P-271 - O Mundo dos Imateriais - H. G. Ewers - CICLO 03

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O MUNDO DOS
IMATERIAIS
Autor
H. G. EWRS
Tradução
RICHARD PAUL NETO
Digitalização e Revisão
SKIRO
O agente do tempo Frasbur teve de revelar seu segredo —
e os mutantes de Perry Rhodan conseguiram, numa arriscada
ação-relâmpago, apoderar-se da estação do tempo instalada em
Tanos ou Pigell, o sexto planeta de Vega, conservando-a
praticamente intacta.
A estação do tempo transferiu-se, juntamente com a Crest
e seus tripulantes, do passado situado no ano 49.988 antes de
Cristo para o futuro relativo de quinhentos anos. mas nem por
isso há motivo para júbilo.
Com o salto através do tempo a Crest conseguiu livrar-se
dos seus perseguidores e em Vega VI pode ter uma razoável
certeza de não ser detectada por unidades lemurenses ou
halutenses. Mas um abismo de vários milênios continua
separando Perry Rhodan e seus companheiros do tempo real do
ano 2.404, no qual a humanidade do Império Solar aguarda
ansiosamente novas notícias da expedição de Andrômeda.
No sexto planeta do sistema Vega também há alguém
esperando. São os desconhecidos, que aguardam o momento de
dar seu golpe. Seu mundo é Pigell. Pigell, O Mundo dos
Imateriais...
=======
Personagens Principais:...= = = = = = =
Omar Hawk — Um ser adaptado ao ambiente, natural de
Oxtorne, que ocupa o posto de primeiro tenente das
patrulhas especiais da Segurança Galáctica.
Sherlock — O “cão de fila” de Omar Hawk.
Perry Rhodan — Administrador-Geral do Império Solar.
Atlan — Amigo e companheiro de luta de Perry Rhodan.
John Marshall — O chefe do Exército de Mutantes, que é
“interrogado”.
Tankan — Répteis condenados à extinção.
Sargento Murching — Primeira vítima das nuvens de fantasmas.
Ras Tschubai — Um teleportador que é teleportado.
Prólogo
A voz do chefe saiu dos alto-falantes e espalhou a notícia por todas as catacumbas.
“Todos os chefes de pesquisas comparecerão ao laboratório principal, para assistir à
primeira experiência conclusiva.”
Os exilados do tempo tiveram a atenção despertada. Os planetas tinham percorrido
inúmeras vezes suas órbitas desde o momento em que se conformaram com o papel de
seres encalhados no tempo, para dedicar-se a um único objetivo: a vingança!
Tinham destruído seu mundo e se enfiaram nas montanhas e cavernas do planeta
infernal, para desferir um golpe fulminante em seus inimigos mortais. O ódio acumulado
em várias gerações finalmente iria descarregar-se. Mas não eram impelidos somente pelo
ódio. Seus atos inspiravam-se também num sentimento de culpa gravado para sempre em
suas almas, porque sabiam que tinham preparado um destino horrível a outros seres
inteligentes, somente para que o mal lhes concedesse mais um prazo. Não adiantou.
Quando chegaram ao fim de seu caminho amargo, o orgulho e o sentimento de honra de
um grande povo voltaram a manifestar-se.
Viam-se diante de um inimigo muito mais poderoso que eles, de um inimigo que
controlava a energia dos sóis — e o tempo. Enquanto isso eles não possuíam nada além da
experiência e dos conhecimentos adquiridos — e uma capacidade genial e especializada
de instalar alguns laboratórios...
Os vultos escuros recuaram respeitosamente, quando os chefes das equipes
científicas, trajados de vermelho, abriram caminho entre a multidão. Ouviu-se um
murmúrio, que logo cessou. Por maior que fosse o nervosismo, ele não perturbaria a
disciplina fundada numa tradição milenar. A energia das culturas de bactérias que tinham
passado por um processo de mutação gerava uma débil luz amarela, que espalhava uma
penumbra indefinível pelos corredores e lançava compridas sombras cinzentas nas paredes
e nos tetos.
Trolok, o cientista-chefe e chefe dos banidos, esperou que os chefes dos diversos
grupos de pesquisas estivessem reunidos no grande recinto circular da cúpula subterrânea.
Só então subiu na tribuna.
As discussões travadas aos cochichos terminaram imediatamente.
Trolok levantou seu bastão, que emitia uma luminosidade vermelha.
— Dar vida, tecer vida, tecer ligações, desprezar o inimigo... — disse, pronunciando
uma fórmula antiqüíssima.
— Tudo se modifica! — responderam os subordinados.
Trolok enfiou o bastão radiante no estojo de chumbo que havia na tribuna. Por um
instante teve-se a impressão de que iria falar aos homens reunidos. Mas virou-se de repente
e subiu os poucos degraus que levavam ao projetor do hipermicroscópio. Deixou-se cair
pesadamente no assento arredondado. O capacete de controle reluzente desceu sobre o
crânio redondo, completamente calvo. Trolok pôs os doze dedos sobre o teclado de controle
do projetor.
Névoas começaram a agitar-se de repente sobre a grade luminosa branco-azulada do
projetor. Foram adquirindo contornos definidos e finalmente formaram uma imagem clara.
Uma planta pertencente à fauna do planeta estava sendo mostrada. Era uma vegetação
rasteira de cor verde-acinzentada. Em seqüência acelerada foram saindo da planta inúmeras
ramificações, caules branco-amarelados que engrossavam na extremidade superior — e
finalmente apareceram os botões de flores. E as pétalas violetas com um brilho aveludado
foram se abrindo...
De repente a imagem mudou.
Grande quantidade de células de duas espécies diferentes flutuaram acima da grade
de projeção. A voz saída do alto-falante dava as explicações. Mas os cientistas não
precisavam delas para compreender o fenômeno. Conheciam as células de multiplicação
da planta rasteira. E sabiam o que eram os pequeninos bastões de aspecto cristalino que
subitamente apareceram entre elas. Toda vez que um destes botões tocava uma célula
multiplicadora durante sua peregrinação, surgia um abaulamento nesta última.
A voz do chefe voltou a sair do alto-falante.
— Os senhores estão assistindo à experiência número sete mil quinhentos e oitenta e
um. Façam o favor de observar o abaulamento típico. É por ele que os filamentos DNS dos
vírus sintéticos penetram na parede da célula de multiplicação.
As células atingidas sofreram uma modificação. Dividiram-se que nem as outras, mas
as células da planta rasteira assim tocadas transformaram-se em outra coisa.
— Nesta experiência conseguimos pela primeira vez influenciar as células desta
planta por meio de vírus sintéticos — explicou Trolok. — As células “infectadas” vêem
nos filamentos DNS do vírus um modelo estrutural e dali em diante durante o processo de
divisão só reproduzem as células que correspondam a este modelo.
A imagem mudou de novo.
Um gigantesco campo experimental situado ao ar livre apareceu na tela. O chão
trabalhado ainda exalava os vapores da última tromba-d’água. Não se via sinal das plantas
rasteiras, mas apesar disso os típicos caules branco-amarelados saíam do chão em
seqüência acelerada e abriam as flores violetas.
Alguns lampejos percorreram a grade de projeção, mas a imagem tridimensional logo
voltou a estabilizar-se. Mas o quadro não era mais o mesmo. Mostrava uma imagem em
tamanho reduzido de um rastreamento de impulsos energéticos. Milhares de raízes
robustas, com um brilho quase metálico, atravessavam o chão embaixo do campo
experimental. De um dos lados estas raízes penetravam nos condutores cintilantes de um
conjunto atômico, enquanto do lado oposto iam terminar numa grade de irradiação em
miniatura.
Uma série de cochichos fez-se ouvir entre a multidão de cientistas, quando o conjunto
atômico entrou em funcionamento, enviando sua energia para as raízes. Dali a instantes um
fogo banco-azulado saiu das torres em miniatura da grade de irradiação.
O projetor foi desligado.
Trolok levantou-se pesadamente do assento e desceu para a tribuna.
Passou os olhos pelos chefes das equipes de pesquisas. O brilho dos olhos nos rostos
largos mostrava que eles tinham compreendido. Não havia necessidade de outras
explicações. Aquilo era apenas o começo. Seria somente uma questão de tempo para que
finalmente chegasse o momento da vingança.
Trolok sabia perfeitamente que não viveria para assistir a este dia. Acabara de
atravessar uma barreira até então considerada insuperável. Conferira a certas plantas as
funções de máquinas capazes de se reproduzirem.
Pela primeira vez em muitos anos Trolok sorriu ao som das últimas palavras da velha
fórmula: — ...Tudo muda...!
1
Como sempre, as recordações entravam lentamente, aos pingos, em seu consciente.
Os primeiros contornos luminosos levantaram-se em meio à escuridão do profundo sono
terapêutico não entremeado de sonhos. Eram os rostos de amigos, superiores e
subordinados. E o rosto de Yezo, de sua esposa e da presidente do planeta Oxtorne...
A dor psíquica acelerou o processo do despertar.
Há quanto tempo estavam separados — Yezo e ele...? Separados no tempo e no
espaço e...
O Tenente Omar Hawk abriu os olhos. Olhou através da lâmina transparente de seu
capacete de oxigênio e viu a massa gelatinosa cor de carne que o envolvia. Aos poucos foi
desaparecendo a dormência que se estendia por todo o corpo.
Omar voltou a lembrar-se por que estava deitado ali, num tanque de bioplasma da
clínica de bordo. Fora colocado nesse tanque pela primeira vez há dois meses, depois que
Sherlock o tinha recolhido num recinto da Crest III que estava em chamas. Foi pouco
depois de terem estabelecido contato com o campo zero de Vario. A nave-capitânia da frota
do Império fora inundada pelos duplos tefrodenses de Noir e Gucky. O comandante fora
prevenido, mas se esquecera de avisar o oxtornense que se encontrava em seu camarote
especial.
Omar Hawk viu o intruso e identificou-o como sendo o rato-castor Gucky. Não sabia
que se defrontava com um combatente duplo reorientado. Não foi atingido pelo raio
energético graças à sua extraordinária capacidade de orientação, mas o calor desprendido
queimou o lado esquerdo de seu corpo. O duplo de Gucky deu mais alguns tiros,
provocando o desabamento do teto, antes que Omar tivesse tempo de matá-lo com uma
placa metálica incandescente. Depois disso perdeu os sentidos. Se o Okrill que criava
tivesse levado mais um segundo para descobri-lo, teria morrido queimado apesar de sua
constituição robusta.
Os médicos da clínica de bordo diagnosticaram queimaduras de terceiro grau em dois
terços do corpo. O organismo de um terrano teria entrado em pane por causa do choque, e
não poderia ser salvo, por melhor que fosse o tratamento. Mas no caso de Hawk o coração
apenas bateu um pouco mais depressa. Assim mesmo teria morrido se não tivesse sido
colocado imediatamente num tanque de bioplasma, e se sua mente não tivesse sido
colocada em estado de hibernação, enquanto o corpo regenerava a pele queimada e a
circulação do sangue removesse as toxinas metabólicas.
Omar Hawk fora acordado a primeira vez depois de menos de um mês. Depois disso
demorou mais onze dias até que tivesse permissão para sair do tanque de plasma. Sentia
que sua saúde era perfeita, mas os médicos não pensavam assim. Receitaram no início três
banhos de plasma por dia, com duas horas de duração cada, além de um cuidadoso
tratamento na base de radiações. O número e a duração dos tratamentos suplementares
foram diminuindo com o tempo.
Naquele dia seria realizado o exame final.
Omar sorriu com uma expressão irônica quando o rosto sempre contrariado do Dr.
Ralph Artur, médico-chefe da Crest III, apareceu em cima dele. O Dr. Artur era um
verdadeiro gênio na medicina, tanto do ponto de vista prático como sob o aspecto teórico.
Sua magreza, a calva sardenta e o rosto cheio de rugas, numa expressão de contrariedade,
só seriam capazes de enganar uma pessoa que não o conhecesse a respeito da competência
desse terrano.
Mais alguns médicos apareceram atrás do Dr. Artur. O médico-chefe fez alguns
gestos violentos. O zumbido de um motor elétrico se fez ouvir, acompanhado do chiado de
uma bomba e do burburinho da matéria gelatinosa sendo sugada.
A bomba levou apenas alguns minutos para esvaziar o tanque de plasma. Depois disso
jatos de água muito finos saíram dos bocais embutidos na parede, removendo os restos do
bioplasma do corpo e do capacete de Hawk, enquanto um campo antigravitacional o
mantinha suspenso no ar.
O medo-robô agitou os quatro braços finos por cima do recipiente. Os fechos do
capacete estalaram. Omar aspirou profundamente o ar. Fez como se não visse as mãos de
alguns médicos-assistentes, solicitamente estendidas em sua direção. Agarrou a borda do
recipiente e saltou para fora.
O Dr. Ralph Artur deu um passo para trás. Lançou um olhar penetrante para o corpo
atlético do paciente. Omar ficou embaraçado por causa da nudez. Viu nos olhares dos
médicos-assistentes uma expressão de admiração, de inveja — e de profunda antipatia.
O médico-chefe pigarreou.
— O senhor é um oxtornense da quarta geração? — prosseguiu sem aguardar a
resposta. — Qual é a gravitação de seu planeta?
— Quatro vírgula oito gravos, senhor — respondeu Hawk. — A pressão do ar chega
a oito atmosferas.
Artur inclinou a cabeça e fitou os médicos-assistentes com uma expressão penetrante.
— Vejo que o jovem gosta de falar. Ou será que eu perguntei qual é a expressão do
ar em seu planeta?
— Não senhor! — respondeu um homem obeso, de faces rechonchudas.
O rosto do Doutor Artur desfigurou-se numa expressão de deboche.
— Eis aí a diferença entre vocês dois. No caso do senhor a gente tem de perguntar
tudo para conseguir uma informação.
Virou abruptamente a cabeça para Hawk.
— O senhor disse alguma coisa, oxtornense?
— Tomei a liberdade de rir, senhor!
— Bem...! — resmungou o médico. — Ele tomou a liberdade de rir enquanto um
homem sério estava dizendo coisas sérias — mudou abruptamente de assunto. — Faça o
favor de levantar os braços! Muito bem... Vire o corpo... Abaixar... Levantar. Sente dores
ao fazer um movimento?
Omar Hawk sacudiu a cabeça calva. Sua pele moreno-clara, com aspecto de couro,
assumiu um aspecto oleoso, o que era um fenômeno perfeitamente natural, que se
verificava quando suas funções orgânicas se normalizavam.
— Nenhuma dor, senhor. Sinto-me tão bem como nunca...
— Caramba! — Berrou o Doutor Artur. — Sou eu que decido como o senhor tem de
se sentir! Entre no monitor de funções. Rápido!
Omar não se ofendia por pouca coisa, mas não estava gostando do tom que o médicochefe usava para com ele. Numa reação obstinada, da qual nem se deu conta, saltou para
dentro do aparelho, em vez de entrar cuidadosamente. O revestimento inferior soltou-se
ruidosamente dos suportes de aço. Os dedos de Hawk agarraram alguns aparelhos valiosos,
à procura de alguma coisa em que pudessem apoiar-se. Revestimentos estouravam, peças
de glasurite se rachavam, cabos se rompiam. O dispositivo automático de segurança do
aparelho soltou relâmpagos branco-azulados. Depois de algum tempo todas as luzes de
controle se apagaram.
Omar saiu dos destroços como quem não está com a consciência muito tranqüila. Sem
querer bateu com o ombro no console e empurrou-o juntamente com as colunas de metal
plastificado.
Perplexo, contemplou os médicos-assistentes, que tentavam fugir, amontoando-se
junto à porta. O Dr. Ralph Artur era o único que continuava no mesmo lugar. Olhou para
o oxtornense com as pálpebras levantadas.
— Sinto... sinto muito, senhor — disse Hawk, deprimido.
Artur respondeu com a voz carregada de sarcasmo.
— Graças à demonstração convincente de sua capacidade física a que acabamos de
assistir podemos dispensar o teste final no monitor de funções — pigarreou. — De qualquer
maneira, este teste tomou-se impossível.
De repente sofreu um dos seus raros acessos de autocrítica.
— Devo confessar que me sinto culpado por sua reação e pelas conseqüências graves
que ela produziu, tenente. Nem por isso quero dizer que estou disposto a continuar a tratálo, seu... seu robô com vida! Não quero vê-lo mais!
Omar bateu os calcanhares e olhou para baixo, mexendo com os dedos dos pés
despidos.
O Doutor Artur sorriu e em seguida tossiu, dando a entender que acabara de dar um
imperdoável passo em falso.
— Seus pertences estão guardados na ante-sala, Hawk. Aproveite a oportunidade para
ajudar os senhores assistentes a desenlear os braços e pernas que tremem de medo.
Omar inclinou a cabeça. Estendeu a mão num gesto hesitante, que quase chegava a
ser tímido.
— Gostaria de agradecer pelo excelente tratamento que me foi proporcionado,
senhor...
O Doutor Artur fitou-o com uma expressão de espanto. Até parecia que Hawk usara
uma língua que ele não entendia. Mas seu rosto logo assumiu uma expressão alegre.
Segurou a mão do oxtornense.
— Tenha cuidado! — advertiu. — E... bem... Não se preocupe por causa dos estragos
feitos no monitor de funções. Para os médicos os exames feitos em seu corpo valeram mais
que alguns aparelhos — piscou os olhos de uma forma estranha. — Tudo de bom, Hawk!
— Obrigado, senhor! — respondeu Omar, radiante. — Caso tenha tempo, aceite meu
convite cordial de visitar Oxtorne.
— Muito obrigado, tenente — Artur empalideceu. — Acho que dispensarei o prazer
de conhecer um mundo no qual se precisa da sua constituição para sobreviver.
Omar deu uma risada, fez um gesto de despedida e atravessou a porta, que de repente
ficou livre. Os médicos-assistentes contemplaram o oxtornense com uma expressão de
quem não se sente muito à vontade.
Omar Hawk não se incomodou. Recebeu seus trajes de reserva, manifestou
distraidamente seus agradecimentos ao robô que estava de serviço no guichê e vestiu-se às
pressas.
Queria visitar quanto antes seu okrill. O animal fiel certamente já estava à sua espera.
***
Omar Hawk bateu amistosamente no ombro do encarregado dos animais. Usou
apenas o dedo indicador, mas o homem dobrou os joelhos com um gemido.
Virou-se com o rosto vermelho de raiva. Os distintivos que trazia no conjuntouniforme e a braçadeira com o símbolo do destacamento especial de patrulhamento da
Segurança Galáctica o fizeram mudar de intenção.
— Senhor...? Tenente Hawk...?
— Sou eu. Como vai Sherlock? Vim buscá-lo. O rosto do encarregado mudou de cor.
— O... o monstro? Não... não faça isso. Depois que destruiu três robôs alimentadores
— fundindo-os simplesmente — só o temos observado pela televisão. A alimentação vem
sendo feita através de um sistema de tubos.
Estremeceu ao ouvir o rugido profundo saído de um alto-falante.
— Abra a porta da jaula! — ordenou Omar com o rosto impassível.
O homem encolheu.
— Não pense que sou um covarde, senhor — exclamou. — Fui condecorado com a
medalha de prata pela minha bravura. Mas em minha opinião seria uma leviandade soltar
esta fera.
— Eu me responsabilizo! — Omar levantou os ombros num gesto de resignação ao
notar que estas palavras não podiam acalmar o encarregado. — Está bem! — acrescentou
com um suspiro. — Pode retirar-se depois que me tiver entregue a chave.
Um chiado rouco saiu do alto-falante. O encarregado entregou duas chaves
energéticas a Omar Hawk e retirou-se, fechando a porta do lado de fora.
Omar abriu a primeira escotilha de aço. Um sorriso de compaixão aflorou aos seus
lábios quando viu a escotilha que ficava na outra extremidade do pequeno corredor tremer
fortemente. Era o okrill saltando impacientemente contra ela. Para alguém que conhecesse
o animal isso bastaria para convencê-lo de sua relativa bondade. O okrill era capaz de soltar
raios com a língua, que derretiam qualquer escotilha de aço...
Hawk enfiou a segunda chave energética na fechadura, e o animal que se encontrava
atrás da escotilha acalmou-se. Esta abriu-se silenciosamente. No mesmo instante duas patas
do tamanho de um prato pousaram nos ombros de Omar. Uma boca gigantesca encostouse à palma de sua mão.
Omar acariciou o animal, batendo em suas narinas. Os olhos redondos multifacetados
emitiam um brilho cor de aço. O okrill deixou-se cair sobre as oito pernas, fazendo tremer
o chão. O corpo que tinha o aspecto de um sapo gigante entesou-se.
— Hi, Sherlock! — exclamou Omar.
— Atchim...! — fez o animal. Para um okrill isto era um sinal de profunda satisfação.
Emocionado, Hawk acariciou a boca da fera. A atuação em inúmeras missões
transformara os dois numa equipe inseparável. O homem e o animal tiveram de submeterse a duras provas, como a busca dos invasores invisíveis de Maarn, a procura...
Arquivo da conta:
joceliothm
Outros arquivos desta pasta:

P-200 - A Rota Para Andrômeda - K. H. Scheer.doc (350 KB)
 P-201 - Estação Sideral no Nada - Kurt Mahr.doc (466 KB)
 P-202 - Os Salvadores da Crest - Clark Darlton.doc (514 KB)
 P-203 - A Cidade dos Proscritos - William Voltz.doc (410 KB)
 P-204 - O Drung - Kurt Brand.doc (419 KB)
Outros arquivos desta conta:

CICLO 01 - 001 A 100 - COMPLETO (.DOC)
 Ciclo 01 - A Terceira Potência (Vols 0001 a 0049)
 CICLO 02 - 100 A 200 - COMPLETO (.DOC)
 Ciclo 02 - Atlan e Arcon (Vols 0050 a 0099)
 Ciclo 03 - Os Posbis (Vols 0100-0149)
Relatar se os regulamentos foram violados
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