1 ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL História 1º Bimestre de 2012 Professora: Carolina Turmas: 1AM, 1BM, 1 CM, 1DM, 1EM Texto 1 FEUDALISMO CAPITALISMO A produção tende a ser de subsistência. Grande produção de excedentes, voltada para o mercado A principal propriedade é imóvel : a terra, o feudo. O senhor feudal a domina, por isso pode cobrar tributos dos servos. Mas não investe praticamente nada. A principal propriedade é a do capital. Investido em empresas, bancos e comércio, resulta em lucros para o burguês. O trabalho é livre. Como não possui terras, O servo tem o usufruto da terra, mas não é livre : máquinas e outros bens, é forçado (para não morrer desempregado) a vender sua força de está submetido às obrigações feudais. Pode ser proprietário de alguns instrumentos de trabalho. trabalho (capacidade de trabalhar) em troca de salário Coação política : o servo se submete Coação econômica: o empregado se submete por principalmente porque o senhor feudal conta com que não tem condições de trabalhar por conta própria a força das armas e da igreja . Produção com o objetivo de sustentar o domínio Produção com o objetivo de ampliar os lucros e o domínio da burguesia dos senhores feudais. Senhores feudais X servos. Burguesia X Trabalhadores assalariados A crise do século XIV produziu o expansionismo do século XV. Para superar os problemas gerados pela crise, como falta de terras para cultivar, a regressão demográfica e o esgotamento dos estoques de ouro e prata, os europeus se lançaram aos descobrimentos marítimos" 2 ESCOLA ESTADUAL MAURICIO MURGEL PROFESSORA: Carolina HISTÓRIA 1° Bimestre de 2012 Turmas: 1AM, 1BM, 1CM, 1DM, 1EM Texto 2 CAPITALISMO MERCANTIL E O ABSOLUTISMO: O REI E O CAPITAL. Nos séculos XII a XV, diversas alterações puderam ser vistas na Europa Ocidental. O poder dos senhores feudais e o poder universal da Igreja foram superados pela centralização política monárquica e o conseqüente fortalecimento do poder real. Esta centralização, ou, como é normalmente conhecida, a formação dos Estados Nacionais, acelera-se bastante a partir da crise do século XIV, quando a nobreza, atemorizada pelas revoltas camponesas, compreende que é necessário uma mudança na forma de seu poder, para que ela possa continuar a ser o grupo socialmente dominante. Paralelamente, a unificação política agrada também à nascente burguesia, visto que abre espaço para a unificação do sistema de pesos e medidas, da moeda, o que proporciona facilidades para a atividade comercial. É importante salientar que o surgimento dos Estados Nacionais não significou, em absoluto, a liquidação do Modo de Produção Feudal, uma vez que as relações sociais de produção permaneceram essencialmente feudais. O que caracterizava os novos Estados Nacionais era a centralização do poder político, obtida graças à unificação dos sistemas legais; do surgimento de uma burocracia; da formação de um exército comandado pelo rei; do enfraquecimento da justiça senhorial, em detrimento da justiça real; da arrecadação de impostos agora devidos ao rei; da unificação monetária, da eliminação da autonomia das cidades. Tal processo, não ocorreu ao mesmo tempo e do mesmo modo em todos os lugares. Algumas regiões da Europa sequer conseguiram completar o processo de unificação nessa época: é o caso da Alemanha e da Itália, que apenas o realizam no século XIX. O poder monárquico torna-se absoluto. O Absolutismo é o sistema de governo no qual o poder é concentrado nas mãos do monarca, característico dos regimes da maioria dos Estados europeus entre os séculos XVII e XVIII. Normalmente, os governantes possuem sólida base de apoio social, sem o que dificilmente poderiam governar. A Nobreza e o Alto Clero são os grupos sociais que asseguram o apoio ao rei; são também eles o grupo de pressão e que contribuem para limitar o poder real em determinados aspectos. A Reforma Protestante, do século XVI, também colabora para o fortalecimento da autoridade do rei, pois enfraquece o poder papal e coloca as igrejas nacionais sobre o controle do soberano. Com a evolução das leis, com base no estudo do direito romano, surgem teorias que justificam o absolutismo, como as de Nicolau Maquiavel ( 1469-1527); Jean Bodin (1530-1595); Thomas Hobbes ( 1588-1679). O Estado absolutista típico é a França de Luís XIV (1638-1715). Conhecido como o “Rei Sol”, a ele é atribuída a frase que se torna o emblema do poder absoluto: “O Estado sou eu”. Na França, o absolutismo é derrubado com a Revolução Francesa (17890. Os REIS controlam: a administração do Estado, formam exércitos permanentes, dominam a padronização monetária e fiscal, estabelecem fronteiras territoriais, intervém na economia nacional, criam uma organização judiciária nacional, a Justiça real. Com o crescimento comercial. A BURGUESIA tem interesse em disputar o domínio político com os nobres e apóia a concentração do poder. 3 CAPITALISMO é o Sistema econômico que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção, pelo trabalho livre assalariado e pela acumulação de capital. Na Europa, essas características aparecem desde Idade Média,do século XI ao XV, com a transferência do centro da vida econômica, social e política dos feudos para as cidades. Nas regiões mais desenvolvidas como Itália e Holanda, já havia bancos, letras de câmbio, intensa atividade de comércio e divisão de trabalho. Na Idade Moderna, do século XV ao XVIII, os reis absolutistas expandem o comércio por meio do MERCANTILISMO, política econômica desenvolvida pelos Estados europeus, baseada no absolutismo estatal e na propriedade privada. Corresponde á transição do feudalismo para o capitalismo, portanto á era de acumulação do capital. Caracteriza-se pela interferência do governo na economia, na acumulação de metais preciosos, na balança de comércio favorável (menos importação, mais exportação). Com a formação das monarquias nacionais surge o desejo das nações de se tornarem potências, apoiadas pela burguesia. Nessa época, a riqueza é determinada pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que se possui. Para controlar a riqueza e a economia, os ESTADOS utilizam-se de barreiras alfandegárias, tarifas de comércio, incentivo às empresas privadas, controle da produção interna e promoção de atividades comerciais. A criação de companhias de comércio para a exploração colonial também é um elemento da política mercantilista. São companhias privadas nas quais se associam governo e empresas comerciais para ampliar e defender, inclusive militarmente, os negócios nos territórios então descobertos. Um exemplo é a Companhia das Índias Ocidentais , cujo objetivo era garantir à Holanda, o mercado fornecedor de açúcar. O Estado controla a economia e busca colônias para incentivar o enriquecimento das metrópoles. Esse enriquecimento favorece a burguesia. A expansão marítima que produziu o fortalecimento dos Estados Nacionais, produziu também o desenvolvimento do tráfico de escravos para da África para a América; o extermínio de centenas de tribos indígenas americanas; a europeização das áreas conquistadas, devido à imposição dos valores culturais e religiosos europeus. 01. 02. 03. 04. 05. 06. Atividades do texto 2 Que alterações ocorreram na Europa ocidental entre os séculos XII e XV? Como se deu a centralização monárquica? Com o surgimento dos Estados Nacionais, o modo de produção feudal desapareceu na Europa? Explique. O que caracteriza os novos Estados Nacionais? O que é Absolutismo monárquico? Qual a importância dele para os Estados Nacionais modernos? Qual o principal objetivo da burguesia nessa fase de transição do feudalismo para o capitalismo? 4 1º Bimestre /2012 ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL Profª: Carolina Turmas: 1AM, 1BM, 1CM, 1DM, 1EM Texto 3 O Renascimento Cultural A intensificação do comércio e da produção artesanal resultou no desenvolvimento das cidades, no surgimento de uma nova classe social a burguesia e na posterior formação das monarquias nacionais. Estas transformações vieram acompanhadas de uma nova visão de mundo, que se manifestou na arte e na cultura de maneira de geral. A cultura medieval se caracterizava pela religiosidade. A Igreja Católica, como vimos, controlava as manifestações culturais e dava uma interpretação religiosa para os fenômenos da natureza, da sociedade e da economia. A esta cultura deu-se o nome de teocêntrica (Deus no centro). A miséria, as tempestades, as pragas, as enchentes, as doenças e as más colheitas eram vistas como castigos de Deus. Assim como a riqueza, a saúde, as boas colheitas, o tempo bom, a fortuna eram bênçãos divinas. A própria posição que o indivíduo ocupava na sociedade (nobre, clérigo ou servo) tinha uma explicação religiosa. A arte medieval, feita normalmente no interior das Igrejas, espelhava esta mentalidade. Pinturas e esculturas não tinham preocupações estéticas e sim pedagógicas: mostrar a miséria do mundo e a grandiosidade de Deus. As figuras eram rústicas, desproporcionais e acanhadas. Os quadros não tinham perspectiva. Como as obras de arte eram de autoria coletiva, o artista medieval é anônimo. A literatura medieval era composta de textos teológicos, biografias de santos e histórias de cavalaria. Essa visão de mundo não combinava com a experiência burguesa. Essa nova classe devia a sua posição social e econômica ao seu próprio esforço e não à vontade divina, como o nobre. O sucesso nos negócios dependia da observação, do raciocínio e do cálculo. Características que se opunham às explicações sobrenaturais, próprias da mentalidade medieval. Queria usufruir na terra o resultado de seus esforços. E também claro que o comerciante burguês era essencialmente individualista. Quase sempre, o seu lucro implicava que outros tivessem prejuízo. A visão de mundo da burguesia estará sintonizada com a renovação cultural ocorrida nos fins da Idade Média e no começo da Idade Moderna. A essa renovação denominamos Renascimento. Características do Renascimento Cultural O Renascimento significou uma nova arte, o advento do pensamento científico e uma nova literatura. Nelas estão presentes as seguintes características: antropocentrismo (o homem no centro): valorização do homem como ser racional. Para os renascentistas o homem era visto como a mais bela e perfeita obra da natureza. Tem capacidade criadora e pode explicar os fenômenos à sua volta. otimismo: os renascentistas acreditavam no progresso e na capacidade do homem de resolver problemas. Por essa razão apreciavam a beleza do mundo e tentavam captá-la em suas obras de arte. racionalismo: tentativa de descobrir pela observação e pela experiência as leis que governam o mundo. A razão humana é a base do conhecimento. Isto se contrapunha ao conhecimento baseado na autoridade, na tradição e na inspiração de origem divina que marcou a cultura medieval. humanismo: o humanista era o indivíduo que traduzia e estudava os textos antigos, principalmente gregos e romanos. Foi dessa inspiração clássica que nasceu a valorização do ser humano. Uma das características desses humanistas era a não especialização. Seus conhecimentos eram abrangentes. hedonismo: valorização dos prazeres sensoriais. Esta visão se opunha à idéia medieval de associar o pecado aos bens e prazeres materiais. individualismo: a afirmação do artista como criador individual da obra de arte se deu no Renascimento. 5 inspiração na antiguidade clássica: os artistas renascentistas procuraram imitar a estética dos antigos gregos e romanos. O próprio termo Renascimento foi cunhado pelos contemporâneos do movimento, que pretendiam estar fazendo renascer aquela cultura, desaparecida durante a “Idade das Trevas” (Média). Itália: o Berço do Renascimento: O Renascimento teve início e atingiu o seu maior brilho na Itália. Daí irradiou-se para outras partes da Europa. O pioneirismo italiano se explica por diversos fatores: a vida urbana e as atividades comerciais, mesmo durante a Idade Média, sempre foram mais intensas na Itália do que no resto da Europa. Como vimos, o Renascimento está ligado à vida urbana e à burguesia. Basta lembrar que Veneza e Gênova foram duas importantes cidades portuárias italianas, ambas com uma poderosa classe de ricos mercadores. a Itália foi o centro do Império Romano e por isso tinha mais presente a memória da cultura clássica. Como vimos, o Renascimento inspirou-se na cultura greco-romana. o contato com árabes e bizantinos, por meio do comércio, deu condições para que os italianos tivessem acesso às obras clássicas preservadas por esses povos. Quando Constantinopla foi conquistada pelos turcos, em 1453, vários sábios bizantinos fugiram para Itália levando manuscritos e obras de arte. O grande acúmulo de riquezas obtidas no comércio com o Oriente, formou uma poderosa classe de ricos mercadores, banqueiros e poderosos senhores. Esse grupo representava um mercado para as obras de arte, estimulando a produção intelectual. Muitos pensadores, pintores, escultores e arquitetos se tomaram protegidos dessa poderosa classe. À essa prática de proteger artistas e pensadores deu-se o nome de mecenato. Entre os principais mecenas podermos destacar os papas Alexandre II, Júlio II e Leão X. Também ricos mercadores e políticos foram importantes mecenas, como, por exemplo, a família Médici. Atividades do texto 3 I. Os séculos XV e XVI foram marcados pelo auge do Renascimento Cultural na Itália. Esse movimento cultural teve por características: 01. inspiração crítica nos valores e ideais da Antigüidade Clássica. 02. defesa de uma reforma educacional, valorizando o estudo das "humanidades". 04. descrença em relação às potencialidades da ciência e da razão. 08. interpretação da vida baseada em uma visão antropocêntrica do mundo. 16. valorização dos ideais místicos e geocêntricos da"Idade das Trevas". Soma ( II. ) A estátua de David, hoje exposta na Academia de Florença, na Itália, é considerada uma das maiores obras da arte universal e um símbolo do Renascimento. O Renascimento é considerado por muitos historiadores um marco da "grande mutação intelectual do Ocidente" ocorrida nos séculos a) XV Analise três características e básicas deste XVI. movimento artístico. b) Cite outras três obras importantes produzidas pelo Renascimento, localizando seus autores e o país em que foram produzidas. III. O Renascimento marcou o início da Idade Moderna. Indique e comente duas características fundamentais do Renascimento. IV. A revolução cultural renascentista expressa um conjunto de mutações históricas. Esclareça a importância das cidades e dos mecenas para o Renascimento na Itália. 6 1º Bimestre /2012 ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL História Profª: Carolina Turmas: 1AM, 1BM, 1CM, 1DM, 1EM Texto 4 Reforma Protestante e Contra-Reforma “Só a Fé Salva” – Martinho Lutero “Deus criou vasos para a salvação e vasos para a danação eterna. Se a Mão de Deus estiver sobre a tua cabeça tu será beneficiado aqui na terra com muita saúde e prosperidade. Por este indício compreenderás que estás predestinado à salvação” – João Calvino O desenvolvimento do comércio e a conseqüente ampliação do poder político e econômico da burguesia tornavam anacrônico o discurso da Igreja Católica Romana, que pregava “ser mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” por um lado e, por outro, vender indulgências e ficar com parte do lucro auferido “pecaminosamente” daquele ponto de vista. A Igreja Católica Romana tinha uma pregação – a cobiça, fundamentalmente, era condenada pela Igreja! – e uma prática diferente de seu discurso. Por outro lado ao burguês que enriquecera comprando barato (ou saqueando) e vendendo com largo lucro, além de cobrar juros, não era interessante: Com isto, no Renascimento está formado o caldo de cultura necessário ao surgimento do protestantismo. Dentro do Individualismo, um dos principais valores renascentistas, o protestante conversa diretamente com Deus; não encomenda a um padre uma missa pedindo a um santo que interceda a Deus por ele numa hierarquia que já não lhe diz respeito. O burguês conversa direta e individualmente com Deus. O Início da Reforma – Lutero Tradicionalmente diz-se que a Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero, monge agostiniano alemão (1483 – 1546), cujo pensamento sofreu profunda influência de São Paulo de Tarso. Numa Epístola de Paulo aos Romanos encontrou a “chave” para consolidar uma idéia nova de salvação: “O justo viverá pela fé.”E “não são as obras, mas é a fé que conduz à salvação”. Não importa como você aja no mundo. Se a sua fé for “do tamanho de uma raiz de mostarda” você está no caminho da salvação, não importa o que faça. Desprezando olimpicamente os vários trechos bíblicos que rezam: “o que é a fé sem as obras?”; “A fé sem as obras é morta!” e “Mostra-me a tua fé sem as obras que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé!” Lutero criou um novo sistema religioso abrindo um cisma com a Igreja Católica Romana. Em 1517 afixou na Abadia de Wittenberg suas famosas "95 Teses Contra a Venda de Indulgências", sendo excomungado e correndo o risco de, a exemplo de Jan Hus e Thomas Münzer, ser martirizado pela Igreja. A diferença é que estes dois, com profunda sinceridade de coração, desejavam voltar ao princípio da fé cristã, em grande medida desvirtuada pela Igreja, mas para tanto aliaram-se aos pobres, aos desvalidos e deserdados da sociedade. Já Lutero, espertamente, aliou-se aos príncipes interessados, como se disse, em apoderar-se das terras da Igreja. Lutero encontrou terreno fértil à sua pregação nas regiões em que era interessante aos nobres se apoderarem das terras da Igreja Católica. Aliando-se aos príncipes, conseguiu principalmente o apoio do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico Carlos V, que convocou a “Dieta de Worms” em 1521. As doutrinas luteranas causaram grande agitação, principalmente sua idéia subversiva de confiscar os bens da Igreja. Na Dieta de Augsburgo, convocada pelo Imperador Carlos V em 1530, estabeleceram-se as bases fundamentais da nova religião luterana. Ficava abolido o celibato ao clero protestante; proibido o culto a “imagens de escultura e a Virgem Maria”; proclamava a Bíblia e sua interpretação subjetiva do leitor como 7 autoridade, renegando os dogmas de Roma, entre outras medidas. Basicamente, a doutrina luterana divergia do catolicismo nos seguintes pontos: Livre-exame. O crente teria direito de ler a bíblia e tirar suas próprias conclusões. Desta forma, Lutero negava à Igreja o direito de ser a intérprete da palavra divina. Salvação pela fé. Com base em São Paulo, Lutero afirmava que o homem está destinado a pecar. Para São Paulo o homem não é capaz de fazer o bem que quer mas faz o mal que não quer. Assim não se salvará pelas obras, mas sim pelo arrependimento e pela fé. Condenação do celibato. Para Lutero não havia fundamento bíblico para o celibato do clero. Sendo assim, os ministros da Igreja deveriam se casar. Condenação da veneração ou culto aos santos. A veneração e culto deveriam ser prestados somente a Deus. As imagens que enchiam as Igrejas católicas eram vistas por Lutero como pura idolatria. Negação do dogma da transubstanciação. O vinho e o pão não se transformariam no sangue e no corpo de Cristo. A comunhão seria apenas uma reafirmação da fé na ressurreição de Cristo e na sua promessa de resgatar os pecados. Negação da infalibilidade papal. Para Lutero os papas estavam sujeitos ao erro como qualquer ser humano. Aprofundando a reforma – Calvino Uma das principais conseqüências do cisma provocado por Lutero no seio da cristandade foi a difusão de suas idéias como um rastilho de pólvora por toda a Europa Central, onde se concentravam os burgueses enriquecidos e os príncipes interessados no confisco dos bens da Igreja. A Reforma foi aprofundada por alguns de seus seguidores, com particular ênfase a João Calvino (1509 – 1564) que dinamizou o movimento protestante através de novos princípios, como o da predestinação absoluta, que enfatizava o quanto uma pessoa estava “sendo abençoada por Deus” uma vez enriquecesse e o quanto estava predestinada à danação eterna uma vez pobre, doente e miserável. Pense: se você fosse um burguês enriquecido preferiria a pregação de um sacerdote católico a acusá-lo de desonestidade, heresia por haver enriquecido através da prática condenável do lucro e da usura ou a pregação de um sacerdote protestante a informar que a sua riqueza é um sinal de que está predestinado para a salvação eterna? Não é de admirar que os países mais prósperos do mundo capitalista professem a fé protestante em seus mais diversos matizes. Um caso singular – Henrique VIII e a Reforma Anglicana Vários pregadores e potentados ingleses estavam ansiosos para aderir também à Reforma e, com isso, confiscar terras da Igreja a exemplo do que havia ocorrido em boa parte da Europa continental. O rei inglês Henrique VIII (1509 – 1547), contudo, era muito devoto e recebeu uma comenda do papa Clemente VII: “Defensor Perpétuo da Fé Católica”. De repente, paixão avassaladora muda os rumos da situação: casado por interesse com Catarina de Aragão, Henrique VIII apaixona-se cegamente por Ana Bolena e solicitou ao papa a anulação de seu casamento para que pudesse contrair novas núpcias. Diante da resposta do papa “o que Deus uniu o homem não separará” e da pressão dos príncipes e pregadores ingleses, pelo Ato de Supremacia proclamado pelo rei e votado pelo Parlamento inglês, a Igreja, na Inglaterra, ficava sob total autoridade do monarca. Inicialmente o anglicanismo manteve todas as características da Igreja Católica Romana, excetuando-se o direito ao divórcio (de interesse do rei!) e a obediência à infalibilidade do papa. Com o passar dos anos a Igreja Anglicana agrega muitos dos valores do Calvinismo, afastando imagens de escultura, fazendo uma leitura singular da Bíblia, etc. 8 Reação da Igreja Católica Romana – a Contra Reforma Convocando o Concílio de Trento (1545 – 1563), a Igreja Católica estabeleceu um conjunto de medidas defensivas e ofensivas. A fim de impedir a contaminação pelo protestantismo dos países ainda não atingidos, criou um Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos), dentre os quais encabeçavam as obras de Lutero, Calvino, etc. Reativou o Tribunal da Santa Inquisição, com a finalidade de reprimir heresias. Criou o catecismo, catequese e os seminários com vistas a discutir e persuadir os fiéis reconquistando o terreno perdido. Além disso, receberam incentivo as novas Ordens de pregadores apostólicos romanos com vistas a “levar a fé católica ao “Novo Mundo”. Neste contexto surge a Companhia de Jesus, de Inácio de Loyola, subordinada diretamente ao papa e que levava sua pregação ao continente americano e até à Ásia. Também os dominicanos (domini = do Senhor; cani = cães), portanto caninamente obedientes e devotados a propagar a fé católica. A relembrar ainda a coincidência entre o protestantismo e o capitalismo e, de outro lado, entre o catolicismo e o tradicionalismo. Os países mais prósperos, do ponto de vista burguês, capitalista, seguem todos majoritariamente a fé protestante em seus diversos matizes: EUA, Inglaterra, Suíça, Holanda, Alemanha, Suécia... Por outro lado, aqueles ligados ao catolicismo e à ética do amor ao próximo, que não foram profundamente tocados pelo protestantismo, seguem subdesenvolvidos do ponto de vista capitalista – casos dos países Ibéricos e da América Latina, por exemplo. Atividades do texto 4 1. Segundo Calvino, o homem já nasce predestinado à salvação ou condenação eternas, e um dos sinais da salvação é a riqueza acumulada através do trabalho. Estabeleça a relação entre a expansão da doutrina calvinista e o fortalecimento do capitalismo no século XVI. 2. Em um dicionário histórico, encontramos a seguinte definição: "Contra-reforma - O termo abrange tanto a ofensiva ideológica contra o protestantismo quanto os movimentos de Reforma e reorganização da Igreja Católica, a partir de meados do século XVI." (DICIONÁRIO DO RENASCIMENTO ITALIANO, Zahar Editores, 1988) Dê duas das principais características da Contra-reforma e analise-as. 3. Embora a origem da Reforma de Lutero se deva a uma experiência pessoal, ela refletiu, na verdade, o estado de espírito comum a muitos seguidores da Igreja Romana. De fato, a iniciativa da livre interpretação da Bíblia deve ser compreendida como mais uma das muitas manifestações típicas do individualismo do homem renascentista." (Carmem Peris, Glória Vergés e Oriol Vérges, EL RENACIMIENTO.) a) Quais foram as relações culturais da Reforma Protestante com o Renascimento? b) Por que a livre interpretação da Bíblia era criticada pelo alto clero medieval? 4. Com relação à Reforma Protestante pode-se afirmar (Marque V ou F) ( ) a doutrina calvinista, exaltando o trabalho e desprezando o lazer e o luxo, foi a grande alavanca na direção do capitalismo; ( ) tanto Frei Martinho Lutero como o monge dominicano Tetzel defendiam as indulgências papais como forma de perdão dos pecados na Terra e no céu; ( ) o parlamento inglês apoiou Henrique VIII no rompimento com a Igreja de Roma e aprovou, em 1534, o Ato de Supremacia que mantinha a Igreja da Inglaterra sob a autoridade do Rei, surgindo a Igreja Nacional Anglicana independente de Roma; ( ) com o objetivo de evitar a expansão da Reforma, a Igreja Católica reagiu com o movimento da Contra-Reforma; ( ) o movimento reformista na Alemanha funcionou como um fator de unidade nacional, provocando a unidade dos estados do Sul com os estados do Norte.