Aedes Aegypti: 50 anos de transição do selvagem para o urbano* Há cerca de 50 anos, o Aedes aegypti iniciava um processo de transição de mosquito selvagem para urbano. Originário do Egito, o mosquito se dispersou pelo mundo a partir da África: primeiro para as Américas e, em seguida, para a Ásia. As teorias mais aceitas indicam que o Aedes tenha se disseminado para o continente americano por meio de embarcações que aportaram no Brasil para o tráfico de negros escravizados. Registros apontam a presença do vetor em Curitiba, no final do século 19, e em Niterói (RJ), no início do século 20. Ao chegar às cidades, o Aedes passou a ser o responsável por surtos de febre amarela e dengue. A partir de meados dos anos 1990, com a classificação da dengue como doença endêmica, passou a estar em evidência todos os anos, principalmente no verão, época mais favorável à reprodução do mosquito. A infecção se dá pela fêmea, que suga sangue para produzir ovos. Uma vez infectado, o mosquito transmite o vírus por meio de novas picadas. Atualmente, o inseto transmite, dengue, febre chikungunya e zika. A dengue é a mais mortal das três doenças. O chikungunya tem maior morbidade porque as dores nas juntas podem persistir por meses e até anos, evoluindo para a forma crônica, o que pode acontecer em até 30% dos casos. O mosquito se especializou em dividir o espaço conosco, tornou-se um mosquito doméstico, totalmente adaptado aos nossos hábitos domiciliares. A principal prova disso é o mapa com os principais criadouros do país. Em torno de 80% a 90% dos focos do vetor estão dentro de nossas casas. Inclusive consegue chegar a alturas mais elevadas, como em apartamentos. Na prática, o fato de não voar grandes altitudes não impossibilita que ele chegue até locais mais altos. Como nós, ele também sobe de elevador, anda de carro, viaja de avião. O mosquito se locomove utilizando os mesmos mecanismos que a gente. Onde a gente vai, ele vai atrás. Ainda não existe uma vacina específica contra a doença. Por isso, protejam as áreas mais expostas do corpo, como rosto, pernas e braços. Uma opção é usar repelentes que contém um princípio ativo chamado Icaridina, que é seguro inclusive para as gestantes. Outros cuidados, como não deixar água parada em vasos de planta, trocar sempre a água dos animais de estimação, não deixar a caixa d’água destampada e manter sempre o quintal limpo, devem ser tomados. Esses são os locais escolhidos pelo Aedes aegypti para reprodução, então mesmo que seja em um pequeno espaço (uma tampa de garrafa, por exemplo), mas com água limpa e parada, ele se torna um ambiente totalmente propício para a fêmea colocar seus ovos. Temos um grande trabalho de prevenção ao mosquito. Contamos com todos vocês. *Prof. Dr. Sergio Timerman Médico, Especialista em Clínica Médica, Emergências Médicas e Cardiologia Diretor Nacional de Medicina e Ciências da Saúde – Laureate Brasil