Construindo o Movimento Estudantil de Saúde Durante a ditadura militar, no início da década de 70, nascia no Brasil um movimento formado principalmente por profissionais de saúde que buscavam uma alternativa ao modelo de saúde vigente privatista e hierárquico que excluía grande parte da população carente e marginalizada brasileira do atendimento a saúde. Com os ideais de atenção básica e cuidados primário a saúde, internacionalmente declarado pela organização mundial de saúde (OMS) durante a conferencia de Alma-Ata na antiga União Soviética (URSS), em 1978, o Movimento pela Reforma Sanitária surgia ainda com propostas arcaicas, de caráter assistencialista. Porém, a medida que o movimento crescia, ampliando para além dos profissionais de saúde, os acadêmicos, pequeno grupo de parlamentares, grupos de esquerda, movimento sindical, incluindo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), as propostas foram tomando corpo, evoluindo para propostas com caráter transformador e revolucionário para o modelo de saúde nacional. Com a queda do regime militar, o movimento ganhou força e ampliou a discussão. Em 1986, foi criado um programa de governo de cunho reformista baseado em algumas propostas do movimento sanitarista, o SUDS (sistema Único Descentralizado de Saúde). Em 1986, aconteceu a VIII conferência Nacional de Saúde. Esta foi um marco na construção do debate em saúde. Aconteceu com grande representatividade, estando presentes partidos políticos, usuários, profissionais de saúde, parlamentares, universitários, governo e ONGs, onde se definiu a política de saúde que deveria ser implementada no país, pautada numa visão de concepção de saúde, que rompia com os paradigams pesnados na época e apontava uma concepção de saúde pautada na totalidade da sociedade. Em 1988, a Assembléia Constituinte regulamentou o Sistema único de Saúde (SUS), colocando na constituição brasileira um sistema que contrapõe as políticas neoliberais, definindo a saúde como direito de todos e dever do estado. As diretrizes do SUS revelam uma transformação radical no modelo de saúde, surgindo como estratégia descentralizada, integrado a seguridade social e baseado nos princípios de universalidade, onde todas as pessoas têm direito a 1 atendimento independente de raça, cor, religião e classe social; equidade, atendimento igual para todo o cidadão, conforme as suas necessidades, ou seja, o sistema deve conhecer a diferença dos grupos de população, oferecendo a quem mais precisa e diminuindo as desigualdades; integralidade, caindo por terra a concepção de que saúde é a ausência de doença e sua visão mecanicista dá lugar a um conceito de saúde ampliado, onde o ser humano é integral e seu estado de saúde é determinado pela suas condições biológicas, psicológicas, sociais e econômicas, primando as ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. O SUS também garante o controle social e a gestão participativa, demonstrando o caráter democrático participativo do sistema, onde todos através das suas entidades representativas podem decidir sobre a formulação das políticas de saúde e da suas implantações nas três esferas do poder. Mais tarde surgiu a lei orgânica da saúde (lei 8080/90) que instituiu o SUS e a lei 8142/90 que garantia a participação popular na gestão do SUS por meio de duas formas: as conferências e os conselhos de saúde com caráter deliberativo, além de tratar da transferência de recursos, repasse do fundo nacional de saúde para municípios e estados. Porém, o governo Collor vetou importantes pontos da lei no que diz respeito ao financiamento e a participação popular nas conferencias e conselhos. Este sistema de saúde pelas suas diretrizes contempla a humanização, o combate a desigualdade social e ruma para o avanço de uma sociedade igualitária e justa. Porém, ele ainda não está implementado na sua plenitude, não é possível contemplar o SUS como um todo estando numa sociedade com modelo econômico baseado no neoliberalismo, ou seja, o estado se retira da sua responsabilidade social, diminui-se o investimento para a saúde e recorre a privatizações. Por isso, no Brasil, ainda se morre nas filas dos hospitais, crianças morrem desnutridas, faltam medicamentos nos postos de saúde, faltam leitos, faltam profissionais, as condições físicas dos hospitais públicos são precárias, etc. Os profissionais de saúde parecem não se preocupar em atender as reais necessidades da população, atuam corporativamente e hierarquicamente, uma categoria sempre se acha mais competente, mas importante que a outra. 2 Entretanto, a visão ampla e integral da saúde trás a importância da articulação entre saberes e práticas multiprofissional e interdisciplinar entre os diversos setores da saúde e ainda a relação com os usuários para a construção evolutiva dos métodos de atenção à saúde, respeitando e adquirindo o saber popular. No contexto educação, constitucionalmente, os cursos da área da saúde devem contemplar o sistema de saúde vigente, o SUS. Porém, as universidades trabalham com a sua autonomia para garantir o seu modelo educacional e o que ainda se vê é um ensino tecnicista, alienador, baseado na coisificação do ser e na mercantilização da saúde. Parece ser muito mais importante e lucrativo, aprender novas técnicas, conhecer novos equipamentos do que conhecer a realidade da saúde de um grupo social. As universidades não devem fugir das orientações do Estado, sendo este o regulador da educação, deve garantir que o Ensino Superior, principalmente o público, esteja voltado para atender as demandas da população e não em corresponder aos interesses mercadológicos, e isto inclui o ensino de saúde. A organização de professores e estudantes vai promovendo um avanço na mudança do modelo de ensino ainda adotado nas universidades, buscando a renovação nas grades curriculares. Os estudantes são agentes importantes no processo de transformação social, em defesa da saúde pública e da educação baseando-se em um modelo de saúde contra-hegemônico. As vivências no SUS podem garantir o conhecimento do mundo real, tornando o acadêmico perspicaz e capaz de construir com os outros estudantes, com os profissionais de saúde, com os usuários. Este modelo de estágio de vivencia deve se basear na construção coletiva, sem hierarquia e com intuito de formar profissionais de saúde competentes para trabalhar em prol da sociedade. Além disso os estudantes devem orgnizar-sem pelo movkento estudnatil e ocupar os espaçso e as esferas do controle social do SUS, tanto na esfera municipal, estadual, e federal, intervindo e disputando as políticas de saúde colocadas. 3 Atualmente, a saúde vem sofrendo ataques. Depois de um começo esperançosodo governo que logo chamou e antecipou a XII Conferência Nacional de Saúde, logo o que se viu foi este cenário margeado de vários espaços de controle social com uma acentuada política de cooptação desses movimentos. Conseguiu-se apesar de tudo alguns avanços nas políticas de saúde, muito mais pela luta e organização dos movimentos do que pela política de saúde do governo. Uma das coisas mais tristes implementadas pelo governo federal está no projeto de Reforma Universitária no que diz respeito aos Hospitais Universitários (Hus), importantes por atender a comunidade local e trazer os estudantes em contato com os usuários do sistema público de saúde. A idéia do governo é transformar os HUs em autarquia federal (instituição pública de direito público) ou numa empresa (instituição pública de direito privado). Isso significa, que o investimento para os hospitais universitários estará excluído do montante do financiamento para as instituições de ensino superior, além de retirar a responsabilidade de gestão dos hospitais da universidade, dificultando a ação integrada da comunidade universitária na defesa e melhoria do hospital e do ensino em saúde, e prejudicando os trabalhadores dos Hus. Na UFF, o Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) é a principal porta de entrada nos atendimentos do município de Niterói, atendendo também pacientes de diversas outras cidades. Porém sua situação hoje é gravíssima. Encontra-se cada vez mais sucateado e num processo acelerado de privatização. Precisamos barrar isso! Essa deve ser uma das principais bandeiras do movimento.E esse cenário somtente atuando em conjunto com a comunidade universitária é que vamso superar. É preciso construir uma política de saúde efetiva para a UFF, uma atuação articulada nas diversas esferas do SUS. Dessa forma defeendemos que a organização do movimento estudantil de saúde da UFF deva ser norteada pela: Defesa do SUS 4 Organização dos estudantes para ocupar os espçaos de controle scoial do SUS(conferências e conselhos de saúde), Luta de maiores investimentos para a saúde, defendendo a regulamentação da Emenda Constitucional 29 e sendo contra a Desvinculação da Receita da União (DRU), que retira da saúde para outros fins. Atuação contra o modelo de educação hegemônico e tecnicista, defendendo um modelo mais humanista, promovendo debates a respeito das diretrizes curriculares dos cursos e atuando na sua transformação. Contra o Projeto de Lei 25/09 sobre o Ato médico. Por uma regulamentação única do SUS para as profissões/ Contra o Projeto de Lei 25/09 sobre o Ato médico Articulação de estágios de vivência no SUS, baseado na multidiciplinaridade e integralidade e na convivência com as comunidades carentes, construido com os moviemntos sociais, promovendo a troca e a construção mútua de saberes e práticas, fugindo de qualquer caráter assistencialista e hierárquico. Defesa do HUAP, lutando por mais verbas públicas para o hospital e pela participação estudantil nas decisões de gestão, dizendo não a sua privatização e sua transformação em autarquia ou empresa. Luta por investimentos públicos para a Farmácia Universitária, desmascarando o interesse da FEC (Fundação Euclides da Cunha) sobre ela. Construir o núcleo de saúde – UFF, formado pelos estudantes dos cursos de saúde da UFF, norteando às políticas relacionadas a saúde a serem tomadas pela coordenação de saúde do DCE. Criação de um grupo de trabalho em saúde (GT saúde) unificado, com a participação dos estudantes, servidores, professores e a comunidade para construção coletiva de política de saúde para a UFF que deve estar voltada para atender os interesses sociais. Assinam esta tese: Ana Carolina Souza (Enfermagem), Michele Magalhães, Fernanda Afonso, Nathalia Pereira, Joyce de Andrade, Leandro Cabral, Arthur Sartório, Bruno Schadeck, Aline, Livia Maria, Eliza de Lucas, Walcimar Trindade, JulianaFernandes 5 André Carneiro, Rachel Bicalho, Camilo Henrique (Farmácia), Ariana Tavares, Juliana Gagno, Gustavo Dantas (Nutrição), Uiara Mendonça, Beatriz Chagas(Psicologia),José Rodolfo (Serviço Social), Ana Luiza Mello, Felipe Grillo, Mariana Giacomelli (Veterinária), 6