11ª AULA PARTE A VISÃO ESPÍRITA DA EUTANÁSIA A eutanásia é o ato pelo qual subtrai-se a vida de alguém, com o pretexto de evitar-lhe sofrimentos, bem como aos seus familiares. É a conhecida "morte piedosa". Desde a época de Esparta, na antiga Grécia, pelo culto ao corpo, eram condenados os inaptos e enfermos. Gladiadores da Roma Antiga ou guerreiros na Idade Média eram sacrificados sob o pretexto de poupá-los da agonia. Séculos se passaram e, às vezes, o juramento de Hipócrates (460-377 a.C) é esquecido: "A ninguém darei, para agradar, remédio destruição". mortal, nem conselho que conduza á A Medicina A ciência médica tem a finalidade de curar, de sanar dores. Tem como dever a preservação da vida em todo e qualquer caso. O código de Ética Médica prescreve, como dever do médico, o cuidado de preservar a vida e proíbe ao mesmo a utilização de meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido desse ou de seu representante legal. (Cap. V – art.41/2009) Alguns defensores da eutanásia argumentam quanto à inutilidade do enfermo e o custo de sua manutenção à sociedade e, atualmente, das Unidades de Terapias Intensivas. Ninguém é inútil. Todos temos responsabilidades quanto à preservação da vida dada por Deus. Ainda há a desculpa de abreviar o sofrimento de doentes terminais. A morte como terapia destrói a razão de ser da Medicina, que deve lutar pela manutenção da vida. Argumento terrível é aquele dos que defendem a morte dos idosos como uma "morte digna" - certamente seria mais digno defender a vida e respeitar aqueles que prestaram uma vida inteira de serviços à sociedade. Devemos ainda considerar a distanásia, que é o prolongamento artificial do processo de morte, prolongando assim o sofrimento da pessoa. Pode também ser considerada como um tratamento inútil, que deve ser evitado. Tem como objetivo recuperar o doente a qualquer custo - muitas vezes é desejo da família, ou do próprio paciente, que tenta agarrar-se à vida, muitas vezes, por temer a morte. A morte Como definir a morte? Segundo a doutrina espírita, ela ocorre pela exaustão dos órgãos. (L.E, questão 68) Nas últimas décadas mudou-se a maneira de considerar a morte. Vários questionamentos de ordem médica, ética e jurídica foram levantados com o desenvolvimento das técnicas de transplantes, além da possibilidade da manutenção artificial das funções fisiológicas fundamentais. Ela é hoje interpretada como a desintegração de um indivíduo, que se realiza em vários níveis e em várias etapas. Daí a dificuldade de encontrar sinais clínicos seguros do falecimento. A passagem da vida à morte envolve uma série de acontecimentos; não é uma mutação instantânea. Após discussões éticas e estudos técnicos, concluiu-se que a morte encefálica é o critério para caracterização e constatação da morte do indivíduo. Desencarnação A desencarnação significa o desligamento do Espírito do corpo que está em processo mortal, podendo acontecer desde antes da consumação do óbito (L.E, questão 156) ou até tempos depois, como no suicídio. Não é a partida do Espírito, mas sim o esgotamento dos órgãos físicos que provoca o seu desprendimento. Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec recebe do Espírito São Luís a resposta à pergunta: "Um homem agoniza presa de crueis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é sem esperanças. É permitido poupar-lhe instantes de agonia, abreviando-lhe o fim?" "Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir um homem até a beira da sepultura, para em seguida retirá-lo, com o fim de fazê-lo examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? ( ..) A ciência, por acaso, nunca se enganou nas suas previsões? (..) essa hora de graça que lhe é concedida, pode ser para ele da maior importância, pois ignorais as reflexões que seu Espírito poderia ter feito nos momentos de agonia, e quantos tormentos podem ser poupados por um súbito clarão de arrependimento.1 Muitas vezes, suicidas e homicidas do passado enfrentam doenças graves para que possam reajustar-se perante as Leis Divinas. Como diz o Espírito Emmanuel: "(...) Diante das crianças em prova ou dos irmãos enfermos, imaginados irrecuperáveis, medita e auxilia-os. Ninguém, por agora, nas áreas do mundo físico, pode. calcular a importância de alguns dias, para o Espírito temporariamente internado num corpo doente ou disforme". 2 A questão 944 do L.E coloca: "O homem tem o direito de dispor da sua própria vida?" "Não; somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão da lei.” E pode-se complementar: "O assassínio é um crime aos olhos de Deus?" "Sim, um grande crime, pois aquele que tira a vida de um semelhante interrompe uma vida em expiação ou de missão, e nisso está o mal." (L.E, questão 746) Citando, mais uma vez Emmanuel, que faz consideração oportuna a respeito do tema, é lançada a reflexão: "Lembra-te de que, valorizando a existência na Terra, o próprio Cristo arrancou Lázaro às trevas do sepulcro, para que o amigo dileto conseguisse dispor de mais tempo para complementar o tempo necessário à própria sublimação." 3 1 KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. 9ª ed., São Paulo: FEESP. 1993. Cap. V, Item 2.8, p.89. 2 XAVIER, F. C. Diálogo dos Vivos. São Bernardo do Campo: Grupo Espírita Emmanuel. Cap.20, p.123. 3 XAVIER, F. C. Religião dos Espíritos. 8.ed., Brasília:FEB, 1990, Sofrimento e eutanásia, p.60. FIXAÇÃO DO APRENDIZADO: 1)O que é eutanásia? 2) O homem tem o direito de determinar quando deve morrer ou de dispor da vida de seu semelhante? 3) Qual a utilidade do tempo que é dado a mais para quem se salva da morte? PARTE B O MAL E O REMEDIO O Espírito Santo Agostinho, em comunicação em O Evangelho Segundo o Espiritismo, faz um alerta a respeito da dor: "Vossa terra é por acaso um lugar de alegrias, um paraíso de delícias? A voz do profeta não soa ainda aos vossos ouvidos? Não clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem neste vale de dores? Vós que nele viestes viver, esperais, portanto lágrimas ardentes e penas amargas, e quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores, voltai os olhos ao céu e bendizei ao Senhor, por vos ter querido provar! (...) Mas ainda que tivésseis de sofrer uma vida inteira, que seria isso, ao lado da eternidade de glória reservada àquele que houver suportado a prova com fé, amor e resignação?" 1 Quando vemos tantos males no mundo, por vezes, o sofrimento nos causa revolta ou incompreensão. Porém, como Deus é todo Amor, Justiça e Misericórdia, certamente, o mal não pode originar-se Dele. Compreendendo a Sabedoria Divina, que nunca quer o mal de Seus filhos, podemos concluir que, além do ressarcimento de antigas dívidas, a dor nos serve para que possamos, além de desenvolvermos virtudes, como a paciência, a mansuetude e o perdão, progredirmos também em inteligência. "O homem devendo progredir, os males aos quais ele está exposto são um estimulante para o exercício de sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o à busca dos meios de livrar-se deles (...) A dor é o estímulo que impulsiona o homem para a frente na via do progresso", diz Kardec em A Gênese (Cap.III - Item 5). E completa mais adiante: "Mas Deus, pleno de bondade, colocou o remédio ao lado do mal, isto é, do próprio mal faz sair o bem." (idem, item 7) O Espírito André Luiz, na obra "Ação e Reação", relata a explicação do Instrutor Druso sobre a dor-auxílio, a dor que acontece para que possamos aprender com ela. "(..) O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem (...) dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual." 2 De qualquer forma, quando somos visitados pela dor, devemos refletir sobre ela, procurando meios de aliviá-Ia e de aceitá-Ia com resignação e coragem, quando ela ultrapassa os limites da nossa ação. O que devemos compreender é que a dor não é castigo, mas sim um processo de aprendizado, fruto da nossa imperfeição, porém útil à nossa evolução. E qual o remédio para o mal? "A fé é o remédio certo para o sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes do infinito. ante os quais se esvaem os poucos dias de sombras do presente”. 3, ensina o Espírito Santo Agostinho. 1 KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. 9ª ed., São Paulo: FEESP. 1993. Cap.V, Item 19, p.77. 2 XAVIER, F. C. Ação e Reação. 14ª ed., Brasília: FEB. 1991, Cap.19, p.261-262. 3 KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. 9ª ed., São Paulo: FEESP. 1993. Cap.V, Item 19, p.78. FIXAÇÃO DO APRENDIZADO: 1) Para que servem os males pelos quais passamos? 2) Como devemos encarar a dor que nos atinge? 3) Por que a fé é o melhor remédio para nossos males? BIBLIOGRAFIA - Cajazeiras, Francisco - Eutanásia - Enfoque Espírita - Ed. EME. Kardec, Allan -A Gênese - Ed. FEESP. Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP. Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP. Xavier, Francisco Cândido - Religião dos Espíritos - Ed. FEB