A Engenharia Genética e a Evolução Espiritual da Humanidade "As forças cegas da seleção natural, como agente propulsor do progresso, devem ser substituídas por uma seleção consciente e os homens devem usar todos os conhecimentos adquiridos pelo estudo e o processo da evolução nos tempos passados, a fim de promover o progresso físico e moral no futuro". Francis Galton O avanço cientifico da humanidade coloca-nos diante de um novo paradigma evolutivo. O desenvolvimento da indústria farmacêutica, os progressos da medicina, da educação, dos conceitos de higiene, fizeram com que a seleção natural de Darwin não seja totalmente aplicável ao ser humano, de fato já não podemos mais classificar o homem como um ser natural. Dentre todos os progressos da ciência moderna, a engenharia genética tem posto em cheque vários tabus e conceitos que sustentaram a sociedade até nossos dias. As religiões, governos, escolas e a própria sociedade, estão perplexos com o imenso potencial dessa ciência, e ainda não conseguiram dimensionar a extensão de seus impactos sobre o ser humano. Do ponto de vista iniciático, entendemos que a Divindade nos fez tão perfeitos que nos permitiu participar de nosso próprio processo evolutivo. De todas as espécies criadas na terra, entregues as leis evolutivas naturais, o homem, foi o único dotado da capacidade de colaborar conscientemente na obra de sua própria evolução. Porém é importante frisar que o aperfeiçoamento físico, deve ser complementado simultaneamente, pela imprescindível regeneração psíquica e moral. Nossa estrutura física é apenas o veículo biológico, pelo qual nossa essência se manifesta, nada mais, devendo portanto, se converter num canal cada vez mais pleno para manifestação do espirito. A evolução sempre foi objetivo dos sistemas verdadeiramente iniciáticos, que a difundiram através do ideal de regeneração física, psíquica e moral do homem. Segundo a Teosofia, inicialmente essa evolução foi orientada pelas hierarquias superiores, sendo a humanidade levada a este ponto da jornada evolutiva, como sombra instintiva das hierarquias dos chamados pais da humanidade, os Pitris, Barishades e Agniswatas, raças espirituais que se desenvolveram em mundos anteriores ao nosso, que assumiram a tutela da humanidade nos seus primeiros passos sobre a terra. Com o tempo, o aumento da consciência humana fez com que essas hierarquias se retirassem para as zonas inconscientes de nossa constituição. Dessa forma a distinção progressiva dos reinos inferiores, dos estado animalesco primitivo, fez com que, segundo os ensinamentos iniciáticos, o ser humano, constitui-se um reino inteiramente distinto do reino animal, o reino hominal, onde o mental destaca-se acima dos estados instintivos emocionais. Assim, o homem foi tendo que assumir progressivamente sua própria evolução, criando para isso, complexos sistemas de concentração, relaxamento, meditação e reflexão que o possibilitassem atingir o estado de consciência denominado Samadhi. Elaborando regras austeras, preceitos, códigos, leis que diferenciaram o comportamento humano, do comportamento animal. Desenvolvendo exercícios, posturas, respiração, contrações musculares, cânticos e preces, afim de promover o despertar de seus Sidhis, ou faculdades latentes. Compondo complexos rituais com fogo, água, minérios e ervas aromáticas, afim de ampliar consciência humana, pondo-a em contato com outros planos e dimensões da existência. Inventando, artefatos tecnológicos que facilitam nossa estadia na terra. Descobrindo novas continentes, recursos, energias. Magia, ciência e tecnologia tudo foi utilizado para arrancar o ser humano do seu estado primitivo. Em sua peregrinação através das eras, o homem, foi afastando-se do domínio das forças naturais, mas diante de si, tem agora a árdua tarefa de tornar-se não mais um reino da natureza, mas uma hierarquia divina, atingindo a plena evolução da mônada humana. Essa é nossa sina, peregrinos da vida, vindos das esferas espirituais, penetramos na matéria, organizando, complexificando e geometrizando, dessa forma dotamos a matéria bruta de vida, evoluindo cada vez mais, degrau, por degrau, através de nossos veículos. Dessa forma a humanidade desenvolveu o ideal do auto aperfeiçoamento físico, ético e moral, porém ainda trazemos em nós grande parte da herança dos reinos inferiores, que deixamos para trás. Essa herança, representada pela ignorância, pela violência, pelos sofrimentos, pelas doenças e males psicossomáticos que assolam a humanidade, não devem ser aceita de forma alguma, como fardo imposto por Deus, pois da mesma forma que a Divindade nos criou vulneráveis a certas mazelas, nos dotou de consciência e inteligência para modificar o mundo e a nós mesmo, física, ética e moralmente, permitindo-nos a superação dos estados primitivos e animalescos, pelos quais passamos. Do ponto de vista biológico, o homem vem, através das ciências e especificamente da medicina, libertando-se do domínio da natureza. O desenvolvimento das técnicas de cesariana, da penicilina, dos antibióticos, das vacinas, os transplantes, as próteses, etc. estão cada vez mais afastando o homem das mãos da natureza. Com a engenharia genética, o ser humano abriu de vez a caixa de pandora, agora terá que abandonar forçosa e definitivamente seu estado infantil e inconseqüente, assumindo conscientemente sua evolução física, psíquica e espiritual, ou perecer entre os horrores que ele mesmo criar. O desenvolvimento da bio-engenharia avança de forma irreversível e temos que tratar do assunto de forma madura avaliando seus prós e contras, submetendo-a ao valores éticos e aos interesses da comunidade humana, integrando dessa forma as descobertas cientificas a sociedade. Como livres pensadores temos diante nós essa questão, a nos convidar a uma profunda reflexão. Cabe perguntar, será que seremos capazes de educar nossos sentimentos dentro de uma moral que reflita os verdadeiros interesses da humanidade, desenvolvendo uma medicina superior, onde a mente serena, desvaneceria o condicionamento sentimental a que fomos sujeitos, pela religião e pelo estado, que contribui para a aceitação e conservação de estados patológicos, com sérios sofrimentos e prejuízos individuais e coletivos ? Afim de aprofundar esta reflexão, devemos avaliar alguns pontos de vista já levantados sobre a questão. Dentre esses pontos destaca-se a questão do Karma. Atualmente o Karma é a desculpa usada para tolerarmos situações cruéis e desumanas, tais como o tratamento miserável aplicado a determinados indivíduos ou a populações inteiras, que sofrem mazelas, muitas vezes criadas pelo próprio homem, como se estas fossem estados naturais. Mesmo quando não é o responsável pela criação dos sofrimentos, o homem tem o dever moral de agir para minorar a dor de seus semelhantes. Porém não é o que pensam, alguns sacerdotes escravagistas e políticos profissionais, que sobrevivem a partir da exploração do povo miserável, supersticioso e ignorante, inculcando-lhes desde a mais tenra infância, idéias, de que este ou aquele problema, não pode ser resolvido, que é o Karma, a ação do Destino ou a vontade de Deus, justificando e atenuando, dessa forma, dificuldades que poderiam ser sanadas pela vontade e ação do homem, enquanto o povo sofre. Basta de profanações! O Karma, ou o Destino, agem ou reagem em função das ações e decisões dos Homens. Se a humanidade tiver suas doenças eliminadas, através dos avanços da engenharia genética, diminuindo a quase zero o nascimento de aleijados, cegos, de portadores de deficiências; o Karma, sempre terá outras formas de agir, afinal não podemos descartar a fatalidade da vida, pois mesmos organismos saudáveis podem ser acometidos por doenças ou sofrer acidentes. Se através de uma medicina que desvende os segredos do código genético humano, pudermos eliminar a hemofilia e outras doenças genéticas, se pudermos, através de reprogramação genética ou de seleção de embriões com alta capacidade biológica, provocar o aprimoramento do corpo físico, muitos argumentarão que estaremos impedindo o Karma, o Destino, ou mesmo a vontade de Deus de se manifestar. Tolices, como se o homem pudesse interferir na ação da LEI, que a tudo e a todos rege. Vale lembrar, que a muito o homem já vem interferindo nos processos naturais, milhares de crianças e mulheres, teriam morrido se não tivéssemos inventado a cesariana, vários recém-nascidos, não sobreviveriam se tivessem ficado fora de incubadoras, entregues as forças da natureza. Existem muitos seres humanos que jamais teriam chegado a idade adulta sem a intervenção dos antibióticos e outros medicamentos, proporcionados pelos avanços da medicina. Será que é nosso direito condenar um ser, devido a nossos condicionamentos e preconceitos, a viver quarenta, sessenta ou setenta anos, surdo, cego, ou aleijado, se podemos evitar isso através do uso da engenharia genética? Se o corpo físico, a ética e a moral humana se refinarem, a ação do Karma não deixará de atuar, mas se sutilizará também, fazendo jus ao aprimoramento humano. Corpos físicos sadios, proporcionarão veículos mais eficientes para a experimentação física da essência espiritual, que poderá escolher veículos aptos a sua expressão mais plena, e uma vez encarnada, uma educação verdadeiramente eubiótica, que promova o fortalecimento das características humanas, possibilitará a criação de uma nova civilização, na qual a qualidade reinará sobre a quantidade, a potência reinará sobre o número. Hoje porém, vivemos no reino da quantidade, no país dos números, que não representam potências, mas votos, miséria e fanatismo. A terra está superpovoada, por seres humanos cada vez mais inconscientes, doentes e debilitados, física e moralmente. A essência espiritual está se dissolvendo cada vez mais numa pluralidade de corpos enfraquecidos. Tal estado de coisas está promovendo a retrogradação do homem a estados animalescos. A população mundial, já ultrapassou o número de cinco bilhões de pessoas e daqui a dez anos dobrará. Sem o auxílio da tecnologia, a capacidade produtiva da terra não será suficiente para sustentar seus habitantes, os mananciais de água não serão suficientes para abastecer a necessidades de água potável da população do mundo. Ciente desses fatos, o clérigo, Malthus, que pesquisou a fundo esse assunto, escreveu "A produção de alimentos cresce aritmeticamente, enquanto a população cresce geometricamente. O homem tem apenas duas escolhas: deixar o assunto a cargo da natureza, que o resolverá pelos métodos conhecidos: fome, peste ou guerra – ou optar por limitar o número de nascimentos." Apesar disso, algumas religiões que pregam o auxílio aos pobres, aos miseráveis e aos desvalidos, são totalmente contra a instrução de métodos contraceptivos, para as massas. Afinal, seu poder baseia-se no assistencialismo que oferecem a essas almas dais quais supostamente são os protetores. Além disso, o número de seguidores confere poder político aos líderes religiosos, que, indiferentes ao sofrimento causado as famílias, as crianças e aos sacrifícios desnecessários impostos a sociedade, continuaram lendo bulas, ou emitindo decretos que proíbam qualquer tipo de controle da concepção, enquanto oferecem paliativos aos males, muitas vezes causados pela atitude irracional, com a qual eles mesmos inoculam seu "rebanho". Independente das opiniões desses lideres religiosos, é crucial, para que aja justiça, paz e prosperidade no mundo, pararmos de nos reproduzir como animais, num processo inconsciente onde as crianças muitas vezes indesejadas surgem acidentalmente, muitas vezes acima da capacidade de sustentação dos pais. Nascimentos descontrolados, geram necessariamente menores abandonados, mendigos e aumento da criminalidade. Tantos males sociais, quantos crimes, quantas guerras quanta miséria, não poderiam ser evitados se as pessoas não fossem levadas a isso, pelas falta de atendimento de suas necessidade mais básicas. Os crimes podem ser reduzidos, as guerras podem ser evitadas, a miséria pode ser extinta, os avanços tecnológicos, medicinais, se utilizados por seres conscientes, éticos, mais responsáveis social e individualmente, livres de tabus e condicionamentos irracionais, poderão nos permitir isso. Manter as crianças vivas, tratar os doentes, a medicina, da qual a engenharia genética é apenas um ramo, em si é intrinsecamente boa, não há a menor dúvida. Mas ao que podem conduzir todas estas coisas boas, quando nas mãos de seres inconscientes ? A explosão demográfica, a fome, o sofrimento e a guerra, enfim ao aumento da miséria humana. A miséria não é espiritual, a fome não é espiritual, o sofrimento não é espiritual. Deus não tem nada a ver com isto, esta situação foi inteiramente criada pelo homem. Essas coisa não são como a Lei da Gravidade ou a Segunda lei da termodinâmica, elas não tem que acontecer, somente ocorrem porque as pessoas permitem. É possível termos qualidade de vida, saneamento, desfrutarmos dos frutos da tecnologia, e dos benefícios da medicina e não perecer de excesso de população, miséria ou sermos submetidos à ditaduras, desde que as pessoas sensatas, realistas e conscientes assumam sua responsabilidade no combate ao fanatismo, a superstição e a ignorância. Se quisermos ter algum futuro, dignos de seres humanos e evitar a retrogradação a estados animalescos, precisaremos desenvolver métodos que nos permitam equilibrar a população humana sobre a terra. Os processos de controle da natalidade, que permitiam dimensionar os nascimentos segundo as necessidades e a capacidade da sociedade, já eram conhecidos por alguns povos antigos e sancionados por suas religiões. Esses povos, seguindo as orientações de seus manus, deram importância capital ao processo de reprodução, atribuindo-lhe características divinas, em muitos casos considerando-o sagrado. Seguindo leis que os diferenciavam dos animais, retiraram com imensos esforços o homem de seu estado primitivo, gerando conceitos, que até hoje são o sustentáculo da humanidade. Eles sabiam que deve haver adultos jovens em número suficiente para trabalhar, sustentando os idosos e as crianças. Porém este número não deve ser excessivo, pois se assim for, nem os velhos, nem os trabalhadores, nem seus filhos teriam o que comer. Nos tempos antigos, os casais tinham seis filhos para que uns dois ou três sobrevivessem. Com o avanço científico, dos seis, cinco passaram a sobreviver. Os velhos métodos de procriação deixaram de ter sentido. A fragmentação destas civilizações antigas, devido a perda de seus valores originais, ajudou a provocar a explosão demográfica, principalmente nas camadas mais baixas dessas sociedades, o que permitiu com que religiões populistas proliferassem. Essas religiões de massa, por razões obvias, proibiram o uso de métodos contraceptivos, desequilibrando a relação entre número de nascimentos, recursos naturais e as necessidades sociais. Com o passar do tempo, o avanço do materialismo, quebrou o conceito dinástico de continuidade e de integração, dessa forma as pessoas passaram a considerar sua vida como um fim em si, independente das necessidades da comunidade. O último golpe ao conceito de sociedade, foi dado através do adoração da economia, acima do ser humano, do número acima da potência. Desta forma, perdemos a visão coletiva do organismo social do qual fazíamos parte. Na atualidade, porém os avanços da medicina, nos possibilitaram métodos de controle da natalidade eficientes, possibilita-nos equilibrar a proliferação de pessoas no planeta em função dos recursos e das necessidades sociais e a engenharia genética nos permite desvendarmos os mistérios adormecidos no corpo humano, permitindo a erradicação de várias doenças, a possibilidade de evitar que ajam retardados, cegos, surdos, aleijados, criminosos, de dar a cada homem, a cada mulher uma vida biologicamente sadia. Não existe justificativa religiosa para impedir isso. Nossa preocupação é quem controlará esse imenso potencial ? Certamente os políticos e os poderosos, não perderão, se tiverem, a oportunidade de programar o homem, conforme seus interesses, pois uma vez que sejam capazes disso, não haverá independência, revoluções, revoltas, greves, liberdade, nenhum tipo de dificuldades, nenhum tipo de resistência a realização de seus propósitos. Esta nova ciência pode ser fator de avanço para humanidade, como pode ser utilizado para gerar exércitos de escravos idiotas, dependendo apenas de quem a controlará. Enquanto "enterramos a cabeça no buraco" como avestruzes, fingindo que nada está se passando, que essas coisas não estão acontecendo, cientistas trabalhando em seus laboratórios, nos brindam de tempos em tempos, com suas criações. Como livres pensadores, devemos colocar a questão de forma objetiva, não poderemos impedir o desenvolvimento da genética, os governos tem interesse nisso, os empresários tem interesse nisso. Não é nosso interesse combater os avanços da ciência, mas podemos submeter seu desenvolvimento a critérios éticos, orientá-la segundo valores verdadeiramente humanos. Os seres conscientes e responsáveis, as verdadeiras lideranças da humanidade, precisam encontrar os meios de garantir que a engenharia genética, será utilizada a favor da humanidade e não contra ela. Esse é o desafio, se não formos capazes de encara-lo de frente, promovendo um amplo debate, trazendo a engenharia genética para o controle da comunidade, se não pudermos encarar de frente essa nova fronteira que o homem tem diante de si, o que mais tememos pode realmente vir a acontecer. Pensamento "A função primordial do Homem é a de ser o agente transformador, e a nossa alegria começa quando compreendemos que somos os agentes da transformação decretada para o Universo. Nossa tarefa diária é sermos agentes desse plano, canais de suas forças para a transformação de um mundo imperfeito num mundo perfeito, que refletirá conscientemente os Arquétipos Divinos" Sebastião Vieira Vidal – Monografia 04 Grau de Neófito