Como viver o Ano da Misericórdia

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O Ano da Misericórdia
Papa Francisco nos convida a viver o Ano da Misericórdia
Padre Márcio Prado – Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias
Palavra meditada: Lc 4, 14-21: “Jesus então, cheio da força do Espírito, voltou para a Galiléia. E a
sua fama divulgou-se por toda a região. Ele ensinava nas sinagogas e era aclamado por todos. Dirigiu-se a
Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantouse para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está
escrito (61, 1s.): O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa
nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a
restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. E
enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos
nele. Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir”.
A Palavra de Deus é salvação! Meus queridos irmãos, estamos realmente vivendo um ano da graça
do Senhor. Começou o Ano da Misericórdia, o Papa Francisco já nos fez adentrar neste ano todo especial.
Na sua sensibilidade pastoral, sentiu a necessidade deste tempo para nós.
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos
pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração
da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19).
O Papa sentiu essa graça, por isso proclamou o Ano da Misericórdia. No dia 11 de abril de 2015,
Francisco apresentou a bula do Ano da Misericórdia. O ano jubilar tem origem bíblica, no livro do Levítico
25, 1-10: “O Senhor disse a Moisés no monte Sinai: “Dize aos israelitas o seguinte: quando tiverdes
entrado na terra que vos hei de dar, a terra repousará: este será um sábado em honra do Senhor. Durante
seis anos semearás a tua terra, durante seis anos podarás a tua vinha e recolherás os seus frutos. Mas o
sétimo ano será um sábado, um repouso para a terra, um sábado em honra do Senhor: não semearás o
teu campo, nem podarás a tua vinha; não colherás o que nascer dos grãos caídos de tua ceifa, nem as
uvas de tua vinha não podada, porque é um ano de repouso para a terra. Mas o que a terra der
espontaneamente durante o seu sábado, vos servirá de alimento, a ti, ao teu servo e à tua serva, ao teu
operário ou ao estrangeiro que mora contigo; tudo o que nascer servirá de alimento também ao teu
rebanho e aos animais que estão em tua terra. Contarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos, cuja
duração fará um período de quarenta e nove anos. Tocarás então a trombeta no décimo dia do sétimo
mês: tocareis a trombeta no dia das Expiações em toda a vossa terra. Santificareis o quinquagésimo ano e
publicareis a liberdade na terra para todos os seus habitantes. Será o vosso jubileu. Voltareis cada um
para as suas terras e para a sua família”.
Jubilar significa alegria, e que grande contentamento é o Ano Jubilar! Nossos irmãos israelitas já
descansavam a terra nesse tempo, viviam o dia do perdão lá no ano 300.
Este ano é o momento de ajustarmos nossa vida, porque somos alvos da misericórdia de Deus.
Antes de tudo, Ele nos amou primeiro. Não importa nosso pecado, o Senhor vai nos perdoar.
Neste ano, de maneira especial, vamos recorrer ao perdão de Deus, pois este tempo está ligado ao
sacramento da reconciliação e da confissão; realmente é o momento de fazermos uma reflexão. Sejamos
misericordiosos, sejamos sinal da graça para as pessoas que estão ao nosso lado. O céu está
escancarado para nós; logo, sejamos um sinal da misericórdia para as pessoas.
Somos instrumentos de misericórdia uns para com os outros! Deus é misericórdia, mas também
nos exorta a viver o amor, ou seja, orar por aqueles que nos perseguem. É um ano da graça e do perdão,
é momento da libertação.
Somos chamados a viver o Ano da Misericórdia
Como podemos e devemos viver este ano? Vivendo esta passagem bíblica de São Lucas 15, 1132: “Disse também: Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da
herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois, ajuntando tudo o
que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo
dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a
passar penúria. Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus
campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas
dava. Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em
abundância… e eu, aqui, estou a morrer de fome! Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai,
pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus
empregados. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido
de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. O filho lhe disse, então: Meu
pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai falou aos servos:
Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei
também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto, e
reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao
voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um servo e perguntou-lhe o que
havia. Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou
são e salvo. Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. Ele, então,
respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me
deste um cabrito para festejar com os meus amigos. E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus
bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo! Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás
sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava
morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado”.
O pai estava sempre atento no caminho, esperando a volta do seu filho. Deus, na expectativa da
nossa volta, está como o pai que espera a volta de seu filho. O Senhor está sempre esperando por nós. A
passagem mostra um pai que corre em direção ao filho, abraça-o e o enche de beijos. Assim é a atitude de
Deus para conosco. Nós falhamos, mas vamos sempre trazer essa imagem do Senhor, que é Pai e espera
o nosso retorno. Ele está atento e olha por nós.
Não percamos tempo, porque o Pai está esperando por nós! Aproveitemos este ano, porque Deus
está gritando e a Igreja nos mostra que há um Pai que nos ama por meio de Seu Filho, Nosso Senhor
Jesus Cristo.
A porta já está aberta, mas nós precisamos querer entrar por ela. Todos queremos ser salvos, mas
precisamos fazer esta peregrinação até Jesus.
Neste ano, façamos uma peregrinação de conversão e acolhamos este amor do Pai por nós, pois
Ele está na expectativa para o nosso retorno. Precisamos dar um passo em direção ao Pai!
Não tenha medo desse grande chicote de Deus chamado “misericórdia”. Experimente a graça deste
Deus que nos cobre de beijos e nos acolhe.
O rosto da misericórdia é Jesus Cristo. Foi ele quem revelou a misericórdia do Pai por meio de
gestos. Viva este tempo, mas, antes de tudo, acolha este perdão, porque Deus nos trata com misericórdia.
Acolha esse amor que o Senhor tem por nós. Diante de Deus nós precisamos de conversão. É o
ano da graça, do perdão e do retorno para casa; portanto, devemos experimentar e acolher essa
misericórdia.
A misericórdia de Deus, antes de tudo, nos alcançou. Fomos amados, porque Ele teve compaixão
de nós. Que nós também possamos ser misericordiosos para com o outro.
Rezemos juntos e peçamos a misericórdia do Pai:
Hoje, Deus quer usar de nós para sermos instrumentos da Sua misericórdia, Ele quer contar
conosco. Mas somos livres para escolher se queremos irradiar a misericórdia do Pai. São nossas atitudes
que revelam Deus aos outros.
Como viver o Ano da Misericórdia?
O Ano da Misericórdia será intenso, será uma preparação para a segunda vinda de Cristo
Padre Roger Luis
A Palavra meditada está em São Mateus 25, 31-46: “Quando o Filho do Homem voltar na sua glória
e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele
separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita
e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: – Vinde, benditos de meu Pai, tomai
posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de
comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me
visitastes; estava na prisão e viestes a mim. Perguntar-lhe-ão os justos: – Senhor, quando foi que te vimos
com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te
acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?
Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus
irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. Voltar-se-á em seguida para os da sua
esquerda e lhes dirá: – Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos
seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era
peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes. Também
estes lhe perguntarão: – Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou
na prisão e não te socorremos? E ele responderá: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que
deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o
castigo eterno, e os justos, para a vida eterna”.
Ao lermos essa Palavra, diante do tempo que estamos vivendo na Igreja – o Ano da Misericórdia –,
ela parece um pouco contraditória, mas não é. É a oportunidade de estarmos mais próximos de Deus.
Papa Francisco revelou a ‘Bula de convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia,
intitulada “vultus Misericordiae”’. Não tenho dúvida, e ouso dizer, que Deus inspirou o nosso Papa a
proclamar o Ano da Misericórdia a cada um de nós, para que vivamos a experiência da misericórdia divina.
Por meio dessa bula, o Papa quer que experimentemos o perdão, a reconciliação e o amor; ele quer que
voltemos para a presença de Deus.
“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que
nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3, 16).
Jesus passou seus 33 anos de vida fazendo o bem, libertando os pecadores, curando os enfermos
e proclamando o ano da graça. É Aquele que veio redimir a todos, que nos salvou na cruz com Sua grande
atitude de misericórdia.
Estamos preparados para o grande dia?
O Ano da Misericórdia será intenso, será uma preparação para a segunda vinda de Cristo.
Entretanto, não há nenhum calendário nos lembrando o dia em que o Senhor voltará; dessa forma,
precisamos viver um intenso Advento, preparando-nos para a vinda do Senhor.
O Evangelho nos traz as obras de preparação corporais, mas devo apresentar também as
espirituais. São quatorze obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais. Essas obras são um grito
da Virgem e do Espírito Santo nos comunicando: “Maranata, vem Espírito de Deus!”.
As obras de misericórdia corporais são:
Dar de comer a quem tem fome: “Porque tive fome e me destes de comer” (Mateus 25, 35). Não é
dar o resto, o que sobra; precisamos ajudar os mais necessitados. Estamos nos tornando indiferentes à
pobreza, estamos focados somente em nós, pensamos somente no individual.
Dar de beber a quem tem sede: “Tive sede e me destes de beber” (Mateus 25, 35). Esse é um
compromisso dos nossos governantes, mas pode ser também o nosso!
Dar pousada aos peregrinos: “Era peregrino e me acolhestes” (Mateus 25, 35). Não quer dizer
que devemos pegar os moradores de rua e levá-los para dormir conosco, mas precisamos entender que a
Igreja tem obras de misericórdia que acolhem aqueles que não têm teto e levá-los até esses lugares.
Vestir os nus: “Estava nu e me vestistes” (Mateus 25, 36). Não é só doar as roupas velhas, mas
dar também as novas. Precisamos sair do egoísmo, ter a coragem do desprendimento e de dar talvez
aquilo que mais nos agrade; dar de graça para o pobre que mais necessite.
Visitar os enfermos e encarcerados: “Estava enfermo e me visitastes” (Mateus 25, 36).
Precisamos ser presença na vida daqueles que estão padecendo, que se encontram enfermos; dispor-nos
num trabalho com os presos que, muitas vezes, são abandonados pelas famílias.
Enterrar os mortos: No Livro de Tobias, encontramos o seguinte: “Tobit, com uma solicitude toda
particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos” (Tb 1, 20). Devemos enterrar os nossos e
também os mais próximos de nós.
As obras de misericórdia espirituais são:
Ensinar os ignorantes, aqueles que não conhecem a Palavra de Deus. Precisamos nos abrir para
que outros façam a experiência com Cristo.
Dar bons conselhos: Só pode dar conselho aquele que já teve a experiência com Deus. Direcione
as pessoas, mostre a elas aquilo que é bom e certo.
Corrija os que erram: Precisamos corrigir aqueles que estão no erro; corrigi-los com amabilidade
e caridade ao dizer que não estão certos; ajudá-los a encontrar a misericórdia, a justiça e a paz.
Perdoar as injúrias: Perdoar aqueles que nos ofenderam, perdoar as mágoas. Precisamos ser
como Jesus, que perdoava a todos.
Animar os tristes: Precisamos estar presentes na vida das pessoas, sairmos do individualismo.
Quantos idosos abandonados nos asilos, tristes, esperam a visita de alguém! Se morreu alguém da
família, seja presença para aqueles que precisam.
Sofrer com paciência às fraquezas do próximo: É difícil, ainda mais quando o próximo é quem
dorme ao nosso lado e come na mesma mesa que nós. É pedir a Deus a longanimidade e saber esperar o
tempo de Deus trabalhar na vida daquela pessoa.
Rezar pelos vivos e defuntos: Nós precisamos rezar pelos políticos, precisamos abençoá-los,
pedir ao Senhor que tenha compaixão e transforme suas vidas. Precisamos orar pelas pessoas que estão
nas ruas. Abramos o nosso coração para que essas pessoas experimentem a presença de Deus.
Diante de tudo isso, o Papa está provocando a nossa consciência. É uma maneira de acordar a
nossa sociedade diante da pobreza.
É a hora de abrirmos as portas do nosso coração para o próximo, para que façam a experiência
com a misericórdia divina. Precisamos, neste Ano da Misericórdia, parecermo-nos mais com Cristo.
“O amor é a flor; a misericórdia é o fruto”, dizia Santa Faustina.
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