INTEMPERISMO SOBRE MATÉRIAS-PRIMAS CERÂMICAS DA FORMAÇÃO ELEUTÉRIO (DIVISA SP/MG). Antenor Zanardo1; Maria Margarita Torres Moreno1; José Francisco Marciano Motta2; Carolina Del Roveri3; Rogers Raphael da Rocha 3. 1 Departamento de Petrologia e Metalogenia - IGCE/UNESP – Rio Claro; 2 IPT - São Paulo; 3 Pós-graduação em Geologia Regional, IGCE/UNESP – Rio Claro ([email protected]) A Formação Eleutério é um importante registro da passagem Pré-Cambriano-Fanerozóico, no sudeste brasileiro, e se encontra embutida tectonicamente na zona de falha de Jacutinga, constituindo uma estreita faixa com direção NE/SW, posicionada entre as cidades de MogiGuaçu (SP) e Jacutinga (MG). É constituída basicamente por três agrupamentos petrográficos: metarcósios; metassiltitos e metargilitos siltosos; e metaconglomerados e brechas. Objetivando a caracterização de outras matérias-primas cerâmicas, para utilização na área de influência do Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes, foram realizados estudos de campo e laboratório (microscopia óptica, DRX, FRX e ensaios cerâmicos), os quais possibilitaram tecer considerações referentes ao intemperismo sobre metargilitos siltosos e metarcósios. Os metarcósios constituem o litotipo predominante, são rochas claras, cinzento a creme, quando sãs e esbranquiçadas quando alteradas, de granulação fina a grossa, na maioria dos casos mal selecionados, composto por quartzo (35 a 55%); feldspatos (30 a 50%); sericita (3 a 15%) e quantidades menores de muscovita, biotita, carbonatos, clorita, minerais opacos e pesados transparentes. Os metargilitos siltosos apresentam cores creme, amareladas, laranja avermelhado a vermelho arroxeado. São compactos a finamente laminados, constituídos por illita/sericita (40 a 65%); quartzo (10 a 30%); micas detríticas (2 a 15%); óxidos hidróxidos de ferro (4 a 10%); restos de feldspatos detríticos (0 a 5%); clorita (0 a 5%) e outros minerais (cerca de 1%). Dentre as micas detríticas ocorre um predomínio de muscovita, seguido por biotita alterada e clorita, os feldspatos detríticos foram parcial a totalmente substituídos por filossilicatos finos. O intemperismo sobre os metargilitos gera material com baixa resistência mecânica, passíveis de serem removidos por máquinas, sem o uso de explosivos, em função de lixiviação e alteração dos filossilicatos primários para montmorillonita e secundariamente para caulinita. Os ensaios cerâmicos mostraram que o material possui boa plasticidade, refratariedade pouco superior ao material da Fm. Corumbataí são a pouco alterado e equivalente ou inferior ao desta unidade com alteração avançada. Apresenta condições de ser utilizado para a produção de cerâmica estrutural, com ou sem adição de outras matériasprimas, a exemplo do que já vem ocorrendo, bem como para produção de revestimento cerâmico do tipo BIIb ou mesmo BIb, pelo processo via seca e monoqueima rápida. O intemperismo sobre os metarcósios origina material esbranquiçado friável, onde a caulinita é o principal produto da alteração, enquanto que nos metargilitos aparece argilomineral expansivo do grupo da montmorillonita. Esta constatação pode ser explicada pela porosidade maior do metarcósio em processo de alteração que facilita a percolação de água em associação com a mineralogia primária. Os ensaios de laboratório mostram que o intemperismo aumenta a refratariedade e que tanto os alterados como os sãos, apresentam potencialidade de usos na indústria cerâmica, com ou sem beneficiamento. A cor de queima impossibilita a utilização na composição de esmaltes ou engobe, porém pode ser utilizado na composição de massas para a produção de revestimentos produzidos por via úmida. AGRADECIMENTOS: CNPq (processos nº 470573/2006-6 e 301216/2008-8) e a FAPESP (processo nº 97/13824-7), pelos auxílios e bolsas que tornaram possível a realização da pesquisa.