RESUMO Torga, K. S. 2005. Avifauna e gradiente urbano na cidade de Uberlândia, MG, Brasil. Dissertação de Mestrado em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia-MG: 80p. A existência de um gradiente urbano pode influenciar na distribuição da avifauna local. Os objetivos deste trabalho foram: 1. estabelecer padrões de distribuição (espacial e temporal) da avifauna numa seção da área urbana de Uberlândia; 2. estimar a riqueza e a abundância das espécies encontradas na área de estudo; 3. determinar a existência de um gradiente urbano ao longo da área e 4. avaliar a influência de parâmetros ambientais sobre a distribuição da avifauna nesse gradiente. Foram estabelecidos nove transectos ao longo de três avenidas da cidade, dispostas paralelamente, que se prolongam desde a periferia até o centro. As avenidas foram divididas em três segmentos consecutivos (setores). O Setor 01 se constituiu na área mais periférica da cidade, enquanto o Setor 01 foi o mais central. As esquinas foram consideradas como pontos de observação. A avifauna foi investigada entre outubro de 2003 e agosto de 2004. As observações foram realizadas cerca de 30 minutos após o alvorecer, em sessões de oito minutos por ponto. Os registros das espécies foram visuais e/ou sonoros. O número de indivíduos foi estabelecido por meio do método de contagem por pontos. As espécies Columba livia, Notiochelidon cyanoleuca e Passer domesticus não foram contadas. As espécies registradas foram classificadas quanto à freqüência de ocorrência. Todos os dados foram analisados estatisticamente. Cada setor foi amostrado em três dias consecutivos por mês, perfazendo um total de 1.110 pontos (148 horas). Para a caracterização do gradiente urbano foi considerada a quantidade de casas, prédios, arborização urbana, postes e terrenos baldios presente nos pontos de observação, assim como a distância de cada ponto até o centro da cidade. Foram registradas 67 espécies de aves (11 ordens, 24 famílias e 59 gêneros). A estação chuvosa apresentou maior riqueza (59 espécies) e maior número de espécies exclusivas (n= 10). As espécies residentes (n= 42) e prováveis residentes (n= 14) representaram mais de 84% das aves registradas. A riqueza de espécies foi significativamente maior no Setor 01 (n= 61espécies), assim como o maior número de espécies residentes (59%). A maioria das espécies de aves (n= 34; 51,51%) ocorreu em todos os setores pesquisados. No total, foram registrados 9.777 indivíduos. As estações diferiram estatisticamente quanto ao número de indivíduos: 3.940 indivíduos na estação chuvosa e 5.837 indivíduos na estação seca. Dezoito espécies de aves foram classificadas como comuns (registradas em todos os meses e setores), representando 89,7% da abundância total. O número total de indivíduos variou estatisticamente nos três setores, sendo maior no Setor 02 (n= 3.346; 34,24%) e menor no Setor 03 (n= 3.142, 32,15%). O mesmo foi verificado para o índice de diversidade de Shannon - Setor 01: H’= 1,207 e Setor 03: H’= 0,8391. O Setor 01 apresentou o maior número de árvores ( X = 334±5,83) e de terrenos baldios ( X = 105,5±4,25 ). Já o setor 03 apresentou o maior número de prédios acima de 10 andares ( X = 12,75±1,23). A riqueza e a abundância mostraram relação significativa com a distância dos pontos até o centro. Entre os fatores ambientais investigados, aqueles que tiveram maior peso sobre a distribuição da avifauna foram os mesmos que demonstraram a existência do gradiente urbano: arborização urbana, terrenos baldios e prédios acima de 10 andares. Palavras-chave: Aves, Urbanização, Ecologia urbana, Ecossistema urbano.