O ESPAÇO URBANO O Trabalho no Campo e na Cidade Existe uma distinção tradicional entre o campo (espaço rural) e a cidade (espaço urbano). No campo, em geral predominam atividades primárias (extrativismo e agropecuária); na cidade, predominam atividades secundárias (indústrias) e terciárias (comércio e serviços). O espaço urbano e o espaço rural se complementam e dependem um do outro. A cidade produz bens secundários (tratores, caminhões, adubos, máquinas, etc.) e terciários (serviços de comércio, de hospitais, de bancos, de universidades, etc.) para o campo. O campo, por sua vez, produz alimentos e matérias-primas de que a cidade necessita. Não existe uma definição única para espaço urbano. Podemos dizer, no entanto, que as regiões urbanas têm como características comuns: grande concentração da população, predominância de atividades econômicas ligadas À indústria, comércio e serviços, presença de equipamentos públicos, como escolas, hospitais e centros de lazer. No Brasil, são consideradas cidades todas as sedes de município (locais onde existe uma prefeitura, não importando o tamanho nem a população). O espaço urbano As primeiras cidades surgiram há cerca de 10 mil anos, quando alguns grupos humanos aprenderam a cultivar plantas e domesticar animais. Nesse momento, grupos humanos que até então eram nômades se fixaram em certos lugares dando origem aos primeiros aglomerados urbanos. Durante muitos séculos, a maior parte das pessoas viveu e trabalhou no campo, cultivando a terra e criando animais. Com o tempo, algumas pessoas passaram a praticar outras atividades: artesãos fabricavam utensílios e roupas; soldados cuidavam da defesa do território; comerciantes vendiam produtos. Essas novas atividades se desenvolveram na cidade, um novo espaço geográfico que passou a reunir pessoas, moradias e outras construções, como igrejas, mercados, teatros, oficinas, palácios, etc. Urbanização e industrialização No século XIX, com a Revolução Industrial, a atividade industrial, concentrada nas cidades, passou a comandar a economia da sociedade moderna. A partir daí, desenvolveu-se um intenso processo de urbanização da sociedade humana. No período de 1800 a 1970, enquanto a população mundial aumentou quatro vezes, a população das cidades cresceu mais de 25 vezes. Com a grande concentração de pessoas nas cidades, surgiram inúmeras atividades para prestar serviços e oferecer produtos a essa população: escolas, bancos, lojas, hospitais, escritórios de contabilidade, de advocacia, teatros, restaurantes, etc. Tudo isso passou a atrair ainda mais gente para as cidades. À medida que o espaço urbano crescia com a industrialização, o espaço rural também se transformava. Novas técnicas agropecuárias fizeram aumentar a produtividade e o uso de máquinas na agricultura diminuiu a necessidade de mão-de-obra. Ao mesmo tempo, nas cidades, cresceu a necessidade de trabalhadores nas indústrias e nos serviços. Então, moradores do campo passaram a se deslocar para as cidades - o que ficou conhecido como migração rural-urbana. Quando a atividade industrial passa a comandar a economia de um país, este se torna um país urbano. Portanto, a industrialização de um país é sempre seguida da urbanização, ou seja, há uma diminuição da população rural em relação à população urbana. No Brasil, o processo de urbanização começou no século XX, com a industrialização. Em 1970, a população urbana brasileira, que correspondia a 56% do total, ultrapassou pela primeira vez a população rural (44%). Em 2000, ela já correspondia a 81,2% do total. A rede urbana e as metrópoles Algumas cidades se destacam pelas atividades econômicas e culturais que oferecem à população. As relações que essas cidades mantêm entre si formam a rede urbana. Esse sistema de relações obedece a uma ordem: as cidades menores dependem das maiores. A rede urbana envolve também os espaços rurais próximos, cujas atividades são exercidas de acordo com os interesses das cidades. Em uma rede urbana, o papel mais importante é exercido por uma grande cidade, com economia e vida cultural mais desenvolvidas e diversificadas que as demais. A grande cidade que lidera um conjunto de cidades – às vezes até todas as outras cidades de um país -- é chamada de metrópole. Em geral trata-se de uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, mas o principal critério para defini-Ia é a influência que ela exerce, e não apenas o número de pessoas que vivem nela. Essa capacidade de influenciar ou subordinar as demais cidades é chamada de polarização. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, influenciam a vida econômica e cultural de grande parte do Brasil. Cidades como Nova York, Londres, Paris e Tóquio exercem polarização sobre quase todo o mundo. Outro elemento importante na urbanização é a formação de gigantescas áreas super-urbanizadas: as megalópoles. Hoje, a principal megalópole do mundo é a que se estende de Tóquio a Osaka, na costa leste do Japão, que concentra mais de 60% da população e acima de 85% da produção industrial do país. Problemas urbanos De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU),em 2003 cerca de 48% dos habitantes do planeta residiam em cidades. Em 2007, pela primeira vez na história a população urbana deverá ultrapassar a rural. Ainda segundo a ONU,30% da população mundial que mora em cidades vive em absoluta pobreza. Entre 20 e 40 milhões de famílias não têm onde morar; mais de 900 milhões vivem em favelas. Outros problemas graves são a falta de emprego, a violência, o trânsito, a poluição, a alta produção de lixo. ATIVIDADES 1. Explique a divisão territorial tradicional entre o campo e a cidade. 2. Por que a Revolução Industrial é o ponto de partida do moderno processo de urbanização? 3. Justifique o papel da Revolução Industrial no aumento da população das cidades e na diminuição da população rural. 4. Classifique, na rede urbana brasileira, a cidade onde você mora: a) É uma metrópole (nacional ou regional)? b) É uma capital regional? c) Que cidade(s) polariza(m) a sua cidade? d) Que cidade(s) é(são) por ela polarizada(s)?