O SR

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL/PE pronuncia o
seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:
Médico por formação acadêmica e cidadão com formação
humanitária e cristã, este parlamentar saúda com regozijo pesquisa
científica desenvolvida por especialistas pernambucanos do
Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da Universidade
Federal de Pernambuco, e estudiosos da Faculdade de Medicina
René Descartes, da Universidade de Paris, tendo como objetivo a
produção de vacina terapêutica para bloquear a carga viral dos
portadores do HIV. Ainda em fase experimental mas já
apresentando resultados promissores, a produção da vacina foi
anunciada em edição desta semana da revista científica britânica
“Natura Medicine”, publicação de renome internacional que por si
só confere credibilidade às pesquisas desenvolvidas pelos
cientistas pernambucanos e franceses, conforme reportagem do
dia 30.11.2004 do Jornal do Commercio do Recife.
Os autores do trabalho explicam que se trata de uma
vacina terapêutica, destinada ao tratamento da doença, e não de
uma vacina preventiva, que evitaria a contaminação do HIV. Ao
invés de vacina, portanto, a substância pesquisada poderia ser
chamada mais propriamente de medicamento, em vista dos
pretendidos efeitos terapêuticos.
Submetidos a testes com a vacina terapêutica, 18
pacientes apresentaram redução em até 80% da carga viral, devido
à estimulação do sistema imunológico, segundo o doutor Luís
Cláudio Arraes, coordenador da pesquisa na Universidade de
O Dia Mundial contra a AIDS
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Pernambuco. Os trabalhos prosseguem até que sejam obtidos
resultados mais consistentes e eficazes.
Centro de excelências em pesquisas nas áreas de
tecnologia e ciências médicas e biológicas, Pernambuco situa-se
mais uma vez na vanguarda dos experimentos científicos
considerados beneméritos para a humanidade. Numa retrospectiva
das últimas cinco décadas, os cientistas Osvaldo Gonçalves de
Lima, Nelson Chaves e o humanista Josué de Castro, para citar os
mais renomados, contribuíram para o avanço das ciências com
pesquisas sobre antibióticos, nutrição e o combate à fome. Numa
época em que a produção de antibióticos em laboratório ainda se
encontrava num estágio incipiente, os trabalhos desenvolvidos pelo
cientistas Osvaldo Gonçalves de Lima foram de grande significado
para o desenvolvimento da moderna farmacologia. De sua parte, o
professor Nelson Chaves notabilizou-se pelas pesquisas sobre o
chamado nanismo, um dos efeitos perversos da subnutrição
alimentar que reduz a estatura, a expectativa de vida e o intelecto
dos homens pobres da Zona da Mata canavieira em nosso Estado.
Personalidade internacional, Josué de Castro produziu o
seu clássico “Geografia da Fome”, compêndio que se tornou uma
referência imprescindível para a compreensão da fome como uma
resultante de políticas sócio-econômicas, culturais e heranças
antropológicas. Além da produção científica e intelectual, Osvaldo
Gonçalves de Lima, Nelson Chaves e Josué de Castro formaram
discípulos e deixaram um legado de pesquisas para a formação
das novas gerações.
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Renovam-se os ciclos históricos, políticos e sociais e
assim como as civilizações se transformam também ocorre a
mutação de vírus, surgem novas doenças e enfermidades antigas
continuam a desafiar as políticas de saúde pública. Atualmente, as
doenças tropicais e as chamadas doenças da pobreza continuam a
causar
efeitos
devastadores
nos
países
economicamente
periféricos e subdesenvolvidos, sobretudo nos continentes da
África, Ásia e regiões carentes da América Latina. Contra essas
doenças, existem remédios, vacinas ou tratamentos, mas faltam
políticas públicas eficazes para alcançar as populações mais
pobres.
Ao descobrir a penicilina em 1928 e posteriormente com
sua produção em escala industrial a partir de 1939, o
bacteriologistas inglês Alexander Fleming possibilitou a cura de
doenças tipo a sífilis que em séculos passados e se constituía um
dos flagelos das sociedades européias e americanas e com isso
tornou-se um dos beneméritos da humanidade.
A comunidade científica defronta-se hoje com o desafio
de desvendar o código genético de vírus tipo o HIV, causador da
terrível e ainda incurável Síndrome da Imunodeficiência Adquirida,
cuja sigla Aids em inglês foi popularizada no Brasil e em Portugal é
conhecida como Sida. Em países pobres da África a Aids alastrouse em proporções epidêmicas. No Brasil as políticas públicas de
prevenção e controle da Aids são reconhecidas como eficazes e
bem sucedidas.
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O vírus HIV pode ser descrito como diabolicamente
inteligente, capaz de se alojar precisamente no compartimento da
célula humana que comanda as defesas orgânicas para desmontar
o sistema imunológico.
Diante da magnitude do desafio de vencer este novo
flagelo da humanidade, devemos ter a clareza de reconhecer que
os resultados das pesquisas, por mais promissores e alvissareiros,
constituem apenas degraus importantes na longa trajetória a ser
percorrida pela engenharia genética e pela farmacologia até que
seja dominada por completo a cadeia maligna do vírus HIV.
Centros de pesquisas de países desenvolvidos, governos,
laboratórios e instituições internacionais investem somas bilionárias
em projetos de longa maturação para alcançar esse objetivo.
Dentro desse contexto, o trabalho desenvolvido pelos cientistas da
Universidade Federal de Pernambuco e Universidade René
Descartes, de Paris, representa mais um tijolo sobre tijolo na
edificação de um sistema de biossegurança capaz de produzir
vacinas e medicamentos eficazes contra essa ameaça que aflige a
humanidade em todas as latitudes do planeta.
Vacinas e medicamentos são a globalização do bem,
assim como as guerras e epidemias são a globalização do mal.
Este parlamentar se congratula com os cientistas do Laboratório de
Imunopatologia Keizo Asami, da Universidade de Pernambuco, e
com os pesquisadores da Faculdade de Medicina René Descartes,
de Paris, desejando que a missão científica à qual se dedicam seja
pontilhada de novos êxitos e benefícios para a sociedade. E que as
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excelências científicas prossigam em sua venturosa trajetória de
valorizações profissionais.
Faço estas considerações sobre os avanços contra a
doença, no dia em que se comemora “O Dia Mundial contra a
AIDS”.
Muito obrigado!
Sala das Sessões, em 1º de dezembro de 2004.
Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA
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