ATENÇÃO Caso o seu veículo publique – parcialmente ou na íntegra – esta matéria de serviço, envie-nos uma cópia da edição. O endereço é o SCN Quadra 5 Bloco “A” Torre Norte, sala 417, Edifício Brasília Shopping, Brasília (DF). CEP: 70715-900. Obrigado. Cirurgias reparadoras reduzem seqüelas de tratamento do câncer O Instituto Nacional de Câncer, do Ministério da Saúde, oferece esse tipo de operação gratuitamente Um dos efeitos mais agressivos deixados pelo tratamento de um tumor cancerígeno são as seqüelas provocadas no corpo pela retirada da parte afetada. Em alguns casos elas impedem a pessoa de realizar atividades básicas de seu cotidiano. Em outros, afetam sensivelmente a estima e podem trazer traumas psicológicos. Para amenizar o problema e melhorar a qualidade de vida desses pacientes, o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, realiza gratuitamente cirurgias reparadoras para corrigir estas seqüelas. As cirurgias reparadoras servem para reverter grandes mutilações causadas pela retirada de tumores. Com essas intervenções de alta complexidade, reconstroem-se partes do corpo como as mamas, o pescoço e a cabeça, principalmente o rosto. Para fazer as cirurgias reparadoras, os médicos utilizam técnicas de implante de enxertos de pele retirados de outras partes do corpo dos próprios pacientes.. Em alguns casos, como nas mamas, também se usam próteses para preencher a área afetada. A operação permite que a região fique parecida com o que era antes da seqüela. Para o chefe da Seção de Cirurgia Plástica Reparadora e Microcirurgia do Inca, Paulo Leal, um dos principais objetivos das cirurgias reparadoras é permitir que a pessoa que teve câncer volte a ter uma vida normal. “Muitos pacientes perdem a capacidade de realizar simples ações, como conversar ou mastigar os alimentos”, explica. Após a operação, eles têm condições de retornar ao trabalho e ao convívio social. Outra função das cirurgias reparadoras, como no caso de mulheres que tiveram a mama retirada (mastectomia) devido ao câncer, é promover a auto-estima dessa pessoa. “Grande parte das mulheres que atendemos no instituto e sofrem de câncer de mama são jovens. Muitas não passaram pela primeira gestação. Para elas, as cirurgias reparadoras têm o papel de ajudar na recuperação da auto-estima e na sexualidade“, explica Paulo Leal. O Inca possui tecnologia de ponta para realizar a cirurgia plástica reconstrutora simultaneamente à retirada do câncer. Dessa forma, diminui o tempo de internação e a reabilitação social é mais rápida, além dos benefícios psicológicos para os pacientes. “Quando a reconstrução é imediata, o paciente não precisa conviver, por exemplo, com uma face mutilada ou com uma mastectomia. Sem dúvida, a experiência se torna menos traumática”, complementa Leal. Otimismo – A recepcionista carioca Jakeline Santana Caldeias, de 42 anos, sofreu com um câncer em um dos seios e atesta a importância que teve em sua vida uma cirurgia reparadora. Há quatro anos, Jakeline recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Após descobrir o problema, iniciou sua luta pela vida. Ao lembrar que sua tia havia tratado e curado um câncer com o Inca, pediu ao seu médico que a encaminhasse para os primeiros exames e tratamentos no instituto. Em oito meses a recepcionista passou por várias sessões de quimioterapia, até perder completamente o cabelo. “Durante todo o tratamento fui otimista. Não ligava para a minha aparência. Sentia muita segurança com os profissionais do Inca. Só pensava que eu estava em boas mãos e que meu câncer seria curado”, recorda. Segundo ela, o pior momento do tratamento aconteceu quando recebeu a notícia de que a mama com câncer precisaria ser retirada. “Chorei muito e, pela primeira vez, me senti derrotada. Imaginava como seria o meu corpo após a cirurgia. Nessa hora perdi toda a minha auto-estima”, lembra. Porém, para felicidade de Jakeline, ao estudarem seu caso a fundo, os profissionais que a atendiam no Inca perceberam que seria viável uma cirurgia de reconstrução em seguida à retirada da mama. “Quando soube da possibilidade da cirurgia de reconstrução, abracei e beijei minha médica de tanta alegria”. A retirada do tumor e a reconstrução da mama de Jakeline foram feitos no mesmo dia. “O atendimento do Instituto Nacional de Câncer é maravilhoso. Agradeço todos os dias por ter tido a oportunidade de ser tratada e curada lá“, conta a recepcionista. Referência – As cirurgias reparadoras são uma tradição no Instituto Nacional de Câncer desde que foi criada a Política Nacional de Controle do Câncer, em 1941. “Temos o orgulho de dizer que somos referência mundial na luta pelo bem-estar das vítimas do câncer”, afirma Paulo Leal. Em média são realizadas 80 cirurgias plásticas reparadoras todos os meses no instituto. Para isso, o Inca possui uma equipe formada por sete cirurgiões plásticos, oito residentes e um pós-graduando. Com pesquisas desenvolvidas em diversas áreas ligadas ao tratamento do câncer, o Inca realizou estudos para avaliar o potencial de algumas substâncias na sobrevida dos tecidos de pele utilizados para as cirurgias de reconstrução. Um desses estudos demonstra o resultado positivo de substâncias como a gingkobiloba e seus efeitos na recuperação do paciente submetido às cirurgias reparadoras. O instituto também busca novas técnicas para o tratamento e a recriação de partes do rosto após a retirada de tumores. No dia 18 de outubro, o Inca realizará o 6° Encontro dos Médicos Residentes da Sociedade de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro. Na ocasião acontecerá uma jornada com a participação de professores do Inca e de outras instituições. Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano de 2005, no Sistema Único de Saúde (SUS), foram realizadas 37,25 mil cirurgias reparadoras, com custo de R$ 39,98 milhões. Essas cirurgias beneficiaram não apenas pacientes vítimas de câncer, mas de acidentes, violências e outros problemas de saúde.