A Ilha de Arlequim na Ilha das Bruxas... “Borboleta fina de outrora

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A Ilha de Arlequim na Ilha das Bruxas...
“Borboleta fina de outrora, comensal de Humboldt e Von Chamisso.
Bruxa dissimulada no cafezal, mestra de baile de habanera.
Quiseram prender-te na arca com o chamariz de uma vela, fugiste
Como o raio da lua...
Nativa, verticalíssima feiticeira.”
Rodrigo de Haro, In: Bruxa
Na primeira semana de novembro estiveram em Florianópolis, na Ilha de
Santa Catarina, os atores açorianos Anabela Morais e Filipe Porteiro
apresentando o documentário Ilha de Arlequim, realizado pelo artista,
compositor e grande empreendedor cultural açoriano José Medeiros (Zéca
Medeiros,como é popularmente conhecido nos Açores e para além...)e
produzido pelo Teatro de Giz para a RTP-Açores, numa promoção da
DRComunidades e da Casa dos Açores Ilha Santa Catarina com o apoio da
Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes.
Por uma semana a Ilha das Bruxas foi tomada pelo espírito de Arlequim que
com a magia do Teatro de Giz, da Ilha do Faial, cantou as belezas açorianas,
encantando-nos ora com o azul profundo mar faielense, ora com a mítica
paisagem do Pico a emoldurar o cenário aberto.
Por uma semana, “os nossos ilhéus” viajaram por todas as ondas na grande
aventura que só a magia do teatro permite e vestindo a máscaras da comédia e
da tragédia foram parceiros de uma história que muito lhe fala a alma o
náufrago de uma embarcação.
O documentário “A Ilha de Arlequim” poderia ser apenas um documentário
sobre um acidente ocorrido em fins de 2005 quando encalhou na Praia do
Norte, ilha do Faial(Açores) o navio de carga "CP Valour".
Incidente bastante noticiado nos meios de comunicação social. No entanto, um
fato ocorrido no início de 2006 mudou o rumo dessa história...
Por vontade de Poisseidon, por desejo da deusa Atena ou apenas por obra das
marés um dos contentores que o cargueiro "CP Valour" transportava veio dar
à costa. Ao abrí-lo e exposto o seu conteúdo, uma grande surpresa. No seu
interior estavam depositados um precioso acervo da mundialmente
reconhecida companhia de Teatro italiana "Piccolo de Milano" que retornava
dos Estados Unidos, onde a companhia se apresentara numa digressão de dois
meses com a mítica peça "Arlequim e os seus dois amos". Ali estavam
reunidos: adereços, cenários, manequins, figurinos, objetos de uso pessoal,
componentes da estrutura básica do espetáculo.
Agora, jaziam na Praia do Norte depositados pela maré.
O Grupo Teatro de Giz ciente do acontecido tratou de ajudar no resgate e
recuperação das peças e, imediatamente localizaram a companhia italiana.
A partir de então estabelece-se uma forte ligação entre o Teatro de Giz e o
Piccolo alimentada por coincidências, troca de idéias,conversas e num
processo de criação dionísico nasce o Projeto "A Ilha de Arlequim" que,numa
linguagem ora em forma de documentário, grande reportagem, ora em jeito de
ficção encena os fatos acontecidos na real.
Como um grande "puzzle" a narrativa vai montando o quebra cabeças com
peças da realidade em montagens paralelas que parecem não ter nada a ver,
como o navio encalhado, o resgate dos 21 tripulantes, a percepção dos
pescadores,um grupo de teatro que encena enxertos da peça de Marivaux,
informações dobre o "Piccolo di Milano", entrevistas, e tantos outros
cruzamentos mais, com grande criatividade e imaginação. Um cruzamento
perfeito do teatro com a mítica do mar no bailar das ondas a caminho da Ilha
do Faial
A “Ilha de Arlequim” é um documentário-drama que fala de igualdade, de
diferenças, de amor,de tolerância, de solidariedade, de vida, de alegria, de
encontros e reencontros. Sentimentos fortes, conflitos humanos desnudados e
cuspidos na areia da Praia que o Arlequim, a “aia” Sílvia e o “Mestre” –
barqueiro do destino (interpretado por Zéca Medeiros) – personagens que
conduzem os muito olhares d`alma. Um documentário-espetáculo que não se
pode perder tanto por sua bela história quanto pela genialidade do seu
realizador: José Medeiros
O registro documental e a obra de arte teatral e cênica emergem com grande
expressão e força dos atore do Teatro de Giz e com a participação de Tiago
Porteiro, José Peixoto e Maria do Céu Guerra.
Como um grande "puzzle" a narrativa vai montando o quebra cabeças com
peças da realidade em montagens paralelas que parecem não ter nada a ver,
como o navio encalhado, o resgate dos 21 tripulantes, a percepção dos
pescadores, um grupo de teatro que encena enxertos da peça de Marivaux,
informações dobre o "Piccolo di Milano", entrevistas, e tantos outros
cruzamentos mais, com grande criatividade e imaginação. Um cruzamento
perfeito do teatro com a mítica do mar no bailar das ondas a caminho da Ilha
do Faial.
Lélia Pereira da Silva Nunes
Ilha de Santa Catarina
13 de novembro de 2008
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