O que é Síndrome de Down? Quando o assunto é preconceito

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O que é Síndrome de Down?
Quando o assunto é preconceito, Pérsio afirma: "Ele se faz presente apenas
entre os adultos. As crianças são puras, não viam minha filha como uma coitadinha.
Brincavam, a ajudavam sempre que necessário. Os pais que eram mais abertos
conversavam conosco, comentavam que seus filhos gostavam muito de Naomi",
lembra.
A intenção de Pérsio agora é fazer com que Naomi permaneça na mesma
escola até o Ensino Médio. Querem que ela não apenas se socialize, mas crie seu
círculo de amigos. "Não sei quanto tempo ainda ela vai ficar na APAE, mas penso que
um dia vamos faltar e ela vai precisar aprender se virar. E acredito que essa
convivência vai ajudá-la bastante", finaliza Pérsio.
Sinônimos: trissomia do 21
A trissomia 21, a chamada síndrome de Down, é uma condição cromossômica
causada por um cromossomo extra no par 21. Crianças e jovens portadores da
síndrome têm características físicas semelhantes e estão sujeitos a algumas doenças.
Embora apresentem deficiências intelectuais e de aprendizado, são pessoas com
personalidade única, que estabelecem boa comunicação e também são sensíveis e
interessantes. Quase sempre o “grau” de acometimento dos sintomas é inversamente
proporcional ao estímulo dado a essas crianças durante a infância.
Normalmente, os humanos apresentam em suas células 46 cromossomos, que
vem em 23 pares. Crianças portadoras da síndrome de Down têm 47 cromossomos,
pois têm três cópias do cromossomo 21, ao invés de duas. O que esta cópia extra de
cromossomo provocará no organismo varia de acordo com a extensão dessa cópia, da
genética familiar da criança, além de fatores ambientais e outras probabilidades.
A síndrome de Down pode ocorrer em todas as raças humanas e efeitos
semelhantes já foram encontrados em outras espécies de mamíferos, como
chimpanzés e ratos.
Um portador da Síndrome de Down normalmente apresenta as seguintes
características, alem do retardo mental, segundo Hall (1964, 1966):
•Face achatada
•Fenda palpebral oblíqua
•Orelhas displásicas
•Pele abundante no pescoço
•Prega palmar transversa única
•Hiper-elasticidade articular
•Pelve displásica
•Displasia da falange média do quinto dedo.
Inclusão de alunos com síndrome de Down
Os pais de crianças com síndrome de Down se defrontam com alguns dilemas
quando seus filhos atingem a idade de freqüentar a escola. Se questionam se devem
ou não colocá-los numa escola e se essa escola deve ser regular ou especial. "A
entrada dos filhos na escola, tanto na educação infantil quanto no ensino
fundamental, representam momentos marcantes para seus pais", explica Fernanda
Travassos Rodriguez, psicóloga, terapeuta de família e doutoranda em psicologia
clínica na PUC do Rio de Janeiro. "Suscita temores ligados a adaptação e proteção",
acrescenta.
Entretanto, é importante lembrar, esses dois momentos são distintos e geram
ansiedades especificas. "Porém, sabe-se que quando a inclusão é bem feita, a
socialização começa a se dar de maneira muito fluida", conta. Fernanda Travassos
lembra que o nosso modelo de educação tem um padrão que não contribui muito para
a inclusão. "Mas com freqüência percebemos boas experiências de inclusão em escolas
consideradas ‘alternativas’, são as escolas construtivistas, a montessorianas, e outras",
explica.
De acordo com a psicóloga, as duas opções apresentam lados positivos e
negativos. Ela explica: "Se de um lado a criança portadora da síndrome de Down tem
muito a ganhar em termos sócios afetivos permanecendo no ensino regular, na
maioria das vezes, estas escolas têm poucas alternativas para oferecer a estes alunos
na apreensão dos conteúdos em sala de aula. Em contraste, as escolas especiais que,
cada vez mais são escassas, no entanto, foca-se mais no seu aprendizado formal,
usando ferramentas adequadas para a sua aprendizagem".
A entrada no ensino é um marco na vida de qualquer criança. Entram em cena
desafios como o aprendizado de diversos conteúdos escolares e a convivência com
colegas mais velhos na hora do lanche. As brincadeiras, tão presentes na educação
infantil, começam a perder espaço à medida que a hora de estudar ganha importância.
A transição do primeiro segmento para o segundo segmento do ensino
fundamental pode ser difícil para vários alunos, quer tenham ou não síndrome de
Down. Uma atitude positiva por parte da escola que recebe o aluno é essencial. Além
disso, um plano de transição bem preparado precisa ser elaborado para que a
trajetória escolar do aluno seja o mais tranquila possível para ele, seus pais e a equipe
de educadores.
Crianças com síndrome de Down que estudam com colegas sem deficiência
beneficiam não só a si mesmas, mas também aos outros alunos da escola. Pesquisa
recente realizada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)
concluiu que crianças que estudaram com colegas com deficiência desenvolveram
atitudes positivas relacionadas à tolerância, respeito ao outro e abertura ao diálogo
em um grau muito maior do que as que conviveram em ambientes mais homogêneos.
A convivência com crianças de desenvolvimento considerado normal é muito
importante para as crianças com síndrome de Down. Os colegas servem como
exemplos de comportamentos e de conquistas apropriadas para a sua idade,
contribuindo para o seu desenvolvimento social e emocional.
O aprendizado e o desenvolvimento da capacidade de se relacionar dependem,
entre outras coisas, de oportunidades de interação com crianças da mesma idade ou
de idades diferentes em situações diversas. Cabe ao professor promover atividades
individuais ou em grupo, respeitando as diferenças e estimulando a troca entre as
crianças.
A experiência brasileira mostra que é possível promover a inclusão de alunos
com síndrome de Down. Pode ser que elas precisem de algum tipo de ajuda adicional,
mas isto não é uma necessidade apenas das crianças com deficiência. Muitas crianças
apresentam perfis de aprendizagem que demandam algum grau de apoio.
Este texto apresenta algumas questões que podem orientar profissionais da
educação sobre estratégias para facilitar a inclusão escolar de qualidade para alunos
com síndrome de Down ao longo do ensino fundamental. Vale lembrar que cada
criança apresenta um padrão individual e específico de aprendizagem. Dessa forma,
nem todas as crianças com síndrome de Down apresentarão as dificuldades abordadas
no texto.
Para garantir que os alunos com síndrome de Down tenham acesso ao
currículo, é possível que várias atividades e objetivos tenham que ser modificados e
adaptados para o seu nível de compreensão e desenvolvimento.
Embora isso possa significar que o aluno com síndrome de Down esteja
trabalhando em um nível muito diferente dos seus colegas, não significa que o
assunto, tema ou objetivo seja diferente. Em alguns casos, pode ser necessária a
adaptação para um formato de texto em leitura fácil, como foco em uma palavra-
chave ou conceito específico. Em outros, pode significar simplesmente a oferta de
apoio ou explicação adicional.
Como pessoas com síndrome de Down aprendem com mais facilidade por meio
dos estímulos visuais, as atividades, ideias e conceitos devem ser diferenciadas e
reforçadas visualmente. Sempre que possível, deve-se relacioná-los a experiências do
dia a dia.
A linguagem frequentemente terá que ser simplificada e o vocabulário
específico de certa área precisará ser esclarecido. Em várias ocasiões, será necessário
acessar programas de estudo ou conceitos básicos de estágios anteriores. Métodos
alternativos de registro dos trabalhos deverão ser considerados para compensar
dificuldades na escrita. O ideal é montar sequências de imagens e/ou palavras e colálas ou armazená-las nos livros do aluno, além de oferecer textos com espaços em
branco para que ele complete.
Com o planejamento, professores podem se organizar a fim de garantir que os
conteúdos escolares serão trabalhados da melhor forma possível.
Conteúdo
– Decida qual o foco principal que você deseja que o aluno aprenda, ou seja, selecione
os objetivos de aprendizagem que devem ser alcançados.
– Verifique conteúdos relacionados a habilidades e conhecimentos adquiridos
anteriormente.
– Certifique-se de que as habilidades pessoais do aluno, como independência e
cooperação com colegas, podem ser desenvolvidas.
Abordagem e contexto
– Certifique-se de que os objetivos de aprendizagem sejam divididos em pequenos
passos.
– Certifique-se de que os objetivos sejam curtos e possuam foco claro.
– Use material familiar e significativo.
– Insira repetições e reforços adicionais.
– Escolha contextos apropriados: classe inteira, grupo pequeno, parceria com colega,
um-a-um.
– Escolha o nível de apoio apropriado: assistente do professor, apoio do colega, apoio
do professor da classe.
Apresentação
– Muitos alunos com síndrome de Down aprendem melhor por meio de uma
abordagem multissensorial: vendo, copiando, fazendo, sentindo.
– Muitos alunos com síndrome de Down se beneficiam de repetições e ampla
variedade de explicações sobre um mesmo conteúdo.
– Apresente todos os trabalhos com apoio visual: material impresso, testes e exercícios
de escrita adaptados, cartões, sequenciamento de cartões/frases, diagramas, imagens,
fotografias, ícones, símbolos.
– Certifique-se de que instruções orais sejam reforçadas visualmente
– Use materiais concretos e práticos sempre que possível.
– Use linguagem simples e familiar.
– Mantenha as instruções curtas e concisas.
– Reforce instruções com diagramas e signos.
– Foque em palavras-chave e certifique-se de que os significados foram entendidos.
– Reforce visualmente as palavras-chave e o vocabulário específico de determinado
tema com símbolos, ícones e diagramas.
– Esteja preparado para usar recursos adicionais/específicos
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