais
velhos que ele e a tocarem bem. O Ramiro que era bancário, o Luís de Almeida e
Adolfo Chaves. Este último, mais tarde, veio a ser concertino da Orquestra Ligeira da
Emissora Nacional.
Apesar do Fernando ser o mais novo, havia uma grande camaradagem e amizade
entre os quatro. A Academia tinha uma pequena Orquestra de Câmara, da qual todos
eles faziam parte, para actuarem em determinados eventos promovidos pela própria
Academia, num auditório que a escola tinha para esse efeito.
Assim seguia o percurso da sua vida. Acabou o Curso Comercial na Escola
Patrício Prazeres, passando sempre à “tangente”. Mas estava feliz, pois tinha
conseguido fazer a vontade ao seu pai. Também já tinha feito o 5º ano de violino,
tocando o concerto de Kreutzer. O presidente do júri foi o Fernando Lopes Graça,
dando-lhe a nota de 17 valores.
Durante todo esse tempo, os seus sonhos surgiam na sua mente e na cabeça do seu
pai. O propósito que o pai alimentava era ele terminar o curso na Academia e depois ir
para Paris ou Viena para um aperfeiçoamento geral e seguir a virtuosidade caso ele
fosse capaz.
O Fernando queria ser concertista. Queria tocar melhor que muitos, só que às
vezes, o destino prega uma partida, ou pregamos nós uma partida ao destino.
O seu pai trabalhava muito. Tocava todas as noites até às 5 da manhã. Durante o
dia, ou compunha para um qualquer artista, ou tinha que fazer arranjos para a orquestra
da qual fazia parte. Estava a sentir-se tremendamente fatigado e doente. Doente a tal
ponto que tinha de parar de trabalhar e foi o que aconteceu.
1.1. A SUA ESTREIA
Nessa altura, em 1952, o Fernando já tinha 16 anos e estava no 7º ano de violino.
Com o seu pai acamado, as dificuldades começaram a surgir em sua casa, porque a
única fonte de rendimento que tinham era o trabalho do seu pai. Começou a notar no
semblante da sua mãe uma preocupação constante. O que é que ele poderia fazer?
Trabalhar? Onde e com quem? Mas o seu destino já estava traçado e nem ele nem
ninguém lhe podia fugir. Certa tarde, o telefone tocou. Era o pianista José Mesquita,
querendo falar com o seu pai. Falaram durante bastante tempo, até que o seu pai depois
de desligar o telefone, chamou a mãe ao quarto. O Fernando tentou sorrateiramente,
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ouvir a conversa, pois tinha um pressentimento que aquele telefonema tinha algo a ver
consigo. E tinha mesmo.
O José Mesquita tinha ouvido falar do filho do Correia Martins como um
belíssimo violinista e também com umas noções boas de piano. Por isso queria
perguntar ao seu pai, pois o Fernando era ainda menor, se estava disposto a autorizar a
sua ida para a sua orquestra que actuava no Maxime. A conversa com os seus pais
prolongou-se por bastante tempo e ao jantar o pai falou-lhe do assunto e perguntou-lhe
qual era a sua opinião sobre o assunto.
De imediato o Fernando não respondeu. O seu cérebro era um turbilhão de
pensamentos. Não estava habituado a que o pai lhe pedisse opinião sobre assuntos tão
sérios. Assaltou-lhe à cabeça todos os projectos sonhados pelo seu pai, em relação ao
seu futuro como violinista. Pensou como ele sofreria naquele momento ao fazer-lhe tal
pergunta. Pensou também que aquele momento era muito importante para a
sobrevivência da família e para o bem estar dos seus pais, que tanto se tinham
sacrificado para que ele, agora com 16 anos, fosse um adolescente com rigores de
conduta e bom senso. Todos esses pensamentos aconteceram em fracções de segundos,
com o olhar pousado no prato. Quando levantou a cabeça, viu os olhos dos seus pais
focados na sua cara, com ar de certo espanto, à espera da sua resposta. O Fernando
respondeu que gostaria de experimentar.
O Maxime era dos melhores cabarets de Lisboa. Tinha dois palcos para duas
orquestras. Uma era a do José Mesquita. A outra chamava-se, “Sérgio e a sua
Orquestra”. Estas orquestras alternavam de meia em meia hora. O Maxime começava a
funcionar às 22h30 e ia até às 5 horas da madrugada. O Fernando foi ganhar 110$00 por
dia. Eram 3.300$00 por mês. Nunca tinha visto tanto dinheiro.
O pai recomendou-lhe coisas que ele já sabia, principalmente em relação às
empregadas que estas casas tinham, para companhia dos clientes. Como adolescente que
era, “essas” também era uma das razões para ele ter dito que gostava de experimentar.
Conforme o combinado o seu pai, no dia a seguir telefonou ao José Mesquita,
marcando uma reunião no Maxime. Não podia nem devia, era fazer grandes esforços
físicos. Lá foram ao Maxime. Esperava-os o José Mesquita e todos os elementos da
orquestra. O Fernando já conhecia alguns colegas, cumprimentou-os e o José Mesquita
perguntou-lhe se se importava de tocar com eles dois ou três temas que faziam parte do
seu trabalho.
Como já tivemos a oportunidade de salientar, as variedades que estas casas
tinham, na sua maioria, eram ballets espanhóis, onde só se dançava música espanhola
como era evidente. O receio do José Mesquita era fazer-lhe um exame sobre leitura à
primeira vista. O que isto quer dizer? Quer dizer que o executante pega numa qualquer
música, põe na estante e sem qualquer estudo prévio tocar sem nenhum engano o que
está escrito.
Na maioria dos casos, qualquer estudante de um instrumento é mau leitor à
primeira vista. Porquê? Porque está habituado a dar a sua aula, trazer para casa os novos
estudos a fazer, estudar as suas peças 8/10 ou 15 dias, tendo assim muito tempo para ler
a música que está escrita.
O José Mesquita não sabia que dos 13 aos 16 anos o “divertimento” musical do
Fernando era juntamente com o seu professor de piano lerem muita, muita e muita
música à primeira vista. Este era um dos exercícios musicais que o seu pai sempre o
obrigou a fazer.
Na estante estavam três peças: - Córdoba de Albeniz, Dança do Fogo de Falla e El
Antequerano e uma Jota.
13
Quando terminou esse “exame” o José Mesquita só disse: -“Eu sabia que você
tocava bem, não sabia era que “devorava” leitura à primeira vista.
Como o Fernando era menor não pode assinar o contrato. No dia seguinte, numa
reunião com os empresários, que na altura era o Saraiva e o Carlos Santos, onde estava
também o José Mesquita, o contrato ficou “selado”, num acordo de cavalheiros.
Dessa orquestra faziam parte: José Mesquita (piano), Mário Coelho (trompeta),
Albino Gomes (sax-alto e violino), Almeida Medonho (sax-tenor), Emídio Baquetas
(bateria), Manuel Serrano (vocalista) e o Fernando como violinista.
Nessa altura estava muito em voga um género musical brasileiro que era o Baião.
Na rádio portuguesa ouvia-se muitos discos do Luís Gonzaga, tocando este novo
género. Como o José Mesquita tinha muita habilidade para o acordeão, usava este
instrumento para os “baiões”, enquanto o Fernando tocava piano.
Durante alguns anos existiu um costume nos conjuntos musicais que actuavam nos
boites de Lisboa, que era o vocalista tocar contrabaixo.
O “prato forte” do Fernando como violinista da orquestra do José Mesquita eram
as variedades, em que o violino tinha um papel muito importante. Além disso tocavamse os tradicionais tangos, fados e alguns números lentos, em que o violino era utilizado.
Uma noite o José Mesquita perguntou-lhe se ele se adaptaria a tocar contrabaixo.
“Não sei”, respondeu. “Foi uma situação que nunca me passou pela cabeça”.
José Mesquita recebia regularmente edições estrangeiras com arranjos para
orquestras pequenas. Arranjos para metais e secção rítmica. O contrabaixo era
realmente um instrumento importante para estes arranjos. Não admitia ser mal tocado. O
seu pai foi com o Fernando uma tarde ao Maxime para dar-lhe uma noção do
instrumento e da sua afinação, bem como alguns pormenores mais. O Fernando
começou aos poucos a estudar o instrumento e a sua função base numa orquestra e
começou a gostar. Numa determinada tarde, depois do ensaio de novas variedades, o
José Mesquita pediu para tocarem dois arranjos que tinha recebido. O Fernando, como
não ia tocar esses números, porque não havia papéis para violinos, pediu ao José
Mesquita que lhe desse os papéis de contrabaixo para experimentar. O José Mesquita
olhou para ele um pouco surpreendido com o pedido e deu-lhe os papéis. O Fernando
pô-los na estante, pegou no contrabaixo e esperou a marcação de entrada. Tocaram o
tema e quando terminaram foi surpreendido com uma salva de palmas de todos os seus
colegas.
Nessa tarde começou um novo “calvário” para ele: – os seus pobres e ricos dedos.
O contrabaixo, como qualquer instrumento de corda, não se compadece de ligeireza na
pressão sobre as cordas da mão esquerda. Essa pressão, essa força e essa genica tem que
existir para a corda soar. Se a corda não for bem pisada, “esborracha” o som dessa
mesma nota. Habituado a cordas de violino até ali, agora pisava cordas com dez vezes
mais de espessura. Os dedos da mão esquerda começavam a inchar e a doer. Na mão
direita começou a usar dedeiras, porque 90% do que tocava era em “pizzicato”. Uma ou
duas vezes aconteceu estar a tocar e sentir os olhos húmidos com a dor dos seus dedos.
O que é que deveria fazer? Lembrou-se então das pontas dos dedos que o seu pai tinha e
da grande força muscular que tinha na mão esquerda.
Os seus pais, algumas vezes, disfarçadamente, olhavam para as suas mãos,
baixavam os olhos e nada diziam. Pensava que a sua carreira como violinista mal tinha
começado e já tinha terminado. Não. Ele não podia deixar que isso acontecesse. Tinha
que dar a volta por cima e arranjar soluções para a mão esquerda. Arranjou uma
pequena luva, cortada por ele, em que só tapava o primeiro dedo, o segundo e o terceiro
juntos e quarto dedo, ficando todo o resto da mão sem luva.
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Estes três orifícios onde ele metia os dedos estavam cheios de algodão. A luva, na
palma da mão, tinha uma pequena tira do mesmo material que era apertada no pulso.
Convém dizer que a luva tinha a cor de carne.
Com o correr dos dias foi aperfeiçoando a técnica de por e tirar a luva, consoante o
instrumento que ia tocar.
Desde os 14 anos que fumava. Durante toda a permanência no Maxime, todos os
dias entregava à sua mãe o ordenado. Esta também diariamente lhe dava algum dinheiro
para as suas próprias despesas, que se resumiam a um maço de cigarros, uma ou duas
bicas e aos transportes.
O princípio da sua adolescência foi muito caseira e devotado ao estudo. No
entanto, porque também nunca foi um “santinho” tinha os seus pensamentos perversos,
de acordo com a sua idade. Uma certa tarde, acompanhado por dois amigos de infância,
com a mesma idade, foram ao Intendente levar “o Bernardo às Compras”. Era a frase
utilizada quando queriam dizer “ir às meninas”.
A partir da altura em que foi para o Maxime, deixou de “ir às meninas”. Eram elas
que iam a ele. Para as empregadas do Maxime ele era um “torrãozinho”, era um
“menino” que todas elas queriam ser as primeiras. Os seus colegas, homens feitos e
alguns casados, muito brincavam com ele e gozavam com essa situação. Era rara a noite
quando saíam que não tinha um táxi ocupado por uma mulher à espera dele.
1.2. A IDA PARA MADRID
Passados 3 ou 4 meses de estar no Maxime, confirmou-se a ida da Orquestra José
Mesquita a Madrid, para actuar na casa de maior categoria, que era o Villa Rose.
Entrava-se nesta casa por um grande portão de ferro, indo-se logo ter a jardins imensos
e belos. À direita ficava o espaço onde existia a boite e seguindo em frente, estava um
belíssimo palco, tendo a seguir uma pista de dança envidraçada e iluminada, ladeada de
inúmeras mesas e cadeiras, dando ao espaço uma miragem de sonho.
A Orquestra de José Mesquita ia alternar com a orquestra espanhola de Luis
Rovira e com a orquestra húngara de Pista Feket. Como haviam dois espaços para
dançar ao mesmo tempo teria que haver três orquestras.
O Fernando e o Manuel Serrano ficaram hospedados na Pension Cantábrico, na
Calle de la Cruz, rua que ficava junto à Plaza Canalejas, a 300 metros das Puertas del
Sol. Era uma pensão modesta e acolhedora. Pagava por dia 50 pesetas, com direito a
refeições e quarto. Como estava a ganhar diariamente 250 pesetas, podia, com toda a
certeza juntar algum dinheiro.
Apesar de todos os conselhos dos seus pais, relacionados com a sua permanência
em Madrid, ele era um rapaz sem nenhuma experiência de vida. Nunca tinha tido nas
mãos tanto dinheiro. Por outro lado, todo e qualquer passo dado a partir daquele
momento, seria comandado por ele. Seria ele capaz? Não, não foi capaz, porque o
“pecado morava ao lado”. Morava por cima dele, por baixo dele e até em frente.
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Entretanto o pai tinha-se restabelecido completamente do mal que o afligira e
passado dois meses foi visitá-lo a Madrid. O Café Cubasol que ficava na Plaza
Canalejas, era o ponto de encontro todas as tardes.
Umas das primeiras frases que o José Mesquita disse ao seu pai quando o
encontrou no Café Cubasol, foi: - “Tens que ouvir o teu rapaz tocar contrabaixo”. O seu
pai mostrou um olhar incrédulo e olhando para as mãos do filho, perguntou-lhe como
elas estavam, o que este lhe respondeu que estavam bem, porque diariamente as punha
num recipiente com água muito quente e depois passava os dedos por algodão e tintura.
A tintura fortalecia as calosidades e ao mesmo tempo evitava as dores.
Nessa mesma noite e todas as seguintes, até à partida para Lisboa, o pai não
deixou de ir ao Villa Rose ver a orquestra. Ou mais correctamente, ouvir e ver o filho.
Quando os colegas espanhóis e húngaros se aperceberam que ele era pai do “Martinez”,
todos o quiseram cumprimentar e duma certa forma elogiar “ele niño esse” que era “um
bueno chavallo e que tocava muy bien”. O pai ficava todo “babado” quando diziam
essas coisas.
O José Mesquita, após a primeira noite do pai ter ido ao Villa Rose, perguntou-lhe
qual a opinião do Fernando como contrabaixista. “Se não viesse e ouvisse não
acreditava”, respondeu.
O Fernando sentia-se bem a tocar contrabaixo. Sentia-se o “mandão” da orquestra.
Tinha nas suas mãos o tempo e o ritmo dos números que se tocavam. Muitas vezes não
obedecia ao que estava escrito, alterando alguns desenhos e algumas notas. O José
Mesquita olhava para ele e dizia, “assim como se fez está melhor”.
Esta frase incentiva-o a fazer melhor. Aliás, o Fernando sempre teve a
preocupação durante toda a sua vida como músico, como executante, como compositor,
como orquestrador e director de orquestra, entregar-se a fundo em tudo o que fazia. Se
não fazia melhor era porque não sabia e não falta de interesse. Todavia, como sempre
foi defensor da frase: - “Cada Macaco no seu Galho”, sabia que não cometia o erro de
“meter a foice em seara alheia”. Sempre fez o que sabia fazer.
A comunicação social de Lisboa e de Madrid, também não ficou indiferente à
prestação musical do Fernando em terras espanholas. O jornal “Século Ilustrado”, de 7
de Novembro de 1953, fez referência a esta digressão, tecendo-lhe fortes elogios.
O seu pai esteve com ele em Madrid dez dias, regressando depois a Lisboa por
motivos de compromissos profissionais.
Entretanto o agente artístico da orquestra, Artur Pereira, informou o José Mesquita
que o contrato da orquestra para Genebra (Suiça), estava no bom caminho. A sua vida
em Madrid corria perfeitamente, nunca deixando porém de estudar. Tanto assim que
todas as semanas se encontrava com um violinista francês a viver em Espanha há alguns
anos. Trocavam ideias, escalas diferentes e novos métodos. Foi muito bom para o
Fernando esse contacto.
As semanas foram passando e o contracto que tinham no Villa Rose terminou.
Estavam à espera da resposta do Artur Pereira, com as datas correctas da sua partida
para Genebra.
Sem perder mais tempo disse ao José Mesquita e aos colegas que vinha a Lisboa 2
ou 3 dias para ver os seus pais, porque iria estar aproximadamente 6 meses na Suíça.
16
Compreenderem perfeitamente o seu desejo e o Fernando meteu-se no “Lusitânia
Expresso”, em direcção à capital.
Como não avisou os pais dessa decisão, durante toda a viagem arquitectou e
antecipou a surpresa que iriam ter quando lhes batesse à porta. E assim foi,
principalmente a mãe, que já não o via há aproximadamente 5 meses. Tirou a “barriga
de misérias” ao comer os seus pratos favoritos, os quais a mãe muito bem
confeccionava, que era arroz de frango, mais propriamente dito, arroz de cabidela e o
empadão de carne. Esses três dias passaram num ápice. Nunca tinha falado tanto com os
pais, como nesse três dias. A sua mãe queria saber tudo de tudo e tudo o Fernando
contou. Desde miúdo que tinha conversas com a mãe que, de forma alguma, as poderia
ter com o seu pai. O pai, no relacionamento com ele, não lhe dava “confiança” para
determinados diálogos. Distanciava-se sempre não lhe dando hipótese de com ele falar
sobre qualquer assunto relacionado com a sua própria adolescência.
Depois de receber todo o tipo de recomendações e cautelas, lá regressou a Madrid.
É bom dizer-vos que para o Fernando poder viajar livremente pela Europa tinha que ter
uma autorização do seu pai, autenticada pela PIDE e da primeira vez que toda a
orquestra se deslocou a Madrid, quando chegaram à fronteira, depois de mostrarem os
passaportes, as carteiras profissionais e o contrato assinado por todos e a empresa do
Villa Rose, foram obrigados a tocar os seus instrumentos, para as autoridades
portuguesas na nossa fronteira, terem a certeza que realmente todos eles eram músicos.
O José Mesquita como não tinha piano “à mão”, tocou acordeão e o Manuel Serrano
teve que cantar um tango.
Após a chegada do Fernando esperava-o, infelizmente, algumas surpresas. Entrou
na Pension Cantábrico e dirigiu-se ao quarto do Manuel Serrano, encontrando-o num
aspecto lastimoso, com barba por fazer há alguns dias, muito macilento e magro. Ao
perguntar-lhe o que se passava, respondeu que estava sem dinheiro nenhum. O que é
que o Fernando podia fazer para remediar a situação? Era fazer o que fez. Disse-lhe para
ele não se preocupar que enquanto ele tivesse dinheiro também ele o teria.
Acontece que os dias foram passando, as semanas também, e as notícias sobre a
data da sua ida para Genebra não chegava. Entretanto chegou o dia do seu aniversário,
dia 23 de Novembro, onde fez 17 anos, passando a data completamente só, passeando
pelas ruas de Madrid. O dinheiro já pouco restava. Já começava a dever à pensão.
Tomava uma bica por dia e começou a contar os cigarros que fumava. Começou
sinceramente a passar dificuldades que até aí desconhecia. Os seus pais, de vez em
quando, telefonavam-lhe para a pensão, perguntando-lhe se estava bem e como estava a
sua situação. Dizia-lhes sempre que estava tudo a correr bem e que a sua partida para a
Suíça ia ser para breve. Chega o dia 24 de Dezembro e a esposa do José Mesquita e este
convidaram-no a passar com eles a véspera de Natal, jantando na sua companhia, no
apartamento que tinham alugado.
A partir dessa altura começou a sentir-se muito desorientado. Não sabia o que
fazer. Não estava habituado a pedir nada a ninguém, muito menos dinheiro. Já devia à
pensão 3 ou 4 semanas. Já não tomava a sua bica e não fumava, o que o fazia sentir-se
muito mal.
Entretanto chegou a Lisboa a noticia que a situação da Orquestra do José Mesquita
em Madrid era catastrófica. – Estavam a passar mal e havia elementos que não tinham
dinheiro para comer. No Café Lisboa já diziam que o filho do Correia Martins não tinha
dinheiro para a bica e para o cigarro. O seu pai que diariamente frequentava aquele
espaço ao ouvir notícias que o seu “menino” estava a passar por essas dificuldades, não
quis saber de mais nada. Chegou a casa relatou à mulher tudo o que tinha ouvido e esta,
sem esperar por qualquer opinião do marido, começou a fazer uma mala, meteu
17
dinheiro na carteira e vai para Madrid. Felizmente que tinha passaporte. O Fernando
recebeu um telefonema do pai informando-o da próxima chegada da sua mãe. Quando a
mãe desceu do comboio, teve a visão de um anjo! Era realmente ela, a libertadora dos
seus males. O primeiro pedido que lhe fez, depois de a beijar e abraçar, foi pedir-lhe
para lhe pagar o pequeno almoço. Nessa mesma tarde, no Café Cubasol, houve uma
grande conversa entre a mãe e o José Mesquita e ele, chegando todos à conclusão final,
que o melhor era ele regressar a Lisboa e o José Mesquita arranjar um colega espanhol
para o substituir. Esse colega foi o violinista Emílio Hernandez, que mais tarde teve
oportunidade de conhecer.
1.3. DE REGRESSO A LISBOA
A entrada do Fernando no Café Lisboa, acompanhado pelo pai, causou algum
espanto nos colegas. Não estavam à espera que regressasse tão repentinamente. Alguns
colegas acercaram-se dele e do pai, perguntando-lhe um sem número de coisas.
A saída da Orquestra José Mesquita tinha para o Fernando um lado positivo. Não
tinha que tocar mais contrabaixo. Era um instrumento que lhe dava muito prazer tocar,
mas em primeiro lugar estavam os seus dedos.
O seu pai estava a tocar nessa altura na Boite Príncipe Negro que se situava por
cima do Café Palladium. Entrava-se pela Calçada da Glória. O pianista do conjunto, que
era o Leão de Almeida, quando soube pelo seu pai que o Fernando estava em Lisboa,
logo o entusiasmou para que ele fosse trabalhar com eles. Assim foi!
Nessa boite também havia as tradicionais variedades. Um dia anunciaram a
estreia, pela primeira vez em Portugal, de duas artistas francesas que faziam “StreapTease”. No dia da estreia fizeram um ensaio à tarde. O Fernando tinha que tocar,
acompanhado unicamente a piano, um trecho do célebre bailado “O Lago dos Cisnes”.
Durante o ensaio nada se passou, pois as duas francesas estiveram sempre sentadas a
uma mesa, bebendo água e ouvindo. Quando acabou de tocar o trecho, agradeceram a
sua participação e o tempo que o Fernando utilizou era exactamente aquele.
Essa noite no Príncipe Negro foi uma verdadeira enchente. O público habituado
destas casas não estava nos seus costumes verem “Streap-Tease” ao vivo. E uma coisa
também certa, o Fernando também ainda não tinha visto. Chega a hora da apresentação
das francesas. A luz apaga-se, um foco de luz sobre a pista e o Fernando, acompanhado
pelo Leão de Almeida, começaram muito bem a tocar o célebre “Lago dos Cisnes”. As
duas artistas entraram, começam a deambular pela pista, olhando provocadoramente
para os espectadores que estavam sentados, mirando as mulheres como “boi para um
palácio”. Essas mulheres eram praticamente iguais. Da mesma altura, cabelos
compridos loiros, olhos azuis, elegantes e bonitas. Pouco a pouco vão-se despindo uma
à outra. Naquela sala só se ouvia o violino e o piano. Nunca, até àquela altura, o
Fernando tinha tocado para um público tão silencioso e tão atento à sua interpretação.
Não. Não era a interpretação destes dois músicos que os subjugava. Eles estavam
paralisados. Estavam manietados às cadeiras. Não respiravam nem buliam. Unicamente
e de vez em quando, passavam a língua pelos lábios secos. As mulheres continuavam a
tirar peças de roupa uma à outra. Abraçavam-se e entrelaçavam-se, entrando já um
pouco pelo erotismo. O Fernando também já não estava muito seguro…Por duas vezes
o pai lhe segredou ao ouvido: -“Rapaz, olha para a música”. Estes avisos aconteceram
porque o pai notou a pouca segurança que estava a ter no arco do violino. Quando as
duas francesas se despiram totalmente, o Fernando respirou fundo e ouviu-se um
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clamoroso aplauso de todos aqueles “babados”. As artistas recolheram ao camarim e
quando regressaram à sala já tinham mesa marcada que estava a ser ocupada por
personagens de relevo da sociedade de então. E pois claro, muita conversa e muito
champanhe.
Pouco tempo depois voltou a tocar no Maxime, desta vez na Orquestra de Ferrer
Trindade6. No outro palco actuava o conjunto de Jorge Machado7.
O seu pai também ia trabalhando em novas casas. Esteve bastante tempo a tocar
no Negresco, com o pianista Mário Teixeira. Em Abril desse ano, ainda com 17 anos, o
pai recebe um convite do pianista Domingos Marto, chefe de orquestra do Casino da
Póvoa do Varzim, mostrando a sua vontade em ter na orquestra a colaboração do
Fernando e do seu pai. O pai ficou radiante com esse convite, por vários motivos. Iria
trabalhar com o filho, ganhando cada um 250$00 diários. Assim, os pais teriam toda a
família ali perto e o contrato era de seis meses. Começava a 1 de Junho e prolongava-se
até ao final de Novembro. Naquele tempo entrar em casa 500$00 diários, era muito
6
Ferrer Trindade nasceu no Barreiro. O maestro faleceu a 13 de Janeiro de 1999. Compositor e
arranjador, desde cedo descobriu a sua sensibilidade musical. Começou por actuar como músico amador
no conjunto "Os Timpanas", um grupo de cordas percutidas e dedilhadas. Mais tarde foi para a Banda
d'"Os Franceses" onde aprendeu a tocar clarinete.
Posteriormente formou a sua primeira orquestra, no início utilizando o nome "Ferrer Trindade e sua
Orquestra", vindo mais tarde a chamar-se "Orquestra Ritmo". Entretanto, trabalhava de dia e estudava à
noite, matriculando-se como aluno externo no Conservatório Nacional de Música.
Aqui cursou instrumentos de sopro, violino, piano, composição, acústica e história da música, contando
entre os seus mestres, Abílio Meireles, Venceslau Pinto, Luís de Freitas Branco, Carlos Gonçalves, Padre
Tomás Borba e Tomás Lima. A nível profissional, estreou-se como executante de clarinete na Banda da
Armada, tendo como maestro Artur Fão. Na Orquestra Filarmónica de Lisboa concretizou a sua estreia
com o violino, dirigido pelo maestro Ivo Cruz.
Nesse período decidiu formar a sua própria Orquestra, que actuaria nos Casinos da Póvoa do Varzim,
Figueira da Foz, Espinho e Estoril. No Maxime, onde contactou com os maiores artistas nacionais e
estrangeiros. Foi o primeiro a dirigir uma Orquestra no período experimental da Rádio Televisão
Portuguesa.
Entre as muitas condecorações, obteve a Medalha de Ouro da Emissora Nacional, condecoração atribuída
a compositores consagrados, a Medalha de Mérito Artístico, pelo Governador Civil do Distrito de Setúbal
e a Medalha da Cidade de Setúbal atribuída pela Câmara Municipal, com base no reconhecido mérito da
sua carreira musical e o seu elevado valor artístico.
7
O maestro e pianista Jorge Machado nasceu em Lisboa 1927, onde faleceu, a 29 de Julho de 2006,
derivado a um cancro na próstata.
Fez o curso de piano, violoncelo e composição no Conservatório Nacional, enveredando pela música
ligeira, onde criou o Conjunto Jorge Machado. Manteve a sua actividade de pianista no Hotel Tivoli, em
Lisboa, onde ao fim da tarde, tocou quase durante 40 anos, interrompendo apenas, 15 dias entes da sua
morte
Durante décadas fez a direcção musical de programas de televisão e de muitos dos Festivais da Canção da
Eurovisão. Dirigiu várias bandas e trabalhou na direcção musical de cançonetistas da área musical ligeira,
como António Calvário, Madalena Iglésias e Simone de Oliveira.
O Conjunto Jorge Machado marcou uma época no nosso país, animando as noites boémias de Lisboa.
Foi supervisor da Valentim de Carvalho e fez trabalhos orquestrais para grandes artistas, como Frei
Hermano da Câmara e Mara Abrantes, dirigindo as gravações em disco de mais de 70 artistas
portugueses. Integrou parcerias musicais para revistas do Parque Mayer. Dirigiu os espectáculos
musicais: O Encoberto, Annie, Godspell e Nazareno, que tiveram um êxito enorme em Portugal.
Em 1962 foi galardoado com o “Óscar da Imprensa”, atribuído pela Casa da Imprensa.
Em 2005 a Sociedade Portuguesa de Autores, homenageou publicamente, no âmbito das comemorações
dos 80 anos daquela cooperativa, onde estava inscrito desde 1948.
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dinheiro. Durante todos esses anos os pais ainda conservavam a casa do Porto, na Rua
do Almada.
O Casino Monumental da Póvoa do Varzim era dirigido pelo Artur Ayres. Este,
todas as noites, jantava na boite-restaurante do Casino, acompanhado por sua esposa a
senhora Laura Ayres. As orquestras no Casino funcionavam da seguinte forma: durante
os meses de Junho e Julho havia duas orquestras, alternando de meia em meia hora, na
Boite-Restaurante. Chamava-se Boite-Restaurante, porque das 21 horas até às 22h30
funcionava como restaurante e a partir dessa hora, passava a ser Boite. Nos meses de
Agosto e Setembro, existia uma terceira orquestra, porque havia também no 1º andar do
Casino o chamado “Salão Nobre”, onde as pessoas se limitavam unicamente a dançar.
Estas três orquestras também alternavam entre si, ao tocarem todos os dias duas
horas no café do Hotel do Casino. O Fernando, como violinista da orquestra principal
do Casino, tinha de tocar das 21 horas às 22h30 musica de concerto para os jantares.
Tocava todos os géneros, como: selecções de ópera, zarzuelas, operetas, ouvertures, etc.
Tinha um vastíssimo reportório de música de concerto, muito dele orquestrado ou
copiado pelo seu pai.
Durante quatro épocas em que esteve neste Casino, alternaram com esta orquestra
várias orquestras estrangeiras, mas houve uma que lhe deixou saudades, pela sua
camaradagem e competência. Foi a Orquestra Argentina de Eduardo Rovira.
Durante a permanência de seis meses em cada ano na Póvoa do Varzim, ganhavase amizade por certas pessoas residentes nesta terra. A Póvoa do Varzim era, na altura,
uma vila muito simpática e acolhedora. A sua gente mais popular era constituída por
pescadores e varinas, dando uma cor muito típica às ruas desta vila. Nos primeiros dois
anos, ficaram hospedados no 1º andar duma casa que era propriedade do alfaiate Izac.
Nos dois últimos anos os seus pais alugaram uma pequena vivenda de dois andares na
Rua Tenente Valadim, muito perto dos Correios. Os meses de maior actividade
profissional eram Agosto e Setembro. No Casino tocava em dois espaços. Uma a duas
vezes por semana tinha que tocar no café do Hotel e de 15 em 15 dias, tinha ensaios de
novas variedades para o Casino. Também todas as semanas fazia um ensaio de orquestra
para renovar o novo reportório de baile. Os outros quatro meses eram bastante calmos.
O seu pai ocupava-se também, a escrever arranjos para a orquestra e escrevia
também e ensaiava o Rancho Folclórico da Póvoa. O Fernando estudava, jogava bilhar e
também namorava. Oh, se namorava. Namorou muita rapariga na Póvoa do Varzim. No
entanto houve duas que na altura o marcaram. A primeira foi a Helena Godinho, filha
do Saul Godinho, croupier do Casino e irmã do vocalista Tito Godinho, que na altura
actuava no Casino de Espinho. Mais tarde veio a trabalhar em vários conjuntos com o
Tito. A segunda foi a Manuela Magalhães, filha e neta de pessoas muito conhecidas na
Póvoa, com quem esteve quase para casar.
Quando havia oportunidade gostava de fazer com o pai grandes passeios de
bicicleta.
Como o contrato no Casino da Póvoa terminava em fim de Novembro o seu pai
convidava colegas e amigos para um jantar, para comemorar no dia 23, o aniversário do
Fernando. Esses jantares realizavam-se quase sempre na “Canarinha” ou no Restaurante
Leonardo. O Fernando gostava de ver a alegria e a felicidade do pai, quando o pianista
Domingos Marta fazia um brinde ao aniversariante, enaltecendo as suas nobres
qualidades de pessoa e violinista. Os olhos do pai ficavam húmidos e a sua boca aberta
num sorriso largo e franco. Nada havia melhor na vida do pai do que um elogio de
quem quer que fosse, alusivo ao filho.
20
Não estavam na Póvoa do Varzim o ano todo. Nos primeiros dias de Dezembro
arrumavam “armas e bagagens” e lá vinham para a sua casa em Lisboa, com o
comprometimento com o Casino e com o Domingos Marta, de voltarem em fins de
Maio à Póvoa do Varzim.
Os cinco meses e tal que passavam em Lisboa, descansava e estudava mais do que
trabalhava. Já nesse tempo se começava a trabalhar muito em gravações de discos, ou
gravações de música para filmes. Também os Teatros de Revista tinham orquestras,
com 10 a 12 elementos. O próprio empresário do Teatro Monumental, o falecido Vasco
Morgado, convidou o Fernando para fazer parte duma orquestra para a Companhia de
Opereta e Zarzuela do cantor espanhol Sagi Vella. Também se lembrava de orquestras
que actuaram no Teatro Apolo8 e Teatro Avenida9, há muitos anos já desaparecidos.
Como o Fernando e o pai estiveram durante quatro anos comprometidos com o
Casino da Póvoa, não lhes convinha nos meses que estavam em Lisboa, terem
compromissos duradouros. O seu pai, por seu lado, tinha muita coisa para escrever,
principalmente instrumentar ou copiar música de concerto para o Casino. Não nos
esqueçamos que eles tinham de fazer este género de música 1h30 todos os dias, durante
6 meses. Era necessário ter um reportório muito vasto, para não terem que se repetir.
O Fernando entretanto, ia trabalhando, gravando com o maestro Jaime Mendes
música para filmes na antiga Tobis, ou gravando discos com o maestro João Nobre, José
Mesquita Tavares Belo, Fernando de Carvalho, entre outros.
Depois de uma longa carreira que teve como executante, orquestrador e produtor
discográfico, achava muita graça quando se recordava dos moldes de gravação de
discos, nesse tempo. Estúdios, propriamente ditos, não os havia. Lembrava-se
perfeitamente de gravar com o maestro João Nobre e com o Max, num antigo teatro da
Costa do Castelo, o Teatro Taborda. Tinham tirado a plateia e assim havia espaço
suficiente para expor a orquestra. O gravador que se utilizava era em “fio de aço”.
Ainda não existiam os gravadores de fita magnética. Desta forma, toda a orquestra e
voz, gravavam ao mesmo tempo. Qualquer engano que existisse num instrumento ou no
cantor, tinham que gravar tudo de início, pois não havia “pistas” nem se podia “picar”.
Estes são termos e facilidades de gravação que hoje existem, e que naquele tempo, para
8
O Teatro Apolo inaugurou-se em 31 de Dezembro de 1896, com a representação de um drama
marítimo, cuja apresentação foi feita por uma modesta companhia. Era situado na Rua do Alvito, em
Alcântara, sendo construído por quatro sócios.
Passou a novo proprietário, que o reabriu a 17 de Outubro de 1897, numa empresa dirigida por Daniel
Alves, chamando-se então Teatro de Variedades. Fechou pouco tempo depois para nunca mais voltar a
abrir as suas portas.
9
O Teatro Avenida foi construído, nuns terrenos pertença de João Salgado Dias por iniciativa deste,
ligado a Alexandre Mó e a Ernesto Desforges e situava-se a meio da Avenida da Liberdade.
Inaugurou-se em 11 de Fevereiro de 1888, com as comédias, O Tio Torquato, de Alfredo Ataíde, em que
entrou Taborda e a comédia em 3 actos, De Herodes para Pilatos, tradução de Guilherme Celestino, com
a participação culminante de António Pedro. Foi seu primeiro empresário Ernesto Desforges, que em
Maio do mesmo ano, o arrendou a Alves Rente, para apresentação da sua companhia do Príncipe Real do
Porto.
Ao longo de quase oitenta anos, o Teatro Avenida conheceu, êxitos e insucessos. Muitos autores e muitas
artistas ali tiveram, com efeito, grandes êxitos, quer no teatro declamado (dramas, altas-comédias, farsas),
quer no teatro musicado (operetas, vaudevilles, revistas), êxitos que, transcendendo a época em que se
verificaram, ficaram na história do teatro português. Do que ele representara na vida teatral e social
lisboeta das últimas oito décadas ficaram porém, com montes de cinzas, feixes de recordações e se é com
recordações que se faz a saudade é igualmente, com recordações que se faz a história.
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os músicos e cantores, técnicos e produtores, eram simplesmente “tabu”. O primeiro
técnico com que trabalhou nestas condições foi com o Ribeiro da Valentim de Carvalho.
Mais tarde, também para a Valentim de Carvalho, disponibilizaram uma sala na Rua
Nova do Almada, por cima das lojas de instrumentos. O local de gravação já era outro,
todavia os meios técnicos, continuavam a ser os mesmos. Exactamente por estes meios
de gravação serem tão limitados, exigia-se dos músicos, dos solistas, dos orquestradores
e maestros, um grau muito elevado de competência. Hoje, os estúdios de gravação
podem ser equiparados a “laboratórios”. Fazem-se as mais diversificadas experiências,
sem estragar o que atrás ou à frente esteja feito. O Fernando, a este propósito,
costumava dizer: - “Muito eu gostaria de assistir a alguns músicos de hoje e
principalmente a muitos cantores actuais, gravarem discos nestas condições”.
Foi no período em que esteve no Casino da Póvoa do Varzim que o Fernando
comemorou os 21 anos. Nesse momento já era “maior” e muito mais responsabilidade
tinha sobre os seus ombros. Regressaram a Lisboa e desta vez, com outras perspectivas
para o futuro. O seu pai por um lado e ele por outro, tinham que seguir em frente na sua
profissão.
Passados poucos dias após a sua chegada, o trompetista José Magalhães convida-o
a fazer parte da sua orquestra que actuava no Cabaret Olímpia, na Rua dos Condes,
mesmo em frente do Cinema Odeon. Esta casa era dirigida pelo empresário José
Miguel, que foi também um grande empresário teatral.
1.4. ENTRADA NA ORQUESTRA LIGEIRA
DA EMISSORA NACIONAL
Mais tarde o José Magalhães perguntou-lhe se estava interessado em fazer parte da
Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, como violinista-concertino. O Fernando
recordou-se, de imediato, quando ainda era criança, de ouvir com o seu pai,
transmissões directas pela Rádio dos “Serões de Trabalhadores”, assim como também
programas emitidos em directo do “Estúdio A” da Emissora Nacional. Ouviu, muitas
vezes, o clarinetista Domingos Vilaça tocar temas do Benny Goodman.
Essa orquestra era constituída pela “fina flor” dos músicos portugueses e dirigida
por um homem de enorme competência, o maestro Tavares Belo10. Era uma orquestra
constituída, aproximadamente, por 40 elementos.
10
O maestro Tavares Belo nasceu em Faro em 20 de Novembro de 1911 e faleceu em Lisboa no ano de
1993.
Iniciou o estudo do piano aos 5 anos de idade. A sua estreia profissional teve lugar em 1929, com o
Orquestra do Clube Montanha, integrando a seguir a Orquestra Portugal, que actuava no antigo Maxime.
Em 1938 fundou a famosa Orquestra Tozelli, que dirigiu até 1946, ano em que assumiu a direcção da
Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, exercendo as respectivas funções até 1986. Foram quarenta anos
durante os quais desenvolveu uma intensa actividade de divulgação da música, dos músicos portugueses e
dos seus intérpretes, para além da sua actividade de compositor e orquestrador de notáveis recursos.
Pertencia desde 1973, aos órgãos directivos da Sociedade Portuguesa de Autores, de onde foi VicePresidente da Direcção de 1974 a 1976.
Tavares Belo foi distinguido pelo Presidente da República com o grau de Oficial da Ordem do Infante D.
Henrique e foram-lhe atribuídas as medalhas de Mérito Municipal da Cidade de Lisboa e Faro.
22
Logo após este convite os seus pensamentos atropelaram-no em vertiginosa
velocidade. Ficou paralisado. O seu cérebro bloqueou e não sabia o que pensar. O José
Magalhães olhava para ele, por tardar um pouco a responder-lhe. Finalmente diz que
sim, que teria muito prazer em aceitar o seu convite e pediu-lhe para lhe dizer a razão
desse convite. O José Magalhães explicou-lhe então que o Rafael Couto, concertino da
orquestra, ia ser transferido como solista para a Orquestra Sinfónica Nacional. Por outro
lado, o seu nome já tinha sido ventilado por alguns elementos da Orquestra Ligeira,
como violinista capaz de ocupar esse lugar, apesar de ser bastante jovem. É verdade,
apesar dos seus 21 anos, dos seus 70 quilos e de 1,74m de altura, tinha uma cara muito
miúda. Todas as pessoas lhe davam menos idade daquela que tinha.
Nessa noite, depois do trabalho, chegado a casa, já era muito tarde para contar aos
seus pais o convite recebido e a grande confusão que ia na sua cabeça. Na manhã
seguinte quando lhes conta, deram-lhe os parabéns por essa distinção e o seu pai, com
alguma preocupação, lá lhe disse para ter cuidado, porque ali estavam os melhores
instrumentistas portugueses e que não lhe iam desculpar a mais pequena falha. Por outro
lado, todos os dias trabalhava até às cinco horas da manhã. Além disso tinha durante o
mês algumas gravações em estúdio para discos.
Era na realidade uma grande responsabilidade, mas já nessa altura ele gostava de
desafios. Aliás, toda a sua vida como profissional, tinha sido sempre um desafio. Nunca
gostou que lhe dissessem, como já o afirmámos atrás, que não era capaz. Em certos
sectores da sua vida profissional, foi um autentico auto-didacta. Aprendeu muito a ver e
a ouvir, não havendo melhor crítico do que fazia, que ele próprio. Era esse talvez o
motivo porque ficava terrivelmente surpreendido, quando anos mais tarde, quando
encetou a sua carreira como orquestrador, produtor discográfico e chefe de orquestra,
quase todos os cantores e cantoras, inclusive músicos, lhe perguntarem se o seu trabalho
estava bem.
No dia e hora marcada pelo José Magalhães apresentou-se no “Estúdio A” da
Emissora Nacional, na Rua do Quelhas, para a sua estreia como violinista-concertino na
Orquestra Ligeira. Quando entrou no estúdio cumprimentou muitas colegas que já
conhecia e foi apresentado aos restantes. Quando o maestro Tavares Belo entrou no
estúdio foi o próprio José Magalhães que o apresentou ao maestro. Este olhou para ele,
fitou-o durante segundos e perguntou-lhe com um certo ar de troça, se se sentia bem. O
Fernando, com resposta disse-lhe: - “Maestro tenho a firme certeza que caí no “covil
dos leões”. Ele riu-se, compreendendo a sua frase e conversaram sobre várias coisas
durante algum tempo, chegando o Fernando à conclusão que o maestro gaguejava
bastante. Ora como ele também padecia um pouco desse mal, achou por bem avisar o
maestro, não fosse ele pensar que ele o estava a imitar, ou a fazer pouco da sua gaguez.
Entretanto o Tavares Belo convidou-o a sentar-se no lugar que lhe competia, que era a
“primeira estante” do lado de fora e logo a seguir pediu silêncio à orquestra para o
apresentar a esta.
Este tinha um defeito que o acompanhou toda a vida; quando se enervava,
começava a tremer-lhe as pernas. Se não estivesse já sentado, com certeza que teria
caído ao chão. Nunca na vida se tinha sentido assim. É estranho, mas foi verdade. Sabia
perfeitamente que ia ter, aproximadamente, 80 olhos e 80 ouvidos nele. O ensaio
começou, que era mais um dos tradicionais programas ensaiados e gravados em estúdio,
para transmitir dois dias mais tarde. Praticamente consistia em acompanhar
cançonetistas, cantores líricos, um ou outro grupo vocal e sempre um ou dois números
de orquestra.
23
Para melhor se entender o que daí a pouco aconteceu, talvez seja bom referir,
novamente, que o Fernando era muito bom como leitor musical “à primeira vista”.
Quando ele tocava a música existente num compasso a visão já estava a ler os dois ou
três compassos seguintes. Quando olhava para uma folha de papel de música escrita, em
breves segundos conseguia ler toda a música. Quando existe mais que uma folha é
aconselhável ler todas essas folhas, para não haver surpresas com alguma “passagem”
ou “divisão” mais estranha. Todavia, neste caso, não foi isso que aconteceu. O Fernando
só leu a primeira página e não viu as outras. Começaram a ensaiar o número da
orquestra e o seu colega de estante, que era o violinista Castro Rodrigues, voltou a
página, apareceu no segundo compasso a palavra “solo”. O “solo” começava com uma
semibreve ligada para uma mínima. Era a primeira vez que ele ia mostrar ao maestro
Tavares Belo o que sabia fazer, assim como a toda a orquestra. Não soube o que se
passou com o seu sistema nervoso. Soube que atacou a “nota” e o braço do arco
começou a tremer tanto, que o arco caiu-lhe ao chão. O ensaio parou. O Tavares Belo
sorriu, olhou para ele e toda a orquestra ria, olhando a sua atrapalhação. O maestro
aproveitou esta cena para fazer intervalo. Foram para o hall do estúdio fumar um cigarro
e muitos colegas e o própria Tavares Belo diziam-lhe para ele não se preocupar, porque
foi derivado ao primeiro impacto. A sua atitude só mostrou o grau de responsabilidade
que tinha e ao mesmo tempo, o grande respeito por aquela orquestra. O que tinha
acontecido ali só mostrava o seu bom carácter.
Voltou-se ao ensaio com o mesmo número. O Fernando tocou o solo e quando
terminou foi saudado com uma salva de palmas. Era exactamente como Tavares Belo
tinha dito. Foi o primeiro impacto e agora já tinha passado.
Foi nessa altura que iniciaram a carreira artistas, como Simone de Oliveira,
Madalena Inglésias, António Calvário, Artur Garcia, Maria Fernanda Soares, Maria de
Lourdes Resende, Margarida Amaral, o grupo vocal “4 de Espadas” com o Paulo
Alexandre, o sexteto vocal feminino, o cantor José António, Mariete Pessanha, Gina
Maria, Alice Amaro, Lina Maria e muitos outros que saíram do “Centro de Preparação
Artística da Rádio”, dirigido pelo professor Mota Pereira.
A Orquestra Ligeira e alguns artistas actuavam semanalmente para o publico nos
tradicionais “Serões de Trabalhadores” no Liceu Camões, e também muitos foram
realizados na Voz do Operário. Aconteceu também, de vez em quando, toda a orquestra
e alguns intérpretes fazerem este mesmo espectáculo em várias localidades do País.
O maestro Tavares Belo era o principal e único director da Orquestra Ligeira.
Como assim dirigia todos os “Serões de Trabalhadores” e fazia um ou dois programas
por mês, gravados em estúdio. No entanto todos os meses havia um maestro convidado
a fazer o programa. Tocou muitas vezes sob a direcção do Fernando de Carvalho11, Belo
11
O compositor e maestro, Fernando de Carvalho, nasceu em 5 de Fevereiro de 1913 e faleceu a 18 de
Agosto de 1967.
Era membro da Sociedade de Escritores e Compositores, havendo nela desempenhado, no triénio de 1959
a 1962, o cargo de secretário-geral do seu Conselho-Director.
Fernando de Carvalho nasceu com vocação musical. Aos quatro anos já trauteava áreas de ópera. Aos oito
anos escreveu a primeira composição. Aos vinte, iniciava na revista Tip-Top, escrita por Acácio de Paiva
e Erico Braga, a sua carreira de compositor profissional, revista essa estreada no Teatro da Trindade.
Daí para a frente foi um trabalho constante. Compôs música para vinte e tantas operetas, cento e tantas
revistas, uma dezena de filmes (ao todo mais de duas mil canções, muitas delas de invulgar êxito). E
Fernando de Carvalho não se limitava a compor infatigavelmente: era também um constante director de
orquestras. Viveu toda a sua vida para a música. Morreu com cinquenta e quatro anos.
24
Marques12, Ferrer Trindade, Joaquim Luís Gomes13 e Elvira de Freitas, filha do
Frederico de Freitas.
Fez parte dessa orquestra durante 11 anos, não deixando nunca de trabalhar à
noite. Aliás não era só o seu caso, pois havia alguns elementos da Orquestra que
também estavam nas mesmas condições, inclusive o José Magalhães, responsável pela
sua ida para a orquestra. Quando o convidavam para outro lado, com melhores
condições financeiras, a sua primeira preocupação era, principalmente ao Sábado,
chegar um pouco mais tarde, pois tinha “Serão para Trabalhadores”. Nunca ninguém lhe
levantou problemas.
Durante todos esses anos não conseguia dar uma sequência exacta das casas onde
trabalhou, mas sabia onde e com quem tinha tocado. Depois de estar no Cabaret
Olímpia, recebeu o convite para tocar no Bico Dourado que ficava na Rua da
Misericórdia. Os seus colegas eram o pianista António Bastos (Bastinhos), o baterista
Luís Costa Pinto (irmão do maestro Jorge Costa Pinto), o saxofonista Félio Grevi e o
vocalista Martins.
O seu pai já há muito tempo que tinha comprado uma guitarra-eléctrica para no
trabalho profissional dele tocar umas melodias. O Fernando conhecia minimamente a
escala da guitarra (viola), porque quando começou a aprender bandolim, o seu avô
paterno, nas várias visitas a casa do filho em Lisboa, acompanhava o neto à viola. Tanto
o seu avô como o seu pai, tocavam bem viola e bandolim. Daí o seu avô desejar que ele
o acompanhasse à viola quando ele tocava bandolim. Para que tal acontecesse foi
12
Belo Marques era conhecido por "o rapaz do violoncelo" pela tertúlia do Café Gelo, no Rossio, mas o
grande público recordá-lo-á mais pela autoria de canções como Grão de Arroz, Alcobaça ou Feia.
Canções que, ironicamente, foram necessárias ao maestro José Belo Marques para sobreviver, já que a
sua ambição era a de ser compositor sinfónico...
Nascido em Leiria em 1898, considerado "menino prodígio" por dominar já vários instrumentos aos treze
anos, após quatro anos de estudo, José Belo Marques não teve uma formação musical convencional. De
facto, aos 16 anos actuava no Casino Mondego, na Figueira da Foz, onde conheceu o seu mentor João
Passos, igualmente violoncelista e que o ajudou a escolher aquele instrumento. Em 1918 tornava-se
músico profissional nos paquetes e viajou até 1929, só nesse ano se fixando em Lisboa onde iniciou
estudos mais tradicionais. Pelo meio, ia sempre escrevendo obras sinfónicas, mas a dificuldade de
sobreviver com estas composições levou-o a aceitar o convite da Emissora Nacional, em 1935, para se
juntar aos seus quadros. Dessa primeira estadia na estação de rádio, que durou três anos, ficou célebre a
sua orientação do quarteto vocal de Mota Pereira, Paulo Amorim, Guilherme Kjolner e Fernando Pereira.
Em 1938 foi para Moçambique, de onde regressou à Emissora Nacional em 1941, para abraçar
definitivamente a canção popular, formando a Orquestra Típica Portuguesa e dirigindo a Orquestra de
Variedades (cuja direcção passa a Tavares Belo em 1946) e o Centro de Preparação de Artistas. É
contudo, posterior a toda esta carreira a sua composição mais conhecida, Alcobaça, com letra de Silva
Tavares, criada por Maria de Lurdes Resende nos finais dos anos cinquenta e que - como disse em tempos
- lhe pagou a casa que construiu em Arruda dos Vinhos. Escreveu igualmente marchas populares e criou
música para uma vintena de revistas e meia-dúzia de filmes, tendo assinado cerca de sete centenas de
canções. Retirou-se do olhar público na década de sessenta. Faleceu em 1986.
13
Joaquim Luís Gomes nasceu em 1914 em Santarém.
Aos 18 anos entrou para o Batalhão de Caçadores 5, onde tocava clarinete e onde esteve durante oito
anos.
Também trabalhou na Emissora Nacional. Compôs e orquestrou canções como "Desprendimento", "Olhos
Verdes" ou "Nostalgia". Foi o orquestrador da canção Desfolhada Portuguesa.
Trabalhou com artistas como Amália, Maria de Lourdes Resende, Francisco José, Rui de Mascarenhas,
Paulo Alexandre, Tony de Matos, Carlos do Carmo, Simone de Oliveira ou Fernando Tordo.
Escreveu obras para orquestra sinfónica, harpa e piano, com destaque para "Pérolas Soltas", "Abertura
Scalabitana", "Abidis", "Sonata em Mi Bemol" (para piano) e "Mar Português".
Foi ainda autor das bandas sonoras dos filmes "Passagem de Nível" ou "Justiça dos Céus.
Em 1995 e 2005 foi homenageado pela Sociedade Portuguesa de Autores que o considerou "uma das
figuras mais marcantes da música portuguesa no século XX". Faleceu no dia 23 de Julho de 2009.
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necessário que o seu avô lhe ensinasse algumas posições, assim como o nome dos
acordes. Tinha umas luzes muito concretas da escala da viola.
Numa conversa com os colegas do Bico Dourado ele diz-lhes que tocava um
pouco viola. Foi logo assaltado por inúmeras ideias, dadas por eles, em que ele tocando
guitarra-eléctrica iria beneficiar imenso o trabalho do conjunto. Ele, como sempre
adorou mais este desafio musical, passada uma semana tinha comprado uma guitarra
Ofner e um amplificador Meazi. Além de meia dúzia de acordes que tinham sido
ensinados pelo seu avô e seu pai, ninguém mais lhe ensinou nada sobre guitarraeléctrica. Durante duas semanas estudou o instrumento em casa, transpondo para a
guitarra toda a técnica do violino. O mais difícil era a sincronização da mão direita (com
a palheta) com a mão esquerda.
Este instrumento tinha para o Fernando uma variante que o apaixonava e que
sempre o seduziu desde os tempos em que ele estudava piano. A guitarra, além de ser
um instrumento melódico, era essencialmente um instrumento harmónico. E a harmonia
sempre o apaixonou. A harmonia, para ele, é a maior beleza que uma melodia pode ter.
Entretanto começou a tocar algumas músicas com guitarra no Bico Dourado e com
o praticar e estudar, passado algumas semanas já tocava mais tempo guitarra que
violino. A guitarra é um instrumento que se adapta a qualquer género de música e como
tal o violino era mais usado em esquemas de música lenta, ou então para acompanhar
variedades.
Esteve alguns meses no Bico Dourado e em determinada altura teve um convite do
José Mesquita, que já estava em Portugal, para trabalhar com ele no Restaurante-Boite
do Hotel Tivoli, que ficava no último andar. Tocavam ao jantar música semi-concerto,
das 21 horas até às 22h30.
1.5. MULHERES
No bengaleiro do Bico Dourado havia uma empregada jovem e bonita, chamada
Celeste, com quem teve uma relação durante algum tempo. Foi também no Bico
Dourado que conheceu a mulher com quem veio a casar mais tarde. Essa mulher tinha
dez anos mais que o Fernando.
Apesar de, desde os 16 anos, trabalhar nestes ambientes de boites e cabarets e ter
sido para ele muito fácil a ligação íntima com muita mulher, ele continuava a ser muito
inexperiente nesta matéria. Era aquilo que ele costumava chamar-se de “Pinga-Amor”.
Apaixonava-se muito facilmente por várias mulheres ao mesmo tempo. Para ele a
música estava acima de tudo e logo a seguir, mulheres e de uma maneira geral mais
velhas. “Só assim realmente conseguia aprender qualquer coisa”, dizia. Só que levou
muito tempo a aprender. Por outro lado e não sabendo bem porquê, todas as mulheres
com quem se ligou: - cantoras, bailarinas ou actrizes, eram sempre casadas ou
companheiras de alguém.
A ligação com a mulher com quem iria casar, era cada vez mais forte. Ela morava
num andar da Rua Maria Andrade e aí passou a ser o seu local preferido de dia e de
noite. Os seus pais não gostavam dessa sua ligação e mais tarde veio a compreender que
tinham razão.
O Fernando casou-se. Os padrinhos do casamento foram o Manuel Serrano e
esposa. Casou no Registo Civil de Arroios e a seguir foram almoçar a um restaurante
em Almada, perto do Cristo Rei. Os seus pais desconheciam que ele tinha casado.
Quando souberam, principalmente para o pai, foi o maior desgosto da sua vida. Sobre
26
este assunto, damos a palavra ao Fernando: - “Nós, quando jovens, a maior parte das
vezes não damos crédito aos conselhos dos pai, acontecendo mais tarde o quê? – A triste
verdade de que eles é que estavam certos e a longa estrada que percorremos toda a vida
com este remorso e arrependimento. Muitas vezes aqueles que mais amamos são
precisamente esses que mais ferimos. Sinceramente não sei se é por ignorância,
inexperiência ou até estupidez. Uma coisa eu sei que é certa, é precisamente com os
nossos erros que vamos aprendendo a ser melhor pessoa e ter a cautela necessária para
não voltar a repetir. Só que depois do facto consumado e da asneira feita e por mais
cuidados que existam pela vida fora não deixamos de nos penitenciar e de não esquecer
o desgosto que causamos a alguém.”
Depois deste casamento conheceram-se duas fugazes uniões, não oficializadas.
1.6. O GRANDE AMOR DA SUA VIDA
A sua grande relação ainda estava para acontecer. Numa das suas várias
deslocações de vinte dias aos EUA, como director musical da orquestra que
acompanhava Carlos do Carmo, em actuações por esse país, conheceu em 1983, a
mulher que viria a ser a sua segunda esposa, uma pessoa também ligada à música como
intérprete, chamada Olívia Rodrigues. A Olívia vivia nos Estados Unidos e era, na
altura, convidada para fazer a primeira parte da actuação dos grandes artistas que iam de
Portugal para ali actuarem, como foi o caso do Carlos do Carmo, do Duo Ouro Negro,
do Tony de Matos e de muitos outros.
Antes da chegada do Carlos do Carmo, um amigo comum de ambos, o fadista
Jorge Quaresma, com quem Fernando Correia Martins já tinha trabalhado conhecia bem
o Fernando e a sua reputação em relação às mulheres, após o espectáculo alertou a
Olívia que com o Carlos do Carmo vinha o maestro Fernando Correia Martins e que ela
tinha que ter cuidado, pois ele com as mulheres era fogo. Olívia não ligou nenhuma.
Nessa tournée o empresário pediu à Olívia, no primeiro dia, para os ir buscar ao
restaurante e os levar ao hotel. Jantaram juntos e a Olívia ia acompanhada do seu filho
que teve do primeiro casamento. O filho vivia com ela e praticava Karaté e já tinha um
corpo de atleta. Tinha 16 anos mas já aparentava ter mais idade. O Fernando tinha
desabafado para os amigos: - “Eh lá, isto deve ser um namorico”. A seguir
apresentaram-na como a primeira pessoa que ia fazer a primeira parte do espectáculo.
Olívia lá os foi levar ao hotel e a partir daí começaram a encontrar-se várias vezes. E
logo a seguir ou segundo ou terceiro encontro, sentiram que havia uma química muito
grande a envolvê-los.
Depois havia dias que não havia espectáculos e o Fernando pedia-lhe para o ir
buscar ao hotel para darem uma volta, uma vez que a Olívia conhecia muito bem aquela
zona onde viviam portugueses e assim, o namoro foi inevitável. Para ambos foi «amor à
primeira vista».
Nem o Carlos do Carmo nem os músicos que o acompanhavam lhe disseram que o
Fernando tinha uma ligação em Portugal, mas o seu sentimento era tão forte que
passados 15 dias, após o término da digressão, estava em Portugal, a pedido do
Fernando.
Para além do amor que a unia ao Fernando, a Olívia tinha um sonho grande, como
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cantora, o de conhecer o ambiente artístico português.
A pessoa com quem o Fernando vivia na altura era uma corista do Teatro Adoque,
de forma que quando a Olívia chegou ao aeroporto de Lisboa o Fernando levou-a para o
Hotel Príncipe. Esteve três meses nesse hotel e nesse tempo, o Fernando só ia a casa de
vez em quando, regressando sempre ao hotel depois das actuações com o Carlos do
Carmo.
O Fernando e a Olívia saiam todas as noites e dizia-lhe: -“Se vieste para Portugal
vais ter que aprender tudo de novo: a cantar, a vestir, a estar em palco; a escolher bons
poemas e boas músicas”.
Foi começar tudo de novo para a Olívia.
Quando a Olívia soube da relação amorosa do Fernando voltou para os Estados
Unidos e 15 dias depois, o Fernando foi lá para a ir buscar, pois já tinha resolvida toda a
situação anterior. A Olívia veio e desta vez, foi já para a casa do Fernando, onde ainda
hoje se encontra, sita na Rua Conde de Monsaraz.
A mãe do Fernando que não tinha gostado das relações anteriores do filho e que
estava ao corrente de tudo, pois este desabafava tudo com a mãe, quando viu a Olívia
gostou logo dela, pois viu nela algo de diferente das outras e a vida em família foi
sempre de um enorme respeito, misturado com muito amor entre os três.
A relação com a mãe do Fernando não foi perturbadora. A Olívia vinha de uma
vida artística dos Estados Unidos e Canadá, completamente à vontade. Não tinha que
dar satisfações a ninguém. Os seus pais sempre lhe deixaram fazer a vida que ela
entendesse. Sempre a ajudaram, sempre a acompanharam, sempre a admiraram muito,
principalmente o seu pai, porque ela se fez na carreira aquilo que ele gostaria de ter
feito. De maneira que quando os seus pais souberam desta relação foi um choque
tremendo, porque a Olívia tinha feito um casamento, casamento esse que ainda não
estava divorciada e as pessoas, nessa altura, tinham a ideia de que o casamento era para
toda a vida. O seu pai ouviu dizer que o Fernando tinha 46 anos e a filha tinha 33 e tudo
aquilo era complicado para ele, só que o Fernando era uma pessoa muito elegante,
muito culto, muito sábio e a Olívia precisava de encontrar alguém com essa força, esse
potencial. Depois, quando chegou a Portugal, constatou que o Fernando tinha todo esse
peso e respeito no meio artístico, no meio musical e foi-o registando, no fundo da sua
alma, com muito amor, porque praticamente não estavam um sem o outro.
Com esta união toda a sua vida se transformou para melhor. O Fernando
continuou a sair com a Olívia e este a apresentá-la a toda a gente. Na altura com muitos
projectos e trabalhos a nível de televisão.
Quando a Olívia chegou o Fernando trabalhava muito com a Simone de Oliveira.
Fazia muitos espectáculos no Piano Bar, onde o Fernando a acompanhava só com a
viola acústica.
A Olívia chegou aqui ao sector mais alto do meio artístico, na companhia do
Fernando e a sua vida mudou completamente, com a sorte de estar apaixonadíssima pelo
Fernando e este muito preocupado com tudo o que se relacionava com a mulher. Era um
homem que a protegia de tudo. Tudo o que ela fazia ele estava sempre com os olhos em
cima: - como estar numa mesa, como estar com outras pessoas, como estar em palco,
como se cultivar, etc.
Três anos depois da Olívia estar aqui, a mãe do Fernando começou a ter imensos
problemas de saúde motivado por causa do cigarro. Era uma pessoa que fumava muito e
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quando fumava mais do que devia, deixava de ter oxigénio no cérebro e deixava de
saber o que fazia. A Olivia ajudou o Fernando no que podia e sempre esteve ao seu lado
em todas as situações.
Após três anos de estar aqui a Olívia chegou a perguntar-se: -“Afinal o que é que
eu vim buscar?”. Mas, ela sabia que não tinha vindo só buscar o marido e como gostava
tanto dele, tudo aceitou de bom grado, até à morte da sogra, ocorrida em 1986.
Após a morte da mãe o Fernando viu-se muito sozinho e das primeiras coisas que
quis fazer foi casar com a Olívia, tornando-se a relação entre ambos ainda mais forte,
mas o casamento para o Olivia não era o mais importante, pois vinha de um divórcio e
isso só acontece anos mais tarde novamente por pedido do Fernando em 1997. O
Fernando continuou com muito trabalho e a pedir sempre a opinião da sua querida
esposa. Viajaram muito. Foram aos Açores, a França, Estados Unidos e Canadá por
várias vezes.
“Foi uma relação muito apaixonada”, nas palavras da Olívia, “um homem que a
protegia de tudo e qualquer coisa”, acrescenta. As pessoas que conheciam bem o
Fernando eram unânimes em afirmarem que ele era um homem completamente
apaixonado e que, por isso, a partir daí os temas das suas melodias eram completamente
diferentes.
A Olívia lembra-se do Fernando quando preparou os temas musicais para A
Severa, da produção do empresário Sérgio de Azevedo, ela tinha perdido a mãe há
pouco tempo, em 1989, com cancro de mama detectado em1988 e nesse ano foi o ano
que a Simone de Oliveira foi operada ao peito e a Olívia estava de rastos, mas o
Fernando foi sempre uma pessoa que a acompanhou e que foi com ela aos Estados
Unidos. Ele tinha uma admiração muito grande pelos seus sogros e quando ele fez esses
temas para A Severa, em que o Carlos Zel cantava dois, bem como a participação do
Carlos Quintas e do José Viana, a Olívia lembra-se de haver pessoas lá que diziam que
só um homem apaixonado podia escrever música assim. A Olívia confidencia-nos que
“sempre onde quer que o Fernando estivesse, com o olhar dele a envolvia, a protegia e
ela sentia-se uma mulher completamente privilegiada. Entrar num lado qualquer, de
braço dado com o marido, era um gosto enorme. A minha família tem recordações do
meu marido encantadoras. Todos, para ele, eram queridos. Chamava-lhes meus amores
a todos. Muito temperamental, muito sentido, mas muito apaixonado. Era um homem
que tinha sempre frases bonitas para dizer a uma mulher, para dizer a uma pessoa
amiga, para dizer à família”.
A Olívia foi mãe aos 16 anos. O seu filho Tony nasceu em França e depois foi
para os Estados Unidos com a mãe. Na escola também estudou piano. Quando o
Fernando chega aos Estados Unidos, em 1983, o Tony ia tocar, pela primeira vez, piano
no espectáculo onde entrou o Carlos do Carmo. Estava tão nervoso nesse dia que o
Fernando chamou a Olívia de lado e diz-lhe: - “Qual é a mãe que põe um filho a tocar
em cima de um palco tão nervoso como ele está?”.
A ligação do Tony com o Fernando era como se fosse de um pai para filho, ao
ponto do Tony ter pelo Fernando uma ligação e uma adoração como nunca teve com o
próprio pai, porque com o Fernando podia falar de tudo. Como o Tony tem uns ouvidos
musicais extraordinários o Fernando mostrava-lhe as coisas e era o Tony que o ajudava
no computador. Mesmo vivendo em França, por intermédio do Skype do computador
era o Tony que ajudava o Fernando nas gravações.
Quando a Olívia conheceu o Fernando o Tony ainda chegou a morar com eles em
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Portugal. Nessa altura o Fernando diz-lhe que se ele quisesse seguir a música teria que
estudar 12 horas por dia, as mesmas que o pai do Fernando o obrigou a ter. Mas o Tony
não estava para aí virado e isso lhe dificultava os seus passeios e os seus namoros. De
forma que o Tony um dia decidiu ir para França ter com o pai, onde este tinha uma
empresa de construção civil, actualmente dirigida pelo Tony, com 12 empregados e uma
boa carteira de clientes.
Do casamento de Tony nasceram três netos. O Gabriel, com 14 anos, que chegou a
ter aulas de guitarra com o Fernando, a Cassandra, com 11 anos, que estudou piano, mas
que actualmente prefere a dança e o Matias, com a idade de 6 anos.
A relação do Fernando com a Olívia durou 26 anos e segundo ela, sempre
sentiram um pelo outro aquilo que sentiram desde o início do seu relacionamento.
Ao lhe pedir umas últimas palavras neste campo e lhe pedir que me ajudasse a
encontrar o sentido certo da dor que é a partida de um ente querido, a Olívia
pronunciou-se desta forma magnífica: “As pessoas que vão ler esse livro, as que me
conhecem, têm conhecimento das minhas ideias espirituais, até porque eu nunca as
escondi. Sabem aquilo que eu sinto e sabem que eu choro imenso. Chamo muito por ele.
Não deveria. Tenho muitas saudades dele, porque eu fui uma mulher muito amada por
este homem e foi realmente o homem que eu quis na minha vida. Eu tive o homem que
eu gostaria de ter na minha vida. Eu queria realmente estar no meio musical e
apaixonei-me por um homem que a nível musical, a nível de amor, a nível de paixão, de
cumplicidade era diferente de todas as pessoas que conheci. Nós éramos o oposto. Ele
dizia uma coisa e eu dizia – não é assim Fernando. Não faças assim em relação à
pessoa. Não deixes que a pessoa te diga isto. Depois parava, ia pensar e dizia: - se calhar
tens razão. Nunca dizia está bem. Assim como ele, em relação a mim, também não.
Evidente que eu tinha esse à vontade com o Fernando.
Eu sei que ele foi para um sítio para onde todos nós vamos estar e todos vamos
partir. Não somos eternos aqui. Tenho imensas saudades por ele não estar aqui. Tenho
uma casa completamente vazia. Tudo aquilo que construímos e que ainda queríamos
construir. Viagens. Pensámos fazer uma viagem sem destino. Era uma coisa que ele
adorava. Sem tempo, sem datas. Tínhamos ainda muito para fazer. Sei que a minha
carreira com este homem teve outro impulso. Eu sentia-me completamente à vontade.
Se estava num palco sabia que ele estava a tomar conta de tudo. Ele escolhia o meu
reportório. Se ia para a província era diferente. Se as coisas corriam muito bem era o
primeiro a dizer-me -“Estiveste bem, gostei de ver”. Ele era um homem muito crítico,
até em relação aos seus trabalhos. Os cantores e músicos deste país e não só, pois ele
chegou a acompanhar Júlio Iglésias, Gilbert Becaut, Clif Richard e outros que agora não
me vem à memória sabem do seu profissionalismo. Era exigente com todos com quem
trabalhava. A primeira coisa quando ia à televisão e fui convidada para mais de 55
programas de televisão, a crítica que eu tinha mais medo era sempre a do meu marido,
no bom sentido, porque era uma crítica que ia aos pormenores todos.
Espiritualmente ele está sempre comigo. Eu sinto a sua vibração, sinto que me está
a proteger. Sinto o seu trabalho e a sua paixão pela música, porque realmente, mulher eu
sei que fui a sua paixão, sei que fui o seu grande amor, mas o seu amor maior foi
realmente a música, porque este homem era capaz de se deixar estar, 3, 4 ou 5 horas, a
descansar ao lado da sua mulher, para estar a fazer algo, para responder a um
compromisso e porque ele adorava isso. A juventude do meu marido era fazer aquilo
30
que mais amou na vida. Ele nasceu para ser músico, ele nasceu para ser o homem que
foi.
Espiritualmente choro a saudade. Ainda vou ao cemitério. Eu sei que ele não está
lá. Se eu me iniciei e procurei o caminho espiritual, também foi ele que detectava em
mim certos e determinados sintomas. E dizia-me: - “Tens que procurar o caminho
espiritual e tens que ir aqui e tens que ir acolá”. Foi ele que me empurrou para eu abrir
mais a mente para esta caminhada que é a nossa passagem por aqui e dificilmente eu
vou esquecer este homem. Não é possível esquecer e nem penso nisso. De qualquer das
maneiras o que eu sei é que um dia vamos estar do outro lado. Aquilo que eu pretendo
agora é chorar o menos possível. Eu choro de saudade. Eu sei que ele não morreu. Eu
sei que ele não fica ali. Eu sei que ele já está a trabalhar noutro sítio. Já está a tocar para
outro nível. Até um dia meu querido marido e que Deus te Abençoe. NAMASTÉ”.
31
2. UMA LONGA E CONCEITUADA CARREIRA
“Milhares de pessoas cultivam a música;
poucas porém têm a revelação dessa grande arte”.
Ludwig Van Beethoven
32
2.1. DO CLUBE MAXIME AO TEATRO
Conforme já o referimos o maestro Fernando Correia Martins teve a sua estreia
como músico profissional, aos 16 anos, como violinista, no Clube Maxime, em Lisboa,
através da Orquestra de José Mesquita, seguindo com essa orquestra para Espanha, onde
fez uma temporada numa das salas mais notáveis de Madrid.
Em finais de 1956 e início de 1957, o Fernando e o pai, numa deslocação à
Madeira, para actuarem no Casino daquela ilha, criaram o grupo “Correia Martins, Filho
e seu Conjunto”.
Foi um enorme impacto a sua permanência na ilha da Madeira. Nos diversos
recortes de notícias que consultei sobre esta digressão, fiquei com a certeza que a
maioria das pessoas ficaram deslumbrados com a interpretação do Fernando. No “Diário
de Notícias” do Funchal, edição de 8 de Janeiro de 1956, dizia que: -“Põe-se muito
gostosamente em evidência a felicíssima actuação do esperançoso violinista Correia
Martins (Filho), pena de virtuosismo e de interesse, numa demonstração magnífica da
sua extraordinária inclinação musical. Um dos solos interpretados bastou para dar a
todos os presentes uma ideia precisa do valor do jovem músico, a quem deve estar
reservado, por certo, uma carreira deveras brilhantíssima.” E continuando terminava
dizendo
que: - “Este afamado grupo musical teve a seu cargo, além dos
acompanhamentos, alguns números que foram primorosamente executados, sendo
muito apreciado o talentoso violinista Correia Martins, que foi justamente destacado nos
aplausos que premiaram todas as interpretações dos componentes da orquestra.”
No alinhamento dos espectáculos apresentaram duas novidades musicais: - LUAR
DO FUNCHAL, com versos e música de Correia Martins e criação de Catalina Valero e
ILHA DO FUNCHAL, música de Correia Martins, Filho, versos de Jerónimo Bragança,
com criação de Júlia Barroso, apresentada aqui em estreia absoluta, merecendo nas
diversas assistências calorosas salva de palmas. Estes temas tiveram honras de
publicação em vários jornais da Madeira, como o “Eco do Funchal” e no “Diário de
Notícias”, do Funchal.
A constituição do conjunto era a seguinte: Correia Martins, Filho, como Violinista
Solista e Guitarra Eléctrica; Carlos da Rocha Pires, 1º Pianista; Correia Martins,
Acordeão, Contrabasso e 2º Pianista; Floriano Silava, Violino, Contrabaixo e Bateria e
Abreu Moreira, como Vocalista e Ritmos.
Daqui seguiram para o Cairo, onde as suas actuações foram um forte êxito.
33
Na década de setenta, tem um contacto muito acentuado com o teatro, começando
como autor de música para a peça infantil, O Cavaleiro sem Medo, de autoria de
Francisco Nicholson, levada à cena no Teatro ABC, numa produção do conceituado
empresário Sérgio de Azevedo.
Esta peça inaugurou o “ABCINHO”, estrutura teatral infantil, criada pelo Sérgio
de Azevedo, para contemplar o público infantil. A encenação coube a Maria do Céu
Guerra, uma grande senhora do teatro. Sérgio de Azevedo empenhou-se na divulgação
desta área artística como se se tratasse de teatro para adultos e o êxito foi muito, muito
considerável. Foi uma experiência de enorme importância que o 25 de Abril de 1974
viria deitar por terra.
Correia Martins em parceria com Braga Santos, eram os responsáveis de uma
produção com um elenco de peso, com nomes como Pedro Machado, Helena Isabel,
Joel Branco, Maria Tavares, Luís de Mascarenhas e Nuno Emanuel. A aposta estava
ganha. Autores e intérpretes tinham dado o melhor, de tal forma que logo a seguir,
Sérgio de Azevedo, estreia nova peça, Batatinha e Casacão, de autoria do Pedro
Pinheiro, onde o próprio desempenha o papel de protagonista.
A convite deste empresário, Fernando Correia Martins vai continuar, ate 1974
neste teatro, mas agora criando músicas para um novo estilo teatral, o do teatro de
revista à portuguesa.
Em parceria com o Pedro Osório e Braga Santos, dão vida musical aos textos
escritos por Francisco Nicholson, Gonçalves Preto, Mário Alberto e Nicolau Breyner.
P’ró Menino e P’rá Menina foi uma revista que ficou na memória dos espectadores
atentos e entendidos nesta área, com lotações esgotadas durante meses. Um elenco de
luxo defendeu-a com um trabalho extremamente válido, com destaque para Nicolau
Breyner, Anabela, António Montês, Io Apoloni, Mariema e Victor Espadinha.
Quando em Portugal se deu a Revolução do 25 de Abril de 1974, o Teatro ABC
tinha em cena a Revista, Tudo a Nú, cuja parceria musical e de textos era a mesma da
produção anterior, excepto o nome de Nicolau Breyner. Em 31 de Janeiro de 1974 era
divulgado no Diário Popular que já tinham assistido 170 000 pessoas a esta produção.
Depois do 25 de Abril esta revista passou a designa-se de, Tudo a Nú Com Nova
Parra. A ela estiveram ligados os mais conceituados actores portugueses, como Aida
Baptista, Henrique Mendes, Francisco Nicholson e Anabela, que interpretou o seu
“Charlot”, numa esplêndida interpretação mímica, considerada das melhores criações da
sua carreira.
Em 1974 faz parte duma equipa de forte espírito revolucionário, que está por
detrás da criação da Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, responsável pela
edificação do Teatro Adoque que, entre exposições, peças infantis e revistas, teve um
notável exemplo até ao fim dos seus dias, que aconteceu por volta de 1982. Destes
obreiros da mudança estética, faziam parte nomes como: Correia Martins, Francisco
Nicholson, Gonçalves Preto, César de Oliveira, Ferro Rodrigues, Magda Cardoso, José
Carlos Ary dos Santos, Joaquim Pessoa, Mário Alberto, Henrique Viana, Artur Semedo,
Braga Santos, Maria Helena Reis, António Montez, Ermelinda Duarte e Joaquim Luís
Gomes.
Estas pessoas criaram uma nova sala de espectáculos, à força de muito trabalho e
teimosia, sem apoios estatais, mas com uma vontade imensa da sala não cristalizar em
fórmulas e se revigorar e enriquecer. Ary dos Santos, dizia no lançamento do Jornal
Adoque, lançado no âmbito de “A Grande Cegada”:
34
- Agora sim, fiz revista
sem empresários mandões.
Só pode ser progressista
a revista sem patrões.
Dos treze espectáculos de revista, estreados entre 1974 e 1982, o Fernando
participa na parceria musical de cinco: Pides na Grelha (primeira produção, 1974), A
Grande Cegada (1976), A Paródia (1977), Paga as Favas (1981) e Tá Entregue à
Bicharada (1982).
Segundos a opinião de Luiz Francisco Rebello, A Paródia, estreada em Fevereiro
de 1977, foi considerada a melhor revista desta cooperativa, cuja estrutura criativa
assentava na homenagem que fizeram a Rafael Bordalo Pinheiro, no âmbito do
centenário do Zé Povinho, que tinha ocorrido um ano e meio antes.
A parceria musical de Correia Martins nestes espectáculos foi ou com Braga
Santos, ou com o José Luís Gomes.
Nesta década ainda há espaço e tempo para outras criações musicais para teatro.
No Teatro Monumental, a convite do actor brasileiro Badaró, é o autor da música O
Último Fado em Lisboa, uma produção de Vasco Morgado que algumas figuras do
nosso espectáculo contestaram, nomeadamente com a interrupção da representação tida
na noite de 24 de Agosto de 1974.
Em 9 de Abril de 1978, no Cinema Satélite, em Lisboa, a convite do Pedro
Pinheiro compõe a música para a peça, Guilherme e Marinela, dirigida pelo actor Ruy
de Matos.
Esta década não ia terminar sem a assinatura musical de uma estrondosa produção
que o Teatro da Trindade teve o privilégio de apresentação a público. Novamente a
convite do activo empresário Sérgio de Azevedo, Fernando Correia Martins, participa
com música adicional e orquestração, na opereta, A Invasão, estreada no dia 20 de
Dezembro de 1979.
Esta produção agora posta em cena, onde o Correia Martins, empresta o especial
talento, é a reposição de uma obra estreada em 1945, num original de José Galhardo,
Vasco Santana e Carlos Lopes, com música de Raul Ferrão, Fausto Caldeira e Fernando
de Carvalho.
Na edição de 1979, estiveram ligados nomes bem reconhecidos da nosso
espectáculo, como Nicolau Breyner na encenação e interpretação; César de Oliveira, na
adaptação do texto, Moniz Ribeiro, como maquetista; Melo Frazão, na área dos
figurinos; José Luís Ardiz, que assinou a coreografia e ao responsável musical Correia
Martins responsável pela música. As músicas originais e a orquestração do Fernando
Correia Martins, tiveram um grande destaque no esforça desta produção. Goulart
Nogueira, na crítica que escreveu, publicada em “O Diabo” de 2 de Janeiro de 1980,
diz-nos que “… foi na parte musical que se conseguiu o melhor resultado desse
esforço”.
No campo interpretativo para além do Nicolau, participou o António Calvário,
Carlos Quintas, Paula Correia, Henrique Santos, Maria Helena Matos, Vera Mónica,
Victor de Sousa, Mafalda Drummond e Luís Horta, entre outros.
Num artigo de duas páginas publicado no mesmo jornal indicado atrás, edição de
29 de Janeiro de 1980, Goulart Nogueira volta novamente a esta produção e colhe
depoimentos de cinco pessoas sobre esta opereta: César de Oliveira, Nicolau Breyner,
Correia Martins, Carlos Quintas e Mafalda Drummond. Quando o jornalista pergunta ao
Nicolau para se pronunciar sobre o ritmo diferente e processos novos, atribuídos a este
35
espectáculo, este não evita em se pronunciar sobre esses processos novos que, segundo
ele estavam “nas orquestrações, nos processos de representação. O coro faz parte
integrante da espectáculo: fala, canta, está constantemente em movimento e até ajuda a
representação. (…) Outro exemplo: os concertantes; (…) criámos uma certa
distanciação, paralisando todos os intervenientes do concertante e deixando só em
movimento o solista.” Quando Goulart pergunta ao Correia Martins se o espectáculo A
Invasão, é uma autêntica opereta, o Fernando diz-lhe que o é “sem dúvida: possui todos
os ingredientes, condimentos e regras. Há pessoas que vêm ver isto julgando que é
revista ou comédia musical. Mas trata-se de uma opereta com todos os cânones e
características duma opereta portuguesa”.
O jornal “Sete” na edição de 27 de Dezembro de 1979, num trabalho escrito por
Edite Soeiro, dedica três páginas a este espectáculo, dizendo-nos que “Nicolau Breyner
que soube cumprir sua obrigação de fazer da velha opereta, quase uma comédia
musical, onde é muito importante destacar as orquestrações do Correia Martins, que são
talvez do melhor que ouvi até hoje, no teatro ligeiro português.”
Para este espectáculo Correia Martins teve no fosso de orquestra 25 músicos que
dirigiu primorosamente, numa situação nunca vista em Portugal, uma vez que o máximo
era de 15 músicos. Este trabalho foi reconhecido pelo Sérgio de Azevedo. Em
telegrama que este lhe mandou para o Teatro da Trindade, logo a seguir à estreia,
mandou escrever o seguinte: - “O teu trabalho encantou-me a todos os níveis. Parabéns.
Faço votos que continuemos a trabalhar juntos por muito tempo. Apresenta meu maior
respeito a todos os componentes da Orquestra.”
No início da década de oitenta, a convite de Pedro Pinheiro e Maria Dulce,
colabora na parceria musical da revista, Ai a Tola, ao lado de Nuno Gomes dos Santos,
Carlos Alberto Moniz, Carlos Mendes e José Jorge Letria, cuja estreia em 1981,
acontece no palco da Filarmónica da Amadora. O jornal “Correio da Manhã”, numa
edição de Outubro de 1981, dizia que era “de salientar o trabalho do maestro Fernando
Correia Martins e da cançonetista Teresa Paula Brito”.
No ano seguinte o Teatro Nacional D. Maria II, contrata-o como compositor e
orquestrador da peça infantil, Chapéu Mágico, da autoria de Carlos Correia, com
encenação do Rogério Paulo e a interpretação da Lúcia Maria, Manuel Coelho, António
Anjos e Mário Pereira.
Em Outubro de 1985 colabora pela primeira vez, com o Teatro Maria Vitória, por
intermédio da Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Não Batam Mais no Zézinho, é a
revista onde vai iniciar essa colaboração musical, juntamente com João Vasconcelos e
Nuno Nazareth Fernandes. A interpretação fez-se com um elenco de luxo: Eugénio
Salvador, Ivone Silva, Henrique Santana, Linda Silva, Carlos Cunha e Marina Mota,
entre outros artistas.
Esta revista atingiu um impacto tão grande que esteve cerca de 2 anos em cena. Os
ingredientes para esse êxito estão bem patentes no texto de introdução ao programa
deste espectáculo, escrito pela Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa: “Quando
juntámos o Henrique Santana o Francisco Nicholson e a eles ligámos o Mário
Zambujal; quando convidámos o Fernando Correia Martins a juntar-se a João
Vasconcelos e Nuno Nazareth Fernandes; quando fizemos estrear no “Maria Vitória”
como Montador e Maquetista, o Moniz Ribeiro e para Cenografia trouxemos o José
Manuel; quando de novo chamámos o José Luís Ardiz para a Coreografia e por fim,
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quando entregámos os Figurinos à criação de Helena Reis…Estava no nosso sincero
desejo fazer algo diferente do que é habitual…”
Correia Martins acompanha em Maio de 1986, a companhia do Maria Vitória para
Teatro Municipal Maria Matos, em consequência do incêndio ocorrido no Teatro Maria
Vitória. A primeira estreia, neste novo espaço, aconteceu com Isto é Maria Vitória,
estreada em Julho desse ano. A parceria musical é a mesma e a parceria dos textos tem,
também, a participação do Rogério Bracinha.
Seguiu-se Escrita do Dia, levada à cena em 29 de Janeiro de 1987, com a mesma
parceria, na música e nos textos. A revista seguinte, Toma Lá Revista, estreou-se em
Julho de 1987 e foi convidado o compositor Fernando Ribeiro para se juntar aos autores
musicais anteriores, que trabalharam para um grande elenco, constituído entre outros,
por Eugénio Salvador, Simone de Oliveira e Delfina Cruz.
Agora para o Teatro Variedades, a convite do Hélder Freire Costa, associado a
Vasco Morgado Júnior, participa na revista, A Prova Dos Novos, estreada em 1988.
Com os mesmos autores da companhia do Teatro Maria Vitória, é convidada uma
grande senhora do nossa teatro, Maria Helena Matos, para fazer a encenação.
Esta produção, tal como o nome indica, preocupou-se em lançar no mercado
teatral, com grande destaque, um grupo de novos actores, nomeadamente Marina Mota,
Carlos Cunha, Fernando Mendes, Carlos Ivo, José Raposo e Maria José Abreu.
Em 7 de Fevereiro de 1990, apresenta-se no Teatro Maria Matos o espectáculo
musical, A Severa, um dos melhores textos de Júlio Dantas, que Sérgio de Azevedo se
atreve a levar à cena. Como sempre serve-se de conceituados obreiros do espectáculo:
Rosa Lobato Faria nos poemas; Fernando Correia Martins na coordenação musical e na
orquestração e novamente, o Nicolau Breyner na encenação. Na interpretação o
destaque para a Lena Coelho,14 o Carlos Quintas, Henrique Viana, Manuel Cavaco, José
Raposo, Maria José Abreu e o fadista Carlos Zel.
Foi um espectáculo muito bem recebido pelo público e pela crítica, que o
consideraram como uma produção invulgar no meio artístico, digna de ser vista e o mais
conseguido musical desse tempo. A RTP transmitiu nesse mesmo ano.
Ainda em 1990, concretamente a 2 de Março estreia-se já no Maria Vitória,
coincidindo com a inauguração do teatro reconstruído, a revista, Vitória!
Vitória…Mantém-se o mesmo grupo de compositores da produção anterior deste teatro
e os textos são escritos por Henrique Santana, Augusto Fraga, Nuno Nazareth
Fernandes e Francisco Nicholson.
No ano seguinte, também no Teatro Maria Vitória, com produção de Hélder Freire
Costa e Vasco Morgado Júnior, é responsável pela criação das músicas, juntamente com
João Vasconcelos, Fernando Ribeiro e Nuno Nazareth Fernandes de, Vamos a Votos,
que muda para Fomos a Votos, a partir do início de 1992. Houve números de grande
destaque que um elenco defendeu capazmente, nomeadamente Carlos Miguel, Rosa do
Canto, Fernando Mendes e Vera Mónica.
A revista seguinte, estreada no dia 7 de Agosto de 1992, intitulada Quem Tem Ecu
Tem Medo, escrita pelo Henrique Santana, Eduardo Damas, Carlos Ivo e Mário Raínho,
14
A Lena Coelho, que foi a protagonista deste espectáculo, utilizou em cena a guitarra que pertenceu à
Severa, graças ao empréstimo do coleccionador José Lúcio.
37
teve na parceria musical, o Fernando Correia Martins, junto com o Manuel Paião, João
Vasconcelos e Fernando Ribeiro. A direcção deste espectáculo, por Henrique Santana,
foi muito cuidada, coadjuvada pelo Carlos Ivo, bem como na área coreográfica, dirigida
pela Liliane Viegas.
Ainda em 1992 o actor e encenador Carlos César, responsável máximo pela Teatro
de Animação de Setúbal, faz o convite ao Fernando para ele ser o autor musical da peça,
O Pai Tirano, original de António Lopes Ribeiro, cuja adaptação foi feita por João
Aldeia e Alberto Gortler. Foi um espectáculo magnifico que o grupo levou a cena no
Fórum Municipal Luísa Todi de Setúbal.
As duas revistas seguintes, apresentadas a público no Maria Vitória: - A Pão e
Laranjas, estreada em 1993 e De Pernas Pró Ar!, levada à cena a partir do dia 14 de
Dezembro de 1994, têm, novamente, a assinatura criativa do nosso Fernando Correia
Martins, na primeira junto com o João Vasconcelos, Fernando Ribeiro e Manuel Paião e
na segunda só com o João Vasconcelos e o Fernando Ribeiro. Como sempre os mesmos
produtores contratam os melhores artistas para dar corpo à parte criativa. Actores bem
conhecidos e experientes nesta modalidade artística, como Henrique Santana, Octávio
de Matos, Lena Coelho, Alexandra, Carlos Areia, João Baião, Delfina Cruz, Vasco
Rafael, Camacho Costa, Octávio de Matos, Fernando Mendes e Maria João Abreu, entre
outros.
Ora Bolas…Pró Parque, tem também a participação do Fernando, junto com João
Vasconcelos e Nuno Nazareth Fernandes. Esta revista tem a produção do Hélder Freire
Costa, associado a Marina Mota e ao Carlos Cunha e foi estreada em 1997.
De referir que em muitas destas produções, Fernando Correia Martins, para além
de compositor, acumulou com o cargo de orquestrador e chefe de orquestra.
Em 2003 é o autor da música para a revista, Isto é Que Vai Uma Açorda,
produzida por Pedro Pinheiro para digressão pela província, cujos textos além do Pedro
Pinheiro, foram escritos pelo Luís Mascarenhas.
A ligação à revista e ao Teatro Maria Vitória volta a ter lugar em 2006, desta vez
não como elemento da parceria musical, mas com a publicação de um depoimento que o
Fernando, a convite do Hélder Feire Costa, do João Raposo e da Maria João Abreu,
apresenta no programa da revista, Já Viram Isto?!..., cuja estreia teve lugar no dia 26 de
Outubro. Um texto extraordinário, publicado no referido programa, que não resistimos
de o apresentar aqui:
“Antes e depois”
O Parque Mayer fez parte da minha infância.
Meu pai, um grande amante do Teatro, levou-me a ver imensas revistas, a partir
dos meus 9 anos de idade. Lembro-me perfeitamente de ver no Teatro Maria Vitória e
no Teatro Variedades, actores e actrizes como: António Silva, Eugénio Salvador, José
Viana, Barroso Lopes, Humberto Madeira, Costinha, Irene Isidro, Teresa Gomes, Luísa
Durão, Eunice Moñoz, e muitos outros.
Tenho à frente dos olhos imagens desse Parque Mayer.
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Quando hoje «ali entro», vejo vários teatros a funcionar. Vejo cafés e esplanadas.
Vejo vários restaurantes. Vejo as barracas de tiro-ao-alvo, e até vejo o ringue de boxe!
Vejo muita gente e ouço todo o seu movimento. Quando finalmente abro os olhos,
encontro-me no meio de nada, como se de um deserto se tratasse!...
O que eu «vi, ouvi e senti» foi simplesmente uma miragem vinda do fundo da
minha imaginação!
O que é que irá acontecer ao Parque Mayer??? Irá continuar nesta agonia? Neste
estado terminal? NÃO! Não acredito! Enquanto houver homens e mulheres empenhados
no seu renascimento, ELE ressuscitará.
No entanto, um conselho de amigo: escolham pelo melhor os seus autores e
compositores, actores e actrizes, bailarinos, encenadores e todo o corpo técnico. Não
pactuem com medíocres ou incompetentes , senão nada têm para dar ao espectador, a
não ser um bilhete de custo elevado.
Vamos para a frente, mas sempre com o máximo de qualidade.
Eu, seja qual for a situação, estarei sempre do vosso lado!
Fernando Correia Martins
(Compositor, Orquestrador, Chefe-de-Orquestra)”
Quando o Fernando dizia que estaria sempre ao lado da revista, não era mentira e
quando o Hélder Freire Costa e a Marina Costa o convidam para o elenco de autores da
música para a revista de 2007, aceita no primeiro momento. Lá o vimos com Braga
Santos e o José Cabeleira estar à frente da parceria musical da revista, Hip-Hop’Arque!,
com a acumulação também de director de orquestra. Com direcção e encenação da
Marina Mota, foi uma revista de grande qualidade, escrita pelo Francisco Nicholson e
Tiago Torres da Silva; Coreografia do Marco de Camilis e a Direcção Plástica e
Figurinos dessa grande senhora que se chama Helena Reis. A defender os números,
como sempre um elenco de luxo. Desta vez com a Mariana Mota, Carlos Cunha, João
Baião, Ana Brito e Cunha, Rui de Sá, Paulo Vasco e a Melânia Gomes, entre outros.
No dia 18 de Dezembro de 2008, Hélder Freire Costa & Marina Mota Produções
convidam novamente o Fernando Correia Martins, para encabeçar o leque de
compositores da revista, Piratada à Portuguesa, igualmente com Braga Santos e José
Cabeleira, onde assume também a direcção musical e orquestrações.
A direcção e encenação é da responsabilidade da Mariana Mota que também a
escreve em parceria com o Francisco Nicholson e a interpreta ao lado do Carlos Cunha,
a Mariana Mota que volta à revista, o Telmo Miranda, Paulo Vasco, Melânia Gomes e
Sara Brás, entre outros.
Esta foi a última revista em que o Fernando participou. Não por vontade própria,
pois o Hélder Freire Costa contava com ele para a produção de 2009, mas o destino
tinha outro caminho traçado para o Fernando Correia Martins. Quis levá-lo para outros
planos, para outras composições… outros estados…
2.2. OS FESTIVAIS RTP DA CANÇÃO
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Em 1975 participa, pela primeira vez no Festival da Canção RTP. O evento desse
ano, iniciado em 1964, tem ainda bem presente as ideias revolucionárias do 25 de Abril
de 1974. Neste é vencedor o capitão Duarte Mendes, num festival diferente dos
anteriores.
Correia Martins participa, com a orquestração e direcção de orquestra, na canção
nº 7, intitulada “Canção Acesa”, com letra e música de Rita Olivais.
Só em 1979 é que volta a participar neste certame, ano em que ganhou a Manuela
Bravo com a canção “Sobe, Sobe, Balão Sobe”. No Festival deste ano Correia Martins
teve uma participação intensa e versátil. Foi o orquestrador da canção “Zé Brasileiro”,
interpretada pela Alexandra, com música de António Sala e letra de Vasco Lima Couto
e “A Canção do Realejo”, cantada por Valério Silva, com música e orquestração de
Fernando Correia Martins e letra de António Sala. Na canção da Manuela Bravo coubelhe a orquestração, a música e a letra a Carlos Nóbrega e Sousa.
Mas o seu grande impacto ainda estava para acontecer, relacionado com a
realização deste festival. Com a deslocação da Manuela Bravo ao Festival da Eurovisão,
que nesse ano decorreu em Israel, onde a Manuela obteve um honroso 9º lugar,
aconteceu um caso digno do nosso registo. Nesse ano os chefes de orquestras e maestros
israelitas fizeram greve e ele entre 40 chefes de orquestras de todo o Mundo foi o
convidado do Governo Israelita, convite esse que lhe mereceu uma Condecoração
Estatal. Caso único em Portugal.
A comunicação social deu uma enorme cobertura à edição desse festival e foi
unânime em valorizar a prestação do Fernando Correia Martins. Um periódico que não
conseguimos identificar, pois o recorte não o permitiu, mas que julgamos ser a “Crónica
Feminina”, diz o seguinte: - “Sempre que se fala em música portuguesa, refere-se,
invariavelmente, os intérpretes, deixando-se num lamentável esquecimento pessoas de
alto nível no campo musical como FERNANDO CORREIA MARTINS, um
profissional que consegue aliar os seus elevados méritos a qualidades humanas de
excepção, num meio onde as «boas pessoas» não abundam. Pelo muito que tem feito em
prol da nossa música e pelos dotes de cavalheirismo que sempre tem sabido evidenciar,
aqui fica a referência, à maneira de chamada de atenção…”.
Outros críticos disseram que se não fosse a mão orquestral de Correia Martins, a
Manuela Bravo não teria tido tanto impacto, uma vez que aquela canção não era, de
modo algum, forte e com força de actualidade. A esse respeito gostámos das palavras
que o António Sala disse para a Plateia, edição de 6 a 12 de Março de 1979: - “
(…)Penso que se esta composição se situasse há dez anos atrás era uma canção popular
e actualizada. Poeticamente acho-a muito fraca, musicalmente muito frágil, a
interpretação acho-a conseguida com uma certa frescura, alegria e jovialidade. No
entanto o único trabalho que para mim merece realmente nota positiva é o do
orquestrador Correia Martins que conseguiu pegar numa canção que é quase infantil ,
com uma construção extremamente simples, talvez simples demais para um Festival de
profissionais e conseguiu torná-la pelo menos agradável.”
No “Jornal Novo”, num artigo assinado por C.P., diz-nos que “o bom arranjo
orquestral (o melhor do festival, segundo votação secreta dos membros da orquestra) do
«Balão» e a voz bonita, fresca, de Manuela Bravo ajudam a esquecer a enorme insipidez
do poema”.
Nesse ano, Correia Martins, foi laureado com o prémio da melhor orquestração do
Festival RTP.
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No ano seguinte é responsável, como orquestrador da canção, “Concerto Maior”,
cantada por Manuel José Soares, com música de Manuel José Soares, letra de Mário
Contumélias e direcção de orquestra do maestro Jorge Machado. Na canção “Razão de
Ser”, cantada por Alexandra e António Sala, o Correia Martins é o autor da música e da
orquestração. A letra coube ao Fernando Guerra e Jorge Machado dirigiu a orquestra.
Também nesta edição do festival assina a orquestração do tema, “Agosto em Lisboa”,
cuja interpretação foi da responsabilidade de Zélia, com música de Manuel José Soares
e Isabel Soares, letra de Mário Contumélias e direcção de orquestra do Jorge Machado.
No ano de 1981 concorre com a canção, “Daqui Deste País”, na situação de
orquestrador e direcção de orquestra, tema interpretado pelo grupo “Bric à Brac”, cuja
letra foi do Mário Contumélias e a música do Manuel José Soares. Para a canção de
Maria Guinot, escrita, musicada e interpretada pela própria, com o título “Um Adeus
Um Recomeço”, teve as mesmas funções.
Para o Festival RTP de 1982, toma a seu cuidado a orquestração e direcção de
orquestra, do tema cantado pela Alexandra e pelo Marco Paulo. A Alexandra com “Até
Amanhecer”, letra do Tozé Brito e música de Pedro Brito e o Marco Paulo com “É o
Fim do Mundo”, com letra e música de Fernando Guerra e João Henrique.
No ano seguinte é encarregue do tema da Alexandra, onde faz uma parceria com a
Rosa Lobato Faria para o tema “Rosa Flor Mulher”, que além da autoria da música
também é o orquestrador e director de orquestra. Mas, a canção Nº 6 desse Festival,
intitulada “Mal D’Amores”, cantada pelo Xico Jorge, foi da responsabilidade total do
Correia Martins: - Letra, Música, Orquestração e Direcção de Orquestra.
Volta ao Festival RTP em 1989, com a orquestração e a direcção da orquestra que
a Lenita Gentil, levou a este certame. Chamava-se “Canção de Roda e Fantasia” e tinha
letra de João Cavadinhas e António Prata que foi também o autor da música. Nesse ano
é o Orquestrador e Director de Orquestra do Festival da Canção e de todo o espectáculo
envolvente no Teatro Garcia Resende em Évora.
De assinalar que foi neste ano que um Festival da Canção ganhou um prémio
internacional, não através de uma canção, mas do bailado, “Amores de Verão”, cuja
composição musical coube a Correia Martins e que, logo ali no dia da sua estreia, foi
amplamente elogiado pelo Maestro António Vitorino de Almeida, o responsável pela
apresentação do Festival de 1989. Para dignificar a qualidade deste evento, outros
artistas se associaram ao mesmo, como foi o caso dos actores Nicolau Breyner, Octávio
de Matos e José Viana, de Raul Mendes e o seu grupo de Harmónica Vocal, do cantor
José Cid e da Tonicha, Simone de Oliveira e Carlos do Carmo, numa extraordinária
homenagem a José Carlos Ary dos Santos.
A edição seguinte teve lugar no dia 10 de Março de 1990, também com a direcção
musical do Fernando Correia Martins, com apresentação de Ana do Carmo e Nicolau
Breyner. Intitulado “Gostamos de Estar Consigo”, foi levado a cabo no Casino Estoril,
em 10 de Março, para comemorar o 33º aniversário da RTP. Os textos foram do Mário
Zambujal e participaram os artistas: Paulo de Carvalho, Luís Filipe, Dora, Alexandra,
Lara Li e o Corpo de Baile foi da Escola de Rui Horta, bem como a colaboração
especial do actor Mário Viegas.
41
Em 1991 dirige a orquestra que acompanha Dulce Pontes em “Lusitana Paixão”,
tema vencedor desse Festival. É também, o orquestrador do tema que obteve o segundo
lugar, interpretado pelo grupo “Os Bloco”, cuja música era de Jan Van Dijck e letra da
Rosa Lobato Faria. Foi designado pela RTP, na edição deste ano, como Maestro
Director.
Na edição seguinte, em parceria com a Rosa Lobato Faria, no campo da letra,
inscreveu-se no Festival com a canção “Chão de Baile”, cantada pela sua mulher,
Olivia, sendo igualmente o orquestrador.
Em 1993 a Olivia participa novamente neste evento, com o tema “Lembrar os
Anos Sessenta”, musicado pelo Carlos Canelhas, com letra da Rosa Lobato Faria e
orquestração do Correia Martins. Para o grupo “Até Já’zz”, faz a orquestração da
canção “Pó (de) Melhorar”, com letra e música de José Ferreira de Castro.
Volta ao Festival RTP da Canção, pela última vez, em 1998, participando na
parceria da letra e da música que o Axel cantou, chamada “À Tua Espera”.
Deixamos aqui algumas das letras das canções em que Correia Martins participou
neste sector.
CANÇÃO ACESA
Nunca a palavra madrugada
Foi mulher assim apaixonada
Que acorda nova e ofegante
Nos braços do povo, seu amante
Nunca uma pomba incendiada
Tinha desflorado o meu país
Que se deu abandonado e quente
Ao prazer da força libertada
Assim chegou a primavera
Naquela rubra manhã de amor
Em que a cidade transparente
Se abriu como uma flor
Eu nesse dia fui nascente
E tive asas de condor
Ao matar em mim a espera
De voar num céu maior
Não me escureçam o espaço
Desta límpida viagem
Não quero tombar na margem
Dum rio turvo que não passo,
Não me cortem à partida
O fôlego com que me bato,
Que não me invada o cansaço
No tempo desta corrida
Quero rasgar o meu caminho
Como em primeira noite de amor
Como se nunca amor fizera
Debaixo de um lençol de linho
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Que o meu corpo em suor
Saiba ao puro mel selvagem
Que o poema que hoje faço
Tenha o fervor de uma reza
E que seja este amor uma certeza
E que seja este amor canção acesa.
INTÉRPRETE: Víctor Leitão
MÚSICA: Rita Olivais
LETRA: Rita Olivais
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1975
ZÉ BRASILEIRO
Zé brasileiro português de braga
Sacola no medo e o navio aos pés
Perdeste o que foste ganhaste o que és
Por comeres mais cedo o sal das marés
Zé brasileiro português de Braga
Fugindo p'ra longe das saias da mãe
Em Copacabana e outras avenidas
Comias tristeza nas noites perdidas
Tinhas na algibeira as cartas de casa
Falando das vinhas e da aguardente
E no horizonte que guarda a semente
E na alma é fruto com tudo o que sente
Zé que dividiste o tempo de ser
O tempo que é mesmo coragem de ver
Que o céu é redondo e o mar é profundo
Zé brasileiro português de Braga
Português do mundo
Zé brasileiro português de Braga
Sacola no medo e o navio aos pés
Perdeste o que foste ganhaste o que és
Por comeres mais cedo o sal das marés
Zé brasileiro português de Braga
Fugindo p'ra longe das saias da mãe
Em Copacabana e outras avenidas
Comias tristeza nas noites perdidas
Tinhas na algibeira as cartas de casa
Falando das vinhas e da aguardente
E no horizonte que guarda a semente
E na alma é fruto com tudo o que sente
Zé que dividiste o tempo de ser
O tempo que é mesmo coragem de ver
Que o céu é redondo e o mar é profundo
43
Zé brasileiro português de Braga
Português do mundo
Zé brasileiro português de Braga
Fugindo p'ra longe das saias da mãe
Em Copacabana e outras avenidas
Comias tristeza nas noites perdidas
Zé que dividiste o tempo de ser
O tempo que é mesmo coragem de ver
Que o céu é redondo e o mar é profundo
Zé brasileiro português de Braga
Português do mundo
Zé brasileiro português de Braga
Fugindo p'ra longe das saias da mãe
Em Copacabana e outras avenidas
Comias tristeza nas noites perdidas
Zé que dividiste o tempo de ser
O tempo que é mesmo coragem de ver
Que o céu é redondo e o mar é profundo
Zé brasileiro português de Braga
Português do mundo
INTÉRPRETE: Alexandra
MÚSICA: António Sala
LETRA: Vasco de lima Couto
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1979
A CANÇÃO DO REALEJO
É uma rua sem cor, com prédios de janelas verdes
Mas sem luz, nem flor
Só o luar nas noites mesmo muito frias lá podia entrar
Mas tinha sempre a canção
Que um velho muito velho ali levava pela mão
Ao som d'um realejo de corda gasto e muito velho
Seu meio de ganhar dinheiro
E as crianças cantavam junto ao ribeiro
Este era o velho senhor
Que tinha só o realejo macaco doutor
E para cantar mexia bem na manivela
E a música a tocar e a gente da pobre rua
Ouvindo esta velha canção pensava que era sua
Ao som d'um realejo de corda gasto e muito velho
Seu meio de ganhar dinheiro
E as crianças cantavam junto ao ribeiro
Mas um dia ao despertar o povo do ribeiro
Não ouviu mais cantar, só solidão
Nem velho, nem macaco, nem realejo no chão
E nunca mais apareceu deixando a gente da calçada
Sem dizer adeus morreu o realejo de corda
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Gasto e muito velho
Não dava para ganhar dinheiro
E os meninos não cantam junto ao ribeiro
Este era o velho senhor
Que tinha só um realejo macaco doutor
E para cantar mexia bem na manivela
E a música a tocar e a gente da pobre rua
Ouvindo esta velha canção pensava que era sua
Ao som do realejo de corda gasto e muito velho
Seu meio de ganhar dinheiro
E as crianças cantavam junto ao ribeiro
E as crianças cantavam junto ao ribeiro
INTÉRPRETE: Maria José Valério
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
LETRA: António Sala
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1979
SOBE, SOBE BALÃO SOBE
Sobe, sobe balão sobe
Eu vivo a sonhar
Não pensem mal de mim
Quanto mais não vale
Viver a vida assim!
Nas asas do sonho
É bom andar sem norte
Não preciso vistos
Nem uso passaporte
Não tenho limites
Parar não é comigo
Se ouço o meu amor
Dizer: eu vou contigo!
Ter essa certeza
É luz de um novo dia
Vai, meu balão d'oiro envolto em fantasia
Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver...e sonhar
Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar
Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver...e sonhar
Levo o meu amor comigo
45
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar
Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver...e sonhar
Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar
Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver...e sonhar
Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar
Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar
Sobe, sobe balão sobe
Balão sobe
INTÉRPRETE: Manuela Bravo
MÚSICA: Carlos Nóbrega e Sousa
LETRA: Carlos Nóbrega e Sousa
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1979
CONCERTO MAIOR
Aqui começa a canção
Uma história de amor, um concerto entre nós
Um copo cheio, um mar de bonança
Uma esperança, um acorde, um compasso, uma voz.
E nota a nota, assim mesmo
Vai surgir no papel, no ouvido a canção
Um desenho, uma insónia, um projecto, um borrão,
Uma hora, uma noite, um serão
Assim começa a canção
Uma rua, um jardim, um adeus, um abraço
Um gesto cheio de nada, ilusão
Uma praça vazia, uma bala, um estilhaço
É um concerto maior
Um olhar, um sorrir, um correr de criança
Uma valsa que gira em três tempos na orquestra
Uma flor, um retrato, uma trança...
E num «crescendo» de amor
Um violino que é mais uma veia, um queimar
Um fogo aceso, um arder sem ardor
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Um falar em silêncio, uma noite, um luar.
E, nota a nota me entrego
Um compasso, um navio, uma praia, um desejo
Um choupal, um rimanço, um trinado, um mondego
Uma margem mais larga que o tejo...
E não acaba a canção
Uma nota, uma valsa, um concerto entre nós
Um olhar de criança, quem sabe, uma ilusão
Um engano, talvez, a sós...
É assim que começa a canção...
INTÉRPRETE: Manuel José Soares
MÚSICA: Manuel José Soares
LETRA: Mário Contumélias
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: JORGE MACHADO
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1980
RAZÃO DE SER
Que música é essa no piano
Que letra que me assusta, me arrepia
Tu sentes quando tocas no piano
Que a nossa vida é esta melodia
Que acorde vou achar para resolvê-la
Que nota vai soar à tua lágrima
Sem solução quase desistes dela
Mas quase encontras-te a sua rima
E arranca a orquestra começa o refrão
Que não é de festa portanto senão
E eu canto as palavras
Eu digo a razão de ser canção
Aqui entra a corda
Não fica demais o refrão acorda
Ao som dos metais e eu digo as palavras
Que são a razão de ser canção
E de novo como fundo o piano
Onde tu sentado escrevias
As pausas que eram já o teu plano
P'ra não mostrares tudo o que sentias
De novo este acorde no piano
Por pouco quase tudo resolvia
Mas deixas uma nota ao engano
Que quando eu cantei desconhecia
E então a orquestra repete o refrão
Que é o que resta da inspiração
E eu canto as palavras que são a razão
47
De ser canção
Por fim entra a corda que se ouve mais
O refrão recorda o som dos metais
E eu canto as palavras que são a razão
De ser canção, canção
E então a orquestra repete a canção
Que é o que resta da inspiração
E eu canto as palavras que são a razão de ser canção
Por fim entra a corda que se ouve mais
O refrão recorda o som dos metais
E eu canto as palavras que são a razão
De ser canção, canção
Eu canto as palavras que são a razão
De ser
INTÉRPRETE: Alexandra e António Sala
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
LETRA: FERNANDO GUERRA
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: JORGE MACHADO
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1980
AGOSTO EM LISBOA
Ai árvores tão verdes,
Vestidas de Agosto
Em Lisboa
Ai um beijo a sol posto
Ai carícia que voa
Em Lisboa
Mas vem, minha avenida
Ai de vestido ao vento
Meu amor...
Minha ave,
Meu sofrer,
Minha dor.
Não tragas no teu rosto
Lisboa desolada
E traída
Traz uma rosa acesa
A enfeitar-te os dentes
Minha vida
Vem inventar comigo
Uma cidade nova
Traz um cantar de amiga
Traz um cantar de amante
Minha trova
Ai árvores tão quentes
48
Ai pássaros tão perto
Em Lisboa
Ai olhos tão dolentes
Desejo que não mata
Que atordoa
Ai meus bairros tão velhos
Colinas de Lisboa
Meu amor...
Ai cravos de papel
Ai um amor que doa
Em Agosto
Em Lisboa
Meu amor...
Ai cravos de papel
Ai um amor que doa
Em Agosto
Em Lisboa
Meu amor,
Meu amor...
INTÉRPRETE: Zélia
MÚSICA: MANUEL JOSÉ SOARES E ISABEL SOARES
LETRA: Mário Contumélias
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: JORGE MACHADO
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1980
DAQUI DESTE PAÍS
Daqui deste país do meu doer te escrevo meu amor
Daqui da minha dor quem bem me quer
Está longe meu amor daqui deste cinzento
De lata e vento te sofro em cada dia amor
Aqui neste relento neste tormento
O pão nasce sem suor
Aqui nestes andaimes de chuva
Não nascem cachos de uva não bebo o vinho
Que ambos pisámos só bebo o aceno que trocámos
Aqui sempre estrangeiro sem barca bela
Sem nau das descobertas
Aqui dói o amor dói a saudade
São feridas sempre abertas
Daqui deste país com estas letras
Invento a alegria amor
Daqui deste país com estas lágrimas
Te escrevo e conto a minha dor
Aqui em alamedas de fumo
49
Tijolos e fios de prumo não nasce o sol
Aqui com este céu a sangrar
Com o teu bordado a gritar no meu lençol
Aqui com este inútil luar aberto de par em par
Nesta janela deste país te digo - até um dia amor
INTERPRETE: Bric à Brac
MÚSICA: MANUEL JOSÉ SOARES
LETRA: Mário Contumélias
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1981
UM ADEUS UM RECOMEÇO
Fizeste crescer no meu corpo um poema
Fizeste nascer um tempo diferente
Libertos de mágoas partimos mãos dadas
Em busca de um sonho
E as mãos enlaçadas calaram o riso
De toda esta gente
Fizeste da vida um tempo de esperança
Tão cheio de sol em dias felizes
Nas mãos que nos demos havia promessas
O tempo passou que palavras são essas
Em silêncio guardadas
Que já não me dizes
É tempo de te arrancar de mim
Tempo de escrever outro poema
Não pensar que tudo tem um fim
Só fica a solidão só fica a pena
Há horas, há muitas horas por viver
Há dias de outros dias renascidos
Há mundos que ainda quero conhecer
E há sonhos noutros sonhos repartidos
Sabias que eu iria partir
P'la estrada difícil de ser mais mulher
O meu corpo foi chão que tu pisaste
Foi ternura que a pouco e pouco renegaste
Foi um dizer não àquilo que se quer
Não mais sentirei o calor dos teus braços
Não mais ouvirei meu amor a tua voz
Não mais trocaremos os nossos olhares
Não mais essa esperança de um dia voltares
Tu e eu somos dois ficaremos mais sós
É tempo de te arrancar de mim
Tempo de escrever outro poema
50
Não pensar que tudo tem um fim
Só fica a solidão só fica a pena
Há horas, há muitas horas por viver
Há dias de outros dias renascidos
Há mundos que ainda quero conhecer
E há sonhos noutros sonhos repartidos
Há horas, há muitas horas por viver
Há dias de outros dias renascidos
Há mundos que ainda quero conhecer
E há sonhos noutros sonhos repartidos
INTÉRPRETE: Maria Guinot
MÚSICA: MARIA GUINOT
LETRA: Maria Guinot
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1981
ATÉ AMANHECER
Fecha a porta dos meus braços,
Abre a luz do meu olhar,
Abre as asas do meu sonho amor,
Deixa o teu corpo voar,
Fecha a porta do meu medo
Abre a luz do meu desejo
Abre as janelas do sonho amor,
Em segredo dá-me um beijo
Faz desta loucura
A noite mais eterna de ternura,
Ajuda-me a encontrar-te e a perder
O medo de acordar e não te ver.
Ajuda-me a fazer deste segundo
A hora mais eterna deste mundo,
Depois adormecer contigo aqui,
No sonho mais profundo que dormi...
Até amanhecer
Fecha a porta do meu quarto
Abre a luz do meu prazer
Abre as janelas do tempo
Amor fica até amanhecer
Faz desta loucura
A noite mais eterna de ternura,
Ajuda-me a encontrar-te e a perder
O medo de acordar e não te ver.
Até amanhecer
Faz desta loucura
A noite mais eterna de ternura,
51
Ajuda-me a encontrar-te e a perder
O medo de acordar e não te ver.
Ajuda-me a fazer deste segundo
A hora mais eterna deste mundo,
Depois adormecer contigo aqui,
No sonho mais profundo que dormi...
Até amanhecer
INTÉRPRETE: Alexandra
MÚSICA: PEDRO BRITO
LETRA: Tozé Brito
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1982
É O FIM DO MUNDO
Um dia quando eu te encontrei
Vivias nos sonhos que sonhei
Eu sei as coisas que inventei
Para te trazer aqui
Depois ficou a tua imagem
E os dois fizemos a viagem
Da vida que nada é sem ti
E que começa aqui
Há um amor que nos cega
E que dura uma hora
E um amor que nos chega
E que nunca demora
É um amor que nos leva
A viver num segundo
Pois se esse amor acabar
É o fim do mundo
Se este amor não durar
O amor de passagem
É um amor feito nuvem
Curta viagem
Mas este amor que nos une
É um amor sem tristeza
Ternura que fica
A nossa certeza
De ficar sempre juntos
À volta da mesa
Se um amor por alguém
For o fim de tudo
É um amor de quem tem
Tanto amor para dar
E é o fim do mundo
52
Se este amor acabar.
Há um amor que nos cega
E que dura uma hora
E um amor que nos chega
É um amor que nos leva
A viver num segundo
Pois se esse amor acabar
É o fim do mundo
Se este amor não durar
O amor de passagem
É um amor feito nuvem
Curta viagem
Mas este amor que nos une
É um amor sem tristeza
Ternura que fica
A nossa certeza
De ficar sempre juntos
À volta da mesa
Se um amor por alguém
For o fim de tudo
É um amor de quem tem
Tanto amor para dar
E é o fim do mundo
Se este amor acabar.
Se um amor por alguém
For o fim de tudo
É um amor de quem tem
Tanto amor para dar
E é o fim do mundo
Se este amor acabar.
INTÉRPRETE: Marco Paulo
MÚSICA: FERNANDO GUERRA E JOÃO HENRIQUE
LETRA: Fernando Guerra e João Henrique
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1982
MAL D’AMORES
Vais fugir, nunca mais te posso ver sorrir,
Nunca mais te poderei amar,
Como outrora fiz junto ao mar.
Vais mudar,
Nunca mais te poderei beijar,
Nunca mais serei capaz de amar,
53
Nosso amor será p´ra sonhar...
Dizemos tantas vezes isto
É nossa forma nossa de sofrer
Gostamos de sentir a dor no amor.
É vicio nosso de galã,
Vendermos caro o coração
Sentirmos grande devoção na paixão
Todos nós sonhamos com o amor
Ah, ah, ah, ah
Todos nós queremos
A ternura sem favor
E p’ra todos nós sonharmos
Com o amor
Ah, ah, ah, ah
Vamos chorando
Sorrindo, brincando
Sentindo o perfume da flor
Vais fugir, nunca mais te posso ver sorrir,
Nunca mais te poderei amar,
Como outrora fiz junto ao mar.
Vais mudar,
Nunca mais te poderei beijar,
Nunca mais serei capaz de amar,
Nosso amor será p´ra sonhar...
Dizemos tantas vezes isto
É nossa forma nossa de sofrer
Gostamos de sentir a dor no amor.
É vicio nosso de galã,
Vendermos caro o coração
Sentirmos grande devoção na paixão
Todos nós sonhamos com o amor
Ah, ah, ah, ah
Todos nós queremos
A ternura sem favor
E p’ra todos nós sonharmos
Com o amor
Ah, ah, ah, ah
Vamos chorando
Sorrindo, brincando
Sentindo uma flor
Em teu gesto de amor
Todos nós sonhamos com o amor
Ah, ah, ah, ah
Todos nós queremos
A ternura sem favor
E p’ra todos nós sonharmos
Com o amor
Ah, ah, ah, ah
Vamos chorando
Sorrindo, brincando
54
Sentindo o perfume da flor
INTÉRPRETE: Xico Jorge
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
LETRA: Fernando Correia Martins
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1983
ROSA FLOR MULHER
Rosa é meu nome nome de mulher
P’ra quem quiser é rainha santa
Mulher dum rei no milagre encanta
Rosa cor do mar é miragem pura
Do meu olhar
Rosa é dos ventos
Do mar aos centos
No seu rodar
Rosa flor bonita de várias cores
Sem favores
Lembras minha infância e meus amores
Tenho já saudades dos verdes campos
Seus encantos
Terra aberta ao céu como triste réu!
Lá, lá, lá, lá, lá, lá
Pétala de cor do amor
Será filho flor
Lá, lá, lá, lá, lá, lá
Rosa mal-me-quer
Bem-me-quer será da mulher
Vida de mulher e flor como ela
Sua vida cai água do regato sai
E ao mar ela também vai
Vida do amor é igual à mulher
Como duma flor
Rosa que partiu não viu
Seu novo amor
Rosa é meu nome nome de mulher
P’ra quem quiser é rainha santa
Mulher dum rei no milagre encanta
Rosa cor do mar é miragem pura
Do meu olhar
Rosa é dos ventos
Do mar aos centos
No seu rodar
Rosa flor bonita de várias cores
55
Sem favores
Lembras minha infância e meus amores
Tenho já saudades dos verdes campos
Seus encantos
Terra aberta ao céu como triste réu!
Lá, lá, lá, lá, lá, lá
Pétala de cor do amor
Será filho flor
Lá, lá, lá, lá, lá, lá
Rosa mal-me-quer
Bem-me-quer será da mulher
Vida de mulher e flor como ela
Sua vida cai água do regato sai
E ao mar ela também vai
Vida do amor é igual à mulher
Como duma flor
Rosa que partiu não viu
Seu novo amor
Lá, lá, lá, lá, lá, lá
Pétala de cor do amor
Será filho flor
Lá, lá, lá, lá, lá, lá
Rosa mal-me-quer
Bem-me-quer será da mulher
Vida de mulher e flor como ela
Sua vida cai água do regato sai
E ao mar ela também vai
Vida do amor é igual à mulher
Como duma flor
Rosa que partiu não viu
INTÉRPRETE: Alexandra
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
LETRA: Fernando Correia Martins
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP – 1983
CANÇÃO DE RODA E FANTASIA
O meu amor diz que vinha
Morar na minha cidade
Deixar searas maduras
Para me afagar a saudade
Mas eu sei da força
Da terra a florir
56
Dos campos louros de trigo
Onde nos vimos sorrir
Quem me dera ter
As noites e os dias
Sempre que quiser acordar
E para viver
Ter que gastá-los à toa sem medo
De nunca os vir a perder
Quem me dera ter
As noites e os dias
Sempre que quiser acordar
E para viver
Ter que gastá-los à toa sem medo
De nunca os vir a perder
Brinquei na neve da serra
Mão na mão pelo caminho
Ouvi segredos e lendas
Que me contou de mansinho
Passou sobre as ondas
Do mar claro e azul
Dos dias soalheiros
Das praias quentes do sul
Quem me dera ter
As noites e os dias
Sempre que quiser acordar
E para viver
Ter que gastá-los à toa sem medo
De nunca os vir a perder
Quem me dera ter
As noites e os dias
Sempre que quiser acordar
E para viver
Ter que gastá-los à toa sem medo
De nunca os vir a perder
Fui beber do vinho novo
Cantei pela madrugada
Encontrei o milho-rei
Em tarde de desfolhada
E a gente bailou
De roda e fantasia
E a noite foi nascendo
De aromas e de alegria
Quem me dera ter
As noites e os dias
Sempre que quiser acordar
E para viver
Ter que gastá-los à toa sem medo
De nunca os vir a perder
Quem me dera ter
As noites e os dias
57
Sempre que quiser acordar
E para viver
Ter que gastá-los à toa sem medo
De nunca os vir a perder
Quem me dera ter
As noites e os dias
Sempre que quiser acordar
E para viver
Ter que gastá-los à toa sem medo
De nunca os vir a perder
INTÉRPRETE: Lenita Gentil
MÚSICA: ANTÓNIO PRATA
LETRA: João Cavadinhas, António Prata
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
DIR. DE ORQUESTRA: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1989
LISBOA MAREANTE
Lisboa abriu/à beira-rio
Por isso tem os olhos rasos d’água
Cresceu partiu/naquele navio
Passou além da mágoa e além-mar
Cantou seus ais…
Sofreu lutou/depois voltou
No dia em que a saudade lhe doeu mais
Por fim chegou/sorriu chorou
Ao ver essa Lisboa que a esperou
Lá no cais…
Refrão
Há uma Lisboa que não esquece
Que nos aquece o coração
Há uma Lisboa à nossa espera
É primavera lençol e pão
Há uma Lisboa navegante
É mareante/que torna a casa
fragata do Tejo
Bis gaivota no beijo
Painel de azulejo mar e asa
A sua voz/acorda em nós
Um vento de morangos e janelas
E quem se fôr/leva de cor
Os fados as vielas os pardais
58
E o Céu tão…ai! …
Lisboa é/luar maré
Saudades dum craveiro na sacada
Lisboa tem/olhar de mãe
No xaile agasalhado leva a dor
Por quem vai.
LETRA: Rosa Lobato Faria
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
INTÉRPRETE: OLÍVIA
IV FESTIVAL DA CANÇÃO DE LISBOA, 1990
FAZER UMA CANÇÃO
Fazer uma canção com outro visual
Que tenha o bom sabor do ar de Portugal
Que seja muito alegre
Que tenha muito amor
Mar azul ao fundo
E laranjas em flor
Fazer uma canção com sete notas só
Fá sol mi dó lá sol fá sol lá mi ré dó
Palavras dos poetas
Saudade e coração
Bateu o sol nas teclas
Nasceu uma canção!
Um, dois, três
É uma canção de gostar
Espalha no ar
Um cheiro bom de alecrim
Canta na chuva
No refrão sabe a uvas
Tem saudades e fala
Do teu corpo e de mim
Fazer uma canção que é gira e soa bem
E dá vontade a todos de a cantar também
Pode ter da nossa terra
O baloiçar do trigo
E a candura eterna
De um cantar de amigo
Um, dois, três
É uma canção de gostar
Espalha no ar
Um cheiro bom de alecrim
Canta na chuva
No refrão sabe a uvas
Tem saudades e fala
59
Do teu corpo e de mim
É uma canção de gostar
Espalha no ar
Um cheiro bom de alecrim
Canta na chuva
No refrão sabe a uvas
Tem saudades e fala
Do teu corpo e de mim
Um, dois, três
É uma canção de gostar
Espalha no ar
Um cheiro bom de alecrim
Canta na chuva
No refrão sabe a uvas
Tem saudades e fala
Do teu corpo e de mim
INTÉRPRETE: Bloco
MÚSICA: JAN VAN DIJCK
LETRA: Rosa Lobato Faria
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1991
LUSITANA PAIXÃO
Fado, chorar a tristeza bem
Fado, adormecer com a dor
Fado, só quando a saudade vem
Arrancar do meu passado um grande amor
Mas não condeno essa paixão
Essa mágoa nas palavras
Que a guitarra vai gemendo também
Eu não, eu não pedirei perdão
Quando gozar o pecado
E voltar a dar de mim
Porque eu quero ser feliz
E a desdita não se diz
Não quero o que o fado quer dizer
Fado, soluçar recordações
Fado, reviver uma tal dor
Fado, só quando a saudade vem
Arrancar do meu passado um grande amor
60
Mas não condeno essa paixão
Essa mágoa nas palavras
Que a guitarra vai gemendo também
Eu não, eu não pedirei perdão
Quando gozar o pecado
E voltar a dar de mim
Eu sei desse lado que há em nós
Cheio de alma Lusitana
Como a lenda da Severa*
Porque eu quero ser feliz
E a desdita não se diz
O fado não me faz arrepender
LETRA: Fred Micaelo e José da Ponte
MÚSICA: JORGE QUINTELA E JOSÉ DA PONTE
MAESTRO: FERNANDO CORREIA MARTINS
INTÉRPRETE: Dulce Pontes
FESTIVAL DA CANÇÃO 1991
CHÃO DE BAILE
Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x)
Neste doce balanço de mar
Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x)
Neste passo que passa no ar
Levo no vento um dia de verão
Paira a melodia no salão
Comigo e leva-me a dançar
Faz o meu vestido esvoaçar
Digo baladas de amor
E rodar, e rodar, e rodar
Até esquecer que há gente a ver
Vem rodopiar ai
Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x)
Neste doce balanço de mar
Vem dançar comigo vem dançar (bis 3x)
Nossos pés não tocam quase o chão
Gaivota não pares de voar
O meu corpo é feito de luar
Diz palavras de amor
P’ra rodar e rodar e rodar
INTÉRPRETE: Olívia
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
LETRA: Rosa Lobato Faria
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
61
FESTIVAL DA CANÇÃO RTP - 1992
PÓ (DE) MELHORAR
Uoooo
O céu escureceu,
A terra abanou
Abriu-se uma porta,
E ela chegou.
Primeiro fui cavalo,
Depois promoveu-me a burro
Primeiro levei um estalo,
Depois levei um murro.
Mas a nossa paixão não vai acabar, não
Ela vai tão mal, ela vai tão mal,
Ela vai tão mal só pode melhorar
Pode melhorar, pode melhorar
Pode melhorar, pode melhorar
Só pode melhorar, pode melhorar
Pode melhorar, pode melhorar
Pode melhorar, pode melhorar
Só pode melhorar, pode melhorar
Uoooouoooo
Uoooouoooo
Dum conto de fadas eu trouxe a magia
Com jeito de crianças constrói-se a alegria,
Com caixas de pó de perlim-pim-pim,
Que agarram nas tristezas e fazem-nas chegar ao fim,
Não é pó de bruxa nem pó de enganar.
É pó de atitude.
É pó, é pó, é pó de melhorar
Pó de melhorar, pó de melhorar
Pó de melhorar, pó de melhorar
Só pode melhorar, pode melhorar
Uoooouoooo
Uoooouoooo
Não é pó de bruxa nem pó de enganar.
É pó de atitude.
É pó, é pó, é pó de melhorar
Pó de melhorar, pó de melhorar
Pó de melhorar, pó de melhorar
Só pode melhorar, pó de melhorar
Uoooouoooo
Uoooouoooo
INTÉRPRETE: Grupo Até Já’zz
MÚSICA: JOSÉ FERREIRA DE CASTRO
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LETRA: José Ferreira de Castro
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO DA RTP - 1993
LEMBRAR OS ANOS SESSENTA
É tão bom recordar
Esse tempo de amar
O encanto a magia
Que eu trouxe dos anos sessenta
O sorriso, o apelo
Uma flor no cabelo
E a música, mágica e doce
Dos anos sessenta
Contra o medo, uma flor
Contra a guerra, o amor
E na terra uma cor mais intensa
Nos anos sessenta
Era a Francoise Hardi
O Adamo, a Silvie
E os Beatles fazendo a diferença
Dos anos sessenta
E os dedos que se erguiam
A pedir paz
E as roupas
Que floriam qualquer rapaz
Não há nada que anime
Com'o Yellow Submarine
Quando eu quero dar mais cor
À vida cinzenta
É tão bom, tão bom
Lembrar os anos sessenta
Contra o medo, uma flor
Contra a guerra, o amor
E na terra uma cor mais intensa
Nos anos sessenta
Era a Francoise Hardi
O Adamo, a Silvie
E os Beatles fazendo a diferença
Dos anos sessenta
Tinha um gosto nunca visto
O verbo amar
E no palco Jesus Cristo
Foi Super Star
Não há nada que anime
Com'o Yellow Submarine
Quando eu quero dar mais cor
À vida cinzenta
63
É tão bom, tão bom
Lembrar os anos sessenta
Quando a música no ar
Já não me contenta
É tão bom, tão bom
Lembrar os anos sessenta
INTÉRPRETE: Olívia
MÚSICA: CARLOS CANELHAS
LETRA: Rosa Lobato Faria
ORQUESTRAÇÃO: FERNANDO CORREIA MARTINS
FESTIVAL DA CANÇÃO DA RTP - 1993
2.3. OUTROS FESTIVAIS, OUTRAS MÚSICAS
Num espectáculo ao vivo que a Tonicha levou ao palco do Teatro São Luiz, em 12
de Dezembro de 1977, com a designação de “TONICHA 78”, toda a direcção musical
foi do Correia Martins, espectáculo que teve, para além das actuações da Tonicha, a
participação especial de Eunice Munõz, Carlos Mendes, Tó Zé Brito, Grupo Típico
Cancioneiro de Águeda, Ceifeiros de Cuba e Rancho Folclórico de Silvares.
Fernando Correia Martins participa, em 1979, no 1º Festival de Canção de Lisboa,
vencendo o 1º, 2º e 3º lugares. Este certame, de iniciativa da Câmara Municipal de
Lisboa, realizou-se no Castelo de São Jorge e teve a colaboração da Radiotelevisão
Portuguesa.
O Júri, formado por Luís Sttau Monteiro, Carlos dos Jornais, Tavares Belo,
Frederico Valério, Lopes Vítor e Estêvão de Lima Ferreira, das 12 canções apresentadas
a concurso atribuiu o 1º prémio a “Hino de Lisboa”, de Carlos Canelhas e Joaquim
Pedro Gonçalves, na orquestração de Correia Martins, interpretado pelo grupo «Bric-ABrac”; o 2º prémio a “Lisboa Minha e Tua”, de Carlos Canelhas e Maria Amália Ortiz
da Fonseca, orquestrada por Correia Martins, sendo prodigiosamente cantada pela
Alexandra e o 3º prémio, com o tema “Sempre que tu vens é Primavera”, música de
Nuno Nazareth Fernandes, letra de Vasco de Lima Couto, orquestração de Correia
Martins e cantada por Simone de Oliveira, com aquela voz e garra que lhe é conhecida.
Neste Festival, Correia Martins, foi também o orquestrador da canção não
classificado, “Canção Sonhada”, dos autores Maria da Luz Castro e Silva e Azevedo
Pereira, cantada por Eduardo Beirão.
Acompanhado por Correia Martins, no Teatro Maria Matos, em 1979, actuações
do grupo Maranata, no âmbito do 5º ano da existência do grupo e Teresinha Reis.
Em Julho de 1984, no aniversário da independência de Cabo Verde, esteve
presente, na cidade da Praia, um grande espectáculo onde foi convidado o Carlos do
Carlos. Este fez-se acompanhar pelo maestro Correia Martins, José Maria Nóbrega e
António Chainho. Nesta deslocação, ainda realizaram um novo espectáculo que teve
lugar no espaço do Cine-Teatro Éden Park, na cidade do Mindelo.
64
Em 11 Agosto do mesmo ano, na Festa do Emigrante, realizada em Faro, o Carlos
do Carmo, tem como maestro Fernando Correia Martins e os músicos António Chainho,
José Maria Nóbrega, Fernando Ribeiro, José Duarte, Armindo Neves e Fernando Falé.
Por convite da Radiotelevisão Portuguesa, dirige o 16º festival OTI da canção, que
teve lugar no Teatro Municipal de S. Luís, no dia 24 de Outubro de 1987. A realização
foi de Luís Andrade, produção de António Andrade, cenografia de António Alfredo e a
apresentação esteve a cargo da Ana Zanatti e Eládio Clímaco. Participou a cantora
Teresa Mauko.
Durante a década de oitenta vários programas da RTP contaram com a prestação
de Fernando Correia Martins, para além de o convidarem na situação de entrevistado. O
programa “Notas Soltas”, dedicou-lhe uma emissão. Artur Agostinho em 1983,
conversando com Correia Martins, foi entrando na vida e obra do maestro, ilustrando a
entrevista com temas musicais do convidado, emissão onde foi apresentado a obra
“Recordações de Santo Aleixo”, da autoria do Correia Martins.
Na edição deste programa dedicada a Armindo Neves, apresentada pelo Luis
Pereira de Sousa, a direcção musical foi entregue a Correia Martins, cujo momento alto
se deu com a interpretação do tema de Armindo Neves “Segredos dos Jardins de
Monserrat”, cuja regência de orquestra esteve a cargo do Fernando.
No programa da RPT, “Carlos Quintas Canta Lisboa”, produzido por Piedade
Maio em 1987, a direcção musical foi do Correia martins. Neste ano participa com a
RTP em “Canta Simone”, com arranjos e direcção musical, numa realização de Oliveira
Costa.
No ano seguinte em “Deixem Passar a Música”, a RTP dedica uma emissão a
Fernando Correia Martins, realizada por Ruy Ferrão. Fernando Correia convida para
esta emissão a colaboração do corpo de baile do Teatro Maria Vitória, de Marina Mota,
Simone de Oliveira, Olívia, Fernanda Guerra e Fernando Ribeiro.
Na edição de 1990 do Festival do Tâmega, em Amarante, a sua esposa Olívia é
vencedora do Festival desse ano, com o tema “Canção de Amor”, letra de Raul Duarte,
música Aníbal Freire e orquestração de Fernando Correia Martins. Nesta XI edição do
Festival da Canção do Tâmega, Correia Martins é também o autor da música e
orquestrador da canção “Canto Amarante”, interpretada pela Diana, com letra de
Joaquim Pedro Gonçalves.
CANÇÃO DE AMOR
I
Há em ti a Poesia
O encanto de um sorriso,
A ternura de criança,
Uma gota de alegria,
Um eterno paraíso,
Um futuro de esperança.
65
II
És a flor na Primavera,
Como um toque de magia,
Que inspira meus desejos;
Sonho, lágrimas, quimeras,
O passar do dia-a-dia,
Na doçura dos teus beijos.
III
És o fruto da paixão,
No Verão da minha vida,
Belo e puro no sabor.
És poema de canção,
Harmonia conseguida,
Elegia do Amor.
IV
És o sonho, és a vida,
O início de um caminho,
Novo dia a nascer.
És a lágrima perdida,
Que afago com carinho,
Meu sentido de viver.
REFRÃO
Viver a vida, fazer dela uma canção,
Canção de amor, de viva voz.
Viver a vida, fazer dela uma canção,
Canção de amor, que há em nós.
CANTO AMARANTE
Ó Amarante
Ó menina portuguesa
Meu alpendre de beleza
Minhas horas tão felizes
Cidade encanto
Minha amora meu espanto
Eu te quero tanto, tanto
Tu em mim já tens raízes
Ao rio Tâmega
E à serra do Marão
Leva a minha saudação
Com o teu azul profundo
66
Ó Amarante
Um sorriso mais dos teus
Que tu és terra de Deus
És a minha linda do mundo
Refrão
Em Portugal
Há o S. Pedro e o S. João
E Stº. António
Que p’ras moças também é um regalo
Mas o que traz
Amor e sonho ao coração
E mais graça pois então
É o nosso bom S. Gonçalo
Ó Amarante
Tu és o mais lindo tema
Do poeta e do poema
Por ti sempre enamorado
E do pintor
Para quem és sempre bela
És a mais linda aguarela
Ó meu cantinho sagrado
Ao rio Tâmega
E à serra do Marão
Leva a minha saudação
Com o teu azul profundo
Ó Amarante
Um sorriso mais dos teus
Que tu és terra de Deus
És a minha linda do mundo
Também em 1990, concretamente a 30 de Junho, a administração da Feira
Popular, levou a cabo o IV Festival da Canção de Lisboa. Com a colaboração da
Orquestra Ligeira da RDP, realização de Mara Abrantes e apresentação de Helena
Ramos. Correia Martins é o autor da música da canção “Lisboa Mareante”, cantada pela
Olívia, cuja letra foi escrita pela Rosa Lobato Faria.
No dia 23 de Julho de 1991, na situação de Director da Orquestra Ligeira da RDP,
teve a seu cargo a realização de um espectáculo com fado e canção ligeira nas ruínas do
Carmo, em Lisboa, com Vasco Rafael, Olívia, António Calvário e Victor de Sousa. A
Olívia, teve a sua passagem em palco, entre outras, com as canções “Sete Notas Só” e
“Canção de Dois”. A convite de Teresa Guilherme participa no seu programa “Eterno
Feminino”, transmitido pela RTP em 1991, onde estava também Mário Martins.
67
Em 10 de Abril de 1992, dirige no Teatro da Trindade, para a Rádio Renascença, o
“III Grande Prémio do Disco – LV Aniversário da Rádio Renascença”.
No âmbito das comemorações dos 50 anos da Feira Popular, participou, junto com
Olívia, num jantar e programa especial de variedades, realizado em 9 de Julho de 1992,
com a presença de muitos artistas e membros do Governo.
Correia Martins foi o Director e Regente da Orquestra da Emissora Nacional, entre
1990 até ao seu término, ocorrido em 1994.
Em 22 de Maio de 1995, a SPA – Sociedade Portuguesa de Autores, no âmbito
das comemorações do seu 70º Aniversário, levou a cabo no Casino Estoril, um jantar
espectáculo, com a presença do Presidente da República, Dr. Mário Soares.
Para o feito foi constituída uma Orquestra de 38 figuras que foi dirigida pelo
Fernando Correia Martins. No programa participaram os intérpretes: Alexandra,
António Pelarigo, Fernando Tordo, Helena Vieira, Jorge Palma, José Cid, Mário
Laginhas, Paulo de Carvalho, Pedro Abrunhosa, Pedro Caldeira Cabral, Tó Leal e
Simone de Oliveira.
A convite do José Carlos Español foi Director de Orquestra dos espectáculos de
homenagem aos seguintes artistas: 50 anos de carreira de Anita Guerreiro, realizado no
Teatro São Luís, a 17 de Fevereiro de 2004, onde participaram António Rocha, Artur
Garcia, Fernanda Baptista, Maria José Valério, Marina Mota, Olívia e Wanda Staurt,
bem como o corpo de baile do Teatro Maria Vitória.
A 1 de Abril do mesmo ano, no Fórum Lisboa, homenagem a Maria José Valério,
onde foi também orquestrador de todos os temas. Participaram os artistas e convidados:
Anita Guerreiro, Artur Garcia, Deolinda Rodrigues, Fernando de Sousa, Gonçalo da
Câmara Pereira, Henrique Feist, José Manuel Concha, Luiz N’Gambi, Lurdes Santana,
Olivia, Paula Ribas, Victor de Sousa, Xico Dias e Wanda Stuarte.
No dia 12 de Março de 2005, no mesmo espaço, homenagem a Deolinda
Rodrigues, com as orquestrações e direcção de orquestra, dos artistas: Anita Guerreiro,
Deolinda de Jesus, Fernando de Sousa, Maria Valejo, Marina Mota, Natércia Maria,
Pedro Pinheiro, Piedade Fernandes, Quim Manuel e Wanda Stuart.
A 15 de Abril do mesmo ano, assume as mesmas tarefas do evento de Março, no
âmbito do espectáculo dos 50 anos de carreira de Artur Garcia, onde participou a
Alexandra, Henrique Feist, Isabel Damatt, Jorge Baião, Maria Amélia Canossa, Maria
José Valério, Octávio Matos, Olívia e Piedade Fernandes.
A terminar este sub-ponto de referência queremos sublinhar a preocupação do
Correia Martins criar um grupo em Lisboa, que denominou de “QUINTETO CORREIA
MARTINS”. Este agrupamento tinha cinco músicos de excelência; executantes de
primeira linha, larga experiência, alegres contagiantes e versáteis que deram muito que
falar nos ambientes musicais lisboetas. Era constituído pelo Tino, Carvalhinho, Chico,
Hélder Reis e Correia Martins. Editaram dois discos, editados pela RR, relacionados
com sucessos da música brasileira. O salto da noite de Lisboa para o disco foi
amplamente justificado pela própria gravação.
2.4. GALAS NOVA GENTE
68
Participa como Director Musical, nas edições das Gala Nova Gente, edição 1981 e
na de 1982; em 1986, levada a cabo no palco do Teatro São Luís e em 1988, no Teatro
Municipal Maria Matos. Nestas galas, consideradas pela crítica e pelo público como
“super espectáculos”, num importante acontecimento social e artístico, destinavam-se a
entregar os Troféus “Nova Gente”, como consagração pública dos melhores
espectáculos do ano.
Na Gala de 1982, apresentada pela Rita Ribeiro e Victor de Sousa, junto com
Fernando Correia Martins, onde lhe foi atribuído o Troféu como “MaestroOrquestrador”, foram consagrados os seguintes nomes: Ivone Silva, na modalidade de
Actriz de Revista; Igor Sampaio, Revelação; Leonor Poeira, Prémio Estimulo; Rui de
Carvalho, Actor; Carlos Paulo, Revelação na Revista; São José Lapa, Revelação
Comédia; Helena Reis, Figurinista; Maria do Céu Guerra, Melhor Actriz; Joel Branco,
Actor; Simone de Oliveira, Revelação Feminina; Varela Silva, Actor; Octávio Clérigo,
Cenografia; Suzy Sweet, Ruth Bryden e Lydia Barllof, no espectáculo «Dança das
Bruxas»; e Vitorino, A Voz de «Romances».
Na gala de 1986, com prémios atribuídos ao sector das artes plásticas, bailado,
cinema, circo, desporto, fado, imprensa, literatura, música clássica, música ligeira,
ópera, rádio, tauromaquia, teatro declamado, teatro musical e televisão, os textos deste
grande evento foram do Rui Mendes; direcção musical do Correia Martins; coreografia
de Fernando Lima; figurinos de J. C. Quintão; cenografia de António Casimiro e
direcção artística de Nuno Teixeira.
Na edição de 2 de Maio de 1988 a apresentação esteve a cargo da Helena Ramos e
Fialho Gouveia e foi, como os restantes, uma produção de grande prestígio, onde a
orquestra dirigida pela Fernando Correia Martins soube impor-se à qualidade daquele
evento.
2.5. MARCHAS POPULARES
Neste grande evento realizado pelo município de Lisboa, desde 1932 e dedicado
aos bairros da cidade, considerado como um dos seus melhores cartazes de visita e de
envolvimento colectivo lisboeta, pois consegue congregar na mesma actividade e no
mesmo espaço de realização largos milhares de pessoas, entre músicos, compositoras,
coreógrafos, ensaiadores, cantores, poetas, cenógrafos, figurinistas e marchantes, o
Correia Martins é um nome que tem marcado, não só pela continuidade mas, acima de
tudo pela qualidade.
Nesta área registamos aqui alguma da sua participação, a maioria pela bairro de
Penha de França, nomeadamente:
Em 1989 com Rosa Lobato Faria ganham a Grande Marcha de Lisboa.
Continuando com a parceria com Rosa Lobato Faria, em 1992, apresentam:
“Marcha da Penha de França” e “Uma Nau no Seu Brazão”, cujos padrinhos foram a
Olívia e o Paulo Bragança.
69
No ano seguinte a mesma dupla concorre com: “Quando a Arte Vem do Povo”, e
“2º Andamento”. Como padrinho a Olívia e o figurinista, João Quintão. Os ensaios
estiveram a cargo do Amadeu Fernando, assistido pelo Henrique José.
Entre 2003 a 2007, portanto cinco anos consecutivos, o Fernando Correia Martins
ganhou o Prémio de Musicalidade das Marchas Populares de Lisboa, situação nunca
conseguida por outro compositor até hoje.
A convite da Câmara Municipal de Almada, em parceria com o Carlos Jorge
Español e Sara da Costa, compõe a “Grande Marcha de Almada 2005”, no tema
“Almada como te quero”.
Também na edição de 2005 é autor da Marcha do Alto do Pina, com letra de Sara
da Costa e Carlos Jorge Español e da Marcha do Lumiar, cujos autores da letra foram os
mesmos.
Ainda em 2005 a Associação dos Comerciantes de Lisboa nos Mercados de
Lisboa, começou a participar no Concurso das Marchas Populares, com a designada
“Marcha dos Mercados”.
Com esta novidade pretendeu-se transcrever a energia dos vendedores dos
produtos e os pregões das varinas, num misto de cor, de cheiro e de muita memória
popular.
Para a Marcha dos Mercados de 2006, o Fernando em conjunto com o Carlos
Jorge Español, apresentaram o tema “Nos Mercados de Lisboa” e “As Flores dos
Mercados”. Os padrinhos foi a Anita Guerreiro e o Joaquim Monchique. No ano
seguinte manteve-se a mesma equipa (letra, música e padrinhos), apresentando-se com
os temas “Pregões de Boca em Boca” e “Lisboa, Vai aos Mercados Comprar”.
A sua última participação nas Marchas de Lisboa, Penha de França, foi na edição
de 2008, com os temas “Alto Pina Trás Festa à Fantasia”, com letra de Sérginho e “Alto
do Pina, Noite e Dia de Folia”, com letra de Carlos Jorge Español.
Seguem alguns dos temas apresentadas em Marchas Populares:
MARCHA DA PENHA DE FRANÇA/89
Refrão
Penha de França
Penha de França
Tu és criança entre as outras freguesias
Penha de França
A tua trança
É penteada pela mão das ventanias
Penha de França
Ninguém se cansa
E a tradição uma vez uma vez mais vai ser verdade
Entra na dança
Penha de França
Bate ao ferrolho p’ra acordar
70
Toda a cidade.
Tens Lisboa
Toda a teus pés
Vês Alfama, vês Rossio
Vês o povo entrar na Sé
Vês os barcos singrar no rio, pois é…
Foste ermida
De muita fé
Tens orgulho e tradição
E o ex-voto dum bom jacaré
Que salvou uma vez
Quem lá está a dormir
Na igreja que um bom português
Prometeu ao Senhor em Alcácer-Quibir.
Refrão
Tens fadistas
Tens foliões
Que marcaram no Carnal
Tens guitarras e tens brazões
Muita casa senhorial, que tal?
No Convento dos teus avós
Jesus Cristo vela por nós
Desde o tempo em que os homens do mar
Iam ao Ferrugento beber e cantar
É a Penha de França e de vida
Que desce a Avenida
Que sabe marchar.
Refrão
LETRA: Rosa Lobato Faria
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
DAQUI A MIL ANOS
Daqui a mil anos
Que será da gente?
Haverá humanos?
Existir será diferente?
Daqui a mil anos
Eu até aposto
Que haverá no Mundo
Tudo aquilo de que eu gosto.
REFRÃO
71
Daqui a mil anos
Vai haver crianças
Daqui a mil anos
Vai haver cantigas
Vai haver a marcha
Da Penha de França
Vai haver rapazes
A beijar as raparigas
Daqui a mil anos
Vai haver Lisboa
Vai haver S. Pedro
António e S. João
Vai haver o povo pela rua
A cantar à lua da lua,
O amor numa canção.
Daqui a mil anos
Haverá planetas
Haverá meninos
Haverá reis e poetas.
Daqui a mil anos
Eu até aposto
Que haverá no Mundo
Tudo aquilo de que eu gosto.
REFRÃO
LETRA: Rosa Lobato Faria
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
MARCHAS POPULARES, FESTAS DE LISBOA, 1991
ALMADA COMO TE QUERO
I
Tempos e que tempos passaram
Vamos recordar a história
Na Ramalha apareceu
O São João
Padroeiro, Almada não esqueceu
Tinhas quentes areais
A Margueira, Praia e Ginjal
Ao vento, o moinho
Com branca farinha
72
Lá no alto um cheirinho
Refrão
Almada, Almada
Vem já p’ra rua
A noite é tua
E as fogueiras
Que todos vamos saltar
Almada, Almada
Tu não te esqueças
Da tradição
Almada, Almada
Vem já p’ra rua
É São João
II
E Burrinhos pachorrentos
Que traziam peixe e vinho
Foi corticeiro e camponês
Almada é
A cidade que este povo fez
Ai Almada como te quero
Verde lá no Parque da Paz
Mostra se és capaz
Uma terra assim
Será p’ra ti e p’ra mim
Refrão
MARCHAS POPULARES DE ALMADA 2005
LETRA: CARLOS JORGE ESPAÑOL/SARA DA COSTA
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
MARCHA DO ALTO DO PINA
NOBRES DO ALTO DO PINA
Refrão
Olhei p’rá céu
E vi uma luz
Que nos ilumina
É Alto do Pina – Bis
E as estrelas
Começaram a cantar
E a fidalguia
Nos salões a dançar
Com este céu
73
Assim tão estrelado
Aqui vai a marcha
Do Alto do Pina – Bis
I
Voltar a outros caminhos
Falar de séculos atrás
Com verdade e certeza
Cantar a velha nobreza
Tu vais ver que sou capaz
Eu fecho os olhos e penso
Nos salões de gente fina
Com os rostos escondidos
Havia beijos perdidos
Nobres do Alto do Pina
Refrão
II
Palácios, espelhos dourados
Candelabros, luz e cor
Uma sombrinha agitada
Sinal de apaixonada
Dando luz para o amor
P’rás festas palacianas
Chegavam as carruagens
Os nobres mais elegantes
Faziam-se mais galantes
Traziam coches e pagens
Refrão (Bis)
MARCHA DO ALTO DO PINA 2005
LETRA: Carlos Jorge Español / Sara da Costa
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
INTÉRPRETE: Anita Guerreiro
MARCHA DO LUMIAR
O LUMIAR TAMBÉM É FADO
Refrão
Ai Fado, Fado
Continua adulterando
Sejas batido ou tocado
Cantado ou esticado
Tu és sempre Fado
Ai Fado, ai Fado
74
Aqui fora de portas
No Lumiar e arredores
Onde quer que tu mores
Esta Marcha é um Fado
I
O Fado era choradinho
E tinha aquele jeitinho
De ciúmes e paixões
Cantado fora de portas
Chorado a horas mortas
Seguia as tradições
E nos velhinhos retiros
Solta-se o Fado, um suspiro
E o tanger da Guitarra
E de Louro há um raminho
A indicar o caminho
P’rás grandes noites de farra
Refrão
II
E quando havia tourada
Nos campos à desfilada
Os fidalgos da tipóia
Chegavam sempre fadistas
Ar gingão e artistas
Pra animar a rambóia
Hoje tudo é recordado
Fado batido e chorado
Tudo por aqui passou
Também se pode pular
E esta marcha alegrar
O Fado que aqui morou
Refrão (Bis)
MARCHA DO LUMIAR 2005
LETRA: Carlos Jorge Español / Sara da Costa
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
INTÉRPRETE: Olívia
MARCHA DOS MERCADOS
Refrão (Bis)
Agora sim
Oh freguesa compre aqui
75
Ao venha cá
Oh freguesa aqui está
Ai venham ver
A qualidade é tão boa
Só Nos Mercados
Nos Mercados de Lisboa
Ai venham ver
A qualidade é tão boa
Só Nos Mercados
Nos Mercados de Lisboa
I
Nos Mercados de Lisboa
Temos tudo p’ra vender
Frutas, legumes e flores
Carne, peixe e licores
Oh freguesa é escolher
Nos Mercados de Lisboa
Vendemos por devoção
Onde os produtos são frescos
Pois aqui não há restos
E mantemos a tradição
Refrão (Bis)
II
Nos Mercados de Lisboa
Vive a paz e a amizade
Lembrando o tempo passado
De um fado bem amargo
Que nos enche de saudade
Nos Mercados de Lisboa
Temos tanta ambição
Que até vamos desfilar
Na avenida a marchar
Levando um arco e balão
Refrão (Bis)
MARCHA DOS MERCADOS 2006
LETRA: Carlos Jorge Español
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
PREGÕES DE BOCA EM BOCA
Refrão
Olha o Pregão,
Que ande de boca em boca
Olha o Mercado
76
Que temos que reavivar
Olha Lisboa,
Cada vez mais marota
Esta Cidade,
Que só pensa em festejar
Setenta e cinco anos
Estão as Marchas a comemorar
E Santo António,
Cada vez mais folião
Os Pregões nos Mercados,
Como é bom entoar
E Santo António,
Cada vez mais folião
Os Mercados de Lisboa,
De arquinho e balão
I
Há uma tradição em Lisboa
Que não se pode esquecer
São os Pregões dos Mercados
Que esta Cidade invade
Antes do amanhecer
Pregões dos vendedores dos Mercados
São de Lisboa também
Que bonito é ouvi-los
No meu peito senti-los
Vozes vindas do além!
Refrão
II
Será tudo isto saudade
Ou fértil imaginação
Voltem os Pregões de Lisboa
Para os jovens de agora
Ouvirem tão bela canção
Cantem os Pregões d’outrora
Cantem p’ra ver como soa
A malta de hoje, não sabe
É lamento que chora
Pelas Ruas de Lisboa
Refrão
MARCHA DOS MERCADOS 2007
LETRA: Carlos Jorge Español
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
77
ALTO DO PINA, NOITE E DIA DE FOLIA
Refrão
Agora é que é
Noite e dia de folia
Cantar e dar ao pé
Agora é que é
Noite e dia de folia
No Alto do Pina
Como há muito não se via
Agora é que vai ser
Com tanta imaginação
Nesta marcha que está a ver
Agora é que vai ser
Com tanta imaginação
É Alto do Pina
Sempre a fazer sensação
I
Ao chegar o mês de Junho
Lisboa é uma tentação
Mas no bairro do Alto Pina
É que ninguém imagina
Como este bairro é folião
Noite e dia, uma festa
Que não, acaba ao luar
Vamos vestir a fantasia
Sempre com muita alegria
A cantar, sorrir, dançar
Refrão
II
São João que está à espreita
Com o pezinho a dar a dar
Veste o traje, o mais bonito
Vão os dois p’ró bailarico
Na Alameda festejar
Já vai alta a madrugada
Todos os Bairros na reinação
Entre eles partilham estima
Hoje ninguém desatina
No Alto Pina e São João
Refrão (Bis)
MARCHA DO ALTO PINA 2008
78
LETRA: Carlos Jorge Español
MÚSICA: FERNANDO CORREIA MARTINS
3. TEMAS MUSICADOS E ORQUESTRADOS
"A música tem uma coisa boa:
Quando bate
você não sente dor".
Bob Marley
79
Fernando Correia Martins tem um enormíssimo currículo como compositor e
orquestrador de discos. São centenas de produções que passaram pela sua exímia
capacidade musical, trabalhando para os mais conceituados nomes do nosso espectáculo
musical, com Simone de Oliveira, Paulo Alexandre, Carlos do Carmo, Nicolau Breyner,
Marina Mota, Manuela Bravo, Lenita Gentil, Marco Paulo, Vasco Rafael, Nucha, Dulce
Pontes, Alexandra, Dora, Olívia, entre tantos e tantos outros.
Este capítulo tem a pretensão de nos dar uma brevíssima resenha do que foi a sua
produção neste campo.
Em 1975 é convidado por Diniz Paiva a deslocar-se aos EUA para gravar em
exclusivo para a marca Rossil.
Para o Marco Paulo, faz os arranjos de orquestra e coros do LP “Concerto
Ligeiro”, editado em 1978. É um disco onde foram lançados grandes êxitos que
entraram, rapidamente na boca do povo, como “Ninguém, Ninguém” e “Canção
Proibida”.
Um dos maiores êxitos neste campo, foi com a canção “Verde Vinho”,
interpretada pelo Paulo Alexandre, que chegou a disco de ouro. O disco, editado pela
Rossil, teve toda a coordenação musical e orquestral de Correia Martins. O trabalho
agradou de tal forma a Paulo Alexandre que na entrevista que deu à “Crónica
Feminina”, edição de 12 de Outubro de 1978, a páginas tantas, desabafa assim: - “O
Correia Martins faz músicas tão boas que até chego a ter pena de ter que lhes meter a
minha voz…”. Para este cantor foi igualmente, o grande mentor da produção do disco
“Voltei para ficar”, também editado pela Rossil.
Em 1979, Paulo Alexandre lança “Vem Comigo a Portugal”. Esta produção teve
versões em espanhol, francês, inglês e alemão do poema português, original do próprio
e música de Correia Martins. Paulo Alexandre fez uma apresentação ao vivo desta obra,
em Madrid, na “Semana Portuguesa”, lançando a versão espanhola de “Vem comigo a
Portugal”, onde alcançou um sucesso animável.
Na edição da Plateia de 24 a 30 de Julho de 1979, num artigo não assinado, mas
que julgamos ter sido escrito pelo Carvalho Ramos, com o título “FERNANDO
CORREIA MARTINS – “FABRICANTE” DE SUCESSOS”, inicia assim o artigo: “Êxitos que o povo canta, desde o “Verde Vinho” a “Mulher Sentimental”, sem
esquecer “Senhora Maria”, “Zé Brasileiro, Português de Braga”, “Sobe, Sobe, Balão
Sobe”, “Aleluia”, etc., etc.. É uma longa lista que tem a assinatura de um dos músicos
portugueses mais em foco nestes últimos tempos – um “cozinheiro” de sucessos, em
80
suma! Chama-se Fernando Correia Martins, e do seu talento está nascendo uma nova
“era na música portuguesa!”.
Em 1979, Vicente lança um long-play, cantando poemas de Afonso Lopes Vieira,
com música de Vicente do Nascimento e orquestração de Correia Martins. Nascia,
assim, um trabalho maravilhoso, com poemas de um dos nossos maiores nomes da
literatura portuguesa, com suas melodias orquestradas pelo Maestro Correia Martins que
conseguiu um disco notável a todos os níveis. “Muito belo, profundamente belo até, traz
nele uma lufada de pureza que nos chega à alma”, segundo palavras que retirámos de
uma edição da “Crónica Feminina”, de 1979.
Para a editora Alvorada, faz as orquestrações do “Disco-Sound”, para o artista
Gabriel Cardoso, cujo autor das letras foi Joaquim Pedro Gonçalves.
Cândida Branca-Flor lançou pela Vadeca, um single em 1980, que incluiu os
temas “Mil Vezes Só” e “Amar por Amar”, de António José, com arranjos de Fernando
Correia Martins.
Faz parte, em 1983, do elenco musical do LP do Carlos do Carmo “Um Homem
no País”, ao lado dos músicos Carlos Paredes, Fernando Alvim, António Serafim e Rui
Cardoso.
Em 1985, Correia Martins grava nos EUA, LPs, onde inclui os nomes de Olívia
Rodrigues, Dinis Paiva, Ted Ramos e Agostinho Mecha, entre outros.
No inicio de 1990, Olívia lança o seu primeiro LP, “Canta Comigo”, um bom
disco de musica portuguesa, coordenado pelo Correia Martins. No ano seguinte é
responsável do segundo LP de Olívia, denominado “Bailinho e Outros Amores”.
Para a Vidisco, em 1993, produz um CD para a Olívia, onde canta poemas de
Rosa Lobato Faria, Ana Zanatti, Marco Quelhas e Jerónimo Bragança, com músicas de
Carlos Quelhas, Nóbrega e Sousa, Carlos Quelhas e Fernando Correia Martins. Olívia
apresentou 14 temas. Também a sua mulher, é responsável pelo disco “Novos Amores”,
lançado em 1994, trabalho que reuniu alguns dos nomes mais sonantes da nossa terra.
Há uma dupla que marcou a carreira de Olívia, que foi a Rosa Lobato Faria e o seu
marido Correia Martins. No CD acima referido “Bailinho e Outros Amores”, a Rosa
Lobato Faria é a autora de todas as letras dos dez temas apresentadas, que foram
musicados seis por Correia Martins, dois por Carlos Canelhas e um por Dina. Em 2001,
numa produção, arranjos e direcção de Fernando Correia Martins, foi lançado o CD,
“Olívia Mulher”, também com a assinatura da Rosa Lobato Faria. Num texto de
apresentação, que esta grande poetisa e actriz escreveu para este trabalho, ela diz o
seguinte: - “Olívia, uma voz praticamente desconhecida dos portugueses, por ter vivido
muito tempo fora da sua terra, regressou há alguns anos disposta a rever, com
persistência e humildade a sua forma de estar na música. Cativou-me a maneira
determinada e séria com que o fez. O enorme profissionalismo, a magnífica voz, a
exigência da qualidade, a capacidade de trabalho.
Escrever para a Olívia, é ter a certeza de ver o nosso texto respeitado, sentido,
analisado e amado. De encontro na interpretação a intenção das palavras, na beleza da
voz a musicalidade dos versos, (…) Esta aí uma cantora portuguesa, no sentido da
palavra.”
81
Entre 1993 e 1994, fazemos referência às orquestrações para o CD de Piedade
Fernandes, intitulado “É Magia”, a autoria musical de dois temas para o CD de Vasco
Rafael “Canto o Meu Fado”, cujas letras foram da Rosa Lobato Faria e a produção,
autor de alguns temas, arranjos e direcção de orquestra e coros do CD da Alexandra,
intitulado “De Viva Voz”.
Por último fazemos destaque de um trabalho lançado em 1994 do poema musical
“Os Olhos da Mente”, original de Félix Heleno e Correia Martins, com Ana Zanatti e
Félix Heleno e as vozes da Alexandra, Olívia, Isabel Campelo e Marco Quelhas. A
produção, orquestração e direcção foi também, do Correia Martins.
No ano de 1995, o maestro Correia Martins dá à estante um trabalho que se serve
do seu instrumento mais querido. O CD, “As nossas canções e o violino”, trouxeram ao
mercado um trabalho de grande fôlego, lançado pela PoliGram. Foi um álbum de temas
e canções portuguesas intemporais, interpretadas por um instrumento expressamente
convidado para o efeito, magicamente manobrado pelo saber indiscutível do Correia
Martins.
Quem conhecia e convivia de perto com o Fernando Correia Martins e a Olívia,
sabem o quanto eles eram sensíveis com o lado espiritual, o quanto eles se preocupavam
em trabalhar o seu “eu” interior. Em 1997, o Fernando incomodado com um sonho que
tinha tido, aventura-se na produção de um trabalho, todo ele virado para esta dimensão.
Aliás, segundo informação de Olívia, foi mesmo uma proposta do Cardeal Patriarca de
Lisboa, Dom António Ribeiro, pois este achava que o projecto merecia o apoio
incondicional do Patriarcado, situação que não veio acontecer, pois derivado à morte
deste Patriarca, toda a estrutura orgânica seguinte não quis abraçar tal projecto. Mesmo
assim o Fernando e a Olívia foram com ele em frente, deram-lhe o título “Ámen”, e o
CD foi lançado no mercado, com a falência da editora logo a seguir e a não promover
convenientemente, este trabalho de profundo significado espiritual. Do Fernando há a
registar a produção, arranjos e direcção. Deram a voz, para além da Olívia, a Isabel
Campelo, Maria Margarida, Marco Quelhas e Manuel Lourenço.
Dos textos introdutórios deste CD, não resistimos de incluir aqui dois, ambos
escritos pelo Fernando. O primeiro, intitula-se “um sonho” e começa assim: - “Não mais
esquecerei um sonho que tive há três anos!...
Meu espírito vagueava por entre as cores…
Meu corpo não existia…
Amarelo, azul, verde e lilás eram as tonalidades que me envolviam, juntamente com
sons ao princípio confusos, mas que pouco a pouco, muito lentamente, se foi
transformando em algo musical.
Todo o meu “ser invisível” rodopiava por entre jactos de luz.
Algo estranho acontecia, porque no meio deste turbilhão, vindo doutra dimensão,
comecei a ouvir uma flauta… uma harpa… e de quando em vez, surgindo do nada como
um murmúrio, um coral imenso cantando palavras que ao princípio não as entendi, mas
com a aproximação deste colossal naipe fui percebendo “sons” como
AMOR…ESPERANÇA….FÉ e PAZ.
Sem saber como e porquê…. Acordei.
Acordei e pensei…
Pensei no “meu” sonho como se fosse um alerta…
Um alerta para todos nós…
Uma aviso à HUMANIDADE do pouco tempo que nos resta…
82
Mas quem sou eu para alertar o MUNDO?
Quem é que me escutará?
Chamar-me-ão louco ou transviado de razão.
A HUMANIDADE não me ouvirá.
Não acredito que o meu PAÍS ou a minha CIDADE me escute, nem mesmo na minha
RUA.
Ficarei contente se, ao olhar um espelho, contar ao “outro” o que sonhei… e o
“OUTRO” acredite!...
Se o reflexo fosse DEUS, o MUNDO não seria assim…
… e foi assim, que este “trabalho” começou.”
O outro texto que consideramos de uma espiritualidade magnífica, é dirigido à
Olívia, grande amor da sua vida. Nele escreveu: -“Na sua passagem pela Terra, ela tinha
que fazer este trabalho para a calmia do seu espírito, e para conforto do seu “eu”.
Nos caminhos do espiritual, ela é devota e ciente da sua responsabilidade como
tal.
A realização deste projecto não foi fácil. A todo o momento e a toda a hora sentia
contrariedade e algo como querendo negar-lhe o direito da concretização. No entanto,
usando a sua Fé como força, tudo foi vencido e por último realizado.
Sei que o seu maior desejo é que todo aquele que escutar este trabalho sinta a paz,
a serenidade e o amor que ela colocou nas suas interpretações e mais, nas suas
convicções.
Possamos pois, todos com ela afirmar: “A MAIOR ORAÇÃO É AMAR”…”
Amigos, na verdade, ouvir este trabalho é limpar a nossa alma. É podermos chorar
de alegria, pelas coisas simples, mas enormes de sentido, que DEUS nos deu.
Sob a direcção do Maestro Fernando Correia Martins e numa edição da
SPA/Strauss, é lançado, em 2001, um CD comemorativo dos 150 anos do nascimento
do compositor Thomaz De-Negro, em que participa Gonçalo Salgueiro, Lia Altavila,
Olívia, Fernando Serafim e Marina Mota. Sobre este espectacular trabalho, fica aqui as
palavras sentidas por Correia Martins, inseridas na obra em causa: -“Quando recebi da
Sociedade Portuguesa de Autores, na pessoa do seu Presidente – Dr. Luís Francisco
Rebello – a incumbência de, segundo o meu critério, produzir um CD com obras
inéditas de Thomaz Del-Negro, fiquei entre surpreendido e receoso, pois tinha cerca de
três quilos de papel de música classificar e investigar. Manuscritos de 1910 de leitura
ilegível e papel amarelo. Porém, foram-se os receios e veio o encantamento. Que beleza
e quanta sensibilidade.
Thomaz Del-Negro foi realmente um melodista ímpar para a sua época,
balançando entre o popular, ligeiro e lírico. Tinha a particularidade de transmitir
emoções com “traquinice”, “rebeldia” ou crítica mordaz em pequenas “alfinetadas”. Foi
sem sombra de dúvida um homem que nasceu para o teatro. Ao escutarmos a sua
música o palco começa a construir-se nos nossos sentidos. E ali está tudo: orquestra,
ribalta, luzes, artistas… como ele nos permite sonhar!
Com “Mangerico” ou “Coro das Farturas” podemos constatar como são actuais
estes temas em qualquer “Revista à Portuguesa” de hoje… se houvesse Parque Mayer.
“O Cigarro do Soldado” e “Fado Moderno” mostra-nos o seu romantismo com alguns
gotas de lirismo. Com “Bilhetes Postais”, “Aninhas e Gavroche” e ainda “Descante de
Fogueiras de S. João” temos belos momentos de música de Opereta.
83
Como era versátil e completo este homem que me pareceu tão temperamental
quanto sensível e inconformado.
Falemos dos intérpretes…
As razões desta escolha foram várias: qualidade, sensibilidade, timbre, forma,
facilidade, força e jeito, princípios básicos para se cantar Thomaz Del-Negro. Quando
ouvimos estes cinco intérpretes, estas “sete” insinuações são-nos transmitidas por cada
um por si é um caso, e cada caso um exemplo.
Ao pensar em Lia Altavilla e Fernando Serafim, estou numa “onda” mais lírica,
mas poética, e talvez mais em sintonia com determinados impulsos espirituais do
compositor. Estes intérpretes têm no seu curriculum uma vida cheia de altos valores no
que se refere ao belo-canto. São profissionais aplaudidos sem reserva pela crítica e pelo
público. Este trabalho é enriquecido com as suas vozes e a alma que nos dão.
A minha terceira escolha era um pouco mais difícil, pois precisava de um
interprete pouco vulgar para o desempenho de três funções: O lírico e o fadista (ouça-se
“O Fado do Guines”) e o cantor. Este alguém versátil e sentimental (embora muito
jovem) só poderia ser o Gonçalo Salgueiro que cumpriu perfeitamente os meus desejos.
Um último convite seria para Olívia e Marina Mota. Duas interpretes “iguais” mas
com grandes diferenças. Iguais na qualidade, sensibilidade e facilidade, mas diferentes
no timbre, na forma, na força e no jeito. Se por um lado está Marina que é actriz,
cançonetista, fadista e grande mulher da Revista à Portuguesa, por outro lado está a
Olívia, uma cançonetista de forma romântica, versejando com a singeleza duma
adolescente. Nestas duas mulheres a complementaridade necessária para expressar a
escrita do compositor.
Por último uma chamada de atenção para “Bilhetes Postais” em que a cançonetista
“escorrega” para o lírico, e o lírico de quando em vez se torna “cançonetista”. Refiro-me
a Olívia e Gonçalo Salgueiro. Foi uma experiência feliz.
A todos, com o meu coração de músico e espectador, um muito obrigado.
Inclusive, a Thomaz Del-Negro pois, sem a sua obra e inspiração não seria possível
recriar com amor e arte.”
No ano de 2004, para a editora Ovação, é um dos colaboradores de um CD de
homenagem a Arlindo de Carvalho. “Canções à Beira Terra”, teve um texto de
introdução assinado por António Vitorino D’Almeida. Neste magnífico trabalho Correia
Martins colaborou com arranjador, direcção de orquestra e orquestração.
Sob a produção e realização da EGEAC, E.M. – Empresa de Gestão de
Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa, tem a seu cargo a orquestração e
direcção de orquestra do CD “Marchas Populares de Lisboa 2005”. Com direcção e
produção executiva de Carlos Jorge Español, participaram os intérpretes Ada de Castro,
Anita Guerreiro, Deolinda de Jesus, Maria Valejo, Maria José Valério, Olívia, Paula
Ribas, Piedade Fernandes e Wanda Stuart.
No ano de 2006 foi o orquestrador, arranjos e direcção de orquestra e autor de
alguns temas do CD, lançado por Marina Mota Produções, denominado “Estados
D’Alma”.
É bem verdade que o trabalho do Fernando Correia Martins é enorme neste
capítulo. Respeitando o que indicamos atrás, mas como se torna fastidioso falar aqui de
cada um dos trabalhos editados em singles, Lp’s e Cd’s, optamos por deixar a indicação
84
da maioria deles, salientando apenas a sua colaboração como autor, compositor,
arranjador, produção ou direcção.
Singles
1. ALBERTO JÚLIO
TÍTULO: Ser Poeta, Vem Liberdade
EDITORA/ANO: Decca, 1974
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
2. ALEXANDRA
TÍTULO: Senhora Maria
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Zé Brasileiro Português de Braga – Festival RTP - 1979
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Co-Autor (Face B), Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: ALEXANDRA
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Alexandra/António Sala – Festival RTP 1980
EDITORA/ANO: Rossil, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: passeio de charrete
EDITORA/ANO: Rossil, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: ATÉ AMANHECER
EDITORA/ANO: Rossil, 1982
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Rosa Flor Mulher – Festival RTP 1983
EDITORA/ANO: Rossil, 1983
FUNÇÕES DO FERNANDO: Autor, Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si dó
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Tu e Eu
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Co-Autor, Arranjos e Direcção de Orquestra
3. ANA
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TÍTULO: O nosso filme
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: QUANTO + TE BATO
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: DAMA DE COPAS
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
4. ANDREIA
TÍTULO: “OS QUATRO AMIGOS” - Canção concorrente à II Gala Internacional
dos Pequenos Cantores
EDITORA/ANO: Pintainho, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
5. ANÍBAL
TÍTULO: Meninos do Orfanato
EDITORA/ANO: Imavox,
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção musical
6. ANTÓNIO ARTILHEIRO
TÍTULO: Poema da Distância Invenção
EDITORA/ANO: Alvorada, 1973
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Do Nada Venho
EDITORA/ANO: Alvorada, 1973
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Poema de Voltar a Ser
EDITORA/ANO: Alvorada, 1974
FUNÇÕES DO FERNANDO:
7. ANTÓNIO MOURÃO
TÍTULO: Nem Contigo Nem Sem Ti
EDITORA/ANO: Decca, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra e coro
8. ANTÓNIO RIOS
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TÍTULO: Alguém Chamou por Mim, Quero…
EDITORA/ANO: Alvorada, 1973
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Melodias Do Desespero
EDITORA/ANO: Osiris
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Rios
EDITORA/ANO: Osiris
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
9. ANTÓNIO SALA
TÍTULO: A Minha Aldeia
EDITORA/ANO: Poligram, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
10. ARCO IRIS
TÍTULO: Arco Íiris
EDITORA/ANO: RPE, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Autor e Produção
11- ARLINDO DE CARVALHO
TÍTULO: O Comboio do Algueirão
EDITORA/ANO: Música e Som
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
12. BADARÓ
TÍTULO: “Como Ispilico”
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Cantigas P’ra Qem Tem Filhos
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
13. BOLA DE NEVE
TÍTULO: Bola de Neve
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
14. BRIC À BRAC
TÍTULO: Daqui Deste País – FESTIVAL RTP 1981
EDITORA/ANO: Rossil, 1981
87
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
15. CANDIDA BRANCAFLOR
TÍTULO: Mil Vezes Só, Amar Por Amar
EDITORA/ANO: Vadeca, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
16. CARLOS FILIPE REIS
TÍTULO: Palavras Proibidas até 15 de Abril
EDITORA/ANO: Alvorada, 1974
FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestra de Correia Martins
17. CLARISSE & TÓ
TÍTULO: “NINGUÉM”, Também Sonha
EDITORA/ANO: Rossil, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção, Arranjos e Direcção de Orquestra
18. CLEMENTE
TÍTULO: Canção Dos Teus Cabelos
EDITORA/ANO: Rossil, 1982
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Amore Mio
EDITORA/ANO: Polygram, 1983
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
TÍTULO: Noites De Praia
EDITORA/ANO: Vidiofono, 1983
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Balada dos Caçadores
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Vais Partir
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Organização
19. DANIEL GARCIA
TÍTULO: O Último Tacho em PORTUGAL
EDITORA/ANO: Alfabeta
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
20. DÁRIO DE BARROS
88
TÍTULO: Diário de Barros
EDITORA/ANO: RTE, 1973
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Músico, Arranjos e Direcção de
Orquestra
TÍTULO: Hipocrisia
EDITORA/ANO: RPE
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Músico, Arranjos e Direcção de
Orquestra
21. DINO MEIRA
TÍTULO: É Sempre Assim, Barco Estrangeiro, Adeus Amor, Fuga
EDITORA/ANO: Estúdio
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
22. EDUARDO LEMOS
TÍTULO: Eduardo Lemos
EDITORA/ANO: Osiris
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
23. ELSA COIMBRA
TÍTULO: Seiva do Meu Pensamento, Contábile, Sou Mulher da Rua, Se eu Fosse
Corpo de Trigo
EDITORA/ANO: Alvorada
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
24. FERNANDO PEDRO
TÍTULO: Mulher Nazaré do Mar
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Fernando Pedro
EDITORA/ANO: Gira, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Coro e Direcção Musical
TÍTULO: Mais de Mil
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Esse Teu Corpo de Mulher e Fizemos de Setembro Primavera
EDITORA/ANO: Discossete, 1984
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
25. GABRIEL CARDOSO
89
TÍTULO: És Muito Mais do Que Canto
EDITORA/ANO: Alvorada, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração
TÍTULO: Oh, Meu Amor
EDITORA/ANO: Edison, 1982
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Êxitos Internacionais
EDITORA/ANO: Monitor
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical
TÍTULO: Sou D’um Povo de Raiz
EDITORA/ANO: Alfabeta
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção de Orquestra
26. GRUPO MUSICA
TÍTULO: Lição de Solfejo e a Ave e a Infância (1º Prémio Eurovisão-77, Versão
Portuguesa)
EDITORA/ANO: Imavoz, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
TÍTULO: Eurofestival 78
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
27. GRUPO “PALMO E MEIO”
TÍTULO: Natal de Irmãos
EDITORA/ANO: Rossil, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical
28. IO APOLONI
TÍTULO: Erótica, Política Sexy
EDITORA/ANO: Metro-Som, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
TÍTULO: Olhaste Alguma Vez, Há Pr’aí Muitas Mulheres
EDITORA/ANO: Alvorada, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Um Pouco Mais
EDITORA/ANO: Rossil, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
29. JOÃO FERNANDO
TÍTULO: Quem Estará
90
EDITORA/ANO: RCA Records, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos, Coros e Direcção
30. JOEL
TÍTULO: D. Roberto
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
31. JORGE BARRADAS
TÍTULO: Cidade das Três Cidades
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
32. JOSÉ BRAVO
TÍTULO: Teu Corpo Meu País, Hoje Ninguém Vai Chorar
EDITORA/ANO: RR
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
33. JOSÉ DE CASTRO
TÍTULO: José de Castro
EDITORA/ANO: Lisboa Record
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
34. JOSÉ MANUEL
TÍTULO: Tu Cambiarás
EDITORA/ANO: Estúdio
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
35. JÚLIA BABO
TÍTULO: Não Vires a Casaca, O Tempo é de Vigilância
EDITORA/ANO: Alvorada, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração e Direcção
36. LENITA
TÍTULO: Canção dos Pés Descalços
EDITORA/ANO: RR
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical
37. LUÍS DUARTE
TÍTULO: Luís Duarte
EDITORA/ANO: Alvorada, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
91
TÍTULO: My Love Song, meu pai
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
38. LUÍS ROMÃO
TÍTULO: Chegou o Vento, Canção Distante
EDITORA/ANO: Alvorada, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Rossio, para Voar
EDITORA/ANO: Alvorada, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
39. MADI
TÍTULO: Lição de Português (3º Lugar Festival RTP, 1980)
EDITORA/ANO: Rossil, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos de Cordas e Metais
TÍTULO: Em Vez de um Beijo
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Alegria, Alegria
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
40. MARCHAS DE LISBOA
TÍTULO: Cantar Lisboa (1º Prémio das Marchas de Lisboa, 1981), voz de
Ermelinda Duarte
EDITORA/ANO: Metro-Som, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical
41. MARCO PAULO
TÍTULO: O Mais Feliz do Mundo
EDITORA/ANO: EMI, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Com o Vento Vou Cantando
EDITORA/ANO: EMI, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Canção Proibida
EDITORA/ANO: EMI, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
92
TÍTULO: Mulher Sentimental
EDITORA/ANO: EMI, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Eu Tenho Dois Amores, Tão Amantes que Nós Fomos
EDITORA/ANO: EMI, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: É o Fim do Mundo/Vou Recordar
EDITORA/ANO: EMI, 1982
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra e Coros
42. MANUEL JOSÉ SOARES
TÍTULO: Concerto Maior (Canção finalista Festival RTP, 1980)
EDITORA/ANO: Nova, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
43. MANUELA BRAVO
TÍTULO: Sobe, Sobe, Balão Sobe (Canção vencedora do Festival RTP/79. Prémio
da Melhor Interpretação)
EDITORA/ANO: VDC, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Mulher Só
EDITORA/ANO: VDC, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
44. MARIA ARMANDA
TÍTULO: A Bia da Mouraria
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Novo Fado do Emigrante
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
45. MARIA CANDAL
TÍTULO: Que Saudade, A Você Tristonho, À Espera de Alguém, Erva Venenosa
EDITORA/ANO: Marfer, 1967
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção Musical
46. MARIA GUINOT
TÍTULO: 3º LUGAR FESTIVAL DA RTP 1981
EDITORA/ANO: Rossil, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
93
TÍTULO: Falar Só Por Falar
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
47. MARRK OLIVER
TÍTULO: Mark Oliver
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
48. MARANATA
TÍTULO: Velha Estrada
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Barbara
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Aleluia
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Maranata canta Mozart
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Blue Jeans
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Lua Vai e Lua Vem
EDITORA/ANO: Rosil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Filho (xaile do meu peito)
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Grupo Vocal Maranata
EDITORA/ANO: Alfabeta
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
TÍTULO: As Maõs
EDITORA/ANO: Estúdio
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
49. NICOLAU BREYER
94
TÍTULO: Fornicoques d’A Batalha do Colchão, Tango do Orangotango
EDITORA/ANO: DECCA, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
50. OLÍVIA RODRIGUES
TÍTULO: Eu Espero
EDITORA/ANO: Metro-Som, 1986
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção e Mistura
51. ONDINA
TÍTULO: Madrugada, a Primeira Aula, Tudo É, Foi, Há Quanto Tempo
EDITORA/ANO: Alvorada, 1976
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
52. PATRÍCIA
TÍTULO: Rock da Pequenada (Vencedora Nacional da 3ª Gala dos Pequenos
Cantores da Figueira da Foz, 1981)
EDITORA/ANO: Rossil, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Vai Chegar, O Pai Natal
EDITORA/ANO: Rossil, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
53. PAULO ALEXANDRE
TÍTULO: Voltei para Ficar
EDITORA/ANO: Rossil, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Verde Vinho
EDITORA/ANO: Rossil, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Oferece as Tuas Maõs
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Vem Comigo a Portugal
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: De Mala Aviada
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
95
TÍTULO: Paulo Alexandre canta Camões
EDITORA/ANO: Ross
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Bom Bom Bom Só o Amor
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
54. PAULO JORGE
TÍTULO: Luísa
EDITORA/ANO: Alfabeta
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
55. PIRILAMPO MÁGICO
TÍTULO: Pirilampo Mágico
EDITORA/ANO: Antena 1/Cerci’s, 1989
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical
56. QUINTETO CORREIA MARTINS
TÍTULO: QUINTETO CORREIA MARTINS
EDITORA/ANO: RR
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção
TÍTULO: QUINTETO CORREIA MARTINS
EDITORA/ANO: RR
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção
57. ROBERTO VALADAS PRETOS
TÍTULO: A Música dos Bons Velhos Tempos
EDITORA/ANO: Lis
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra e Coros
58. RODRIGO
TÍTULO: O Mundo é da Criança
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
59. RUBEN
TÍTULO: Canção de Amor
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
TÍTULO: Até Logo ou Amanhã
EDITORA/ANO: Rossil
96
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
60. SIMONE DE OLIVEIRA
TÍTULO: 1º PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO DO FESTIVAL DA NOVA CANÇÃO
DE LISBOA
EDITORA/ANO: Alvorada, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração e Direcção
TÍTULO: Simone
EDITORA/ANO: Alvorada, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração
61. SÉRGIO E MADI
TÍTULO: OH MY
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Cry To Me
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Forever Loving You
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Solta o Rock (que ele não te morde)
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
62. CORO VOZES LIVRES – “CANÇÃO DE LUTA”
TÍTULO: Soldados e Povo, Camponês a Terra é Tua
EDITORA/ANO: Osiris
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical
63. SWISS LADY GRUPO MÚSICA
TÍTULO: Swiss Lady Grupo Música
EDITORA/ANO: Rossil, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
64. SÉRGIO WONDER
TÍTULO: O Nosso Entardecer
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
65. STELLA-MAR
97
TÍTULO: O Cão e o Gato
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
66. TEATRO ADOQUE
TÍTULO: Taran Tan Tan Não Enche Barriga
EDITORA/ANO: Orfeu, 1976
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor
TÍTULO: CHIÇA! – Este é o Bom Governo de Portugal!
EDITORA/ANO: Adoque, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical
TÍTULO: É TUDO ADOQUE
EDITORA/ANO: Adoque, 1981
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra
TÍTULO: CANINHAS A VIAGEM A PARIS
EDITORA/ANO: Adoque
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
TÍTULO: Ao Lado do Homem
EDITORA/ANO: Adoque
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção Musical
TÍTULO: O Anjinho por FRANCISCO NICHOLSON
EDITORA/ANO: Sassetti
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
TÍTULO: A Justiça – ERMELINDA DUARTE coloca a justiça nos bancos dos réus
EDITORA/ANO: Adoque
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
TÍTULO: Jovem, Jovem! ERMELINDA DUARTE
EDITORA/ANO: Metro-Som
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical
TÍTULO: A Paródia
EDITORA/ANO: Adoque
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
67. TEATRO MARIA VITÓRIA
TÍTULO: Vitória! Vitória…
EDITORA/ANO: A Árvore do Deserto
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Produção e Direcção Musical
98
TÍTULO: MARINA MOTA NO TEATRO MARIA VITÓRIA NA SUPER REVISTA
“NÃO BATAM MAIS NO ZEZINHO”
EDITORA/ANO: Metro-Som, 1985
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
68. TERESINHA
TÍTULO: É Doce Morrer no Mar
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Cabocla Bonita
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
69. TUDELA
TÍTULO: Vou Inventar Uma Flor, KANIMAMBO
EDITORA/ANO: Tecla, 1973
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
70. VALÉRIO SILVA
TÍTULO: Canção de Paz e Amor
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Canção do Realejo, Festival RTP-1979
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Let’s Keep Mooving, Joy to the world
EDITORA/ANO: RR
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Júlia
EDITORA/ANO: Alfabeta
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: II FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO DOS DOIS MUNDOS
EDITORA/ANO: Alfabeta
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
71. VICTOR ESPADINHA
TÍTULO: A Nossa Canção
EDITORA/ANO: Poligram, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
72. VICENTE
99
TÍTULO: Vem Comigo ao Norte/Devagar Devagarinho…
EDITORA/ANO: Vidisco, 1984
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical
TÍTULO: A Guitarra Está de Luto
EDITORA/ANO: Vidisco, 1984
FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico, Arranjos e Direcção de Orquestra
73. VITOR LEITÃO
TÍTULO: Rosa de Maio
EDITORA/ANO: Decca, 1974
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Canção Acesa (Canção concorrente à canção RTP da Eurovisão 1975)
EDITORA/ANO: Decca, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
74. ZÉLIA
TÍTULO: Agosto em Lisboa (Canção finalista Festival RTP 1980)
EDITORA/ANO: Nova, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
LP,s
1. AGOSTINHO MECHA
TÍTULO: Agostinho Mecha Canta Ao Meu Povo
EDITORA/ANO: Henda Records Inc., 1985
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção Musical
2. ALEXANDRA
TÍTULO: Canta Folclore do Minho aos Açores
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção de Orquestra
TÍTULO: Êxitos Para Si – FESTIVAL RTP 1982
EDITORA/ANO: Rossil, 1982
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
TÍTULO: Aplauso
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
3. ALGARVE
100
TÍTULO: Algarve
EDITORA/ANO: Comissão Regional de Turismo do Algarve, 1980
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
4. ARLINDO DE CARVALHO
TÍTULO: Meu Canto Minhas Raízes 4º anos de Canções
EDITORA/ANO: Ovação, 1990
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
5. BADARÓ
TÍTULO: O Pagode do BADARÓ
EDITORA/ANO: MBP, 1989
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produtor, Músico e Compositor
6. CANTA…NAZARÉ!
TÍTULO: Canta… NAZARÉ!
EDITORA/ANO: Porfanto, 1988
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Produção
7. CARLOS PAREDES e CARLOS DO CARMO
TÍTULO: Carlos Paredes e Carlos do Carmo (Ao vivo na Ópera de Frankfurt)
EDITORA/ANO: Philips, 1983
FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico e Direcção Musical
8. CECÍLIA CARDOSO
TÍTULO: Cecília Cardoso
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
9. FERNANDO PEDRO
TÍTULO: Mulher da NAZARÉ
EDITORA/ANO: Edisom, 1983
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Orquestrações
TÍTULO: Um Sorriso uma Flor
EDITORA/ANO: Gira
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção e Adaptação
10. FRANCISCO SEIA
TÍTULO: Alcatruz
EDITORA/ANO: Musidisco, 1983
FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico, Arranjos e Direcção Musical
101
11. GABRIEL CARDOSO
TÍTULO: Festival do Amor, Baby, Venham Amigos e Muitas Mais…
EDITORA/ANO: ESTÚDIO
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
12. GRUPO “PALMO E MEIO”
TÍTULO: Natal de Irmãos
EDITORA/ANO: Rossil, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Música, Arranjos e Direcção Musical
13. IO APOLLONI
TÍTULO: Viver Mulher
EDITORA/ANO: Io Apolloni
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos Musicais
14. IO APOLLONI E ANTÓNIO ANJOS
TÍTULO: Io Apolloni e António Anjos
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
15. IGOR SAMPAIO
TÍTULO: Igor Sampaio
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
16. JOSÉ CHETA
TÍTULO: José Cheta
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
17. JOÃO FERNANDO
TÍTULO: Rumores
EDITORA/ANO: Musidisco
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
18. JOÃO LUÍS
TÍTULO: João Luís
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
19. JÚLIA BABO
102
TÍTULO: Uma Só Pátria
EDITORA/ANO: Alvorada, 1975
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjo e Direcção de Orquestra
20. LUÍSA BASTOS
TÍTULO: Canta Romeu Correia
EDITORA/ANO: Câmara Municipal de Almada
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
21. MARANATA
TÍTULO: Vem e Canta
EDITORA/ANO: Valentim de Carvalho, 1977
FUNÇÕES DO FERNANDO: Músico, Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: As Cores da Música
EDITORA/ANO: Rossil
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
22. MARCO PAULO
TÍTULO: Concerto Ligeiro
EDITORA/ANO: Valentim Carvalho, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjo de Orquestra e Coro
23. MARIA DA LUZ
TÍTULO: Canta Paso Dobles e Canções
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
24. MARIA DILAR
TÍTULO: Quero Viver
EDITORA/ANO: Riso e Ritmo Discos, Lda., 1984
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
25. MÚSICA PARA DANÇAR
TÍTULO: Música para Dançar
EDITORA/ANO: Alvorada, 1976
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
26. NATÉRCIA FREIRE
TÍTULO: Cantigas do Meu País
EDITORA/ANO: GAF, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestração e Direcção de Orquestra
103
27. OLÍVIA
TÍTULO: Bailadinho & Outros Amores
EDITORA/ANO: Caravela, 1991
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção Musical
TÍTULO: Canta Comigo
EDITORA/ANO: A Arvore do Deserto
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção e Direcção Musical
28. PAULO ALEXANDRE
TÍTULO: Romance
EDITORA/ANO: Rossil, 1978
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Vem Comigo a PORTUGAL
EDITORA/ANO: Rossil, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção de Orquestra
29. RAIMUNDO
TÍTULO: Raimundo
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
30. ROSITA AFONSO
TÍTULO: Rosita Afonso
EDITORA/ANO: Lisbon Records
FUNÇÕES DO FERNANDO: Direcção Musical
31. A SEVERA
TÍTULO: A Severa (Espectáculo de Sérgio de Azevedo)
EDITORA/ANO: A Árvore do Deserto)
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Direcção Musical
32. SIMONE
TÍTULO: Simone
EDITORA/ANO: Philips
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
33. TEATRO ADOQUE
TÍTULO: O Indiozinho Raio de Luar
EDITORA/ANO: Teatro Adoque
FUNÇÕES DO FERNANDO: Conjunto Musical, Arranjos e Direcção Musical
104
34. TEATRO MARIA VITÓRIA
TÍTULO: Toma Lá Revista
EDITORA/ANO: Teatro Maria Vitória, 1987
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor
35. TEATRO VARIEDADES
TÍTULO: A Prova dos Novos!
EDITORA/ANO: Teatro Maria Vitória, 1988
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Orquestrador
36. TEÓFILO RAMOS
TÍTULO: Sim!!!
EDITORA/ANO: Henda Records, INC.
FUNÇÕES DO FERNANDO: Co-Autor de Letras e Músicas; Produção, Direcção e
Arranjo Musical
37. TRIO ODEMIRA
TÍTULO: “Ciúmes”
EDITORA/ANO: MBP
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos
38. VICENTE
TÍTULO: fala o poeta AFONSO LOPES VIEIRA
EDITORA/ANO: Alvorada, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos de Orquestra
TÍTULO: Navegante da Canção
EDITORA/ANO: Vidisco, 1986
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
39. VITÓRIA MARIA
TÍTULO: Os Maiores Sucessos de Nóbrega e Sousa
EDITORA/ANO: Movie Play, 1979
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção de Orquestra
CD’S
1. ALEXANDRA
TÍTULO: De Viva Voz
EDITORA/ANO: Alexandra, 1994
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor
105
2. ANA ZANATTI E FÉLIX HELENO
TÍTULO: Os Olhos da Mente (Original de Félix Heleno e Correia Martins)
EDITORA/ANO: Vidisco, 1994
FUNÇÕES DO FERNANDO: Autor, Compositor, Produção e Orquestração
3. ARLINDO DE CARVALHO
TÍTULO: Canções à Beira Terra
EDITORA/ANO: 2004
FUNÇÕES DO FERNANDO: Orquestrações e Direcção de Orquestra
4. MARCHAS POPULARES DE LISBOA
TÍTULO: Marchas Populares de Lisboa 2005
EDITORA/ANO: Egeac, 2005
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Mistura e Orquestrações
5. MARINA MOTA
TÍTULO: Estados D’Alma
EDITORA/ANO: Marina Mota, 2006
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor, Arranjos e Direcção
6. OLÍVIA
TÍTULO: Bailinhos e Outros Amores
EDITORA/ANO: Caravela, 1991
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção de Orquestra
TÍTULO: Ámen
EDITORA/ANO: PR, 1997
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção, Arranjos, Direcção e Músico
TÍTULO: Olívia Mulher
EDITORA/ANO: Cormusical, 2001
FUNÇÕES DO FERNANDO: Produção, Arranjos e Direcção de Orquestra
7. PIEDADE FERNANDES
TÍTULO: É Magia
EDITORA/ANO: 1993
FUNÇÕES DO FERNANDO: Arranjos e Direcção
8. THOMAZ DEL-NEGRO
TÍTULO: Thomaz De- Negro, música e compositor 150 Anos
EDITORA/ANO: SPA, 2001
106
FUNÇÕES DO FERNANDO: Investigação, Produção, Direcção Musical e
Orquestrações
9. VASCO RAFAEL
TÍTULO: Canto o meu Fado
EDITORA/ANO: Movieplay, 1994
FUNÇÕES DO FERNANDO: Compositor e Direcção
4. PRÉMIOS E HOMENAGENS
“A Música é o coração da alma.
Ela faz com que os seres humanos
se lembrem de onde vieram.”
In, Espíritos entre nós,
James Van Praagh
107
Ao longo da sua longa carreira, Correia Martins foi diversas vezes contemplado
com prémios e homenagens, como temos vindo a referir. Desses actos, muitos deles
feitos com rigor de análise à sua excelência musical, registamos aqui os seguintes:
Prémio como orquestrador no Festival da Canção em 1979, com o tema “SobeSobe, Balão, Sobe” e a condecoração estatal dada pelo governo israelita, aquando da sua
deslocação com a Manuela Bravo ao Festival da Eurovisão em Israel.
No dia 3 de Março de 1980, uma comissão do Cenáculo Artístico e Literário
“Tábua Rasa”, levou a cabo um jantar de homenagem ao Maestro Fernando Correia
Martins, que se realizou no Hotel Roma, com numerosas figuras de relevo do nosso
meio artístico.
Das várias notícias, referentes à divulgação desta iniciativa, atrevemo-nos a
indicar aqui a foi escrita pela escritor e jornalista, Armando de Aguiar, publicada no
jornal “O Dia”, na edição do dia 5 de Março.
“Homenagem ao maestro
orquestrador Correia Martins
Por iniciativa do cenáculo artístico literário “Tábua Rasa” foi oferecido um
jantar ao maestro-orquestrador Fernando Correia Martins a dirigir,
actualmente, a orquestra que está actuando no Teatro da Trindade, com a
peça “A Invasão”. Artista do nosso teatro ligeiro e muitas outras que se
dedicam a canções, assim como intelectuais e senhoras, associando-se a
essa homenagem que teve a presidi-la o comendador Júlio Navarro Cabral.
A escritora Odette de Saint-Maurice, Vice-presidente daquele cenáculo,
disse da razão da homenagem, exaltando a personalidade do maestro
Correia Martins. Outros oradores também afirmaram do seu muito apreço
por quem tanto tem trabalhado pelo teatro do “music-hall” português.
Alguns artistas cantaram em homenagem a Correia Martins, que
agradeceu.”
Vários telegramas foram enviados por pessoas que não puderam estar presentes,
mas congratulando-se com o acto, como aconteceu com a Simone de Oliveira, João
Nogueira, José de Carvalho, Luís Horta, Mil Costa, Maria Helena Henrique Santana,
Guilherme Lena, Victor de Sousa e Nicolau Breyner que diz o seguinte no seu
108
telegrama: -“IMPOSSÍVEL ESTAR AÍ MOTIVOS PROFISSIONAIS ESTOU
CONTIGO EM ESPÍRITO HOJE E SEMPRE GRANDE AMIGO PARABÉNS
MERECIDA HOMENAGEM DO AMIGO NICOLAU BREYNER”.
Em 1981 é vencedor com o 1º Prémio das Marchas de Lisboa e o Prémio Nova
Gente como “Melhor Maestro” e, no ano seguinte, o Troféu Rádio Renascença como o
melhor orquestrador em “disco” com a edição “Bailadinho &Outros Amores”.
Ganha, com Rosa Lobato Faria a Grande Marcha de Lisboa em 1989, através da
participação da Marcha de Penha de França. Neste ano, compôs para o Festival da
Canção RTP, que se realizou no Teatro Garcia de Resende, em Évora, dois bailados,
com coreografia de José Arantes e Liliana Viegas, que ganharam a “Rosa de Oiro”, em
Montreux, único prémio internacional ganho até hoje no Festival da Canção.
Neste Festival da Canção, Fernando Correia Martins foi galardoado também com
o prémio da melhor orquestração.
Ganhou cinco vezes o “Prémio de Musicalidade”, atribuído pela Câmara
Municipal de Lisboa às Marchas Populares, entre 2003 e 2007.
Na sua casa, em Lisboa, são imensos os diplomas, troféus e medalhas,
relacionados com a sua actividade profissional, relativos aos Festivais da Canção, RTP,
Galas Nova Gente; Trabalhos Discográficos com Editoras, Marchas de Lisboa e
Almada, Festas da Cidade de Lisboa, Actividade Teatral e actividade com a SPA.
No dia 27 de Março de 2009, Dia Mundial do Teatro, recebe no Palco do Teatro
Maria Vitória o prémio “Máscaras de Teatro”, atribuído pelo empresário Hélder Freire
Costa.
109
5. O PERCURSO ARTÍSTICO
“Quando se ouve boa música
fica-se com saudade de algo
que nunca se teve e nunca se terá.”
Samuel Howe
110
Neste capítulo optamos por apresentar apenas a actividade do Fernando Correia
Martins ao nível teatral. Assim, fruto da pesquisa efectuada, seguem-se as fichas
técnicas e artísticas dos trabalhas tidos neste sector, obviamente com a possibilidade de
haver outros. Como é sabido nem sempre os artistas guardam toda a documentação,
inerente à sua obra.
TEATRO DECLAMADO
TEATRO ABC
O CAVALEIRO SEM MEDO, de Francisco Nicholson. Encenação: Maria do José
Guerra. Música: Correia Martins e Braga Santos. Cenários e Figurinos: Mário Alberto.
Coreografia: Tânia Pegova. Execução Cenográfica: José Manuel, Rebocho e Mário
Alberto.
Interpretação: Pedro Machado, Daniel, Filomena, Rosa, Maria, Graça Victória, Maria
Tavares, Duarte Nuno, Cristóvão, Joel, Helena Isabel, Fátima Barreto, Luís de
Mascarenhas, Nuno Emanuel, Venceslau, José Carlos e Guilherme Gomes. Estreada em
1973.
CINEMA SATÉLITE
(COMPANHIA DE IO APOLONI)
GUILHERME E MARINELA. Texto: Viveca Melander. Tradução e Adaptação: Io
Apoloni e António Nazaré Vaz. Encenação: Ruy de Matos. Orquestração: Fernando
Correia Martins. Realização Plástica: Jorge Rocha. Interpretação: Pedro Pinheiro e Io
Apoloni. Estreada em 9 de Abril de 1978.
TEATRO NACIONAL D. MARIA II
CHAPÉU MÁGICO, peça infantil de Carlos Correia. Música orquestrada e
arranjos: Fernando Correia Martins. Encenação: Rogério Paulo. Cenários e Cartazes:
Mário Alberto. Fantocheiro: Francisco Esteves. Coreografia: Fernando Lima.
Interpretação: Lúcia Maria, Manuel Coelho, António Anjos e Mário Pereira. Estreada
em 1982.
TEATRO ANIMAÇÃO DE SETÚBAL
111
O PAI TIRANO, de António Lopes Ribeiro. Adaptação: João Aldeia e Alberto
Gortler. Música: Fernando Correia Martins. Direcção Coreográfica: Amadeu Fernando.
Cenografia e Figurinos: Asdrúbal Teles. Encenação: Carlos César. Interpretação: Carlos
César, João Manuel, Carlos Rodrigues, Maria Clementina, João Gaspar, Alexandre
Pinheiro, Emanuele Gaspar, Maria Simões, Asdrúbal Teles, Isabel Ganilho, José Nobre,
Álvaro Félix, Célia David, Sónia Martins, Madalena Ribeiro, Fátima Saraiva, Gil
António, Maria Sobral, Nuno Alçaria, Paulo Jorge, João Victor, Susana Brito, Luis
Cruz, Paulo Jorge, Rute Vitoriano, Brigite Reis, Madalena Ribeiro, Maria Simões,
Fernando Guerreiro, Eduardo Bento, José Becker, Lina Melo, Luis Tavares e Marta
Valera. Estreada em 1992.
TEATRO MUSICADO
TEATRO ABC
P’RÒ MENINO E P’RÀ MENINA. Textos de Francisco Nicholson, Gonçalves
Preto, Mário Alberto e Nicolau Breyner. Música: Pedro Osório, Braga Santos e Correia
Martins, estreada em 1973, num elenco de Anabela, Nicolau Breyner, António Montês,
Ia Apoloni, Mariema, Helena Isabel, Victor Espadinha, Graça Vitória, Maria Tavares,
Carlos Gonçalves, Luís de Mascarenhas e a atracção internacional dos “Diablos Del
Bombo”.
TUDO A NÚ (Até 25 de Abril de 1974) e depois TUDO A NÚ COM PARRA
NOVA (Após remodelação). Produção: Sérgio de Azevedo. Textos de Francisco
Nicholson, Gonçalves Preto e Mário Alberto. Música: Pedro Osório, Braga Santos e
Fernando Correia Martins. Montagem: Mário Alberto. Interpretação: Anabela,
Francisco Nicholson, Henrique Viana, Aida Baptista, Rui Mendes, Carlos Gonçalves,
Maria Tavares, Luís Mascarenhas, Lia Sena, Rosa Vendrell, Fátima Veloso, Natália de
Sousa, Conchita e as atracões nacionais Vitória Maria e José Bravo. Do elenco da 1ª.
fase faziam parte ainda Helena Isabel, Lurdes Pinto e Marta Gonzalez. Nos intervalos
actuavam as atracções Sérgio e Madi Nelson, The Zulus e The Playmates (norteamericanos).
TEATRO ADOQUE
PIDES NA GRELHA. Textos: Francisco Nicholson, Gonçalves Preto e Mário
Alberto. Música: Joaquim Luís Gomes, Braga Santos e Correia Martins. Estreada em
1974.
A GRANDE CEGADA. Textos: Carlos de Oliveira, Francisco Nicholson, José
Carlos Ary dos Santos, Gonçalves Preto e Ferro Rodrigues. Música: José Luís Gomes,
Braga Santos e Correia Martins. Coreografia: Fernando Lima. Cenografia e Figurinos:
Maria Helena Reis. Interpretação: Ermelinda Duarte, Francisco Nicholson, Anabela,
António Monteza, Henrique Viana, Magda Cardoso, Maria Tavares. Fernando Oliveira,
Lia Sena, Fátima Veloso, Natália de Sousa, Virgílio Castelo, Daniel Filipe, Maria
N’Zambi, Ana Marques e Carlos Bombom. Estreada a 30 de Junho de 1976.
112
A PARÓDIA. Textos: Francisco Nicholson, Gonçalves Preto, José Carlos Ary dos
Santos e Joaquim Pessoa. Música: José Luís Gomes, Correia Martins e Braga Santos.
Estreada em 1977.
PAGA AS FAVAS. Textos: Francisco Nicholson e Gonçalves Preto. Música:
Fernando Correia Martins e Braga Santos. Coreografia: Fernando Lima. Cenografia: F.
Ferreira de Almeida, Elisabete Silva, Joaquim Afonso e Margarida Tengarrinha Dias
Coelho. Figurinos: Magda Cardoso. Encenação: Francisco Nicholson. Interpretação:
Delfina Cruz, Ermelinda Duarte, Francicso Nicholson, António Montez, António Feio,
Cremilda Gil, Natália de Sousa, Manuela Valente, Paula Gil, Paula Nunes, Sara Lima,
Cláudia Cadima, Paula Oliveira, Luísa Roubaud, Cristina Oliveira, Vitor Hugo, Carlos
Ivo, Telma Santos, Carlos Vieira de Almeida, Carlos Guia e Maria Vieira. Estreada em
1981.
TÁ ENTREGUE À BICHARADA. Textos: Francisco Nicholson e Gonçalves Preto.
Música: Correia Martins e Braga Santos. Estreada em 1982.
TEATRO MONUMENTAL
O ÚLTIMO FADO EM LISBOA. Produção: Vasco Morgado. Texto: Badaró.
Música: Correia Martins. Estreada em 1974.
TEATRO DA TRINDADE
A INVASÃO. Produção: Sérgio de Azevedo. Autoria: José Galhardo, Vasco
Santana e Carlos Lopes. Adaptação: Henrique Santana e César de Oliveira. Música:
Raul Ferrão, Fernando Carvalho e F. Caldeira. Música adicional e orquestração:
Fernando Correia Martins. Coreografia: José Luís Ardis. Montagem: Moniz Ribeiro.
Figurinos: Melo Ferrão. Guarda-roupa: Paiva. Encenação: Nicolau Breyner.
Interpretação: Nicolau Breyner, João Rodrigo, Jorge Nery, David Silva, Luís Horta,
Alda Pinto, Maria Helena Matos, Vera Mónica, Carlos Quintas, João Luís, Henrique
Santos, António Calvário, Paula Carreira, José de Carvalho, Victor de Sousa, António
Laranjeira e Vasco Girão. Estreada em 20 de Dezembro de 1979.
TEATRO MESTRE GIL
AI A TOLA. Produção: Teatro Mestre Gil. Texto: José Jorge Letria e Pedro
Pinheiro. Música: Nuno Gomes dos Santos, Carlos Alberto Moniz, Carlos Mendes, José
Jorge Letria, Fernando Correia Martins e Samuel. Encenação: Maria Dulce.
Coreografia: José Vicente. Interpretação: Maria Dulce, Pedro Pinheiro, Helena Isabel,
Fernanda Coimbra, José Manuel Rosado, Manuel Mendonça e Teresa Paula Brito.
Estreia: Filarmónica da Amadora em 1981.
TEATRO MARIA VITÓRIA
113
NÃO BATAM MAIS NO ZEZINHO!. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire
Costa. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson e Mário Zambujal. Música:
João Vasconcelos, Fernando Correia Martins e Nuno Nazareth Fernandes. Encenação e
direcção: Henrique Santana. Direcção de montagem e maquetas: Moniz Ribeiro.
Cenografia: José Manuel, Vítor Rebocho, Barata de Carvalho e António Alberto.
Encenação e direcção: Henrique Santana. Coreografia: José Luís Ardis. Interpretação:
Eugénio Salvador, Ivone Silva, Henrique Santana, Linda Silva, Carlos Cunha, Marina
Mota, Maria Armanda, Nuno Emanuel, Carlos Ivo, Maria Cabral, Fernando Mendes,
Leonor Edviges, Marília Barroso, Alice Gomes, Raquel Almeida e Soraya Arrais.
Estreada em Outubro de 1985.
ISTO É MARIA VITÓRIA. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa.
Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Rogério Bracinha e Mário Zambujal.
Música: João Vasconcelos, Fernando Correia Martins e Nuno Nazareth Fernandes.
Maquetas e direcção de montagem: Moniz Ribeiro. Cenografia: José Manuel, Victor
Rebocho, Hernâni e Rui Martins. Coreografia: José Luís Ardiz. Figurinos: Helena Reis.
Encenação e direcção de ensaios: Ivone Silva. Interpretação: Eugénio Salvador, Ivone
Silva, Linda Silva, Delfina Cruz, Carlos Cunha, Nuno Emanuel, Júlia Alves, Carlos Ivo,
Leonor Edviges, Marina Mota, Fernanda Guerra e Fernando Ribeiro (acordeonistas),
Cláudia Cadima, Raquel Almeida, Marília Almeida, Soraya Arrais e Cristina Areia.
Estreada em Julho de 1986 no palco do Teatro Municipal Maria Matos.
ESCRITA EM DIA. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Textos de
Henrique Santana, Francisco Nicholson, Rogério Bracinha e Mário Zambujal. Música:
João Vasconcelos, Fernando Correia Martins e Nuno Nazareth Fernandes. Maquetas e
direcção de montagem: Moniz Ribeiro, José Manuel, Hernâni e Rui Martins. Criação de
guarda-roupa, adereços e chapéus: Helena Reis. Cenografia: José Manuel e Victor
Rebocho, com a colaboração de Hernâni e Rui Martins. Coreografia: José Luís Ardiz.
Encenação: Francisco Nicholson. Interpretação: Eugénio Salvador, Simone de Oliveira,
Francisco Nicholson, Fernanda Guerra e Fernando Ribeiro (acordeonistas), Fernando
Mendes, Leonor Edviges, Nuno Emanuel, Delfina Cruz, Carlos Cunha, Marina Mota,
Júlia Alves, Carlos Ivo, Cláudia Cadima, Raquel Almeida, Marília Barroso, Cristina
Areia e Rute Correia. Estreada em 29 de Janeiro de 1987 no palco do Teatro Municipal
Maria Matos.
TOMA LÁ REVISTA!. Produção: Ausenda Bastos e Hélder Freire Costa. Textos de
Henrique Santana, Francisco Nicholson, Rogério Bracinha e Mário Zambujal. Música:
João Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth Fernandes e Fernando
Ribeiro. Encenação: Francisco Nicholson. Coreografia: Magda Cardoso. Montagem:
Moniz Ribeiro, José Manuel, Hernâni e Rui Martins. Figurinos: Helena Reis.
Cenografia: José Manuel e Victor Rebocho. Interpretação: Eugénio Salvador, Simone
de Oliveira, Francisco Nicholson, Delfina Cruz, Carlos Cunha, Marina Mota, Fernanda
Guerra e Fernando Ribeiro (acordeonistas), Fernando Mendes, Leonor Edviges, José
Raposo, Carlos Ivo, Maria João Abreu, Marília Barroso, Fernando Ferrão, Cristina
Areia, Luísa Lima, Eva Cristina e Rute Correia. Posteriormente ingressou no elenco
Carlos Quintas. Estreada em Julho de 1987 no palco do Teatro Municipal Maria Matos.
VITÓRIA! VITÓRIA!... Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior.
Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Augusto Fraga e Nuno Nazaré
Fernandes. Música: João de Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth
114
Fernandes e Fernando Ribeiro. Figurinos: Juan Soutullo. Cenografia: Hernâni e Rui
Martins e Zé Manuel e Rebocho. Coreografia: Liliane Viegas, com assistência de Paula
Fonseca. Direcção de ensaios: Henrique Santana, com assistência de Marina Mota.
Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Carlos Ivo, Fernando Mendes, Rosa do
Canto, Cristina Areia, Rui de Sá, Anabela Perez, Rute Correia, Eva Cristina, João Loy,
Olímpia Portela, Paula Soares e Maria Arriaga. Estreada em Março de 1990.
VAMOS A VOTOS, a partir do início de 1992 mudou o título para FOMOS A
VOTOS!, sofrendo uma remodelação. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado
Júnior. Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Augusto Fraga e Marcelino
Mota. Música: João de Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth
Fernandes e Fernando Ribeiro. Coreografia: Jorge Amaral Ramos e José Carlos
Mascarenhas. Figurinos: Helena Reis. Caracterizações especiais: Luís Matos.
Montagem, direcção e execução de maquetas: Moniz Ribeiro. Cenografia: Hernâni e
Rui Martins, José Manuel e Rebocho. Encenação e direcção: Henrique Santana, com
assistência de Carlos Quintas. Interpretação: Carlos Miguel, Vera Mónica, Fernando
Mendes, Rosa do Canto, Carlos Areia, Lena Coelho, Eva Cristina, Rui de Sá, Rosa
Villa, Cristina Areia, João Loy, Rute Correia, Olímpia Portela e Maria Arriaga. Estreada
em 1991.
QUEM TEM ECU TEM MEDO!. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado
Júnior. Textos de Henrique Santana, Eduardo Damas, Carlos Ivo e Mário Raínho.
Figurinos: Helena Reis. Música: João de Vasconcelos, Manuel Paião, Fernando Correia
Martins e Fernando Ribeiro. Coreografia: Liliane Viegas. Encenação e direcção:
Henrique Santana, com assistência de Carlos Ivo. Montagem: Moniz Ribeiro.
Cenografia: Rui Martins, José Manuel, Rebocho e Eduardo José. Caracterizações
especiais: Luís Matos. Interpretação: Carlos Miguel, Vera Mónica, Octávio de Matos (
em reaparição na revista ), Lena Coelho, Carlos Ivo, Maria João Abreu ( depois
substituída por Noémia Costa ), Carlos Areia, Rosa Villa, Luís Testa, Paulo Ferreira,
Olímpia Portela, Paula Soares, Marta Falcão, São Nastari, Fátima Apolinário, Elizabete
Sereno e Sandra Silva. Estreada em 7 de Agosto 1992.
A PÃO E LARANJAS!... Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior.
Textos de Henrique Santana, Eduardo Damas e Carlos Areia. Música: João de
Vasconcelos, Manuel Paião, Fernando Correia Martins e Fernando Ribeiro. Encenação
e direcção de Ensaios: Henrique Santana, com assistência de Carlos Areia. Maquetas e
direcção de montagem: Moniz Ribeiro. Figurinos: Helena Reis. Coreografia: José
Carlos Mascarenhas, com assistência de Luís Justo. Cenografia: Zau Monteiro, João
Barros e a colaboração de Luís Furtado. Interpretação: Henrique Santana, Octávio de
Matos, Fernando Mendes, Delfina Cruz, Lena Coelho, Maria João Abreu, Carlos Areia,
Alexandra (atracção nacional), depois substituída por Alice Pires, Luís Testa, Paulo
Ferreira, Olímpia Portela, Paula Soares, Cristina Areia, Ruth Correia e Ana Guimarães.
Marina Mota e Carlos Cunha. Estreada em 1993.
DE PERNAS PRÓ AR!. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior.
Textos de Carlos Areia e João Baião, com recolha de textos de alguns dos sucessos de
Henrique Santana, Paulo da Fonseca, César de Oliveira, Rogério Bracinha, Aníbal
Nazaré, José Viana, José Galhardo e João Nobre. Música: João Vasconcelos, Fernando
Correia Martins e Fernando Ribeiro. Direcção Musical: Maestro Fernando Ribeiro.
Figurinos: Helena Reis. Coordenação, encenação e direcção de ensaios: Carlos Areia.
115
Assistência de: João Baião. Montagem: Moniz Ribeiro. Coreografia: José Carlos
Mascarenhas, com assistência de Luís Justo. Cenografia: José Manuel e Rebocho, Zau
Monteiro, João Barros e a colaboração de Luís Furtado. Interpretação: Delfina Cruz,
João Baião, Maria João Abreu, Carlos Areia, José Raposo, Anita Guerreiro, António
Calvário ( atracção ), Vasco Rafael, Camacho Costa, Olímpia Portela, Paulo Vasco,
Luís Testa, Paula Soares, Ruth Correia, Catarina Matos, Joana Figueira, Fernando
Ferrão e Ana Luís. Estreada em 14 de Dezembro de 1994.
ORA BOLAS... PRÓ PARQUE!, de Mário Raínho, Francisco Nicholson e Marina
Mota. Produção: Hélder Freire Costa, Marina Mota e Carlos Cunha. Música: Fernando
Correia Martins, João Vasconcelos e Nuno Nazareth Fernandes. Coordenação, direcção
e encenação: Marina Mota. Direcção plástica, cenários e figurinos: Helena Reis.
Coreografia: José Arantes. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Natalina José,
Fernando Ferrão, Rosa Villa, Paulo Vasco, Rui de Sá, Eva Cristina, Rosa Vieira,
Marinela, Susana Mota, Valéria, José Carvalho, António Calixto, Miltércio e Paula
Soares. Estreada em 1997.
HIP-HOP’ARQUE!, de Francisco Nicholson e Tiago Torres da Silva. Produção:
Hélder Freire Costa & Marina Mota. Música: Fernando Correia Martins, Braga Santos e
José Cabeleira. Direcção Plástica: Helena Reis. Coreografia: Marco de Camillis.
Direcção e Encenação: Marina Mota. Direcção de Orquestra: Fernando Correia Martins.
Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, João Baião, Ana Brito e Cunha, Rui de Sá,
Paulo Vasco, Melânia Gomes, Marisa Carvalho, Sara Brás e Cristina Aurélio. Estreia:
Dezembro de 2007.
PIRATADA À PORTUGUESA, de Francisco Nicholson e Marina Mota. Produção:
Hélder Freire Costa. Música: Fernando Correia Martins, Braga Santos e José Cabeleira.
Direcção Plástica (Cenários e Figurinos): Helena Reis. Coreografia: Marco de Camillis.
Direcção e Encenação: Marina Mota. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Vera
Mónica, Telmo Miranda, Paulo Vasco, Melânia Gomes, Sara Brás, Marisa Carvalho,
Cristina Aurélio e Flávio Gil. Estreada em 2008.
TEATRO VARIEDADES
A PROVA DOS NOVOS!. Produção: Hélder Freire Costa e Vasco Morgado Júnior.
Textos de Henrique Santana, Francisco Nicholson, Augusto Fraga e Nuno Nazareth
Fernandes. Música: João de Vasconcelos, Fernando Correia Martins, Nuno Nazareth
Fernandes e Fernando Ribeiro. Interpretação: Marina Mota, Carlos Cunha, Vera
Mónica, Fernando Mendes, Carlos Ivo, José Raposo, Maria João Abreu, Eva Cristina,
Gina Espadinha, Isabel Amaro, Cristina Areia, Rute Correia, Olímpia Portela, Teresa
Paula, Fernando Palaio e João Paulo. Estreada em 1988.
TEATRO MARIA MATOS
A SEVERA, peça de Júlio Dantas. Produção: Sérgio de Azevedo. Versos: Rosa
Lobato Faria. Coordenação musical e orquestração: Fernando Correia Martins.
Interpretação: Lena Coelho, Carlos Quintas e Carlos Zel, Maria João Abreu, José
116
Raposo, Rosa Villa, Manuel Cavaco e Henrique Viana, entre outros. Estreada em
Fevereiro de 1990.
PRODUÇÃO PEDRO PINHEIRO
ISTO É QUE VAI AQUI UMA AÇORDA!
Texto: Pedro Pinheiro, Luís de Mascarenhas e Zica. Música: Fernando Correia
Martins. Produção: Compadres do Riso. Interpretação: Sandra B, Luís Mascarenhas,
Raquel Maria, João Maria Pinto, Suzana Cacela e João de Carvalho. Estreia: 2003 para
digressão pela província.
6. DEPOIMENTOS E CITAÇÕES
“Onde há música não pode haver coisa má”.
Miguel de Cervantes,
Dom Quixote
117
“Correia Martins é de facto, um homem novo cheio de qualidades de que muito há
a esperar”.
Século Ilustrado, de 7-11-1953
“Põe-se muito gostosamente em evidência a felicíssima actuação do esperançoso
violinista Correia Martins (Filho), plena de virtuosismo e de interesse, numa
demonstração magnifica da sua inclinação musical.”
Diário de Notícias, Funchal, de 8-1-1956
“O Correia Martins faz músicas tão boas que até chego a ter pena de ter que lhes
meter a minha voz… - disse o intérprete de – Verde Vinho – após receber as
homenagens da Rocil.”
Crónica Feminina, de 12-10-1978
“Fernando Correia Martins, a cujo nome estão ligados alguns dos maiores êxitos
musicais do momento, não pára de produzir, felizmente.
Laureado com o prémio da melhor orquestração do Festival da RTC, Correia
Martins trabalha em força a pensar já no próximo Festival da Canção.”
Plateia, de 1 a 7 de Maio de 1979
“Êxitos que o povo canta, desde o “Verde Vinho” a “Mulher Sentimental”, sem
esquecer “Senhora Maria”, “Zé Brasileiro, Português de Braga”, “Sobe, Sobe, Balão
Sobe”, “Aleluia”, etc., etc.. É uma longa lista que tem a assinatura de um dos músicos
portugueses mais em foco nestes últimos tempos – um “cozinheiro” de sucessos, em
suma! Chama-se Fernando Correia Martins, e do seu talento está nascendo uma nova
“era na música portuguesa”!
Plateia, de 24 a 30 de Julho de 1979
“(…) opereta, quase uma comédia musical, onde é muito importante destacar as
orquestrações do Correia Martins, que são talvez do melhor que ouvi, até hoje, no teatro
ligeiro português.”
Edite Soeiro, in “A Invasão”, 35 anos depois, Sete, 27-12-1979
118
“(…) A minha meta na vida é ter uma situação profissional que me dê prazer, que
sinta que valeu a pena ter vivido. (…) Faço o que me dá prazer, não ligo ao dinheiro,
vivo na mesma casa há 40 anos e tenho um carro podre que não vendi porque lhe tenho
amor.”
Correia Martins, in, Nova Gente, de 24 a 30 de Janeiro de 1990
O MAESTRO FERNANDO CORREIA MARTINS
“Músico duma rara sensibilidade, o Fernando tem uma música que não se parece
com a de ninguém. Há autores que as próprias músicas são completos plágios. Sempre
admirei este bom e querido amigo que continua a ser aquele homem honesto de quem se
gosta porque se tem de gostar mesmo. Já o meu tio, o Maestro compositor Frederico
Valério, tinha uma admiração grande por ele e achava lindas as suas melodias.
Orquestrador de primeira classe, ele sabe imprimir às obras que faz uma beleza sem
igual e aquela “Severa” é toda ela feita com amor e muito calor. As músicas são lindas e
os versos uma loucura, dessa senhora de quem muito gosto e que se chama Rosa Lobato
Faria. A nossa música tem que merecer o máximo destaque, já que tem sido tão mal
tratada. Chegou o tempo de se mostrar ao Mundo inteiro que há músicos como o
Correia Martins, que é orgulho de Portugal. Também no meu próximo disco vou incluir
melodias dele, e estou muito orgulhosa por isso mesmo, claro que as respectivas
músicas têm versos como não podia deixar de ser da minha queridíssima Rosa Lobato
Faria.
Além de ser grande actriz, o talento poético me agrada muito e tem, forçosamente,
que passar além fronteiras. Tem que ser.
Espero que dêem o valor a quem merece e Rosa Lobato Faria já demonstrou que
tem categoria e merece toda a minha admiração e carinho. Para ela vai pois, a minha
maior amizade, e que continue a fazer poemas lindos como até aqui. A dupla – Correia
Martins e Rosa Lobato Faria – acertou em cheio e tem, em cada canção, um sucesso.
Hoje venho manifestar o meu apreço a este Correia Martins, senhor que trata a
música por tu, que tem sabido sempre criar melodias com uma roupagem bem nova,
bem moderna não tirando nunca o cunho tradicional e bem português à nossa canção.
Pena que ele não tenha nascido noutro País, porque, desgraçadamente, para nós, tudo o
que vem de fora é que é bom, e eu não o troco por nenhum daqueles compositores que
vêm de longe e que fazem músicas em cima do joelho. Seria formidável se os
portugueses soubessem valorizar aquilo que é nosso, afinal, temos autores de que nos
podemos orgulhar, como é, este caso.
O Correia Martins é também o autor das lindas marchas de “Penha de França”,
com versos de Rosa Lobato Faria. A marcha que gravei que é “Penha de França
Fidalga”, tem uma melodia diferente, linda, toda ela cheia de música, mas música a
sério. Gostei de a gravar porque gosto de boa qualidade e é uma honra para um artista
gravar Correia Martins. É de facto, um músico dos pés à cabeça e um primeiríssimo
violinista, tocando ainda outros instrumentos.
Que Deus te continue a inspirar para que acha bonita e boa música neste Portugal
que ainda gosta de se divertir.
Beijocas da ZÉ VALÉRIO.”
Maria José Valério, in, “O Zé”, de 21 de Fevereiro de 1991
119
“Fernando Correia Martins, músico brilhante, compositor das mais belas melodias
da nossa actualidade, maestro de sucesso.”
In, Dona, de 11 a 17 de Setembro de 1992
“(…) Lembro-me perfeitamente de ver no Maria Vitória e no Variedades o
Salvador, o Humberto Madeira, Barroso Lopes, Vasco Santana, Costinha, Luísa Durão,
Teresa Gomes, Eunice Muñoz, Irene Isidro, Satanela, Aida Baptista e tantos outros
(…).”
Correia Martins, in, Dona, de 11 a 17 de Setembro de 1992
“E uma palavra de grande apreço a um Homem que tem a responsabilidade da
direcção musical e orquestrações de mais uma Gala, ele é sem dúvida, um dos
verdadeiros pilares destes espectáculos. Obrigado Maestro Fernanda Correia Martins.”
Carlos Jorge Español, in, Programa de Homenagem a Artur Garcia, 15 de
Abril de 2005
“O meu colega Fernando Correia Martins, morreu ontem, com 72 anos, vítima da
mistura explosiva de um acidente cardiovascular com a incompetência já recorrente de
funcionários da assistência médica que, ou desligam os telefones na cara das pessoas em
aflição que não forem capazes de ter a presença de espírito e frieza suficientes para
descrever com rigor científico os sintomas do doente, de maneira que até eles os
entendam, ou então, como parece ter sido o caso, respondem que não deve ser nada de
grave. No caso do Correia Martins, quando outra (e demorada) ajuda chegou... era
tarde!
O Correia Martins era um músico de mão cheia, um ser humano bom e um poço
de energia. Trabalhei com ele pela primeira vez no Grupo de Teatro Ádóque, ainda em
1974, na Revista à Portuguesa “Pides na Grelha”. Depois as nossas vidas musicais
foram por estradas diferentes, sem que alguma vez se tenha perdido a cordialidade e a
cumplicidade ganha nesses meses de divertido e intenso companheirismo. Quase
sempre que nos encontrávamos, ficávamos de vir a fazer "qualquer coisa juntos".
Fica para um dia destes, Fernando!
Para a família e o muito grande número de amigos, um grande abraço!”
Samuel, 29 de Março de 2009
“A Morte de Fernando Correia Martins
Faleceu no passado dia 28 de Março o compositor, maestro e músico
Fernando Correia Martins, de 72 anos, cooperador da SPA desde
1977. Fernando Correia Martins destacou-se, ao longo de décadas,
como compositor de temas musicais de êxito, como director de
orquestra, orquestrador, guitarrista e violinista. Uma boa parte da sua
carreira ficou associada a grandes êxitos da revista à portuguesa no
Parque Mayer.”
Boletim SPA, N. 20 (Abril/Maio 2009)
A MINHA SENTIDA HOMENAGEM
120
“Iniciei com o Maestro Fernando Correia Martins um relacionamento nos anos 70.
Era um Homem simpático e afável, que respirava humildade e admiração pelos amigos,
além de ser um músico de excelência. Mais tarde, contei com a sua colaboração em
alguns dos meus espectáculos de revista e aí, testemunhei o seu enorme
profissionalismo, a sua dedicação ao trabalho e até, o seu perfeccionismo. Sim, é
verdade: se o Fernando Correia Martins achasse que o seu trabalho poderia ser
melhorado, reformulava-o até à exaustão, dedicando-lhe muitas horas do seu descanso
até entender que o trabalho estava, finalmente, a seu inteiro gosto.
Trabalhava muito e fumava ainda mais. Mas era um apaixonado pelo trabalho que
assumia, concedendo-nos o descanso de saber que dali ia sair obra perfeita.
Depois de alguns anos a trabalhar comigo, partiu para outras aventuras musicais,
sempre com o sentido e a responsabilidade de fazer bem, cumprindo ainda melhor.
Foi Músico, Autor, Maestro, Compositor, quer no Teatro, na Rádio ou na
Televisão, como nas Marchas Populares de Lisboa ou Almada. Foi orquestrador e
dirigente das grandes orquestras para músicas gravadas em disco de alguns dos mais
sonantes nomes artísticos portugueses. Foi um dos fundadores do Teatro Adoque.
Adquiriu um vasto currículo ao serviço do espectáculo, quer em Portugal quer no
Estrangeiro. Era um Homem dedicado ao trabalho, que nunca recusava, entendendo-o,
sempre, como um novo desafio.
Em 2007, volto a tê-lo a trabalhar no Teatro Maria Vitória, como Autor,
Compositor e Director de Orquestra. Teve um excelente relacionamento com toda a
equipa que fazia parte da revista “Hip Hop’arque!” e foi convidado, com as mesmas
tarefas, para a revista seguinte – “Piratada à Portuguesa!” – a última em que trabalhou.
A vida é traiçoeira: as inúmeras horas dedicadas ao trabalho e aos cigarros que
sempre o acompanhavam e a falta de descanso, não lhe perdoaram, roubando-lhe a vida,
quando muito ainda teria para dar. Perdeu-se um excelente profissional, um enorme
talento e um Homem Bom. O espectáculo, em Portugal, ficou muito mais pobre.
Na véspera do seu falecimento – Dia Mundial do Teatro – tive o orgulho de o
distinguir com as “Máscaras de Ouro” do Teatro Maria Vitória.
OBRIGADO, Maestro Fernando Correia Martins por tudo o que nos deste.
PAZ À TUA ALMA.”
Hélder Freire Costa
(Produtor e Empresário do Teatro Maria Vitória)
25 de Março de 2010
“Falar do meu irmão Fernando correia Martins é muito fácil. Porque ele era tão
transparente que se podia ver a beleza do seu coração.
Porque ele era de uma franqueza e bondade dignas de um santo homem. Amigo do
seu amigo e um músico competentíssimo, com sólida formação profissional, gostava de
dizer que tocava rabeca, em vez de lhe chamar violino, o seu instrumento de formação.
Tinha também um sentido de humor que revelava uma sensibilidade fora do
comum e uma inteligência emocional fora de série.
Tinha uma enorme capacidade de trabalho. Lembro-me de o ter conhecido no
Angel 1, em contínuas sessões de gravação, a beber cafés a seguir a cafés e a fumar
cigarro atrás de cigarro, num ritmo de trabalho alucinante! Lembras-te, Zé Fortes? Nisso
éramos muito parecidos. Nisso e em muitas outras coisas. Partilhávamos o sonho de
melhorar as condições em que vivem os músicos neste país. Sempre demos o nosso
melhor em cada trabalho, fosse ele qual fosse. Foste um exemplo de profissionalismo
121
para todos os que trabalharam contigo. Por isso foste sempre respeitado e ainda és, meu
irmão. Tinhas a humildade que é própria dos grandes espíritos. Eras “low profile”,
como agora se diz. Ainda me lembro quando te passei aquele convite que tive para
escrever música para a revista. Ficaram muito melhor servidos contigo.
Deixaste saudades, meu querido. Muitas. Estou certo de que nos voltaremos a
encontrar um dia. Para partilharmos de novo os nossos corações e o nosso riso.
Até sempre, meu irmão.”
Luís Pedro Fonseca, 27de Março de 2010
“Pretendo falar-vos de um grande músico que nos deixou de repente, causando em
todos nós uma desagradável surpresa.
Trata-se de Fernando Correia Martins.
Se pensarmos nele um minuto, lembrar-nos-emos de muitos dos seus trabalhos,
todos eles notáveis.
Correia Martins foi durante alguns anos 1º violino na Orquestra Ligeira da então
“Emissora Nacional”. No campo da música haverá músicos melhores e músicos piores.
Contam, por isso, os conhecimentos profissionais, o talento, a imaginação, a vontade e a
capacidade de trabalho. Vale a pena mencionar que Correia Martins podia estar um dia
a dirigir um Festival da Canção e no dia seguinte, a fazer canções para o teatro.
Também vale a pena dizer que trabalhei muito com ele e que os seus trabalhos
surpreendiam-me sempre.
Grande melodista, grande harmonizador, grande intérprete, em suma, um artista
inigualável.
Correia Martins era violinista, no entanto ele tocava com perfeição guitarra, piano,
baixo, bandolim e não se atrapalhava se fosse necessário tocar bateria. Um profissional
altamente competente.
Penso que o seu lugar não será facilmente preenchido.
Um bom homem com um sorriso sempre pronto e, sempre disposto a ajudar um
amigo.
Eu era amigo dele, como ele era meu amigo.
Não o esquecerei facilmente.
Num país onde tanto falta a qualidade, a ausência de Correia Martins vai sentir-se
durante muitos anos.”
Fernando Ribeiro, 1 de Abril de 2010
“Ao longo dos meus já cinquenta anos de espectáculos tive o privilégio de
trabalhar com grandes músicos, grandes compositores, grandes orquestradores, grandes
chefes de orquestra. No decorrer deste meio século de textos para músicas e músicas
para textos materializei, não poucas vezes, sonhos há muito sonhados, embarcando em
arriscadas aventuras, desbravando caminhos arriscados em busca de novos conceitos, da
originalidade, da diferença. Fazendo o balanço de cinco décadas , (como tempo corre!)
encontro a cada passo, ano após ano, indossiciavelmente ligado a muito do que fiz e do
que foi o músico, o compositor, o orquestrador, o maestro, o grande e querido Amigo,
companheiro de estrada, sempre disponível, incansável na sua imensa generosidade,
Fernando Correia Martins.
Acredita Fernando, orgulho-me de ter trabalhado com alguém com a tua
envergadura artística e a tua dimensão humana. Até Sempre, Amigo.”
Francisco Nicholson, 8 de Abril de 2010
122
Fernando Correia Martins
– Um brilhante compositor da Música Ligeira Portuguesa
“O meu amigo Luciano Reis deu-me a oportunidade de escrever sobre o maestro e
compositor Fernando Correia Martins e aqui estou a aproveitá-la.
Habituei-me a vê-lo como director musical e um dos músicos nas sessões das
últimas revistas do Teatro Maria Vitória. Nas várias vezes que tive o privilégio de
assistir à representação das revistas “Hip Ho´Parque” e “Piratada à Portuguesa” pude
apreciar a postura de rigor, grande dedicação e exemplar profissionalismo que o maestro
sempre mostrou. Tive também a oportunidade de estar presente na cerimónia de entrega
das Máscaras de Ouro, iniciativa do amigo empresário Hélder Freire Costa, ao maestro
Correia Martins, uma atribuição inteiramente merecida.
Ao longo dos anos acompanhei a sua intensa e variada actividade no campo
musical.
Na televisão eu não perdia os Festivais da Canção. Assistia com grande interesse e
era habitual ver o maestro associado às canções concorrentes, umas vezes como
compositor, outras como orquestrador, e ainda outras na dupla qualidade.
Anualmente, no mês de Junho, assistia ao desfilar das marchas populares de
Lisboa pela Avenida da Liberdade, pela televisão ou no próprio local, e sabia que ele
era o compositor de muitas delas.
Mas na minha juventude dos 20 anos, quase diariamente passava no Martim
Moniz, e o nome e a fotografia do maestro Correia Martins lá estavam nos cartazes do
Teatro Adoque.
Na minha colecção discográfica constam vários singles com a participação deste
grande músico. Desde o single com a composição que deu nome à revista “Vitória!
Vitória!...”, de que foi autor, até à direcção musical da revista “Não Batam Mais no
Zézinho!”, um grande êxito do Teatro Maria Vitória, ou também do mesmo teatro, a sua
direcção musical e a autoria de arranjos na revista “Rei, Capitão, Soldado, Ladrão”, são
vários os discos onde é possível apreciar os trabalhos deste grande Homem da Música
Portuguesa. Dos anos 70 do século passado posso ouvir as suas participações no Teatro
Adoque, desde a revista “A Paródia”, onde foi autor das músicas de canções e director
musical da orquestra com o mesmo nome do teatro, ou a revista “Paga as Favas”, onde
também várias composições foram da sua autoria, e para além da direcção musical
também fez alguns arranjos. São inesquecíveis as interpretações de Ermelinda Duarte.
Também posso apreciar, ainda no Teatro Adoque, a sua direcção musical na revista “A
Cia dos Cardeais”.
Para o disco onde consta um grande êxito de Paulo Alexandre, o “Verde Vinho”,
fez o maestro Correia Martins os arranjos e assumiu a direcção da orquestra que
executou as composições. A cantora Ana também consta na minha colecção
discográfica e para ela fez o maestro os arranjos das composições que ela interpreta.
Mas também nos meus long plays constam vários trabalhos do maestro. É autor de
algumas músicas para as canções da revista, produzida por Hélder Freire Costa, “Toma
lá Revista!”, no Teatro Maria Matos, orquestrador e um dos autores das músicas da
revista “A Prova dos Novos”, no Teatro Variedades, também numa produção de Hélder
Freire Costa, e de Vasco Morgado. Foi autor da música original de “A Severa”, uma
produção de Sérgio de Azevedo e dirigiu os coros e a orquestra. Ainda possuo um long
play da cantora Alexandra, com várias músicas da autoria do maestro Correia Martins,
tendo também feito os arranjos e assumido a direcção de orquestra.
123
Todo este levantamento da minha colecção discográfica serve para afirmar que,
através destes discos de vinil, que ouvirei quando sentir vontade e tiver necessidade, o
maestro e compositor Fernando Correia Martins continuará para mim a estar vivo e darme-á o prazer de continuar a saborear um pouco da sua excelente obra que construiu ao
longo de toda uma brilhante carreira musical.
Luciano Reis saberá, estou certo, fazer um trabalho que honrará a memória do
maestro e deixará para os vindouros uma fonte relevante de informação para se
conhecer mais e melhor este brilhante artista que já faz parte da História da Música
Ligeira Portuguesa.”
Abril de 2010
Jorge Trigo
(Escritor e Mestre em História Regional e Local e co-autor dos livros “Parque
Mayer”)
"OLÁ MESTRINHO, ENTÃO COMO ESTAMOS, TUDO BEM ?"
“Era sempre assim, que nos saudávamos, quando ia a sua casa.
Desde finais de 2003, essas visitas eram constantes e em muitos dias, mais do que uma
vez ao dia, por causa das marchas populares que fazíamos em conjunto, as galas de
Homenagem que fizemos para a C.M.Lisboa, o CD para a EGEAC, tudo durou até um
fatídico dia em Março de 2009. Mesmo assim ainda levei em Junho de 2009, assim
como em Junho 2010, marchas do meu Maestrinho !
Mas tudo isso começou em 1976, quando eu apenas com 10 anos o conheci no extinto
Teatro Adoque, depois perdi-lhe o rasto e volto a vê-lo no Trindade, dirigi-me a ele e
disse-lhe ... " eu conheço-o, você é o Maestro do Adoque" e ele me respondeu ... "
Também já fui sim e tu quem és ?" resposta sempre pronta ... " Sou o filho da Fernanda
costureira", uma risota, um aperto de mão e um até breve e porta-te bem disse-me ele !
No Parque Mayer muitos anos passados, na revista Não Batam Mais No Zézinho, eu
enquanto adjunto de Contra regra e figurante, voltei a encontrar o Maestro do Adoque,
aí trabalhamos vários anos seguidos, no Maria Vitória, Maria Matos e Variedades, mas
voltou a haver um interregno.
Até que um dia andava o maestro a passear o Jolly e o encontro precisamente no sitio
onde anos mais tarde veio a falecer, à porta de sua casa, conversamos e decidimos fazer
uma parceria musical, parceria essa que foi muito além, para produções conjuntas de
grandes Espectáculos para a Cidade de Lisboa.
Muitas horas em sua casa a trabalhar, nos estúdios da Musicorde. Muitas horas essas
que eu recordo a cada segundo, como de uma grande aprendizagem que eu ganhei.
Aprendi mais música nos anos de trabalho com o meu Maestrinho, do que nos anos
todos que andei a aprender música na escola, por obrigação.
O Maestro Fernando Correia Martins, era um homem que transpirava música por todos
os poros, ele vivia música, e ele a conversar conseguia ensinar o que nunca ninguém me
conseguiu.
Ninguém faz orquestrações como ele e eu que o diga pois continuo a escrever letras, e
quando chega a altura de as musicarem e as orquestrarem ninguém tem a sua
sensibilidade. São capazes de colocar um naipe de trompetes a tocarem em uníssono,
então porque não apenas um ?
Ele dizia, que não era Maestro porque não existem Maestros em Portugal actualmente,
assim como dizia muitas vezes, eu cada vez percebo menos de música, sempre que
124
tenho de ser júri ou ler composições Musicais, escritas de outras pessoas, acho que os
50 anos que andei a queimar as pestanas, não me serviram de nada.
Mas eu discordo e digo, que esse ser humano enorme que era, incapaz de uma má
palavra para quem quer que fosse, foi o ser humano mais bonito que eu conheci e tive o
privilégio de poder trabalhar com ele e se hoje por vezes discuto música só a ele posso
agradecer !
Que falta me faz Maestrinho, não há um só dia que eu não o recorde e não repita as
mesmas palavras QUE FALTA ME FAZ MAESTRINHO !!!”
Carlos Jorge Español, 2010/05/03
“Conheci o maestro Correia Martins, infelizmente para mim, tarde demais.
Quando solicitei a sua colaboração para uma trabalho na área da Música Ligeira
Portuguesa, logo anuiu, com a simpatia e solicitude que me apercebi ser definitiva do
seu carácter.
Na primeira ocasião me disse ser de Aveiro, assim como eu. De facto, estando o
pai - também músico - a actuar numa revista no Teatro Aveirense, a mãe deslocou-se do
Porto à cidade da Ria para visitar o marido. Pois o menino Fernando acabaria por aqui
nascer, numa residencial da rua de José Estêvão, contígua ao Canal Central. Das vezes
em que cá esteve, recordou-me, maravilhou-se com a seiva de água que irrompia com
majestade mas naturalidade na geografia da cidade. Não foi muito diferente da Música e
da Arte na personalidade e na criação de Correia Martins.
A propósito do seu pai - cujos artistas e elementos de Orquestra o seu filho mais
tarde iria encontrar e trabalhar -, este músico colaborou em Aveiro, numa revista do
Clube dos Galitos, agremiação polifacetada de gloriosa actividade. Foi com muita
emoção que recebeu uma cópia que lhe facultei da correspondência do clube com seu
pai. Muitos anos mais tarde, Fernando Correia-Martins faria parte dos músicos que
acompanharam Carlos do Carmo no disco "Um Homem no País", onde consta o "Fado
Moliceiro" (Ary dos Santos /Carlos Paredes). Este disco constituiria depois um
espectáculo televisivo (25 anos artísticos de Carlos do Carmo), cuja direcção musical
caberia a Correia Martins. Por aqui se quedaram, infelizmente para Aveiro, a
colaboração dos Correia Martins com a cidade.
Disse-me um dia: "Não pense o meu amigo que sou uma pessoa amarga ou
saudosista! Não. Não sou. Sou um homem bem-disposto, progressista, até um pouco
revolucionário, assim como meu pai e meu avô o foram. No entanto, nunca deixei a
orientação e o padrão de honestidade, carácter e competência. Foi esta a herança que os
meus pais me deixaram".
Era fácil tecer-se uma agradável empatia com Correia Martins. Chegámos mesmo
a agendar um dia para ele visitar o seu Aveiro-natal, o que, infelizmente, já não foi
possível. Estou porém certo que ele hoje - como todos os meus amigos - vislumbra a
Vida e o Tempo numa outra dimensão, apreciando-os na sua plenitude. Provavelmente a
ver, em todos os seus matizes e sons, a Ria, junto da qual ele nasceu.”
Nuno Gonçalo da Paula
“É para mim uma honra, puder dar o meu depoimento sobre uma pessoa
como o Fernando...
Foram bastantes anos que trabalhei com o Fernando Correia Martins,
um ser humano fora do comum, pela sua amizade, profissionalismo, sempre
com uma palavra de carinho para todos, nunca o vi zangado, antes pelo
125
contrário, tinha sempre uma graça para nos pôr a todos bem dispostos.
Um cavalheiro em todas as situações....Enfim um amigo que perdi, mas que
nunca vou esquecer....ao dizer perdi, não é bem assim porque sei que ele
é mais um Anjo que estará a olhar pelos amigos e sua família.
Fernando, onde estiveres, sabes que nunca te esquecerei e te envio
aquele abraço com muito carinho, como o que demos uma semana
antes de partires....Um grande beijo com eterna saudade....
A Amiga sempre”
Piedade Maio
FERNANDO CORREIA MARTINS
“Nando para a família, o irmão mais velho, para os amigos mais próximos.
Partiu, quando nada o fazia prever. Ainda tinha tanto para nos dar; o seu talento
musical era inesgotável, o seu amor infindável. Estava em plena actividade. Um
traiçoeiro “colapso cardíaco”, levou-nos o nosso querido Nando.
Fica a saudade, a sua música inconfundível, a recordação dos seus momentos que
passámos em família. Com ele não havia tempos mortos. Era uma enciclopédia de
saber, de conhecimentos da vida. Via tudo pelo lado positivo, estava sempre disponível
para atender um amigo. Todos os que com o Correia Martins privaram, lembram um
homem de uma dignidade enorme. De personalidade vincada, mas não deixava de ser
flexível quando a razoabilidade da situação o aconselhava.
O Familiar dedicado, o Amigo inconfundível, o Maestro, o Poeta, o Compositor,
Orquestrador, Músico virtuoso, o Homem Bom, merece que este país, que se esqueceu
de lhe dar a mão há hora da angustia da morte, se retrate, se faça justiça, se lembre de
quem cá ficou e o amava. Por fim que lhe seja prestada merecida homenagem, pelo seu
alto talento, Homem Bom, modesto e digno.
Que a cidade de Lisboa, que tanto amou perpetue a sua memória, marcando para
sempre, com o seu nome, o local onde viveu grande parte da sua vida e de onde partiu
par todo o sempre.”
Saudades Querido Irmão.
(O primo, o irmão amigo. Os primos Fernando e M. Lurdes de Correia
Martins)
“Foi com enorme tristeza que recebi a notícia da partida do Fernando Correia
Martins, pois, pouco mais passava de 1 hora tinha estado a tocar com ele na matiné no
Teatro Maria Vitória.
Tinha os meus 18 anos quando o conheci e me dirigiu o convite para fazer parte
numa orquestra no Parque Mayer. Desde então, fiquei seu grande amigo tendo
redobrando toda a admiração que já sentia por ele.
Além de um excelente e talentoso músico era pessoa de um enorme carácter,
partilhando sempre o seu saber , e de um trato de carinho para com todos que
partilhavam o seu dia-a-dia no trabalho.
Foi uma honra para mim ter tocado com o Fernando Correia Martins e de sido seu
grande amigo.
Chorarei sempre a sua partida.”
Luis Filipe Oliveira (Litas), 2010-05-17
126
“Conheci o Fernando em 1968 quando ele tocava à noite numa boite chamada,
Tamila.
Nesta época havia música em toda a Lisboa e Fernando tocava guitarra, embora
também tocasse violino, viola baixo, teclas, etc.
Os músicos nessa época costumavam ir ver os colegas no dia de folga e o
Fernando era craque da guitarra. Depois comecei a trabalhar com ele em estúdio, e na
televisão por volta de 1976 até ao dia em que ele se despediu de mim e partiu. Fui de
certo modo o braço direito dele pois era eu que organizava as orquestras das gravações e
dos programas que o Fernando fazia.
Como dizia Vinicius viajámos muitas músicas juntos e temos ainda muitas pr’a
viajar.
O Correia era competente, honesto, amigo e estava deslocado neste planeta
conforme ele próprio dizia.
A nossa relação era como dois irmãos no bom sentido, aliás ele dizia que gostava
de ter tido um irmão e que gostava que fosse eu.
Neste momento se ele estiver a ler estas linhas está-se a rir e à minha espera,
porque ele sabe que um dia vamos voltar a encontrar-nos com outros amigos do peito,
que estão do lado de lá, para continuarmos a curtir a música de que tanto gostamos.
Até um dia destes irmão.”
Fallé, Maio, 2010
“Sou uma testemunha entre muitas, de quem era o Correia Martins enquanto
profissional de competência, talento e rigor profissional incontestáveis, mas sou
sobretudo, alguém para quem a relação de trabalho se tornou no prazer de estar com um
Amigo.
Ao longo de quase vinte anos, as horas que passámos em estúdio terão sido na
ordem das muitas centenas, talvez milhares, foram poucas disso tenho a certeza, pois o
tempo que passamos com um amigo é sempre escasso. Tenho imenso orgulho dessa
amizade e sobretudo de sabe-la plenamente correspondida.
Ficar-me-ão para sempre na memória os telefonemas começados por:
-Paulinho…Filho, Como estás? Bem?
-Temos um Trabalho para fazer.
Estas palavras eram para mim sinónimo de imensa satisfação na experiência que
se adivinhava de convívio, cumplicidade e até diversão, sem nunca descurar o rigor do
trabalho e a busca da missão cumprida.
Sim porque quem ama o que faz diverte-se a faze-lo e este sentimento ambos
partilhava-mos.
A sua confiança no meu trabalho era também para mim um elixir para o ego, pois
saber que poderia corresponder de forma capaz à exigência do seu talento era sem
dúvida a maior das motivações.
Para todos ficou o seu imenso legado artístico, para mim ficou também e acima de
tudo a grande amizade de vinte anos.”
Paulo Feijão, 2010-06-19
De Viva Voz
127
“Conheci o Correia Martins em 1978 quando gravei o tema “Senhora Maria”. Em
1979 de novo nos juntamos para, na sua qualidade de orquestrador, preparar o que viria
a ser o tema da minha apresentação no Festival RTP da Canção “Zé Brasileiro
Português de Braga”.
Com ele gravei discos e por ele fui dirigida musicalmente inúmeras vezes.
De Correia Martins “Profissional”, beneficiei da experiência dum músico
completo. Instrumentista - de vários instrumentos -, Director de Orquestra, Compositor,
Orquestrador e Arranjador, Correia Martins teria por certo outra visibilidade se…se não
fosse português.
Do Correia Martins “Homem” guardo a recordação dum profissional sério e
cuidado, preocupado em fazer sempre melhor e em defender quem com ele trabalhava.
Tenho ainda a lembrança dum cavalheiro,
jovial e condescendente, mas sem facilitismos.
Guardo na lembrança como no coração.
Foi nosso último trabalho comum o CD “De viva voz”.
Pois aqui, de viva voz te digo: “Amigo, até sempre!”
Alexandra, Cantora / 2010
“Olá Miúda! Foi sempre assim que me chamas-te!
Olá miúda tivesse eu 40, 50 ou 60 anos! Cruzámo-nos em estúdio (o teu violino no tema
à tua espera, tem toda a tua alma e todo o teu saber, a tua sensibilidade.
As tuas orquestrações tiveram, quer no início quer no final a tua assinatura!
Estivemos nos mesmos palcos! Fizemos revistas juntos, fumámos cigarros juntos na tua
casa. Ouvimos entusiasmados algumas músicas, trocámos ideias, e sempre que nos
ensaios havia qualquer som que o teu ouvido rejeitava, tua dizias. “Malta há aqui um
“besibó! Besibó – ainda hoje uso essa palavra, quando qualquer coisa não está a correr
muito bem.
Ouvimos palmas, chorámos (lembro-me de ti a chorar no hospital, quando me foste dar
um beijo). Rimos, rias tanto com os meus disparates!
Eras capaz de encontrar um acorde que fazia falta! Tens trabalhos óptimos.
A tua orquestração do tema “O País do Eça”, que estreámos no Casino, num aniversário
da SPA, foi e é brilhante. E a minha pequena guerra de fazer um bis (merecidíssimo) e a
tua cara de espanto, como a dizer… oh miúda… és mesmo tu!
Olha lá rapaz e vais-te embora assim, sem me dizer nada? Não se faz, … mas o teu
violino deve andar por aí, algures na alma de muita gente, que te lembra, que te respeita,
e que não quer esquecer quem tu és. A tua Olívia, tem sido a “pedra” para nos unir à tua
volta. Não te esqueças dela.
Fico à tua espera com o teu violino bem colocado debaixo do teu queixo, e também com
toda a paixão com que o tocavas.
Um beijo enorme da”
Miúda – Simone
(Janeiro 2011)
128
AGRADECIMENTOS
Todo e qualquer trabalho é feito com uma dualidade de papéis. Uns, encontrados
nos arquivos das mais diversas instituições, outros, retirados das memórias das pessoas,
através das suas acções, interpretações, ideias e muitas vezes sugestões e correcções.
Esta obra não foge a esta regra.
Assim, apraz-me de foram especial, mencionar em primeiro lugar, a forma
simpática e prestável com que fui recebidos pela editora Fonte da Palavra que, em boa
hora, me mandou elaborar este livro.
Registo, de igual modo, o meu profundo reconhecimento pela preciosa
colaboração da Olivia Correia Martins, o grande amor da vida do Maestro, que
acompanhou com paciência e dedicação, o desenrolar das fases desta obra.
Ao empresário Hélder Freire Costa, esse grande homem do espectáculo e amigo de
sempre, bem como aos amigos especiais do Fernando Correia Martins, que se quiserem
associar a esta edição, nomeadamente ao Carlos do Carmo, autor do prefácio, ao
Fernando Falé, Luís Pedro Fonseca, Carlos Jorge Español e a todos aqueles a quem
solicitámos depoimentos e que aqui apresentamos por ordem alfabética.
Carlos do Carmo
Carlos Jorge Español
Fernanda Ferreira
Fernando e Maria de Lurdes de Correia Martins
Fernando Falé
Fernando Ribeiro,
Francisco Nicholson,
Hélder Freire Costa
Jorge Trigo
José Carvalho
Luis Filipe Oliveira ( Litas )
Luís Pedro Fonseca
Marina Mota
Nuno Gonçalo da Paula
Nuno Nazareth Fernandes
Olívia Correia Martins
Paulo Feijão
Piedade Maio
Samuel
129
Simone de Oliveira
BIBLIOGRAFIA
LIVROS
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PORTO, Carlos e MENEZES, Salvato Teles de, 10 anos de teatro e cinema em
Portugal 1974-1984, Lisboa, Editorial Caminho, 1985.
REBELLO, Luiz Francisco, História do Teatro de Revista (2º volume), Lisboa,
Publicação Dom Quixote, 1985.
REIS, Luciano, Pedro Pinheiro – Actor de Mim Placos, Lisboa, Sete Caminhos, 2008.
REIS, Luciano, Maria Dulce a verdade a que tem direito, Lisboa, Sete Caminhos, 2006.
RIBAS, Tomaz, O Teatro da Trindade 125 anos, Porto, Lello & Irmão, 1993.
RICARDO, Maria do Céu, Teatro Maria Matos (1969-2001) – um teatro com história,
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TRIGO, Jorge e LUCIANO Reis, Parque Mayer (1974-1994), Lisboa, Sete Caminhos,
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1 de Julho de 1986.
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1992.
AFONSO, Augusto, ANTIGA EMIGRANTE LANÇA 2º LP – OLÍVIA: «EM
PORTUGAL FALA-SE DE TUDO MAS NADA SE RESOLVE!», O Crime, de 22 de
Novembro de 1991.
130
AFONSO, Augusto, INTÉRPRETE CANTA «NOVOS AMORES», O Crime, de 14 de
Maio de 1993.
AMADORA VAI TER REVISTA À PORTUGUESA, Correio da Manhã, Outubro de
1981.
AUTORES – REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES, JulhoDezembro, 1991, Nº 131.
AUTORES – REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES, Maio,
1995, Nº 143.
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CORREIA MARTINS JÁ VAI À FRENTE NO FESTIVAL RTP DA CANÇÃO, Diário
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CORREIA MARTINS (VIOLINISTA) EM MADRID, Século Ilustrado, de 7 de Novembro
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FADO E CANÇÃO LIGEIRA A TRÊS VOZES, a Capital, de 24 de Julho de 1991.
FERNANDO CORREIA MARTINS – “FABRICANTE” DE SUCESSOS, Plateia, de 24 a
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FERNANDO CORREIA MARTINS – 1936-2009, Um dos últimos maestros da revista à
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FRAGA, Augusto, O Maria Vitória no Maria Matos – A revista muda-se do Parque
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Grande festa de «o diário» hoje no Coliseu de Lisboa, O Diário, de 7 de Janeiro de
1984.
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LARGOS ANOS A CANTAR – OLÍVIA RODRIGUES QUER COMEÇAR DE NOVO, O
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TEIXEIRA, Pedro, VENCEDORES DO FESTIVAL – DA VINCI À CONQUISTA DA
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TELES, Viriato, Festival já tem histórias… Compositor rejeitado pela RTP diz que vai
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TUDO A POSTOS PARA HOJE À NOITE – NAS BODAS DE PRATA DE UM
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MARCHA POPULAR DA PENHA DE FRANÇA, 1989.
132
XXVII Festival RTP da Canção 1990, “Gostamos de Estar Consigo”, Casino Estoril, 10
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III FESTIVAL DA CANÇÃO DE LISBOA, Organização da antena 1 e Feira Popular
de Lisboa, 23 E 30 de Junho de 1989?
IV FESTIVAL DA CANÇÃO DE LISBOA, Organização da antena 1 e Feira Popular
de Lisboa, 30 de Junho de 1990.
XI FESTIVAL DA CANÇÃO DO TÂMEGA, 1990.
XXVIII FESTIVAL RTP DA CANÇÃO, 7 de Março de 1991.
Marchas Populares, Festas de Lisboa 1991.
O PAI TIRANO, Teatro Animação de Setúbal, 1992.
Marchas Populares 60 anos, Festas de Lisboa, 1992.
Marchas Populares, Festas de Lisboa 1993.
70 ANOS DA SPA JANTAR-ESPECTÁCULO, CASINO ESTORIL, 22 de Maio de
1995.
Homenagem dos 50 anos de Carreira de Anita Guerreira, 2004.
Homenagem a Maria José Valério, 2004.
Homenagem a Artur Garcia, 2005.
Marchas Populares de Almada, 2005.
Homenagem a Deolinda Rodrigues, 2005.
Marcha dos Mercados, 2006.
Marcha dos Mercados, 2007.
Hip-Hop’Arque!, Teatro Maria Vitória, 2007.
Marcha do Alto Pina, 2008.
Piratas à Portuguesa, Teatro Maria Vitória, 2008.
Os discos e cd’s indicados no Ponto. 3
Créditos da Iconografia
Arquivo Iconográfico de Luciano Reis
Olívia Correia Martins
133
ÍNDICE
Prefácio
Introdução
1. Nascer para a Música
1.1.
A Sua Estreia
1.2.
A Ida para Madrid
1.3.
Regresso a Lisboa
1.4.
Entrada na Orquestra Ligeira da Emissora Nacional
1.5.
Mulheres
1.6.
O Grande Amor da Sua Vida
2.
Uma Longa e Conceituada Carreira
2.1.
Do Clube Maxime ao Teatro
2.2.
Os Festivais RTP da Canção
2.3.
Outros Festivais, Outras Músicas
2.4.
Galas Nova Gente
2.5.
Marchas Populares
3. Temas Musicados e Orquestrados
4. Prémios e Homenagens
5. O Percurso Artístico
6. Depoimentos e Citações
Agradecimentos
134
Bibliografia
Índice
135
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