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SUMÁRIO
UNIDADE I
Introdução ao estudo da Grécia
Introdução
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UNIDADE II
Os períodos gregos
1- Grécia: o período Homérico
2- Grécia: o período Arcaico Esparta
3- Grécia: o período Arcaico Atenas
4- Grécia: o período Clássico
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UNIDADE III
A religião na Grécia
5- A religião grega
6- Minotauro
7- Deuses, deusas e mitos
8- Divindades siderais
9- Divindades Primordiais
10- Mitologia X Astrologia
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Unidade IV
As artes gregas
11- A literatura
12- A arte
13- Ilíada
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Conclusão
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Bibliografia
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I
Introdução ao
estudo da Grécia
Veremos a seguir a história, a cultura, deuses, mitos, astrologia e falaremos ainda da
Guerra de Tróia e dos períodos pela qual a Grécia passou:
- Período Homérico (1100-800 a.C.), fase retratada pelos poemas de Homero Ilíada e
Odisséia.
- Período Arcaico (800-500 a.C.), fase da formação das cidades-estados.
- Período Clássico (500-400 a.C.), fase do apogeu da civilização grega.
A Grécia está localizada a leste do Mar Mediterrâneo, na península Balcânica,
apresentando relevo acidentado e um litoral recortado por golfos e baías, banhado pelo mar
Egeu e pelo mar Jônico.
Devido ao relevo extremamente montanhoso, a prática da agricultura revelava-se
difícil na Grécia, restringindo-se a apenas um quinto das terras. Assim, o comércio tornouse a atividade econômica básica.
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II
Os períodos gregos
Capítulo 1
Grécia: o período Homérico
O período se chama Homérico, porque seu estudo está baseado em duas obras
atribuídas a Homero: Ilíada e Odisséia.
Naquela época o sistema regido pela sociedade chamava-se gentílico, pois a célula
básica era o genos, uma grande família que tinham como características:
 O chefe chamar-se pater-familias, que passava o poder ao filho mais velho.
 A economia consistia na administração da casa, chamada oeconomia.
 As propriedades eram coletivas: não podia ser vendida, transferida ou dividida.
 O trabalho era valorizado e não havia tarefa humilhante.
 Não havia diferenciação econômica entre membros do genos.
 A economia era quase toda agropastoril.
 O poder patriarcal era baseado no monopólio de fórmulas secretas, que permitia ao
chefe o contato com os deuses protetores da família.
O genos começou a desintegrar-se pois tiveram que buscar mão-de-obra suplementar
e produtos que só poderiam ser cultivados em certos tipos de solo. A produção já não
supria as necessidades da população provocando o descontentamento e o genos passou a
dividir-se em famílias menores enfraquecendo-se. Surge aí o gosto pelo luxo e o
individualismo que trouxe como primeira providencia a divisão das propriedades.
A maioria dos lotes foi distribuída através de sorteio, ocorrido somente por que
tinha pertencido ao antigo genos e utilizavam do sistema de rodízio entre os membros.
Houve grandes conseqüências da desintegração, tanto no plano social como no
plano político:
 Aumentaram as diferenças econômicas entre a população: pois alguns tinham muitas
terras férteis, outros tinham terras pouco férteis e ainda havia aqueles que ficaram
sem lotes que esmolavam nas ruas e desenvolviam outras atividades como o
artesanato (demiurgos).
 Alguns trabalhavam como piratas, sendo os precursores do comércio marítimo.
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 O poder do pater-familias, passaram para os parentes mais próximos, os eupátridas.
Eles monopolizavam todo o poder político e deram origem à aristocracia que tinha
como riqueza fundamental a terra.
Essa aristocracia unia-se em fratrias (tribos), que aglutinadas formaram a
organização politica típica da Grécia: a cidade-estado (polis) que apresentava
caracteristicas proprias:
 Acrópole, templo construída sobre uma elevação.
 Ágora, praça central.
 Asti, mercado de troca.
Houve então uma mudança e a economia passou a ser também internacional.
Capítulo 2
Grécia: o período Arcaico (Esparta)
Esparta foi uma das primeiras cidades-estados a surgir, foi fundada pelos invasores
dórios, que escravizaram os aqueus que ali viviam.
Os dórios dividiram as terras conquistadas entre os guereiros e constituíram genos
típicos do período Homérico. Dois reis (Diarquia), exercia o poder executivo em tempos de
guerra, um Conselho, era formado por mais velhos (Gerúsia) e tinha caráter consultivo, e
uma Assembléia (Ápela) formada pelos cidadãos dórios que davam a palavra final em
assuntos políticos e administrativos, exerciam o governo, segundo a constituição de
Esparta.
Após os dórios dominarem a Planície de Messênia, em uma guerra que durou trinta
anos, os messênicos foram levados a condição de escravos. Esses escravos jan eram muito
numerosos então Esparta decide interromper
conquistas externas e limitar-se a intervir nos governos das cidades próximas, garantindo a
hegemonia do Peloponeso (Grécia Penisular).
A economia muda:
 Desaparecem as propriedades coletivas.
 Surge a propriedade estatal divididas em lotes.
 Os lotes não podiam ser cedidos, nem divididos.
 Era a terra cívica, o Estado tinha o poder legal e os cidadãos apenas usufruíam.
 Quem utilizava dos lotes tinha de pagar uma renda mensal equivalente a produção,
mais tarde os escravos seriam obrigados a entregar metade da produção ao Estado.
Esparta apresentava nesse período três camadas básicas: os dórios, que tinham
educação militar, os aqueus, tinham boas condições materiais mas não tinham poderes
políticos, e os escravos que viviam em condições miseráveis e não tinham proteção da lei.
Economia e sociedade caminhavam para a estagnação, explicando o governo mais
conservador. O poder supremo passou a ser monopolizado pelo Conselho de Anciãos
compostos por 28 gerontes e o poder executivo passou a ser exercido pelos Éforos (cinco
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magistrados escolhidos pelos gerontes e aprovado pela Assembléia). Era um governo
oligárquico que pretendia manter o status quo, privilégios para a aristocracia e dominação
sobre os escravos.
No campo cultural o governo passou a incentivar o laconismo, que consistia em falar
tudo em poucas palavras, limitando o poder critico dos espartanos, e a xenelasia e
xenofobia, que era a aversão e expulsão dos estrangeiros, impedindo que houvesse o
contato com idéias inovadoras, subversivas para o sistema, reforçando o status quo.
Capítulo 3
Grécia: o período Arcaico (Atenas)
Atenas surgiu numa planície, situação geográfica que a protegeu de invasões,
principalmente dos dórios. Tornou-se a capital da nova polis, destacando-se nela uma
rocha de 100m de altura na qual foi construída a Acrópole, que servia de santuário e de
fortaleza.
Inicialmente a economia ateniense era essencialmente rural.Havia ainda atividades
artesanais e comerciais. A camada social dominante era constituída de eupatridas, grandes
proprietários de terras férteis, cultivadas por escravos, assalariados e rendeiros. Os georgoi
possuíam terras poucos férteis e ficaram em situação difícil com o desenvolvimento do
comercio. Os artesãos (demiurgos) eram trabalhadores livres.
O poder monárquico e hereditário era monopolizado pelos eupatridas, encabeçado
pelo Basileus, o rei: chefe de guerra, juiz e sacerdote. O Areópago, Conselho de
Aristocratas, limitava o poder do rei e passou a agir juntamente com Arcontado. O regime
de governo passou a ser oligárquico.
Os comerciantes e artesãos tornavam-se cada vez mais numerosos, subindo na escala
social e passaram a fazer oposição a oligarquia eupatrida. A crise se agravava porque a
aristocracia não tinha mais o monopólio do poder militar, os pobres passaram a armar-se e
tomar parte nas guerras, exigindo que tivessem participação na vida política.
Com a crise política em Atenas, surgiram os legisladores como uma tentativa de
solução reformista. A legislação ate então era apenas oral e Drágon ficou encarregado de
prepara-la. Impôs pena de morte para vários crimes e tinha leis severas, mas teve a
importância de passar a administração da justiça das mãos dos eupátridas para o Estado, o
que não mudou em nada, os eupatridas antes estavam apoiados nos costumes; agora em
leis escritas. Como Drágon não resolveu a crise, foi indicado um novo legislador, Sólon,
que promoveu reformas em três aspectos da vida ateniense:
Economia – Estimulou o desenvolvimento comercial e industrial; promoveu a vinda
de artesãos estrangeiros; instituiu padrão monetário fixo; proibiu a exportação de cereais e
estabeleceu um sistema de pesos e medidas.
Sociedade – Concedeu anistia geral; regulamentou a lei de herança; decretou a
seisachtéia: consistia na proibição da escravidão por divida, na eliminação dos marcos de
hipoteca e na devolução das terras aos antigos proprietários.
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Política – Aboliu o monopólio do poder pela aristocracia; instituiu um sistema de
participação baseado na riqueza dos cidadãos.
A legislação de Sólon teve como objetivo principal estabelecer uma justiça correta
para todos, uma justiça baseada na igualdade de todos perante a lei (eunomia). Esses foram
os fundamentos do futuro regime democrático de Atenas, implantado por Clístenes.
As reformas de Sólon não foram totalmente aplicadas por causa da rivalidade
política, essas agitações criaram condições para o surgimento de homens que tomaram o
poder à força,os tiranos.O primeiro foi o Psistrato que foi expulso de Atenas duas vezes e
ainda manteve-se no poder por dezenove anos. De suas reformas destacam-se: determinou
a participação dos cidadãos na Assembléia e nos Tribunais; estimulou o comercio
marítimo; construiu portos, templos, canais, aquedutos, esgotos e bibliotecas; beneficiou
pequenos proprietários.
Depois da morte de Psistrato o poder passou as mãos de seus filhos Hiparco e
Hípias.
Os princípios básicos da reforma de Clístenes eram: direitos políticos para todos os
cidadãos; participação direta dos cidadãos no governo. O sucesso da reforma resultou em
nova divisão territorial, realizada por Clístenes. Ele dividiu a Ática em três regiões: litoral,
cidade e interior.
O elemento mais importante da reforma de Clístenes foi o surgimento do termo
democracia que era exercido por três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. O Poder
Legislativo era constituído pelo conselho dos 500 e pela Assembléia. O Poder Judiciário
estava a cargo de 6000 cidadãos escolhidos por sorteio. O Poder executivo era exercido por
10 estrategos, escolhidos pela Assembléia.
Clístenes também instituiu o ostracismo, suspensão de direitos políticos de cidadãos
considerados nocivos para o Estado. Houve então um período de estabilidade em Atenas.
Capítulo 4
Grécia: o período Clássico
O período Clássico foi um período de hegemonia e imperialismo no mundo grego,
projetada pelas Guerras Médicas ou Pérsicas.
As Guerras Pérsicas foram causadas pelo conflito entre o mundo grego, em expansão
e o mundo bárbaro persa. No inicio, os persas respeitaram a autonomia das cidades gregas,
mas depois passaram a exigir impostos contribuindo para que os tiranos tomassem posse.
A região da Jônia se rebelou e este foi o motivo imediato para a guerra entre gregos e
persas.
Os atenienses venceram o primeiro choque e correram para salvar Atenas,
conseguindo nova vitória. Por motivos religiosos os espartanos atrasaram sua entrada na
guerra. Com isso Atenas foi prestigiada entre os gregos, pois tinha salvo a Grécia da
dominação persa. Os persas também foram derrotados na Ásia, na Batalha de Micale.
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Os espartanos considerando afastados o perigo persa, voltaram ao isolamento. Mas
outros estados resolveram precaver-se, formando sobre a liderança de Atenas, a
Confederação de Delos.Organizaram uma força marítima, as cidades das ilhas forneceriam
navios e tropas e cidades menores pagariam uma contribuição. Com a contratação de
marginais e desempregados a economia de Atenas foi dinamizada, resolvendo assim um
problema social e econômico.
O auge ateniense ocorreu no governo de Péricles, ali iniciou-se a construção de
obras, tanto para embelezar a cidade e melhorar a defesa quanto para empregar os
desocupados, cercando-se dos maiores intelectuais da Grécia. Atenas tornou-se a escola da
Grécia.
Na Guerra do Peloponeso bastou um incidente para transformar a rivalidade das
cidades-estados em guerra. Os camponeses se refugiaram nas cidade, e a falta de higiene e
a má alimentação trouxeram a peste, que vitiou o próprio Péricles que liderava a defesa de
Atenas. Após a morte de Péricles, Lisandro derrotou os atenienses definitivamente. Era o
fim do Império de Atenas que passou a condição de satélite de Esparta.
Como Atenas, Esparta adotou uma política Imperialista, mas a dominação espartana
sobre os estados eram mais opressora que a ateniense. Ainda assim Esparta não conseguiu
evitar que Atenas organizasse uma segunda liga marítima e reconstruísse seus muros.
Aliando-se a esta, Tebas atacou a guarnição local dos espartanos libertando os messênicos,
com o mundo grego enfraquecido pelas guerras, estavam criadas as condições para
intervenção de Filipe da Macedônia.
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III
A religião na Grécia
Capítulo 5
A religião grega
A religião dos gregos era politeísta, cultuavam-se vários deuses. Os deuses tinham
suas paixões e seus defeitos, pareciam com os homens, mas eram mais fortes e eternamente
jovens. As lendas e bravuras cometidas pelos deuses eram transmitidas oralmente de
geração a geração. Não havia uma morada que fosse considerada celeste, eles moravam no
Olimpo, ao norte da Grécia.
Cada deus era adorado em seu templo próprio, que abrigava sua estatua e os objetos
aos quais lhe pertenciam. Os fieis não tinham a necessidade de entrar no templo, pois os
cultos eram praticados ao ar livre. Em busca da graça pedida, o fiel purificava-se com água
e orava, oferecendo ao deus alimentos, bebidas e sacrifícios de animais.
Capítulo 6
Minotauro
O Minotauro é considerado um símbolo da fatalidade que determina o curso da vida
humana. Segundo a mitologia grega, Posêidon, deus do mar, enviou a Minos, rei de Creta,
um touro branco que deveria ser sacrificado em sua honra. Deslumbrado com a beleza do
animal, o monarca guardou-o para si. Para contralia-lo pela desfeita, Posêidon despertou na
rainha Pasífae uma doentia paixão pelo animal. Da união, nasceu o Minotauro, monstro
com corpo de homem e cabeça de touro.
Logo após seu nascimento, o Minotauro foi levado ao labirinto, construído pelo
arquiteto e inventor Dédalo e de onde ninguém conseguia sair. Anos mais tarde, Minos
declarou guerra a Atenas, para vingar o assassinato de seu irmão Androgeu. Vitorioso,
exigiu que os vencidos enviassem, a cada nove anos, sete rapazes e sete virgens para serem
devorados pelo Minotauro. Quando os atenienses se preparavam para pagar pela terceira
vez o tributo, Teseu se ofereceu como voluntário. Penetrou no labirinto, matou o
Minotauro e, guiado por um fio que lhe fora dado por Ariadne, filha de Minos, escapou de
Creta em sua companhia e na de seus companheiros atenienses.
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Capítulo 7
Deuses, deusas e mitos
Adônis
A figura de Adônis, é vinculada a mitos vegetais e agrícolas, aparece também
relacionada, desde a antiguidade clássica, ao modelo de beleza masculina.
Embora a lenda seja provavelmente de origem oriental -- adon significa "senhor" em
fenício --, foi na Grécia antiga que ela adquiriu maior significação. De acordo com a
tradição, o nascimento de Adônis foi fruto de relações incestuosas entre Smirna (Mirra) e
seu pai Téias, rei da Assíria, que enganado pela filha, com ela se deitou. Percebendo depois
a trama, Téias quis matá-la, e Mirra pediu ajuda aos deuses, que a transformaram então na
árvore que tem seu nome. Da casca dessa árvore nasceu Adônis.
Maravilhada com a extraordinária beleza do menino, Afrodite (a Vênus dos
romanos) tomou-o sob sua proteção e entregou-o a Perséfone (Prosérpina), deusa dos
infernos, para que o criasse. Mais tarde as duas deusas passaram a disputar a companhia do
menino, e tiveram que submeter-se à sentença de Zeus. Este estipulou que ele passaria um
terço do ano com cada uma delas, mas Adônis, que preferia Afrodite, permanecia com ela
também o terço restante. Nasce desse mito a idéia do ciclo anual da vegetação, com a
semente que permanece sob a terra por quatro meses.
Afrodite e Adônis se apaixonaram, mas a felicidade de ambos foi interrompida
quando um javali furioso feriu de morte o rapaz. Sem poder conter a tristeza causada pela
perda do amante, a deusa instituiu uma cerimônia de celebração anual para lembrar sua
trágica e prematura morte. Em Biblos, e em cidades gregas no Egito, na Assíria, na Pérsia e
em Chipre (a partir do século V a.C.) realizavam-se festivais anuais em honra de Adônis.
Durante os rituais fúnebres, as mulheres plantavam sementes de várias plantas floríferas
em pequenos recipientes, chamados "jardins de Adônis". Entre as flores mais relacionadas
a esse culto estavam as rosas, tingidas de vermelho pelo sangue derramado por Afrodite ao
tentar socorrer o amante, e as anêmonas, nascidas do sangue de Adônis.
Afrodite
Nasceu da espuma dos mares, fecundada pelos testículos de Urano. Era a deusa do
amor e da beleza e a mais atraente de todas as mulheres, ao mesmo foi chamada de
Afrodite Urânia. Também era considerada a deusa da primavera, das flores, jardins e da
navegação. Ela sempre está acompanhada das Cárites, as deusas da graça, das Horas e de
outras divindades personificadoras do amor.
Sendo a mais bela e popular do Olimpo, foi cortejada a todos os deuses, inclusive
Zeus, a quem recusou. Em vingança, deu-a em casamento a Hefesto, o mais feio dos
imortais. Infiel ao marido, teve muitos filhos de outros, entre eles Eros, hermafrodito,
Anteros e Harmonia, entre outros. Traia o marido com Ares, Hermes, Dioniso, Poseidon
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e Anquises. Surpreendendo-a com Ares em seu leito, prendeu-os em uma rede invisível e
inquebrável, para mostrar a todos os outros deuses a traição de sua mulher. Por seus
amores com Ares, também foi considerada divindade guerreira. Há tradições que dizem
que ela é filha de Zeus e Dione, a Afrodite Pandêmia, protetora das prostitutas. A sede
mais antiga de seu culto era a ilha de Chipre, sua cidade preferida e é a cidade mais
próxima do local de seu nascimento.A murta era a sua árvore; sua ave era a pomba, e, às
vezes, o pardal e o cisne.
Agamenon
Agamenon figura na Ilíada, de Homero, como um soldado valoroso, digno e
austero.Agamenon, filho de Atreu e Aérope, foi rei de Micenas ou Argos no chamado
período heróico da história grega. Ele e seu irmão Menelau esposaram as filhas do rei de
Esparta, Clitemnestra e Helena. Quando Páris, filho do rei de Tróia, raptou Helena,
Agamenon recorreu aos príncipes da Grécia para formar uma expedição de vingança contra
os troianos, o tema da Ilíada.
No porto de Áulis (Áulide), sob a chefia suprema de Agamenon, reuniu-se uma frota
de mais de mil navios com enorme exército. No momento de partir, porém, foram
impedidos por uma calmaria. Isso se devia à interferência de Ártemis, deusa da caça,
enfurecida por Agamenon ter abatido um cervo em um de seus bosques sagrados. A deusa
só se aplacaria com o sacrifício de Ifigênia, uma das filhas do Agamenon. Durante o rito,
Ártemis aplacou-se e substituiu-a por uma corça, mas levou Ifigênia consigo.
A frota partiu e durante nove anos os gregos sitiaram Tróia, tendo sofrido pesadas
baixas. No décimo ano, Agamenon despertou a cólera de Aquiles, rei dos mirmidões, ao
tomar-lhe a escrava Briseida. Aquiles retirou-se com seus soldados e, só quando os
troianos mataram seu amigo Pátroclo, consentiu em voltar à luta, o que resultou na queda
de Tróia.
Cassandra, irmã de Páris que coube a Agamenon como presa de guerra, em vão
alertou-o para não retornar à Grécia. Em sua ausência, Clitemnestra, inconformada com a
perda da filha, tramara sua morte com o amante Egisto. Quando o marido saía do banho,
atirou-lhe um manto sobre a cabeça e Egisto assassinou-o. Ambos mataram também seus
companheiros e Cassandra. Orestes, filho mais velho de Agamenon, com a ajuda da irmã,
Electra, vingou o crime, matando a mãe e Egisto.
Os átridas, como eram chamados os integrantes da família de Agamenon, inspiraram
grandes tragédias, desde a Grécia antiga (Ésquilo, a trilogia Oréstia; Sófocles, Electra;
Eurípides, Electra) até os tempos contemporâneos (Eugene O'Neill, O luto assenta bem em
Electra; Jean-Paul Sartre, As moscas).
Amazonas
O mito das amazonas, raça composta unicamente por mulheres guerreiras e
caçadoras, encontrou sua formulação clássica na antiga Grécia, embora suas origens
remontem às etapas primais do matriarcado.
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Descendentes de Ares, deus da Guerra, e da ninfa Harmonia, as amazonas não
compartilhavam sua vida com os homens, a não ser nos inevitáveis momentos da
procriação. Os filhos que porventura tivessem eram sacrificados ou mutilados; as filhas,
frutos desejados da união com os homens, eram treinadas para a guerra.
As amazonas habitavam o Cáucaso e as fronteiras da Cítia, mas transferiram-se para
regiões mais distantes à medida que os gregos se expandiram, através de conquistas, pelo
mar Negro. Teriam fundado várias cidades, entre as quais Éfeso, na Anatólia. Conta a
lenda que lutaram contra os gregos em Tróia, mas Aquiles matou uma de suas rainhas,
Pentesiléia. Quando Héracles (Hércules), em um de seus trabalhos, arrebatou o cinturão da
rainha Hipólita, e sua irmã Antíope foi raptada por Teseu, as amazonas, em represália,
invadiram Atenas, onde foram aniquiladas.
Essa lenda clássica foi revivida no século XVI, quando o explorador espanhol
Francisco de Orellana, ao descer pela primeira vez o rio que em território brasileiro se
chamaria depois rio "das amazonas", afirmou que combatera uma tribo de mulheres
guerreiras. Uma das versões da lenda revivida relata que as amazonas iam apanhar no
fundo do rio, para dar a seus noivos, como fetiche, os muiraquitãs ou pedras verdes, como
penhor de felicidade eterna.
Em arte, as amazonas são em geral representadas a cavalo, armadas de arco e lança
ou com machadinha de dois gumes e escudo.
Anteros
Acompanhante de Eros, em certos relatos diz que Anteros é o vingador dos amores
desprezados, outras vezes o que se opunha ao amor; ou ainda o amor partilhado, no qual ao
momento que Eros está com Anteros se torna adulto, representando o amadurecimento do
Amor.
Antígona
A primeira das duas personagens da mitologia grega com esse nome eternizou-se
como tema trágico, retomado, entre muitos outros, pelo italiano Vittorio Alfieri, no século
XVIII, e pelo francês Jean Anouilh, no século XX.
Antígona nasceu da união incestuosa de Édipo e Jocasta. Após Édipo ter-se cegado - por
descobrir que, sem saber, matara o próprio pai e se casara com a mãe - Antígona e sua irmã
Ismênia serviram-lhe de guias, acompanhando-o no exílio de Tebas até sua morte perto de
Atenas, conforme relato de Sófocles em Édipo em Colono.
Voltando a Tebas, as duas tentaram reconciliar seus irmãos Etéocles e Polinice, sem
sucesso. Polinice, com sete heróis, sitiou a cidade, mas ambos os irmãos morreram nas
batalhas que se seguiram. Subiu então ao trono de Tebas seu tio Creonte, que sepultou
Etéocles com todas as honras e, sob alegação de traição à pátria, proibiu o sepultamento de
Polinice. Antígona, movida pelo amor fraterno e julgando a proibição injusta, enterrou
Polinice em segredo. Descoberta a desobediência, Creonte condenou-a a ser murada numa
caverna, onde Antígona se enforcou. Seu amado, Hêmon, filho de Creonte, suicidou-se em
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seguida. Essa é a versão dada por Sófocles na tragédia Antígona; segundo Eurípides,
Antígona conseguiu fugir da caverna e viveu feliz com Hêmon durante alguns anos.
A segunda Antígona, irmã de Príamo, rei de Tróia, gabou-se a Hera da beleza de
seus cabelos, que a deusa transformou em serpentes. Os deuses, apiedados de sua sorte,
transformaram-na em cegonha (Ovídio, Metamorfoses).
Apollo
Filho de Zeus e de Leto (Latona Romana) e irmão gêmeo de Ártemis, nasceram, na
ilha de Delos. Também chamado de Délio, por Ter nascido em Delos, e Pítio, por Ter
matado a serpente Píton. Outro nome que era-lhe atribuído muitas vezes era Lício, no qual
tem várias explicações: para alguns, significa Deus-Logo, e, para outros, Deus da Luz, ou
deus da Lícia. Na versão da Ilíada, Apolo era chamado de Esminteu, o Deus Rato. Outras
vezes era chamado de Deus-sol. Febo significa '"brilhante" ou "cintilante". Na verdade, o
Deus-sol era Hélios. Era um deus radiante, deus da luz benéfica. Além disso, ele ainda
reservava os títulos de deus da saúde, da salvação, do canto, da poesia, da dança e da
verdade. Já fora até chamado de "O mais grego dos deuses". Mais tarde, ele foi
considerado o Deus-sol. Era representado pelos gregos nos Céus, movido pelo seu carro
incandescente. É uma bela figura de poesia grega, o músico mestre que, com sua lira de
ouro, deleitava os deuses do Olimpo. Era o '"Deus Arqueiro", cujas suas flechas de prata se
perdem na distância (Com seu arco e flechas de prata, Apolo era o responsável por tirar a
vida dos homens e Ártemis, das mulheres); O Curandeiro, primeiro a ensinar a arte da cura.
A lenda mostra-nos Apolo, ainda garoto, combatendo contra os gigante Títio e matando-o,
e contra a serpente Píton, monstro saído da terra, que assolava os campos, matando-a
também. Apolo é, porém, também concebido como divindade maléfica, executora de
vinganças. Tanto ele quanto Ártemis foram considerados, a princípio, como deuses da
morte. Em contraposição, como dá a morte, também dá a vida: é médico, deus da saúde
(como você vê mais acima) e amigo da juventude bela e forte. É o inventor da adivinhação,
da música e da poesia, condutor das Musas, afasta as desventuras e protege os rebanhos. O
loureiro era sua árvore, por Dáfnis, que fugindo do Amor de Apolo, pediu que Géia a
recolhesse. Esta transformou-a em um loureiro. Sua cidade é Delfos, acima do Monte
Parnaso, onde encontra-se seu Oráculo.
Aquiles
A antiga e rica lenda de Aquiles ilustra a assertiva de que "os eleitos dos deuses
morrem jovens", já que o herói preferiu uma vida gloriosa e breve a uma existência longa,
mas rotineira e apagada.
Aquiles era filho de Tétis (a ninfa marinha, e não a deusa do oceano) e de Peleu, rei
dos mirmidões da Tessália. Ao nascer, a mãe o mergulhou no Estige, o rio infernal, para
torná-lo invulnerável. Mas a água não lhe chegou ao calcanhar, pelo qual ela o segurava, e
que assim se tornou seu ponto fraco -- o proverbial "calcanhar de Aquiles".
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A lenda ganhou várias versões. Segundo uma delas, Tétis fez Aquiles ser criado
como menina na corte de Licomedes, na ilha de Ciros, para mantê-lo a salvo de uma
profecia que o condenava a morrer jovem no campo de batalha. Ulisses, sabedor de que só
com sua ajuda venceria a guerra de Tróia, recorreu a um ardil para identificá-lo entre as
moças.
Aquiles, resoluto, marchou com os gregos sobre Tróia. No décimo ano de luta,
capturou a jovem Briseida, que lhe foi tomada por Agamenon, chefe supremo dos gregos.
Ofendido, Aquiles retirou-se da guerra. Mas persuadiram-no a ceder a seu amigo Pátroclo
a armadura que usava. Pátroclo foi morto por Heitor, filho do rei de Tróia, Príamo.
Sedento de vingança, Aquiles reconciliou-se com Agamenon. De armadura nova,
retornou à luta, matou Heitor e arrastou seu cadáver em torno da sepultura de Pátroclo.
Pouco depois, Páris, irmão de Heitor, lançou contra Aquiles uma flecha envenenada;
dirigida por Apolo, atingiu-lhe o calcanhar e matou-o.
As proezas de Aquiles e muitos temas foram desenvolvidos na Ilíada, de Homero,
que relata a guerra de Tróia. O cadáver de Aquiles, segundo a versão mais comum, foi
enterrado no Helesponto junto ao de Pátroclo.
Deus da guerra - Mars
Era o deus das guerras sangrentas, longas e devastadoras. Na versão da Ilíada, é um
deus odioso. Às vezes, os heróis "se deleitavam na batalha de Ares", mas o mais comum é
que sintam aliviados por terem escapado "à fúria do deus implacável". Homero se refere a
ele como assassino, sanguinário, a maldição encarnada dos mortais, por mais estranho que
pareça, também como um covarde que grita de dor e trata de fugir quando está ferido. No
campo de batalha, porém, está sempre cercado por um séquito de companheiros que a
todos devia inspirar confiança. Sua irmã ali se encontra, Éris, que significa Discórdia, e o
Conflito, filho dela. A Deusa da Guerra e da carnificina, Enio (Belona, em Latim) caminha
ao seu lado, acompanhada por Deimos, o Terror; Fobos, o Estremecimento e o Pânico. À
medida que vão passando, o som de gemidos se eleva atrás deles e da Terra vão brotando
rios de sangue.
Ares era filho legítimo de Hera e Zeus. Originário da Trácia, nunca fôra aceito pela
sociedade helenística. Deleitava-se com a guerra com seu lado mais brutal, qual seja a
carnificina e o derramamento de sangue. Inimigo da serena luz Solar e da calmaria
atmosférica, ávido de desordem e de luta. Amou Afrodite, da qual teve Harmonia, Anteros,
Deimos e Fobos. Todos os outros deuses o odiavam. Em Roma, ele era o antigo deus
Marte e, além do deus das guerras representava o deus das bênçãos, tendo como início
deus agrícola, das tempestades, da vegetação e da fertilidade. Os romanos gostavam mais
de Marte do que os gregos gostavam de Ares. Considerado pai de Remo e Rômulo, era um
dos deuses mais importantes. Só se tornou deus da guerra quando entrou em comunicação
com a cultura grega. Os artistas o mostram com uma armadura e um elmo com penacho.
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Ariadne
As representações iconográficas da heroína grega Ariadne mostram-na às vezes em
companhia de um herói, Teseu, e outras com um deus, Dioniso. Inumeráveis histórias, às
vezes divergentes, dão conta do destino pouco afortunado da companheira de um e de
outro.
As desventuras de Ariadne ou Ariadna, filha de Pasífae e de Minos, rei de Creta,
começaram quando ela deu a Teseu, seu amado, o fio que lhe permitiria sair do labirinto
onde vivia o Minotauro, metade touro e metade homem. Depois de deixar Creta junto com
Teseu, este, talvez obedecendo a ordens de Atena, abandonou-a à própria sorte na ilha de
Naxos. O destino posterior de Ariadne é objeto de versões divergentes. Segundo uma, ela
teria se suicidado em Naxos; segundo outra, teria encontrado a morte ao dar à luz em
Chipre. A versão mais difundida é a de que Afrodite sentiu piedade pela jovem
abandonada e lhe deu por esposo o deus do vinho, Dionísio. Dessa união teriam nascido
dois filhos. Outra versão do mito afirma que Ariadne morreu em conseqüência da
intervenção de outra deusa, Diana, por sua vez incitada pelo próprio Dionísio.
A origem do mito de Ariadne deve ser buscada na Creta minóica e em algumas ilhas
próximas, como Naxos, ou mais afastadas, como Chipre, onde era considerada deusa da
vegetação. Os habitantes de Naxos, por exemplo, costumavam homenagear Ariadne com
alegres festivais e sacrifícios
Aristeu
Filho de Apolo e da ninfa Cirene. Era adorado como o protetor dos caçadores,
pastores e rebanhos, e como o inventor da apicultura e da arte de cultivar azeitonas.
Quando Aristeu tentou seduzir Eurídice, a esposa do célebre músico Orfeu, ela fugiu dele e
acabou sendo mortalmente ferida com a picada de uma cobra. As ninfas o puniram fazendo
todas as suas abelhas morrerem. Mas ele amenizou as ninfas com um sacrifício de seu
gado, de cujas carcaças emergiram novas colméias de abelhas. Aristeu era conhecido nas
artes da cura e da profecia, e vagou por muitas terras para compartilhar seu conhecimento e
curar doentes. Era largamente venerado como um deus beneficente e freqüentemente era
representado como um pastor juvenil carregando um cordeiro.
Ártemis deusa da caça
Diana romana, também chamada de Cíntia, devido ao seu local de nascimento, o
monte Cinto, em Delos. Era representada como uma bela caçadora (Recebeu o título de
Senhora das Coisas Selvagens e Caçadora-Chefe dos deuses). Casta, declinava-se, a vagar
de dia pelos bosques à caça das feras. À noite, porém, com o seu pálido raio, mostrava o
caminho aos viajantes. Assim como Apolo era Febo, o Sol, ela era a Lua, chamada de Febe
ou Selene. Mas Febe era uma Titânida e Selene era a Deusa-Lua, irmã de Hélios e não de
Apolo. Era uma das três virgens do Olimpo, além de Héstia e Atena. Deusa da caça, além
dos partos de da fecundidade, vivia na Arcádia e dedicava-se a caça. Representa a mais
luminosa encarnação da pureza feminina. Atingia com suas flechas em quem ousasse
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insultá-la. Sempre virgem, exigia o mesmo de seus acompanhantes. A ela eram oferecidos
sacrifícios humanos em tempos antiquíssimos. Quando a Lua, escondida pelas nuvens,
tornava-se ameaçadora e incutia medo nos homens, tomava o nome de Hécate.
Os poetas identificavam-na como '"deusa de três formas"; Selene no Céu, Ártemis na
Terra, e Hécate nos Infernos e às vezes no Céu, quando este se acha mergulhado em trevas.
Hécate era a deusa da Lua Nova, das noites negras em que a Lua está escondida.
Consagravam-lhe o cipreste e todos os animais selvagens, em especial a corça.
Asclépio
O culto a Asclépio, deus greco-romano da medicina, teve muito prestígio no mundo
antigo, quando seus santuários converteram-se em sanatórios.
Os textos primitivos não concediam caráter divino a Asclépio, que os romanos
chamavam Esculápio. Homero o apresenta na Ilíada como um hábil médico e Hesíodo e
Píndaro descrevem como Zeus o fulminou com um raio, por pretender igualar-se aos
deuses e tornar os homens imortais. Com o tempo, passou a ser considerado um deus, filho
de Apolo e da mortal Corônis, com o poder de curar os enfermos. Seu templo mais famoso
era o de Epidauro, no Peloponeso, fundado no século VI a.C. O teatro dessa cidade foi
construído para acolher os peregrinos que acorriam para a festa em honra de Asclépio, a
Epidauria. Era também patrono dos médicos e sua figura aparecia nos ritos místicos de
Elêusis. Seu culto foi iniciado em Roma por ordem das profecias sibilinas, conjunto de
oráculos do ano 293 a.C.
Na época clássica, Asclépio era representado, quer sozinho, quer com sua filha Higia
(a saúde), como um homem barbudo, de olhar sereno, com o ombro direito descoberto e o
braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu, em volta do qual se enroscam duas
serpentes, e que se transformou no símbolo da medicina
Atena a grande deusa da sabedoria
Concebida da união extraconjugal de Zeus com a deusa da inteligência Métis, Atena
nasceu contra a vontade de seu pai. Depois de engravidar, Métis foi engolida por Zeus, que
temia que sua filha nascesse mais poderosa que ele. Com o passar do tempo, Zeus foi
ficando com uma dor de cabeça insuportável, até o ponto que bateu mais forte a cabeça nas
pedras. Há histórias que dizem que, ao invés de bater a cabeça nas pedras, pediu a Hefesto
que lhe desse uma marretada na cabeça. De uma forma ou de outra, o caso é que Atena, já
adulta, saltou de dentro de seu cérebro, trazendo uma lança, toda armada e coberta com o
elmo do Saber. Era uma deusa virgem, chamada de Parthenos ("a virgem").
Era a filha favorita de Zeus, permitindo este que ela guardasse seu temível escudo e
sua arma devastadora, o raio.
Atena é a deusa da razão e da sabedoria e a sua lança não significa guerra, mas sim
estratégia de vencer. Era símbolo da inteligência, da guerra justa, da casta mocidade e das
artes domésticas e era uma das divindades mais veneradas. A virginal deusa da cidade de
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Atenas também é a protetora da vida civilizada, da agricultura, das atividades artísticas,
como a literatura e a filosofia e das cidades, foi ela quem ensinou às mulheres a arte de
tecer. Foi a inventora do freio, que pela primeira vez amansou os cavalos para que os
homens pudessem servirem-se deles. Um esplêndido templo, o Parthenon (Partenon),
surgia em sua honra a Acrópole de Atenas, a cidade que era-lhe particularmente
consagrada. Obra maravilhosa de Ictino e Calícrates, o Partenon continha uma colossal
estátua de ouro dessa deusa, de autoria do famoso escultor Fídias. Atena era simbolizada
pelas oliveiras e pela coruja. Sua cidade favorita era Atenas, cidade que levara seu nome e
onde havia cultos em sua homenagem. Ela disputara Atenas com seu tio Poseidon, que
acabou perdendo a posse para a deusa.
Belerofonte
O filho de Glauco, rei de Corinto; foi o herói que domesticou o cavalo alado Pégaso
com a ajuda de um arreio dado por Atena. A paixão pela esposa de Proteu despertou os
ciúmes do rei de Argos, que enviou Belerofonte a seu sogro Iobates, rei da Lícia, com uma
mensagem pedindo que o portador dela fosse morto. O rei, tendo dado as boas vindas à
Belerofonte antes de ler a mensagem, ficou com medo de ofender Zeus executando um
pedido que quebraria o tradicional elo entre anfitrião e hóspede, relação sagrada para os
deuses. Em vez de matar Belerofonte, ele pediu ao rapaz que ele matasse a Quimera, um
monstro que expelia fogo pela boca, o que o herói fez com a ajuda de Pégaso. Ele também
derrotou as Amazonas. Iobates ficou impressionado com a coragem suprahumana de
Belerofonte e casou-o com sua filha. Depois de um certo tempo levando uma vida feliz,
Belerofonte desafiou os deuses ao tentar voar com Pégaso até o Olimpo, mas foi derrubado
pelo cavalo, morrendo em seguida
Cárites
Graças, nome latino das Cárites gregas, eram as deusas da fertilidade, do
encantamento, da beleza e da amizade. Ao que parece seu culto se iniciou na Beócia, onde
eram consideradas deusas da vegetação. O nome de cada uma delas varia nas diferentes
lendas. Na Ilíada de Homero aparece uma só Cárite, esposa do deus Hefesto, porém o mais
freqüente é que se enumerem três: Aglaia, a claridade; Talia, amiga da vida; e Eufrosina, o
sentido da alegria. Eram filhas de Zeus e Hera, segundo umas versões, e de Zeus e da
deusa Eurínome, segundo outras.
Por sua condição de deusas da beleza, eram associadas com Afrodite, deusa do
amor. Também se identificavam com as primitivas musas, em virtude de sua predileção
pelas danças corais e pela música. Nas primeiras representações plásticas, as Graças
apareciam vestidas; mais tarde, contudo, foram representadas como jovens desnudas, de
mãos dadas; duas das Graças olham numa direção e a terceira, na direção oposta. Esse
modelo, do qual se conserva um grupo escultórico da época helenística, foi o que se
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transferiu ao Renascimento e originou quadros célebres como "A primavera", de Botticelli,
e "As três Graças", de Rubens.
Cassandra
O mito de Cassandra nos conta que ela era a filha de Príamo (rei de Tróia) e Hécuba,
e era dona de uma beleza muito grande. Recebeu o dom da profecia do deus Apolo, que
por ela se encantou. Mas diante de suas recusas ao amor do deus, Apolo a condenou a
nunca ter nenhuma das suas profecias acreditadas por ninguém.
A outra lenda que conta a maneira pela qual Cassandra e seu irmão gêmeo Heleno
receberam o dom da profecia é descrita em Homero. Ele conta que um festival em
comemoração ao nascimento dos gêmeos estava acontecendo no santuário de Apolo
Thymbraeano, e as duas crianças brincavam ente si e, cansadas, adormeceram no templo.
Seus pais e parentes, ébrios de vinho, retornaram para suas casas esquecendo os gêmeos no
santuário. Na manhã seguinte eles deram por falta das crianças e correram para o templo.
Lá chegando, viram as serpentes sagradas limpando com suas línguas os ouvidos das
crianças. Assustadas com os gritos das mulheres, elas desapareceram entre os arbustos de
louros que cresciam próximo ao altar. A partir dessa hora, as crianças passaram a possuir o
dom da profecia.
Seja como for o modo pelo qual ganhou o dom de profetisa, Cassandra previu a
Guerra de Tróia e o verdadeiro intento do cavalo de madeira deixado às portas da cidade,
ambos em vão. Quando Tróia foi destruída, ela procurou por refúgio em um santuário de
Atena, mas foi feita prisioneira, e, segundo algumas tradições, estuprada por Ajax.
Cassandra, nua, com o cabelo despenteado, caiu sobre os joelhos frente à imagem de
Atena e a abraçou com ambos os braços. Ajax segurou-a pelo braço esquerdo para dominála. Por esse crime, Ulisses incitou os gregos a apedrejarem Ajax até a morte.
Na repartição do espólio da Guerra de Tróia, ela foi dada a Agamemnon como
cativa, para ser sua concubina. Lá ela foi assassinada , junto com seu mestre, por
Climnestra, esposa do próprio Agamemnon.
Cástor
Cástor (irmão de Pólux, ou Polideuces, os filhos gêmeos de Leda, esposa de Tíndaro,
rei de Esparta). Eram os irmãos de Clitemnestra, rainha de Micenas, e Helena de Tróia.
Embora ambos os meninos fossem conhecidos como os Dióscuros, ou Filhos de Zeus, em
muitas histórias apenas Pólux foi considerado como sendo imortal, tendo sido concebido
quando Zeus apareceu a Leda na forma de um cisne. Cástor, seu irmão gêmeo, era
considerado o filho mortal de Tíndaro. Entretanto, ambos foram adorados como deuses no
mundo romano, e foram considerados como os protetores especiais dos marinheiros e dos
guerreiros. Viveram justamente antes da Guerra de Tróia, os irmãos tomaram parte em
muitos dos acontecimentos famosos da época, incluindo a caça ao javali da Caledônia, a
expedição dos Argonautas, e o salvamento de sua irmã Helena quando foi levada pelo
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herói grego Teseu. Em todas as suas aventuras os irmãos eram inseparáveis, e quando
Cástor foi morto por Idas, um proprietário de gado, numa disputa pelos seus bois, Pólux
ficou inconsolável. Em resposta à suas preces pedindo a morte para si em troca da
imortalidade para seu irmão, Zeus reuniu os dois, permitindo estarem sempre juntos,
metade do tempo no mundo subterrâneo, onde estava Cástor, e a outra metade no Monte
Olimpo, onde estava Pólux. De acordo com outra lenda mais tardia, Cástor e Pólux foram
transformados por Zeus na constelação de Gêmeos.
Centauro
Na mitologia grega, os centauros eram a personificação das forças naturais
desenfreadas, da devassidão e embriaguez.
Centauro era um animal fabuloso, metade homem e metade cavalo, que habitavam
as planícies da Arcádia e da Tessália. Seu mito foi, possivelmente, inspirado nas tribos
semi-selvagens que viviam nas zonas mais agrestes da Grécia. Segundo a lenda, era filho
de Ixíon, rei dos lápitas, e de Nefele, deusa das nuvens, ou então de Apolo e Hebe. Em
ambos os casos parece clara a alusão às águas torrenciais e aos bosques.
A história mitológica dos centauros está quase sempre associada a episódios de
barbárie. Convidados para o casamento de Pirítoo, rei dos lápitas, os centauros,
enlouquecidos pelo vinho, tentaram raptar a noiva, desencadeando-se ali uma terrível
batalha. O episódio está retratado nos frisos do Pártenon e foi um motivo freqüente nas
obras de arte pagãs e renascentistas. Os centauros também teriam lutado contra Héracles,
que os teria expulsado do cabo Mália.
Nem todos os centauros apareciam caracterizados como seres selvagens. Um deles,
Quirão, foi instrutor e professor de Aquiles, Heráclito, Jasão e outros heróis, entre os quais
Asclépio. Entretanto, enquanto grupo, foram notórias personificações da violência, como
se vê em Sófocles. Nos tempos helênicos se relacionavam freqüentemente com Eros e
Dionísio.
As representações primitivas dos centauros os mostram como homens aos quais se
acrescentava a metade posterior de um cavalo. Mais tarde, talvez para realçar seu caráter
bestial, só o busto era humano. Foi esta a imagem que se transmitiu ao Renascimento.
Cérbero
Um cachorro com três cabeças e cauda de dragão que vigiava a entrada do Hades, ou
mundo inferior. O monstro permitia a todos os espíritos que entrassem no Hades, mas não
permitia a nenhum sair de lá. Apenas alguns heróis escaparam da guarda de Cérbero: o
grande músico Orfeu encantou-o com sua lira, e Héracles capturou-o completamente
desarmado e o trouxe por um curto período de tempo para as regiões superiores ao Hades.
Na mitologia romana, a linda virgem Psiquê e o príncipe troiano Enéias foram capazes de
pacificar Cérbero com um bolo de mel e assim continuar sua viagem pelo mundo inferior.
Às vezes Cérbero é representado com uma juba de serpente e 50 cabeças.
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Dédalo e Ícaro
Personificação do espírito artístico, o mito de Dédalo ilustra a trajetória libertária da
arte. Seu filho Ícaro, símbolo do descomedimento, paga com a vida a realização do sonho
de voar.
Segundo a mitologia grega, em seus primeiros anos a vida do arquiteto Dédalo (em
grego, engenhoso, hábil ou criador) foi um ato de descobrimento dos materiais, formas,
volume e do próprio espaço. Sentindo-se superado em talento pelo sobrinho e aprendiz
Talo, matou-o e fugiu. Em Creta, na corte do rei Minos, uniu-se à escrava Naucrates e com
ela teve um filho, Ícaro. Minos lhe encomendou a criação do labirinto de Cnossos, que
deveria conter a fúria do Minotauro. Mais tarde, o arquiteto e seu filho são lançados no
labirinto.
Dédalo, no entanto, com seu engenho inigualável, constrói para si e para o filho dois
pares de asas de penas, ligadas com cera, para fugirem. Recomenda ao menino que não voe
muito perto do Sol nem do mar. Mas Ícaro, deslumbrado com a beleza do firmamento,
sobe demasiado e o Sol derrete a cera de suas asas, precipitando-o nas águas do mar Egeu.
A ilha aonde seu corpo foi levado pelas ondas ganhou depois o nome de Icária.
Deméter
Na Grécia antiga, a deusa Deméter e sua filha, Perséfone, eram cultuadas nos
mistérios de Elêusis, rituais secretos em que se agradeciam a fecundidade da terra e as
colheitas.
Deméter, deusa grega da agricultura, era filha de Crono e Réia, irmã de Zeus, Hades,
Poseidon, Héstia e Hera, e mãe de Perséfone, que a ajudava nos cuidados da terra, e de
Pluto, deus da riqueza. Perséfone foi raptada por Hades, que a levou para os Infernos e a
esposou. Desesperada com o desaparecimento da filha, Deméter saiu a sua procura e,
durante a viagem, passou pela cidade de Elêusis, onde foi hospitaleiramente recebida. Em
agradecimento, revelou aos habitantes seus ritos secretos.
A terra abandonada, entretanto, tornava-se estéril e os alimentos começavam a
escassear. Preocupado com a difícil situação dos mortais, Zeus convenceu Hades a permitir
que Perséfone passasse o outono e o inverno nos Infernos e regressasse para junto da mãe
na primavera. Assim, Deméter simbolizou a terra cultivável, produtora da semente -Perséfone -- que há de fecundá-la periodicamente.
Em Elêusis celebravam-se os mistérios, ou ritos secretos, em que Deméter figurava
como deusa da fertilidade e Perséfone como encarnação do ciclo das estações. Na
mitologia romana, Deméter foi identificada com Ceres.
Dionísio
O festival de tragédias da Grande Dionisíaca, celebração primaveril ao deus grego
Dioniso pelo retorno da fertilidade da terra após o inverno, deu origem à arte dramática.
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Dioniso, divindade do vinho e da embriaguez, era na origem deus da vegetação,
cultuado na Trácia e na Frígia. Segundo a tradição clássica, era filho do deus Zeus com
Sêmele, filha mortal do rei de Tebas. Enciumada, Hera, esposa de Zeus, persuadiu Sêmele
a pedir a ele que se mostrasse em todo o esplendor de sua majestade. Sêmele morreu
fulminada pelos raios emitidos por Zeus, mas este salvou o filho que ela trazia no ventre e
enxertou-o em sua própria coxa.
Quando Dioniso nasceu, para protegê-lo de Hera, Zeus enviou-o a Nisa, onde
cresceu e descobriu a vide e o fabrico do vinho. Depois realizou numerosas viagens para
expandir seu culto e ensinar aos homens a arte da vinicultura. Antes de subir ao Olimpo,
desceu aos infernos para buscar a mãe e levou-a consigo.
Em Roma, Dioniso foi identificado com Baco. As bacanais, rituais equivalentes às
dionisíacas gregas, foram suprimidas em 186 a.C.
Édipo
Os personagens da mitologia grega exerceram sempre forte atração sobre a cultura
do Ocidente. Entre eles, a figura de Édipo merece destaque especial pelo constante fascínio
e pelas inúmeras interpretações de que foi objeto.
A primeira menção escrita à tragédia de Édipo aparece num trecho da Odisséia, de
Homero, mas a lenda, de origem provavelmente muito remota, inspirou outros autores
antigos, cujos trabalhos se perderam. Sófocles, no século V a.C., narrou a história do
personagem em três de suas obras mais notáveis: Édipo rei, Édipo em Colona e Antígona.
Édipo, cujo nome significa "o de pés inchados", era filho dos reis de Tebas, Laio e
Jocasta (a quem Homero chamou Epicasta). O oráculo do deus Apolo em Delfos profetizou
que, quando chegasse à idade adulta, ele mataria o pai e se casaria com a mãe. Laio,
horrorizado, ordenou que o filho fosse abandonado no bosque, com os tornozelos
amarrados por uma corda. Um pastor encontrou a criança ainda com vida e levou-a a
Corinto, onde foi adotada pelo rei Políbio.
Já adolescente, Édipo ouviu também a profecia do oráculo e, acreditando-se filho de
Políbio, fugiu de Corinto para escapar ao destino. No caminho, encontrou um ancião
acompanhado de vários servos. Desentendeu-se com o viajante e matou-o, sem saber que
era seu verdadeiro pai, Laio. Ao chegar a Tebas, Édipo encontrou a cidade desolada. Uma
esfinge às portas da cidade propunha aos homens um enigma e devorava os que não
conseguiam decifrá-lo. A rainha viúva, Jocasta, prometera casar-se com quem libertasse a
cidade desse monstro. Édipo decifrou o enigma e casou-se com sua mãe, consumando a
profecia.
Desse matrimônio nasceram quatro filhos: Etéocles, Polinice, Antígona e Ismene.
Passado o tempo, uma peste assolou Tebas e o oráculo afirmou que só vingando-se a morte
de Laio a peste cessaria. As investigações que se seguiram e as revelações do adivinho
Tirésias demonstraram a Édipo e Jocasta a tragédia de que eram protagonistas. A rainha
matou-se e Édipo vazou os próprios olhos e abandonou Tebas, deixando seu cunhado
Creonte como regente. Acolhido em Colona, perto de Atenas, graças à hospitalidade do rei
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Teseu, Édipo morreu misteriosamente num bosque sagrado e converteu-se em herói
protetor da Ática. A maldição de Édipo transmitiu-se a seus filhos, que tiveram igualmente
destino trágico.
A tragédia de Édipo ilustra a impossibilidade do homem lutar contra o destino, valor
situado na base da mentalidade grega, formada sob a égide da mitologia até o advento da
filosofia. Das numerosas obras para teatro baseadas no mesmo mito destacam-se, entre os
romanos, o Édipo de Sêneca e, entre os clássicos, a tragédia publicada por Corneille em
1659. No século XX, o compositor russo Igor Stravinski criou o oratório Édipo rei e os
escritores franceses André Gide e Jean Cocteau retomaram o mito em obras literárias.
Freud, criador da psicanálise, renovou o interesse pelo tema ao designar como "complexo
de Édipo" uma fase crucial do processo de desenvolvimento normal da criança: o desejo de
envolver-se sexualmente com o genitor do sexo oposto, aliado a um sentimento de
rivalidade em relação ao genitor do mesmo sexo.
Electra
A integridade e caráter inquebrantável fazem de Electra uma das figuras femininas
mais atraentes e discutidas da tradição literária helênica.
A mais célebre Electra da mitologia grega é a filha de Clitemnestra e Agamenon, rei
de Argos e um dos conquistadores de Tróia, irmã de Ifigênia e Orestes. Segundo a lenda,
Agamenon, de regresso à pátria depois da guerra, foi morto à traição por Clitemnestra e
seu amante, Egisto. O casal fez de Electra uma escrava, mas ela conseguiu salvar o irmão
Orestes e enviou-o para longe de Micenas. Anos depois os irmãos se reencontraram e
juraram vingar o assassinato de Agamenon.
Orestes matou a mãe e Egisto com ajuda de Electra. Perseguido pelas Erínias -deusas da vingança -- por causa desse crime, Orestes fugiu em busca da proteção de Apolo
e Atena, mas antes disso casou Electra com seu amigo Pílades. O tema de Electra foi
tratado pelos três grandes trágicos gregos. Ésquilo, na trilogia Oréstia, e Sófocles, em
Electra, consideraram justa a ação dos dois irmãos. Em sua Electra, Eurípides tratou o
tema sob outra luz e viu nela uma mulher amargurada e impulsiva que, levada mais pela
fúria do que pela maldade, induziu o fraco Orestes a cometer um matricídio de que ambos
se arrependeriam. O tema atraiu muitos escritores posteriores, como o dramaturgo
americano Eugene O'Neill, que transportou a história para a atualidade. O termo
"complexo de Electra" é usado em psicanálise como contrapartida feminina do complexo
de Édipo, para designar o desejo incestuoso da filha pelo pai.
Éolo
A mitologia grega apresenta três personagens com o mesmo nome de Éolo, cujas
tradições se confundem, o que acarreta certa confusão para essa figura.
Um dos heróis com o nome de Éolo é o rei mítico da Magnésia, na Tessália, filho de
Helena e pai de Sísifo. Foi o ancestral dos eólios e deu nome à terra em que viviam, a
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Eólia, na costa oeste da Anatólia. Seus filhos Cânace e Macareu cometeram incesto e
depois se suicidaram. A história deles serviu de tema à tragédia Éolo, de Eurípides, que se
perdeu.
O segundo personagem de nome Éolo é neto do mesmo rei da Magnésia e filho do
deus Poseidon com Melanipe. Quando esta deu à luz gêmeos, seu pai mandou cegá-la,
prendeu-a num calabouço e expôs as crianças à intempérie. Teano, esposa do rei da Icária,
ameaçada de abandono pelo marido por não conceber, acolheu os dois, mas pouco depois
deu também à luz gêmeos. Mais tarde, sugeriu aos filhos legítimos que matassem Éolo e
Beoto, mas como estes eram filhos de um deus, levaram a melhor e mataram os filhos de
Teano. O rei, que preferia os adotivos, soube da verdadeira história, mandou matar Teano
e casou-se com Melanipe.
Homero, na Odisséia, fala de um Éolo, filho de Poseidon. Rei dos ventos, acolheu
Ulisses em sua ilha e deu-lhe um odre, em que guardava os ventos adversos. Em liberdade
ficou apenas Zéfiro, que soprava suavemente sobre as velas das naus. Enquanto Ulisses
dormia, seus companheiros, à procura de vinho e de ouro, abriram o odre e desencadearam
uma tormenta que acabou por devolvê-los à Eólia. Esse episódio levou Éolo a pensar que
os deuses perseguiam Ulisses e seus companheiros e, por isso, negara-lhes ajuda para
prosseguir viagem.
Erínias
Eram serviçais do deus Hades, as deusas vingadoras. A responsabilidade delas era
punir todas as injustiças, tanto no mundo dos mortos quanto no mundo superior. Os gregos
as imaginavam como mulheres com dentes pontiagudos, cabelos de serpente, tochas de
fogo e chicotes na mão. As erínias também inspiraram o surgimento da palavra "fúria".
Eram três: Tisífone, Megera e Aleto.
Eros
Ignorado por Homero, Eros aparece pela primeira vez na Teogonia de Hesíodo, que
o descreve como o mais belo dos imortais, capaz de subjugar corações e triunfar sobre o
bom senso.
Deus grego do amor e do desejo, Eros encerrava, na mitologia primitiva, significado
mais amplo e profundo. Ao fazê-lo filho do Caos, vazio original do universo, a tradição
mais antiga apresentava-o como força ordenadora e unificadora. Assim ele aparece na
versão de Hesíodo e em Empédocles, pensador pré-socrático. Seu poder unia os elementos
para fazê-los passar do caos ao cosmos, ou seja, ao mundo organizado. Em tradições
posteriores era filho de Afrodite e de Zeus, Hermes ou Ares, segundo as diferentes versões.
Platão descreveu-o como filho de Poro (Expediente) e Pínia (Pobreza), daí que a essência
do amor fosse "sentir falta de", busca constante, em perpétua insatisfação.
Seu irmão Ânteros, também filho de Afrodite, era o deus do amor mútuo e, às vezes,
oponente e moderador de Eros. Artistas de várias épocas representaram com freqüência o
episódio da relação de Eros com Psiquê, que simboliza a alma e constitui uma metáfora
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sobre a espiritualidade humana. Em Roma, Eros foi identificado com Cupido.
Inicialmente representavam-no como um belo jovem, às vezes alado, que feria os corações
dos humanos com setas. Aos poucos, os artistas foram reduzindo sua idade até que, no
período helenístico, a imagem de Eros é a representação de um menino, modelo que foi
mantido no Renascimento.
Fênix
Mito de origem egípcia, mas venerado também pelos gregos. Essa ave fabulosa vivia
vários séculos. Como não tinha fêmea, o modo de perpetuar a espécie era queimar-se em
uma pira de ervas mágicas. De suas cinzas renascia uma outra fênix. É o símbolo da
imortalidade da alma e também do ano que renasce terminado o seu ciclo.
Gaia
O nome Gaia, ou Gê, é utilizado como prefixo para designar as diversas ciências
relacionadas com o estudo do planeta. A deusa foi também a propiciadora dos sonhos e a
protetora da fecundidade.
Na mitologia grega, Gaia é a personificação da Terra como deusa. Uma das
primeiras divindades a habitar o Olimpo, nasceu imediatamente depois do Caos. Sem
intervenção masculina, gerou sozinha Urano (o Céu), as Montanhas e o Ponto (o Mar).
Formou com Urano o primeiro casal divino e dessa união nasceram os Titãs, os Ciclopes e
os Hecatonquiros, gigantes de cinqüenta cabeças e cem braços.
Urano detestava os filhos e, logo após seu nascimento, encerrava-os no Tártaro.
Revoltada com esse procedimento, Gaia decidiu armar um dos filhos, Cronos, com uma
foice. Quando, na noite seguinte, Urano se uniu a Gaia, Cronos atacou-o e castrou-o,
separando assim o Céu e a Terra. Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas
algumas gotas caíram sobre Gaia, fecundando-a. Desse contato, nasceram as Erínias
(identificadas, na mitologia latina, com as Fúrias).
Gaia, na mitologia clássica, personificava a origem do mundo, o triunfo e
ordenamento do cosmos frente ao caos, a propiciadora dos sonhos, a protetora da
fecundidade e dos jovens.
Harpias
Representadas ora como mulheres sedutoras, ora como horríveis monstros, as
Harpias traduzem as paixões obsessivas bem como o remorso que se segue a sua
satisfação.
Na mitologia grega, as Harpias (do grego hárpyia, "arrebatadora") eram filhas de
Taumas e Electra. Procuravam sempre raptar o corpo dos mortos, para usufruir de seu
amor. Por isso, aparecem sempre representadas nos túmulos, como se estivessem à espera
do morto, sobretudo quando jovem, para arrebatá-lo. Parcelas diabólicas das energias
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cósmicas, representam a provocação dos vícios e das maldades, e só podem ser
afugentadas pelo sopro do espírito.
A princípio duas - Aelo (a borrasca) e Ocípite (a rápida no vôo) - passaram depois a
três com Celeno (a obscura). O mito principal das Harpias relaciona-se ao rei da Trácia,
Fineu, sobre quem pesava a seguinte maldição: tudo que fosse colocado a sua frente,
sobretudo iguarias, seria carregado pelas Harpias, que inutilizavam com seus excrementos
o que não pudessem carregar. Perseguidas pelos argonautas, a pedido de Fineu, obtiveram
em troca da vida a promessa de não mais atormentá-lo. A partir de então, refugiaram-se
numa caverna da ilha de Creta.
Hebe
Deusa da juventude, filha de Zeus e Hera. Durante muito tempo Hebe foi a copeira
dos deuses, servindo a eles seu néctar e ambrosia. Foi substituída neste trabalho pelo
mortal Ganimedes, um belo e jovem príncipe troiano capturado e levado ao Olimpo pela
águia de Zeus. De acordo com um relato, ela renunciou à tarefa de copeira dos deuses para
se casar com o herói Héracles. Em outra história, foi destituída desta posição pois, um dia
que cumpria esta função, caiu numa posição meio inconveniente. Os deuses puseram-se a
rir sem parar e a moça, envergonhada, negou-se a continuar servindo-os.
Hécate a deusa dos fantasmas
A deusa dos fantasmas, da Lua Nova, das noites negras em que a Lua está
escondida. Associavam esta deusa a tudo que se passava na escuridão; era a Deusa das
Encruzilhadas, que se supunham ser lugares fantasmagóricos onde se praticava uma magia
voltada ao Mal. Acompanhada de almas penadas e assombrações de todos os tipos, ela
vagava na noite pelos lugares escuros e mórbidos, atormentando os homens. Na mitologia,
era primitivamente uma deusa lunar, às vezes associada a Ártemis. Aos poucos, passou a
presidir à magia e aos encantamentos, ligando-se ao mundo dos mortos. Hécate também
tem um papel muito importante na magia antiga.
Hefesto o deus do fogo
É o deus do fogo, da metalurgia e tudo relacionado ao trabalho com metais.
Trabalhava admiravelmente os metais e construiu inúmeros palácios de bronze, além da
esplêndida armadura de Aquiles, as flechas de Apolo, a couraça de Héracles, e o cetro e a
égide de Zeus. Segundo uma tradição, nasceu manco e feio e, por isso, foi atirado do alto
do Monte Olimpo aos mares por Hera, sua mãe, que, na qual gerou-o sozinha. Foi
recolhido por Tétis e Eurímone, com as quais viveu por nove anos. Já crescido, ele se
vingou dela, enviando-lhe de presente um trono de ouro. Quando Hera se sentou, correntes
a prenderam habilmente e ninguém conseguia quebrá-las. Hefesto só Soltou a mãe, muito
tempo depois, tendo exigido a volta ao Olimpo e a mão de Afrodite. Outras histórias dizem
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que, ao defender de Zeus sua mãe, este atirou-o do Céu e, precipitando durante um dia
inteiro, caiu na Ilha de Lemos. Suas forjas, com vinte foles, foram depois do Olimpo
colocados no Etna, onde tinha os Cíclopes como companheiros de trabalho. O Etna era a
sua principal oficina, tendo outras em outros vulcões.
Era Hefesto quem construía as armaduras, cedros e espadas de Zeus; o ferreiro do
Olimpo. Também era o responsável pela produção dos raios. Apesar de feio e manco, tinha
aparência robusta e se casou com a mais bela das deusas, Afrodite, por ela ter recusado o
amor de Zeus. Em Roma era Vulcano ou Mulcíbero.
Na Ilíada, sua esposa era uma das três graças, chamada Aglaia por Hesíodo.
Somente na Odisséia é que ele aparece como esposo de Afrodite.
Helena de Tróia
O rapto de Helena, que a mitologia grega descrevia como a mais bela das mulheres,
desencadeou a lendária guerra de Tróia. Personagem da Ilíada e da Odisséia, Helena era
filha de Zeus e da mortal Leda, esta esposa de Tíndaro, rei de Esparta. Ainda menina,
Helena foi raptada por Teseu, depois libertada e levada de volta para Esparta por seus
irmãos Castor e Pólux (os Dioscuri). Para evitar uma disputa entre os muitos pretendentes,
Tíndaro fez com que todos jurassem respeitar a escolha da filha. Ela se casou com
Menelau, rei de Esparta, irmão mais novo de Agamenon, que se casara com uma irmã de
Helena, Clitemnestra. Helena, contudo, abandonou o marido para fugir com Páris, filho de
Príamo, rei de Tróia. Os chefes gregos, solidários com Menelau, organizaram uma
expedição punitiva contra Tróia que originou uma guerra de sete anos de duração. Após a
morte de Páris em combate, Helena casou-se com seu cunhado Deífobo, a quem atraiçoou
quando da queda de Tróia, entregando-o a Menelau, que retomou-a por esposa. Juntos
voltaram a Esparta, onde viveram até a morte. Foram enterrados em Terapne, na Lacônia.
Segundo outra versão da lenda, Helena sobreviveu ao marido e foi expulsa da cidade
pelos enteados. Fugiu para Rodes, onde foi enforcada pela rainha Polixo, que perdera o
marido na guerra de Tróia. Após a morte de Menelau, diz ainda outra versão, Helena
casou-se com Aquiles e viveu nas ilhas Afortunadas.
Helena de Tróia foi adorada como deusa da beleza em Terapne e diversos outros
pontos do mundo grego. Sua lenda foi tomada como tema de grandes poetas da literatura
ocidental, de Homero e Virgílio a Goethe e Giraudoux.
Hélio
O famoso Colosso de Rodes, escultura em bronze erguida no século III a.C. e
considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo, era uma estátua de Hélio,
representado como um belo jovem coroado de raios resplandecentes.
Hélio, na mitologia grega, era a representação divina do Sol. Filho de Hipérion (Titã), era
neto de Urano e de Gaia (o Céu e a Terra), irmão de Eos, a Aurora, e de Selene, a Lua.
Percorria o céu todos os dias, de leste para oeste, num carro flamejante puxado por quatro
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corcéis, para levar luz e calor aos homens. Faetonte, filho de Hélio e de Clímene, morreu
ao tentar conduzir o carro do Sol, quando buscava provar sua ascendência divina.
Narra a mitologia que a ninfa Clítia, apaixonada por Hélio e por ele desprezada, foi
transformada por Apolo em heliotrópio, flor que gira ao longo do dia sobre seu caule,
voltada sempre para o Sol. Na Grécia clássica, Hélio foi cultuado em Corinto e sobretudo
em Rodes, ilha que lhe pertencia e onde era considerado o deus principal, honrado
anualmente com uma grande festa.
Hera a rainha dos deuses
É a esposa e irmã de Zeus, também chamada de Rainha dos Deuses, a mais excelsa
destes. Simbolizava a grandeza e a soberania maternais. Quando criança, fora criada por
Oceano e Tétis, seus tios. Está sempre ao lado do deus maior, influenciando as suas
decisões. É a protetora das mulheres, da família e dos costumes. Deusa dos nascimentos e
dos casamentos, tinha um cuidado especial com as mulheres casadas. É a mais poderosa
mulher de Zeus. Na mitologia romana, era Juno, traída por Júpiter, perseguia suas amantes,
de tão ciumenta. A Ilíada a representava como orgulhosa, obstinada, ciumenta e rixosa.
Odiava sobretudo Héracles (Hércules Romano), que procurou matar diversas vezes. Ela
nunca esquecia uma ofensa e era conhecida por sua natureza vingativa. Zangada com o
príncipe Páris por preferir Afrodite, deusa do amor, a si, a deusa ajudou os gregos na
Guerra de Tróia e não sossegou até que Tróia fosse destruída. Apesar das infidelidades e
disputas, o casamento dela com Zeus era o modelo do casamento humano.
Em uma história importante, a busca do Velocino de Ouro, Hera surge como a
graciosa protetora dos heróis e inspiradora de feitos heróicos, mas isso não se repete em
nenhum dos outros relatos. Mesmo assim, era venerada por todas as casas, aquela a quem
todas as mulheres casadas recorriam quando precisavam de ajuda. Ilícia (também chamada
de Ilítia ou Eileítia), que ajudava as mulheres nos partos, era sua filha.
A vaca e o pavão eram-lhe consagrados. Sua cidade preferida era Argos.
Hermes o mensageiro dos deuses
Filho de Zeus e Maia, o arauto dos deuses e fiel mensageiro de seu pai, nasceu numa
gruta do monte Ciline, na Arcádia. Era o deus dos caminhos, das ruas e das viagens, mas
também o deus da eloqüência. Logo que nasceu, fugiu do berço e roubou cinqüenta
novilhas do rebanho de Apolo. Em seguida, com a casca de uma tartaruga, construiu a
primeira lira e com o som deste instrumento aplacou Apolo, enfurecido pelo furto; esse
deus acabou por deixar-lhe as novilhas e deu-lhe o caduceu, a vara de ouro, símbolo da
paz, em troca da lira. Zeus deu-lhe o encargo de levar os mortos a Hades, daí o epíteto
Psicompompo. Concedia riqueza aos homens, sendo o protetor de comerciantes, ladrões e
vigaristas. Inventor, além da lira, as letras e os algarismos, fundou os rituais religiosos e
introduziu a cultura da oliveira. A Hermes eram oferecidos sacrifícios de porcos, cordeiros,
cabritos... Simboliza a inteligência realizadora. Esperteza e velocidade são as
características que o definem melhor, além da prudência. Livrou Ares das correntes dos
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Aloidas, levou Príamo à tenda de Aquiles e matou Argos, guarda de Io. Foi também
considerado o deus do sono e dos sonhos, que fechava e abria os olhos dos homens com o
caduceu.
Divindade muito antiga, Hermes era invocado a princípio como deus dos pastores e
protetor dos rebanhos, dos cavalos e dos animais selvagens; mais tarde tornou-se o deus
dos viajantes, e em sua homenagem foram erguidas estátuas a beira das estradas (hermas).
Posteriormente, Hermes tornou-se deus do comércio e até dos ladrões; para proteger os
compradores e vendedores, inventou a balança. Também considerado deus da eloqüência e
patrono dos esportistas, é representado por um jovem nu ou vestido com túnica curta, um
jovem belo, ágil e vigoroso; na cabeça tem um capacete com asas, calça sandálias aladas e
traz na mão seu principal símbolo, o caduceu.
Héstia
A encarnação do fogo sagrado, a mais velha das filhas dos Titãs Cronos e Réia.
Acreditava-se que ela presidia todos os altares onde eram realizados sacrifícios com fogo e
orações eram oferecidas a ela antes e depois das refeições. Embora apareça em muito
poucos mitos, a maioria das cidades tinha uma lareira comum onde era venerado o fogo
sagrado. Em Roma, Héstia foi adorada como Vesta, e seu fogo era guardado por seis
sacerdotisas virgens conhecidas como virgens vestais.
Héracles
A figura de Héracles, aclamado como herói e depois adorado como deus, talvez
corresponda originalmente a uma figura histórica, cuja bravura militar ensejou a lenda
homérica de que venceu a morte.
Filho de Zeus, senhor dos deuses, e de Alcmena, mulher de Anfitrião, Héracles
(Hércules para os romanos) foi concebido para tornar-se grande herói. Um engenhoso
estratagema de Zeus gerou a oportunidade: visitou Alcmena caracterizado como Anfitrião,
enquanto este combatia Ptérela, rei de Tafos, para vingar afronta à família da esposa. Hera,
esposa de Zeus, enciumada com o nascimento de Héracles, pois desejava elevar o primo
Euristeu ao trono da Grécia, enviou duas serpentes para matá-lo no berço, mas o herói,
com sua força prodigiosa, destruiu-as.
Casado com Mégara, uma das princesas reais, Héracles matou-a, e aos três filhos,
num acesso de fúria provocado por Hera. Para expiar o crime, ofereceu seus serviços a
Euristeu, que o incumbiu das tarefas extremamente arriscadas conhecidas como "os 12
trabalhos de Hércules": (1) estrangulou um leão, de pele invulnerável, que aterrorizava o
vale de Neméia; (2) matou a hidra de Lerna, monstro de muitas cabeças; (3) capturou viva
a corça de Cerinéia, de chifres de ouro e pés de bronze; (4) capturou vivo o javali de
Erimanto; (5) limpou os estábulos de três mil bois do rei Augias, da Élida, não cuidados
durante trinta anos; (6) matou com flechas envenenadas as aves antropófagas dos pântanos
da Estinfália; (7) capturou vivo o touro de Creta, que lançava chamas pelas narinas; (8)
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capturou as éguas antropófagas de Diomedes; (9) levou para Edmeta, filha de Euristeu, o
cinturão de Hipólita, rainha das guerreiras amazonas; (10) levou para o rei de Micenas o
imenso rebanho de bois vermelhos de Gerião; (11) recuperou as três maçãs de ouro do
jardim das Hespérides, por intermédio de Atlas, que sustentava o céu sobre os ombros e
executou por ele esse trabalho, enquanto Hércules o substituía; e (12) apoderou-se do cão
Cérbero, guardião das portas do inferno, de três cabeças, cauda de dragão e pescoço de
serpente.
Hércules realizou outros atos de bravura e participou da viagem dos argonautas em
busca do velocino de ouro. No fim, casou-se com Dejanira, que involuntariamente lhe
causou a morte, ao oferecer-lhe um manto impregnado de sangue mortal, que ela
acreditava ser o filtro do amor. O corpo de Hércules foi transportado ao Olimpo, onde se
reconciliou com Hera e casou-se com Hebe, deusa da juventude.
Íris
Deusa do arco-íris, filha do Titã Taumas e de Eléctra, filha do Titã Oceano. Como
mensageira de Zeus e de sua esposa Hera, Íris deixava o Olimpo apenas para transmitir os
ordenamentos divinos à raça humana, por quem ela era considerada como uma conselheira
e guia. Viajava com a velocidade do vento, podia ir de um canto do mundo ao outro, ao
fundo do mar ou às profundezas do mundo subterrâneo. Embora fosse irmã das Hárpias,
terríveis monstros alados, Iris era representada como uma linda virgem com asas e mantos
de cores brilhantes e um aro de luz em sua cabeça, deixando no céu o arco-íris como seu
rastro. Para os gregos, a ligação entre os homens e os deuses é simbolizada pelo arco-íris.
Jasão
Entre os heróis da mitologia grega, a figura de Jasão, ao mesmo tempo valente e
volúvel, é das que apresentam maior ambigüidade.
Filho de Éson, rei de Iolcos. Éson havia sido destronado por seu meio irmão Pélias, e
Jasão, o herdeiro por direito ao trono, havia sido enviado para longe ainda criança para sua
própria proteção, sendo educado pelo centauro Quíron. Entretanto, já adulto, ele
corajosamente retornou à Grécia a fim de recuperar seu reino. Pélias fingiu estar disposto a
desistir da coroa, mas disse que o rapaz deveria primeiro empreender a missão de encontrar
o Velo Dourado, que era de propriedade de sua família. Pélias não acreditava que Jasão
poderia ter sucesso na missão, nem que poderia voltar vivo, mas o rapaz zombou dos
perigos. Jasão montou uma tripulação com 50 heróicos companheiros de todas as partes da
Grécia (entre eles encontravam-se Héracles, Cástor e Pólux e Orfeu) para navegar com ele
no navio Argos, cujo mastro fora feito com um dos carvalhos de Dodona, um lugar vizinho
ao templo de Zeus e onde as árvores eram oráculos. Depois de uma viagem de incríveis
perigos, os Argonautas alcançaram a Cólquida, o país em que o Velo Dourado estava
retido pelo rei Aietes. Este concordou em desistir do Velo de Ouro se Jasão dominasse dois
touros que respiravam fogo e tinham pés de bronze, além de semear os dentes do dragão
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que Cadmo, o fundador de Tebas, havia matado muito tempo antes. Dos dentes brotariam
um grupo de homens armados que investiriam contra Jasão. Jasão realizou sua tarefa com
êxito, e com a ajuda de Medéia, a filha do rei. Sem que Jasão soubesse, a deusa Hera tinha
intervindo a seu favor fazendo Medéia se apaixonar por ele. Medéia jogou um feitiço em
Jasão fazendo-o invencível durante o dia de sua prova e o ajudou a roubar o velo na mesma
noite, encantando o dragão que nunca dormia e que guardava o velo, fazendo-o adormecer.
Em troca de sua ajuda, Jasão prometeu se casar com Medéia tão logo quanto eles
estivessem em segurança na Grécia. Levando o velo e acompanhado por Medéia, Jasão e
sua tripulação conseguiram escapar de Aietes. Alcançando a Grécia, a tripulação de heróis
se dispersaram e Jasão com Medéia entregaram o Velo Dourado a Pélias. Na ausência de
Jasão, Pélias tinha obrigado o pai de Jasão a se matar, e sua mãe havia morrido pela
tristeza. Para se vingar de suas mortes, Jasão chamou Medéia para ajudá-lo a punir Pélias.
Medéia enganou as filhas de Pélias, que acabaram por matar o pai, e então ela e Jasão
foram para Corinto, onde tiveram dois filhos. Ao invés de ser agradecido à Medéia por
tudo o que ela tinha feito, Jasão traiçoeiramente se casou com a filha do rei de Corinto.
Magoada e desesperada, Medéia empregou sua feitiçaria para matar a jovem noiva. Em
seguida, temendo que seus jovens filhos talvez pudessem ser abandonados na guarda de
estranhos para serem maltratados, ela matou-os também. Quando Jasão, furioso, resolveu
matá-la, ela escapou numa carruagem puxada por dragões.
O final de Jasão é incerto. Segundo algumas versões, enlouquecido de dor, suicidouse; segundo outras, morreu por castigo divino, por ter quebrado o juramento de fidelidade a
Medéia. Apolônio de Rodes, em sua crônica sobre os argonautas, e Eurípides, na tragédia
Medéia, foram alguns dos grandes escritores gregos que trataram da lenda de Jasão.
Medéia
Segundo a lenda grega, a feiticeira Medéia ajudou Jasão, líder dos argonautas, a
obter o velocino de ouro. O mito é conhecido pelas versões literárias que lhe deram
Eurípides, Ésquilo, Ovídio e Sêneca.
Medéia era filha de Aietes, rei da Cólquida. Eetes possuía o velocino de ouro, que
Jasão e os argonautas buscavam, e o mantinha guardado por um dragão. A maga Medéia
apaixonou-se por Jasão e, depois de ajudá-lo a realizar sua missão, seguiu com o grupo
para a pátria de Jasão, Iolcos, na Tessália. Mais tarde, Jasão apaixonou-se pela filha do rei
de Corinto e abandonou Medéia. Inconformada, ela estrangulou os filhos que tivera com
Jasão e presenteou a rival com um manto mágico que se incendiou ao ser vestido,
matando-a. Medéia casou-se, depois, com o rei Egeu, de quem teve um filho, Medos. Por
ter, porém, conspirado contra a vida de Teseu, filho de Egeu, foi obrigada a refugiar-se em
Atenas.
Medéia foi honrada como deusa em Corinto e sobretudo na Tessália. Sua lenda
serviu de tema a obras artísticas e literárias de todos os tempos, das quais a mais conhecida
é a tragédia Medéia, de Eurípides. O personagem inspirou as peças de Corneille e Jean
Anouilh, a ópera de Cherubini e, no século XX, um filme de Pier Paolo Pasolini estrelado
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por Maria Callas. No Brasil, o tema inspirou a peça Gota d'água, de Paulo Pontes e Chico
Buarque de Holanda.
Medusa
Medusa tinha poderes tão extraordinários que mesmo morta podia petrificar quem
olhasse para sua cabeça. Uma mecha de seu cabelo afugentava qualquer exército invasor e
seu sangue tinha o dom de matar e ressuscitar pessoas.
Personagem da mitologia grega, Medusa era uma das três Górgonas, filhas das
divindades marinhas Fórcis e Ceto. Ao contrário de suas irmãs, Esteno e Euríale, Medusa
era mortal. Temidas pelos homens e pelos deuses, as três habitavam o extremo Ocidente,
junto ao país das Hespérides. Tinham serpentes em vez de cabelos, presas pontiagudas,
mãos de bronze e asas de ouro.
Perseu foi encarregado por Polidectes de decepar a cabeça da Medusa. Para isso, o
herói muniu-se de objetos mágicos, como sandálias aladas, para pairar acima dos monstros,
e o escudo de bronze, cujo reflexo permitiu neutralizar o olhar petrificante. Com a espada
dada pelo deus Hermes, Perseu decapitou Medusa e recolheu sua cabeça, que foi posta no
escudo de Atena como proteção contra os inimigos.
Moiras
As Moiras gregas eram três irmãs chamadas Cloto, Láquesis e Átropos, que
determinavam os destinos humanos, especialmente a duração da vida de uma pessoa e seu
quinhão de atribulações e sofrimentos. Cloto, em grego "fiar", segura o fuso e puxa o fio da
vida. Láquesis ("sortear") enrola o fio e sorteia o nome dos que vão morrer e Átropos ("não
voltar", ser inflexível) corta o fio. As várias versões apresentam as Moiras como filhas do
Caos, de Érebo, ou ainda de Têmis e Zeus. Na mitologia grega, Moira, no singular, é
inicialmente o destino. Na Ilíada, representa uma lei que paira soberana sobre deuses e
homens, pois nem mesmo Zeus está autorizado a transgredi-la sem interferir na harmonia
cósmica. Na Odisséia aparecem as fiandeiras.
O mito grego predominou entre os romanos a tal ponto que os nomes individuais
latinos das entidades caíram em desuso. Entre estes eram conhecidas por Parcas chamadas
Nona, Décima e Morta, que tinham respectivamente as funções de presidir ao nascimento,
ao casamento e à morte.
Os poetas da antigüidade descreviam as Moiras como velhas de aspecto sinistro, de
grandes dentes e longas unhas. Nas artes plásticas, ao contrário, aparecem representadas
quase sempre como lindas donzelas.
Morfeu
Deus dos sonhos, filho de Hipnos, deus do sono. Morfeu formava os sonhos que
vinham para aqueles que adormeciam. Ele também representava seres humanos em sonhos.
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Musas
A imagem das musas como inspiradoras das artes mostra a força do legado helênico
à cultura ocidental. De seu nome deriva o termo museu, lugar inicialmente destinado ao
estudo das ciências, letras e artes, atividades protegidas pelas musas.
Na mitologia grega, as musas eram deusas irmãs veneradas desde tempos remotos no
monte Hélicon, da Beócia, onde eram festejadas a cada quatro anos, e na Piéria, Trácia.
Inicialmente, eram as inspiradoras dos poetas. Mais tarde sua influência se estendeu a
todas as artes e ciências.
Na Odisséia Homero menciona nove musas, que constituíam um grupo
indiferenciado de divindades. A diferenciação teve início com Hesíodo, que chamou-as
Clio, Euterpe, Talia, Melpômene, Terpsícore, Érato, Polímnia, Urânia, e Calíope (ou
Caliopéia), esta a líder das musas. Eram filhas de Mnemósine (Memória). Na relação de
Hesíodo -- que embora seja a mais conhecida, não é a única -- os nomes são significativos.
Érato, por exemplo, significa "adorável" e Calíope, "a de bela voz".
Em geral as musas eram tidas como virgens, ou pelo menos não eram casadas, o que
não impede que lhes seja atribuída a maternidade de Orfeu, Reso, Eumolpo e outros
personagens, de alguma forma ligados à poesia e à música, ou relacionados à Trácia.
Estátuas das musas eram muito usadas em decoração. Os escultores representavamnas sempre com algum objeto, como a lira ou o pergaminho, e essa prática pode ter
contribuído para a distribuição das musas entre as diferentes artes e ciências. As
associações entre as musas e suas áreas de proteção, no entanto, são tardias e apresentam
muitas divergências. De maneira geral, Clio se liga à história; Euterpe, à música; Talia, à
comédia; Melpômene, à tragédia; Terpsícore, à dança; Urânia, à astronomia; Érato, à
poesia lírica; Polímnia, à retórica; e Calíope, à poesia épica. Mesmo na mitologia grecoromana existem outros grupos de musas, de cunho mais regional, como o das musas
Méleta, da meditação; Mnema, da memória; e Aede, protetora do canto e da música.
Nereu
Era chamado de Velho Homem do Mar (o Mediterrâneo). Velho deus marinho, filho
do Ponto e Gaia. Tinha o Dom da profecia e a faculdade de tomar várias formas. Era
representado com os cabelos, sobrancelhas, queixo e peito cobertos por juncos marinhos e
por folhas de plantas similares. Segundo Hesíodo, era um deus gentil e confiável, que só
tem pensamentos justos e bondosos, e nunca mente. Sua mulher era Dóris, uma das filhas
de Oceano. Tinham cinqüenta filhas encantadoras, as ninfas do mar, chamadas Nereidas
por causa no nome de seu pai. Uma delas, Tétis, era mãe de Aquiles, e outra era Anfritite,
esposa de Poseidon.
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Nikê a deusa da vitória
Deusa da Vitória, filha do Titã Palas (que também nomeia Atena) e de Styx, ou
Estige, o rio dos juramentos divinos. É a glória concebida aos vencedores. Nikê geralmente
acompanha a Zeus e a Atena. Na estátua de Atena, de autoria de Fídias, a deusa da
sabedoria é representada segurando Nikê em uma de suas mãos.
Ninfas
Fonte de inspiração da arte greco-romana, as ninfas emprestaram suas características
a seres mitológicos de culturas posteriores, como elfos, fadas e gnomos.
Na mitologia grega, ninfas eram as divindades femininas secundárias associadas à
fertilidade e identificadas de acordo com os elementos naturais em que habitavam, cuja
fecundidade encarnavam. As oceânides e as nereidas eram ninfas marinhas; as náiades,
crenéias, pegéias e limneidas moravam em fontes, rios ou lagos; as hamadríades (ou
dríades) eram protetoras das árvores; as napéias, dos vales e selvas; e as oréades, das
montanhas. Diferenciavam-se ainda muitos outros grupos.
Embora não fossem imortais, as ninfas tinham vida muito longa e não envelheciam.
Benfazejas, tudo propiciavam aos homens e à natureza. Tinham ainda o dom de profetizar,
curar e nutrir. Em geral, não se destacavam individualmente, embora algumas das mais
citadas na literatura apresentassem genealogia definida. As nereidas, por exemplo, eram
filhas do deus marinho Nereu e entre elas destacava-se Tétis, mãe do herói Aquiles. As
náiades haviam sido geradas pelo deus do rio em que viviam e com elas foram mais tarde
identificadas as ninfas da mitologia romana. Um tipo muito especial de ninfas eram as
melíades, nascidas do freixo -- árvore que simboliza a durabilidade e firmeza -- que eram
belicosas.
Belas, graciosas e sempre jovens, as ninfas foram amadas por muitos deuses, como
Zeus, Apolo, Dioniso e Hermes. Quando uma ninfa se apaixonava por um mortal, podia
tanto raptá-lo, como aconteceu com Hilas; fundir-se com ele, como Salmácis com
Hermafrodito; ou se autodestruir, como fez Eco por amor a Narciso.
Níobe
Na literatura e na arte, a figura de Níobe simboliza a mãe que, orgulhosa de seus
muitos filhos, acaba por causar a morte destes e chora eternamente essa perda.
Na mitologia grega, Níobe era filha de Tântalo e irmã de Pélops. Casou-se com
Anfião, rei de Tebas, e teve numerosos filhos. Segundo algumas versões, eram 14: sete
homens e sete mulheres. Homero, que relata o mito na Ilíada, diz que eram 12; Hesíodo
sustenta que eram vinte e outras fontes mencionam apenas cinco. Orgulhosa de sua
descendência, Níobe se dizia superior a Leto (Latona), que só tivera os gêmeos Apolo e
Ártemis. Humilhada, Leto ordenou aos gêmeos que a vingassem. Apolo matou todos os
filhos de Níobe, e sua irmã Ártemis, as filhas. Outras versões afirmam que alguns filhos
sobreviveram.
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Segundo a Ilíada, os corpos ficaram insepultos por dez dias, até que os próprios
deuses os enterraram. Com a tragédia, Níobe tornou-se tão pálida que passou a ser
chamada de Clóris a Verde. Desesperada, refugiou-se no reino de seu pai, no monte Sípilo
(Yamanlar Dagi, nordeste de Esmirna, Turquia), onde os imortais transformaram-na num
rochedo que levou seu nome e de onde seu pranto jorra, até hoje, sob a forma de fonte.
Nix personificação da noite
Personificação da Noite, que nasceu das ondas energéticas do Caos, assim como seu
irmão Érebo. Depois de ser desposada por Érebo, se transformou em Luz, dando origem
aos dias. Somente depois, com o nascimento do Amor, Nix e Érebo (luz e trevas) puderam
se unir. Nix é mãe de Géia e Urano, de Eros (colocado em outras histórias como filho de
Afrodite com Ares), de Tânatos (a Morte), de Hipno (o Sono e os Sonhos), do Éter e de
Nemêsis.
Orestes
Personagem mitológico que inspirou muitos autores antigos, como Homero, Ésquilo,
Estesíforo, Sófocles e Eurípides, Orestes protagonizou a lenda que deu origem à expressão
"voto de Minerva" como sinônimo de voto de desempate.
Orestes era filho de Clitemnestra e Agamenon, rei de Micenas ou Argos, e irmão
caçula de Ifigênia, Electra e Crisótemis. Clitemnestra e seu amante, Egisto, mataram
Agamenon quando este voltava da expedição contra Tróia. Único que poderia vingar o
crime, Orestes foi enviado, a mando de Electra, para a Fócida. Ali cresceu em segurança na
corte de Estrófio e ficou amigo do filho deste, Pílades. Ao tornar-se adulto, em obediência
às ordens de Apolo e aos apelos de Electra, Orestes matou a mãe e Egisto. Perseguido
pelas Erínias, refugiou-se no santuário de Apolo, em Delfos. Julgado por seu crime em
Atenas, o voto da deusa Atena (Minerva para os romanos) desempatou o resultado a seu
favor.
Novamente por ordem de Apolo, Orestes partiu para a Táurida a fim de roubar a
estátua de Ártemis e devolvê-la à cidade de Atenas. Preso com Pílades, foi condenado a ser
sacrificado à deusa, mas sua irmã Ifigênia, sacerdotisa de Ártemis, reconheceu-o e fugiu
com ele e com Pílades, levando a estátua da deusa. Salvo, herdou o reino de Agamenon, a
que anexou Esparta depois do casamento com Hermíona, filha de Menelau e Helena.
Segundo a versão de Eurípides em Ifigênia em Táurida, Orestes morreu aos noventa anos
picado por uma serpente.
Pã
Pã, cujo nome em grego significa "tudo", assumiu de certa forma o caráter de
símbolo do mundo pagão e nele era adorada toda a natureza.
Na mitologia grega, Pã era o deus dos caçadores, dos pastores e dos rebanhos.
Representado por uma figura humana com orelhas, chifres, cauda e pernas de bode, trazia
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sempre uma flauta, a "flauta de Pã", que ele mesmo fizera, aproveitando o caniço em que
se havia transformado a ninfa Siringe. Sobre seu nascimento há várias versões: dão-no
como filho de Zeus ou de Hermes, também como filho do Ar e de uma nereida, ou filho da
Terra e do Céu. Teve muitos amores, os mais conhecidos com as ninfas Pítis e Eco, que,
por abandoná-lo, foram transformadas, respectivamente, em pinheiro e em uma voz
condenada a repetir as últimas palavras que ouvia. Segundo a tradição, seu culto foi
introduzido na Itália por Evandro, filho de Hermes, e em sua honra celebravam-se as
lupercais. Em Roma, foi identificado ora com Fauno, ora com Silvano.
A respeito de Pã, Plutarco relata um episódio de enorme repercussão em Roma ao
tempo do imperador Tibério. O piloto Tamo velejava pelo mar Egeu quando, certa tarde, o
vento cessou e sobreveio longa calmaria. Uma voz misteriosa chamou por ele três vezes.
Aconselhado pelos passageiros, Tamo indagou à voz o que queria, ao que esta lhe ordenou
que navegasse até determinado local, onde deveria gritar: "O grande Pã morreu!".
Tripulantes e passageiros persuadiram-no a cumprir a ordem, mas quando Tamo
proclamou a morte de Pã ouviram-se gemidos lancinantes de todos os lados. A notícia se
espalhou e Tibério reuniu sábios para que decifrassem o enigma, que não foi explicado. A
narrativa de Plutarco tem sido interpretada como o anúncio do fim do mundo romano e do
advento da era cristã.
Pandora
De acordo com a mitologia grega, Pandora, criada pelos deuses para castigar o
desafio de Prometeu, foi responsável pela vinda do mal sobre a Terra.
Personagem mitológico, Pandora foi criada por Zeus para castigar Prometeu, deus da
estirpe dos titãs, que roubara o fogo dos céus e o entregara aos mortais. A versão mais
conhecida da lenda de Pandora é a relatada no século VIII a.C. pelo poeta Hesíodo, na
Teogonia. Zeus decidiu vingar-se e ordenou a Hefesto, deus do fogo, que plasmasse com
terra uma mulher de extrema beleza, à qual os deuses do Olimpo concederam presentes e
qualidades excepcionais. Atena ensinou-lhe as artes do sexo feminino e Afrodite os
encantos da beleza. Hermes concedeu-lhe o dom da palavra insinuante e as Graças
cobriram-na de jóias raras. Por isso foi chamada de Pandora, que em grego significa
"portadora de todos os dons".
Zeus encarregou-a então de entregar a Prometeu, em grego "o previdente", uma
caixa fechada, mas este resistiu aos encantos de Pandora e recusou-se a abrir o presente.
Apesar das advertências de Prometeu, Epimeteu, seu irmão, ficou fascinado com a beleza
de Pandora e tomou-a por esposa. Depois, pediu-lhe que abrisse a caixa, da qual escaparam
todos os males e desventuras que desde então afligem os humanos. Arrependido,
Epimeteu, cujo nome em grego significa "o que reflete tardiamente", tentou fechar a caixa,
mas conseguiu apenas nela encerrar a esperança, que seria o consolo da humanidade. Zeus
não perdoou Prometeu por ter escapado à armadilha e o acorrentou ao Cáucaso, para que
um abutre eternamente lhe devorasse o fígado. A expressão "caixa de Pandora" passou a
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ser empregada como sinônimo de tudo que, sob aparência de encanto, é fonte de males e
desgraças.
Pégaso
O cavalo comum é um símbolo tradicional do desejo carnal. Os centauros, metade
homens, metade cavalos, são monstros que representam a identificação do ser humano aos
instintos animalescos. O cavalo alado, ao contrário, é símbolo da sublimação e da
imaginação criadora.
Pégaso, segundo a mitologia grega, nasceu do sangue da Medusa, após ser esta
decapitada por Perseu. Atena domesticou o cavalo alado e ofereceu-o ao herói grego
Belerofonte, para que combatesse a Quimera. Com ele, Belerofonte tentou aproximar-se do
Olimpo, mas Zeus fez com que Pégaso corcoveasse, provocando a queda do cavaleiro, que
morreu. Transformado em constelação, o cavalo passou desde então ao serviço de Zeus.
Pégaso vivia no Parnaso, no Hélicon, no Pindo e na Piéria, lugares freqüentados pelas
Musas, filhas de Zeus e Mnemósine, e onde o cavalo alado costumava pastar. Com um de
seus coices, fez nascer a fonte de Hipocrene, que se acreditava ser a fonte de inspiração dos
poetas. Na literatura clássica há numerosas alusões às fontes de inspiração. A história de
Pégaso tornou-se um dos temas preferidos da literatura e das artes plásticas gregas.
Perséfone a deusa da terra
Filha de Zeus e de Deméter, deusa da terra e da agricultura. Hades, deus do mundo
subterrâneo, apaixonou-se por ela, desejando desposá-la. Embora Zeus consentisse,
Deméter relutou. Assim, Hades prendeu a virgem quando estava colhendo flores e levou-a
para seu reino. Enquanto Deméter vagava em busca de sua filha perdida, a terra ficou
desolada. Toda a vegetação morreu e a fome devastou a terra. Finalmente Zeus enviou
Hermes, o mensageiro dos deuses, para trazer Perséfone de volta à sua mãe. Antes de
deixá-la partir, Hades pediu que comesse de uma semente de romã, o alimento dos mortos.
Assim, ela foi compelida a retornar ao mundo subterrâneo por três meses de cada ano.
Como deusa dos mortos e da fertilidade da terra, Perséfone era uma personificação do
renascimento da natureza na primavera.
Perseu
O matador da Górgona Medusa. Era filho de Zeus e de Danaê, filha de Acrísios, rei
de Argos. Advertido de que seria morto pelo neto, Acrísios trancou a mãe e a criança numa
arca, lançando-os ao mar. Acabaram chegando à ilha de Sérifo, onde foram salvos e onde
Perseu cresceu até a idade adulta. Polidectos, rei de Sérifo, apaixonou-se por Danaê e,
temendo que Perseu talvez interferisse em seus planos, enviou-o numa missão para obter a
cabeça da Medusa, um monstro para o qual quem voltasse o olhar, era transformado em
pedra. Auxiliado por Hermes, mensageiro dos deuses, Perseu abriu caminho por entre as
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Gréias, três velhas decrépitas que compartilhavam o mesmo olho entre elas e vigiavam a
caverna que levava ao local onde estavam as Górgonas. Perseu tomou-lhes o olho e
recusou a devolvê-lo até que elas lhe dessem a direção para alcançar a Medusa. Recebeu
das ninfas um par de sandálias aladas, um alforje mágico que guardaria qualquer coisa que
fosse colocado dentro dele e um capacete que o tornava invisível. Equipado com uma
espada de Hermes que nunca podia ser entortada ou quebrada, e um escudo da deusa
Atena, que o protegeria de virar pedra. Perseu encontrou a Medusa e a matou. Com seu
capacete que o tornava invisível, ele foi capaz de escapar da ira de suas irmãs e com a
cabeça do monstro em seu alforje, ele voou em suas sandálias aladas de volta para casa.
Enquanto passava pela Etiópia, ele salvou a princesa Andrômeda que estava prestes a ser
sacrificada para um monstro marinho e a tomou como sua esposa. Em Sérifo ele libertou
sua mãe de Polidectos usando a cabeça da Medusa para transformar o rei e seus seguidores
em pedra. Então todos retornaram à Grécia, onde Perseu acidentalmente matou seu avô
Acrísios com um disco, cumprindo assim a profecia. De acordo com uma lenda, Perseu foi
à Ásia, onde seu filho Perses governou os persas, povo que recebeu seu nome.
Possêidon, o Senhor dos Mares
O nascimento de Possêidon (Netuno), relaciona-se com o sacrifício de um cavalo, para
que seu pai Cronos o devorasse no lugar do filho. A seguir, se gabará de ter criado o cavalo
e inventado as rédeas. Quando Zeus libertou os Ciclopes do Tártaro, estes presentearam os
três irmãos com armas de guerra. A Possêidon coube o tridente, capaz de gerar fontes e
terremotos. Depois da guerra com os Titãs, Possêidon recebeu os mares como resultado do
sorteio que fez com seus irmãos. Tornou-se assim o senhor dos mares, das tempestades,
das secas das enchentes, dos terremotos e das águas correntes e dos rochedos, muito
embora os rios tivessem divindades próprias. Divindade espalhafatosa, Possêidon era
também o senhor da ira, sempre pronto a tomar o reino de seu diplomático irmão Zeus.
Corresponde ao inconsciente e as emoções internas do homem. Sempre inconstante e
impossível de se dominar. Era capaz de criar maremotos, terremotos, soltar terríveis
monstros marinhos contra aqueles que não satisfizessem seus desejos. Possêidon vivia nas
profundezas do mar, em um local desconhecido, em um suntuoso palácio. Percorria seu
vasto domínio num carro puxado de cavalos brancos, acompanhado por um cortejo de
Nereidas, Centauros-marinhos, hipocampos e delfins. Quando as tempestades
apaziguavam-se e as vagas abriam-se em suaves ondulações. Possêidon é o profundo da
alma, as águas intempestivas, aquilo que está além do reinado visível de Zeus. Um de seus
títulos é Gaiaochos, "detentor (que abraça, marido) da Terra". É interessante notar o
oceano contendo a terra, nutrindo e abraçando ao corpo do mundo. Assim Possêidon é o
senhor de tudo aquilo que não vemos, mas nos circunda. A fúria desse deus é um signo
desses monstros que existem em nós, mas não percebemos. Essa divindade também
emprega um profundo amor naquilo que admira, se entregando de forma apaixonado aos
relacionamentos amorosos. Associa-se com as forças lunares e noturnas de Ártemis,
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senhora da alma feminina instintiva. O processo netuniano corresponde a entrar novamente
nessa esfera, que pode ser turbulenta e destruidora. Uma esfera que pode nos dominar por
sua absoluta imprevisibilidade e conteúdo irascível. Netuno esconde em algum lugar da
alma, o que realmente queremos. O contato com o elemento água, com a fúria dos
elementos e tempestades. Os terremotos interiores que nos despertam para a água e oceano
que temos dentro de nós, mas sempre dominados e sob o comando do Pai dos Deuses, o
divino Zeus. Netuno nunca teve um real domínio em terra firme. Sempre perdeu as
disputas pelas cidades as quais ele ofereceu sua proteção para outros deuses. Isso
demonstra claramente que seu domínio não está no social e visível, mas no profundo e
insondável. Identificar-se com Netuno é abrir as portas para um processo alquímico de
nosso elemento mágico, o contato com as águas universais que não vemos, mas que nos
cercam. O elemento do espírito, do ser total e revelado. A alma universal. Possêidon é o
senhor dos portais para a saída do mundo físico e vulgar, a volta para a maternidade, ao
líquido amniótico, a gestação. Assim ele abre o caminho para a volta de onde viemos e
para onde voltaremos, o nosso real elemento escondido. Precisamos entrar em harmonia
com esse deus intempestivo, com a raiz "aquosa" de nós mesmos, para não entrar com
conflito com esse terrível deus, o senhor das catástrofes.
Príapo
Deus da fertilidade, protetor dos jardins e dos rebanhos. Era filho de Afrodite, deusa
do amor, e de Dionísio, deus do vinho, ou, de acordo com algumas lendas, de Hermes,
mensageiro dos deuses. Foi deformado, ao nascer, por Hera, que tinha ciúmes de sua mãe.
Era comumente representado como um indivíduo grotesco com um falo enorme.
Prometeu
A figura trágica e rebelde de Prometeu, símbolo da humanidade, constitui um dos
mitos gregos mais presentes na cultura ocidental.
Filho de Jápeto e Clímene -- ou da nereida Ásia ou ainda de Têmis, irmã de Cronos,
segundo outras versões --, Prometeu pertencia à estirpe dos titãs, descendentes de Urano e
Gaia e inimigos dos deuses olímpicos. O poeta Hesíodo relatou, em sua Teogonia, como
Prometeu roubou o fogo escondido no Olimpo para entregá-lo aos homens. Fez do limo da
terra um homem e roubou uma fagulha do fogo divino a fim de dar-lhe vida. Para castigálo, Zeus enviou-lhe a bonita Pandora, portadora de uma caixa que, ao ser aberta, espalharia
todos os males sobre a Terra. Como Prometeu resistiu aos encantos da mensageira, Zeus o
acorrentou a um penhasco, onde uma águia devorava diariamente seu fígado, que se
reconstituía. Lendas posteriores narram como Hércules matou a águia e libertou Prometeu.
Na Grécia, havia altares consagrados ao culto a Prometeu, sobretudo em Atenas. Nas
lampadofórias (festas das lâmpadas), reverenciavam-se ao mesmo tempo Prometeu, que
roubara o fogo do céu, Hefesto, deus do fogo, e Atena, que tinha ensinado o homem a fazer
o óleo de oliva. A tragédia Prometeu acorrentado, de Ésquilo, foi a primeira a apresentá-lo
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como um rebelde contra a injustiça e a onipotência divina, imagem particularmente
apreciada pelos poetas românticos, que viram nele a encarnação da liberdade humana, que
leva o homem a enfrentar com orgulho seu destino.
Prometeu significa etimologicamente "o que é previdente". O mito, além de sua
repercussão literária e artística, tem também ressonância profunda entre os pensadores.
Simbolizaria o homem que, para beneficiar a humanidade, enfrenta o suplício inexorável; a
grande luta das conquistas civilizadoras e da propagação de seus benefícios à custa de
sacrifício e sofrimento. Tema de vários quadros célebres, de Ticiano e Michelangelo, o
suplício de Prometeu foi para Shelley motivo de reflexões metafísicas.
Quimera
A figura mítica da quimera, oriunda da Anatólia e cujo tipo surgiu na Grécia durante
o século VII a.C., sempre exerceu atração sobre a imaginação popular.
De acordo com a versão mais difundida da lenda, a quimera era um monstruoso
produto da união entre Equidna -- metade mulher, metade serpente -- e o gigantesco Tífon.
Outras lendas a fazem filha da hidra de Lerna e do leão de Neméia, que foram mortos por
Héracles. Habitualmente era descrita com cabeça de leão, torso de cabra e parte posterior
de dragão ou serpente. Criada pelo rei de Cária, mais tarde assolaria este reino e o de Lícia
com o fogo que vomitava incessantemente, até que o herói Belerofonte, montado no cavalo
alado Pégaso, conseguiu matá-la.
A representação plástica mais freqüente da quimera era a de um leão com uma
cabeça de cabra em sua espádua. Essa foi também a mais comum na arte cristã medieval,
que fez dela um símbolo do mal. Com o passar do tempo, chamou-se genericamente
quimera a todo monstro fantástico empregado na decoração arquitetônica. Em linguagem
popular, o termo quimera alude a qualquer composição fantástica, absurda ou monstruosa,
constituída de elementos disparatados ou incongruentes.
Réia
Na época clássica, Réia foi cultuada em alguns pontos da Grécia, principalmente em
Creta, na Arcádia, na Beócia e em Atenas. Nessa cidade se localizava o santuário que a
deusa compartilhava com o irmão e esposo Cronos.
Réia é uma antiga deusa, provavelmente de origem pré-helênica, associada à
"Grande Mãe" cretense e aos ritos agrícolas. Símbolo da terra, por meio do sincretismo
creto-micênico foi transformada pelos gregos em esposa de Cronos. Segundo a Teogonia,
de Hesíodo, Réia, uma das titânidas, filha de Urano e Géia -- o casal primordial, céu e terra
-- casou-se com Cronos, seu irmão. Dessa união nasceram seis filhos: Héstia, Deméter,
Hera, Hades, Poseidon e Zeus.
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Avisado por uma profecia de que um de seus filhos lhe tomaria o trono, Cronos
devorava cada um deles logo que nascia. Quando da gestação de Zeus, Réia foi para Creta
e, numa caverna do monte Dicte, deu à luz o caçula, que foi amamentado pela cabra
Amaltéia. Envolveu então uma pedra em panos, como se fosse a criança, e deu-a ao
esposo, que a engoliu sem perceber a troca. Mais tarde, Zeus destronou Cronos e o obrigou
a vomitar todos os irmãos.
A iconografia de Réia não figura entre as mais importantes da mitologia grega. Suas
raras representações remetem ao mito do nascimento de Zeus. Os romanos identificaramna tardiamente com a divindade oriental Cibele, mãe dos deuses.
Sátiros
Criaturas cujo corpo era parte humana e parte animal aparecem na mitologia de
inúmeras culturas. Entre elas estão os sátiros e silenos da mitologia grega, e os faunos, seu
correspondente entre os romanos.
Sátiros, na mitologia grega, eram divindades dos bosques, montanhas e regiões
agrestes, representados como homens-bodes ou homens-cavalos. Tinham uma longa cauda
e o pênis em permanente ereção. Perseguiam as ninfas e mênades, movidos por desejo
sexual insaciável. No período clássico, estavam intimamente associados ao culto a
Dionísio. Sileno -- filho do deus Pã na versão mais freqüente, além de pai dos sátiros e
educador de Dionísio -- era representado como um velho grotesco e sempre bêbado, porém
sábio. Com o tempo, o termo sileno passou a designar os sátiros velhos. Personificações da
vitalidade animal, os sátiros se distinguiam pela impulsividade, a luxúria e o amor à dança
e ao vinho. Tais características determinaram a denominação científica de satiríase para a
compulsão sexual masculina.
A arte grega imortalizou os sátiros como participantes dos cortejos de Dionísio, nos
quais dançavam e tocavam flautas ou se entregavam à perseguição de ninfas. A partir do
século IV a.C., o escultor Praxíteles criou um novo modelo de sátiro, jovem e esbelto, que
conservava apenas vagos traços animais. Nos festivais atenienses dedicados a Dionísio,
três tragédias eram seguidas de uma peça dita "satírica", em que os integrantes do coro se
disfarçavam de sátiros. Os pintores renascentistas e barrocos pintaram inúmeros sátiros e
faunos.
Scylla e Charybdes
Dois monstros do mar que permaneciam em lados opostos de um estreito, a
personificação dos perigos da navegação próxima às pedras e redemoinhos. Scylla era uma
criatura horrível com 12 pés e 6 longos pescoços, tendo uma cabeça em cada um com 3
filas de dentes, com os quais ela devorava qualquer vítima que viesse a alcançar. Vivia
numa caverna num despenhadeiro. Através do estreito, oposto a ela, havia uma grande
figueira sob a qual Charybdes, o redemoinho d'água, sugava e vomitava as águas do mar
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três vezes por dia, engolfando qualquer coisa que estivesse próxima. Quando Odisseu
(Ulisses) passou entre eles, o herói conseguiu evitar Charybdes, mas Scylla prendeu seis
homens de seu navio e devorou-os. Tempos depois, a posição geográfica desta perigosa
passagem acreditava se tratar do Estreito de Messina, entre a Itália e a Sicília. Scylla,
originalmente uma linda virgem amada por um deus de mar, tinha sido transformada num
monstro por sua rival ciumenta, a feiticeira Circe.
Sereia
Ao passar pela ilha de Antemoessa, entre a ilha de Capri e o litoral da Itália, ao
retornar da guerra de Tróia, Ulisses ordenou aos marinheiros que vedassem os ouvidos
com cera para não ouvir o canto fatal das sereias. Ele mesmo se fez amarrar ao mastro da
embarcação para assim ouvi-lo sem perigo.
Sereia é uma entidade lendária da Grécia antiga que reapareceu em numerosas
mitologias posteriores. Eram filhas do rio Aquelóo e de Melpômene ou de Estérope; uma
variante posterior diz que nasceram do sangue de Aquelóo, ferido por Héracles na disputa
por Dejanira. Ao que parece, as sereias eram três: Partênope, Lígia e Leucósia. Alguns
mitógrafos, no entanto, afirmam que eram quatro e lhes atribuem nomes diversos.
Jovens belas, as sereias faziam parte do séquito de Perséfone. Quando esta foi
raptada por Hades, suplicaram aos deuses que lhes dessem asas para procurar sua senhora
na terra, no céu e no mar. A deusa Deméter, porém, irritada por não terem impedido o
rapto de sua filha, transformou-as em almas-pássaros. Outra variante diz que a deusa
Afrodite as transformou, por desprezarem os prazeres do amor, em metade mulher, metade
peixe, o que as tornou perigosas e encantadas. Por estarem impedidas de amar, atraíam os
homens com seu canto para depois devorá-los.
Propagado pelos navegadores, o mito das sereias difundiu-se por largas áreas
geográficas e se mesclou às mais diversas tradições populares. No Brasil, faz parte de
lendas indígenas e africanas. No extremo norte, onde a influência ameríndia é mais
acentuada, a sereia confundiu-se com a iara, entidade mítica que, com sua beleza e canto,
atrai os homens para o fundo dos rios. Na zona de influência africana, houve sincretismo
entre a sereia e Iemanjá, deusa da mitologia sudanesa que preside as águas salgadas e
recebe as tradicionais homenagens dos devotos nas praias brasileiras, na passagem do ano.
Sísifo
De maneira semelhante a Prometeu, Sísifo encarnava na mitologia grega a astúcia e
a rebeldia do homem frente aos desígnios divinos. Sua audácia, no entanto, motivou
exemplar castigo final de Zeus, que o condenou a empurrar eternamente, ladeira acima,
uma pedra que rolava de novo ao atingir o topo de uma colina, conforme se narra na
Odisséia.
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Sísifo é citado na Ilíada de Homero como filho de Éolo (iniciador da estirpe dos
eólios). Rei de Éfira, mais tarde Corinto, é tido como o criador dos Jogos Ístmicos
celebrados naquela cidade e como o mais astuto dos homens. Em relatos posteriores a
Homero, aparece como pai de Ulisses, que teria gerado com Anticléia.
A lenda mais conhecida sobre Sísifo conta que aprisionou Tânato, a morte, quando
esta veio buscá-lo, e assim impediu por algum tempo que os homens morressem. Quando
Tânato foi libertada, por interferência de Ares, Sísifo foi condenado a descer aos infernos,
mas ordenou à esposa, Mérope, que não enterrasse seu corpo nem realizasse os sacrifícios
rituais. Passado algum tempo, pediu permissão a Hades para regressar à Terra e castigar a
mulher pela omissão e não voltou ao além-túmulo senão muito velho. Sua punição final
reafirma uma provável concepção grega do inferno como lugar onde se realizam trabalhos
infrutíferos.
Tânatos
Deus da Morte, filho que Nix engendrou sozinha. o irmão gêmeo do deus do sono.
Fora confundido com Hades, no qual este foi chamado de Deus dos Mortos. Em Roma,
Tânato (ou Tânatos) era chamado de Orcus, nome latino de Hades.
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Têmis
Têmis era filha de Urano e Gaia, e, portanto, uma titã. Considerada a personificação
da Ordem e dos Direitos divinos, ratificados pelo Costume e pela Lei. Têmis era
freqüentemente invocada por pessoas que faziam juramentos. Era considerada a deusa da
Justiça.
Ela era representada como uma divindade de olhar austero, tendo os olhos vendados
e segurando uma balança e uma cornucópia. Os romanos a chamavam Justitia.
Têmis foi a segunda esposa de Zeus, após este desposar Métis e antes de se casar
com Hera. Com Zeus, ela deu à luz as Horas e as Moiras.
Sua outra filha com Zeus, Astraea também era uma deusa da justiça. Conta-se que
ela deixou a Terra no fim da Idade do Ouro para não presenciar as aflições e sofrimentos
da humanidade durante as idades do Bronze e do Ferro. No céu ela tornou-se a constelação
de Virgo.
Também Têmis foi transformada em uma constelação, Libra (apesar desta
representar apenas a sua balança). Prometeu também a chamava algumas vezes de mãe,
outras chamava assim à Gaia, e desta forma surgiu uma espécie de identidade entre ambas
as deusas, que fez muitos pensarem serem elas a mesma deusa.
A este respeito, podemos considerar a deusa como uma das muitas emanações da
Mãe-Terra, sendo Têmis "a força que une as pessoas, sendo a consciência coletiva, o
imperativo social, a ordem social".
Era também uma deusa de profecias, e após Gaia, ocupava o trono do Oráculo de
Delfos até que Apolo matou a serpente Píton e sentou no trono do oráculo, tomando-o para
si.
Quando o titã Prometeu foi acorrentado ao Monte Cáucaso, Têmis profetizou que ele
seria libertado. Sua profecia se concretizou quando Héracles, salvou-o do seu castigo.
"A profetisa de Apolo Pítio: Primeiramente, nesta minha oração, eu dou o lugar de
mais alta honra entre os deuses à profetisa primordial, Terra (Gaia); e depois dela à Têmis,
pois ela foi a segunda a tomar este assento oracular de sua mãe, como nos conta a lenda."
Foi Têmis quem alertou Zeus que o filho de Tétis seria uma ameça à seu pai.
Ajudou Deucalião e Pirra a formar a humanidade após o dilúvio enviado como
castigo por Zeus, profetizando que ambos deveriam "jogar os ossos de sua mãe para trás
das costas". Pirra ficou temerosa de cometer algum sacrilégio ao profanar os ossos de sua
mãe, não captando o sentido da profecia. Deucalião, porém, entendeu tratar-se de pedras os
ossos da deusa-Terra, mãe de todos os seres. Assim ele atirou pedras para trás e delas
surgiram homens.
No sistema olímpico, Têmis possui duas funções principais: Ela convoca e dissolve a
Ágora no Monte Olimpo (Zeus não pode formar sua própria assembléia, ele deve pedir a
Themis que o faça), e preside sobre os banquetes.
Teseu
O lendário herói grego Teseu derrotou o Minotauro, monstro que habitava o célebre
labirinto mantido pelo rei Minos, na ilha de Creta.
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Teseu era filho de Egeu, rei de Atenas, e Etra, filha do sábio Piteu, rei de Trezena, na
Argólida, onde nasceu. Egeu, antes de retornar a seu reino, escondera sua espada sob uma
pesada rocha e recomendara a Teseu que só a procurasse quando fosse bastante forte para
levantá-la. Com 16 anos, Teseu pôde realizar a façanha e foi ao encontro do pai. Decidido
a livrar Atenas do pesado tributo devido a Creta, de sete moças e sete rapazes que eram
devorados pelo Minotauro todos os anos, o herói seguiu para essa cidade como se fosse um
dos jovens sacrificados. Antes de penetrar no labirinto do Minotauro, recebeu de Ariadne,
filha de Minos, rei de Creta, um novelo de lã para marcar o caminho de volta. Assim,
conseguiu matar o monstro e se salvar com os companheiros. Por descuido, o barco de
Teseu retornou a Atenas com as velas pretas que indicavam luto. Desesperado, Egeu se
jogou no mar. O herói assumiu então o governo: uniu os povos da Ática, com capital em
Atenas, adotou o uso da moeda, criou o Senado, promulgou leis e instaurou a base da
democracia.
Cumpridas essas tarefas, Teseu retomou à vida de aventuras. Depois de lutar contra
as amazonas, uniu-se à rainha delas, Antíope. Por motivos políticos, casou-se com Fedra,
que depois apaixonou-se por Hipólito, filho de Teseu com Antíope. Ao lado do amigo
Pirítoo, raptou Helena de Esparta, mais tarde resgatada por seus irmãos Castor e Pólux, e
desceu aos infernos para tentar raptar também Perséfone, esposa de Plutão, mas este os
manteve presos em suas cadeiras durante um banquete. Anos depois, Teseu foi salvo por
Héracles. Ao voltar a Atenas, Teseu encontrou-a dilacerada por lutas internas, pois os
cidadãos o julgavam morto. Triste, desistiu do poder, mandou os filhos para a Eubéia e,
amaldiçoando a cidade, exilou-se na ilha de Ciros, onde foi morto por seu primo
Licomedes.
Tifon
O mais jovem dos filhos do Tártaro e de Gaia, monstro fabuloso de cem cabeças, pai
dos ventos impetuosos. Casou-se com Equidna, da qual teve Cérbero, Ortros e a Hidra de
Lerna. Entrou em luta com Zeus pela posse do mundo, porém foi atingido pelo raio do
deus e precipitado para o Tártaro. Segundo outros, os deuses foram vencidos e fugiram
para o Egito, onde se esconderam sob a forma de animais: Zeus teria sido encerrando no
antro Conrício, de onde Hermes o libertou. Retomando a luta, Zeus venceu o monstro e o
sepultou vivo.
Titãs
A dramática lenda dos titãs constitui um expressivo exemplo da integração dos
cultos pré-helênicos ao corpo da mitologia grega.
Segundo Hesíodo, os titãs eram os 12 filhos dos primitivos senhores do universo,
Gaia (a Terra) e Urano (o Céu). Seis eram do sexo masculino: Oceano, Ceo, Crio,
Hipérion, Jápeto e Cronos; e seis do feminino: Téia, Réia, Têmis, Mnemósine, Febe e
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Tétis. Tinham por irmãos os três hecatonquiros, monstros de cem mãos que presidiam os
terremotos, e os três ciclopes, que forjavam os relâmpagos.
Urano iniciou um conflito com os titãs ao encarcerar os hecatonquiros e os ciclopes
no Tártaro. Gaia e os filhos revoltaram-se, e Cronos cortou com uma foice os órgãos
genitais do pai, atirando-os ao mar. O sangue de Urano, ao cair na terra, gerou os gigantes;
da espuma que se formou no mar, nasceu Afrodite. Com a destituição de Urano, os titãs
libertaram os outros irmãos e aclamaram rei a Cronos, que desposou Réia e voltou a
prender os hecatonquiros e os ciclopes no Tártaro.
Salvo Jápeto e de Crio, que tomaram consortes fora da própria linhagem, os titãs
uniram-se entre si e deram origem a divindades menores. Cronos e Réia que produziram
descendência mais numerosa: Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posêidon e Zeus, a primeira
geração de deuses olímpicos. Avisado de que os filhos o destituiriam, Cronos engoliu
todos eles exceto Zeus, salvo por um ardil da mãe. Ao tornar-se adulto, Zeus fez Cronos
beber uma poção que o forçou a vomitar os filhos, e uniu-se aos irmãos, os deuses
olímpicos, na luta contra os titãs. Esse conflito culminou com a derrota de Cronos e dos
titãs, confinados por Zeus no Tártaro.
O relato parece ser a descrição simbólica da decadência das crenças pré-helênicas.
Os titãs, do mesmo modo que seus irmãos, seriam divindades primitivas, talvez de remota
origem oriental, ligadas a ritos agrários. Sua vinculação aos elementos primários da
natureza parece confirmada por uma lenda órfica posterior, que atribui aos titãs a origem
da parte terrestre, ou material, dos seres humanos.
Ulisses
A figura de Ulisses transcendeu o âmbito da mitologia grega e se converteu em
símbolo da capacidade do homem para superar as adversidades.
Segundo a versão tradicional, Ulisses (em grego, Odisseu) nasceu na ilha de Ítaca,
filho do rei Laerte, que lhe legou o reino, e Anticléia. O jovem foi educado, como outros
nobres, pelo centauro Quirão e passou pelas provas iniciáticas para tornar-se rei. A vida de
Ulisses é relatada nas duas epopéias homéricas, a Ilíada, em cuja estrutura coral ocupa
lugar importante, e a Odisséia, da qual é o protagonista, bem como no vasto ciclo de lendas
originadoras dessas obras.
Depois de pretender sem sucesso a mão de Helena, cujo posterior rapto pelo tebano
Páris desencadeou a guerra de Tróia, Ulisses casou-se com Penélope. A princípio resistiu a
participar da expedição dos aqueus contra Tróia, mas acabou por empreender a viagem e se
distinguiu no desenrolar da contenda pela valentia e prudência. A ele deveu-se, segundo
relatos posteriores à Ilíada, o ardil do cavalo de madeira que permitiu aos gregos penetrar
em Tróia e obter a vitória.
48
Terminado o conflito, Ulisses iniciou o regresso a Ítaca, mas um temporal afastou-o
com suas naves da frota. Começaram assim os vinte anos de aventuras pelo Mediterrâneo
que constitui o argumento da Odisséia. Durante esse tempo, protegido por Atena e
perseguido por Poseidon, cujo filho, o ciclope Polifemo, o herói havia cegado, conheceu
incontáveis lugares e personagens: a terra dos lotófagos, na África setentrional, e a dos
lestrigões, no sul da Itália; as ilhas de Éolo; a feiticeira Circe; e o próprio Hades ou reino
dos mortos. Ulisses perdeu todos os companheiros e sobreviveu graças a sua sagacidade.
Retido vários anos pela ninfa Calipso, o herói pôde enfim retornar a Ítaca disfarçado de
mendigo. Revelou sua identidade ao filho Telêmaco e, depois de matar os pretendentes à
mão de Penélope, recuperou o reino, momento em que conclui a Odisséia. Narrações
posteriores fazem de Ulisses fundador de diversas cidades e relatam notícias contraditórias
acerca de sua morte.
No contexto da mitologia helênica, Ulisses corresponde ao modelo de marujo e
comerciante do século VII a.C. Esse homem devia adaptar-se, pela astúcia e o bom senso,
a um mundo cada vez mais complexo e em contínua mutação. A literatura ocidental
perpetuou, como símbolo universal da honradez feminina, a fidelidade de Penélope ao
marido, assim como achou em Ulisses e suas viagens inesgotável fonte de inspiração.
Zeus, o Senhor do Céu e da Terra
É impossível falar de Zeus e desprezar sua origem mítica. Aquele que foi salvo de
ser devorado por Cronos. Que cresceu e recebeu toda sua força divina, vindo a reclamar o
sue reinado, conforme a previsão das terríveis Erínies, quando Cronos castrou o pai. Após
libertar os Ciclopes do Tártaro, eles o presentearam com o Raio, que se torna um de seus
principais atributos. Após a guerra de dez anos com os Titãs, Zeus recebe o reinado sobre o
Céu e a Terra, conforme o sorteio com seus irmãos. Zeus foi o principal deus dos Gregos e
posteriormente, como Júpiter, dos romanos. Representava a luz, a fonte de toda a vida.
Notabilizou-se por seus infindáveis amores. Sua primeira esposa foi Métis, a
personificação da prudência. Métis havia dado ao esposo a poção mágica que forçou
Saturno a expelir os filhos. Quando estava grávida, Zeus foi advertido pelo Céu e pela
Terra que ela geraria um filho que o destronaria, assim como ele fizera com o pai.
Aconselhado pela Terra, Júpiter engoliu Métis antes que a criança nascesse. Dessa forma
ele incorpora uma série de atributos femininos, de sabedoria e prudência. Passado algum
tempo quando cessava o período de gestação, tomado de uma terrível dor de cabeça, Zeus
pediu para Hefestos que abrisse sua cabeça com um machado. Surgindo Athena toda
armada, vestida de armadura e capacete, emitindo um ressoante grito de guerra. Mais tarde,
desposaria Hera, que viria a compartilhar de seus atributos e reinado. Gerando com seu
marido Hefestos, Ares, Ilítia, Hebe e segundo outras versões, Afrodite. Enciumada por
Zeus ter gerado Athena sozinho, gerou o monstro Tifão sem sua participação, conforme
algumas versões. Segundo a tradição mais corrente Tifão é filho de Gaia (Terra). Os
Gigantes, irmãos dos Titãs e filhos de Gaia (Terra), seriam vinte e quatro terríveis criaturas
49
altíssimas com cauda de serpentes ao invés de terem pés, com espessa cabeleira e barba
hirsuta, demonstravam serem portadores de energias instintivas e eróticas puras. Nasceram
do sangue de Urano quando em contato com Gaia, após esse ter sido mutilado por Cronos.
Muito embora de origem divina, eram mortais. Por determinação do Destino não poderiam
ser vencidos a não ser por um deus em colaboração de um mortal. Preocupada, a Terra
gerou uma erva da qual os Gigantes ficariam imunes aos golpes dos mortais, mas Zeus,
sabendo disso, rapidamente colheu essa erva antes que os Gigantes pudessem tê-la.
Decididos a destronar Zeus e reinarem sobre o universo, declararam uma terrível guerra.
Lançaram árvores inflamadas e enormes rochedos, tentando escalar o Olimpo. Os Gigantes
foram mortos um a um, por diversos deuses e mortais, o que provocou a terrível ira da mãe
Gaia. Gaia então une-se ao Tártaro com o intuito de gerar um terrível monstro. E dessa
união nasce Tifão, o mais terrível monstro que já existiu. Foi criado em Delfos, pela
serpente Pitão. Era maior que todas as montanhas. A cabeça tocava as estrelas, e os braços
iam além do horizonte. O corpo era coberto de plumas e, da cintura para baixo, rodeado de
serpentes. Dos ombros emergiam cabeças de dragões. Crinas cingiam-lhe a cabeça e os
olhos lançavam chamas. Ao vê-lo, os deuses fugiram para o Egito e disfarçados de animais
se esconderam no deserto. Apenas Zeus e Athena permaneceram no Olimpo para resistir ao
monstro. Após ser ferido por Zeus, tifão o aprisionou em uma caverna na Cilícia e cortoulhe os tendões dos braços e das pernas. Envolveu seus músculos em uma pele de urso e
confiou-os a Delfina. Hermes e Pã conseguiram vencer Delfina e recolocaram os tendões
no corpo de Zeus. De volta ao Olimpo, Júpiter perseguiu Tifão entre raios e chamas,
vencendo até mesmo as montanhas que eram arremessadas ao seu encontro. Por fim, tendo
alcançando a Sicília, Tifão foi prensado por Zeus contra o monte Etna. Hefestos colocoulhe sobre a cabeça pesadas bigornas, impedindo-o de libertar-se. Desde então, diz-se, o
Etna cospe fogo para testemunhar a violência e agonia de Tifão. Essas terríveis batalhas de
Zeus, mostram algumas facetas interessante do deus. Contra os Titãs, primeiramente, as
forças primordiais da natureza e organizadoras do Cosmos, ele as vence e toma as rédeas
do Universo. Mas essa luta era algo necessário para a organização do mundo e do homem.
Zeus representa a libertação do mundo primordial, onde a civilização vem a dominar
vencendo as forças obscuras e criativas. Mesmo assim, os Titãs continuam a ter importante
relevância na evolução de todos os mitos. Contra as forças obscuras e violentas que
representam Tifão e os Gigantes, Zeus vence os aspectos interiores da terrível mãe Terra.
A Terra, representa as forças da matéria. Terríveis guerras vem a existir entre a matéria e o
espírito, entre a luz e as trevas. Mesmo que o "mal" pareça vencer inicialmente. A
mitologia grega sabiamente coloca o bem e o mal em cada divindade e ser de sua
cosmologia, mostrando que os seres são resultado de diversas forças em conjunto. Zeus
também se notabilizou pelos seus diversos amores e filhos. Filhos esses, sempre
perseguidos pela terrível e vingativa Hera. Uniu-se com Mnemósine, gerando as Musas;
com Deméter, gerando Perséfone; com Latona, gerando Apollo e Ártemis; com Maia,
gerando Hermes; com Égina, gerando Éaco. Com mortais, uniu-se com Níobe, gerando
Argo e Pelasgo; com Io, gerando Épafo; com Europa, gerando Minos, Radamanto e
Sarpedão; com Danae, gerando Perseu; com Sêmele, gerando o deus Dionisio; com Leda,
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gerando Pólux e Helena; com Alcmene, gerando Hércules. Esses profícuos amores, deram
a Zeus o epíteto de Pai dos Deuses. Além de senhor do Céu e da Terra e o portador da luz,
juntamente com Apollo, senhor do espírito, de sabedoria e conhecimento infindável, Zeus
é também tirano. Ele engole Métis para não ser destronado. E rejeita Tétis, conforme
prevenido por Prometeu, que geraria também um filho que o destronaria. São infindáveis
as referencias de Zeus-Júpiter na mitologia greco-romana. Ele é quase onipresente em
todos os mitos e sua atuação é vasta. Mas o significado de Zeus é realmente o do grande
rei, o benevolente. Aquele que reina após o seu pai Cronos, que deverá voltar a comandar o
universo, em uma futura e remota Era de Ouro. Ele é tudo o que é externo ao homem, é a
manifestação da personalidade, do ego. É o senhor da vida social e da origem da
criatividade. É também o grande gerador da vida, de deuses, heróis e personagens
importantes. Com ele, a função criativa de Urano, de fecundidade e virilidade que havia
sido destruída por Cronos, volta em um mundo organizado, onde a fertilidade não gera
mais monstros terríveis. Diferente de seus irmão Possêidon e Hades, ele governa o mundo
visível, o mundo do tangível. É sempre ameaçado por forças obscuras, mas sempre triunfa
sobre elas, por que o ego deve vencer ao inconsciente e ao desconhecido. Zeus representa a
descoberta de si mesmo e a manifestação das energias da personalidade sobre o mundo
exterior. Harmonizar-se com o Pai dos Deuses, significa harmonizar-se com si mesmo e
com o mundo exterior e social. Ele é o mensageiro do eu para o outro. É o senhor do
espírito e de sua vitória sobre a matéria.
Capítulo 8
Divindades Siderais
Helios
Filho de Hipérion e de Téia, titã por excelência, irmão de Selene e de Éos,
personificação do Sol. Surgia todas as manhãs do Oceano para conduzir o carro do Sol,
puxado por cavalos que expeliam fogo pelas narinas. Penetrava com seus raios em todos os
juramentos. Mais tarde foi confundido com Apolo. O Colosso de Rodes foi uma estátua lhe
consagrada.
Selene
Deusa da Lua, irmã de Helios e Éos, da família dos Titãs. Era uma linda deusa, de
braços brancos, com longas asas, que percorria o céu sobre um carro para levar aos homens
a sua plácida luz. Amou Endimião e foi, posteriormente, identificada com Ártemis.
Eos
Deusa que anunciava o dia. Era representada sobre o carro da luz, guiando os
cavalos, com uma tocha na mão.
51
Capítulo 9
Divindades Primordiais
Géia
Mãe de todos os seres, personificação da terra. Surgiu do Caos e gerou Urano, os
Montes, o Mar, os Titãs, os Centímanos (Hecatonquiros), os Gigantes, as Erínies, etc. O
mito de Géia provávelmente começou como uma veneração neolítica da terra-mãe antes da
invasão Indo-Européia que posteriormente se tornou a civilização Helenística.
Titãs
A dramática lenda dos titãs constitui um expressivo exemplo da integração dos
cultos pré-helênicos ao corpo da mitologia grega.
Segundo Hesíodo, os titãs eram os 12 filhos dos primitivos senhores do universo,
Gaia (a Terra) e Urano (o Céu). Seis eram do sexo masculino: Oceano, Ceo, Crio,
Hipérion, Jápeto e Cronos; e seis do feminino: Téia, Réia, Têmis, Mnemósine, Febe e
Tétis. Tinham por irmãos os três hecatonquiros, monstros de cem mãos que presidiam os
terremotos, e os três ciclopes, que forjavam os relâmpagos.
Urano iniciou um conflito com os titãs ao encarcerar os hecatonquiros e os ciclopes
no Tártaro. Gaia e os filhos revoltaram-se, e Cronos cortou com uma foice os órgãos
genitais do pai, atirando-os ao mar. O sangue de Urano, ao cair na terra, gerou os gigantes;
da espuma que se formou no mar, nasceu Afrodite. Com a destituição de Urano, os titãs
libertaram os outros irmãos e aclamaram rei a Cronos, que desposou Réia e voltou a
prender os hecatonquiros e os ciclopes no Tártaro.
Salvo Jápeto e de Crio, que tomaram consortes fora da própria linhagem, os titãs
uniram-se entre si e deram origem a divindades menores. Cronos e Réia que produziram
descendência mais numerosa: Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posêidon e Zeus, a primeira
geração de deuses olímpicos. Avisado de que os filhos o destituiriam, Cronos engoliu
todos eles exceto Zeus, salvo por um ardil da mãe. Ao tornar-se adulto, Zeus fez Cronos
beber uma poção que o forçou a vomitar os filhos, e uniu-se aos irmãos, os deuses
olímpicos, na luta contra os titãs. Esse conflito culminou com a derrota de Cronos e dos
titãs, confinados por Zeus no Tártaro.
O relato parece ser a descrição simbólica da decadência das crenças pré-helênicas.
Os titãs, do mesmo modo que seus irmãos, seriam divindades primitivas, talvez de remota
origem oriental, ligadas a ritos agrários. Sua vinculação aos elementos primários da
natureza parece confirmada por uma lenda órfica posterior, que atribui aos titãs a origem
da parte terrestre, ou material, dos seres humanos.
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Cronos
Filho de Urano e Géia. O mais jovem dos Titãs. Se tornou senhor do céu castrando o
pai. Casou com Réia, e teve Héstia, Deméter, Hera, Ades e Poseidon. Como tinha medo de
ser destronado, Cronos engolia os filhos ao nascerem. Comeu todos exceto Zeus, que Réia
conseguiu salvar enganando Cronos enrolando uma pedra em um pano, a qual ele engoliu
sem perceber a troca. Mais tarde Zeus voltou, deu ao pai um remédio que o fez vomitar os
filhos, e logo depois o destronou e baniu-o no tártaro. Cronos escapou e fugiu para a Itália
onde reinou sobre o nome de Saturno. Este período no qual reinou foi chamado de "A era
de ouro terrestre".
Ciclopes
A construção das colossais muralhas das antigas cidades micênicas foi uma das
muitas façanhas atribuídas aos ciclopes pela mitologia grega.
Segundo as lendas e obras épicas da antiga Grécia, os ciclopes eram gigantes
monstruosos, de força descomunal, que possuíam apenas um olho no meio da testa. Para
Hesíodo os ciclopes eram três, filhos de Urano, o céu, e de Géia, a terra. Chamados
Brontes, Estéropes e Arges, forjaram os raios para Zeus e o ajudaram a derrotar seu pai,
Cronos. Homero os descreveu na Odisséia como filhos de Posêidon, deus das águas,
pertencentes a uma raça de pastores selvagens que habitavam a longínqua ilha de Trinacria,
provavelmente a Sicília. Para escapar com vida da fúria dos monstros, Ulisses cegou seu
chefe, Polifemo.
Outros autores, inspirados em Hesíodo, relatam que os ciclopes trabalharam como
ferreiros para Hefesto. Habitavam o monte Etna e as profundezas vulcânicas e realizaram
importantes trabalhos para os deuses, como o capacete de Hades e o tridente de Poseidon.
Também se atribuía a eles o controle dos fenômenos atmosféricos, a erupção dos vulcões e
a edificação de construções gigantescas irrealizáveis por homens comuns. Segundo uma
das lendas, foram todos mortos por Apolo. São freqüentes as representações desses
personagens míticos nos vasos e baixos-relevos antigos; nas pinturas de Pompéia, são
representados com os raios próprios dos deuses.
Hecantoquiros (ou Centimanos)
Briareu, Coto e Giges. Gigantes de cem braços e cinqüenta cabeças. Tendo
hostilizado o pai, este os mandou pra horríveis cavernas nas vísceras da terra. Participaram
da rebellião contra Urano. Quando Cronos tomou o poder, os aprisionou no tártaro.
Libertados por Zeus, lutaram contra as titãs. Com a habilidade de arremeçar cem pedras de
uma vez venceram os titãs. Briareus era guarda-costas de Zeus.
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Titanidas
Téia, Réia, Têmis, Mnemôsine, Febe e Téis.
Urano
Na mitologia grega, a figura imponente de Urano, personificação do céu, encarnava
o impulso fecundante primário da natureza.
Urano é o deus do firmamento na mitologia grega. Segundo a Teogonia, de Hesíodo,
Urano foi gerado por Gaia (a Terra), nascida do Caos original e mãe também das
Montanhas e do Mar. Da posterior união de Gaia com Urano, nasceram os Titãs, os
Ciclopes e os Hecatonquiros.
Por odiar os filhos, Urano encerrava-os no corpo de Gaia, que lhes pediu que a
vingassem. Só Cronos, um dos Titãs, lhe atendeu. Com uma foice, castrou Urano quando
este se uniu a Gaia. Das gotas de sangue que caíram sobre ela nasceram as Erínias, os
Gigantes e as Melíades (ninfas dos freixos). Os testículos decepados flutuaram no mar e
formaram uma espuma branca, de que nasceu Afrodite, a deusa do amor. Com seu ato,
Cronos separara o céu da Terra e permitira que o mundo adquirisse uma forma ordenada.
Na Grécia clássica não havia culto a Urano. Este fato, aliado a outros elementos da
narrativa, sugere uma origem pré-grega. O uso da harpe indica fonte oriental e a história
apresenta semelhança com o mito hitita de Kumarbi. Em Roma, Urano foi identificado
com o deus Céu.
Capítulo 10
Mitologia X Astrologia
No passado, atribuiu-se a cada planeta uma relação específica com um determinado
signo signo do Zodíaco. A tabela que se seguia, não apresentava complicações, já que o
Sol e a Lua eram regentes de um signo, cada um e os outros planetas regiam dois signos
cada um. O primeiro dos três planetas modernos em ser descoberto, foi Urano, em 1791
por William Herschel. A sua influência foi notada gradualmente pelos astrólogos. Depois
de várias controvérsias, aceitou-se que influência destrutiva de Urano e as mudanças
súbitas estão relacionadas com Aquário. Netuno, descoberto em 1846, acabou por ser
associado ao inconstante signo de Peixes. E, Plutão descoberto nos Estados Unidos em
fevereiro de 1930, ficou associado a Escorpião. Os planetas podem estar em “detrimento”,
em “exaltação” ou em queda, se situam nos signos que tradicionalmente conferem estas
qualidades. Mas pode acontecer que numa carta natal, nenhum planeta esteja nestas
posições. Quando um planeta está em “exaltação”, significa que está bem situado e que
favorece o indivíduo e os seus efeitos são positivos. Se o planeta está em “detrimento”,
isso significa que está mal situado e que a sua influência é menor, o que também acontece
se o planeta estiver em queda.
54
O SOL – No século V a. C., Apolo, filho de Zeus, foi associado com a força, a luz e a
pureza do Sol. A serpente que matou, representa o frio do inverno, que desaparece ante a o
seu brilho resplandecente. Regia as estações, era o deus da agricultura, guardador de
rebanhos. Belo, simboliza o Homem, na sua forma mais elevada.
A LUA – Em regra geral a Lua era considerada feminina, mesmo quando os albanos e os
frígios, a consideraram masculina e governada por um sacerdote. Foi associada com a
castidade, a virgindade e com a maternidade. Não lhe foi erigido nenhum templo na Grécia
antiga, mas sim dois, em Roma.
MERCÚRIO – Hermes grego, mensageiro dos deuses, foi associado com o comércio cerca
do ano 495 a . C. E, pouco a pouco começou o seu culto pelos comerciantes e estendeu-se
por várias cidades.
VÉNUS – Deusa romana da beleza e do crescimento da natureza, foi depois associada com
Afrodite, deusa grega do amor, adorada com rituais que chegavam a ser repugnantes. Regia
a sexualidade, a fertilidade e eventualmente a vida familiar, apesar de que ela, na sua
juventude, não tivesse demonstrado respeito pela família.
MARTE – É essencialmente um deus romano, mas é associado com o deus grego da
guerra, Aries. O principal centro de culto foi Roma, onde existiam dois templos, um dos
quais no campo de treino militar, porque era o deus da guerra e , outro, onde se guardavam
as suas lanças.
JÚPITER – É o deus romano mais importante, Zeus na mitologia grega. Tradicionalmente
possuía todos os lugares que atingisse o seu raio; protegia as colheitas de uvas e estava
relacionado com os juramentos, os tratados e as cerimônias matrimoniais mais antigas. É o
símbolo da figura paterna e, em quase todas as cidades romanas existia um templo em sua
honra. Os raios atingiam a Terra, vindos diretamente dele e eram considerados os símbolos
da sua majestade.
SATURNO – As mais divertidas festas romanas eram celebradas em honra de Saturno e
eram o equivalente à celebração ocidental do Natal, que sofreu esta influência. Trocavamse presentes, libertavam-se prisioneiros e os escravos eram servidos pelos seus donos.
Saturno foi tradicionalmente considerado filho de Urano, que depois de castrar o pai, se
converteu no senhor supremo da Terra, governando numa era dourada de amor e inocência.
URANO – No princípio dos tempos, a Mãe Terra deu à luz Urano (o Céu) que mais tarde
foi o progenitor incestuoso da espécie humana. Entre os seus filhos, os Titãs, estava
Cronos, conhecido como Saturno. Supõe-se que o mito de Urano é pré- helénico,
provavelmente hitita. É geralmente representado por um velho desconcertado.
NETUNO – Originalmente foi um deus itálico das águas doces e no século IV a.C. foi
associado a Poseidon e conhecido a partir desse momento como o deus dos mares. Com o
tridente podia mandar na água dos oceanos e também era o deus dos navegantes e protector
55
de todos os que viajavam por mar. As neptunálias celebravam-se a 23 de julho, para pedir a
sua ajuda.
PLUTÃO – Plutão é um dos muitos nomes por que é conhecido Hades, deus do mundo
subterrâneo. Filho de Cronos, participou com os seus irmãos num sorteio para dividir o
Universo e ficou com a pior parte. Sem piedade, deus dos mortos, enfeita- se com ciprestes
e narcisos e não se comove perante os sacrifícios. Possui a chave do mundo subterrâneo
onde reina com a sua esposa, Proserpina. Era adorado como aquele que dá a riqueza.
56
IV
As artes gregas
Capítulo 11
A literatura
O poeta e crítico literário Ezra Pound (1885/1972) escreveu, certa vez, que literatura
é "linguagem carregada de significado" e "novidade que permanece novidade". As mais
importantes obras gregas indubitavelmente se ajustam com perfeição a esses conceitos: sua
estética tem sido admirada e imitada há quase três mil anos e podem ser lidas e relidas
várias vezes sem perda de interesse.
A literatura grega é a mais antiga da Europa e abrange um longo período de quase
doze séculos (de -750 a 400, mais ou menos, sem contar a produção do Período Bizantino).
Infelizmente, porém, a maior parte foi perdida em conseqüência do fim do Império
Romano e da quebra da unidade cultural do Mediterrâneo.
De cerca de 400 peças de teatro conhecidas, por exemplo, para citar apenas as
representadas em Atenas, conhecemos somente 45; de toda a poesia lírica, restam apenas
alguns poucos fragmentos. Em outros gêneros literários a dimensão da perda é ainda
maior, e há apenas um consolo: praticamente tudo o que restou é de primeira qualidade.
Destaca-se Ilíada e Odisséia de Homero. E entre os poetas, sobressaem-se Ésquilo,
Sóflocos e Eurípedes.
Capítulo 12
A arte
A arte grega era religiosa. Os principais monumentos eram templos e as esculturas,
em sua maioria, representavam deuses. Suas marcas eram a harmonia, a simplicidade, o
equilíbrio e uma decoração perfeitamente adaptada ao conjunto. Os trabalhos produzidos
57
em ateliê, tinham caráter coletivo. O século de Péricles assinala o apogeu com os
monumentos da Acrópole e as obras primas de Fídias; com a cerâmica e seus vasos,
cobertos de cenas expressivas.
Os gregos construíam os templos com blocos de pedras talhadas, de tal modo
ajustados que dispensavam argamassa. Tinha tres partes: vestíbulo, sala do deus (nau) e
tesouro.
Os gregos se esmeraram na Acrópole, um de seus monumentos mais belos. Péricles
e Fídias reconstruíram o templo que os persas tinham destruído. Fídias esculpiu: Atena
Promachos, Erectéion e Cariátides.
Capítulo 13
Ilíada
Segundo relata Homero na Ilíada, a Guerra de Tróia teve inicio quando o troiano
Paris raptou e levou para Tróia a espartana Helena, esposa do rei Menelau, a qual estava
em Creta participando dos funerais do avô. Enfurecido, Menelau pediu ajuda a outras
cidades gregas para atacar Tróia e libertar Helena. Conta Homero que os gregos
organizaram uma frota com mais de mil navios. Depois de dez anos de guerra, que incluiu
um longo cerco, a cidade foi conquistada e destruída.
Até cem anos atrás muitos não acreditavam na existência de Tróia, mas diversas
descobertas arqueológicas comprovaram sua localização no litoral da Ásia Menor. Porém
debate-se ainda se realmente houve a guerra. No período que teria ocorrido o conflito
(século XII ou X a.C.), Troia era uma pequena cidade- insignificante do ponto econômicoe os gregos dificilmente moveriam dez anos de guerra se não pudessem saquear metais
preciosos e capturar escravos que pagassem os gastos de um conflito tão longo; além disso,
os gregos não possuíam capacidade militar e recursos financeiros suficientes para manter
longe de casa milhares de soldados por tanto tempo.
58
Conclusão
A Grécia está ate hoje presente em nossos dias. Desde a arquitetura, passando pela
arte, a religião, a literatura, o teatro, a filosofia e a política. Eles implantaram a cultura de
trigo, da oliveira, da vinha e da cevada, o sistema de medidas, a semana de sete dias e a
astrologia. Eram extremamente ligados a estética, cultuavam os corpos e gostavam de
esportes. Profundamente ligados a religião, criaram a Mitologia Grega que até hoje é
referencia para a astrologia. Teve como uma das coisas mais importantes a criação do
termo democracia que hoje em dia é exigido por todos.
59
Referências Bibliográficas
VILLA, Marco Antônio. História Geral. 1ª edição. São Paulo: Ed. Moderna, 2001
ARRUDA, José Jobson. Toda a História. 4ª edição. São Paulo: Ed. Ática, 1995
TOTA, Antônio Pedro. História Geral. São Paulo: Nova Cultura, 1994
BALDRY, H. C.. A Grécia Antiga: cultura e vida (trad. M. Matos e Lemos), Lisboa:
Verbo, 1969
ROBERT, F.. A Literatura Grega (trad. G. C. Cardoso de Souza), São Paulo: Martins
Fontes, 1987
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