António Carmo O Pintor da Cor Agenda Cultural de Évora (ACE) – António Carmo, fale-nos da exposição que vai estar patente no Palácio D. Manuel, em Évora. António Carmo (AC) – Eu trago aqui uma mínima retrospetiva das últimas exposições que tenho feito, não só no país mas a nível internacional. Vamos encontrar aqui nesta exposição um pouco da chamada memória portuguesa em que aparece um pouco do Alentejo, um pouco de Lisboa, quadros que têm a ver com o nosso espaço cultural. Depois mais internacionalmente – podemos assim dizer – vamos encontrar aqui uma homenagem que eu fiz aos grandes compositores (neste caso Mozart, Beethoven, Stravinsky, Ravel, uma série de gente). Esta é uma exposição que eu levei também a Bruxelas e andou a circular por vários sítios; e depois tenho também aqui outro percurso que é “Navegando pelos ateliers da memória”, mais outra universalidade no campo das artes em que abordo aqui o António Carmo dentro dos ateliers de alguns dos grandes nomes da pintura em que foco o pintor e o autor, por exemplo o Rubens, o Velasquez, mas está o António Carmo também. Fui buscar esse tema respeitando a dignidade de cada artista e o seu trabalho e depois o António Carmo dentro dessa temática com respeito por cada um. Os meus trabalhos têm a ver um pouco com a figuração. Eu sou pintor Neofigurativo de feição Expressionista em que procuro focar temas que tenham a ver com o nosso espaço cultural mas adaptando sempre a uma linguagem poética… Lírica; é mais ou menos isso que pretendo quase sempre com o meu trabalho. Agenda Cultural de Évora (ACE) – Nos seus trabalhos é visível muita cor, quase uma explosão de cores… António Carmo (AC) – Eu vou dizer uma coisa que pode parecer um bocadinho pretensioso da minha parte, mas a nível internacional é curioso que um pintor como eu começou sem ter a noção da cor – eu costumo dizer isto nas entrevistas – eu só desenhava na altura, até aos anos 80 eu só desenhava, não conseguia ver cor… Eu tinha pavor à cor; não era pavor; como é que eu conseguia meter, no meu boneco, cor? E, de repente, tornei-me um pintor com um colorido de tal maneira importante que a nível da Suécia e da Bélgica sou considerado o pintor da cor e da forma. Agenda Cultural de Évora (ACE) – E em termos de futuro é par continuar com tanta cor? António Carmo (AC) – É para continuar tudo… Eu costumo dizer que isto é uma profissão de longo curso, a gente nunca sabe onde é que vai ter. Vamos lá ver: eu não sigo nenhuma moda, nem sigo nenhum caminho imposto esteticamente. Eu sigo o meu caminho! Portanto, nestas coisas, eu costumo dizer que às vezes leva-se mais tempo a lá chegar mas chegamos. Não, segui o caminho mais difícil, eu sei que é o mais difícil, na minha opinião, mas é por este caminho que lá hei de chegar. Em arte é assim: a gente tem é que fazer aquilo que sente! E fazer da melhor maneira. Agora eu tenho sempre uma preocupação: a qualidade e a dignidade com que se apresentam as coisas. Isso é muito importante!