Um homem chamado Jesus Tim LaHaye Título original: Traduzido por Rubens Castilho United Press Digitalizado por: #Pati# Formatado por: SusanaCap WWW.PORTALDETONANDO.COM.BR/FORUMNOVO/ Dedicatória A todos aqueles que crêem que o Jesus de Nazaré histórico foi realmente o Filho de Deus em forma humana, que morreu na cruz e ressurgiu três dias depois — e a todos os que desejam encontrar razões lógicas e convincentes para crer. Sumário: INTRODUÇÃO: Quase Um Cético A Necessidade Deste Livro Parte I: Quem É Jesus? 1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já Viveu 2. O Que Há com os Céticos? 3. A Credibilidade das Narrativas do Evangelho 4. Várias Opiniões Sobre Jesus de Nazaré 5. Quem Jesus Disse Que Era Parte II : A Evidência das Testemunhas Oculares 6. O Testemunho de João Batista 7. O Testemunho do Apóstolo Pedro 8. O Testemunho do Apóstolo João 9. O Testemunho do Apóstolo Paulo 10. O Testemunho do Próprio Deus Parte III: O Que Suas Obras Provam Sobre Ele 11. Seus Milagres Como Testemunhos de Sua Identidade 12. Jesus Recebeu Adoração 13. Somente Deus Pode Perdoar 14. O Testemunho do Cumprimento das Profecias - Parte I 15. O Testemunho do Cumprimento das Profecias – Parte II Parte IV: Evidência de Sua Ressurreição 16. A Ressurreição de Jesus: O Restante da História 17. A Ressurreição de Jesus Pode Ser Provada? 18. Algumas Teorias Falsas Sobre a Ressurreição de Jesus Parte V : Quem Ele É Para Você? 19. Evidência Que Requer Uma Decisão 3 6 8 8 20 33 54 63 76 76 86 99 106 120 128 128 145 154 164 184 210 210 233 260 278 278 Contracapa: Conhecido como Jesus de Nazaré, sua vida tem inspirado mais obras de arte, músicas e discussões do que qualquer rei, líder militar, cientista ou educador. Quem pode ter exercido maior influência na civilização do que Jesus, se até os séculos são separados pela data de seu nascimento? A identidade de Jesus, sua atividade e sua divindade têm sido debatidas ferozmente desde sua passagem pela Terra. A influência de Jesus no mundo moderno é imensurável. Esta influência de Jesus no mundo moderno é imensurável. Esta influência e a constante busca humana pela verdade nos leva a procurar respostas a uma pergunta apresentada pelas mais diversas pessoas nos mais diferentes contextos. Quem é esse homem chamado Jesus? É esta a pergunta que Tim LaHaye se propõe a responder neste livro. Examinando as evidências cuidadosamente, ele procura revelar o aspecto mais importante da vida de Jesus: sua divindade como o legítimo Filho de Deus. Traga seu ceticismo para este livro e deixe que uma erudição honesta e uma fé invencível o destruam! INTRODUÇÃO: Quase Um Cético Por pouco não me tornei um cético na escola dominical. Talvez ao superar a minha crise, adquiri a capacidade de ser mais compreensivo e paciente com aqueles que guardam perguntas não respondidas e dúvidas filosóficas honestas sobre Deus, a Bíblia e Jesus Cristo. Meu professor da escola dominical era um bom homem. Tenho certeza de que ele era bem-intencionado, mas tinha uma formação deficiente e quase nenhum tempo para preparar adequadamente sua lição. Ele era faxineiro no turno da noite na montadora da Ford em Dearborn, Michigan, perto de Detroit. Nossa classe de meninos reuniase na galeria — no setor destinado ao coro — de uma igreja situada na avenida Williamson. Infelizmente para nós, o professor possuía um conhecimento escasso da Bíblia e mal sabia ensinar. Quase todos os domingos ele se colocava diante de nós e nervosamente fazia da revista trimestral das lições um canudo, apertando-a e torcendo-a, sempre dizendo a mesma coisa: “Não tive tempo para estudar minha lição esta semana, rapazes, mas vamos ver o que Deus tem para nós”. Devo confessar que, qualquer que fosse a mensagem que Deus tinha para nós, o professor falhava em nos transmitir. No entanto, de um modo ou de outro, esse homem foi nosso professor por dois anos nas classes de treze e de quatorze anos. Para piorar as coisas, meu professor de biologia no primeiro grau foi um ardoroso evolucionista e um propagador do ateísmo. Ele nos dizia repetidas vezes que Deus não existia, que não havia vida após a morte e que milagres eram impossíveis. O Sr. Babel (acredite ou não, este era seu nome verdadeiro) tinha obtido seu mestrado em ciência na Universidade de Michigan. Ele sempre vinha para a aula preparado e era muito convincente. Não me considero um intelectual ou pensador profundo, mas sou abençoado (ou, como alguns de meus amigos diriam, “amaldiçoado”) com uma mente muito ocupada e inquiridora. Tenho dificuldade de aceitar qualquer coisa que não esteja sustentada por razões lógicas. Não importa o que seja dito, se eu não tiver assimilado, posso preliminarmente fazer uma pergunta para me certificar de sua validade. Um dia, espremi meu bem-intencionado professor da escola dominical além de seus limites, por meio de uma infindável lista de perguntas. “Por que Jesus fez aquilo?” “Podemos provar isso?” “Como saber se é verdade?” Finalmente, exasperado, ele vociferou: “Tim LaHaye, se você não parar com todas essas perguntas, vou expulsá-lo desta classe!” E então acrescentou algo que eu não podia aceitar: “Por que você simplesmente não crê?” Com toda honestidade, considerei aquilo intolerável. Apenas crer? Isto era tudo o que o cristianismo lógico podia conter? A fé era como uma infecção virótica que algumas pessoas “pegavam” e outras não? Muito embora eu tivesse aceitado Jesus como meu Senhor e Salvador no quarto ano primário, estava passando por um momento crítico. Tinha dificuldade para crer que tudo o que aprendera era verdadeiro. Queria saber tudo sobre Jesus, suas afirmações sobre si mesmo e sobre os testemunhos de outros. Mesmo estando na oitava série, eu tinha uma boa base sobre o cristianismo para identificar Jesus Cristo como sua figura central. Se suas afirmações não pudessem ser sustentadas, se as coisas que a Bíblia ensinava sobre Ele não pudessem ser verificadas, então Ele não era o que dizia ser. E, como um castelo de cartas, o cristianismo se desmantelaria. Poucas semanas depois, nosso fiel pastor disse algo que nunca esqueci. “Se alguns dentre vocês têm dúvidas a respeito do cristianismo, e particularmente sobre Cristo”, “não tenham receio de admitir isso diante de Deus e procurar as respostas na Bíblia. Deus não espera que creiamos cegamente. Pelo contrário, Ele espera que usemos nossas mentes.” Então citou em Hebreus o que o profeta Isaías havia escrito — “‘Vinde, pois, e arrazoemos’ diz o Senhor” (Isaias 1.18). Pela primeira vez, entendi que eu estava tendo permissão, e até mesmo incentivo, para ter uma mente inquiridora. Vi que o próprio Deus nos desafiou a usar a razão para determinar aquilo em que acreditamos. Aquele momento marcou o início de uma busca da verdade, resultando na descoberta de muitas razões lógicas e históricas de minha fé. Finalmente, encontrei razões mais do que adequadas para crer que Jesus Cristo, a figura central do cristianismo, é quem Ele mesmo disse que era: “o Filho de Deus” que “veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19.10). Hoje posso dizer honestamente que minhas dúvidas e indagações têm sido mais do que respondidas. As respostas que encontrei devem desafiar qualquer cético sincero a examinar a imperiosa evidência da real identidade de Jesus de Nazaré. Creio que há muito mais evidência para acreditar nas afirmações de Cristo do que para rejeitá-las, mais perguntas respondidas do que não respondidas. Na verdade, estou convencido de que, quando aprofundamos nossas questões e examinamos inteiramente nossa evidência, concluímos que Jesus de Nazaré foi uma pessoa única. Vamos também descobrir que é extremamente difícil apresentar razões críveis para seu poderoso impacto na história humana... insuficiente para reconhecer que Ele foi, sem dúvida, uma deidade em forma humana. Este livro será bastante útil a todos aqueles que são sinceros em suas dúvidas — sejam eles cristãos que abrigam perguntas sem respostas, descrentes ou céticos sinceros. Tenho visto muitos cristãos aumentarem seu amor e dedicação a Jesus Cristo ao se tornarem mais convencidos sobre quem Ele realmente é. À medida que suas dúvidas impertinentes e perguntas persistentes foram enterradas, a fé de tais pessoas se fortaleceu. Tenho visto, ainda, uma mudança nas atitudes de descrentes e céticos ao compreenderem, conforme as palavras do apóstolo Pedro, que não seguimos “fábulas engenhosamente inventadas” (2 Pedro 1.16). Afinal, nossa crença e aceitação da pessoa e divindade do Jesus Cristo histórico é intelectualmente idônea e logicamente racional. Portanto, quando tais pessoas percebem que somos pessoas lógicas, elas também abraçam a fé. A Necessidade Deste Livro Dewey Bertolini é um pastor amigo meu que tem dado palestras para jovens secundaristas e universitários por mais de vinte e dois anos. Dewey tem falado a mais de quinhentos grupos de adolescentes de hoje. Ele afirma que os jovens atualmente estão se desenvolvendo com pouco ou nenhum conhecimento de Jesus Cristo. A menção do nome do Senhor em qualquer coisa, exceto pelo lado profano, tem sido proibida ou evitada tanto na educação pública como na televisão; conseqüentemente, a menos que os pais levem seus filhos e filhas regularmente à igreja, muitos não terão um indício sequer de quem é realmente o Filho de Deus. Para ilustrar este triste fato, Dewey relatou como lhe foi dada uma oportunidade de dar aula a uma classe do segundo grau a apenas um mês antes de sua graduação. Ele apresentou o nome de Jesus Cristo e ficou pasmo diante do absoluto desconhecimento da classe. Curioso sobre aquele analfabetismo espiritual, ele dividiu a classe em grupos para discutir o tema e deu aos estudantes vinte minutos para formularem uma definição de Jesus. Finalmente os grupos reuniram suas descobertas e trouxeram a seguinte conclusão, que representava o pensamento de toda a classe: “Jesus Cristo é algum cara religioso que viveu há uns duzentos anos.” Dewey acrescentou: “Eles achavam que Jesus Cristo tinha sido contemporâneo de George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos.” Dewey falou, em seguida, de uma caminhada que fez pelos corredores de uma das maiores escolas secundárias da cidade, quando observou um estudante bater acidentalmente uma porta sobre a mão de um colega. O estudante machucado começou a blasfemar usando o nome de Jesus Cristo. Em vez de desconsiderar a explosão de raiva e dor, Dewey aproximou-se do jovem, expressou seu sentimento pelo acontecido e, então, perguntou: “Você se importa se eu lhe perguntar por que usou o nome de meu amigo dessa forma?” “Nome de quem?” disse o estudante confuso. “Jesus Cristo”, respondeu Dewey. “Quem é ele?” perguntou o jovem. Acredite ou não, aquele jovem nada sabia a respeito daquele “nome que está acima de todo nome” (Filipenses 2.9), e usava-o como um termo profano quando as coisas não iam bem. Sei que esses jovens mal informados não representam o consenso da juventude norte-americana, mas quem pode negar que eles representam a crescente ignorância e falta de respeito pela pessoa mais importante que já viveu neste mundo? É minha oração que este livro não somente elucide quem Ele é, mas que o comprove de maneira compreensível para todos. Um Homem Chamado Jesus é a culminância de toda uma vida de investigação. O livro não contém todas as respostas que encontramos, mas inclui as melhores. Presumo que você vai achar essas respostas convincentes. É minha esperança que você as compartilhe com outros que, como o antigo Tim LaHaye, estão carregados de perguntas e dúvidas. Os céticos sinceros não duvidam porque não há respostas a suas perguntas sobre a identidade de Jesus; eles duvidam porque não lhes foram fornecidas tais respostas. O apóstolo Pedro desafiou os cristãos de todas as partes “para responder a todo aquele que vos pedir RAZÃO da esperança que há em vós...” (1 Pedro 3.15). Este livro irá não apenas estimular os cristãos e fornecer-lhes respostas claras para as dúvidas que surgirem em seu caminho, mas espero que possa também responder àqueles que foram vítimas dos Srs. Babéis deste mundo. Aprendam com um “ex-Tomé incrédulo” da escola dominical: a caminhada ao longo da estrada do conhecimento vale mais do que a própria viagem. Pa r t e I : Q u e m É Je s u s ? 1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já Viveu Ele era conhecido em sua época como Jesus de Nazaré. Trabalhou como carpinteiro a maior parte de sua vida adulta. Entretanto, Ele foi tão extraordinário pela forma como viveu e pela influência que exerceu sobre a humanidade que a palavra “extraordinário” não consegue caracterizá-lo. Ninguém mais — nem reis, ditadores, cientistas, educadores ou líderes militares — deu uma contribuição maior que a de Jesus à história do mundo. Pelo menos doze bilhões de pessoas passaram por este planeta, mas até hoje, quase dois mil anos depois de sua morte, ninguém chegou sequer perto de ocupar a posição singular que Ele ocupou na história. Nunca faltaram a este mundo grandes homens e mulheres. A história está repleta de nomes como Salomão, Davi, Hamurabi, Ciro, Alexandre o Grande, César, Gêngis Khan, Joana d’Arc, Napoleão Bonaparte, George Washington, Isaac Newton, Florence Nightingale... a lista continua infinitamente. Mas ninguém se aproxima de Jesus Cristo em sua influência sobre a humanidade. O próprio H. G. Wells, romancista e historiador inglês, autor de cinco volumes sobre a história do mundo, presentes nas prateleiras de quase todas as bibliotecas de faculdades e universidades, acabou dando mais espaço a Jesus Cristo do que a qualquer outro. E Wells não foi nenhum amigo da fé! Na realidade, seus biógrafos retratam-no como um cético ou, possivelmente, um ateu. No entanto, como um verdadeiro historiador, ele não pôde desconsiderar a maior de todas as personalidades que já viveram. Inigualável em Sua Vida e Ensinamentos Acima de qualquer dúvida, Jesus Cristo é a pessoa mais estudada, discutida e analisada que já viveu. Mesmo depois de vinte séculos, Ele tem mais defensores e oponentes do que qualquer outra figura isoladamente. Enquanto existem literalmente milhares de acadêmicos renomados que de boa vontade o confessam como Senhor, há também outros milhares que, se pudessem, destruiriam sua credibilidade. Desde o início Ele teve tanto seguidores como caluniadores, e temos sido advertidos de que esta situação perdurará até o final dos tempos. No próximo capítulo vamos comentar ligeiramente sobre o tão falado Seminário Jesus, um grupo de setenta e dois estudiosos liberais que se encontram duas vezes por ano em um esforço de redesenhar a vida e o caráter de Jesus. Remodelando-o como um simples “sábio ou cínico”, eles tentam despojá-lo de sua singularidade. Entretanto, a despeito de seu fácil acesso à mídia popular, incluindo Newsweek, Time e U.S. News and World Report, não tiveram êxito na conquista de muitos adeptos. Na verdade, seu maior sucesso foi fazer com que muitos estudiosos, escritores e teólogos — homens brilhantes que examinaram a evidência da singularidade de Jesus — publicassem suas razões sólidas e dignas de crédito para crerem que Jesus Cristo foi de fato aquele que os evangelhos retratam, a mais extraordinária e influente pessoa que já passou pela Terra. Os eruditos do Seminário Jesus, assim como outros como eles, têm dificuldades para explicar como um simples sábio ou cínico poderia ter influenciado o mundo de forma tão fantástica como Jesus. A grande pergunta resume-se nisto: Quem foi Jesus de Nazaré? Se Ele foi apenas um notável carpinteiro nascido em um país obscuro, mesmo as mentes céticas mais aguçadas têm dificuldade de explicar por que, de todas as pessoas brilhantes que já existiram, Jesus permanece em uma categoria própria. Isaac Newton é considerado por muitos especialistas o mais brilhante cientista que já existiu. Entretanto, esse homem jamais tentou comparar-se a Jesus Cristo; pelo contrário, sabemos que ele foi um crente ardoroso e seguidor fiel do Nazareno. Blaise Pascal é considerado um dos maiores filósofos do mundo e, no entanto, como Newton, nunca tentou usurpar o lugar de Jesus Cristo. Pascal creu durante toda sua vida no Salvador, até sua morte dolorosa. O mesmo pode ser dito de Willian Gladstone, Louis Pasteur e de milhares de eruditos, cientistas juristas e escritores brilhantes, bem como de milhões de pessoas comuns. Todos eles estudaram sua vida e seus ensinos, exa minaram ambos os lados das evidências e vieram a crer mais d que nunca que Jesus é o Filho de Deus — incomparável entre todos os que existiram. Inigualável por Seu Impacto Para colocarmos a influência de Jesus em perspectiva, consideremos vários aspectos proeminentes de sua singularidade. Jesus de Nazaré é incomparável como influência moral. Sua vida e seus ensinos continuam insuperáveis em sua capacidade de guiar culturas, tribos e pessoas, tirando-as de sua confusão moral. Jesus de Nazaré é incomparável como influência artística. Ele tem servido de inspiração na arte e na música do mundo mais do que qualquer outra pessoa. Alguns dos maiores oratórios e hinos da história foram escritos a respeito dele ou para Ele. Jesus é o tema central de mais livros e música do que qualquer outro indivíduo. A Biblioteca do Congresso norte-americano, considerada a mais completa biblioteca do mundo, registra mais obras sobre Jesus do que sobre qualquer outra pessoa. Jesus de Nazaré é incomparável como influência humanitária. Mais hospitais, orfanatos, casas de repouso e missões de salvamento têm sido dedicados a Ele do que a todos os líderes religiosos reunidos. Mais esforços para ajudar pessoas têm sido realizados, financiados e perpetuados por seus seguidores do que todos os outros juntos. Jesus de Nazaré é incomparável em sua capacidade de inspirar devoção. Nenhum outro indivíduo nos últimos dois mil anos atraiu maior dedicação entre seus seguidores. Embora Jesus nunca tenha levantado um exército durante seus três anos e meio de ministério, milhões e milhões de seus seguidores espalharam-se pelas partes mais remotas do planeta para levar sua mensagem — não por dinheiro, terras ou recompensas materiais, mas por pura devoção a Ele. Jesus de Nazaré é incomparável como influência escolástica. Embora nunca tenha fundado uma faculdade, seus ensinamentos e seus seguidores contribuíram mais para as instituições de alfabetização e matérias educativas — de todos os níveis, desde o jardim da infância até as universidades — do que todos os outros reunidos. Somente nos Estados Unidos, uma nação de instituições educativas, 128 faculdades foram estabelecidas nos primeiros cem anos da história do país — fundadas por uma igreja, denominação, ou grupo religioso. Harvard, Princeton e Yale, que foram os centros da educação norte-americana durante duzentos anos, foram criadas para preparar ministros, missionários e líderes cristãos. Além disso, numerosas faculdades cristãs foram fundadas em honra do Mestre. Antes que o evangelho chegasse à América, foram os seguidores de Jesus Cristo que proveram educação às crianças de famílias comuns. Antes de Martinho Lutero na Alemanha e João Calvino na França e na Suíça, somente os ricos, os membros da realeza ou gênios do mundo eram considerados aptos para a educação. Porém esses grandes reformadores viram a educação como meio de ensinar a Bíblia a todas as gerações, as quais, pela primeira vez, puderam ler as Escrituras em suas línguas maternas. Os colonizadores implantaram esse modelo no Novo Mundo. Não foi por mero acaso que esse direcionamento para a educação das crianças entre os séculos dezesseis e dezoito lançou as bases para o crescimento explosivo da Revolução Industrial do século dezenove. Em flagrante contraste, as culturas seculares do mundo pouco fizeram para alfabetizar milhares de tribos indígenas que (em um determinado estágio) não possuíam uma linguagem escrita. Enquanto isso, os seguidores de Jesus traduziam a Bíblia em incontáveis línguas e ensinavam milhões a ler. A intenção desses desbravadores era prover a alfabetização e levar a Bíblia a todas as tribos do mundo na virada do próximo milênio. A razão para isso? Dedicação a Jesus Cristo. Jesus de Nazaré é incomparável em seu impacto sobre as mulheres. Ninguém fez tanto para elevar a dignidade da mulher em geral e da maternidade do que Jesus Cristo. Ele veio a este mundo quando as mulheres eram consideradas apenas um pouco acima dos animais. Muitas eram negociadas como gado e poucas desfrutavam direitos pessoais perante a lei e o casamento. Nos lugares atingidos pela mensagem de Cristo, as mulheres se viram enobrecidas e respeitadas como seres humanos feitos à imagem de Deus. Os seguidores de Cristo legaram às mulheres o direito ao voto através de movimentos em toda a Europa, Inglaterra e Estados Unidos. E seus discípulos constituem hoje a legião daqueles que se posicionam em defesa dos bebês não-nascidos. As mulheres não cristãs do Ocidente podem não compreender a dívida que têm para com Jesus Cristo e seus ensinos, mas é ao Nazareno e aos seus discípulos que elas devem agradecer pela posição elevada que usufruem hoje. Jesus de Nazaré é incomparável em sua influência sobre a liberdade e a justiça. Ninguém promoveu tão profundamente a liberdade e a justiça pessoal do que os seguidores de Jesus, armados com o padrão de sua lei. A lei inglesa e norte-americana, considerada como modelo para todo o mundo, deve sua existência basicamente aos ingleses John Locke, William Gladstone, William Wilberforce, William Blackstone e aos americanos James Witherspoon, John Adams, James Madison e John Marshall. Todos foram seguidores devotados de Cristo, que conheciam e aplicavam seus princípios e ensinos para a preservação dos direitos e liberdade individuais sob a lei. Todos esses homens influentes admitiram livremente que deviam sua grandeza a Ele. O clímax dessa dedicação à liberdade individual veio com a Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, cujas palavras — “Todos os homens foram criados iguais” — tornaram-se a pedra angular da nação mais livre da história universal. A América do Norte foi fundada para preservar a liberdade religiosa: “Vida, liberdade e busca da felicidade” para todos. Como se pode ver, a evidência é impressionante. Não importa que esfera salutar da atividade humana se considere, a influência de Jesus Cristo sobre a civilização ocidental avulta e prepondera sobre todas as demais. A história mostra que vidas têm sido transformadas nos lugares onde a mensagem de Jesus foi colocada em prática, resultando em ganhos expressivos para a educação, a lei, a sociedade e a cultura. Inigualável em Sua Vida Pessoal Não é por acaso que o homem que mais influenciou positivamente a civilização foi o que viveu a vida mais extraordinária da história. Considere seu nascimento. Em cada Natal bilhões de cristãos e não-cristãos celebram seu nascimento e relembram a característica incomum de sua vinda ao mundo: sua mãe era uma virgem. A vida santificada de Jesus também o torna diferente de qualquer outro ser humano, pois, como vamos provar mais adiante neste livro, mesmo seus inimigos não puderam encontrar qualquer falta nele. Em toda a história humana, somente um homem que se declarou perfeito foi levado a sério tanto por seus amigos como por seus inimigos. Jesus nunca teve de se desculpar ou pedir perdão. Ele é inigualável pelo fato de nunca ter pecado. Os magníficos ensinos desse humilde carpinteiro da Galiléia também o elevaram a uma categoria ímpar. A maioria dos historiadores e filósofos ocidentais, assim como muitos de outras tradições, reconhecem-no como o maior de todos os mestres. Considere sua regra de “Amai os vossos inimigos” (Mateus 5.44) ou “orai pelos que vos caluniam” (Lucas 5.28) ou “dai, e dar-se-vos-á” (Lucas 6.38). Quase todos os historiadores concordam que este mundo seria um lugar muito melhor, se todos seguissem os ensinos do Nazareno. Os milagres de Jesus o colocam igualmente em posição incomparável. Como veremos adiante, eles realmente aconteceram e são ainda incontestáveis. Sua capacidade de curar enfermidades e sanar deformidades tidas como irreversíveis demonstra que Ele tinha o poder de Deus no seu interior como ninguém mais. Finalmente, para coroar sua trajetória gloriosa neste mundo, Ele deu sua própria vida sacrificialmente pelos pecados do mundo e em seguida realizou o maior de todos os seus milagres: ressuscitou dentre os mortos. Esse acontecimento, comemorado a cada ano como uma das duas datas mais sagradas do calendário cristão, confere-lhe a supremacia como a pessoa mais extraordinária que já viveu. Os Títulos Inigualáveis Atribuídos a Jesus Nenhuma pessoa além de Jesus tem sido identificada por meio dos títulos a seguir, porque nenhum outro foi qualificado para usá-los. Alguns desses títulos lhe foram dados por anjos, outros por seus discípulos ou seguidores ou mesmo pelos profetas hebreus. Nenhum desses títulos o caracteriza plenamente. Para compreender quem Ele realmente foi e como será em sua segunda vinda, todos devem ser considerados em conjunto. Uma coisa é certa: nenhum outro ser faz jus ao mérito de ostentar sequer um desses títulos. Todo-poderoso Deus forte A palavra era Deus Senhor meu e Deus meu O grande Deus Nosso salvador Jesus Cristo Maravilhoso Conselheiro Pai da eternidade Príncipe da paz Alfa e Ômega Primeiro e Último Deus bendito para sempre O Cristo Filho de Deus Jeová O princípio e o fim O Senhor Salvador O Santo Senhor de todos Emanuel O caminho, a verdade e a vida Rei dos reis Senhor dos senhores Na história do mundo, ninguém jamais saiu de uma oficina de carpinteiro para ostentar títulos tão sublimes. Sua vida somente pode ser explicada pelo fato de ter sido Ele, realmente, “o Filho de Deus” em um sentido único. No fim de semana em que escrevia estas palavras, Deus mostroume um exemplo perfeito disto. Fiz o discurso de colação de grau da vigésima quinta turma da Christian Heritage College, em San Diego, Califórnia (faculdade fundada pelos doutores Henry Morris, Arthur Peters e por mim). Um dos alunos deu um incrível testemunho. O homem — 1 metro e 95 centímetros de altura, 110 quilos de peso — contou uma longa história passada dentro e fora da prisão. Na última vez em que fora jogado em uma cela, a primeira coisa que fez foi expulsar um dos presos do beliche mais cobiçado do local, dizendo: “A partir de agora esta cama é minha — vai dizer alguma coisa?” Com isso, ele se enfiou no beliche para ter um bom sono. Mas, em vez disso, notou uma protuberância em seu colchão, uma Bíblia, a primeira que tinha visto. Começou a ler e não parou mais até terminar o evangelho de João — momento em que suplicou a Cristo que perdoasse seus pecados, aceitando-o como Senhor e Salvador. Sete anos mais tarde ele era não somente um homem transformado, sem mais qualquer pendência com a lei, mas estava se formando em uma faculdade cristã a fim de ingressar em um seminário para se preparar para o ministério. A influência do Nazareno se fez sentir novamente, mudando a natureza decaída e a direção da vida desse homem. Posso dizer sem reserva que ninguém jamais exerceu uma influência tão positiva sobre as pessoas do que Jesus de Nazaré! A Razão de Sua Singularidade O simples fato de Jesus de Nazaré ter influenciado este mundo mais do que qualquer outra pessoa deve ser suficiente para estabelecer seu lugar ímpar na história humana. Mas, quando decompomos as muitas outras facetas singulares de sua vida, ficamos estarrecidos diante de um dilema incrivelmente difícil. Como explicar a contribuição de toda sua vida, resumida a apenas três anos e meio? Quando um homem é colocado no pedestal supremo, muito acima de todos os outros na história humana, certamente deve ser por alguma razão. Qual seria? Não foi por sua descendência familiar próxima, porque sua mãe foi uma simples mulher judia e seu pai, um humilde aldeão carpinteiro. Não foi por suas posses materiais, porque Ele não tinha dinheiro algum, nem mesmo um lugar “onde reclinar a cabeça” (Mateus 8.20). Ele foi acusado diante de um tribunal vestindo uma túnica emprestada e seu corpo foi colocado em um túmulo também emprestado. Não foi sua educação, pois não há nenhum registro de que Ele tenha freqüentado uma escola. No entanto, com a idade de apenas doze anos, Ele confundiu os doutores de teologia no templo de Jerusalém. Não foi por suas viagens pelo mundo, pois, com exceção de uma breve estada no Egito quando era ainda bebê, Ele nunca viajou mais do que 150 quilômetros para fora da cidade em que foi criado. Não foi porque viveu e ministrou em um país influente, pois Ele passou toda sua vida na obscura e pequenina terra de Israel, tendo sido criado em uma cidade que gerava a seguinte pergunta: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (João 1.46). Não foi porque teve amigos influentes, pois somente pescadores, cobradores de impostos e outros homens sem representatividade alguma o seguiram. Não foi porque todas as pessoas gostavam dele, pois os líderes religiosos e políticos elitistas várias vezes tentaram apedrejá-lo e finalmente o crucificaram. Não foi porque teve uma vida longa e bem-sucedida, pois Ele estava com apenas trinta e três anos quando sacrificou sua vida por outros. Não foi porque teve um longo e extenso ministério, pois seu ministério durou apenas três anos e meio. Pelos padrões humanos, Ele teve uma morte ignominiosa em uma cruz tosca. Não foi porque estabeleceu muitas organizações para perpetuar sua memória, pois Ele fundou somente uma — sua Igreja — e ela somente teve início depois de sua morte. Assim sendo, a que atribuir a posição única de Jesus Cristo? Tenho lido as insinuações daqueles que rejeitam a afirmação de Jesus ser Deus em forma humana e observado suas inconsistências. As opiniões de tais pessoas são mais difíceis de aceitar do que os simples relatos do evangelho. Como pôde esse homem influenciar mais vidas e afetar a história humana mais profundamente do que todos os outros? Em toda a história, ninguém pode comparar-se a Ele. E, no entanto, Ele fez tudo isso em apenas três anos e meio! Todos os incrédulos sinceros devem responder à pergunta: “como Ele conseguiu isso?” À medida que Jesus Cristo caminha ao longo das páginas da história humana, Ele é elevado a uma categoria sem similar por sua peculiaridade. Por um lado, os descrentes não podem deixar de reconhecê-lo, tamanhas foram suas contribuições em favor da humanidade; nem podem eles explicar sua existência sem admitir sua divindade. Albert Schweitzer, vítima de uma onda de ceticismo no começo deste século, teve de admitir que o Jesus histórico é um enigma e um estranho para o nosso tempo. Como o Dr. Carl E H. Henry, um dos últimos estudiosos verdadeiramente conservadores da Bíblia na geração passada, escreveu: “Muitos estudiosos que rejeitam que Jesus é Deus verdadeiro e homem verdadeiro, vendo-o apenas sob uma única faceta, distinguem-no, apesar disso, da totalidade da raça humana. Os tributos prestados a Jesus, mesmo por estudiosos que repudiam os credos cristológicos históricos, não somente reverenciam o Nazareno acima de seus contemporâneos, mas elevam-no bem acima de todos os seres antigos e modernos. Essas avaliações de Jesus Cristo acabam por exaurir habituais categorias antropológicas ao tentar explicá-lo.” Ele então conclui: “Aqueles que não começam com a suposição cristã fundamental de que ‘o Verbo se fez carne’ (Jo 1.14), mas procuram mostrar como um homem completo, como supõem que Cristo foi, estava unido (de alguma forma) a Deus, não podem senão terminar em pontos de vista confusos e contraditórios”. Na realidade, todas as descrições de Jesus que conflitam com aquelas apresentadas nos quatro evangelhos são “não-históricas”. Jesus é quem Ele disse que era: Deus em forma humana. Não há qualquer explanação meramente humana sobre o porquê de um simples, embora brilhante, homem — que deveria ter sido esquecido há muito tempo por todo este mundo — ser ainda a pessoa mais amada que já viveu, quase dois mil anos após sua morte. As explicações humanas não conseguem explicar a influência que Ele ainda exerce sobre este planeta. Apenas um fato explica a singularidade de Jesus Cristo: Ele foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio sob forma humana, exatamente como Ele se declarava. Veja você que atribuir somente humanidade a Jesus não é suficiente. Para cumprir o que Ele fez, tanto em sua vida como em seus ensinamentos, precisava ser tanto Deus como homem, operando juntos em uma pessoa única. Essa pessoa é Jesus de Nazaré. O propósito deste livro é demonstrar essa convicção de maneira lógica e razoável. Para começar nossa investigação, vamos considerar o ceticismo de alguns daqueles que rejeitam a condição única de Jesus como Deus-Homem. Veremos que, enquanto nenhuma boa evidência dá apoio a esse ceticismo, montanhas de evidência comprovam a prerrogativa de que Jesus é o único Filho de Deus, o Senhor da Glória em forma humana. 2. O Que Há com os Céticos? Por mais de mil e seiscentos anos a divindade pessoal de Jesus Cristo raramente foi colocada em dúvida. A maioria das pessoas aceitava prontamente os relatos das testemunhas oculares de sua vida, contidos nos evangelhos, onde é evidente que Jesus devia ser realmente Deus em forma humana. As pessoas de sua época muitas vezes faziam exclamações como esta: “Ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Veja João 32; 9.33). O mesmo podia ser dito de seus ensinos, pois Ele falava como quem tem autoridade. Nem mesmo o maior profeta do Velho Testamento ousou dizer algo como: “Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás’... Eu, porém vos digo...” (Mateus 5.21-22) colocando-se no mesmo nível de Deus. O impacto de Jesus sobre a civilização, reconhecido universalmente, fez com que os homens o aceitassem como Deus, pois nenhum outro teve tanto impacto sobre as nações como Ele, ou realizou tantas coisas em tão pouco tempo. Porém, mesmo quando Jesus andou por este mundo, nem todos o aceitaram como Filho de Deus. Nem todos os que ouviram sua palavra, viram seus milagres e puderam comprovar quem Ele realmente era, acreditaram nele. Muitos dos judeus de sua época o rejeitaram, porque Ele não correspondia à imagem que eles faziam de um Messias. No entanto, desde o princípio aqueles que o aceitaram como Messias também aceitaram sua natureza divina. As igrejas que surgiram depois disso seguiram essa mesma doutrina. A história registra poucas vozes que se ergueram para formular razões contrárias à divindade de Jesus Cristo. E assim foi até cerca de quatrocentos anos atrás. A Crença em Deus É Ameaçada A partir do século dezesseis, com o filósofo René Descartes, muitas pessoas foram influenciadas pela idéia de que não podiam acreditar naquilo que não podiam ver. E como não podiam ver Deus, recusaram-se a crer em sua existência. Isto, representou um rompimento com a crença da época. Durante milênios, a maior parte da humanidade aceitou o fato de a criação ter sido obra de um Criador. No entanto, Descartes e seus seguidores rejeitaram toda a noção de Deus. Foi, portanto, natural para os céticos franceses do século dezessete e para os racionalistas alemães do século dezoito questionar a divindade de Jesus. Eles já haviam rejeitado a crença em Deus e proposto uma filosofia de vida independente dele; o passo seguinte foi aplicar esse ceticismo a Jesus. Um princípio básico da lógica é que, se você começa com uma premissa errada, acaba chegando inevitavelmente a uma conclusão errada. Na questão da divindade de Cristo, a partir do momento em que a pessoa rejeita Deus, ela deve repudiar também a crença no sobrenatural. Este preconceito vai impedi-la de enxergar com clareza, não permitindo uma avaliação imparcial de qualquer alegação que se refira à divindade de Jesus. Um cético simplesmente não pode admitir a possibilidade de que Jesus é Deus. Se ele admitisse isso, estaria negando a própria essência de sua crença — “Não há Deus”. Portanto, ele rejeita arbitrariamente as afirmações da divindade de Cristo; já que Deus não existe, Jesus não pode afirmar que é divino. Desta forma, muito antes de começar uma avaliação da vida de Cristo, os céticos concluem que Jesus não era nada mais do que um simples homem. A maioria das pessoas que rejeitam Deus e a divindade de Jesus são como o ateu Tom Paine, que escreveu um livro de grande influência, A Idade da Razão, sem nunca ter lido a Bíblia! Muitos concluíram que Jesus é menos do que o “Filho de Deus” (um direito que Ele alegou repetidas vezes possuir) sem ao menos examinar sua vida. Em muitos casos, apenas repetiram o que outros tinham escrito sobre o assunto... Alguns céticos, embora admitindo o incrível impacto da vida de Jesus sobre o mundo, insistem no ponto de que Ele nunca alegou ser Deus ou possuir os atributos de Deus. Eles querem nos fazer acreditar que Jesus foi um homem bom, mas não divino. Isto é exatamente o que acontece com os ilustres participantes do Seminário Jesus, que nos últimos anos tem recebido tanta atenção da mídia. O Seminário Jesus: Quem São e o Que Fazem Seus Participantes? Em 1985, Robert Funk convidou várias pessoas, em sua maioria estudiosos liberais, para verificarem a identidade de Jesus e a autenticidade dos registros do evangelho. Cerca de duzentos acadêmicos estiveram na primeira sessão; mas desde então esse numero tem diminuído, agrupando atualmente de setenta a setenta e cinco pessoas. Trinta e dois dos “participantes” ou ensinam ou possuem títulos de docentes de três das instituições teológicas mais liberais dos Estados Unidos (Harvard, Claremont e Vanderbilt). Esses estudiosos se reúnem para julgar os registros do Novo Testamento e submetê-los a seus próprios testes de exatidão. O objetivo principal do seminário tem sido sempre atrair a maior publicidade possível às suas “descobertas”. Logo no início ficou decidido que a votação seria feita por meio de bolinhas coloridas — pois chamam mais a atenção. Um membro do seminário explicou o significado das cores que codificam as palavras de Jesus: “Vermelha — isto é Jesus! Rosa — isto parece ser Jesus. Cinza — talvez seja Jesus. E preta — houve algum erro!” O seminário percorreu detalhadamente cada evangelho e votou sobre a autenticidade de cada afirmação atribuída a Jesus. A objetividade do grupo pode ser vista em suas conclusões: De acordo com o Seminário Jesus, a maior parte do evangelho de João é uma farsa [apesar de os estudiosos bíblicos considerarem-no mais autêntico que os demais evangelhos]; ele recebeu uma marca rosa, algumas cinza e nenhuma vermelha. A passagem marcada com a cor rosa, João 4.44, é traduzida assim: “Um profeta não consegue nenhum respeito em seu próprio território”. No evangelho de Marcos apenas uma expressão recebeu a cor vermelha — “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”(Mc 12.17). Ao todo, 82% das palavras de Jesus em Mateus, Marcos, Lucas e joão não são consideradas julgadas autênticas. Apenas 15 frases de Jesus são marcadas em vermelho, sendo todas expressões curtas e pungentes. Este ataque nada sutil ao Jesus histórico e sua contribuição produziu o seguinte comentário do conservador Douglas Groothuis: “Quase nada resta de autêntico depois dessas análises”. O objetivo deles era exatamente esse e tudo foi premeditado desde o início; nenhuma “erudição” foi envolvida, nem foram feitas quaisquer novas descobertas. Na realidade, sem a publicidade veiculada em revistas como Time, Newsweek, U.S. News and World Report, Life, e em grandes jornais como Los Angeles Times e New York Times, as opiniões do seminário teriam sido esquecidas rapidamente. É importante lembrar que o seminário não fez qualquer nova descoberta que conduzisse a esses pontos de vista injuriosos. De fato, ele teve início com a premissa de que o sobrenatural é impossível. Todos os membros líderes do seminário negaram as doutrinas básicas da fé cristã histórica, incluindo o nascimento virginal de Cristo, sua divindade, a expiação viçaria, sua ressurreição dentre os mortos e ascensão ao céu. Portanto, não seria surpresa que o seminário rotulasse como “não-autênticos” quaisquer fatos que dessem apoio a essas doutrinas. Além disso, a mídia nunca divulgou que tanto a metodologia como as conclusões do Seminário Jesus foram atacadas por crentes conservadores e estudiosos bíblicos do mundo inteiro. Até mesmo os estudiosos que não proclamam fidelidade ao Cristo vivo — tendência dominante tanto nos Estados Unidos como na Europa — denunciaram as falhas do seminário. O primeiro livro a ser publicado pelo seminário, Os Cinco evangelhos: A Busca do Jesus Autêntico, revela as verdadeiras intenções do grupo. Este trabalho de 1993 procura elevar o evangelho de Tome ao mesmo nível de autoridade concedido pela igreja aos quatro evangelhos canônicos. Na verdade, o seminário freqüentemente julga Tomé superior aos respeitados evangelistas, apesar de a igreja primitiva não fazer qualquer menção de Tome por trezentos anos após a morte de Cristo. Por que essa fascinação por Tomé? Pode-se apenas inferir que é pelo fato de o seminário preferir o gnosticismo de Tome à ortodoxia bíblica. Quando este “evangelho” foi descoberto, logo depois da Segunda Guerra Mundial, os estudiosos céticos saudaram-no como um novo conceito dogmático para destruir o Jesus autêntico. Porém, como todas as outras tentativas dos últimos trezentos ou quatrocentos anos, a teoria que coloca Jesus como “sábio” ou “cínico” (baseada substancialmente em Tome) é mais difícil de ser aceita do que a imagem de Jesus como “Filho de Deus” revelado nos evangelhos tradicionais — especialmente quando nos lembramos que esses homens estão mais de dezenove séculos distantes dos eventos, armados apenas com seus Ph.Ds. e suas tendências céticas. É a opinião deles contra os registros escritos de homens que passaram três anos e meio com Jesus de Nazaré e que foram “testemunhas oculares da sua majestade” (2 Pedro 1.16). Embora o Seminário Jesus continue a reunir-se — está estudando atualmente o que Jesus realmente fez quando esteve na Terra e quais livros devem ser incluídos no cânon bíblico —, ele nada mais fez do que levantar questões perturbadoras sobre sua objetividade, metodologia e valor escolástico. Nem ao menos conseguiu mostrar por que alguém deve abandonar a confiança nos registros dos evangelhos e, em seu lugar, passar a confiar em seus próprios vôos imaginários. Os céticos que conheço são geralmente mais eficientes em levantar objeções do que em responder à simples pergunta: “Como você explica o cristianismo sem o sobrenatural?” Notamos esta tendência nas teorias superficiais e tolas desenvolvidas por eles, onde geralmente se criam mais problemas do que soluções. E interessante observar que eles não parecem desenvolver nada realmente novo. Várias obras que utilizei em minha pesquisa para a publicação deste livro foram escritas há mais de cem anos, e descobri que as perguntas a que estamos respondendo hoje são basicamente as mesmas levantadas naqueles períodos. Em resumo, os céticos modernos não têm nada de novo a oferecer. Eles apenas retomam as idéias elaboradas pelos céticos franceses e racionalistas germânicos de dois ou três séculos atrás. Mesmo os participantes do Seminário Jesus não têm proposto nenhuma novidade (apesar da publicidade obtida). Até aqui o melhor que eles podem oferecer são algumas novas interpretações das antigas teorias de Voltaire, Rousseau, Hegel e outros. Se suas teorias fossem, ainda que parcialmente, corretas, já poderiam ter obtido evidências arqueológicas suficientes para derrubar a credibilidade da origem divina de Jesus e da ressurreição (ou ao menos colocar em dúvida os registros dos evangelhos). Ao invés disso, as escavações dos arqueólogos têm servido para confirmar os registros nos evangelhos sobre a vida de Jesus. Como Nascem os Céticos É interessante notar que muitos dos que duvidam da divindade de Jesus ou de sua ressurreição física nunca leram os evangelhos, ou os relatos das testemunhas oculares dos acontecimentos da vida de Cristo. Voltaire, o célebre descrente do século dezoito, rejeitou a divindade e a ressurreição de Jesus, assim como a Bíblia. Como ele se tornou tão cético? Talvez por ter sido tão brilhante? De modo algum. Quando seus pais, que eram católicos devotos, notaram que seu filho tinha a inteligência de um gênio, contrataram um ex-sacerdote como seu professor particular na tentativa de oferecer-lhe uma educação de qualidade. Infelizmente, eles não verificaram por que o professor era um exsacerdote. O homem tinha sido expulso da igreja católica por seu ceticismo; por sua vez, ele inoculou doses maciças de ceticismo na mente de seu jovem e brilhante aluno. A objetividade nada tinha a ver com o ceticismo de Voltaire. A doutrinação cética fez de Voltaire um cético! Na realidade, tenho observado que a maioria dos céticos foi influenciada por algum livro ou professor que transmitiu-lhes seu próprio ceticismo. A partir do momento em que o cético se convence de suas posições, seu orgulho pessoal não lhe permite mudar de opinião, não importando quantos fatos contrários possam desafiá-lo. Isto é particularmente verdadeiro em relação a muitos acadêmicos. Estes homens e mulheres apreciam passar adiante seu ceticismo, atingindo as mentes jovens e impressionáveis — muito embora não tenham os fatos a seu favor. Talvez seja por isso que o maior número de céticos é encontrado nas universidades, onde uns poucos professores agnósticos podem minar a fé das gerações futuras. Sob a capa de “liberdade acadêmica”, os céticos ateus em nossas faculdades e universidades (e algumas vezes em nossas escolas secundárias) questionam todas as coisas da fé cristã, desde a criação até a ressurreição, recusando-se a considerar os argumentos cristãos. Qualquer um que analise somente um dos lados de um argumento está inclinado a adotar esse ponto de vista (particularmente os jovens). As universidades de hoje estão fabricando céticos, não porque os cristãos sejam falhos em evidenciar a divindade e ressurreição do corpo de Cristo, mas por falta da exposição dessa evidência. Estou convencido de que a evidência da divindade e ressurreição de Jesus Cristo é tão clara que qualquer pessoa objetiva que examine ambos os lados de um argumento concluirá que a fé cristã está baseada em fatos históricos consistentes. O Caso do Ateu Não-Científico Quando eu era pastor, poucos ateus freqüentavam minha igreja. Por isso fiquei realmente surpreso quando um jovem e inteligente engenheiro apertou minha mão em um domingo após o culto e anunciou: “Sou um ateu não-científico. Acabo de concluir meu mestrado na Universidade Stanford e desejo freqüentar sua igreja. Estou trabalhando por um ano em uma empresa aqui em San Diego a fim de ganhar o suficiente para freqüentar a Universidade Brandeis no próximo outono, visando ao doutorado.” E então explicou: “Um ateu não-científico é aquele que examinou somente um lado da evidência antes de chegar a uma conclusão. Durante os meus estudos, fui instruído a examinar os dois lados de uma argumentação antes de chegar a uma conclusão. Descobri, então, que toda minha argumentação partia de uma perspectiva cética ou ateia. Por isso, durante estes nove meses em que não tenho atividade acadêmica pesada, resolvi freqüentar sua igreja para que possa conhecer e examinar o ponto de vista cristão.” Então ele me pediu algo que poucas pessoas me haviam pedido: “O senhor estaria disposto a separar uma hora por semana comigo para me ajudar na orientação da pesquisa?” “É claro que sim”, respondi. Mas primeiro fi-lo prometer que leria pelo menos um capítulo da Bíblia diariamente, à medida que eu lhe fosse indicando. Stan concordou e passamos a nos encontrar todas as quartasfeiras à noite, antes do culto. Ele era um acadêmico disciplinado. Lia a Bíblia diariamente, como prometeu, bem como todos os livros e executava as tarefas que eu lhe dava. Começamos com o nascimento virginal de Jesus e sua origem divina, mas logo descobri que ele estava tão interessado e aplicado que isso exigiria mais tempo do que tínhamos disponível. Por isso, eu o desafiei a pular diretamente para a ressurreição, porque, disse-lhe, “se a ressurreição é válida, então a divindade de Cristo e seu nascimento virginal também são válidos”. Trabalhamos arduamente durante os nove meses restantes e, por minha sugestão, ele começou a preparar duas listas: uma a favor e outra contra a ressurreição. Naquela época, Josh McDowell ainda não havia escrito sua obra clássica sobre Jesus, por isso tive de fazer uma porção de pesquisas por minha conta. Hoje a tarefa seria muito mais fácil (e mais convincente!). Fiquei extremamente desapontado quando, no final de setembro, Stan me disse que aquele seria nosso último encontro, pois partiria no dia seguinte para a Universidade Brandeis. Tentei fazer com que ele tomasse uma decisão apoiada em sua pesquisa, onde havia duas vezes mais evidências em favor da ressurreição do que contra — mas como ele “não estava preparado”, achei melhor não forçá-lo. Stan prometeu dedicar mais algum tempo a sua pesquisa, na tentativa de “chegar a alguma conclusão até o feriado do dia de Ação de Graças. Sinceramente, achei que o tinha perdido. Afinal de contas, naquela época, toda a Universidade Brandeis era judaica e 98% de seus estudantes eram judeus ou ateus. Não tive mais notícias de Stan até o Natal, quando ele me pediu uma entrevista. Fiquei grandemente surpreso quando ele me disse que planejava ir à igreja no próximo domingo e declarar, na frente de todos, que queria se tornar um cristão. Fiquei muito feliz com isso e, então, ele me contou como chegou a esta conclusão. Ele manteve sua promessa e dedicou um bom tempo nas bibliotecas daquela área reunindo dados pró e contra a ressurreição. Sua conclusão? “Houve cinco vezes mais evidência PRÓ ressurreição de Jesus do que contra. Depois que cheguei a esta conclusão, foi fácil ajoelhar-me à beira de minha cama (no alojamento de Brandeis) e convidar Jesus, o Cristo vivo, a entrar em minha vida. A pesquisa havia finalmente terminado e uma paz maravilhosa desceu sobre mim!” Em seguida, algo bastante raro aconteceu. Ele desceu as escadas e encontrou cinco colegas da universidade — comentando exatamente como era inacreditável o fato de os cristãos aceitarem algo tão ultrajante como a ressurreição de Jesus. Stan, uma pessoa de espírito manso e introvertido, agüentou até onde pôde. De repente, ele se viu entrando na conversa e compartilhando algumas das evidências que havia encontrado, para a grande surpresa de todos. Pois, como a maioria dos descrentes, eles concluíram erroneamente que nada havia em favor da ressurreição, já que nunca tinham ouvido nada sobre isso. Quando perguntei a Stan por que ele ainda não se considerava um cristão,mesmo depois de éter convidado Cristo a entrar em sua vida, ele me explicou que o Senhor esperava dele um testemunho público de sua fé. Ele estava certo sobre isso, mas tinha uma idéia equivocada a respeito do que era um testemunho público, achando que precisava ir à frente após um sermão para testemunhar sua fé. Expliquei-lhe que ele já tinha dado seu primeiro testemunho público; isto aconteceu no dia seguinte ao da celebração do dia de Ação de Graças, no seu alojamento, quando falou em defesa da ressurreição de seu novo Salvador. E isto foi feito diante de cinco testemunhas — seus colegas judeus! Isso provou que ele estava salvo. Stan evidentemente estava pensando no texto que promete: “Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Romanos 10.9-10). Fiel à sua palavra, Stan foi à igreja no domingo de manhã e caminhou até a frente, confessando perante a igreja o que ele já tinha confessado diante dos homens, que o Cristo que ressurgiu da morte após sua crucificação era, sem sombra de dúvida, seu Senhor e Salvador pessoal. Deve ter sido uma experiência genuína, porque aquele “ex-ateu não-científico” tem sido um cristão firme por mais de trinta anos. A última vez que ouvi falar de Stan, ele era professor em uma faculdade cristã. Este caso serve como uma evidência adicional de que o ceticismo geralmente não pode se expor à esmagadora evidência da ressurreição de Jesus, desde que o cético esteja disposto a ser objetivo e examinar ambos os lados da evidência. O Ceticismo Não é Intelectualmente Honesto Os cristãos nada têm a temer diante dos argumentos dos céticos. Quando avaliamos as evidências, torna-se claro que a crença no Cristo ressurreto faz mais sentido do que a crença em qualquer sistema alternativo. Por outro lado, os cristãos precisam saber que a arma preferida dos céticos nunca foi o argumento racional baseado na melhor evidência disponível; os céticos perceberam há muito tempo que o ridículo e o sarcasmo servem muito melhor aos seus propósitos. Muitos céticos se apegam à sua descrença não com base em uma evidência irrebatível, mas simplesmente porque decidiram descrer. Eles não são intelectualmente honestos. Josh McDowell nos conta alguns fatos interessantes ocorridos em conferências que deu para alunos de filosofia. O professor era também o diretor do departamento. Depois que apresentei a evidência literária e histórica da divindade de Cristo, o professor começou a me importunar com perguntas e acusações sobre a ressurreição. Após uns dez minutos, um estudante interrompeu e fez ao professor uma pergunta muito interessante: “O que o senhor acha que aconteceu na primeira páscoa?” O professor olhou para mim e em seguida para o estudante. “Não sei o que aconteceu” disse ele. “Mas não foi a ressurreição!” “Sua resposta é o resultado do exame da evidência?” A resposta foi a seguinte: “Não! É por causa de minha perspectiva filosófica.” Em outra importante universidade, vários estudantes levaram meu primeiro livro, Evidence That Demands a Verdict (Evidência Que Requer um Veredito), ao presidente do departamento de história para que ele o avaliasse. Após vários meses, um dos alunos visitou o presidente e perguntou sua opinião sobre o livro. “Ele contém historicamente alguns dos argumentos mais convincentes sobre o cristianismo que já li”, respondeu o professor. O estudante ficou todo excitado. Então o diretor do departamento acrescentou: “Mas não chegarei à mesma conclusão do Sr.McDowell.” “Por que?”perguntou o estudante, confuso. “Por causa da minha perspectiva filosófica”, foi a resposta. Não havia falta de evidência. Mas, apesar disso, ele se negou a aceitá-la. Uma Questão de Vontade Um poeta disse sabiamente: “Uma mente convencida contra sua vontade é ainda a mesma mente.” Algumas pessoas simplesmente se recusam a crer, mesmo quando confrontadas com fatos irrefutáveis. Outros podem ficar sem respostas, mas ainda se recusam a dobrar os joelhos diante de Jesus. Neste caso, a rejeição de Cristo e de sua ressurreição não é mais uma questão de razão e lógica; é uma rebelião contra Deus. Aconteceram vários casos na igreja que pastoreei em San Diego, Califórnia. Um engenheiro aeroespacial, de inteligência privilegiada, vinha à igreja regularmente acompanhado de sua esposa e filha, mas confessava que não era um crente. Ele se dizia abertamente um ateu, ou, na melhor das hipóteses, um cético. Não sei bem o que ele realmente era. Don, diferentemente da maioria dos maridos descrentes, desfrutava da companhia de alguns homens de nossa igreja, chegando até a praticar esqui aquático com alguns deles aos sábados à tarde. Em uma manhã de domingo, cinco anos mais tarde, Don estava profundamente emotivo. Procurou-me após o culto dizendo que tinha duas perguntas sérias que gostaria de me fazer há algum tempo e que, se eu pudesse responder a elas, ele se tornaria um cristão. Eu me senti exultante e perguntei quando ele queria conversar. Ele respondeu que o dia seguinte seria bom, porque ele estaria de férias toda aquela semana. Cheguei à sua casa às duas horas e ele me expôs dois pontos críticos sobre o cristianismo. Acredite ou não, eu havia estudado ambos os pontos nos últimos dez dias! Conversamos por duas horas e meia. No final, perguntei-lhe se tinha mais perguntas a fazer, e ele disse que não, e que estava satisfeito com as respostas dadas. “Don”, perguntei, “você está preparado para dobrar os joelhos comigo e convidar Cristo para entrar em seu coração?” Para minha surpresa, ele disse: “Bem, não quero ser precipitado e fazer as coisas correndo”. Saí de lá triste, na certeza de que a salvação é mais uma questão da vontade do que da mente. Felizmente, Don continuou indo à igreja com sua esposa. Mais tarde, eles se mudaram da cidade e, dois anos depois de instalar sua família no norte do país, ele finalmente tomou a decisão que deveria ter tomado naquela segunda-feira à tarde, quase dez anos antes. Permaneça Aberto à Verdade Um dos versos clássicos de Shakespeare diz: “Sê verdadeiro para ti mesmo”. Durante toda a leitura deste livro, irei desafiá-lo a permanecer aberto à verdade, à evidência e à lógica. Tome cuidado para não se deixar influenciar por aqueles que se recusam a crer. A fonte básica da evidência da vida de Jesus de Nazaré são os quatro evangelhos, sendo que três deles foram testemunhas oculares. Como você verá no próximo capítulo, estes registros históricos da vida de Jesus são os documentos mais confiáveis da antigüidade. 3. A Credibilidade das Narrativas do Evangelho Todos os fatos essenciais que conhecemos sobre Jesus vêm dos evangelhos; assim sendo, tudo o que há no cristianismo está baseado na credibilidade das narrativas destes quatro evangelhos. É fácil, portanto, perceber por que os céticos modernos, que viveram pelo menos mil e setecentos anos depois de Cristo, insistem em afirmar que longos períodos de tempo transcorreram entre a vida de Jesus e o registro dos evangelhos. Isto lhes permite alegar que os evangelhos foram escritos por homens que não tiveram informações de primeira mão sobre os acontecimentos ocorridos. Argumentam eles que os evangelhos dizem pouco sobre o “Jesus histórico” e muito sobre o que a igreja inventou muitas décadas depois de sua morte. Em outras palavras, eles diminuem o valor dos evangelhos como narrativas confiáveis da vida de Jesus. Embora admitam que os evangelhos oferece narrativas interessantes daquilo que a igreja primitiva ensinou sobre o Messias, não acreditam que o evangelho de João e os sinópticos contêm muitas (se algumas) informações precisas a respeito da vida e morte de Jesus, que viveu na Palestina do primeiro século. Se esses críticos estão certos, então não podemos esperar conhecer muita coisa de valor sobre a vida de Jesus, e a fé cristã histórica irá se desintegrar e virar pó. Por outro lado, se eles estão errados e podemos então com certeza confiar no registro preciso dos evangelhos sobre a vida de Jesus — algo que esperamos mostrar com clareza neste capítulo —, então dispomos de uma sólida base sobre a qual construir nossas esperanças, nossa fé e nossas próprias vidas. A Importância dos Evangelhos Os relatos da vida de Jesus contidos nos evangelhos são de extrema importância. Henry H. Halley fez o seguinte comentário: Os quatro evangelhos são, em todos os aspectos, aparte mais importante da Bíblia: mais importante do que todo o restante da Bíblia junto. Mais importante do que todos os livros do mundo reunidos, porque podemos perfeitamente ficar sem o conhecimento de todas as outras coisas, mas não sem o conhecimento de Cristo. Os livros da Bíblia que os precedem são antecipações e os que vêm a seguir são explanações sobre o herói dos quatro evangelhos. É verdade que Josefo, Tácito e outros escritores contemporâneos se referem ao “Jesus da história”, mas não acrescentam quaisquer informações sobre Ele que já não estejam mencionadas nos evangelhos. Conseqüentemente, é de suprema importância que estabeleçamos a credibilidade dos evangelhos. Vamos agora considerar a confiabilidade dos quatro evangelhos. Consideremos brevemente João, assim como os três evangelhos sinópticos — assim chamados porque, quando colocados lado a lado, demonstram um tratamento semelhante ou paralelo da vida e morte de Jesus de Nazaré. O Evangelho de João O evangelho de João é geralmente colocado à parte dos outros, porque ele não procurou escrever um relato cronológico da vida de Jesus. Ao escrever seu evangelho no final do primeiro século, João procurou apresentar o aspecto sobrenatural de Jesus, de modo que seus leitores fossem levados à fé. Isto fica evidente no clássico comentário quase no final do livro: “Estes [sinais], porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20.30). Nenhum outro evangelho tem sido tão duramente atacado pelos céticos, agnósticos e descrentes do que o evangelho de João — não porque qualquer evidência do primeiro século questione sua autoridade, mas porque ele apresenta de maneira inequívoca a divindade de Jesus. Tendo sobrevivido a todos os outros apóstolos, João pôde observar a tendência de muitas pessoas enxergarem a divindade de Jesus em termos semelhantes aos encontrados na mitologia grega (por exemplo, como deuses que tomavam a forma de homem ou de animais). João pretendia deixar claro que Jesus tinha vindo em forma humana, que Ele era humano em todos os mínimos aspectos (porém sem pecado) £ era Deus também nos mínimos aspectos. Eis a razão por que ele enfatizou os milagres de Jesus — para mostrar que, embora o Salvador fosse verdadeiramente homem, de modo que podia morrer pelos pecados da humanidade, Ele era também Deus e podia, portanto, realizar milagres como nenhum outro jamais realizara. João apresentou Jesus como o “Logos”, ou “Palavra”, significando que Ele era a expressão exata de Deus. Se você quer realmente conhecer Deus e compreender como Ele reage em qualquer situação, estude a vida de Jesus, pois Ele revela o Pai. Os leigos em geral consideram o evangelho de João de mais fácil compreensão do que os outros evangelhos. Ele foi escrito por um pastor já idoso (da igreja de Éfeso), companheiro íntimo de Pedro e de outros líderes da igreja. E, certamente, João foi testemunha ocular de todos os eventos que mencionou. E interessante observar que vários dos lugares específicos mencionados por João — tais como, o poço de Jacó em Sicar, o tanque de Siloé, a Calçada de Pedra ou Pavimento (em hebraico Gabatá), onde Jesus foi julgado diante de Pilatos e outros — foram descobertos pela moderna arqueologia, fazendo silenciar muitas das objeções dos céticos. João provavelmente teve acesso aos evangelhos sinópticos, escritos cerca de trinta anos antes do seu. Ele queria que seu registro fosse único; por isso revelou vários milagres e muitos ensinos de Jesus que não estão citados nos outros evangelhos. Quis também apresentar Jesus como o Criador de todas as coisas — “No princípio...” (1.1-3). Além disso, ele o apresenta como juiz, igual a Deus, restaurador e galardoador, redentor e revelador. A confiabilidade do evangelho de João é atestada por mais manuscritos e artigos (desde o final do primeiro século) do que qualquer outra obra literária da antigüidade, o que incomoda bastante os céticos. E preciso lembrar que manuscritos antigos são raros, principalmente por não serem escritos em papel como conhecemos hoje, mas normalmente em papiro, um material extremamente vulnerável ao tempo, umidade, mofo e deterioração (o pergaminho somente foi inventado por volta do quarto século). No entanto, muitas peças em papiro daquele período foram descobertas, o que confere validade à Bíblia (e especialmente ao evangelho de João) mais do que qualquer outro documento antigo. Em 1885, no Egito central, onde o ar é seco, muitos documentos antigos foram encontrados, cobertos durante séculos por areias protetoras. Nos dez anos seguintes, descobertas arqueológicas revelaram muitos fragmentos das Escrituras, respondendo a muitas perguntas dos céticos. Em 1920, um fragmento de papiro do evangelho de João também foi encontrado, medindo oito centímetros e nove milímetros por seis centímetros e quatro milímetros, contendo João 18.31-33 de um lado e 18.37-39 de outro. Os estudiosos atribuíram-no à primeira metade do segundo século. É o mais antigo manuscrito da Bíblia encontrado — uma evidência de que o evangelho de João existia e estava em circulação no Egito, nos anos que se seguiram imediatamente à morte de João. Este importante fragmento está sob uma redoma de vidro na Coleção Chester Beatty, da Biblioteca Rylands, em Manchester, Inglaterra, e é considerado um dos mais importantes manuscritos da história (embora já não seja o texto bíblico mais antigo). Este documento comprova a veracidade do evangelho de João bem como confirma sua autoria. Além desse célebre fragmento do manuscrito de John Rylands, existe outra evidência da antigüidade do evangelho de João: A veracidade do evangelho de João é comprovada também pelo Egerton Papiro 2, com data anterior ao ano 150. Foi também usado por Tatian em seu Diatessaron.... João foi também conhecido e usado em alguns círculos heréticos gnósticos — por exemplo, por Ptolorneu, um discípulo de Valentino, pelo evangelho de Pedro (cerca de 150), e (provavelmente) pelo autor do evangelho da Verdade, de Valentino. Uma, evidência adicional da autenticidade deste importante evangelho é o fato de ele ter sido aceito imediatamente por todos os líderes da igreja primitiva. Por exemplo, Inácio, em suas Sete Cartas, escritas por volta de 110 d.C, faz citações dos quatro evangelhos. Papias, que viveu em 70-155 d.C, foi discípulo de João e citou seus escritos, juntamente com os outros evangelhos, em seu livro Uma Explanação dos Pronunciamentos do Senhor. Citações semelhantes podem ser encontradas nos escritos de Irineu (130-200 d.C), um aluno de Policarpo (tendo sido ele mesmo, por sua vez, um aluno de João), bem como nos de Justino Mártir e outros pais da igreja. Apesar de apenas parte de seus escritos ter sido preservada, aqueles que restaram confirmam a existência e imediata aceitação, na época, do evangelho de João (assim como de outros livros do Novo Testamento). A Bíblia é, com certeza, o livro mais lido e amado no mundo, e dos livros do Novo Testamento, o preferido é o evangelho de João. Sua mensagem tem sido usada ao longo dos séculos para alcançar multidões para a salvação através da fé no Senhor Jesus Cristo, e esta é talvez a maior prova de sua autenticidade e inspiração divina. Os Três Autores dos Sinópticos Todos os três escritores dos evangelhos sinópticos ou foram testemunhas oculares dos eventos da vida de Jesus ou tiveram acesso àqueles que foram. Para uma avaliação correta dos sinópticos, é preciso esclarecer que os autores se preocuparam mais com o tema e as pessoas a quem eles se dirigiam do que com a seqüência cronológica dos fatos. O evangelho de Mateus é considerado como escrito fundamentalmente para os judeus, pois continuamente enfatiza o cumprimento das profecias do Velho Testamento a respeito de Jesus, provando que Ele era realmente o Messias. Desde o início do cristianismo, Mateus foi considerado o autor do evangelho que leva seu nome. Mateus é mencionado em ambas as listas de discípulos (Marcos 3.13; Lucas 6.12-16), confirmando ter sido uma testemunha ocular dos acontecimentos. Ele admitiu ser um “publicano” ou cobrador de impostos que deixou tudo para seguir Jesus. E quando foi escrito o evangelho de Mateus? Os céticos nos fariam crer que ele data de pelo menos uma ou duas gerações após os eventos ali registrados. Isto, porém, é impossível. Sob uma redoma de vidro na biblioteca do Magdalen College, em Oxford, Inglaterra, se encontra o que atualmente é considerado como o mais antigo fragmento de papiro do Novo Testamento. Ele não apenas confirma a exatidão do texto de Mateus ali preservado, como prova que os fatos ali narrados faziam parte do cotidiano da testemunha ocular que os descreve — exatamente como a igreja tem acreditado por dois milênios. Na véspera do Natal de 1994, um estudioso alemão, Dr. Carsten Peter Theide, diretor do Instituto para Pesquisa Epistemológica Básica, publicou uma evidência científica que datava este fragmento do evangelho de Mateus como anterior ao ano 70 d.C, e talvez até anterior a 30 d.C. Em 1996, em seu livro Testemunha Ocular de Jesus, escrito juntamente com o estudioso britânico Matthew D’Ancona, ambas as pesquisas atuais parecem indicar que o evangelho atribuído a Mateus existia também naquela época [30 a 60 d.C] em forma de folhas, o que tornaria possível a sua leitura por uma testemunha ocular da crucificação. Em um artigo publicado em uma revista no final de 1996, o Dr. Theide fez esta importante declaração com base em suas descobertas científicas: “Os fragmentos de papiro indicam que os primeiros registros completos dos evangelhos eram cópias que foram distribuídas durante as primeiras décadas da era apostólica, bem próximo da época em que as testemunhas oculares haviam presenciados os fatos. Portanto, o Jesus histórico não foi algo inventado. Pode-se eventualmente contestar certos detalhes, mas não o fato básico de sua existência e tudo que fez.” Este estudioso acredita que o evangelho de Mateus e, provavelmente, os outros dois sinópticos foram escritos e distribuídos entre 30 e 60 d.C, quando muitas outras testemunhas oculares ainda estavam vivas para julgar sua exatidão. Esta data remota do primeiro evangelho significa que Mateus resistiu ao exame minucioso das únicas pessoas qualificadas para julgálo — não os “estudiosos” mil e novecentos anos distantes dos eventos, inclinados a desaprovar a Bíblia e os atributos de Cristo — mas as próprias testemunhas oculares dos acontecimentos. Desse modo, não é de estranhar que a igreja primitiva tenha aceitado imediatamente os relatos do evangelho e dado a eles a posição de “outras escrituras”, estudando-os e discutindo-os juntamente com o Velho Testamento em seus cultos de adoração! Marcos, considerado tradicionalmente o autor do segundo evangelho, foi provavelmente o primeiro a compilar os fatos da vida de Cristo para a igreja primitiva em constante expansão. Marcos não foi um dos apóstolos, mas conhecia bem tanto Pedro quanto Paulo, tendo feito várias viagens com eles. Marcos ligou-se mais especialmente a Pedro, estando com o apóstolo em “Babilônia”, quando este escreveu sua primeira epístola (veja 1 Pedro 5.13). Marcos tinha ouvido muitas vezes as pregações de Pedro e de Paulo, tendo conhecimento de todos os eventos transcorridos na vida de Jesus. O fato de os discípulos se reunirem na casa de sua mãe, em Jerusalém, faz com que possamos presumir que em sua juventude ele tenha ouvido pessoalmente as palavras do Salvador. Atualmente os estudiosos admitem que o evangelho de Marcos tenha sido escrito cerca de 50 ou 54 d.C. Gregory A. Boyd, respondendo aos céticos do Seminário Jesus, chama a atenção para o fato de vários fatores internos indicarem uma data antiga para o evangelho de Marcos. Por exemplo: Em Marcos 15.21 encontramos referência a um certo “Simão Cireneu que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo”, o qual foi forçado a ajudar Jesus a carregar a cruz. A afirmação é totalmente inexplicável, a não ser admitindo-se a possibilidade de os leitores de Marcos estarem bem familiarizados com Alexandre e Rufo. Mateus e Lucas, estranhamente, não fazem referência a eles. Isto não somente fixa o acontecimento na história, mas o localiza na memória dos leitores, os quais poderiam guardar esses nomes na memória por muito mais de dez ou vinte anos, talvez até uma geração. Se não fosse assim, tais nomes seriam esquecidos. Boyd continua: Marcos menciona Pilatos sem a preocupação de explicar a seus leitores quem era ele (Mateus e Lucas afirmam que ele era “governador”); por outro lado, refere-se ao “sumo sacerdote” sem mencionar seu nome (ao passo que Mateus e Lucas o identificam corretamente como Caifás; Mc 14.53-54; 15.1). A explicação mais lógica para isso é que os leitores de Marcos não precisavam da referência à posição de Pilatos ou quem era o “sumo sacerdote “quando Jesus foi crucificado. Tendo em vista que Pilatos deixou de ser governador no ano 36 d. C, e Caifás deixou sua posição em 37d.C, quanto mais distante destas datas procurarmos datar o evangelho de Marcos, menos compreensíveis se tornam suas informações. A conclusão de Boyd é apropriada, pois a evidência indica uma data anterior, sendo o relato feito por alguém muito familiarizado com os fatos e as pessoas envolvidas. Devo acrescentar que descobertas arqueológicas recentes atestaram que Pilatos era o governador em Jerusalém naquela época, o que confirma a confiabilidade dos relatos do evangelho. Procure imaginar o que aconteceria se alguma descoberta arqueológica recente colocasse Pilatos vinte anos antes ou depois da crucificação. Os céticos imediatamente ergueriam sua voz para atestar sobre a falta de credibilidade das Escrituras. Entretanto, somente um silêncio abafado de tais associações acolheu as recentes descobertas que confirmam as datas, as pessoas e a exatidão histórica dos registros. De fato, a arqueologia não tem sido benevolente com os céticos durante os últimos cem anos ou mais. Em vez de confirmar seu ceticismo provando que a Bíblia está “cheia de falsidades”, como alguns costumam proclamar, numerosas descobertas arqueológicas têm, na realidade, confirmado a exatidão dos registros. Há fortes evidências de que Marcos não somente escreveu o evangelho, mas contou com a ajuda de uma testemunha ocular. A antiga tradição admite que o apóstolo Pedro foi a força motora por trás do evangelho de Marcos. Alguns até vão mais longe a ponto de dizer que este é o evangelho segundo Pedro (por meio de Marcos). O mais importante, porém, é que o evangelho de Marcos foi escrito por alguém que se relacionou diretamente com os eventos, sendo aceito pela igreja logo depois de ter sido escrito. Papias, um discípulo do apóstolo João que viveu entre 70 e 155 d.C, escreveu em sua Explanação dos Pronunciamentos do Senhor que havia se dedicado à tarefa de inquirir os anciãos [presbíteros] e seus seguidores e que um deles narrou o seguinte: “Marcos, tendo se tornado o intérprete de Pedro, anotou com exatidão tudo aquilo que este último recordava — das palavras e atos de Cristo — não, porém, em ordem. Pois nem ele ouviu o Senhor, nem foi seu seguidor, mas, logo depois, ele se apegou a Pedro, adaptando suas instruções conforme a necessidade. Marcos não ensinou como se estivesse compondo um relato unificado dos oráculos do Senhor, portanto, não cometeu nenhum erro ao assim anotar algumas coisas que ele (Pedro) lembrava. Pois tinha em mente uma só coisa — nada omitir do que tinha ouvido e não fazer quaisquer afirmações falsas”. Lucas, “o médico amado” (Colossenses 4.14), autor do terceiro evangelho, possuía as qualidades de um bom escritor e historiador. Até mesmo os céticos, que difamam os registros do evangelho, admitem a qualidade do seu estilo literário. Lucas era um médico grego que fez várias viagens com o apóstolo Paulo na propagação do evangelho. Supõe-se que seu livro tenha sido escrito cerca de 58-60 d.C, na época em que vivia na cidade de Cesaréia, quando de prisão de Paulo ali durante dois anos. Alguns estudiosos acreditam que Lucas tinha lido o evangelho de Marcos antes de escrever o seu, pois nos cerca de 1150 versículos de seu evangelho aparecem quase trezentas citações de Marcos [ed. de Almeida]. Como grego, Lucas tendia a escrever à maneira grega, o que dá ao seu evangelho uma aceitação universal maior que o de Mateus. Ele enfatiza a humanidade de Jesus mais do que os outros, razão pela qual o filme “Jesus” (produzido e distribuído por Campus Crusade for Christ não precisa de muita revisão e adaptação quando traduzido para outras línguas — o evangelho de Lucas por si só proporciona a ação dramática. O filme já foi traduzido para mais de setenta e cinco idiomas, tendo se revelado um excelente instrumento para levar milhões de pessoas a se decidirem por Cristo. Lucas não foi testemunha ocular dos acontecimentos que relata em seu evangelho, mas compensa essa deficiência com a vantagem de ter entrevistado aqueles que estiveram com Jesus, produzindo, assim, um registro de grande exatidão e credibilidade. Nenhuma pessoa poderia conhecer tão bem os detalhes encontrados no evangelho de Lucas, senão através de entrevistas com as testemunhas oculares; assim sendo, o bom médico Lucas deixou-nos um relato muito convincente da vida, ministério e morte de Jesus. Pelo fato de se referir a tantos lugares geográficos específicos em seus escritos, Lucas se tornou sensível e preciso em suas investigações, relacionando com exatidão 53 localizações geográficas. Sua precisão nas informações é tão surpreendente que vários arqueólogos, como W. F. Albright, tiveram sua fé restaurada ou fortalecida e muitos passaram da infidelidade à aceitação da fé ao constatarem a exatidão das informações do Dr. Lucas. Uma dessas conversões foi experimentada por um dos maiores arqueólogos e geógrafos que já existiu, Sir William M. Ramsay. Treinado na escola alemã de história, Ramsay não foi inicialmente receptivo à fé. Ele achava que a Bíblia o tornaria suscetível a influências não confiáveis, por conter muitas citações de lugares, acontecimentos e pessoas. Como muitos outros, sua tentativa de desacreditar o Novo Testamento converteu-o à fé. Ramsay de início não admitia que o livro de Atos dos Apóstolos havia sido escrito por Lucas, o companheiro de Paulo. Para provar sua hipótese, ele fez uma viagem pela Ásia Menor, durante a qual ficou tão impressionado com a exatidão mostrada no livro em relação às localizações geográficas e históricas que reviu seu parecer, afirmando que o texto de Lucas é de uma fidelidade insuperável. Mais tarde ele escreveu em um livro que Lucas deveria ser incluído entre os maiores historiadores. Um outro testemunho sobre a precisão científica dos escritos de Lucas, de autoria do Dr. Wilbur Smith — um famoso pesquisador da atualidade e um de meus amados professores — citou uma fonte imparcial, o Dr. James T. Shotwell. Em seu livro, The History of History, Shotwell escreveu: “Lucas, como mostra o livro de Atos dos Apóstolos, era um homem instruído que recorreu a várias fontes para redigir sua história. Suas citações geográficas são precisas e exatas, e sua obra pode ser comparada às melhores histórias pagas de seu tempo”. Lucas certamente aplicou esse mesmo método ao escrever o evangelho que tem seu nome. Todos os quatro evangelhos são igualmente importantes e, para obter uma imagem completa da vida de Jesus, você deve estudar os quatro. Cada um deles ressalta uma faceta diferente do caráter do Mestre. Mateus, escrevendo para os judeus, apresenta-o como rei. Marcos apresenta-o como um servo, enquanto Lucas o apresenta como o homem perfeito. O último, João, apresenta-o como Deus em forma humana. Todos os quatro são imagens fiéis de Jesus de Nazaré e nos ajudam a compreender o Senhor de maneira completa. Os Escritos Anteriores aos Evangelhos Atualmente vários estudiosos da Bíblia admitem que Marcos, considerado o primeiro dos autores do evangelho, teve acesso a outros documentos concernentes à vida de Jesus, os quais usou para escrever seu próprio evangelho. Se você considera isto herético, lembre-se de que foi Lucas quem disse: Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito... uma exposição em ordem. (Lc 1.13) A menos que apenas dois escritores (Marcos e Mateus) sejam considerados “muitos”, Lucas tinha em mente outros relatos da vida, época e morte de Jesus que Deus não considerou necessários incluir no cânon das Escrituras. Esses “outros documentos” se perderam com o passar do tempo. Provavelmente alguns ouvintes anotaram os sermões e ensinamentos de Jesus e transmitiram suas anotações pormenorizadas sobre horas ou dias de seus pronunciamentos a um autor desconhecido. Outros podem ter sido testemunhas oculares dos milagres e de outros acontecimentos de sua vida. Marcos pode muito bem ter mantido esses escritos não utilizados à disposição de Lucas. Ninguém sabe ao certo. Há também boa probabilidade de que os três autores dos evangelhos sinópticos tenham recebido anotações ou relatos, ou mesmo documentos inteiros, dos quais puderam extrair suas informações. Pelo menos um desses documentos parece ter sido completo, e alguns especialistas acreditam que ele foi incorporado aos evangelhos. Como aponta o Dr. Smith: “Sabemos que antes de qualquer coisa ter sido escrita, a igreja possuía registros sobre Jesus; entretanto, nunca poderemos saber como esses documentos surgiram ou quais eram suas características originais”. Os estudiosos deram a esses escritos que antecedem aos evangelhos o título de “Q” [quelle], originado de uma palavra alemã que significa fonte. Há razões para acreditar que sua existência é explicada pela semelhança entre vários versículos nos três relatos. O resumo a seguir contém algumas sugestões úteis: “Q” foi um guia para a vida e a conduta cristã, escrito especialmente para atender às necessidades da igreja de Antioquia em épocas de crise. Foi uma espécie de manual evangélico para uma igreja gentílica. Evidentemente ele não contém todo o ensino de Jesus, mas somente o que se considerava necessário para resolver problemas e circunstâncias inusitadas de uma igreja especial em uma fase especial de sua história. Foi escrito provavelmente antes do Concilio Apostólico (50 d. C.) ou até mesmo antes da primeira viagem missionária de Barnabé e Paulo, isto é, cerca de 47 d.C. O Prof. Streeter chega a afirmar que “Q “foi provavelmente escrito vinte anos antes de Marcos. De acordo com o comentário do Prof. Robertson, “Q “ foi escrito durante a vida de Jesus, razão pela qual não inclui a semana da paixão. Dificilmente vamos saber qual foi o conteúdo de “Q”, uma vez que ninguém viu tal documento, nem os antigos pais da igreja afirmaram têlo visto. Embora a existência de um recurso precioso como “Q” não possa ser comprovada, ele é certamente plausível. Sabemos que Lucas baseou seu evangelho em ampla pesquisa e provavelmente não limitou suas fontes apenas aos relatos orais. Seria natural que muitos registrassem o testemunho de uma cura ou algum dos sermões de Jesus. Com toda probabilidade, cada um dos escritores do evangelho teve acesso a muitas partes desse material. É bem possível que Mateus tenha feito suas próprias anotações e mais tarde acrescentado alguma coisa do recurso material existente ao escrever seu evangelho. Se isto é verdadeiro, o tempo se reduz ainda mais entre os eventos reais na vida de Cristo e a época em que foram registrados nos evangelhos. Todos os Sinópticos Foram Escritos Antes de 70 d. C. O intervalo entre os acontecimentos da vida de Jesus e a redação dos evangelhos, como os conhecemos hoje, poderia ser somente de mais ou menos trinta e cinco anos. Os céticos do século dezessete tentaram provar que os evangelhos foram escritos depois do primeiro século ou, talvez, ainda mais tarde. O objetivo era claro: queriam atribuir os relatos sobre a vida de Jesus a uma época posterior à morte de todos os discípulos, o que permitiria a eles rejeitar toda a história como falsa, uma vez que os evangelhos são atribuídos a homens que viveram na época em que os eventos se realizaram. Um evangelho que não contivesse o testemunho de pelo menos uma testemunha ocular não poderia ser considerado um registro autêntico. Este argumento, porém, não resistiu, como a maior parte dos ataques céticos sobre a autenticidade das Escrituras. Os três escritores dos sinópticos incluem o discurso profético do Monte das Oliveiras, apenas horas antes de Jesus ser crucificado. Em todos eles menciona-se que Jesus previu a destruição do templo em Jerusalém, uma profecia que foi cumprida em 70 d.C. — entretanto, nenhum deles menciona que a catástrofe já tivesse ocorrido na época em que os registros foram escritos. Isto confere credibilidade a Mateus e Marcos, ambos judeus nacionalistas, que teriam falhado em registrar um fato tão importante, como a ocupação de sua cidade e a destruição do templo, se de fato isso tivesse ocorrido na época em que escreveram. Portanto, muito provavelmente, esses evangelhos foram escritos antes daquela data; e uma vez que é bastante improvável que todos os três escreveram no mesmo ano, pelo menos um deles poderia ter escrito entre dois a dez anos antes desse terrível acontecimento descrito minuciosamente por Josefo. Portanto, estamos ainda dentro dos trinta a trinta e sete anos distantes dos eventos em questão — bem dentro do espaço requerido pela confiabilidade. O Apoio de um Cético Francês Se os evangelhos não tivessem registrado fielmente a vida de Jesus, de onde eles teriam tirado essa imagem? Qual é a probabilidade de os autores dos evangelhos terem simplesmente “combinado” entre si escrever a história da vida e caráter de Jesus? Observe a opinião de um famoso cético francês, Jean-Jacques Rousseau: Seria a história do evangelho obra da imaginação? Amigo, não é assim que se inventa; os fatos sobre Sócrates, dos quais ninguém duvida, não são tão bem atestados como aqueles sobre Jesus Cristo. Na melhor das hipóteses, você está apenas se afastando do problema, sem ficar livre dele. Seria mais inacreditável que quatro homens fizessem um acordo para fabricar este livro do que um único homem ter fornecido o assunto para ele. Nem os judeus poderiam ter feito isso. O evangelho contém notas de realidade tão grandes e admiráveis, que seu inventor seria uma pessoa mais surpreendente do que seu herói. Qualquer pessoa familiarizada com Rousseau sabe que ele não foi nenhum defensor da fé. Rousseau foi um racionalista radical que exerceu grande influência sobre a Revolução Francesa e na introdução do humanismo nas Américas. Entretanto, Rousseau acreditava que a Bíblia possuía tanta credibilidade como qualquer outro livro antigo. Sua opinião ainda tem um grande peso. A História Favorece a Confiabilidade da Bíblia Por que alguns estudiosos não submetem outras obras antigas aos mesmos padrões irracionais que aplicam aos evangelhos? Há muito mais evidência para se confiar na Bíblia do que em qualquer outro livro antigo. Consideremos apenas alguns poucos exemplos da antigüidade. Aristóteles, um filósofo grego freqüentemente citado, viveu entre 384 e 322 a.C. O documento mais antigo de suas obras foi descoberto cerca de 1.400 anos depois de ele ter escrito os originais. Platão viveu entre 427 e 347 a.C, e os documentos mais antigos que temos de seus trabalhos datam de pelo menos 1.100 anos depois que os originais foram escritos. No entanto, quase ninguém nega a autenticidade dos escritos desses dois autores. Agora, comparemos isso com a situação dos evangelhos sinópticos. Cópias completas dos evangelhos datadas entre duzentos e trezentos anos de sua composição estão expostos em museus de várias partes do mundo e existem fragmentos dos evangelhos ainda mais antigos. No entanto, os mesmos “estudiosos” que aceitam Aristóteles e Platão geralmente parecem chocados com Jesus. Isto não seria preconceito? Além disso, todo o Novo Testamento pode ser reproduzido a partir de livros escritos pelos primeiros cristãos dentro dos 150 anos dos eventos! No entanto, os mesmos céticos que têm dificuldade em aceitar a Bíblia raramente hesitam em aceitar seus amigos filósofos da Grécia. Por quê? Não é certamente porque eles têm mais evidência; o mais provável é que esses estudiosos têm sérias divergências filosóficas com a Bíblia. Portanto, a questão não é a evidência, mas a filosofia! Muitos estudiosos têm se empenhado arduamente em tentar provar a validade do gnóstico evangelho de Tome, quando se sabe com certeza que sua data é posterior aos evangelhos canônicos, dos quais inclusive depende. Geralmente um documento antigo é aceito por aquilo que ele alega ser, a menos que o historiador possa provar outra coisa. Isto coloca o fardo da prova sobre aqueles que não acreditam no documento. Até aqui os opositores da confiabilidade histórica dos relatos do evangelho falharam em suprir esta evidência. Já é tempo de os céticos aceitarem como autênticos os evangelhos canônicos, ou então que consigam provar de uma vez por todas que eles datam de um período muito posterior ao que tem sido sustentado tradicionalmente. A verdade é que nenhum livro antigo se aproxima do número de cópias ou de partes integrais de manuscritos que possuímos do Novo Testamento. Josh McDowell escreve: Quando terminei minha pesquisa sobre a confiabilidade da Bíblia e publiquei Evidence That Demands a Verdict, em 1973, fui capaz de documentar quatorze mil manuscritos somente do Novo Testamento. Em 1980 reeditei e atualizei esta obra em razão da grande quantidade de novos materiais de pesquisa disponíveis. Atualmente, sou capaz de documentar 24.633 manuscritos somente do Novo Testamento. A importância do número de manuscritos que documentam o Novo Testamento é ainda maior quando se constata que o segundo livro na história que mais possui manuscritos qualificados é a Ilíada, de Homero, que tem apenas 643 manuscritos. O grande número de manuscritos que dão autenticidade ao Novo Testamento motivou Sir Frederick Kenyon, uma das maiores autoridades na questão da confiabilidade dos antigos manuscritos, a escrever: “O intervalo, entre as datas da escrita original e a evidência mais antiga descoberta é tão pequeno que chega a ser desprezível, o que torna praticamente impossível qualquer possibilidade de as Escrituras terem sido escritas mais recentemente. Tanto a autenticidade como a integridade geral dos livros do Novo Testamento podem ser consideradas como definitivamente estabelecidas”. De qualquer maneira, o fardo da prova repousa sobre os céticos. Eles têm, portanto, de prover qualquer evidência sólida de que os registros do evangelho sobre a vida de Jesus não são confiáveis. Se colocarmos de lado o antagonismo filosófico deles em relação a qualquer coisa sobrenatural, seus argumentos se desfazem como a neblina diante do calor do sol. A história, a geografia e a lógica asseveram que Deus, realmente, deixou-nos um registro confiável da vida de seu Filho, Jesus de Nazaré. E esse registro é encontrado nos evangelhos. Anos atrás minhas dúvidas de principiante eram aumentadas pelos céticos, que ridicularizavam a fé na Bíblia porque muitos de seus detalhes não podiam ser verificados por fontes extra bíblicas. Por exemplo, a Bíblia mencionava 44 reis pelo nome e, no entanto, nenhuma história “secular” confirmava sua existência. O Dr. Harry Rimmer, um defensor da exatidão da Bíblia, chamou a atenção para o fato de, nos últimos cem anos de escavações arqueológicas, os nomes de quarenta daqueles reis terem sido descobertos. Ele costumava dizer em suas conferências que não era preciso muita fé para confiar na exatidão da Bíblia apesar de faltarem quatro reis! Certa vez a Bíblia foi ridicularizada por mencionar a grande “nação hitita”, muito embora fontes não-bíblicas disponíveis nunca tivessem mencionado esse povo. Hoje, graças às escavações dos arqueólogos, todos aceitam a historicidade dos hititas — um povo que a Bíblia mencionou há 2.500 anos. O Prof. Edward Meyer, um racionalista, honestamente declarou: “Não há absolutamente nenhuma razão para recusar-se a aceitar aquelas velhas tradições como historicamente dignas de confiança em todos os seus pontos essenciais e em sua disposição cronológica da história”. Nos últimos anos, foram encontrados tantos fragmentos de manuscritos e tanta evidência do primeiro século que mesmo alguns dos cientistas e estudiosos mais céticos tiveram de rever as datas posteriores que haviam dado aos evangelhos, chegando finalmente a datas mais próximas daquelas que a tradição havia alegado para eles. Theide e D’Ancona concordam que a ciência e os eruditos terão de “redatar” suas ultrapassadas estimativas à medida que nos aproximamos do novo milênio. Eles concluem: Há boas razões para se supor que o evangelho segundo Mateus, com seus relatos detalhados do sermão do monte e da grande comissão, foi escrito não muito depois da crucificação e certamente antes da destruição do templo em 70 d. C; que o evangelho segundo Marcos foi divulgado cedo o suficiente para poder alcançar Qumrã antes de sua destruição (anterior a 70 d.C), que o evangelho segundo Lucas pertenceu a essa mesma geração de manuscritos cristãos. Freqüentemente, nos últimos duzentos anos, a ciência tem sido hostil à fé. Porém, mais recentemente, talvez para ser academicamente honesta, a ciência começou a dar apoio àquilo que os cristãos sempre acreditaram: que os evangelhos foram escritos por testemunhas oculares dos eventos que apresentam e são, portanto, relatos confiáveis da história. Afinal de contas meu dedicado professor estava certo: O evangelho tem produzido mais força em direção ao bem do que quaisquer outros documentos já escritos pelos homens. Com base no testemunho de seus registros, a igreja cristã tem permanecido firme por dezenove séculos. Milhares de grandes estudiosos em várias épocas têm alegremente testificado que após estudarem detidamente os evangelhos foram compelidos a aceitar suas palavras como sendo historicamente dignas de confiança. Através da pregação daqueles primeiros discípulos, o mundo todo foi transformado e para melhor. Pela contínua pregação da verdade desses evangelhos milhões de vidas têm sido transformadas em cada geração. Nenhum livro do mundo antigo tem sido mais insistentemente atacado do que a Bíblia, e, apesar disso, saiu ileso aos ataques da crítica das distorções e dos preconceitos. A Bíblia é ainda o livro mais vendido e certamente o mais amado do mundo. Foi o primeiro livro a ser impresso logo após a invenção da prensa gráfica, exatamente porque era “o primeiro livro”. Isto aconteceu há mais de quinhentos anos, e ele continua sendo “o primeiro livro” até hoje. Nenhum outro livro tem sido tão copiado, citado ou servido de inspiração para melhorar o caráter das pessoas. Ele é, de longe, o livro mais inspirador e motivador do mundo. A Bíblia contém muita da sabedoria de Deus e é o melhor manual sobre o comportamento humano já escrito. Aqueles que criaram as filosofias discordantes da Bíblia foram acusados por seus próprios erros com o passar do tempo, enquanto que aqueles que traçaram o curso de suas vidas de acordo com os princípios contidos na Bíblia gozam da “paz com Deus”, impossível de ser obtida de qualquer outra forma. Nas épocas de necessidade, busca de orientação ou bênção, mais pessoas ainda procuram a ajuda da Bíblia do que de qualquer outra fonte. Jesus Garantiu a Exatidão de Seu Registro O cristão não precisa preocupar-se com a confiabilidade dos registros ou com a exatidão das mensagens de nosso Senhor aos seus seguidores, contidas no evangelho. Ele tomou grande cuidado para que elas fossem infalíveis. Isto faz sentido, pois, se Ele percorreu um caminho tão difícil para salvar a humanidade, não deixaria de assegurar a exatidão da narrativa dessa caminhada. Não é surpresa para Ele que o cristianismo permaneça por dois milênios, dependendo todo o tempo da proclamação de sua história por meio dos evangelhos. Nem mesmo os movimentos racionalista alemão e cético francês o apanharam de surpresa. Ele havia tomado mais do que precauções adequadas. Foi João quem registrou a promessa: “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas E vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. (João 14.26) O Espírito Santo, a quem Jesus também chamava “o Espírito da Verdade” tinha sobre si a tarefa de assegurar a exatidão dos registros do evangelho e sua inclusão no cânon do Novo Testamento. Já vimos que existem outros escritos cristãos, mas nenhum sobreviveu até os nossos dias. Por quê? Evidentemente eles não estavam à altura do padrão de excelência que o Espírito Santo requeria ao compor o Novo Testamento. Podemos com toda certeza ler os evangelhos e outros livros do Novo Testamento com a confiança de que estamos lendo relatos verdadeiros daquilo que Jesus de Nazaré realmente fez e disse. Eis a razão por que podemos basear neles nossa salvação e destino eternos. Se desejamos saber quem Jesus de Nazaré realmente foi, não precisamos esperar pelas declarações mais recentes dos estudiosos céticos, tais como aqueles do Seminário Jesus. A melhor estratégia é ler atentamente o que os evangelhos e os demais livros do Novo Testamento têm a dizer sobre Ele. Somente ali você estará em segurança. 4. Várias Opiniões Sobre Jesus de Nazaré Quase todas as pessoas que ouviram falar de Jesus formaram uma opinião sobre Ele. Isto é natural, pois Ele não somente é a pessoa mais famosa da história universal, mas também a que tem causado mais controvérsias. As opiniões populares sobre Jesus podem ser reduzidas a apenas duas: ou Ele foi Deus em forma humana ou foi simplesmente um homem bom. Uma delas não pode ser verdadeira. É impossível vêlo como um homem bom, se Ele não for o Filho de Deus, pois foi isso precisamente que Ele alegou ser (veja o Capítulo Cinco). Se Ele não era Deus, mas alegou ser, então não pode ser bom; Ele seria ou louco ou um grande mentiroso. Em razão de seu caráter reto e seus atos caridosos, dificilmente alguém consideraria Jesus sob uma ótica negativa. Mesmo aqueles que se irritavam ao ouvir seu nome — Hegel, Voltaire, Stalin, Mao TséTung e Marx, para citar alguns — não foram capazes de ignorá-lo. Alguns foram até mesmo respeitosos para com Ele. Apesar disso, eles sabiam que suas teorias eram opostas ao ensino de Jesus, por isso não poupavam esforços em uma fútil tentativa de anular sua influência. Tudo se resume desta forma: Se Jesus é realmente Deus em forma humana, então Ele deve ser adorado. Se Ele não é, deve ser esquecido e rotulado como impostor ou lunático. Nesses dois mil anos passados, bilhões de pessoas o têm adorado, enquanto que outros bilhões nunca ouviram falar dele ou não tiveram acesso a evidência de quem Ele realmente é. Neste último grupo muitos têm formulado suas opiniões sobre Jesus baseados nas afirmações de outras pessoas, mas isto é perigoso, pois uma visão prejudicial pode levar a conclusões erradas. De acordo com a Bíblia, no eterno plano de Deus para o homem, a decisão mais difícil que toda pessoa enfrenta está relacionada com a identidade de Jesus de Nazaré. “Quem é Jesus?” torna-se desse modo a mais importante pergunta a que uma pessoa possa responder. A Opinião dos Descrentes De todos os pontos de vista sobre Jesus de Nazaré, nenhum é tão insensato como o que afirma que Ele nunca viveu realmente. Tal pressuposição desafia tanto a razão como a história, pois as pegadas do Nazareno estão irrevogavelmente estampadas em todo o Oriente Médio, na era romana e na civilização ocidental. Muitos judeus em Israel rejeitaram sua origem divina, mas não puderam e nem podem negar sua existência histórica. Muitos deles hoje concordam que Jesus é o maior dos hebreus surgido desde o fim do Velho Testamento. Em 1995 liderei uma viagem turística a Israel em dois ônibus lotados de cristãos. Nosso guia, um major da reserva do exército, tinha também mestrado em história pela Universidade Hebraica. Ele foi muito respeitoso em relação ao homem Jesus — mas admitiu que não podia aceitá-lo como Messias, muito embora reconhecesse nele “muitas semelhanças”. Quando perguntei se muitos judeus acreditavam que Jesus realmente viveu, ele respondeu: “Sim, certamente!” Então perguntei quem eles achavam que foi Jesus, e ele respondeu: “O judeu mais famoso em toda a história.” Boa parte da economia de Israel baseia-se hoje nos turistas cristãos que visitam a Terra Santa para prestar homenagem a Jesus. Cada ônibus de turismo relembra aos habitantes locais que o Nazareno viveu ali e foi um deles, porém muitos negam-se a considerá-lo como Messias. Mesmo aqueles que não aceitam a condição de Jesus como Deus admitem que Ele deixou uma marca indelével sobre a humanidade. J. Oswald Sanders, um respeitado escritor e ministro inglês, colecionou afirmações tanto de descrentes como de crentes sobre a pessoa de Jesus: Descrentes. Parece que os descrentes e mesmo os infiéis tentaram suplantar uns aos outros nos elogios ao caráter de Cristo e, em um tribunal, o parecer favorável de uma testemunha em relação ao lado oposto tem grande peso. Seguem-se, então, alguns tributos de descrentes e de inimigos do cristianismo à pessoa de Jesus. Ernest Renan, o infiel francês, escreveu: “Repousa agora em tua glória, nobre Fundador. Tua obra está terminada! Tua divindade está estabelecida... Entre ti e Deus não haverá mais qualquer distinção... Sejam quais forem as surpresas do futuro, Jesus nunca será ultrapassado.” W. Lecky, de Dublin (Irlanda), o historiador do racionalismo, diz: “Cristo exerceu influência tão profunda que podemos afirmar que o simples registro de três curtos anos de vida ativa fez mais para regenerar e suavizar o ser humano do que todas as indagações dos filósofos e todas as exortações dos moralistas.” Lord Byron, um poeta devasso, afirmou: “Se alguma vez o homem foi Deus, ou Deus foi homem, Jesus foi ambos.” Spinoza, apóstata judeu: “Jesus Cristo foi o Templo; nele Deus teve a mais plena revelação de si mesmo.” J. J. Rousseau, ateu imoral: “Se Sócrates viveu e morreu como sábio, Jesus viveu e morreu como Deus.” James Martineau, famoso unitarista: “Jesus Cristo deve ser chamado de o regenerador da raça humana.” (N.T.: unitarista: adepto do unitarismo, seita protestante do séc. XVI que negava o dogma da Trindade, reconhecendo em Deus uma só pessoa). Robert Ingersoll, conferencista ateu: “Pelo homem Cristo... tenho a mais alta admiração e respeito. Tivesse eu vivido em seu tempo, teria sido seu amigo.” Pecaut, outro célebre infiel francês: “O caráter moral de Cristo elevouse incomparavelmente acima do de qualquer outro grande homem da antigüidade. Nenhum outro foi tão meigo, tão humilde e tão bondoso como Ele. Em Espírito Ele viveu na casa de seu Pai celestial. Sua vida moral está totalmente impregnada de Deus.” É surpreendente como esses homens foram longe e apesar disso, não se renderam aos argumentos do Filho de Deus, pois a admiração não salva. O Testemunho de Napoleão Bonaparte Pouco se fala entre os historiadores modernos sobre a vida espiritual do suposto ditador da Europa, após seu exílio em Elba. Conta-se que, para aliviar as horas passadas na prisão (quase vinte anos, com exceção de uma tentativa abortada de reconquistar seu império), ele fez um estudo profundo da vida e pessoa de Jesus Cristo. Sua conclusão interessa a você. Do começo ao fim Jesus é o mesmo; majestoso e simples, infinitamente severo e infinitamente meigo. Durante toda sua vida pública, Ele nunca foi apanhado em falta. A sua conduta desperta nossa admiração por unir força e suavidade. Quer na palavra ou na ação, Ele é sábio, firme e calmo. A sublimidade é considerada um atributo da divindade: que nome, pois, darei a Ele, em cujo caráter estava presente cada elemento do sublime? Conheço os homens, e digo a você que Jesus não é um simples homem. Tudo nele me impressiona. Seu espírito ultrapassa o meu e sua vontade me confunde. A comparação entre Ele e qualquer outra pessoa é impossível. Ele é verdadeiramente um ser por si mesmo. Suas idéias e sentimentos; a verdade que anuncia; sua maneira de convencer; todos estes atributos estão além da humanidade e da ordem natural das coisas. Seu nascimento e a história de sua vida; a profundidade de sua doutrina, que tudo soluciona e que elimina todas as dificuldades; seu evangelho; a singularidade de seu ser misterioso; sua aparência; seu império; seu progresso através dos séculos e dos reinos; tudo isto é para mim um prodígio, um mistério insondável Nada vejo aqui de um simples homem. Por mais que possa aproximar-me, por mais profundamente que o examine, tudo permanece acima de minha compreensão—com uma grandeza que me esmaga. É em vão que reflito — tudo permanece inexplicável! Desafio você a citar outra vida como a de Cristo. A Evidência da Blasfêmia Na introdução deste livro contei a história de um aluno do curso secundário que nunca tinha ouvido o nome de Jesus Cristo usado em qualquer coisa que não fosse profanação. Ele não está sozinho; existem muitos como ele, graças ao vazio dos ensinos sobre o Jesus histórico na educação pública e pela aceitação do uso de seu nome em termos desrespeitosos. Infelizmente, esta prática não está limitada aos jovens; ela está presente na mídia e no comércio de diversões. O uso do nome de Jesus em blasfêmias é um costume tão arraigado que as pessoas parecem não se dar conta disso ao usá-lo. Tome a TV como exemplo. Parece-me que, enquanto o pessoal da mídia fica constrangido toda vez que o nome de Jesus é usado respeitosamente, essa mesma mídia raramente parece notar quando ele é usado de maneira profana. Tenho observado que os entrevistadores esportivos ficam confusos quando ao conversar com o herói de um determinado evento este espontaneamente atribui “todo o crédito ao Senhor e Salvador Jesus Cristo”, como vários atletas de fama têm feito. Os anunciadores rapidamente mudam de assunto, como se tivessem receio de que sua rede ou emissora possa ser usada para sugerir que Jesus é alguém especial, alguém que deve ser adorado e cultuado. Esses mesmos indivíduos, porém, parecem não se preocupar quando o nome de Jesus é usado para blasfemar. Mas, por que precisamente o nome dele? Se, como alguns céticos admitem, Jesus é meramente um “mestre religioso” ou um “filósofo” ou uma “grande pessoa da história” por que então os nomes de outros mestres famosos ou filósofos ou grandes heróis da história não são usados do mesmo modo? Você já ouviu alguém esmagar o dedo com um martelo e amaldiçoar sua sorte em nome de Buda, Sócrates ou Maomé? Provavelmente não. Por que sempre o nome de Jesus é o escolhido? A única exceção é quando é usado o nome do próprio Deus. Por que estes dois nomes são usados em blasfêmias e outros não? É muito simples. A razão é que não há nomes maiores que esses para serem usados quando uma pessoa “amaldiçoa” alguma coisa ou condena verbalmente alguém ao inferno. Desatentas à advertência dos Dez Mandamentos no sentido de que “o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20.7), as pessoas continuam a citar o nome de Jesus como se fosse nada mais do que uma forma original de dizer “Oh!” Por ironia do destino, o cético ou ateu que usa o nome de Jesus profanamente não está somente invocando a ira do Deus todo-poderoso sobre si, mas está na realidade reconhecendo a supremacia do Pai e do Filho acima de todos os seres humanos. A Opinião dos Crentes É fácil encontrar testemunhos daqueles que crêem na divindade de Jesus, pois seu número é grande. Nos capítulos a seguir vamos considerar o testemunho daqueles que foram testemunhas oculares da vida de Jesus. Iremos reproduzir alguns testemunhos dados por crentes da era pós-bíblica que confessaram Jesus como Senhor. Observe que a crença na divindade de Jesus não surgiu com o passar dos séculos, como ocorre no caso das tradições populares. Os crentes reconheceram a divindade de Cristo já a partir do primeiro século. Veja os seguintes testemunhos: Policarpo (69-155 d.C): Bispo de Esmirna, foi discípulo do apóstolo João. Policarpo escreveu: “Possa agora o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo e o próprio Sumo Sacerdote, o [Filho de] Deus, Jesus Cristo, edificar-vos na fé...”. Justino Mártir (110-166 d.C): Um apologista que defendeu a fé de maneira bastante erudita, Justino Mártir reconheceu: “nosso Cristo conversou com Moisés sob a aparência de fogo da sarça.” Não foi o Pai do universo quem assim falou a Moisés, mas “Jesus, o Cristo”, “o Anjo e Apóstolo”, “que é também Deus”, sim “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, “o EU SOU o que SOU”. O testemunho da fé na divindade de Cristo é abundante, iniciando com a primeira declaração feita por Pedro, atribuída pelo Senhor atribuiu à revelação divina: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo.” (Mateus 16.16) O Credo Apostólico, cuja data é incerta mas cujos dogmas podem ser encontrados em fórmulas teológicas correntes por volta de 100 d.C, afirma: “Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, nosso Senhor.” O Credo Niceno (325 d.C), formulado para corrigir alguns erros que tinham surgido na Igreja, é até mais explícito: “Creio... no Senhor Jesus Cristo, o primogênito Filho de Deus... sendo um com o Pai.” Outros credos e confissões são igualmente inequívocos quanto à divindade de Jesus de Nazaré. Um deles contém a sabedoria refinada de todos os credos anteriores. A Confissão de Westminster, escrita há mais de três séculos, afirma: “o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a Ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humana...” Outros Testemunhos Além dos credos, muitos escritores famosos, pensadores e líderes da história testemunharam sua crença na divindade de Jesus. Vejamos os seguintes: Shakespeare: “Jesus Cristo, meu Salvador.” Milton: “Filho unigênito, semelhança divina.” Daniel Webster: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.” Thomas B. Macaulay: “Divindade incorporada em forma humana.” W. E. Gladstone: “A razão para o meu viver é baseada na divindade de Cristo.” A. J. Balfour: “Cristo é um judeu raro, mas os homens não conhecem seu valor... Nenhuma mente pode captar plenamente sua glória.” John Paul Richter: “O mais santo entre os poderosos e o mais poderoso entre os santos, levantou impérios arrasados com suas mãos traspassadas, desviou de seu leito a corrente da civilização e ainda governa as eras.” Alexander Whyte (famoso clérigo britânico do século passado): “Quanto mais vivo mais firme é minha fé na divindade de meu Redentor. Ninguém menor que o Filho de Deus pode satisfazer minhas necessidades. Preciso de alguém que seja capaz de salvar-me plenamente”. Os testemunhos de pessoas de diferentes épocas e posições na vida são incontáveis. Como é evidente pelos testemunhos acima, a divindade de Cristo tem sido plenamente aceita e divulgada de forma imutável por aqueles que o conheceram e o serviram ao longo das épocas. Ela também foi sustentada por vários dos mais conhecidos e amados líderes do Ocidente. Grandes homens e mulheres têm sido crentes humildes em Jesus, o Cristo, o Filho de Deus. Um dos mais belos tributos prestados ao Nazareno permanece até hoje como uma das peças prediletas da literatura: Uma Vida Solitária Ele nasceu em uma aldeia obscura, filho de uma jovem camponesa. Cresceu em outra aldeia obscura, onde trabalhou em uma carpintaria até os trinta anos. Então, por três anos, foi um pregador itinerante. Nunca teve uma família nem possuiu uma casa. Nunca pôs os pés em uma cidade grande. Nunca viajou mais de trezentos quilômetros do lugar onde nasceu. Nunca escreveu um livro ou exerceu um cargo. Ele não fez nenhuma das coisas que geralmente acompanham a fama. Quando ainda era jovem, a opinião pública voltou-se contra Ele. Seus amigos o abandonaram. Foi acusado por seus inimigos e suportou a humilhação de um julgamento. Foi pregado em uma cruz entre dois ladrões.Enquanto estava morrendo, seus executores disputavam em um jogo aposse da única peça de roupa que Ele tinha—uma túnica. Quando Ele morreu, foi descido da cruz e colocado em um túmulo emprestado. Dezenove séculos se passaram e hoje Ele é afigura central para grande parte da raça humana. Todos os exércitos que já marcharam, e todos os navios que atravessaram os mares, e todos os parlamentos que já se reuniram, e todos os reis que já reinaram, colocados juntos, não afetaram tão poderosamente a vida dos homens como esta “Vida Solitária”. (Anônimo) Quem É Este Homem? No tempo de Jesus, diferentemente do nosso, era comum as pessoas aceitarem a existência de Deus. Conseqüentemente, as alegações de Jesus sobre sua divindade foram ou recebidas ou rejeitadas. Como veremos, nem todos os que o ouviram falar, viram seus milagres e foram expostos à evidência que Ele demonstrou acreditaram nele. Muitos dos judeus de sua época o rejeitaram porque Ele não correspondia à idéia que eles tinham de como deveria ser o Messias. Atualmente alguns céticos, embora admitindo o incrível impacto da vida de Jesus sobre o mundo, insistem em afirmar que Ele nunca alegou ser Deus ou possuir os atributos divinos. Eles querem nos fazer crer que Jesus foi apenas um homem bom, mas não divino. Podemos pensar se eles alguma vez leram os quatro evangelhos, pois, como veremos, neles são encontradas abundantes provas de sua natureza divina. 5. Quem Jesus Disse Que Era O início da vida humana de Jesus pode ser traçado em poucas palavras — Ele teve uma vida humilde e trabalhou em uma carpintaria na obscura aldeia de Nazaré. Entretanto, apesar dessa origem humilde, em nenhum momento Ele teve dúvidas sobre sua pessoa ou propósito. Assim que iniciou seu ministério público, Ele passou a ensinar e demonstrar a todos que era mais do que humano, que de fato Ele era Deus vindo em forma humana. Quando seus inimigos perceberam a importância de suas afirmações, pegaram em pedras para matá-lo (Jo 8.59; 10.31). Finalmente, milhares de seus amigos e seguidores creram nele, confessando que “jamais alguém falou como este homem” (João 7.46). Eles nunca tinham ouvido alguém exclamar que “aqui está quem é maior do que Jonas” ou “aqui está quem é maior do que Salomão” ou “a principal pedra” está aqui ou o supremo “EU SOU” está aqui! (Mateus 12.41-42; Lucas 20.17; João 8.58). Jesus fez cada uma dessas afirmações, e outras mais. Ele sabia exatamente quem era: o divino Filho de Deus, a segunda pessoa da trindade. Afirmações Corajosas Que Requerem Resposta Meu amigo e colega de muitos anos, o Dr. Henry Morris II, um dos três maiores estudiosos que já conheci, fez o seguinte comentário sobre as afirmações de Jesus como divindade: Tais afirmações devem ser estudadas cuidadosamente e com extrema seriedade. Elas foram feitas realmente pelo próprio Cristo e, de acordo com as regras da razão e da lógica, devem ser aceitas como verdade absoluta. Elas equivalem in toto a uma afirmação absoluta e dogmática: que Jesus Cristo é Ele mesmo o Deus eterno! Sendo assim, se uma pessoa desconsiderar ou rejeitar este fato, isto lhe custará a perda trágica e eterna de sua própria alma. As alegações são muitas e variadas, mas todas resultam, tanto individual como coletivamente, na afirmação do caráter singular de Jesus como o eterno Filho de Deus. Uma amostragem disso é dada abaixo, sem qualquer comentário (porque nenhum é necessário): “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”(Jo 14.6) “O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados.” (Mt 9.6) “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus.” (Mt 10.32) “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mt 11.27) “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente.” (Jo 11.25,26) “O Filho do homem é senhor também do sábado.” (Mc 2.28) “Quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” (Lc 9.24) “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida.” (Jo 8.12) “Quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na terra?” (Lc 18.8) “O Filho do homem... veio para dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10.45) “Aquele... que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede.” (Jo 4.14) “O Pai... ao Filho confiou todo o julgamento.” (Jo 5.22) “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mt 11.28) “Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão.” (Jo 5.25) “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” (Lc 21.33) “Antes que Abraão existisse, EU SOU.” (Jo 8.58) “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16.18) “Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores.” (Jo 10.7,8) “Eu e o Pai somos um.”(Jo 10.30) “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais terá fome.” (Jo 6.35) Afirmações como essas poderiam ser acrescentadas em grande número. Lembre-se de que Ele, por não ter pecado, jamais o enganaria e que, sendo o mais sábio dos mestres, não poderia estar enganado. As reivindicações são verdadeiras, e as promessas, confiáveis. Frente a essa evidência incontestável, podemos apenas dizer, como o ex-cético Tome: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28). Uma Evidência Inquestionável Os que alegam que Jesus estava confuso sobre sua identidade não devem ter lido os registros do evangelho. Não pode haver dúvida de que Jesus sabia que Ele era o Messias, como prova um incidente registrado em João 4. Um dia Jesus encontrou uma mulher samaritana no famoso poço de Jacó. Jesus, que nunca havia encontrado antes aquela mulher, mostrou sua natureza divina dizendo-lhe (para sua enorme surpresa) que ela tivera cinco maridos e estava naquele momento vivendo com um homem, sem ser casada com ele. Imediatamente ela reconheceu que Ele era “um profeta” (versículo 19). Após ter conversado com Jesus, ela fez uma declaração que indica que o conhecimento da vinda de um Messias estava bastante difundido, mesmo em Samaria. Esta mulher pecadora disse: “Eu sei... que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando Ele vier nos anunciará todas as coisas.” Observe o que Jesus respondeu: “Disse-lhe Jesus: ‘Eu o sou, eu que falo contigo’“ (versículos 25-26). Nunca é demais enfatizar a importância dessa conversão, pois ela prova que mesmo as pessoas leigas naqueles dias sabiam sobre a vinda do Messias. E também uma aceitação clara e direta da parte de Jesus de que Ele era o Messias pelo qual as pessoas estavam esperando. Este texto deixa claro que Jesus não estava confuso sobre quem Ele era. Seis Afirmações Específicas da Divindade O capítulo cinco de João contém a mais clara das afirmações de Jesus sobre sua divindade encontrada no Novo Testamento. Existem outras passagens abordando esse mesmo assunto, como já vimos acima, mas só nesse capítulo são encontradas seis citações. João, uma testemunha ocular dos eventos da vida de Jesus, em um único dia ouviu-o relacionar estas seis características de sua divindade. Tomadas em conjunto, elas provam que Jesus acreditava ser mais do que um homem, que de fato era Deus em forma humana. Estas seis afirmações da divindade foram feitas a um grupo de líderes judeus que objetaram quando, em um sábado, Jesus curou um inválido. Jesus tinha ido a Jerusalém para a festa da páscoa, como os homens israelitas deviam fazer três vezes por ano. Enquanto estava lá, Jesus foi visitar o tanque de Betesda, onde havia “uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos [esperando que se movesse a água...]”. João, uma testemunha ocular, relata a história: Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe:”Queres ser curado?” Respondeu-lhe o enfermo: “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.” Então lhe disse Jesus: “Levanta-te, toma o teu leito e anda. “Imediatamente o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado. Por isso disseram os judeus ao que fora curado: “Hoje é sábado e não te é lícito carregar o leito. “Ao que ele lhes respondeu: “O mesmo que me curou me disse: “Toma o teu leito e anda”. Perguntaram-lhe eles: “Quem é o homem que te disse: ‘Toma o teu leito e anda ? “Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, por haver muita gente naquele lugar. Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: “Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.” O homem retirou-se e disse aos judeus que fora Jesus quem o havia curado. E os judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado (Jo 5.5-16). O ensino decorrente desse acontecimento foi motivado pela exagerada devoção dos judeus à guarda do sábado, em obediência ao quarto mandamento. Eles desconsideraram o fato de que Deus já havia permitido algumas exceções a este mandamento, no Velho Testamento, para emergências e atos de bondade (Veja Números 28.9-10; 1 Samuel 21.1-6; Mateus 12.11-12). Alguns ficaram tão transtornados com esse milagre realizado no dia de sábado que procuraram matar Jesus, muito embora isto significasse uma violação do sexto mandamento. Para eles, Jesus tinha cometido um pecado imperdoável: tinha se considerado “igual a Deus”. Jesus justificou suas ações fazendo seis afirmações clássicas de sua divindade. Embora esses atributos legítimos de sua divindade não abrangessem todas as características desta natureza demonstradas durante sua vida, eles provam que logo depois de deixar sua oficina de carpinteiro em Nazaré, Jesus proclamou, sem deixar dúvida, quem Ele era: Deus em forma humana. E Ele nunca desmentiu isso. 1. Jesus afirmou ser Deus encarnado Ele respondeu aos fariseus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” Portanto os judeus procuravam mais ainda matá-lo, porque Ele não somente desrespeitou o sábado, “mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.17-18). Para defender seu trabalho no sábado, Jesus citou o exemplo do próprio Deus Pai, que trabalhou no dia de sábado, mesmo depois da criação. Na verdade, Deus “descansou” no sentido de que nenhuma ação criadora foi realizada no sétimo dia, mas Ele sustentou sua criação naquele primeiro sábado e em cada sábado desde então. Quando Jesus argumentou que estava “trabalhando” (ou fazendo o bem) no dia de sábado, Ele estava defendendo a prática de ações semelhantes àquelas de “meu Pai”. Os judeus imediatamente perceberam o que Ele estava querendo dizer — que era o Filho de Deus e, portanto, igual a Deus. Foi por isso que eles “ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. A mensagem de Jesus não podia ser mais clara. Ele se considerou “igual a Deus”. No versículo 19 Ele amplia essa afirmação, sustentando que estava tão unido ao Pai que “o Filho” fazia coisas da mesma forma que o Pai. Jesus não hesitou em personalizar seu relacionamento com Deus de um modo impossível para os judeus. Abraão, Isaque e Jacó, seus respeitáveis antepassados, jamais tinham dito “Deus é meu Pai”, porém Jesus não vacilou em fazê-lo. Por quê? Porque Ele era “o Filho de Deus” em forma humana! Ele nunca recuou no uso deste título. E nunca se considerou apenas “uni Filho de Deus”, mas sempre “o Filho de Deus”. Para os judeus isto era uma terrível blasfêmia; para Ele era a confirmação de um fato. 2. Jesus afirmou seu poder de ressuscitar os mortos “Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer” (Jo 5.21). “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (Jo 5.28-29). Os judeus do tempo de Jesus (com exceção da pequena seita dos saduceus) acreditavam na ressurreição e na vida depois da morte. Por esta razão Marta pôde dizer a Jesus de seu falecido irmão Lázaro: “Eu sei... que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia” (João 11.24). Como todos os judeus, ela tinha aprendido esta doutrina desde a infância. Mas os judeus acreditavam que somente Deus podia ressuscitar os mortos. Nesta passagem, Jesus alega que Ele é quem ressuscita os mortos. Permita-me fazer-lhe uma pergunta: alguma vez você tentou ressuscitar os mortos? Certamente que não. Nós, humanos, nunca admitimos tal autoridade e poder. Muitas vezes como ministro do evangelho desejei ter poder para ressuscitar algumas pessoas como aquele jovem pai que deixou esposa e três filhas... ou aquele lindo bebê... ou aquele jovem levado no auge de sua vida. Mas, francamente, embora eu pudesse ansiar por esse poder, nunca fui sequer tentado a praticar esta ação. Por que não? Porque somente Deus pode ressuscitar os mortos! E este é o ensino de Jesus. As Escrituras relatam quatro casos de ressurreição de mortos realizados por dois profetas (Elias e Eliseu) e por dois apóstolos (Paulo e Pedro). Mas em cada ocasião eles esclareceram que foi Deus quem os usou para realizar o milagre. Jesus ressuscitou um homem por seu próprio poder e foi o único que ressuscitou alguém morto há quatro dias. O que também não deve passar desapercebido é que Jesus não somente ressuscitou três pessoas, mas garantiu que ressuscitaria tanto os justos como os injustos no dia do juízo. Seus ouvintes estavam perfeitamente familiarizados com a profecia de Daniel de que haveria dois tipos de ressurreição no final dos tempos: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno” (Daniel 12.2). Em João 5.29, Jesus está nitidamente afirmando ser aquele que realiza essas ressurreições. Tal afirmação podia ser feita somente por Deus ou por alguém desequilibrado mental. E uma vez que sua vida, ensinos e ministério não indicam nenhum distúrbio mental, e sim, como veremos, manifestam muitas características divinas, somos forçados a concluir que Ele era realmente o unigênito “Filho de Deus” em forma humana. O fato de Jesus ter demonstrado poder para ressuscitar três pessoas mortas durante seu ministério (fez isso quando esteve em funerais) e levantar-se de seu túmulo ao terceiro dia, lançando os fundamentos da religião que leva seu nome, coloca diante de toda a humanidade uma pergunta essencial: “Quem possui vida em si mesmo e poder para ressuscitar os mortos?” Resposta: “Somente Deus!” 3. Jesus afirmou ser o futuro juiz de todos os homens “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento” (Jo 5.22). Os seres humanos sabem intuitivamente que algum dia serão julgados por Deus, de acordo com aquilo que fizeram na terra. Muitos que semearam o mal adotam o ateísmo, temerosos da justiça de Deus. Tentam com isso rejeitar tanto Cristo como Deus, e por conseguinte o dia do juízo. Se, por alguma razão, eles rejeitam a existência de Deus, podem também lançar dúvidas sobre o encontro final com Ele no dia do juízo — pelo menos até o momento da morte, quando tais fantasias desaparecem. Nesta encruzilhada, alguns — como o cético francês Voltaire ou o moderno humanista francês Sartre — entram na eternidade sem Cristo, gemendo de pavor e desesperança. Para nossos propósitos aqui, é importante notar que Jesus Cristo afirmou publicamente que nenhuma pessoa, em sã consciência, jamais pensaria de si mesma: “Eu sou o Deus soberano que irá julgar todos os homens.” Esta é uma prerrogativa impossível a qualquer pessoa — exceto, naturalmente, se Ele for verdadeiramente Deus. Jesus de Nazaré fez exatamente esta afirmação. Portanto, Ele se considerava divino e ensinou abertamente que um dia todos os seres humanos comparecerão diante dele para serem julgados. Jesus ensinou claramente que haverá um julgamento final e sabemos por outras passagens bíblicas que tal veredicto será eterno. Se você nunca aceitou Cristo como seu salvador, alguma vez já parou para considerar que, quando estiver sendo julgado diante do “grande trono branco” (Apocalipse 20.11), você irá enfrentar a mesma pessoa da trindade que morreu na cruz por seus pecados como um substituto voluntário? Naquele momento você terá de admitir que o rejeitou. Se você acredita que Deus passará por cima de seus pecados e de sua rejeição a Cristo, sua crença não pode ser baseada na Bíblia, pois ela ensina claramente que Jesus é o único caminho para a salvação (João 14.6; Atos 4.12). E todos que o rejeitam prestarão conta disso. “De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu o retribuirei/ E outra vez: O Senhor julgará o seu povo/ Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.29-31). 4. Jesus afirmou ser tão digno de honra quanto Deus “...a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou” (Jo 5.23). Quando Jesus disse que, assim como os homens honravam e adoravam a Deus, deveriam igualmente honrá-lo e adorá-lo, Ele estava novamente afirmando não possuir uma natureza simplesmente humana. A prova de que os judeus consideraram a afirmação uma grande blasfêmia é observada em sua tentativa subseqüente de matá-lo. Honra e adoração a Deus eram partes integrantes da fé judaica há vários séculos. A reverência a Deus era tão grande que eles nem mesmo pronunciavam seu nome em voz alta. Entretanto, Jesus afirmava abertamente ser tão digno de honra quanto o Pai, pois era igual a Ele. Quase cinqüenta anos depois, o apóstolo João escreveu que uma das condições essenciais para a salvação era honrar o Filho do mesmo modo como honramos o Pai (1 João 2.23; 4.15; 5.10-12). Não ofendemos a Deus por honrar igualmente o Pai e seu Filho; pelo contrário, recebemos a bênção de Deus todas as vezes em que honramos a ambos. 5. Jesus afirmou a autoridade de conceder vida eterna “Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). Outro desejo universal encontrado em cada coração humano é o de viver para sempre. As religiões do mundo anunciam a vida após a morte como sendo um paraíso [algo como um eldorado terrestre], “nirvana” [paz ou quietude perpétua] ou qualquer outra coisa que identificam como “céu”. Somente os doutrinados no ateísmo podem dizer com alguma convicção: “Quando você morre, está tudo acabado”. E mesmo alguns deles têm mudado de opinião com a aproximação da morte. Todas as religiões do mundo falham ao ensinar como as pessoas podem ter garantia de salvação eterna. Invariavelmente, elas prescrevem um sistema baseado em boas obras ou esforço próprio. No cristianismo não é assim. Jesus afirmou de maneira incontestável que tinha autoridade para proporcionar a salvação eterna e concedê-la a todo aquele que “ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou” (João 5.24). A chave é crer que Jesus foi enviado por Deus e pode dar vida àqueles que crerem nele (isto é, depositam sua fé nele). Ele afirmou ser o próprio objeto da fé, capaz de outorgar a salvação. Isto, naturalmente, seria um absurdo se Jesus fosse apenas homem. Mas, se Ele é Deus, como afirmou, então certamente tem a capacidade de conceder a vida eterna. E é isto que Deus faz! 6. Jesus afirmou ser a fonte da vida “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do homem” (Jo 5.26-27). Jesus declarou corajosamente que partilhava sua natureza com Deus, tornando-se assim a fonte da vida. Os judeus tinham uma expressão para esta característica divina, usada pelo próprio Deus quando falou a Moisés na sarça ardente. Quando o povo perguntasse a Moisés: “Quem o enviou?”, ele foi instruído a dizer: “EU SOU me enviou” (Êxodo 3.13-14). Esta é a expressão suprema de Deus. Ela significa essencialmente que Deus é “o princípio de todas as coisas”. Quando Jesus afirmou que tinha “vida em si mesmo”, exatamente como o Pai, isso equivalia a identificar-se com “EU SOU”, a causa não causada de todas as coisas. Não é surpresa, pois, encontrálo em João 8.58 usando este mesmo título para se identificar. Ele anunciou aos judeus: “antes que Abraão existisse, EU SOU.” Ao longo de seu ministério Ele desenvolveu este título, afirmando-o uma vez ou outra: “Eu Sou a luz do mundo... Eu Sou o caminho... Eu Sou a verdade... Eu Sou o Messias... Eu Sou a porta das ovelhas... Eu Sou o bom pastor... Eu Sou o Filho de Deus” (Veja João 4.26; 8.12; 10.7; 11.36; 14.6). Nenhuma afirmação mais forte da divindade podia ser feita por outra pessoa. Os judeus entenderam isto perfeitamente — razão por que tentaram apedrejá-lo. “Sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (Jo 10.33), disseram eles enfurecidos. Após a leitura desta lista de seis afirmações, não podemos deixar de concluir que Jesus se considerava mais do que um simples ser humano. Ele sabia que era o Filho de Deus, que todo poder e autoridade residiam nele. Esta é a razão por que, na grande comissão após sua ressurreição, Ele lembrou a seus discípulos: “Toda a autoridade me foi dada” (Mateus 28.18). A lista apresentada acima, por si só, prova que Jesus afirmava ser Deus em forma humana. Ele disse estas coisas publicamente, para que os outros pudessem chegar à mesma conclusão. Aqueles que aceitaram suas afirmações tornaram-se seus ardorosos seguidores; outros as rejeitaram e seguiram seus próprios caminhos. A salvação é sempre assim; Deus nos deu liberdade para crer nele ou rejeitá-lo, de acordo com nossa vontade. A escolha é sempre deixada para nós. P a r t e I I : A E v i d ê n c i a d a s Te s t e m u n h a s Ocular es 6. O Testemunho de João Batista Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim. Mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. Eu, porém, não aceito humano testemunho; digo-vos, entretanto, estas coisas para que sejais salvos. Ele era a lâmpada que ardia e alumiava, e vós quisestes por algum tempo alegrar-vos com a sua luz. (Jo 5.32-35) A qualidade de uma testemunha no tribunal é geralmente tão importante quanto o próprio testemunho. Se um advogado puder contestar o caráter da testemunha, ele destrói a eficácia do que ela disse. Em uma sessão do júri, transmitida para todo o país, no julgamento de um astro da National Football League [nos Estados Unidos], o testemunho de um detetive foi invalidado pelo júri quando se descobriu que ele havia mentido sob juramento. Jesus Cristo não podia ter escolhido ninguém melhor para ser a primeira testemunha de sua divindade do que João Batista. Em certa ocasião, Ele mesmo falou a respeito de João: “Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista” (Mateus 11.11). No evangelho de Lucas, Jesus é citado como tendo dito que não havia nenhum profeta maior do que João Batista. Como os judeus consideravam os profetas os mais santos dos homens, isto fazia de João uma testemunha da identidade perfeita de Jesus (naquela época ou em qualquer outra). Citando o profeta hebreu Malaquias, Jesus disse que João era “mais do que um profeta”; era um mensageiro especial de Deus que “preparará o caminho diante de mim” (Malaquias 3.1). Arthur W. Pink diz a respeito de João: “Ele foi o tema de uma profecia do Velho Testamento (Isaías 40), seu nascimento foi decorrência de uma intervenção direta e miraculosa de Deus (Lucas 1.7,13); ele foi cheio do Espírito Santo desde o ventre materno (Lucas 1.15); ele foi um homem enviado por Deus (João 1.6); ele foi enviado para preparar o caminho do Senhor (Mateus 3.3)”. Concebido Sobrenaturalmente Embora João Batista não tenha nascido de uma virgem, como Jesus, ele foi concebido de uma forma especial. Como Isaque, que viveu muito antes dele, João nasceu de pais idosos através da intervenção miraculosa de Deus. Pode ser mais do que coincidência o fato de o autor do evangelho que inclui os detalhes da concepção miraculosa de João ter sido um médico. O pai de João, Zacarias (um sacerdote), e sua mãe eram pessoas piedosas, pois o Dr. Lucas nos diz: Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor. E não tinham filho, porque Isabel era estéril, sendo eles avançados em dias. Ora, aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o sacerdócio na ordem do seu turno, coube-lhe por sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do Senhor para queimar o incenso. (Lucas 1.6-9) Enquanto ele estava exercendo o sacerdócio diante do Senhor, o anjo Gabriel veio a ele e profetizou que ele e Isabel teriam um filho, que deveria receber o nome de João. A possibilidade de dar à luz uma criança na idade deles era tão remota que Zacarias questionou a promessa do anjo. Por causa de sua falta de fé, ele ficou sem voz durante os nove meses da gravidez de Isabel; e a voz não voltou até o dia em que a criança recebeu o nome. Quando Isabel estava com seis meses de gravidez, Maria, sua sobrinha também recebeu a visita do anjo Gabriel. Foi-lhe dito que ela, uma virgem, daria à luz o Messias. Quando Maria visitou seus tios e relatou sua visão, “a criança [João Batista] lhe estremeceu no ventre [de Isabel]; e Isabel ficou possuída do Espírito Santo” (Lucas 1.41). Após o nascimento de João, a Bíblia nos diz: “E a mão do Senhor estava com ele. Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo... [de João] Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados... para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz/ O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel” (Lucas 1.6680). Não há dúvida de que João Batista foi concebido e ungido especialmente para uma missão. Embora seu ministério tenha sido de pouca duração (foi decapitado por ordem do rei Herodes), este portavoz de Deus e símbolo do reavivamento espiritual em Israel não nos desapontou ao dar testemunho da identidade de Jesus. João Compreendeu Quem Ele Era Pelo testemunho de João fica evidente que ele não tinha dúvidas sobre a identidade de Jesus. Muitos dos que esperavam a vinda do Messias na época apontavam para João como o “prometido”. De fato, quando os “judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: ‘Quem és tu?’ Ele confessou... ‘Eu não sou o Cristo [Messias]’ Também não era ele Elias, acrescentando: “Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías” (João 1.19-23). Ao citar o profeta Isaías, João deixou claro que seu papel era o de arauto da vinda do Messias e não ele próprio o Messias. Esse papel satisfazia-o plenamente, pois ele não pretendia ofuscar Cristo. O evangelista João disse francamente a respeito dele: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30). João teve ao mesmo tempo um nascimento notável e um caráter impecável. A humildade é sempre uma qualidade especialmente apreciada por Deus e um verdadeiro sinal de grandeza. João demonstrou essa humildade quando estava no auge de sua carreira — quando as pessoas acorriam a ele aos milhares para ouvi-lo pregar e serem batizados por ele — submetendo-se ao Messias que viria, dizendo: “...no meio de vós está quem vós não conheceis, o qual vem após mim [Jesus era seis meses mais novo do que João], do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias” (João 1.26-27). João não poderia ser mais claro! Ele humildemente identificou-se como o precursor do Cristo e prontamente cumpriu seu chamado apressando a vinda do Messias, que tinha primazia sobre ele. João Foi Enviado por Deus para Ser uma Luz O apóstolo João, cinqüenta anos mais tarde, escreveu: “Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber: a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (João 1.6-9). Na perspectiva de Deus, João Batista tinha um alto propósito para viver — ser uma testemunha da “luz do mundo”, Jesus, o Messias. O papel mais importante de João não foi o de “profeta”, muito embora ele tivesse sido o primeiro a chegar a Israel em quinhentos anos. Nem foi também como “a voz do que clama no deserto” ou pelo cumprimento da profecia (embora todas estas coisas fossem verdadeiras). Sua característica maior foi identificada pelo apóstolo João: ele “foi um homem enviado por Deus”! Os Sete Testemunhos de João Sobre Jesus Agora que já observamos o caráter impecável de João Batista e vimos que ele era a testemunha com maior credibilidade de seu tempo para identificar Jesus como o Messias, nós devemos abordar seu testemunho. Uma coisa é certa: declarações não podem ser ignoradas ou abandonadas. 1. A preexistência de Jesus “João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: O que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim” (João 1.15). É importante notar que Jesus Cristo não começou a existir quando “o ente santo” [ou coisa santa, na versão King Jones, em inglês] (Lucas 1.35), o óvulo fertilizado da encarnação, foi colocado no ventre da virgem Maria. Ele já existia antes da fundação do mundo. Jesus foi “o Verbo” que “estava no princípio com Deus”. Na verdade, esse “Verbo era Deus” (João 1.1). João Batista afirmou que, embora seu nascimento antecedesse seis meses o de Jesus, entretanto “[Ele, Jesus] já existia antes de mim”. Em outras palavras, João confessou que Jesus existia antes de sua própria concepção. 2. O senhorio de Jesus João disse às multidões que o seguiam que seu propósito era “endireitar o caminho do Senhor” (João 1.23), em cumprimento da profecia de Isaías. Ao dizer isso, ele estava testificando que Jesus era Deus (ou Senhor) do Velho Testamento, confirmando o que o próprio Jesus diria mais tarde: “Eu e o Pai somos um.” Isto explica por que Jesus nunca repreendeu os que queriam adorá-lo, muito embora Ele soubesse que somente Deus deve ser adorado. Jesus não considerou uma blasfêmia permitir tal adoração, o que pode ser explicado quando entendemos quem Ele realmente era: “O Senhor”, ou Deus em forma humana. 3. A vida absolutamente santa de Jesus “Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para o Jordão, a fim de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo: ‘Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’” (Mateus 3.13-14) Para compreendermos o significado deste fato, precisamos visualizar a cena no rio Jordão. João, o primeiro profeta em Israel depois de quase quinhentos anos, estava pregando contra os pecados do povo e dos líderes religiosos. Um espírito de reavivamento irrompeu, pessoas de todas as partes se arrependiam, e eram batizadas por João. Cobradores de impostos, prostitutas, alguns sacerdotes e rabinos, e milhares de pessoas comuns vinham para serem batizadas por João no rio Jordão. João batizava a todos que vinham verdadeiramente arrependidos. Então, um dia aconteceu um fato assombroso. Um homem se aproximou das margens do rio para ser batizado; João olhou para ele e espontaneamente declarou: “Não posso batizar-te; eu é que preciso ser batizado por ti!” Uma antiga tradução coloca nestes termos a resposta de João: “Não sou digno de batizar-te.” Agora, preste atenção nisso. João conhecia bem Jesus. Provavelmente se conheceram quando crianças, pois eram parentes e moravam bastante próximos. João estava dando um testemunho subconsciente e espontâneo de que Jesus não precisava de batismo. Nunca antes ou depois João isentou qualquer outra pessoa do seu batismo — somente Jesus. Não perca o raciocínio. João queria que todos compreendessem que seu parente, que ele conhecia bem, tinha vivido uma vida sem pecado e, assim, não precisava procurar arrependimento. Um testemunho tão poderoso é considerado irrefutável em qualquer corte do mundo, mesmo em um júri popular. 4. Jesus identificado como “o Cordeiro de Deus” “No dia seguinte, viu João a Jesus que vinha para ele, e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29, 36) João Batista foi educado de acordo com o ensino dos profetas do Velho Testamento, conhecendo bem os requisitos para um sacrifício especial pelos pecados — um cordeiro branco e puro, “sem defeito e sem mácula” (1 Pedro 1.19). Deveria ser perfeito. João estava afirmando que Jesus era sem pecado e, portanto, qualificado para ser “o Cordeiro de Deus”, entregue em sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Jesus, que havia iniciado seu ministério público naqueles dias, ainda não havia emitido uma única palavra para indicar que morreria na cruz como sacrifício pelo pecado. Esse sacrifício foi mencionado pelos profetas, mas nem os discípulos nem os líderes religiosos da época esperavam que o Messias viesse para morrer pelos pecados do povo. Efetivamente, os judeus mais tarde rejeitaram Jesus, não por Ele ter falhado ao cumprir todos os requisitos dos profetas, mas porque Ele tinha vindo para morrer como sacrifício pelo pecado. Apesar das claras profecias de Isaías e de outros profetas hebreus, eles esperavam que o Messias assumisse o papel de um rei que os governasse, libertando-os do jugo dos romanos. As multidões podiam certamente aceitá-lo como um soberano — mas não estavam dispostas a receber quem quer que fosse como um Messias sofredor. João, entretanto, soube instantaneamente que Jesus era “o Cordeiro de Deus”. Esta é a primeira vez nos evangelhos em que Jesus é chamado de o Cordeiro de Deus. O apóstolo Filipe usou esse título quando expôs o evangelho ao eunuco etíope, em Atos 8, mas ele estava citando Isaías 53.7-8, onde o profeta havia escrito: “...como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem quem dela cogitou? porquanto foi cortado da terra dos viventes.” No restante do Novo Testamento, o apóstolo Paulo chama Jesus de “nosso Cordeiro pascal”, em 1 Coríntios 5.7, enquanto o apóstolo Pedro chama-o de “cordeiro sem defeito e sem mácula”, em 1 Pedro 1.19. Mas o maior número de citações aparece no livro do Apocalipse, que usa o termo “cordeiro” para caracterizar Jesus não menos do que trinta e uma vezes! Reconhecemos hoje que Jesus foi inegavelmente o “Cordeiro de Deus” que morreu sobre a cruz, não por seus pecados, mas “pelos pecados de todo o mundo”. Este reconhecimento, porém, veio após o fato. Como João sabia disto ao chamá-lo desde o início por este título? Somente por inspiração divina! Mais do que o testemunho de João Batista é o testemunho do próprio Deus! 5. Jesus é identificado como o Messias Quando o povo perguntou a João se ele era “o Cristo” (ou Messias; Jo 1.25), ele respondeu “Não”, e disse-lhes que ele, João, batizava somente com água. Porém Deus o havia instruído sobre como identificar o Messias: E João testemunhou dizendo: “Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água, me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. ‘Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus”. (Jo 1.32-34) João reconheceu a superioridade espiritual de seu parente quando afirmou: “Não sou digno de batizar-te, tu és quem deve batizar-me.” Ele, porém, não estava ciente naquele momento de que Jesus era o Messias. Certamente, João estava certo de que o Messias estaria vivendo em sua época, pois ele mesmo seria seu precursor, mas não sabia, até então, quem seria o Messias. O Espírito Santo, porém, havia lhe mostrado como identificar o Messias. “Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (versículo 33). Assim, quando João foi persuadido por Jesus a batizá-lo (para que este cumprisse toda a justiça), pôde então testemunhar dizendo: ‘Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Este é o que batiza com o Espírito Santo’“. Deste modo, João identificou claramente Jesus como o Messias de Deus, “o Cordeiro de Deus e o Filho de Deus”. Para ilustrar a importância deste acontecimento notável, contraste com a seguinte situação: suponha que o Espírito Santo tivesse descido e pousado sobre o ombro de Pedro ou de um dos outros apóstolos. João Batista poderia ter sido justificado ao protestar dizendo: “Oh! não, ele não! Ele é apenas um pescador sem cultura! O que ele sabe?” Ou podia ter dito: “Tenho discípulos mais bem qualificados do que esse!” Mas ele não fez isso. Ao contrário, quando o Espírito cumpriu o sinal já previsto pelo Pai — descendo em forma de uma pomba sobre Jesus “e permanecendo sobre Ele” — João prontamente percebeu e testemunhou que Ele era o Filho de Deus, aquele que batizaria com o Espírito Santo. 6. Jesus declarou ter o direito divino de batizar com o Espírito Santo “Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.33). João sabia que seu batismo era um símbolo de fé e arrependimento, representando um compromisso da pessoa com Deus— não o batismo da salvação. Nosso batismo hoje assinala que fomos “nascidos do Espírito” no momento em que “nascemos de novo”. O batismo do Messias era muito diferente. Ele batizaria com o Espírito Santo, o que tem sido feito por intermédio de seus discípulos milhões de vezes nesses quase dois mil anos. Portanto, João testificou que Jesus tinha o direito de conceder salvação através do batismo do Espírito Santo, disponível a todo aquele que crer que Jesus morreu na cruz sacrificialmente por seus pecados (como o Cordeiro de Deus), foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia. 7. Jesus era o “Filho de Deus” “Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus” (Jo 1.34). Considerando tudo o que ele sabia sobre seu parente, Jesus de Nazaré — os relatos de seu nascimento virginal; sua vida sem pecado (quando criança, na adolescência e na fase adulta); as profecias que Jesus cumpriu como Messias; mas, acima de tudo, porque o Espírito Santo “desceu sobre ele como uma pomba, e permaneceu sobre ele” — João prestou a Jesus o mais alto tributo que alguém podia expressar. “Este é o Filho de Deus”, disse ele a respeito de Jesus. Ele não omitiu o artigo definido, como se Jesus fosse apenas “um” filho de Deus, mas disse claramente que Ele era “o Filho de Deus”. Assim fazendo, João atribuiu-lhe a identidade única de filiação ao Ser Supremo. Este título, usado quarenta vezes nos evangelhos, é exclusivo de Jesus. Deus em Forma Humana Se João tivesse de comparecer hoje a um tribunal e ser questionado sobre a identidade de Jesus, ele sem dúvida alguma proclamaria: “Ele é o Senhor preexistente que viveu sem pecado, o Cordeiro de Deus que foi ungido pelo Espírito Santo e que batiza com o Espírito Santo. Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus.” João Batista, que conheceu Jesus por mais tempo do que qualquer um de seus discípulos, foi extremamente claro ao afirmar que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus enquanto esteve na terra, Deus em forma humana. Todavia, João é apenas uma testemunha. O que disseram outras testemunhas oculares sobre Jesus? O que as pessoas disseram quando chegaram mais perto dele? Já é tempo de trazê-las à cena. 7. O Testemunho do Apóstolo Pedro [Jesus ] então lhes perguntou: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” Respondendo, Pedro lhe disse: “Tu és o Cristo.” (Mc 829) Nenhum advogado de defesa já teve uma testemunha tão digna de confiança sobre a vida, caráter, atividades e identidade de seu cliente do que os cristãos atualmente têm, sobre ávida de Jesus de Nazaré na pessoa do apóstolo Pedro. Ele é sem dúvida o personagem mais marcante nos evangelhos (exceto o próprio Cristo). Como podemos ver pelos registros, ele falou mais do que todos os outros discípulos juntos, fez parte do “círculo íntimo” (juntamente com Tiago e João), e esteve com Jesus nos principais eventos de sua passagem na terra, incluindo sua morte e seus aparecimentos depois da ressurreição. O próprio Pedro apresentou suas qualificações como testemunha, dizendo: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa, lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (2 Pedro 1.16-17). O testemunho de Pedro teria validade em qualquer tribunal de nossos dias. Ele foi um homem íntegro, líder e porta-voz da igreja primitiva e o mais influente dos discípulos. Foi respeitado pela igreja até morrer, cerca de trinta e cinco anos depois da morte de seu Senhor. A influência do apóstolo Paulo era quase inexistente naqueles primeiros anos; coube a Pedro ser o líder e a força humana propulsora da igreja primitiva. Conseqüentemente, seu testemunho a respeito de Jesus de Nazaré é de suprema importância. Felizmente, não temos dúvida em relação às crenças de Pedro. Suas convicções sobre Jesus estão contidas nos sermões que pregou em Atos, nas duas epístolas que escreveu e, quase inquestionavelmente, no evangelho de Marcos (o qual, como vimos, poderia muito bem ser chamado de “o evangelho segundo Pedro conforme foi transmitido a Marcos”). O Testemunho de Pedro em Marcos Como já mencionamos, muitos estudiosos acreditam que Marcos foi o primeiro dos quatro evangelhos a ser escrito. E como esse evangelho não menciona o nascimento e a infância de Jesus, mas trata diretamente de sua vida e ministério, começando com o batismo, ele atesta a natureza sobrenatural de Jesus em todos os aspectos. Examinemos os seguintes tópicos do evangelho de Marcos: Sobre a identidade de Jesus: “[Jesus] então lhes perguntou: ‘Mas vós, quem dizeis que eu sou? ‘Respondendo, Pedro lhe disse: ‘Tu és o Cristo.’” (8.29). Sobre a morte e ressurreição de Jesus: “Então começou ele [Jesus] a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que depois de três dias ressuscitasse. E isto ele expunha claramente. Mas Pedro, chamando-o aparte, começou a reprová-lo. Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro, e disse: Arreda! Satanás, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens.’” (8.31-33). Este é, certamente, um testemunho interessante, uma vez que não apenas registra uma das predições de Jesus sobre sua paixão, mas também que Pedro não esperava que tal coisa acontecesse! Sobre a transfiguração de Jesus: “Então Pedro, tomando a palavra, disse: ‘Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas; uma será tua, outra para Moisés e outra para Elias’. Pois não sabia o que dizer, por estarem eles aterrados.” (9.5-6). Outro testemunho interessante, não somente pelo testemunho de Pedro sobre a transfiguração, mas por sua óbvia surpresa diante do acontecimento. Sobre a promessa de Jesus do galardão eterno: “Então Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos.’ Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e no mundo por vir a vida eterna:” (10.28-30). Sobre a exatidão e poder da palavra profética de Jesus: “No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximandose dela nada achou senão folhas; porque não era tempo de figos. Então lhe disse Jesus: ‘Nunca jamais coma alguém fruto de ti’. E seus discípulos ouviram isto. ...E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. Então Pedro, lembrando- se, falou: ‘Mestre, eis que a figueira, que amaldiçoaste, secou’“ (11.12-14, 20-21). Sobre a capacidade de Jesus de prever o futuro: “No Monte das Oliveiras, defronte do templo, achava-se Jesus assentado, quando Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular: Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para cumprir-se.’” (13.3-4). Sobre a capacidade de Jesus de prever o comportamento das pessoas: “Disse-lhe Pedro: “Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!’ Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tu me negar ás três vezes. ‘Mas ele insistia com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei.’... E logo cantou o galo pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. ‘E, caindo em si, desatou a chorar.” (14.29-31,72) Novamente, um testemunho interessante, porque ressalta a capacidade sobrenatural do Senhor em face da conduta de Pedro. O Testemunho de Pedro em Atos A Bíblia ensina que o Espírito Santo desceu sobre as pessoas no dia de Pentecoste, cumprindo a profecia de Joel 2.28-30. Os sermões de Pedro e de outros que falaram naquele dia eram bem conhecidos pelos membros da igreja primitiva, tendo sido escritos nos trinta anos que se seguiram a esses acontecimentos, quando muitas testemunhas oculares desses eventos ainda viviam. Se Lucas tivesse cometido erros em seu relato, você pode estar certo de que muitas testemunhas oculares teriam reclamado. No entanto, em toda a história da igreja, nenhuma objeção foi encontrada. Lucas foi extremamente cuidadoso ao registrar com precisão o que as testemunhas oculares lhe transmitiram. No primeiro sermão pregado por Pedro no dia de Pentecoste (Atos 2.14-40), podemos observar as referências aos seguintes acontecimentos na vida de Jesus de Nazaré: “Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais.” (versículo 22) “Vós o matastes, crucificando-opor mãos de iníquos.” (versículo 23) “Ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte.” (versículo 24) “Deus lhe havia jurado [a Davi] que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono.” (versículo 30) “Referiu-se [Davi] à ressurreição de Cristo.” (versículo 31) “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” (versículo 32) “Exaltado, pois, à destra de Deus.” (versículo 33) “A este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” (versículo 36) “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados.” (versículo 38) Ao longo do livro de Atos Pedro dá um forte testemunho sobre a identidade, missão e ações de Jesus Cristo. Observe especialmente os seguintes textos que esclarecem as convicções do apóstolo sobre quem era Jesus: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (3.6) “De um salto se pôs em pé, passou a andar... saltando e louvando a Deus.” (3.8) “O Deus de nossos pais glorificou a seu Servo Jesus [pela ressurreição].” (3.13) “Vós, porém, negastes o Santo e o Justo [Jesus].” (3.14) “Matastes o Autor da vida.” (3.15) “A quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas. “(3.15) “Pela fé em o nome de Jesus, esse mesmo nome fortaleceu a este homem.” (3.16) “Deus... anunciara por boca de todos os profetas que o seu Cristo havia de padecer.” (3.18) “E que envie ele [Deus] o Cristo,,, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração.” (3.2,21) “Disse, na verdade, Moisés: ‘O Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser,’” (3.22) “Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para vos abençoar.” (3.26) “Todo o povo de Israel... em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos.” (4.10) “Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular.” (4.11) “E não há salvação em nenhum outro.” (4.12) “Abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (4.12) “Com grande poder os apóstolos [incluindo Pedro] davam o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus.” (4.33) “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o em um madeiro.” (5.30) “Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador.” (5.31) “...afim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados.” (5.31) “Nós somos testemunhas destes fatos.” (5.32) “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.” (5.42) “Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.” (10.36) “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.” (10.38) “[Os judeus] tiraram a vida [de Jesus], pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia, e concedeu que fosse manifesto.” (10.39-40) “[Manifesto]... às testemunhas... escolhidas por Deus... a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos.” (10.41) “Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo o que nele crê recebe remissão de pecados.” (10.43) Lembre-se de que todas as referências acima sobre Jesus vieram espontaneamente de Pedro. Ele não planejou essas palavras de testemunho com antecedência; o que ele disse foi por meio da fé nas doutrinas centrais da crença cristã, incluindo a vida sem pecado, o poderoso ministério de cura, o cumprimento das profecias, a ressurreição física, a capacidade de perdoar pecados e conceder vida eterna — todos atributos característicos de Jesus. Qualquer pessoa com olhos para ver deve convencer-se de que Pedro, falando publicamente aos seguidores de Jesus no momento histórico em que a igreja se formava, acreditava ser Jesus o Filho de Deus vindo em forma humana. Ele também reconheceu que Jesus foi crucificado e que Deus o ressuscitou fisicamente como um testemunho de sua aprovação divina. O Testemunho Escrito de Pedro Os escritos de um homem resultam geralmente de uma reflexão mais deliberada sobre suas crenças e não uma expressão pública espontânea, como um sermão, discurso ou testemunho. Com isto em mente, examinemos os dois livros que têm a autoria de Pedro, a fim de verificarmos quais eram suas crenças a respeito de Jesus, trinta anos depois da ressurreição. Na primeira epístola de Pedro, Jesus é apresentado de diversas formas... “Um membro da Trindade (observe que os três membros são mencionados no mesmo versículo): “...eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírita para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo.” (1.2) “Uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros.” (1.3-4) Na “revelação de Jesus Cristo “ (1.7, uma referência à segunda vinda), Ele recompensará todo aquele que crê. Os profetas “indagaram e inquiriram “ “a respeito desta salvação “; o Espírito de Cristo estava neles indicando “os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que os seguiriam.” (1.10,11) “Fostes resgatados... pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo.” (1.18-19) “Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória.” (121) “Chegando-vos para ele [Jesus], a pedra que vive... veio a será principal pedra, angular.” (2.4, 7) “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo.” (2.21) “O qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca.” (2.22) “Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregavase àquele [Deus] que julga retamente.” (2.23) “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados... por suas chagas fostes sarados.” (2.24) “O Pastor e Bispo das vossas almas.” (2.25) “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito.” (3.18) “...uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes.” (3.21-22) “Tendo Cristo sofrido na carne... [por vivos e mortos]... para que... vivam no espírito segundo Deus. “(4.1,6) “Eu [sou também] testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada.” (5.1) “O Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória.” (5.10) A segunda epístola de Pedro foi escrita já no final da vida de Pedro, quando ele sabia que seu tempo sobre a terra estava se escoando. Muito antes o Senhor havia predito que Pedro seria martirizado (veja João 21.18-19), e o apóstolo compreendia que esse tempo estava chegando. Se quisesse uma oportunidade para renegar suas crenças e salvar sua pele, esse era o momento. Mas vemos que suas convicções permaneceram firmes como nunca sobre a identidade de Jesus de Nazaré. “Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor.” (1.2) “Desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (1.11) “Certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou.” (1.14) “Nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade.” (1.16, uma referência à transfiguração) “Ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. ‘“(1.17) “Não retarda o Senhor a sua promessa... virá, entretanto, como ladrão, odiado Senhor. “(3.9-10) “Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.” (3.18) É evidente que a compreensão teológica de Pedro tinha amadurecido durante os trinta e poucos anos em que ele cresceu na fé, pois em seu segundo livro revela algumas verdades que não são encontradas em nenhum outro lugar. Porém, uma coisa permanece imutável: Cristo recebeu a primazia, sendo retratado como uma pessoa viva e sem pecado, realizando milagres e sinais para glorificar a Deus e fazendo com que o povo soubesse realmente quem Ele era. Pedro é incisivo em seus escritos ao afirmar que foi uma testemunha de que Cristo ressuscitou depois de sofrer por nossos pecados. Não há nenhum indício de vacilação em seu testemunho, embora ele confesse que sabia de sua morte iminente como mártir. Um Testemunho Imutável Pedro viveu e morreu testemunhando com seus lábios (e com sua pena) que Jesus era o sobrenatural Filho de Deus que morreu por nossos pecados e ressuscitou no terceiro dia — exatamente como os profetas disseram que seria! Do Pentecoste em diante Pedro nunca vacilou em suas convicções. Felizmente para nós, ele não estava sozinho. 8. O Testemunho do Apóstolo João “Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo 20.30-31) É geralmente aceito que João foi o discípulo mais íntimo de Jesus. Ele se refere a si mesmo, com boa razão, como “o discípulo que Jesus amava” (Veja João 13.23; 19.26; 20,2; 21.7, 20). Aparentemente, ele era bastante jovem durante o ministério do Senhor, e a tradição mais confiável diz que ele sobreviveu a todos os outros discípulos. Como tal ele foi a última testemunha ocular apostólica da ressurreição de Cristo. João foi um companheiro íntimo de Pedro nos primeiros dias da igreja, geralmente submetendo-se à liderança do mais velho. João se destacou principalmente como presbítero superior na igreja de Éfeso, e também por sua enorme contribuição ao cristianismo através dos cinco livros que escreveu. Todos os cinco livros tiveram aceitação imediata na igreja. Presume-se que João exerceu seu ministério em Jerusalém e nos arredores da cidade por muitos anos, viajando para Éfeso na ocasião em que o imperador Tito destruiu a Cidade Santa no ano 70 d.C. O evangelho de João é quase universalmente reconhecido como o último dentre os quatro evangelhos a ser escrito talvez por volta de 90 d.C. Diferentemente dos outros evangelistas, João não procurou escrever um relato cronológico da vida e ministério de Jesus. Provavelmente ele havia lido os outros evangelhos e seu propósito ao escrever era outro . Alguns imaginam que uma heresia estava se insinuando na igreja, a qual afirmava que Jesus tinha vindo como um “ser espiritual”. Ninguém tentou negar a existência real de Jesus, pois eles estavam muito próximos dos acontecimentos de sua vida para negá-lo como figura histórica. Mas, em lugar de aceitar a realidade de Cristo ter vindo em forma humana, os falsos mestres satanicamente inspirados inventaram algum tipo de “ser espiritual”. Eis por que tanto o evangelho de João como sua primeira epístola deixam claro que Jesus tinha realmente “vindo em carne”. João insistiu neste ponto, isto é, aquilo que escreveu foi baseado no seu contato pessoal com Jesus. Ele escreveu: “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida...” (1 Jo 1.1). Não poderia haver melhor testemunha do que aquela que tinha viajado com Jesus, vivido e comido com ele, e realmente tocado nele. Invariavelmente, aqueles que têm visões heréticas de Jesus — quer sejam os hereges do primeiro século ou os céticos modernos — nunca se encontraram nem falaram com Jesus na carne, quer antes ou depois de sua ressurreição. O Testemunho do Evangelho de João O propósito por trás do evangelho de João (Isto é, além de sua explícita missão evangelística; veja João 20.31) parece ter sido deixar a igreja com um retrato convincente sobre a vida de Jesus, feito por uma testemunha ocular, provando que Ele veio não apenas “em carne”, mas que demonstrou por meio de sinais, prodígios e curas milagrosas que era também “o Filho de Deus”. Por esta razão, João não quis escrever apenas uma outra biografia da vida de Jesus; os sinópticos já tinham feito isto. Em vez disso, encontramos em João dez milagres que somente poderiam ter sido realizados por meio do poder divino. Observe-os à medida que vão surgindo neste extraordinário relato sobre Jesus: 1. Transformou a água contida em seis talhas de pedra em delicioso vinho (2.1-12) 2. Curou à distância o filho de um oficial do rei (4.46-54) 3. Curou um homem inválido que tinha sofrido trinta e oito anos com horríveis aflições (5.1-15) 4. Alimentou cinco mil pessoas com somente dois pães e cinco peixes (6.1-14) 5. Andou sobre a água no mar da Galiléia (6.15-21) 6. Curou um homem cego em Jerusalém (9.1-38) 7. Ressuscitou Lázaro quatro dias depois de sua morte (11.1-45) 8. Ergueu-se do túmulo fisicamente após três dias (capítulos 20-21) 9. Orientou os discípulos em uma pesca milagrosa — precisando de dois barcos para carregar os peixes — após passarem a noite sem pescar nada (21.1-12) 10. Apareceu cinco vezes a pessoas ou grupos depois de sua ressurreição (capítulos 20-21) Nenhum dos milagres relacionados acima podia ser realizado por um simples ser humano! Individualmente eles atestam o poder de Deus operando em Jesus; coletivamente eles evidenciam claramente que Jesus era mais do que um homem, podendo, portanto, ser Deus em forma humana. Nenhum homem, na verdade, poderia fazer tudo o que Ele fez — cumprir as profecias, viver uma vida sem pecado, ter os ensinamentos mais profundos do mundo, fazer todos os milagres atribuídos a Ele, morrer voluntária e sacrificialmente em uma cruz, ressuscitar dentre os mortos, reaparecer muitas vezes a tantas pessoas (como a quinhentas de uma vez só) e, assim, provar que estava vivo depois da morte — sendo apenas homem. A única explicação, como disse João, é que Ele é verdadeiramente “Deus conosco”! Ensinos de Jesus Mencionados Apenas em João Por ter escrito seu evangelho depois dos outros três, João evitou repetir aquilo que eles já haviam registrado. Seu evangelho é uma rica fonte de doutrina não encontrada nos outros três evangelhos canônicos. Entre os textos mais importantes estão os seguintes: 1. Cristo, o Criador No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela (Jo 1.1-5). Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.10-14). João, ao escrever em 90 d.C, não deixou dúvidas sobre sua crença naquele Jesus com quem tinha andado e falado e a quem tinha seguido. Ele não o considera apenas “Deus em forma humana”, como tenho várias vezes citado neste livro. Ele diz que Jesus era o “Verbo” (a Palavra) ou a expressão de Deus; Ele já estava no princípio (antes da criação) com Deus; Ele criou todas as coisas; Ele é a luz dos homens. Nem mesmo o melhor ser humano que já passou pela Terra pode aproximar-se ou comparar-se ao seu padrão! Verdadeiramente, como disse João, Ele é o “unigênito do Pai”. 2. Você deve nascer de novo “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”... Respondeu Jesus: “Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus... O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” (Jo 3.3, 5,8) A expressão “nascer de novo” usada por Jesus surge exclusivamente no evangelho de João. Até onde sabemos, Jesus usou esta expressão somente duas vezes. Entretanto, muitos cristãos atualmente a utilizam por ela ser a que melhor define a experiência única de passar do estado de morte espiritual para a vida espiritual através da fé em Jesus. Comparando esse “novo nascimento” espiritual à experiência do nascimento físico, Jesus deixou claro que assim como é preciso nascer fisicamente para poder viver neste mundo, deve-se nascer espiritualmente para poder receber a vida eterna. 3. Um resumo do evangelho da salvação E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3.14-18). Esta passagem é considerada o ensino mais conhecido sobre a salvação em toda a Bíblia (e com boa razão, porque este é, em suma, o propósito da Palavra de Deus). Ela contém “o evangelho sintetizado”. O versículo 16 é inquestionavelmente o mais amado de toda a Escritura. E incontável o número de indivíduos que têm professado a fé em Cristo e sido aceitos por Ele para a salvação, estimulados e orientados somente por esta curta mensagem. Por meio dela “nasceram de novo” e obtiveram a certeza de sua salvação. Por que a história de Nicodemos, na qual este versículo é encontrado, não é mencionada em outros evangelhos? Talvez pelo fato de João ter sido o único discípulo a acompanhar Jesus nesse encontro com Nicodemos, onde se deu essa conversa. Seja qual for o caso, devemos a João a inclusão destas sublimes palavras vindas dos lábios do “Filho unigênito de Deus”. 4. A prova válida de que Jesus é o Cristo O melhor capítulo isolado da Bíblia sobre a divindade de Jesus é João 5. Ele contém o testemunho do próprio Jesus sobre quem Ele era, o testemunho de João Batista, os milagres ou “obras” de Jesus como provas, a voz do Pai e o testemunho das Escrituras (particularmente o cumprimento das profecias messiânicas). Neste único capítulo encontramos evidências impressionantes da divindade pessoal de Jesus. 5. Os últimos ensinamentos de Jesus Tradicionalmente considera-se que as últimas palavras de um homem que está à beira da morte são as mais significativas. Este foi o caso de Jacó, Moisés e muitos outros. De acordo com esta tradição, os capítulos de João, de 14 a 17, são da mais alta relevância, porque nos apresentam os últimos ensinos de Jesus antes de sua crucificação. Estes importantes ensinos abordam: céu; Jesus “a verdade”; oração; apegar-se a Ele como os ramos à videira; o ministério da Palavra e o Espírito Santo; e muitas outras coisas. Em qualquer lista dos dez capítulos bíblicos mais importantes, dignos de ser lidos e absorvidos, estes quatro devem ser necessariamente incluídos. Eles expõem os pontos essenciais da vida cristã e devem ser lidos e meditados em conjunto regularmente. Cristo e a Ressurreição O já idoso apóstolo João não deixou dúvida de que, embora passados mais de cinqüenta anos desde a ascensão de Jesus ao céu e todos os outros discípulos terem morrido, ele ainda acreditava que Jesus era o Cristo. Ele confessou Jesus como o Prometido, aquele que veio de Deus, ressuscitou dentre os mortos e retornou a Deus, esperando sua segunda vinda. João dedicou dois capítulos inteiros relatando fatos após a crucificação, enfatizando o túmulo vazio e os vários aparecimentos de Jesus antes de sua ascensão aos céus. João sabia que a única mensagem que poderia mudar o ensino religioso para sempre seria o fato da ressurreição de Cristo. Ele sabia que a ressurreição era um fato real e quis deixar um registro escrito dela, de maneira que o mundo inteiro soubesse que a última testemunha apostólica viva considerava-a um acontecimento inegável. Não há dúvida de que, para João, Jesus era Deus e tinha provado isso levantando-se dentre os mortos. O desejo de João era que outros viessem a crer como ele. Portanto, revelou abertamente seu propósito ao escrever: Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (Jo 20.30-31) Se mesmo depois de ler este capítulo, você ainda tem dúvidas sobre a verdadeira identidade de Jesus, sugiro que leia o relato da vida de Cristo escrito por alguém que o conheceu bem: o evangelho de João. Ele certamente pode mudar sua vida, do mesmo modo como já mudou as vidas de incontáveis pessoas ao longo dos séculos. 9. O Testemunho do Apóstolo Paulo Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2.9-11) A dramática conversão do apóstolo Paulo constitui-se em um sério problema para os céticos determinados a destruir o cristianismo. Como explicar a transformação na vida deste homem extraordinário? Quando um estudioso brilhante, membro do Sinédrio, um “fariseu dos fariseus” zeloso de sua fé israelita, que perseguiu a igreja nascente e convictamente consentiu na morte de seu primeiro mártir, ele mesmo se converte de um modo miraculoso, resultando em completa mudança de seu estilo de vida — deve haver uma forte razão. Especialmente quando esse homem se transforma em destacado portavoz da igreja que perseguiu! Nenhum estudioso sério, mesmo os mais críticos, nega a espantosa reviravolta na vida do apóstolo Paulo. A não ser pela intervenção sobrenatural do próprio Jesus ressurreto, não há nenhuma explicação satisfatória para a mudança radical de direção na vida de Paulo. Uma Importante Reviravolta Para começar, refresque sua mente com relação aos detalhes da conversão de Paulo: Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote, e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, afim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas, levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. Os seus companheiros de viagem, pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém. Então se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco. Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu nem bebeu. (Atos 9.1-9) Assim teve início a transformação na vida de Paulo, que só pode ser explicada pela intervenção do sobrenatural. O cristianismo tem uma explicação simples para a dramática metamorfose de Paulo: ele foi salvo, como ele mesmo disse, através de uma experiência pessoal com o Cristo ressurreto, recebendo então o Espírito Santo de Deus e sendo revestido de poder e dons para realizar milagres, ensinar, pregar, edificar a igreja e escrever cartas. Não existe nenhuma outra explicação para a mudança repentina e completa desse forte opositor do evangelho em um homem que acabou escrevendo treze dos vinte e sete livros do Novo Testamento. A conversão de Paulo permanece até hoje como um dos maiores testemunhos da divindade de Cristo e da verdade do cristianismo. J. Gresham Machen, um dos maiores defensores da ortodoxia da atualidade, considera a conversão de Paulo a segunda maior prova da fé, ofuscada somente pela própria ressurreição de Cristo. Algo extraordinário aconteceu na estrada de Damasco há quase dois mil anos. O cristianismo tem uma explicação para isto; os céticos ainda estão procurando por uma. Paulo, a Testemunha Idônea Paulo nunca tinha visto Jesus durante sua vida aqui na terra. Ele nunca presenciou um milagre nem ouviu seu ensino e não o viu depois da ressurreição até encontrá-lo miraculosamente na estrada de Damasco. No entanto, os escritos de Paulo mostram que ele estava perfeitamente familiarizado com a vida de Jesus de Nazaré muitos anos antes que os evangelhos fossem escritos! A pergunta natural que surge é: onde Paulo obteve essas informações? Uma resposta óbvia é que havia o conhecimento comum [a tradição oral] em toda a igreja na época de sua conversão (o que aconteceu de um a três anos depois dos eventos registrados nos evangelhos). Pretendo mostrar neste capítulo que, no período de quinze a vinte anos após a ressurreição de Jesus, o apóstolo Paulo escreveu um registro dos acontecimentos básicos contidos nos evangelhos, permitindo que seus leitores ficassem familiarizados com a história. Não havia tempo para “criar mitos” ou “enfeitar a história da ressurreição”. Tais fantasias exigiriam pelo menos uma ou, talvez, duas gerações — um espaço de tempo simplesmente impossível. Por Que Paulo Foi Escolhido? Há muito tempo venho meditando sobre a razão pela qual Deus permitiu a Paulo, um apóstolo “nascido fora do tempo” (1 Coríntios 15.8), tornar-se o primeiro autor de um livro do Novo Testamento. Tenho indagado também sobre o porquê de seu colega grego, o médico Lucas (que também nunca esteve com Jesus), tornar-se o autor de um dos Evangelhos e de uma história completa da igreja do primeiro século. Finalmente consegui enxergar uma possível razão por trás da estratégia de Deus. Observe bem: quando esses “intrusos” escreveram sobre Jesus, o Cristo, e sobre todos os elementos sobrenaturais de sua vida, eles estavam refletindo as crenças comumente aceitas pela igreja nascente naquele período. Se seus escritos fossem conflitantes com as visões aceitas pela igreja, eles teriam sido atacados e rejeitados imediatamente, o que nunca aconteceu. As cartas de Paulo foram escritas sobre tiras de papiro, sendo examinadas e comparadas com os evangelhos de Marcos e Mateus, assim que estes últimos trabalhos surgiram. Além disso, não conseguimos encontrar casos de contradição entre Paulo e os escritores dos evangelhos. Isto significa que os ensinos e escritos de Paulo foram compatíveis com as crenças essenciais do cristianismo nascente. Embora Lucas possivelmente tivesse lido o evangelho de Marcos antes de escrever seu próprio evangelho, é evidente que ele entrevistou muitas pessoas, cujas histórias não aparecem em Marcos. O importante a assinalar é a ampla aceitação, pela igreja primitiva, da vida, pessoa e ressurreição de Jesus — a pedra angular de nossa fé. Nos escritos de Paulo encontramos os detalhes essenciais daquilo que a igreja primitiva acreditava e ensinava sobre Jesus de Nazaré. Paulo, a Testemunha Pioneira Nem sempre é possível determinar exatamente quando os livros da Bíblia foram escritos. A maioria dos estudiosos concorda que, ou Tiago ou a primeira carta aos tessalonicenses, foram escritos primeiro. Cremos que a epístola 1 Tessalonicenses foi escrita por Paulo em Corinto, durante sua segunda viagem missionária, após uma breve visita de três semanas a Tessalônica, onde fundou uma igreja e foi então expulso da cidade por judeus hostis. Através deste e de outros detalhes é possível determinar que a carta foi escrita entre 49 e 51 d.C, o que significa que ela surgiu de um a quatro anos antes de ser completado o evangelho de Marcos. Paulo escreveu esta carta porque tinha ensinado àquela jovem igreja algumas profecias, particularmente a respeito da vinda do Senhor. Após a morte de alguns de seus novos convertidos, esses crentes ficaram profundamente preocupados quanto ao que aconteceria aos seus amados quando o Senhor retornasse para encontrar seus santos “nos ares”. Paulo escreveu esta epístola para responder às suas perguntas. Depois disso os tessalonicenses receberam outra carta, geralmente chamada “a carta espúria [ou não legítima]”. Nada sabemos sobre isso, além do fato de ela ter causado muita aflição aos tessalonicenses. Foi então necessário que o apóstolo enviasse uma segunda carta para corrigir alguns dos falsos ensinos da carta espúria. Se por um lado sou tentado a mostrar o quanto Paulo havia ensinado a esses novos cristãos sobre a segunda vinda e os eventos a ela relacionados, reconheço que este não é o propósito deste livro. Precisamos observar aqui tudo o que Paulo ensinou sobre a vida, pessoa, morte e ressurreição de nosso Senhor e o quanto esses conceitos foram divulgados, embora a apenas tão pouco tempo da ascensão de Jesus. Lembre-se de que Paulo estava escrevendo para gregos que não tinham a base do Velho Testamento ou o conhecimento da vida e da época de Jesus. Eventualmente tudo o que Paulo escreveu foi examinado pelos líderes da igreja em Jerusalém, e já que estes nunca fizeram objeções à mensagem dessas cartas, sabemos que o que ele escreveu refletia a mensagem comumente pregada pela igreja primitiva. Vamos agora dedicar algum tempo para examinar, diretamente dos escritos de Paulo, as doutrinas essenciais que ele compartilhou com essa jovem igreja. 1 Tessalonicenses Observe a obra do trio: Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros. (1.1-2) Observe a obra de Jesus na salvação, o fato de o evangelho ser chamado “evangelho de Deus” e que “Deus ressuscitou Jesus”: Pois eles mesmos... proclamam... como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.... Tivemos ousada confiança em nosso Deus, para vos anunciar o evangelho de Deus... estávamos prontos a oferecervos, não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a nossa própria vida... vos proclamamos o evangelho de Deus. (1.9,10; 22,8,9) Observe os detalhes em relação aqueles que mataram Jesus e como isto desagradou a Deus: Outra razão ainda temos nós para incessantemente dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e, sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes. Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles por sua vez sofreram dos judeus, os quais, não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens. (2.13-15) Observe que a segunda vinda de Cristo é a esperança da igreja: Pois, quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós? Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa alegria! (2.19-20) Observe que “o evangelho de Deus” e “o evangelho de Cristo” são intercambiáveis, e que o pregador desse evangelho é chamado de “ministro de Deus”: E enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé, confirmar-vos e exortar-vos. (3.2) Observe que tanto Deus Pai como o Senhor Jesus dirigem os caminhos dos cristãos: Ora, o nosso mesmo Deus e Pai com Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós. (3.11) Observe que a santificação da igreja depende da segunda vinda: Afim de que sejam os vossos corações confirmados em santidade, isentos de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos. (3.13) Observe que é a vontade de Deus que os cristãos obedeçam aos mandamentos de Jesus: Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis, progredindo cada vez mais; porque estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição. (4.1-3) Observe que para participar do arrebatamento é necessário crer na morte e ressurreição de Jesus: Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. (4.14-17) Observe que a salvação é por meio de nosso Senhor Jesus Cristo: Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo. (5.9) Observe que a vontade de Deus é por meio de Cristo: Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (5.18) Observe ainda outra referência à segunda vinda de Jesus: O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (5.23) 2 Tessalonicenses Observe que Jesus é apresentado como sendo igual a Deus Pai: Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. (1.1-2) Observe que as primeiras igrejas cristãs foram conhecidas como as igrejas de Deus: A tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tributações que suportais. (1.4) Observe outra referência à segunda vinda de Jesus, que Ele é chamado de “Senhor” e que os cristãos são chamados de “seus santos”: Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho). (1.9-10) Observe que a graça é concedida igualmente por Deus e Jesus: Por isso também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação, e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé; afim de que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (1.1112) Observe que em sua segunda vinda Jesus destruirá o anticristo: Com efeito o ministério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então será de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca, e o destruirá, pela manifestação de sua vinda. (2.7-8) Observe que o castigo por recusar-se a crer no evangelho de Cristo é a condenação: Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, afim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça. (2.9-12) Observe que é igualmente obra de Jesus e do Deus Pai confortar e confirmar os crentes: Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, e Deus nosso Pai que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e boa palavra. (2.16,17) Observe que Jesus é o doador tanto da paz como da graça, e que sua presença é prometida aos crentes: Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz em todas as circunstâncias. O Senhor seja com todos vós. A saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é que eu assino. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. (3.16-18) Estes textos mostram que, quinze a dezessete anos depois da ascensão de Jesus, Paulo estava tratando de várias doutrinas que eram de conhecimento comum das igrejas. Observe que boa parte destas doutrinas era absolutamente contrária ao ensino tradicional dos judeus naquela época. Paulo, por exemplo: Iguala “Deus Pai”ao “Senhor Jesus Cristo” Usa o “evangelho de Deus “e o “evangelho de Cristo “, como sinônimos, pois eram um só evangelho Instrui os crentes a esperar o retorno de Jesus Insiste em que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos Diz que Jesus nos livra da ira vindoura; Ele é a fonte de salvação Diz que Jesus sofreu a oposição dos judeus Diz que Timóteo é um “ministro de Deus “pregando o evangelho de Cristo Diz que tanto “Deus Pai” como “o Filho Jesus” orientamos crentes Sustenta que os verdadeiros crentes tomarão parte na segunda vinda Diz que Deus nos destinou à salvação mediante Jesus Cristo, nosso Senhor Ensina que os santos serão santificados “completamente” na vinda de Cristo Diz que tanto Deus Pai como Jesus Cristo concedem “graça “ A lista acima contém alguns pontos essências da doutrina cristã, e todos refletem a compreensão básica da igreja primitiva. Mesmo que algumas dessas doutrinas (especificamente a respeito da segunda vinda) tenham sido reveladas através de Paulo (veja Gálatas 1.11-12, 15-; 22; 2.1-2; Efésios 3.2-5), elas receberam o apoio da igreja, pois essas cartas chegaram até nós sem qualquer restrição ao seu conteúdo. Parece certo que tais ensinos tinham raízes na igreja primitiva e eram aceitos e entendidos como doutrina comum. Certamente Paulo sabia que algum dia suas jovens igrejas (inclusive a dos tessalonicenses) seriam visitadas pelos líderes da igreja e seus escritos examinados. Portanto ele não ousou, como um apóstolo “nascido fora do tempo”, ensinar qualquer coisa que não fosse a fé comum “uma vez entregue aos santos”. É interessante que ele nunca foi acusado de fazer isso! Não sabemos claramente quanto da doutrina de Paulo ele aprendeu com os líderes mais antigos da igreja em Jerusalém e quanto ele recebeu como revelação direta de Deus. O que está claro é que seu ensino foi aceito, endossado e apoiado pela igreja-mãe. Perto do final de sua vida, o próprio Pedro escreveria: “nosso irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2 Pedro 3.15-16). Considere estes pontos: Pedro chama Paulo de “nosso amado irmão “ Pedro diz que Deus sabedoria “especial” Pedro diz que alguns ensinos de Paulo são “difíceis de compreender” Pedro diz que “deturpar” as palavras de Paulo conduz à “destruição” Pedro inclui as epístolas de Paulo entre “as demais Escrituras” “deu”a Paulo uma Quando relacionamos o entusiástico apoio de Pedro em favor de Paulo com o conteúdo das primeiras cartas de Paulo, só podemos concluir que essas doutrinas representavam o ensino comum de todas as igrejas, começando logo depois da ressurreição, ascensão e descida do Espírito Santo. Isto não deve nos surpreender, porque era exatamente o que tinha sido pregado no dia do Pentecoste. A Teologia Posterior de Paulo O testemunho de Paulo não se restringe apenas às epístolas aos tessalonicenses, mas é também encontrado em outras epístolas. Em lugar algum ele contradiz os escritores dos evangelhos. Na verdade, Paulo endossa em várias passagens algumas das histórias e ensinos encontrados posteriormente nos evangelhos. Em dois expressivos exemplos encontrados nas epístolas aos colossenses e aos filipenses, podemos constatar sua exaltação e louvor à plena divindade de Cristo: Ele [Deus] nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude, e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós outros também que outrora éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis. (Cl 1.13-22) Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2.5-11) (Compare a última parte desta passagem com Isaías 45.23, em que Deus diz: “Por mim mesmo tenho jurado... Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.” Paulo tem claramente este texto em mente à medida que escreve, igualando assim uma vez mais Jesus a Deus.) O Testemunho Persistente de Paulo O apóstolo Paulo passou o resto de sua vida até a morte proclamando a divindade de Jesus Cristo, incluindo sua vida sem pecado, sua morte sacrificial, sua ressurreição corpórea, sua oferta de redenção do pecado e salvação eterna... e muito mais. O encontro de Paulo com o Cristo vivo na estrada de Damasco, que transformou sua vida, é por si mesmo um testemunho poderoso da divindade de Jesus. Oferece também uma poderosa confirmação de seu testemunho sobre a identidade do Salvador, um testemunho que não tem sido contestado por quase dois mil anos. 10. O Testemunho do Próprio Deus “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. (2Pe 1.17b-18) Da mesma forma que um advogado já provou que seu caso está acima de qualquer dúvida, nosso Senhor acrescenta o testemunho audível do Deus Pai à impressionante evidência acumulada de quem Ele realmente é. Por três vezes durante a vida de Cristo, o próprio Deus falou do céu para comprovar a identidade de seu Filho. Várias vezes no Velho Testamento, Deus tinha se comunicado com os israelitas para instruí-los ou reafirmar-lhes sua presença entre eles. A ocasião mais famosa foi quando Deus deu os Dez Mandamentos a Moisés, escrevendo-os em seguida em tábuas de pedra. Antes disso, Ele havia falado com Moisés através da sarça ardente e, mais tarde, falou ao Faraó pela boca de seu servo Moisés. Em cada uma dessas ocasiões, Deus usou seu testemunho audível em fases extremamente importantes na vida de Israel. Do mesmo modo, em três ocasiões durante a vida de nosso Senhor, a voz do Deus Pai foi ouvida nitidamente do céu. Vamos examinar cada uma delas, em seqüência, pois elas também ocorreram em ocasiões importantes, proclamando em cada uma delas que Jesus era o “Filho de Deus”. A Voz de Deus no Batismo de Jesus Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo “ (Mt 3.16-17; veja também Mc 1.9-11 e Lc 3.21-22). Já havíamos examinado anteriormente o batismo de Jesus por João Batista, chamando especial atenção sobre a descida do Espírito Santo em forma de uma pomba que pousou no ombro de Jesus, identificando-o como “o Filho de Deus”. Não enfatizamos então o fato significativo da presença simultânea da trindade naquele evento: Cristo, que foi batizado; Deus Espírito Santo, que identificou Jesus de Nazaré como o Messias; e Deus Pai, cuja voz foi ouvida desde o céu. Esse acontecimento foi tão significativo que foi registrado pelos quatro evangelhos. Mateus e João foram testemunhas oculares, Marcos talvez tenha sido e Lucas relatou aquilo que tinha ouvido de testemunhas oculares (Lucas 3.21-22). Observe que os três escritores dos evangelhos sinópticos usaram a mesma expressão básica: “E eis uma voz dos céus, que dizia: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’.” Jesus é identificado não somente pelo Espírito Santo em forma de pomba, mas também pela voz solene do próprio Deus, reconhecendo Jesus de Nazaré como seu único Filho e acrescentando: “em quem me comprazo.” Este fato representa a confirmação do testemunho sobre a santidade de Jesus, desde o nascimento até o momento deste evento, que Lucas diz ter ocorrido quando Jesus tinha trinta anos (Lucas 3.23). Quem realmente ouviu este testemunho? Não sabemos. Certamente João Batista, junto com os discípulos e alguns outros crentes. Multidões de pessoas se aglomeravam junto ao rio Jordão esperando para serem batizadas por João, e muitas se tornaram crentes sinceros. Entretanto, sabemos pelas perguntas que se seguiram que alguns não creram. Evidentemente, eles não ouviram a voz, não a compreenderam ou, então, não a reconheceram como vinda de Deus. Apesar disso, as Escrituras afirmam que Deus Pai falou do céu para identificar seu filho diante de muitas testemunhas. Várias dessas testemunhas confirmaram esse fato no relato do evangelho. A Voz de Deus na Transfiguração Passados seis dias, Jesus levou Pedro, Tiago e seu irmão João a um alto monte, transfigurando-se diante de seus olhos. Seu rosto brilhou como o sol, e suas roupas tornaram-se brancas como a luz. E eis que de repente surgiram Moisés e Elias, falando com Jesus. Então Pedro disse: “Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias” Enquanto ele ainda estava falando, eis que uma nuvem luminosa os envolveu; e repentinamente uma voz veio da nuvem dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a Ele ouvi.” E quando a ouviram os discípulos, caíram de bruços tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: “Erguei-vos, e não temais!” Então eles, levantando os olhos, a ninguém viram senão só a Jesus. (Mt 17.1-8) A transfiguração foi um dos acontecimentos mais importantes da vida de Cristo, sendo a única vez em que Ele se manifestou fisicamente dessa maneira diante de testemunhas. Seus três discípulos mais íntimos, Pedro, Tiago e João, tiveram a oportunidade única de testemunhar sua natureza divina brilhando em seu corpo carnal. Durante sua vida, Jesus foi plenamente homem e plenamente Deus, visto e conhecido por seus discípulos. Nesta ocasião especial Ele foi visto sob uma luz peculiar: Deus em forma humana — sua natureza divina brilhando sobre sua pele humana. Tanto Lucas como Marcos também incluíram este episódio em seus evangelhos, enfatizando sua importância. Lucas acrescenta: “a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura” (Lucas 9.29), refletindo o caráter sobrenatural do evento. Os três autores nos dizem que Moisés e Elias apareceram ao lado de Jesus naquele lugar glorioso, atualmente conhecido como o Monte da Transfiguração. Somente Lucas acrescenta que eles falaram “da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém” (Lucas 9.31). Séculos atrás ambos, Moisés e Elias, preanunciaram que o Messias vindouro sofreria pelos pecados do povo, cumprindo todos os requisitos sacrificiais pelos pecados do mundo inteiro. Entretanto, os discípulos não estavam preparados para considerar a idéia de que Jesus logo iria ser crucificado em cumprimento do plano redentor de Deus. Pedro havia demonstrado isto pouco tempo antes, quando reprovou Jesus por afirmar “que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, sacerdotes e escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia” (Mateus 16.21). Pedro não foi capaz de entender essa afirmação de Jesus, e este lhe responde rapidamente: “Arreda! Satanás; tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens” (Mateus 16.23). Agora, porém, naquele “monte santo”, Pedro, Tiago e João evidentemente ouviram Jesus conversando sobre sua morte com Moisés e Elias. Talvez eles não tenham compreendido o plano divino para Jesus, mas de algum modo reconheceram Moisés e Elias, pois Pedro fez aquela ridícula sugestão: “Se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias.” Para compreender o significado real deste evento, é preciso lembrar que Moisés e Elias eram as duas grandes figuras da história de Israel. Eles foram grandes servos de Deus que se destacaram não apenas pelos seus ministérios junto ao povo mas também pelos registros escritos que deixaram. Naqueles dias, quando um israelita se referia a “Moisés e Elias”, estava não apenas se referindo aos acontecimentos das vidas desses dois homens, mas (no caso de Moisés) aos primeiros livros da Bíblia, e (no caso de Elias) aos profetas que escreveram no “espírito de Elias”. Jesus reconheceu isto em Lucas 16, quando disse ao homem rico que não enviaria Lázaro à casa paterna do morto para alertar seus irmãos a fugirem do futuro dos não salvos, pois “eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos” (Lucas 16.2). Apesar de esses profetas terem sido grandes homens, o texto deixa claro que eles foram ofuscados pela magnitude do Filho de Deus. Lemos que uma “nuvem luminosa os envolveu” (semelhante a muitas nuvens do Velho Testamento que escondiam a presença do próprio Deus) e, então, saiu uma voz da nuvem dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.” Não admira, pois, que os discípulos quando ouviram a voz “caíram de bruços, tomados de grande medo”. Eles simplesmente ouviram e reconheceram a voz do Deus todo-poderoso! E embora essa voz não tivesse mencionado os nomes de Moisés e Elias, ela exaltou o homem que eles conheciam como Jesus de Nazaré. No Monte da Transfiguração, assim como no rio Jordão, Deus identificou Jesus como seu Filho e expressou seu prazer diante dele. Ele estava dizendo aos discípulos e a todos os crentes futuros que ouvissem Jesus. Isto significava que, embora as palavras de Moisés e Elias (que então representavam 39 livros do Velho Testamento) fossem dignas de todo respeito, o povo deveria colocar as palavras de Jesus acima de tudo. Pedro nunca esqueceu esse encontro sublime. Observamos no capítulo seis que, já velho e prestes a ser martirizado, o apóstolo usou seu tempo para relatar esse maravilhoso acontecimento aos novos crentes sob seu cuidado. Vale a pena repetir seu testemunho: Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. (2 Pe 1.16-18) Poderia alguma coisa ser mais evidente? Pedro ouviu a voz de Deus, deu testemunho de sua mensagem e, assim, ressaltou a divindade de Jesus, o Cristo. A Voz de Deus Quatro Dias Antes da Crucificação “Pai, glorifica o teu nome. “Então veio uma voz do céu: “Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei “A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: “Foi um anjo que lhe falou. “Então explicou Jesus: “Não foi por mim que veio esta voz, e, sim, por vossa causa. Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. “Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer. (Jo 12.28-33) A voz de Deus foi ouvida do céu pela terceira vez depois que Jesus se apresentou à nação de Israel no dia conhecido como Domingo de Ramos. Depois de ter sido rejeitado pelos judeus, Ele sabia que sua morte na cruz estava próxima. Naquela semana alguns gregos pediram a Filipe que lhes apresentasse Jesus. Sem dúvida alguma, a multidão era composta na maioria de judeus, mas alguns estudiosos bíblicos admitem que esses gregos estavam presentes porque Deus estava preparando os gentios para reconhecerem que seu Filho estava perto de morrer sacrificialmente, não somente pelos pecados de Israel, mas pelos pecados do mundo todo. O apóstolo João é o único a registrar este incidente (João 12.2033). Ao pensar na proximidade de sua morte, Jesus confessa: “Minha alma está angustiada.” Isto foi ilustrado dois dias depois, quando, no Jardim do Getsêmani, “seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lucas 22.44). Porém, embora, sua alma estivesse “angustiada”, Ele não recuou diante da morte indigna que estava para sofrer. Em vez de se desesperar, Ele declarou: “Precisamente com este propósito vim para esta hora” (João 12.27). Então Jesus orou: “Pai, glorifica o teu nome”, e a voz de Deus respondeu: “Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei” (João 12.28) — confirmando, assim, que já havia falado antes e que novamente o glorificaria por meio da ressurreição após sua aparente derrota na cruz. O povo, tanto os crentes como os descrentes, reconheceu que a voz era sobrenatural. Jesus identificou a fonte daquela voz e declarou que tinha vindo para o bem deles. Por que para o bem deles? Naqueles dias os principais da sinagoga e os fariseus estavam clamando contra Ele e acusando-o de ser um impostor. Ele sabia que seria insultado e depois crucificado e que muitos se afastariam desiludidos durante os três dias que permaneceria no túmulo. A voz de Deus o glorificou para que os representantes de toda a nação cressem nele. Jesus afirmou: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (João 12.21), indicando, assim, o tipo de morte que ia sofrer. Por fim, Jesus apelou ao povo: “Ainda por um pouco a luz está convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem... Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz” (João 12.35-36). Eleja havia se apresentado como “a luz do mundo” e agora os conclamava a se tornarem crentes antes que a crucificação afligisse as almas dos crentes e dos descrentes. Qual a reação da multidão? “E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele”. Esta trágica observação prova que os descrentes estavam presentes naquela ocasião. Eles ouviram a voz de Deus, testemunharam os milagres de Jesus e, apesar disso, se recusaram a crer. Felizmente, nem todos agiram assim. Atualmente, podemos fazer essa mesma escolha: crer ou descrer. A evidência hoje é exatamente a mesma daquela época. As pessoas — tanto hoje como há dois mil anos — não têm desculpa, pois têm o testemunho da voz do próprio Deus confirmando seu Filho. Uma Categoria Própria A voz de Deus ressoou no batismo de seu Filho. Os discípulos a ouviram no “monte santo” da transfiguração. E finalmente essa mesma voz ecoou nos ouvidos do público pouco antes da crucificação de Jesus. Deus não apenas identificou audivelmente, por três vezes, Jesus como seu Filho, mas também elevou seus ensinamentos a uma categoria própria. O autor de Hebreus escreveu: “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1.1-2). Jesus ocupa, indiscutivelmente, uma categoria própria! Pa r t e I I I : O Q u e S u a s O b r a s P r o va m S o b r e Ele 11. Seus Milagres Como Testemunhos de Sua Identidade Se um homem viesse ao mundo curando leprosos, restaurando paraplégicos, reconstruindo braços ou pernas aleijadas, restaurando a vista aos cegos, nós imediatamente o consideraríamos como alguém mais do que um simples homem. Poderíamos até mesmo considerá-lo um deus em forma humana. Se um homem andasse sobre a água, acalmasse as tempestades e alimentasse mais de cinco mil pessoas de uma só vez, usando apenas o lanche de um menino, suspeitaríamos que ele fosse mais do que humano. Se um homem interrompesse um funeral e fizesse voltar à vida o único filho de uma pobre viúva, devolvendo-o à sua mãe — tudo isso diante de muitas testemunhas —, seguramente o aclamaríamos como um deus. Pois na história do mundo, nenhum ser humano jamais realizou apenas um desses milagres por seu próprio poder, muito menos todos esses juntos. Foi isto o que Jesus quis dizer quando se dirigiu aos judeus que faziam objeção à sua alegação de ser o Filho de Deus: “Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de que o Pai me enviou” (João 5.36). No capítulo seis vimos que João foi, sem dúvida, uma forte testemunha da divindade de Cristo. Agora, porém, Jesus apresenta um conjunto muito maior de testemunhas: suas obras miraculosas. Conhecido por Suas Obras Sempre que a história de Jesus é contada, seus maravilhosos milagres a acompanham, pois qualquer pessoa que examine cuidadosamente sua vida descobre que seria impossível separá-lo de seus milagres. Os feitos miraculosos (particularmente aqueles de cura física) levaram milhares de pessoas a ajuntar-se para ouvir seu ensino incomparável. E foram esses milagres que deram credibilidade ao seu ensino no meio do povo. Como disse uma das testemunhas de alguns desses milagres, “ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (João 3.2). Muito provavelmente Jesus não teria atraído tantos ouvintes, se não fosse capaz de curar os enfermos e ressuscitar os mortos. Quase vinte séculos mais tarde, se não fosse por seus milagres sobrenaturais, raramente alguém teria ouvido falar de Jesus Cristo. Foram eles certamente que estabeleceram sua autenticidade divina. Poucas tentativas têm sido feitas ao longo da história para eliminar os milagres de sua vida. Uns poucos céticos tentaram justificálos e alguns racionalistas tentaram transformá-los em mitos (tais como o agnóstico David Hume, cujo ataque aos milagres de Jesus no século dezoito apresenta uma frágil argumentação contra eles), porém suas “explanações” geralmente requerem mais fé do que os próprios milagres. Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, tentou banir do cristianismo os milagres de Cristo, simplesmente removendo-os da Bíblia com uma tesoura. Tudo o que ele conseguiu foi criar um angu literário. Sua versão jamais foi entendida porque torna A Maior História Já Contada um contra-senso ilegível. Essa versão retira a maior evidência do caráter sobrenatural do Filho de Deus pela simples eliminação dessa evidência. Dizer apenas: “Não acredito no sobrenatural” — como fizeram Hume, Jefferson e os céticos modernos — não resolve nada. Qualquer pessoa descrente em Deus terá uma visão inadequada do sobrenatural, pretextando serem os milagres impossíveis. E naturalmente ninguém ainda apresentou uma prova convincente de que Deus não existe. Se uma pessoa começa por excluir a possibilidade de que existe um Deus sobrenatural, ela rejeitará a possibilidade de milagres. Certamente, nenhuma prova sustenta tal convicção; o cético está simplesmente alardeando sua descrença, o que não é suficiente para desmentir os milagres de Jesus. A evidência histórica pesa esmagadoramente em favor dos milagres como parte integrante da vida do Nazareno. Sem eles, Jesus teria sido rapidamente esquecido, desaparecendo com o passar dos séculos. Os Milagres Foram Importantes Para Jesus Jesus de Nazaré ministrou publicamente por apenas três anos e meio, um tempo curto para afirmar a si mesmo como “o Filho de Deus” e fundar uma religião que resistisse ao tempo. Portanto, foi importante para Ele estabelecer sua credibilidade pessoal logo no início do ministério, de modo que sua obra pudesse ser continuada por seus seguidores. A importância que ele dava aos milagres é visível na resposta que deu aos discípulos de João Batista, quando estes vieram perguntar-lhe se Ele era o Messias prometido... ou se eles deviam esperar por outro. A pergunta foi feita algum tempo depois de João ter identificado publicamente Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Observe a resposta do Senhor: “Ide, e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres anuncia-se-lhes o evangelho” (Lucas 7.22). Jesus sabia que João estava na prisão, devendo ser logo executado por ter confrontado o rei Herodes por causa de seu adultério. João precisava de alguma coisa para fortalecer sua crença em Jesus como o Messias, por isso Cristo usou seus milagres como prova. Jesus aponta para os milagres como “grandes testemunhas” de sua divindade quando disse: “As obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de que o Pai me enviou” (João 5.36). Ele claramente afirma que suas “obras”, outro termo usado no lugar de “milagres”, identificam-no como Deus em forma humana. Ele disse: “As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito” (João 10.25). Mais tarde, referindo-se aos seus milagres, Ele faz uma alegação que até hoje não foi contestada: “Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez...” (João 15.24). Jesus ocupa uma posição única pelos milagres que realizou. As Conseqüências de Rejeitar Seus Milagres Uma das mais terríveis condenações na Bíblia foi reservada para o povo de duas cidades em que Jesus realizou muitos milagres. Os judeus daquelas cidades rejeitaram-no, particularmente quando Ele afirmou sua divindade. “Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E contudo vos digo: no dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidom, do que para vós outros” (Mateus 11.21 e 22). Os milagres tinham o propósito de convencer as pessoas de que Jesus estava agindo no poder e em nome de Deus. Quando os judeus rejeitaram essa reivindicação, estavam também rejeitando uma poderosa testemunha de sua divindade e, assim, não tiveram desculpa. Para captar a importância disso, Jesus comparou as duas cidades a Sodoma e Gomorra, nas quais imperava a homossexualidade. Estas cidades ímpias, porém, não viram Jesus realizar milagres nem o ouviram pregar seus ensinos incomparáveis. Se isso tivesse acontecido, elas poderiam ter “se arrependido”, e, portanto, não sofreriam tanto no dia do juízo. Ao menos não teriam a culpa de rejeitar a evidência esmagadora de sua identidade pessoal. Os milagres são, pois, um testemunho público e poderoso da identidade de Jesus. As pessoas que os rejeitam correm sérios riscos. O falecido Dr. Wilbur M. Smith escreveu: Não conhecemos qualquer razão apropriada pela qual os primeiros discípulos incluíram essas histórias relativas aos milagres nos registros do evangelho, a menos que estivessem baseadas em fatos históricos reais. Na verdade, se o testemunho dos evangelhos a respeito dos milagres de Cristo é falso, então essa falsidade é, com certeza, um milagre maior do que os milagres que eles relatam. Não foram os ensinos de Cristo que levaram Pedro e os outros discípulos a “deixar suas redes e segui-lo”; foi o milagre da rede cheia de peixes que os convenceu (Lucas 5.1-11). Eles pescaram a noite toda e nada apanharam, mas Jesus, depois de falar à multidão, entrou em um dos barcos e, afastando-se um pouco da praia, estimulou os cansados pescadores (que já tinham lavado suas redes) a lançarem as redes mais ao largo. Quando eles obedeceram hesitantes a essa ordem estranha, apanharam tanto peixe que precisaram da ajuda de outro barco — e ambos os barcos começaram a afundar sob o peso da carga. Tal milagre convenceu Pedro de que aquele homem, Jesus, era diferente de qualquer outro de quem já tinham ouvido falar. Até os peixes do mar lhe obedeciam! Cinco Categorias de Milagres Durante seu breve ministério público, Jesus realizou centenas de milagres, sendo cerca de trinta e nove relatados nos evangelhos. Muitos outros não foram registrados em detalhes, mas foram resumidos em expressões como “Ele curava a todos” (Lucas 6.19). Como a fama de seus milagres se espalhava pelas cidades vizinhas, “trouxeram-lhe todos os enfermos” (Mateus 14.35). Os milagres de Jesus foram tão numerosos que seus inimigos nunca tentaram negar seu poder sobrenatural. Como podemos ver, eles cometeram um erro fatal ao atribuí-lo ao Diabo. Mas, mesmo sendo tão hostis, tiveram de reconhecer que seus milagres eram reais, porque transformavam as vidas das pessoas. Embora não seja intenção deste livro examinar todos os milagres feitos por Jesus, é possível dividi-los em cinco categorias ou divisões: natureza, curas físicas, expulsão de demônios, multiplicação e ressurreição de mortos. Examinaremos um pouco de cada categoria para demonstrar a espantosa evidência que eles proporcionam para conhecermos melhor a identidade de Jesus de Nazaré. 1. Milagres da natureza Jesus muitas vezes manipulou a natureza, demonstrando que tinha poder sobre as leis naturais. O primeiro milagre de Jesus foi realizado nas bodas em Cana da Galiléia (João 2). É uma bonita história. Jesus, com aproximadamente trinta anos na época, estava presente porque Ele e seus discípulos tinham sido convidados. Tão logo a família anfitriã notou que o vinho se acabara, Maria chegou-se a seu Filho e informou-lhe: “Eles não têm mais vinho.” Podemos quase sentir o desespero em sua voz. Alguns têm sugerido que era uma grave quebra do costume não se preparar para tal eventualidade e Maria, como amiga da família, sentia-se impelida a ajudá-los a servir seus hóspedes. Jesus atendeu instruindo os criados a encherem seis grandes potes (cada um com a capacidade de 75 a 110 litros) com água. Ele então transformou a água no mais delicioso vinho que os convidados tinham provado durante todo o dia. Como é comum em todos os seus milagres, este resolveu o problema de muitas pessoas. Outro milagre da natureza ocorreu quando Jesus acalmou uma forte tempestade que aterrorizava até mesmo pescadores veteranos, como os discípulos, os quais tinham pescado durante toda sua vida no mar da Galiléia e conheciam bem suas águas traiçoeiras. Contudo, a tempestade não podia competir com Jesus, muito embora o evangelho de Marcos relate: “Levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água” (Marcos 4.37). Mateus expõe o incidente nestes termos: “O barco era varrido pelas ondas” (Mateus 8,24). Jesus, que estava dormindo naquele momento, “despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: ‘Acalma-te, emudece!’ O vento se aquietou e fez-se grande bonança” (Marcos 4.39). De repente os discípulos ficaram espantados ao ver seu poder sobre a natureza, pois eles cogitavam em voz alta: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4.41) Podemos nos identificar com a reação deles, pois meros seres humanos não possuem tamanho poder. Tive o privilégio recentemente de viajar pelo mar da Galiléia e recontar esta história a bordo de um navio para cem turistas que nos acompanharam na viajem. Nosso guia judeu observou que, até hoje, tempestades violentas podem surgir ali repentinamente. Não foi difícil imaginar tanto a cena como a reação dos discípulos. Quem, com certeza, pode comandar até o vento e as ondas? Somente o Filho de Deus! Em duas ocasiões Cristo realizou pescas miraculosas — uma nos primeiros dias do seu ministério (Lucas 5) e a outra após sua ressurreição (João 21). Em ambos os casos, como em todos os milagres, Ele desejava aumentar a fé dos discípulos em sua divindade. Podemos incluir ainda dois outros milagres da natureza: Pedro encontrando a moeda na boca de um peixe (Mateus 17.27), exatamente como Jesus havia dito, e o relato da figueira que secou (Mateus 21. 1822) no mesmo instante em que o Senhor a amaldiçoou. Meu milagre da natureza predileto é Jesus caminhando sobre a água (Mateus 14. 22.32). Isso é tão humanamente impossível que, quando os céticos se referem a um egoísta, dizem com escárnio: “Ele pensa que pode andar sobre a água.” Por dois mil anos, somente uma pessoa caminhou sobre as ondas por seu próprio poder. Que outra pessoa Ele podia ser senão Deus em forma humana? 2. Milagres de cura física Talvez os milagres mais marcantes de Jesus sejam os de cura física. Quem já não olhou para um deficiente físico ou um doente terminal e desejou ter o poder de curar tal pessoa? Pelo menos dezessete vezes, durante sua breve passagem pela vida terrena, Jesus se deteve para curar pessoas, a maioria delas fora do alcance de qualquer ajuda. Lucas relacionou nove dessas curas, observando que multidões de doentes e incapazes físicos iam a Jesus para serem curados, e “Ele curava a todos”. Possivelmente, milhares foram curados durante seu ministério. Ao examinarmos de perto esses milagres, descobrimos que não há dois deles iguais em natureza ou intensidade. Muitos foram realizados através de simples palavras, à distância, como o caso do criado do centurião (Mateus 8.5-13), ou ordenando aos dez leprosos — “Ide e mostrai-vos ao sacerdote” (Lucas 17.11-19). Em alguns casos Jesus tocava a pessoa, e em um deles uma mulher tocou apenas nas suas roupas (Lucas 8.43-48). Meu milagre de cura favorito é o que permitiu ao cego restaurar a visão, em João 9, provocando nos fariseus uma grande controvérsia. Depois de falar ao homem, Jesus inclinou-se, pegou um pouco de terra na mão, cuspiu sobre ela fazendo um pouco de lama, passou-a nos olhos do cego e disse-lhe para ir se e lavar no tanque de Betesda (Ninguém sabe porque Jesus misturou saliva com terra e “ungiu” os olhos do homem mas temos uma teoria. É possível que o homem não possuísse os globos oculares, por isso o Criador modelou o órgão necessário para visão. Mas, podemos argumentar, barro misturado com saliva é compatível com o corpo humano? Não há nenhum problema nisso, pois Jesus é aquele que fez o homem no inicio da criação (João 1.3; Colossenses 1.16 e 17), de modo que moldar os globos oculares seria uma tarefa simples. E se duvidarmos ainda, Gênesis 1 declara que o homem foi criado “do pó da terra”, portanto pó ou barro seria perfeitamente compatível com o tecido humano.). O homem seguiu as instruções de Jesus e retornou “vendo”. Não havia como negar o fato de aquele homem estar verdadeiramente curado, mas os líderes religiosos ficaram perturbados pelo fato de Jesus ter feito esta ação em um sábado. Não é de admirar que, quando Nicodemos foi ter com Jesus à noite, ele tenha afirmado: “Ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (João 3.2). Fatos miraculosos convencem-nos de que Jesus foi mais do que homem e que “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2.9). A propósito, isto nos dá uma grande compreensão do coração de Deus, pois, quando Jesus via as multidões, Ele ficava “movido de compaixão” (Veja Mateus 9.36; 14.14; 15.32; 20.34; Marcos 1.41; 6.34; 8.2) e curava a todos, pois Ele se compadecia das aflições humanas. Não é isto exatamente que se deve esperar de alguém que era Deus em forma humana? 3. Curando os endemoninhados A possessão demoníaca tem torturado o gênero humano desde o princípio da história. Embora algumas regiões tenham sido mais atingidas do que outras, ninguém tem escapado. Tanto no passado como nos dias de hoje, temos dificuldade para distinguir entre a insanidade e a possessão demoníaca. Mesmo com o avanço da psiquiatria atual, numerosos casos são difíceis de avaliar. Pessoas diagnosticadas como “esquizofrênicas” ou de “personalidades mistas” podem agir normalmente em um momento e de repente gritar ou falar com voz estranha, como se um espírito estivesse usando seu corpo, para depois “despertar” e não ter lembrança alguma do que aconteceu. Alguns emitem afirmações maldosas ou blasfemas que não condizem com suas crenças originais, e, a seguir, quando voltam ao normal negam que tenham dito tais coisas. A psiquiatria pode fornecer uma explicação “científica” para certos casos (tais como “demência”), mas esses indivíduos podem mais tarde passar por um exorcismo em nome de Jesus Cristo e nunca mais sofrer outra experiência semelhante. Sem dúvida, algumas pessoas têm sofrido de possessão demoníaca. Na época em que Jesus viveu, a possessão demoníaca era bastante comum. Isto não nos surpreende, se considerarmos o propósito de sua vinda à terra e a ousadia de Satanás na tentação de Cristo, mencionada em três dos evangelhos. Em pelo menos seis ocasiões durante seu ministério, Jesus foi confrontado com indivíduos possuídos pelo demônio. Em cada caso Ele demonstrava seu poder sobre os demônios expulsando-os milagrosamente. Os três evangelhos sinópticos narram uma das ocorrências mais incríveis que ilustra o poder de Jesus sobre demônios. De acordo com o relato de Lucas: Então rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos sepulcros. E quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando, e disse em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes. Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto. Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios. Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo. Ora, andava ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu. Tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do lago, e se afogou. Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos. Então saiu o povo para ver o que se passara, e foram ter com Jesus. De fato acharam o homem de quem saíram os demônios vestido, em perfeito juízo, assentado aos pés de Jesus; e ficaram dominados de terror. E algumas pessoas que tinham presenciado os fatos contaramlhes também como fora salvo o endemoninhado. Todo o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo. E Jesus, tomando de novo o barco, voltou. O homem de quem tinham saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo: ‘Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti.” (Lc 8.26-39) A extensão da possessão desse homem aparece na palavra “legião” — uma multidão de demônios que podia deixá-lo tão fora de controle que as pessoas tentavam prendê-lo com correntes. Marcos acrescenta que durante alguns de seus acessos, quando entrava nu no cemitério, ele se cortava nas pedras. Marcos também observa que “havia cerca de dois mil porcos” que correram para o precipício e se afogaram no mar, mostrando o poder dos demônios que tinham habitado nele. Não nos surpreende que ele tenha enlouquecido! Entretanto, depois de Jesus exorcizar os demônios, o homem foi encontrado sentado, vestido e em perfeita sanidade mental. Quem senão Jesus podia manifestar tal poder? Os próprios demônios, falando pela voz do homem, identificaram Jesus, dizendo: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?” Tal reconhecimento não era incomum, e mesmo hoje os missionários contam histórias semelhantes — demônios encolhendo-se de medo à simples menção do seu nome. 4. Os milagres da multiplicação Duas vezes durante seu ministério Jesus satisfez a fome das multidões, alimentando-as milagrosamente. Em uma das vezes Ele multiplicou o alimento disponível até ele se tornar suficiente para alimentar cinco mil pessoas; na segunda ocasião, quatro mil pessoas foram alimentadas. A alimentação de cinco mil pessoas é o único milagre (além da ressurreição) mencionado pelos quatro evangelhos, o que demonstra a importância que os autores deram a esse acontecimento. Jesus aceitou o lanche de um menino — que consistia de cinco pães e dois peixes — abençoando-o e distribuindo-o pelas mãos dos discípulos, ordenando-lhes que alimentassem as multidões. Para surpresa deles, os pães e os peixes alimentaram todo o povo... e sobraram ainda doze cestas cheias! Em toda a história do mundo, nunca houve um milagre de multiplicação semelhante a esse realizado diante de tantas pessoas. Este milagre provocou algumas reações imediatas. Os discípulos tornaramse ainda mais convencidos de que Jesus era um ser sobrenatural e o povo seguiu-o para fazê-lo seu rei. Quiseram promovê-lo da oficina de carpintaria ao palácio — mas não foi para isso que Ele veio (e esta é provavelmente a razão para Ele ter repetido esse milagre somente uma vez). 5. Seu poder de ressuscitar os mortos Sem dúvida alguma, os milagres mais extraordinários de Jesus se relacionam com seu poder de restaurar a vida aos mortos. Três vezes durante seu ministério Jesus fez exatamente isso. Na primeira vez, ele interrompeu o funeral do filho de uma viúva de Naim e devolveu à vida o menino, entregando-o de volta à mãe (Lucas 7.11-17). Na segunda, Ele ressuscitou a filha de Jairo (Mateus 9.18-26; Marcos 5.21-43; Lucas 8.40-56). E por fim o mais espantoso de todos; Lázaro foi chamado para sair do sepulcro quatro dias depois de sua morte (João 11). Jesus ressuscitou Lázaro com o claro propósito de demonstrar a seus discípulos que Ele possuía poder sobre a vida e a morte. Depois de se encontrar com as irmãs de Lázaro e associar-se à sua dor, Jesus ordenou que a pedra que fechava o sepulcro fosse removida. Marta a princípio chamou sua atenção: “Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias/’ Em seguida, nas palavras do apóstolo João: Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que se creres verás a glória de Deus? Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. E tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora. Saiu aquele que estiver a morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras, e o rosto envolto em um lenço. Então lhes ordenou Jesus: Desatai-o, e deixai-o ir. Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que fizera Jesus, creram nele. (versículos 40-45) Como as pessoas que testemunharam o incidente reagiram a este assombroso milagre? Muitos “creram nele”. Cristo desejou provar sua identidade tanto àqueles que lá se encontravam como a nós hoje, confirmando sua última afirmação: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28.18). Infelizmente, esta não foi a única reação. Alguns se apressaram em contar o fato aos líderes religiosos. Daquele momento em diante, teve início uma trama visando matar a Jesus. Podemos nos questionar por que dois grupos de pessoas viram esse acontecimento extraordinário realizar-se e tiveram interpretações diferentes do fato, mas hoje enfrentamos o mesmo problema: é sempre uma questão de vontade. Como disse o próprio Jesus: “Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz.” João acrescenta: “Eles tinham visto Jesus fazer todos esses milagres, mas não criam nele” (João 12.36-37). Os que tinham a mente e o coração fechados o rejeitaram. Contudo — e é essencial que tenhamos isso em mente — eles não negaram que Jesus tinha ressuscitado os mortos, alimentado as multidões, expulsado demônios, curado os enfermos e caminhado sobre a água. É de importância vital observar que mesmo seus inimigos não puderam negar seu extraordinário poder! A evidência era simplesmente esmagadora. A Ciência é Grande, Mas Jesus E Maior Os milagres de Jesus comprovam inequivocamente sua divindade. Mesmo hoje, dois mil anos depois, seu poder e simplicidade ainda nos deixam abismados. Apesar do avanço da ciência e da tecnologia, seus milagres ainda nos impressionam. Embora a ciência moderna seja capaz de rastrear a rota de um furacão, nomeá-lo e predizer com certa exatidão quando ele vai atingir uma cidade ou região, ainda assim não é possível controlar essa terrível tempestade e acalmá-la com uma simples expressão: “Acalme-se, fique quieta.” Mas Jesus fez isso! Embora os agricultores sejam capazes de prever uma colheita de até uma tonelada de trigo, quando anteriormente conseguiram calcular apenas um terço desse volume, nunca ouvimos dizer que alimentaram milhares de pessoas famintas com cinco pães e dois peixes. Mas Jesus fez isso! Embora a ciência moderna tenha feito muito progresso na cura das doenças mentais, reabilitando muitas pessoas e devolvendo-as à vida normal, nenhum psiquiatra jamais se voltou para um homem e ordenou que os demônios que o possuíam saíssem dele, transformando-o em uma pessoa normal e em “perfeito juízo”. Mas Jesus fez isso! Embora a ciência moderna tenha realizado grandes curas por meio de remédios, cirurgias ou outras formas avançadas de tratamento, ela nunca retornou a visão àqueles que nasceram cegos, nem curou membros mirrados com um simples toque, ou purificou um leproso apenas pela palavra (muito menos dez de uma só vez). Mas Jesus fez isso! Embora os médicos sejam capazes de prolongar a vida, melhorar sua qualidade, e em alguns casos até permitir uma morte indolor, cada médico normalmente perde pacientes levados pela morte. Nunca ouvimos falar de médicos que souberam do sepultamento de uma pessoa conhecida e em seguida, quatro dias depois, a chamaram de volta à vida. Mas Jesus fez isso! Os milagres que Jesus realizou proclamam através dos séculos que “Jesus é o Filho de Deus!” Podemos Ainda Acreditar nos Milagres? O Novo Testamento ensina claramente que Jesus realizou milagres. Todavia, será que nós, pessoas modernas, vivendo no alvorecer do vigésimo primeiro século, podemos acreditar de maneira lógica e racional naqueles milagres? Se podemos, eles se tornam uma poderosa prova para a alegação de que Jesus foi “o Filho de Deus” em forma humana. Ele mesmo nos desafia a usar esses milagres para determinar sua identidade. “Se vocês não crêem em mim, então creiam pelo menos nas obras que eu faço. E isso para que fiquem sabendo de uma vez por todas que o Pai vive em mim e que eu vivo no Pai” (João 10.38). Se os milagres de Jesus foram genuínos, nossa decisão é óbvia. Mas vivemos quase dois mil anos depois desses acontecimentos. Como podemos crer racionalmente nas histórias das testemunhas oculares que afirmam que Jesus Cristo realizou muitos milagres contrariando as leis da natureza? Alguns céticos têm afirmado que os relatos dos milagres nos evangelhos sofreram alterações e acréscimos ao longo dos anos. Entretanto, qualquer um que esteja familiarizado com a mitologia grega ou com os relatos religiosos do período posterior a Cristo perceberá imediatamente uma diferença marcante entre eles e as narrativas dos evangelhos. Nenhum animal com asas ou figuras metade homem, metade cavalo povoam os evangelhos. Em lugar disso, encontramos Jesus tratando com homens, mulheres e crianças reais. Pessoas humildes que sofriam com doenças ou defeitos de nascimento e repentinamente ficavam livres de seus sofrimentos. Não há inclusão de detalhes fantasiosos, como os que aparecem nos evangelhos apócrifos e em outros escritos do período. Em vez disso, encontramos um relato acurado dos atos de uma pessoa extraordinária. Há muitos anos o Dr. Wilbur M. Smith afirmou que, em vez de as histórias terem sido enfeitadas ou acrescidas com o tempo, os escritores do evangelho, ao contrário, diminuíram o número de milagres relatados à medida que o tempo foi passando, preferindo antes enfatizar os ensinos de Jesus. Muitos estudiosos concordam que Marcos foi o primeiro a escrever seu evangelho, por volta de 60 d.C; o apóstolo João escreveu seu trabalho depois, em torno de 90 d.C. e Mateus e Lucas escreveram em torno de 70 d.C. Argumenta o Dr. Smith: Embora dedicando apenas doze capítulos para a história completa da vida de Jesus, incluindo o último discurso na semana da Paixão, o evangelho de Marcos registra dezoito milagres realizados por Cristo, enquanto que o evangelho de Mateus, escrito posteriormente, relata vinte milagres, embora utilize dezessete capítulos para narrar esse mesmo período de seu ministério publico. O evangelho de Lucas, escrito ainda mais tarde, menciona não mais que vinte e um milagres e o evangelho de João, o último a ser escrito, registra apenas oito milagres. Em outras palavras, os primeiros onze capítulos do evangelho mais antigo, Marcos, registram mais milagres do que quaisquer outros onze capítulos sucessivos dos evangelhos posteriores. E evidente, pois, que este aspecto particular do ministério de Jesus não resulta de um posterior acréscimo mitológico. Assim sendo, os relatos do evangelho são completamente dignos de confiança e inteiramente idôneos — mesmo para os modernos. Podemos estar seguros de que os milagres atribuídos a Jesus nos evangelhos refletem a história verdadeira e não alguma criação literária posterior. Desta forma, se são verdadeiros, se de fato aconteceram, eles requerem uma resposta pessoal de cada um de nós. Precisamos tomar uma decisão sobre nossa crença a respeito deste operador de milagres, Jesus de Nazaré. Os Milagres de Jesus Provam Que Ele Era o Filho de Deus Jesus curou uma mulher que sofria de hemorragia. Você acha que foi difícil para ela acreditar que Jesus era o Filho de Deus, depois de doze anos consultando médicos sem nenhum resultado? A esposa de Jairo e a viúva de Naim tiveram, respectivamente, uma filha e um filho mortos que foram devolvidos vivos e sãos. Tiveram elas de lutar para crer que Jesus era Deus em forma humana? D. L. Moody, um dos grandes evangelistas do século dezenove, lembrou-nos: “Você não encontra no Novo Testamento orientações sobre como conduzir uma cerimônia fúnebre, porque Jesus acabou com todos os funerais aos quais esteve presente.” Quatro amigos de um homem aleijado foram forçados a descê-lo através de um buraco aberto no telhado para poderem colocá-lo diante de Jesus, por causa da grande multidão que bloqueava seu caminho. Quando Jesus com uma palavra o curou, você acha que eles duvidaram que Ele era o verdadeiro Filho de Deus? Multidões que o seguiam por toda parte, viram-no curar vários tipos de doenças e até ressuscitar os mortos. Você acha que eles duvidaram que o seu poder vinha de Deus? Aqueles que eram íntimos de Jesus e que testemunharam pessoalmente a transformação nas vidas das pessoas, de tal modo creram nesse homem que se dispuseram a abandonar suas profissões e tudo mais para segui-lo até o fim de seu ministério, viajando por todo o mundo conhecido para contar sua história. Com exceção de Judas Iscariotes, que o traiu, nenhum dos discípulos jamais renegou seu compromisso com a causa de Cristo. Mesmo o “incrédulo Tome”, que se convenceu no encontro com o Jesus ressurreto, serviu a Ele fielmente até ser martirizado na índia muitos anos depois. Em vista de tudo isso, começamos a compreender o que Jesus quis dizer com estas palavras: “As obras que eu faço dão testemunho de mim.” Elas provam sua declaração de ser Ele mesmo o unigênito Filho de Deus. Não esperaríamos menos. Poderíamos nos basear apenas nos milagres de Jesus de Nazaré para termos certeza de sua divindade pessoal, mas o próprio Jesus não o faria. Há muito mais evidência pela frente. 12. Jesus Recebeu Adoração O mundo judaico em que Jesus nasceu era intensamente monoteísta. Os judeus de dois milênios atrás consideravam a mais grave das heresias um ser humano colocar-se em lugar de Deus e ser adorado como tal. No entanto, Jesus de Nazaré fez exatamente isso — razão por que os judeus de seus dias pegaram em pedras para matá-lo. O Velho Testamento condenava à morte os acusados de blasfêmia, e os judeus achavam que Jesus era mais do que merecedor de tal punição, já que alegou ser Deus, não uma, mas muitas vezes. Já vimos que Jesus sabia que era Deus, ensinou que era Deus e realizou milagres (incluindo sua própria ressurreição) destinados a confirmar sua afirmação de ser Deus. O que falta ainda é comprovar que, pelo menos dez vezes durante sua vida, Jesus permitiu que outros o adorassem. Isto era mais do que um crime no julgamento da austera cultura judaica monoteísta: era algo imperdoável. A não ser, é claro, que fosse verdade. Dez Exemplos de Adoração Jesus conhecia muito bem a lei. Afinal de contas, foi Ele quem repreendeu Satanás quando este lhe pediu que se inclinasse diante dele e o adorasse. “Está escrito”, respondeu Jesus, “ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto” (Mateus 4.10). Jesus conhecia os Dez Mandamentos; Ele os citou várias vezes. Entretanto, Ele proclamava que era “igual a Deus” (João 5.18). Apesar de ensinar várias vezes que a adoração é devida somente a Deus, Jesus geralmente permitia que os indivíduos o adorassem. Não perca a importância disto. Jesus sabia que Deus era o único ser digno de nossa adoração; Ele próprio muitas vezes ensinou este princípio. Todavia, por mais incrível que pareça, Jesus se permitiu ser adorados pelo menos dez vezes — e em nenhum momento repreendeu as pessoas que o fizeram! 1. Em seu nascimento Há uma justificativa razoável para Jesus nessa primeira vez que Ele foi adorado. Afinal de contas, Ele era uma criancinha quando os sábios do Oriente vieram para “adorá-lo”. A pergunta específica é: receberia Ele tal adoração durante seu ministério adulto? Fazer isso seria no mínimo um crime... a menos que Ele verdadeiramente fosse Deus! Considere os seguintes exemplos: 2. A cura de um cego em Jerusalém Já examinamos anteriormente este caso da cura de um homem cego de nascença realizada por Jesus, um milagre que enraiveceu os líderes religiosos de Jerusalém, porque o ato ocorreu em um sábado. Os líderes convocaram o homem curado e lhe fizeram perguntas, incitando-o a negar que Jesus o havia curado. Mas ele não fez isso: “Nisto é de estranhar que vós não saibais donde ele é, e contudo me abriu os olhos. Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende. Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não fosse de Deus, nada poderia ter feito” (João 9.30-33). Pouco depois de haver sido expulso do templo, ele encontrou Jesus. O Senhor então lhe perguntou: “Crês no Filho do homem?” Ele respondeu: “Quem é, Senhor, para que eu nele creia?” E Jesus lhe disse: “Já o tens visto e é o que fala contigo.” Então afirmou ele: “Creio, Senhor.” E João acrescenta: “e o adorou” (João 9.35-38). Observe que Jesus não repreendeu o homem nem obrigou-o a se levantar, como certamente o faria se Ele fosse apenas um homem comum que casualmente fazia milagres. É interessante notar que é João quem registra este incidente, porque o apóstolo sabia o que era ser repreendido por adorar alguém que não fosse Deus. No Apocalipse ele registra uma privilegiada visão sobre os eventos do futuro, revelados pelo Espírito Santo. Por duas vezes, João ficou tão assombrado diante do poderoso anjo que lhe mostrou essas visões que se ajoelhou para adorá-lo. E como reagiu o anjo? “Então ele me disse: ‘Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus’“ (Ap 22.9; veja também 19.10). Qualquer pessoa sabe que os anjos são mais poderosos do que os homens. E natural que os homens adorem seres superiores quando na presença deles, mas João foi proibido de fazer isso. A razão é simples: somente Deus deve ser adorado. Mas este mesmo João não hesitou em nos falar da ocasião em que um homem adorou Jesus! 3. Tomé, o que duvidou João também registra a resposta de Tome — o discípulo que duvidara — quando ficou face a face com o Cristo ressurreto. Tomé não tinha estado presente quando Jesus se apresentou a primeira vez aos outros dez discípulos, mas uma semana depois Tome estava com eles quando Jesus apareceu pela segunda vez. Sua famosa reação: “Senhor meu e Deus meu!” (João 20.28) foi um ato de pura adoração. E Jesus não fez nenhum sinal de reprovação. 4. Pedro e os peixes Lucas narra um acontecimento semelhante na vida de Pedro. Depois de ouvir Jesus ensinar e vê-lo realizar o milagre de encher duas redes de peixe (depois de nada terem pescado à noite), Pedro caiu de joelhos diante de Jesus e rogou: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lucas 5.8). Este foi um outro ato de adoração. E observe novamente que não houve nenhuma reprovação de Jesus. 5. O chefe angustiado Em outra ocasião, “um chefe, aproximando-se, o adorou, e disse: ‘Milha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a tua mão sobre ela, e viverá’“ (Mateus 9.18). Jesus não somente se recusou a repreender o homem, mas atendeu ao seu pedido ressuscitando a menina. 6. Homens em um barco Vários milagres foram feitos no mar da Galiléia ou nas proximidades. Foi ali que Jesus alimentou cinco mil pessoas. Foi ali que, em meio a águas revoltosas, Ele caminhou sobre a água e finalmente subiu ao barco dos discípulos. Foi ali em outra ocasião que Ele com uma palavra acalmou o mar — após o que “os que estavam no barco o adoraram, dizendo: ‘Verdadeiramente és Filho de Deus!’” (Mateus 14.33). A mensagem é clara: todos os discípulos, juntos, adoraram Jesus e ainda aqui não houve nenhuma reprovação. 7. A transfiguração Quando Pedro, Tiago e João testemunharam a transfiguração de Jesus sobre o “monte santo”, eles ficaram assustados ao ouvir a voz do Pai celestial dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi” (Mateus 17.5). A cena deixou-os amedrontados e eles caíram aos pés de Jesus. Somente o próprio Jesus podia levantá-los — mas, de novo, não houve nenhuma repreensão. 8. A mãe de Tiago e João Mateus conta da mãe dos filhos de Zebedeu (Tiago e João) chegando a Jesus para pedir-lhe privilégios especiais para seus filhos quando eles estivessem no seu reino. Primeiro, porém, ela “adorando-o, pediu-lhe um favor” (Mateus 20.20). Embora o Salvador não tenha concedido o pedido egoísta da mulher, Ele não a repreendeu por ajoelhar-se diante dele publicamente. E lembre-se: na cultura judaica, ajoelhar-se diante de alguém era uma clara atitude de adoração. 9. Após a ressurreição Após a ressurreição, as mulheres que foram ao sepulcro correram para anunciar aos discípulos, quando “Jesus veio ao encontro delas, e disse: ‘Salve!’ E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o adoraram” (Mateus 28.9). Nenhuma palavra de repreensão. 10. Na ascensão Ao final de sua presença na terra, Jesus encontrou-se com seus discípulos no “monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram” (Mateus 28.17). E uma vez mais não houve nenhuma repreensão. Estes dez incidentes provam não somente que as pessoas eram impelidas a adorar Jesus, mas que o próprio Jesus aceitava essa adoração. Isto significa apenas uma coisa: Jesus é Deus em forma humana. Confirmação da Seita das Testemunhas de Jeová Como você provavelmente sabe, a seita das testemunhas de Jeová rejeita a divindade de Jesus, baseada em algumas interpretações radicais das Escrituras. Há vários anos, quando eu era pastor em San Diego, Califórnia, recebi uma série de folhetos pelo correio. Um dos folhetos inspirou-me a escrever um artigo em resposta, chamando a atenção para a divindade essencial de Jesus, de conformidade com o ensino do Novo Testamento. Nele desenvolvi o argumento segundo o qual, embora por dez vezes nos Evangelhos Jesus tenha sido objeto de adoração, em nenhuma das ocorrências Ele repreendeu seus adoradores. Então desafiei os leitores sobre a incoerência da própria Bíblia das testemunhas de Jeová, a New World Translation (Tradução Novo Mundo). Os publicadores dessa obra excessivamente preconceituosa orgulhavam-se na página 9 de haver traduzido cada palavra importante do grego para uma única equivalente em inglês. Mas chamei sua atenção para o fato de toda vez que traduziam a palavra grega proskuneo em relação a Deus, eles traduziam para “adorar”, o que é correto. Mas toda vez que traduziam a mesma palavra proskuneo quando usada em relação a Jesus Cristo, eles traduziam “reverenciar”. Acho isto muito interessante, já que não existe nenhuma razão gramatical ou exegética para fazê-lo — apenas a posição doutrinária da seita negando a divindade de Jesus. Por isso, em meu artigo, perguntei por que as testemunhas não se dispõem a “honrar o Filho, do modo por que honram o Pai” (João 5.23), da forma como Jesus nos instruiu a fazer. Esse artigo foi enviado por correio a todas as igrejas da seita e distribuído gratuitamente a mais de 250 mil pessoas. Até hoje não tive nenhum retorno de qualquer pessoa da organização Testemunhas de Jeová. Não estou ansioso pela resposta, pois o que eles teriam a dizer? Proskuneo significa somente uma coisa — adoração — e adoração é devida somente a Deus, incluindo seu Filho, Jesus Cristo. A Testemunha de Jeová que Encontrou Cristo Vários anos depois de escrever meu artigo, recebi uma carta de um jovem operário na construção agradecendo-me o tê-lo escrito. Nem ele nem sua esposa eram cristãos quando uma testemunha de Jeová bateu à sua porta. Eles se reuniram com ele regularmente durante várias semanas e estavam quase prontos para aderirem à seita, porém, como o próprio autor da carta me disse, ‘‘Nós simplesmente não nos sentíamos seguros a respeito disso. Certa manhã, pouco antes de eu sair para o trabalho, estávamos muito perturbados, e então, apoiados na mesa da cozinha, oramos pedindo a orientação de Deus. Naquela tarde, depois de uma terrível tempestade, eu estava saindo do meu carro quando encontrei um folheto azul com as palavras em destaque: JESUS: Quem é Ele? [o antecessor deste livro]. Ele estava ensopado, mas peguei-o e trouxe-o para casa, onde minha esposa o secou no calor do forno. Lemos juntos e nos convencemos de que estávamos sendo iludidos, de que Jesus era realmente o Filho de Deus que morreu por nossos pecados e ressuscitou no terceiro dia, exatamente como ensina a Bíblia. Por isso, oramos para receber Cristo e temos desfrutado da maravilhosa ‘paz com Deus’ desde aquele dia.” Não devemos nos esquecer das palavras que Jesus disse: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo” (João 7.17). Aquele casal é um perfeito exemplo disto. No caso deles, Deus enviou meu folheto de uma maneira peculiar para cumprir seus misericordiosos propósitos: ele flutuou sob uma chuva pesada, sendo levado pela enxurrada até parar junto à sarjeta perto da caminhonete daquele jovem. Jesus é Digno de ser Adorado Jesus não somente ensinou que Ele era Deus, mas demonstrou essa afirmação através de seus milagres e de sua vida sem pecado. Ele também demonstrou que aceitava essa situação recebendo a adoração de uma ou mais pessoas em dez ocasiões diferentes. Em nenhum momento Ele repreendeu as pessoas por adorá-lo, um descuido [para os judeus] que teria sido considerado uma grave heresia, a menos, naturalmente, que Ele fosse realmente Deus. Michael Green, em seu excelente folheto Who is This Jesus?, escreveu: Jesus aceitava tranqüilamente a adoração... Os judeus não adoravam nenhum homem ou estátua: somente o próprio Deus. As implicações dessa atitude de Jesus são óbvias. Ele sabia que era digno de adoração. Embora humilde como era, pronto a servir a todos, Jesus sabia quem Ele era e qual sua origem. “Ele viera de Deus e voltava para Deus “, como afirmou o apóstolo João em seu evangelho (13.3). E por algumas vezes, Ele aceitou a adoração devida somente a Deus. Era o prelúdio da adoração universal que se seguiria. É curioso notar que todas as vezes que as pessoas vinham até Jesus para aceitá-lo como seu Senhor, a primeira coisa que desejavam fazer era adorá-lo. Em um grande número de casos, as pessoas queriam imediatamente pôr-se de joelhos e orar. Tenho orado com centenas de pessoas, e acredite: a maioria prefere ajoelhar-se. Em um panfleto sobre o evangelho, meu amigo Bill Bright conta a história de Lew Wallace, um famoso general e escritor, que foi também um ateu declarado. O Sr. Wallace pesquisou durante dois anos nas principais bibliotecas da Europa e dos Estados Unidos, procurando informações para escrever um livro que arruinaria para sempre o cristianismo. Enquanto escrevia o segundo capítulo desse livro, ele de repente se ajoelhou clamando a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!” Por causa das sólidas e inquestionáveis evidências da divindade de Jesus, Wallace não mais podia negar que Jesus Cristo era o Filho de Deus. Mais tarde, em lugar de escrever um livro para destruir a fé em Jesus, ele escreveu Ben-Hur, um dos maiores romances já escritos sobre a época de Cristo. Mais tarde, o livro se transformou em filme, tornando-se uma das mais belas produções da história de Hollywood. A última cena refletia a fé que Lew Wallace possuía. Jesus foi mostrado sobre a cruz. O céu escureceu, trovões e raios cortavam o céu e a chuva caiu sobre o corpo do Salvador. Aquela chuva misturou-se com seu sangue e caiu sobre o solo, transformando-se em um riacho e em seguida em um rio, que corria para os oceanos e para um mundo necessitado de sua purificação. Bright continuou: De modo semelhante, o falecido C. S. Lewis, professor na Universidade de Oxford, foi um agnóstico que negou a divindade de Cristo durante anos. Mas ele também, por sua honestidade intelectual, submeteu-se a Jesus como seu Deus e Salvador depois de estudar a esmagadora evidência de sua divindade. Em seu famoso livro Cristianismo Puro e Simples, Lewis faz a seguinte afirmação: Alguém que fosse um simples homem e dissesse o tipo de coisa que Jesus dizia não seria um grande professor de moral Ou Ele seria um lunático—ou então seria o próprio Diabo. Você precisa fazer sua escolha. Ou Ele era, e é,o Filho de Deus; ou então um louco ou coisa pior. Você pode considerá-lo um louco... ou cair aos seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas não vamos usar esses argumentos absurdos a respeito de ele ser um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa possibilidade. Bright conclui seu folheto perguntando: Quem é Jesus de Nazaré para você? Sua vida hoje e durante toda a eternidade dependem de sua resposta a esta pergunta. Se retirarmos Buda do Budismo, Maomé do Islamismo e fizermos o mesmo com os fundadores de várias outras religiões, pouca coisa mudaria. Mas se tirarmos Jesus Cristo do cristianismo, não sobrará nada, porque o cristianismo não é uma filosofia ou uma ética, mas uma relação pessoal com um Salvador vivo, ressuscitado. Os cristãos não adoram estátuas de um Cristo morto, eles adoram seu Senhor vivo e ressuscitado e desfrutam de um relacionamento pessoal com Ele. Você o adora? Se não, sugiro que você faça isto ainda hoje. Ele nos convida agora a adorá-lo voluntária e alegremente. Todavia, se recusarmos fazer isso, Ele garante que um dia nós o adoraremos de qualquer maneira, mas com espanto, medo e tremor. Porque, como Paulo nos lembra, o dia logo virá quando “se dobre todo joelho... e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.10-11). A escolha não é entre adorar Jesus ou recusar-se a adorá-lo. A única escolha é quando começaremos a adorá-lo e como o faremos. Jesus é o Senhor, e é plenamente digno de nossa adoração. Quanto a mim e à minha casa, nós o adoraremos livremente e com alegria. E quanto a você? 13. Somente Deus Pode Perdoar Um aspecto da vida de Jesus de Nazaré que o torna diferente de qualquer outra pessoa é que Ele nunca fez qualquer coisa moralmente errada. Em trinta e três anos de vida, Ele nunca teve de pedir perdão, nem a Deus nem aos homens. Ele nunca precisou dizer: “Sinto muito por aquilo que fiz”, nunca se desculpou, nunca se arrependeu de uma ação praticada. As únicas pessoas que se sentiram ofendidas pelos seus atos foram os líderes religiosos da época, que estavam fazendo a pior coisa que um ser humano pode fazer a outro — enganar as pessoas sobre os padrões de Deus para ganhar a salvação eterna. Quando eles se consideravam ofendidos por Jesus ou por suas ações, era porque Ele havia dito alguma coisa que violava seus ensinos religiosos — doutrinas que iam de encontro aos ensinos divinos revelados na Bíblia. Eram essas falsas doutrinas que estavam erradas, não Jesus. Entretanto, Jesus, que nunca teve de ser perdoado, perdoou mais pessoas do que qualquer outro que já viveu. Na verdade, Ele estabeleceu um modelo para o perdão pessoal que nunca foi igualado, muito embora em sua época prevalecesse a filosofia romana que ensinava que o “poder faz o direito” e os judeus defendessem o padrão “olho por olho e dente por dente”. Naquele meio hostil Ele ensinou: “Amem seus inimigos, façam o bem àqueles que os odeiam... perdoem aqueles que pecam contra vocês” (Lucas 6.27-28, 37). Jesus não somente elevou o padrão de amar o próximo e perdoar os inimigos em todo o tempo, mas Ele próprio demonstrou perdão em sua vida pessoal. Ele perdoou os pecados de outros e ensinou seus seguidores a fazerem o mesmo. Quando se tratava de perdão, Jesus era mais do que um homem — Ele era Deus. E para demonstrar este fato, Ele não perdoou pecados apenas como um homem, Ele perdoou como Deus. E foi isto exatamente que lhe trouxe problemas. Quem Pode Perdoar Pecados Senão Deus? Jesus nunca hesitou em perdoar pecados. Foi isto, certamente, que o levou a entrar em conflito com os líderes religiosos de seu tempo. Eles sabiam que somente Deus Jeová podia perdoar pecados e rejeitaram totalmente a possibilidade de ele ser aquele mesmo Jeová em forma humana. Entretanto, os três escritores dos evangelhos sinópticos incluíram uma dramática história com o propósito de demonstrar que Jesus, como Deus, tinha o direito e a autoridade para perdoar pecados. Marcos narra a história resumidamente: Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram para ali tantos que nem mesmo junto aporta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximarse dele, por causa da multidão, descobriram o e irado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados.” Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seus corações: “Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?”E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: “Porque arrazoais sobre estas coisas em vossos corações? Qual é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Estão perdoados os teus pecados’, ou dizer: ‘Levanta-te, toma o teu leito, e anda?’ Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados” — disse ao paralítico: “Eu te mando: Levantate, toma o teu leito, e vai para tua casa.” (Mc 2.1-11) Jesus usou este dramático incidente para ensinar as pessoas de sua época que Ele tinha o poder de perdoar pecados. Nenhuma testemunha pode verificar o perdão de pecados, mas pode identificar a mão sobrenatural de Deus para curar um paralítico. Neste episódio Jesus associou ambas as virtudes. Este milagre é, pois, um eloqüente sinal da divindade de Jesus. As pessoas sabiam desde o início que Jesus tinha o poder de fazer milagres; até seus inimigos sabiam disso. O que Jesus queria que compreendessem é que Ele estava mais interessado no relacionamento espiritual deles com Deus, e ter os pecados perdoados era parte essencial da restauração desse relacionamento. Ele era, naturalmente, a chave, pois somente por meio dele eles podiam obter a remissão de seus pecados. Muitos que ouviram suas palavras creram nele e tiveram seus pecados perdoados, porém a maioria dos líderes religiosos fez dura oposição a Ele, atribuindo seu poder ao Diabo. Não obstante, mesmo contra sua vontade, eles tiveram de admitir que Jesus tinha um poder sobrenatural. O que eles rejeitavam era o fato de seu poder incluir a remoção do pecado, resultando em perdão. Muitas pessoas ainda tropeçam nesta verdade. Rejeitam Jesus porque não conseguem aceitar que Ele seja o único meio de se chegar a Deus e a única esperança de ter seus pecados perdoados. Tropeçam na “pedra de tropeço”, exatamente como muitos o fizeram há dois mil anos. “Quem É Este Que Até Perdoa Pecados?” Algum tempo depois de curar o paralítico, Jesus demonstrou de forma também dramática sua autoridade de perdoar pecados. Lucas conta a história: Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele, Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento. Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. “Dirigiuse Jesus ao fariseu e lhe disse: “Simão, uma coisa tenho a dizer-te. “Ele respondeu: “Dize-a, Mestre.” “Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?”Respondeu-lhe Simão: “Suponho que aquele a quem mais perdoou.” Replicou-lhe Jesus: “Julgaste bem.” E, voltando-separa a mulher, disse a Simão: “Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. Por isso te digo: Perdoados lhe são os setes muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.” Então disse à mulher: “Perdoados são os teus pecados.” Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: “Quem é este que até perdoa pecados?>f Mas Jesus disse à mulher: ‘A tua fé te salvou; vai-te em paz.” (Lc 7:36-50) Esta história está repleta de ironia. O fariseu que tinha convidado Jesus à sua casa pensou que a conduta de Jesus provava que Ele não era profeta, pois como uma pessoa santa permitiria ser tocada por uma pessoa que ele sabia ser pecadora? Entretanto, Lucas esclarece que Jesus agiu desta forma precisamente porque conhecia a extensão dos pecados da mulher... tanto quanto seu coração arrependido. Enquanto o fariseu condenava Jesus por ter imaginado falsamente que o Salvador desconhecia o verdadeiro caráter da mulher, de fato ele mesmo se condenou porquanto ele é quem desconhecia seu próprio caráter ruim. Não sabemos se o fariseu chegou a perceber a ironia daquele episódio, mas sabemos que todos os presentes reconheceram o poder de Jesus de perdoar pecados. O Salvador não somente anunciou o perdão à mulher no versículo 47, mas reiterou essa concessão no versículo 48. Sua ação provocou a indignada pergunta: “Quem é este que até perdoa pecados?” Jesus ouviu a pergunta, mas não lhe deu atenção. Em vez disso, continuou a dirigir-se à mulher, assegurando-lhe tanto a salvação como a paz — estas também qualidades exclusivas de Deus. O ponto-chave a observar neste capítulo é que, embora os convidados questionassem o direito de Jesus perdoar pecados, eles nunca duvidaram do fato de Jesus ter feito tal afirmação. O Exemplo Maior do Poder de Perdoar de Jesus Embora os dois incidentes anteriores tenham mostrado claramente que Jesus atribuiu a si a autoridade de perdoar pecados, talvez a evidência mais forte disto é encontrada no calvário. Enquanto esteve pregado à cruz para resgatar pelo perdão toda a humanidade, Jesus por duas vezes teve oportunidade de perdoar pessoas específicas. Um caso em particular traz grande conforto àqueles que esperam até o último momento para fazer as pazes com Deus. A conversão com o ladrão crucificado ao lado de Jesus prova que nunca é tarde demais para receber o perdão, mesmo quando a chama da vida esteja se apagando. Aquele homem era um “malfeitor”, um grande pecador que admitiu ser “ladrão e salteador”. No início de sua execução ele e seu companheiro ladrão se juntaram à multidão hostil zombando e escarnecendo de Jesus (Mateus 27.44; Marcos 15.32). Entretanto, depois de contemplar Jesus por algum tempo, algo aconteceu no coração daquele homem. Embora seu companheiro ladrão continuasse a “blasfemar” (no grego, eblasphemei, uma palavra que normalmente significa a injúria contra Deus) contra Jesus, esse homem foi repreendido por seu parceiro e afirmou a inocência de Jesus. “Recebemos o castigo que os nossos atos merecem”, disse ele, “mas este nenhum mal fez.” Então dirigiu-se a Jesus: “Senhor, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.” E como Jesus respondeu? “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). A dupla natureza de Jesus é exemplificada neste ato. Ele era plenamente homem pelo fato de poder morrer por nossos pecados e era plenamente Deus porque podia perdoar aquele ladrão moribundo dos pecados que cometera. O segundo exemplo da prática do perdão oferecido por Jesus no Calvário não é menos impressionante. Ele fez o que ninguém teria feito ao sofrer uma morte injusta e dolorosa. Muitas pessoas imaginam a crucificação de nosso Senhor da maneira como ela é representada em alguns quadros famosos. A verdade é que Ele sofreu ferimentos até ficar praticamente irreconhecível. O profeta já dissera: “Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência mais do que a dos outros filhos dos homens” (Isaías 52.14). Os soldados romanos bateram nele, colocaram uma coroa de espinhos em sua cabeça e feriram seu rosto, deixando-o desfigurado. No entanto, apesar dessa trágica condição, mesmo escarnecido pelos líderes religiosos e pelos soldados que o haviam crucificado, Jesus orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34). Algum tempo antes, diante do sepulcro de Lázaro, Jesus tinha orado: “Pai, graças te dou porque me ouviste” (João 11.41), e Deus o ouviu novamente. Sem dúvida, sua oração no momento em que estava pendurado na cruz salvou as vidas daqueles que o crucificaram! Em vez de liquidar aquelas pessoas rebeldes que estavam assassinando seu único Filho, Deus Pai as perdoou. A oração de Jesus pode ter salvo muitas almas naquele dia. Estou inclinado a crer que muitos daqueles judeus e romanos que clamavam pela morte de Jesus, faziam parte daquela multidão que cinqüenta dias mais tarde, no Pentecoste, se arrependeram e foram perdoados de todos os seus pecados — incluindo o de ter crucificado Jesus! O milagre da salvação de alguns ou de todos aqueles que exigiram a morte de Jesus sobre a cruz é o ápice de todos os milagres. O fato de Deus Pai e seu Filho Jesus permitirem a salvação das próprias pessoas que causaram sua crucificação está além da compreensão humana. Eu creio nisso, mas admito que não consigo entender isso a não ser à luz da oração de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Eles sabiam que estavam crucificando um homem bom, mas não sabiam que estavam crucificando o Filho de Deus — isto é, até depois de sua ressurreição e do sermão de Pedro no Pentecoste. Quantas dessas pessoas receberam o perdão dos pecados e a salvação pela fé em Jesus, nunca saberemos até o dia de nos encontrarmos com elas no céu. Uma coisa é certa: todas elas podem ter sido perdoadas! Nenhuma delas foi condenada por ter participado da crucificação do Messias — porque Jesus, em essência, orou para que “esse pecado não lhes fosse imputado... pois eles não sabiam o que estavam fazendo”. Não tinham idéia de que estavam matando o Rei da Glória. Não sabiam o quanto eram afortunadas por viverem no apogeu da história, quando o Cordeiro sacrificial de Deus tinha vindo a este mundo. A oração de Jesus poupou-os das conseqüências de seu terrível pecado. Se elas não receberam a salvação no primeiro dia do Pentecoste, foi porque se recusaram a receber o perdão por outros pecados cometidos. O pecado mais terrível de todos os tempos foi certamente a morte deliberada do “Cordeiro de Deus”. No entanto, aqueles que participaram deste crime infame estão sem culpa porque Jesus orou: “Pai, perdoa-lhes.” Assim fazendo, Ele nos deixou o maior exemplo de perdão da história universal. Somente Deus pode perdoar dessa maneira! Além disso, Ele deixou-nos a certeza de que também nós podemos ser perdoados de nossos pecados. Seus Pecados Foram Perdoados? Jesus veio a este mundo para trazer a salvação para os pecados de toda a humanidade. Esse propósito se cumpriu em você? Seus pecados foram perdoados, apagados? Isso tudo depende de sua disposição de pedir a Ele que o perdoe. Se você ainda não fez isso (ou tem dúvidas se o fez), insisto que o faça antes de terminar a leitura deste livro. Uma vez que Ele pagou o eterno débito de seu pecado sobre a cruz, três coisas apenas restaram para você fazer: 1. Admitir que foi por você e por seus pecados que Jesus morreu. 2. Crer que Ele ressuscitou dentre os mortos. 3. Rogar-lhe que perdoe seus pecados e salve sua alma. Se você fizer estas três coisas, Jesus lhe assegura que você estará com Ele na eternidade, exatamente como o ladrão arrependido na cruz está agora com Ele. Mas, depois de passar por essas três coisas, você terá feito mais do que assegurar um lugar no céu. Isso o capacitará também a seguir o exemplo de Jesus de perdoar àqueles que o ofenderem ou lhe fizerem algum mal. Este é uma dos maiores milagres da salvação. Uma Nova Motivação Para Perdoar É extraordinário ver como as pessoas que experimentaram o perdão de Deus através de Jesus se sentem motivados a perdoar. Lembro-me de ter orado com um homem irascível, cheio de ódio e que se relacionava muito mal com toda sua família ou com qualquer um que se aproximasse dele. Após um longo período, tive o privilégio de transmitir-lhe o evangelho de Cristo, e um dia ele dobrou seus joelhos e recebeu Cristo em seu coração. Após alguns momentos sentindo a emoção da “paz com Deus”, muito comum àqueles que param de lutar contra Ele, repentinamente o homem empertigou-se e disse: “Ó Deus, vou perdoar meu pai.” Então ele me contou como, durante toda sua vida, fora rejeitado e maltratado por seu pai. Durante anos meu amigo tinha insistentemente odiado o pai... e como a maioria dos que nutrem esse sentimento, este mesmo ódio envenenou suas emoções e arruinou seus relacionamentos com aqueles que deveriam ser o objeto de seu afeto. Depois de assegurar-lhe que ele deveria efetivamente perdoar seu pai — não porque seu pai o merecesse, mas porque Jesus lhe ordenava — também lhe mostrei que Cristo, seu novo Mestre, o tornaria capaz de fazê-lo. Oramos juntos novamente e em seguida ele fez uma oração simples e sincera em que reconheceu que, após todos aqueles anos, seria difícil perdoar um homem que tinha pecado tão gravemente contra ele — mas ele humildemente pediu a ajuda de Deus para ser capaz de perdoar e esquecer o passado. Orei para que ele aprendesse a amar seu pai. A princípio ele estava relutante, mas foi para casa contar à esposa sobre sua nova fé. Ele telefonou no dia seguinte para dizer-me: “Tive ontem a melhor noite de sono depois de muitos anos”, e acrescentou que tinha se desculpado com sua esposa por todas as mágoas que tinha lhe causado. Logo depois, ele me disse que iria visitar seu pai no próximo sábado para pedir-lhe perdão pela ira de muitos anos contra ele. Não foi fácil, mas ele prosseguiu em seu intento. Mais tarde ele me contou que, durante sua visita, seu pai chorou e nada pôde dizer. Decorridos seis meses, esse meu amigo levou seu pai a Cristo e hoje procuram desenvolver uma amizade. Toda sua família acha que este homem é um milagre ambulante. Como disse um de seus filhos adolescentes — “Meu pai está tão diferente que até o cachorro gosta dele agora!” Este é o poder do perdão em ação, diferente de qualquer outra experiência sobre a terra! Isto só é possível, entretanto, por meio de Jesus de Nazaré — o Cristo ressurreto. Jesus ainda está empenhado em perdoar pecados e em nos ajudar a perdoarmos os outros. Isto não é apenas espantoso — é divino. Exatamente o que Jesus é. 14. O Testemunho do Cumprimento das Profecias Parte I Profecias sobre a Descendência, Nascimento, Vida e Ministério de Jesus Chegamos agora à evidência mais convincente de todas em relação à identidade de Jesus de Nazaré: o grande número de profecias cumpridas por Ele durante sua existência terrena. Os profetas hebreus providenciaram meios para que os judeus pudessem identificar o Messias prometido. Mais de cem profecias messiânicas estão distribuídas por todo o Velho Testamento, algumas de mil e quinhentos anos antes de seu nascimento. A validade do uso das Escrituras para identificar o Messias pode ser observada na vida de Simeão e Ana, dois antigos estudiosos da Bíblia que viveram na época do nascimento de Jesus. O evangelho de Lucas (Lucas 2.25-39) narra que eles previram que presenciariam a vinda do Messias, de forma que foram ao templo logo após o nascimento de Jesus para aguardar sua chegada. Eles não haviam se enganado, pois viram realmente (Simeão até segurou-o nos braços!) o Cristo recém-nascido. Infelizmente, os líderes judeus perderam tal privilégio. Por quê? Eles não estavam esperando um Messias sofredor, mas um Messias poderoso. Consciente ou subconscientemente, eles rejeitaram as profecias de um Salvador sofredor. Infelizmente, a maioria dos judeus da época de Jesus não tinha conhecimento das Escrituras, apegando-se a tradições seculares, muitas das quais em discordância com as Escrituras hebraicas. (Um problema semelhante afeta muitos descrentes hoje; eles não têm conhecimento bíblico suficiente para fazer julgamentos válidos a respeito da real identidade de Jesus.) Na verdade, existem muitas evidências indicando que a identidade de Jesus pode ser encontrada em muitas profecias do Velho Testamento, todas elas escritas de seiscentos a mil e quinhentos anos antes do nascimento de Jesus. Algumas são tão convincentes que um rabino moderno (que vamos conhecer adiante) admitiu que Jesus era, inegavelmente, o Messias — “para os gentios”! Ele espera que o “Messias judeu” venha mais tarde. Isto, sem dúvida, salienta o valor dessas evidências. Jesus Afirmou Ser o Cumprimento da Profecia Jesus nunca teve dúvidas sobre quem Ele era. Logo no início de seu ministério, antes de ter sido tentado pelo próprio Satanás no deserto, Lucas registra: Indo para Nazaré, onde fora criado, [Jesus] entrou, em um sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler Então lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.” Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. Então passou Jesus a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.” (Lc 4.16-21) É quase impossível exagerar a importância deste acontecimento. Neste texto, Jesus está se apresentando aos habitantes de Nazaré como o cumprimento da profecia de Isaías (Isaías 61.1-3). Após relacionar as coisas que o Messias faria quando viesse — atividades que Jesus já estava realizando (“pregar o evangelho... curar os sofredores... anunciar a libertação aos cativos... pôr em liberdade os oprimidos [até os possuídos por demônio]... restaurar a vista aos cegos... apregoar o ano aceitável do Senhor” [isto é, a era da graça ou da igreja atual] — Ele em seguida personalizou o texto esclarecendo que Ele era o objeto dessa profecia: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.” Eis por que tentaram matá-lo. Se os judeus de sua época tivessem compreendido esta e outras profecias do Velho Testamento, teriam reconhecido Jesus como o Messias. Mas, como Ele disse, “não tendes a sua palavra permanente em vós”, assim nem em Jerusalém nem em Nazaré eles o reconheceram (João 5.38). Uma confirmação adicional de que os profetas do Velho Testamento falaram abertamente sobre Jesus pode ser vista no encontro dele com Cleopas e mais um discípulo, quando retornavam de Jerusalém, caminhando pela estrada de Emaús, logo depois de sua ressurreição. Lucas diz que “os seus olhos estavam como que impedidos de o reconhecer”. Quando Jesus perguntou a causa de sua tristeza: Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: “Es o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?” Ele lhes perguntou: “Quais?” E explicaram: “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. De fato alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas a ele não viram.” Então lhes disse Jesus: “O néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras. (Lc 24.18-27) O efeito sobre eles foi instantâneo e emocionante. Eles comentaram: “Porventura não nos ardia o coração, quando ele pelo caminho nos falava, quando nos expunha as Escrituras”? (Lucas 24.32) As únicas Escrituras que eles tinham eram os livros do Velho Testamento escritos por Moisés e pelos profetas hebreus. Usando-os como base, Jesus fez-lhes uma exposição detalhada sobre “o que a seu respeito constava”. Estas duas passagens por si só não deixam nenhuma dúvida de que Jesus se considerava o cumprimento das profecias do Velho Testamento. 109 Profecias Messiânicas O falecido Alfred Edersheim, um mestre especializado na Septuaginta, escreveu um livro clássico entitulado A Vida e a época de Jesus, o Messias. Neste livro Edersheim afirmou existirem 456 passagens messiânicas, “apoiadas por mais de 558 referências dos antigos escritos rabínicos... uma leitura cuidadosa das Escrituras mostra que as principais citações do Novo Testamento concernentes ao Messias são amplamente sustentadas por afirmações rabínicas”. Muitas destas 456 profecias messiânicas são repetitivas e algumas são totalmente confusas. Mas os estudiosos concordam que há pelo menos 109 diferentes profecias para o Messias cumprir. O cumprimento delas por um único indivíduo requer uma pessoa tão incomum que todos os outros candidatos, e certamente todas as outras pessoas que já viveram, serão eliminados — exceto um! Respondendo a uma Possível Objeção Antes de tratar de algumas das principais profecias cumpridas por Jesus durante sua existência terrena, gostaria de expor um dos problemas que ocuparam minha mente e me levaram a questionamentos quando jovem. Meus estudos posteriores me fizeram ver que eu não estava sozinho. Muitos tinham a mesma pergunta: “Como saber se essas profecias não foram escritas depois da passagem de Jesus pela Terra?” Nos tempos antigos, escrever sobre papiros era uma tarefa difícil e muitos documentos não sobreviveram à passagem do tempo. Pode-se imaginar então que foi montado um esquema para fazer a vida de Jesus parecer profética, criando-se posteriormente tais “profecias”. Estudiosos modernos estabeleceram que isso é simplesmente impossível. Os últimos textos do Velho Testamento foram provavelmente escritos duzentos a trezentos anos antes do nascimento de Jesus, pois foi nessa época que a Septuaginta (a tradução grega das Escrituras hebraicas) foi escrita. Muitos especialistas admitem que o original hebraico é entre cinqüenta e cento e cinqüenta anos anterior à Septuaginta. Isto significa que todas as 109 profecias sobre a vida e morte de Jesus tiveram de ser escritas pelo menos duzentos e cinqüenta a quatrocentos anos antes de seu nascimento! Conseqüentemente, essas profecias são mais do que suficientes para evidenciar a singularidade de Jesus. E isto torna-se ainda pior para os céticos. Um artigo recente da revista Time admitiu que as descobertas da arqueologia moderna têm “fornecido às afirmações bíblicas exatidão histórica,, e comprovado sua composição antiga. Depois de apresentar a descoberta de vários objetos e de cidades há muito tempo perdidos, o autor referiu-se a dois pequenos rolos de prata encontrados dentro de uma sepultura: Eles foram datados de cerca de 600 a. C, pouco tempo antes da destruição do templo de Salomão e do exílio israelita na Babilônia. Quando os cientistas abriram cuidadosamente os rolos no Israel Museum, encontraram um trecho do livro de Números, escrito por Moisés, gravado na superfície. A descoberta deixou claro que partes do Velho Testamento estavam sendo copiadas muito antes do que alguns céticos acreditavam que elas tinham sido escritas! Como alguém admitiu — “Somente uma tendência preconceituosa contra a própria profecia sobrenatural (tais como aquelas que se originam de uma visão racionalista) ou contra as profecias referentes à pessoa de Jesus, pode impedir que alguém aceite as Escrituras” como profecia messiânica escrita com antecedência. Considere a matemática envolvida no cumprimento dessas profecias. A probabilidade de que apenas 20 das 109 profecias pudessem ser cumpridas em um homem ao acaso se ria menor que uma em um quatrilhão, cento e vinte e cinco trilhões. A maioria das pessoas não pode sequer imaginar tal número. Se pudesse, ele seria assim em algarismos: 1 em 1.125.000.000.000.000. Este capítulo sobre o cumprimento das profecias messiânicas foi escrito para mostrar que muitas profecias cumpridas por Jesus durante sua existência terrena o identificam — e somente a Ele — como o Messias prometido. Como elas foram escritas centenas de anos antes do nascimento de Jesus, devemos concluir que Ele era mais do que um simples homem. Jesus era de fato o Messias e o Salvador do mundo. Veremos a seguir algumas dessas evidências. O Endereço Como Meio de Identificação Onde estaríamos todos nós sem um endereço? Por exemplo, meu endereço é: Tim LaHaye, P. O. Box 2700, Washington, D.C. 20013-2700, U.S.A. Sou a única pessoa no planeta Terra que tem exatamente este endereço; por essa razão, entre seis bilhões de pessoas no mundo, sou o único que recebe correspondência enviada a esse endereço. No entanto, apenas cinco dados caracterizam meu endereço. “U.S.A” distingue meu país de quase duzentos outros. “Washington, D.C.” separa minha cidade de cinqüenta estados e de centenas de cidades de meu país. O código de endereçamento postal (CEP) restringe minha residência a um determinado lugar de minha cidade e o número de minha caixa postal é diferente de milhares de outras caixas. Por fim, meu nome na carta me distingue de outros que se utilizam dessa mesma caixa postal (minha esposa, meus filhos e dois empregados). Deste modo, apenas cinco dados me identificam entre seis bilhões de seres humanos. Da mesma maneira, cinco meios de identificação (neste caso, profecias escritas sobre ocorrências futuras) podem facilmente identificar Jesus. Mas sua identificação não se limita a cinco dados específicos; como dissemos, há mais de cem deles. Eis por que Jesus insistia que os judeus de Jerusalém deviam tê-lo reconhecido como o Messias. Naquela fase de sua vida, Ele já havia cumprido inúmeras profecias referentes ao Messias. Não pretendemos aqui examinar todas as profecias messiânicas que Jesus cumpriu em sua existência terrena. Examinaremos, porém, a quantidade suficiente para provar sua verdadeira identidade. Até que ponto? O suficiente para convencer até mesmo aqueles judeus que se dispõem a examinar tal evidência. Um rabino moderno, que rejeitou Jesus, foi honesto o suficiente para admitir que o Messias deveria ser “exatamente como Jesus de Nazaré, exceto por sua morte absurda”. Outro rabino apareceu em um debate promovido por um programa de televisão onde foi apresentado como um dos únicos rabinos no mundo que também estuda o Novo Testamento. Esse rabino concluiu, pelos seus estudos, que Jesus havia cumprido todas as profecias messiânicas — incluindo sua morte e ressurreição — e que ele foi realmente o Messias — mas apenas para os gentios! Isto já é um progresso, mas realça a dificuldade que temos em convencer os judeus de hoje sobre a identidade de Jesus. Este rabino rejeitou Jesus como o Messias dos judeus, não porque Jesus tenha falhado em cumprir quaisquer das profecias, mas porque Ele teria de vir outra vez para cumpri-las de novo. A razão para isso está na conclusão deste rabino: “Quando o Messias vier, Ele vai resolver todos os problemas do mundo. Ainda vejo guerras, morte, doença, pobreza, etc.; portanto, ainda estamos esperando nosso Messias.” O que este homem não compreendeu é que o Messias tinha de sofrer primeiramente (Isaías 53) pelos pecados do mundo. Então, nos últimos dias, Ele voltaria para cumprir todas as profecias a respeito de sua segunda vinda. Vinte e Oito Profecias Cumpridas Embora não tenhamos espaço para examinar todas as 109 profecias messiânicas que Jesus cumpriu, podemos examinar 28 das mais específicas. Muitas delas responderam às dúvidas e perguntas que tive em minha idade adulta. Neste capítulo vamos considerar as doze primeiras dessas 28 profecias, que tratam de seu nascimento, linhagem, vida e ministério. No capítulo seguinte vamos considerar as dezesseis profecias restantes, referentes à sua morte, sepultamento e ressurreição. I. Profecias Sobre Seu Nascimento e Linhagem 1. O Messias deveria vir da semente da mulher (Gênesis 3.15) Este versículo tem sido aceito ao longo dos tempos pelos rabinos e estudiosos de Israel como a primeira qualificação do Messias. Diferentemente de outros homens, que resultam da semente de seu pai, o Messias deve se originar da “semente da mulher”. Como sabemos hoje, as mulheres não têm “semente”. Elas provêem o “óvulo” na concepção, mas precisam ser fertilizadas pela semente de um homem para que engravidem. O Novo Testamento indica com clareza que José não foi o pai de Jesus, assim como nenhum outro homem. Aquela “coisa santa” ou semente foi plantada no útero de Maria e, pela primeira vez na história humana, uma virgem concebeu e deu à luz um filho. O cumprimento dessa profecia através do nascimento virginal de Jesus tornou-o imediatamente diferente de todos os homens. 2. Seu nascimento virginal foi um sinal revelador (Isaías 7.14) Pelo menos setecentos anos antes do nascimento de Jesus, um dos maiores profetas hebreus antecipou: “Portanto o Senhor mesmo vos dará sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel.” Esta profecia foi cumprida pela miraculosa intervenção de Deus e confirmada por um anjo (Mateus 1.20-25), pelos pais de Jesus, por Mateus, Lucas e outros. Hoje, um dos fatos mais conhecidos da vida de Jesus é que Ele, diferente de qualquer outro que já tenha vivido, nasceu de uma virgem. O cumprimento desta conhecida profecia faz dele um ser único. 3 - 5. O Messias descende de uma linhagem especial Ao longo da história Deus revelou uma lista restrita de pessoas de quem o Messias descenderia. Com o dilúvio, dois terços da raça humana foram eliminados e Deus revelou então que seria por meio da linhagem de Sem que o Messias habitaria com os homens. Anos mais tarde, Deus separou um grupo étnico especial conhecido como hebreus afirmando em Gênesis que dele sairia o Messias. Pouco tempo depois limitou a linhagem a Isaque14. Isaque e sua esposa tiveram dois filhos, e Deus escolheu um deles, Jacó, para dar seqüência à linhagem messiânica15. Jacó, por sua vez, teve doze filhos e o Senhor escolheu somente Judá para dar continuidade à linhagem do Messias. “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Silo; e a ele obedecerão os povos” (Gênesis 49.10. Observe cuidadosamente como esta profecia foi cumprida. Os judeus desfrutavam um período de autogoverno, mesmo após o cativeiro babilônico, que terminou exatamente antes do início do ministério de Cristo, por volta de 30 d.C. A partir daí, como sabemos pela história, eles foram dominados pelos romanos, que retiraram deles a capacidade de condenar à morte aqueles que fossem culpados de pecados religiosos. Isto pode ser observado no relato da crucificação de Jesus, pois o Sinédrio não tinha autoridade para condenar Jesus à morte, razão por que levaram-no a Pilatos. Somente quando Pilatos deu sua autorização, eles puderam crucificá-lo.) 6. O Messias é o Herdeiro do trono de Davi Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz;para que se aumente o seu governo e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto. (Is 9.6- 7) Esta profecia fez com que muitos judeus rejeitassem Jesus como o Messias. Isto porque, embora Ele cumprisse a primeira parte da profecia, que diz: “Um menino nos nasceu... um filho se nos deu”, faltava ainda cumprir o restante. Ele precisava ainda reinar sobre o trono de Davi como Senhor dos senhores. Os quatro evangelhos concordam que Jesus veio primeiramente como um servo humilde para sacrificar-se pelos pecados, cumprindo a profecia de Isaías 53. Mas os judeus do tempo de Jesus não queriam um salvador sofredor que os salvasse de seus pecados; eles queriam um rei que tomasse o poder e governasse sobre as nações. Eles não perceberam que precisavam primeiramente de um sacrifício pelos pecados (assim como o mundo inteiro). Somente mais tarde, quando Jesus voltasse com poder e glória, seria cumprido o restante da profecia. O versículo 7 afirma que o Messias seria da linhagem do rei Davi, reinando em seu lugar. Portanto, não é surpresa que Mateus trace a linhagem de Jesus a partir de Abraão, Isaque, Jacó, seguindo a família de Jessé até chegar ao próprio Davi. Isto se torna especialmente importante quando se sabe que nenhuma comprovação dessa linhagem poderia ser feita hoje. Todos os registros genealógicos dos judeus foram destruídos na Diáspora (a “dispersão”, quando os judeus foram retirados de suas casas e espalhados por todo o mundo), sendo assim impossível atualmente identificar o Messias pelo histórico familiar. Mas como a linha do nascimento de Jesus Cristo estava disponível naquele primeiro século, as credenciais de Jesus desta forma estão claramente estabelecidas. 7. O Messias deve nascer em Belém Uma das profecias mais conhecidas sobre o nascimento de Jesus está em Miquéias 5.2: “E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Por que Belém? Porque esta era a cidade de Davi. Ainda hoje a única razão para a fama desta pequena cidade é que ela foi o berço de nascimento de Jesus Cristo. Israel tinha numerosas cidades e aldeias, porém Deus escolheu Belém porque tinha sido a cidade de Jessé e Davi (Isaías 11.1). Ainda hoje, judeus ortodoxos esperam que seu Messias nasça ali. É provável que menos de mil pessoas vivessem ali na época em que Jesus nasceu, e mesmo hoje ela é uma cidade bem pequena (exceto na época em que milhares de turistas surgem de todas as partes do mundo para celebrar o nascimento de seu mais famoso cidadão). Embora tenha nascido em Belém, Jesus não foi criado lá. Seus pais viviam em Nazaré e foram a Belém somente para pagar os tributos exigidos pela lei. Lá chegando, Maria deu à luz o Messias, na mesma cidade em que os profetas haviam dito que Ele nasceria. O fato de Maria, já com a gestação avançada, conseguir viajar vários quilômetros no lombo de um jumento sem que o menino nascesse pelo caminho, antes de chegar a Belém, é em si, um pequeno milagre. 8. Quando criança, Ele seria chamado do Egito “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” (Oséias 11.1). Uma das partes mais tristes da história do Natal é o terrível decreto do rei Herodes para matar todos os meninos de Belém de até dois anos de idade em uma tentativa de eliminar quaisquer ameaças futuras ao seu trono. Ao ler o relato de Mateus sobre esses eventos, observe como Jesus não tinha nenhum controle sobre ser enviado ao Egito: Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para adorá-lo. Tendo ouvido isto, alarmou-se o rei Herodes e, com ele, toda Jerusalém; então, convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer. Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo, Israel.’ Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo.” (Mt 2.1-8) As instruções de Herodes, naturalmente, tinham um propósito maligno. Se Deus não tivesse enviado um anjo para alertar José e Maria das verdadeiras intenções do rei, o menino Jesus poderia ter morrido. Tendo eles partido, eis que aparece um anjo do Senhor a José em sonho, e diz: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito; e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: “Do Egito chamei o meu Filho.” Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente, e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos. Então se cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Jeremias: “Ouviu-se um clamor em Rama, pranto, [choro] e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque não mais existem.” (versículos 13-18) Pelo menos três profecias foram cumpridas neste relato do nascimento de Cristo. Ele tinha nascido em Belém; Ele seria chamado do Egito; e haveria dor e lamento em toda a terra por causa da morte das crianças. Isto não é apenas mera coincidência! II. Profecias a Respeito de Sua Vida e Ministério 9. Ele deveria ser um profeta como Moisés O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás... Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhes ordenar. (Dt 18.15,18) Mil e quatrocentos anos antes de Jesus nascer, Deus prometeu a Moisés e ao povo de Israel que Ele suscitaria “um profeta [no singular]” como Moisés. Israel teve muitos grandes profetas — Elias, Jeremias e até mesmo Daniel — mas nenhum deles conseguiu ser tão grande quanto Moisés e nem realizar os milagres que ele fez... isto é, até Jesus. John Ankerberg comenta isto: Até a época de Jesus, os judeus comprovadamente não tinham reconhecido ninguém como “o Profeta “ que havia de vir. Os líderes de Israel chegaram a perguntar a João Batista: “És tu o profeta?” (Jo 1.21), mas ele negou. Porém, quando as pessoas viram os milagres de Jesus, disseram: “Certamente este é o Profeta que devia vir ao mundo “ e “Certamente este homem é o Profeta “ e “Encontramos aquele sobre quem Moisés falou “... Qual foi a evidência que persuadiu o povo na época de Jesus que Ele era o único “profeta como Moisés “? Podia alguém, além do Messias, ser digno de ser comparado a Moisés? A seguir, vamos apresentar paralelos entre Moisés e Jesus, provando que Jesus era “como Moisés “ Mas vamos também provar que Jesus era maior do que Moisés. Somente Jesus cumpriu totalmente as profecias e foi além do ministério profético de Moisés. Ele foi o único que Deus prometeu que viria. A. Um grande fundador de religião Moisés entregou a revelação da lei de Deus ao povo e fundou a religião de Israel. Mas Jesus trouxe a completa revelação divina da graça e da verdade (Jo 1.17), cumpriu toda a lei (Mt 5.17), e tornou-se o fundador e Salvador da religião cristã (1 Tm 2.5,6). B. Um grande revelador de Deus Moisés revelou Deus escrevendo a Torá [Pentateuco, primeiros cinco livros da Bíblia]. Moisés não chamou a atenção do povo para si mesmo, mas escreveu fielmente sobre Deus e sobre aquele que Deus lhe revelou que viria. Mas Jesus afirmou: “Porque se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (Jo 5.46, 47). Contudo, Jesus não falou simplesmente a respeito de Deus; Ele declarou ser Ele o próprio Deus (Jo 5.18; 10.30). C. Um grande legislador Moisés foi a única pessoa autorizada por Deus para entregar as leis a Israel. Mas foi Jesus quem deu plena compreensão à lei de Deus e forneceu “novas” leis a Israel. Ele citou a lei quando disse: “Ouvistes o que foi dito...” mas acrescentou o que nenhum outro profeta tinha jamais ousado falar: “Eu, porém, vos digo...” (Mt 5.21,22). Eis por que, “quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas” (Mt 7.28, 29). D. Um grande operador de milagres Moisés foi um grande operador de milagres (as dez pragas contra o Egito; a abertura do mar Vermelho, etc.) (Êx 7-14; Dt 34.10-12). Jesus, porém, fez milagres ainda maiores que os de Moisés. Disse Ele: “Se eu não tivesse feito entre eles tais obras [milagres], quais nenhum outro fez, pecado não teriam” (Jo 15.24). De fato, ninguém podia negar seus milagres porque eles tinham sido testemunhados por milhares de pessoas: “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis...” (At 2.22). E. Um grande redentor Moisés resgatou Israel do cativeiro e da escravidão do Egito (Êx 3-4; At 7.20-39), mas Cristo resgatou o mundo do cativeiro e da escravidão do pecado (Mt 20.28; Ef 2.1-8; Rm 3.28-4.6). F. Um grande mediador Moisés foi o mediador entre Deus e Israel. Mas Jesus é agora o mediador entre Deus e toda a humanidade. 1 Timóteo 2.5,6 diz: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos.” G. Um grande intercessor Moisés foi o grande intercessor perante Deus em favor de Israel, evitando que Deus destruísse seu povo completamente, quando ele prestou adoração ao bezerro de ouro (Êx 32.7-14; Nm 14.11-20). Mas Jesus é o maior intercessor. Ele agora intercede por toda a humanidade (Jo 3.16; Hb 7.25; observe Nm 21.4-9eJo3.14). H. Um grande profeta, juiz e rei Moisés foi um grande profeta, juiz e rei (Êx 18.13; Dt 33.5). Mas Jesus foi um profeta, juiz e rei ainda maior (Jo 1.19-21,29-43,45; Mt 2.2; Jo 5.26-29; Hb 7.17). I. Moisés era como o Messias Mas Jesus foi Ele mesmo o Messias. Ele disse isso às pessoas simples e à várias autoridades, tais como o sumo sacerdote judeu. “Eu sei”, respondeu a mulher, “que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier nos anunciará todas as coisas.” Disse-lhe Jesus: “Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo 4.25,26). O sumo sacerdote perguntou a Jesus: “És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?” Jesus respondeu: “Eu sou” (Mc 14.61, 62). Certamente nenhum profeta na história de Israel cumpriu a promessa divina de ser um profeta “como Moisés”— exceto Jesus de Nazaré. Como veremos no próximo capítulo, Jesus fez maiores milagres do que Moisés. Ele não hesitou em elevar os padrões da lei de Moisés apelando para sua própria autoridade: “Ouvistes que foi dito [na lei de Moisés]... Eu, porém, vos digo...” Verdadeiramente, Ele foi maior do que Moisés! 10. O Messias deve ser um “Renovo justo” Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor Justiça Nossa. (Jr 23.5-6) Muitos estudiosos bíblicos, tanto cristãos como judeus, reconhecem que a palavra “Renovo” aqui (e em outras três profecias em que é também usada; veja Isaías 4.2; Jeremias 33.15; Zacarias 3.8; 6.12-13) se refere ao Messias. No versículo 5, acima, o Messias ou o “Renovo” é chamado “Renovo justo”, enquanto no versículo 6 Ele é mencionado como “Senhor Justiça Nossa”. Na história do mundo, quem poderia ser chamado tanto de “justo” como de “Senhor” [Jeová]? Somente Jesus de Nazaré! Somente Ele podia dizer — sem receber qualquer contestação — “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46). O estudioso luterano Dr. Theodore Laetsch, em seu comentário sobre o livro de Jeremias, apresenta sucintamente o cumprimento desta profecia em Jesus Cristo: Ao esmagar a cabeça de Satanás, a Semente de Davi, que é a Semente da Mulher encontrada em Gênesis 3.15, conquistou a justiça para o gênero humano. Como o Servo do Senhor, Ele levou sobre si os pecados do homem (Is 53.11), que o Senhor fez cair sobre Ele (versículo 6), que nunca cometeu injustiça (versículo 9) e que sofreu todos os castigos que o homem merecia (versículos 5-6). Pelo seu sofrimento vicário, Ele cumpriu em nosso lugar todos os requisitos exigidos pela justiça de Deus e se tornou ‘justiça nossa “, estabelecendo essa justiça como norma a ser seguida em seu Reino. Sendo essa justiça obtida e estabelecida por Ele, a quem Deus chama de “Senhor Jeová] justiça nossa “, ela não só é aquela que foi prometida no Velho Testamento mas também é eterna como o próprio Deus, abrangendo também as coisas passadas. (Hb 9.15) Deve-se notar que ninguém na história, quer no Velho ou no Novo Testamento ou nos dias de hoje, consegue sequer aproximar-se do cumprimento desta profecia — exceto Jesus Cristo. 11. O ministério de Jesus cumpriu o ministério profetizado para o Messias Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti As nações [gentias]se encaminham para a tua luz, e os reis para o resplendor que te nasceu. (Is 60.1 3) Esta é uma descrição tão detalhada de qual seria a missão do Messias que deve ser incluída aqui. Ao examinar as profecias relacionadas abaixo, observe seu cumprimento detalhado na vida de Jesus, como está documentado nos quatro evangelhos. 1. “o Espírito do Senhor está sobre mim... me ungiu”; 2. “a pregar boas-novas aos pobres”; 3. “proclamar libertação aos cativos”; 4. “abertura de prisão àqueles que estão em cadeias”; 5. “a apregoar o ano aceitável do Senhor”; 6. “e o dia da vingança do nosso Deus (citado no discurso do monte das Oliveiras em Mateus 24-25, repetido em Marcos 13 e Lucas 21); 7. “a consolar todos os que choram” (este versículo se aplica à sua segunda vinda, quando Ele estabelecer seu Reino). 12. O Messias deve ser precedido por um precursor Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse.” (Is 40.3-5, veja também Ml 3.1) Já vimos que esta profecia foi cumprida por João Batista, portanto vamos agora apenas observar o cumprimento da profecia: Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados, conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplainados; e toda a carne verá a salvação de Deus.” (Lc 3.3-6) A Evidência Aumenta Estas doze profecias por si só devem fazer com que até os céticos mais intransigentes reconsiderem seu ceticismo. Entretanto, ainda não terminamos! No próximo capítulo vamos considerar outras dezesseis profecias, desta vez mostrando como as Escrituras anunciaram antecipadamente a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus. Como veremos, esses pontos constituem os mais marcantes — e decisivos — indicadores da identidade de Jesus. 15. O Testemunho do Cumprimento das Profecias – Parte II Profecias sobre a Paixão, Morte, Sepultamento e Ressurreição de Jesus A paixão, morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo não foram acidentais, mas sim o cumprimento de um plano premeditado de Deus antes da fundação do mundo — um plano ao qual Jesus se sujeitou livremente. Por que Ele disse: “Ninguém a tira de mim [minha vida]; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (João 10.18). Em nenhum momento as multidões, os principais da sinagoga, os judeus, ou mesmo os romanos tiveram poder sobre Jesus para tirar-lhe a vida. Ao contrário, Ele se deu voluntariamente por todos os pecadores do mundo; qualquer um que esteja disposto a aceitar esse sacrifício pode receber o perdão divino. Jesus deixou isso claro no jardim do Getsêmani, depois de Pedro ter cortado a orelha do servo do sumo sacerdote: Então Jesus lhe disse: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão. Acaso pensas que não posso rogara meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?” (Mt 26.52-54) Séculos antes do nascimento de Jesus, as Escrituras expuseram vários detalhes específicos com referência à sua morte. Jesus conhecia bem essas passagens e sabia desde o começo que estava destinado a cumprir todas elas. III. Profecias Referentes à Sua Morte A morte de Jesus foi planejada antecipadamente, sendo o fato mais mencionado pelos profetas hebreus. As profecias messiânicas a seguir se relacionam com sua prisão, julgamento e crucificação. Nenhum desses acontecimentos poderia ter sido forjado. 13. O Messias, “o Ungido”, a ser morto “pelos pecados do povo” 483 anos mais tarde Cerca de quinhentos ou seiscentos anos antes do nascimento de Jesus o profeta Daniel escreveu o seguinte: Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiara iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selara visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos. Sabe, e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e já não estará; e o povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será em um dilúvio, e até o fim haverá guerra; desolações são determinadas. Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele. (Dn 9.24-27) Por mais incrível que possa parecer, esta profecia de Daniel foi cumprida por Jesus na semana que antecedeu a crucificação, quando Ele formalmente se apresentou à nação hebréia como seu Messias. Pode-se estabelecer que, exatamente 483 anos depois da “saída da ordem para edificar Jerusalém”, o Messias foi morto e rejeitado por seu povo. Mas, primeiramente, vejamos o contexto desta passagem. Deus enviou o anjo Gabriel em resposta à oração de Daniel, que era um cativo como milhares de outros judeus que tinham sido levados para a Babilônia quase setenta anos antes. Daniel havia estudado as profecias de Jeremias e percebeu que o tempo para o livramento da nação estava próximo. Jerusalém — incluindo o templo e suas muralhas — permaneceu em ruínas por quase setenta anos. Gabriel então profetizou a restauração de todas essas coisas e a vinda do Messias no período de 483 anos. Jeremias havia predito: “Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos” (Jr 25.11). No fim desse período, o Senhor disse: “Logo que se cumprirem para Babilônia setenta anos atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar” (Jr 29.10). Daniel estava entre os primeiros deportados para a Babilônia, em 605 a.C, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu a Palestina. Agora, em 538 a.C. (67 anos mais tarde), Daniel entendeu pela profecia de Jeremias que os setenta anos de cativeiro estavam prestes a se cumprir. John Ankerberg pesquisou detalhadamente esta passagem e nos esclareceu sobre este assunto: Como sabemos que a mensagem de Gabriel a Daniel nesta profecia é sobre o Messias? Porque a palavra hebraica usada é Mashiach deve ser traduzida por “Messias” ou (‘o Ungido”. Como o grande estudioso de Princeton, Prof. R. D. Wilson (que era fluente em 45 línguas e dialetos), afirma, “Daniel 9.25,26 é uma das duas passagens [hebraicas] em que o esperado Salvador de Israel é chamado de Messias.” Entretanto, alguns têm feito objeção a esta interpretação, alegando que, em lugar de estar falando do “Messias”, “o Ungido “, Daniel está se referindo a Ciro, mas isto não se justifica, porque, como veremos, os versículos 25 e 26 declaram que o “Messias “ não chegará até cerca de quatrocentos anos depois de Ciro. Deforma semelhante, ela não pode ser aplicada ao governador sírio Antíoco Epifânio, já que ele morreu em 164 a. C. Como veremos, a profecia fala sobre a vinda do “Messias “a Jerusalém quase duzentos anos depois disso. Portanto, este que é chamado Mashiach Nagid— Messias, o Príncipe — não pode referir-se quer a Ciro quer a Antíoco Epifânio. Como disse o Prof.E.J. Young, “a interpretação não-messiânica é totalmente inadequada”. Quem, pois, é o Messias que virá? Seja quem for o Messias, ele vai aparecer em cena depois da reconstrução de Jerusalém (Dn 9.25,26) e será morto antes que Jerusalém e seu templo sejam novamente destruídos. A chave para a compreensão do tempo desta profecia é a frase “setenta semanas são determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade”. A palavra “semanas” em hebraico significa literalmente “sete unidades”, seja de dias ou de anos. (Vejamos um exemplo disso. Suponha que eu dissesse que “setenta dúzias de anos estão determinados para os Estados Unidos”. Eu estaria indicando setenta vezes doze ou 840 anos, ou poderia dizer “setenta grosas (doze dúzias) estão determinadas”, e então teríamos 70 vezes 144, ou 10.080. O contexto deixa claro que Gabriel quis dizer “setes” (ou semanas) de anos; portanto sete vezes setenta, ou 490 anos.) Neste caso, o contexto leva-nos a concluir que o termo se refere a anos; setenta vezes sete (anos) somam 490 anos determinados sobre o povo de Daniel. Ankerberg expõe como isso foi cumprido em detalhes: De acordo com esta profecia, o Messias apareceria no final de 69 semanas [as sete semanas (49 anos) mais 69 semanas (434 anos)] ou um total de 483 anos. Depois de 69 semanas (483 anos) ocorreria a destruição da cidade e do templo. [Sabemos pela história que isto aconteceu em 70 d. C. quando o imperador Tito e suas legiões romanas destruíram Jerusalém.] Mas, a partir de que ano e de que decreto [o decreto de “restaurar e reconstruir Jerusalém “] nós devemos começar a contar o número de anos até o Messias? A profecia não pode se referir ao decreto de Ciro [539 a.C], Tarrenai [519-18 a.C] ou Artaxerxes [457 a.C], porque todos estes se referem apenas à reconstrução do templo, e não da cidade de Jerusalém, como a profecia requer. Somente o decreto de Artaxerxes a Neemias em 444 a.C. envolve uma ordem para a reconstrução de Jerusalém (Neemias 2.1-8); cf. Hoehner, 126-128). Podemos agora determinar a data do decreto de Artaxerxes [444 a.C] até após a sexagésima nona semana [483 anos mais tarde], quando Gabriel anunciou que o Messias seria morto em Jerusalém. Usando o ano lunar de 360 dias, chegaremos a 33 d.C, a época exata em que Jesus Cristo viveu e foi crucificado em Jerusalém! O ponto importante nesta passagem profética é que o Messias tinha de vir no fim da sexagésima nona semana — 483 anos depois da publicação do decreto. Acentuamos mais uma vez que o tempo transcorrido entre o decreto que autorizava a reconstrução de Jerusalém [versículo 25 — 444 a.C] e a vinda do Messias devia ser 69 “setes” ou 483 anos [7+62 unidades = 69 x 7 anos]. Esta é a época exata em que Jesus Cristo estava vivendo e exercendo seu ministério. Como a profecia limita o aparecimento do Messias a este período, não há simplesmente nenhum outro candidato lógico para ser o Messias. Repetimos: esta profecia prova que Jesus Cristo é o único candidato possível para ser o Messias judaico. Uma pergunta razoável sobre esta importante passagem é: “Os estudiosos judaicos anteriores à época de Cristo aceitaram isto como uma profecia messiânica?” Ankerberg admite que sim: Considerando que este texto fala explicitamente do Messias, seria difícil a qualquer rabino judaico negá-lo. Todavia, como esta profecia predizia que o Messias seria morto, alguns negaram que ela estivesse se referindo ao Messias. Mas, em favor da verdade, muitos rabinos afirmaram corajosamente que esta passagem prediz de maneira tão exata o tempo específico da chegada do Messias que é impossível negá-la. Por exemplo, o rabino Nehumias, que viveu cerca de cinqüenta anos antes de Cristo, é citado por Grotius como tendo afirmado que o tempo fixado por Daniel para o aparecimento do Messias não iria além dos próximos cinqüenta anos. Isso nos leva a concluir que se Cristo não foi o Messias prometido, então Israel não teve um Messias. Repetindo: se o Messias deveria vir, teria de ser exatamente na mesma época em que Cristo viveu. O Talmud adverte: “Daniel nos anuncia o fim do Messias [isto é, ‘o tempo de sua chegada e de sua morte’— Rabino Jarchi]. “Esta profecia foi tão convincente que o Talmud registra que por volta da época de Tito [70 d. C] acreditava-se que o Messias já tinha vindo, mas que seu aparecimento tinha sido ocultado aos judeus até que eles se mostrassem mais merecedores desse acontecimento. Sir Robert Anderson, estadista britânico do século passado, escreveu um excelente livro intitulado O Príncipe Que Virá, no qual expõe em detalhes todos os acontecimentos históricos e prova que, quando Jesus montou o jumentinho ao entrar em Jerusalém, Ele estava se apresentando a Israel como o Messias. Este episódio cumpre a profecia de Zacarias 9.9: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, em um jumentinho, cria de jumenta.” E quando isto ocorreu? Exatamente 483 anos contados a partir do dia em que os ponteiros proféticos do relógio de Deus começaram a se mover. Embora a passagem de Zacarias esteja mencionada em Marcos 11.7-9 e seja uma profecia cumprida de forma inequívoca, eu não a incluí como tal porque se trata de uma das raras profecias messiânicas que supostamente podia ter sido encenada por Jesus e seus discípulos. O que não poderia ter sido encenado é a época em que esse fato ocorreu; Jesus nasceu e estava exercendo seu ministério naquele exato momento da história, revelando-se a Israel exatamente no ano previsto por esta profecia. Isso não podia ter sido encenado — a não ser pelo próprio Deus! E este é o ponto-chave de todo este capítulo. Estas profecias foram todas cumpridas pelo próprio Deus através de seu Filho, como uma maneira de identificar Jesus perante todo o mundo. 14. O capítulo messiânico, Isaías 53 Mais de setecentos anos antes do nascimento de Jesus, Isaías fez uma exposição detalhada dos futuros sofrimentos do Messias. Podemos acrescentar à nossa lista onze outras profecias cumpridas somente deste capítulo, mas a evidência já é de tal modo considerável que preferi juntá-las e considerá-las como uma só. Este capítulo pode realmente ser considerado uma profecia messiânica, pois em muitas sinagogas judaicas, onde um trecho do livro de Isaías é lido em voz alta a cada sábado, o capítulo 53 é habitualmente omitido. Por quê? Porque os paralelos nesta profecia são tão coincidentes com alguns acontecimentos da vida de Jesus Cristo que se torna difícil para eles explicar a razão de terem rejeitado a Jesus. Conseqüentemente, eles julgam ser mais prudente passar por cima deste capítulo. Depois de examinar os onze paralelos entre esse capítulo e a vida de Jesus narrada no Novo Testamento, você vai compreender as razões deles. Texto de Isaías 53 Cumprimento no Novo Testamento 1. Ele é desprezado e rejeitado pelos homens (versículo 3). Veio para os seus, mas os seus não o receberam (Jo 1.11, e as muitas vezes que os judeus pegaram em pedras para matá-lo). 2. Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si (versículo 4). Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças (Mt 8.17). 3. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões (versículo 5). Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança (Jo 19.34). 4. [Ele foi] moído pelas nossas iniqüidades;... e pelas suas pisaduras fomos sarados (versículo 5). Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro... por suas chagas fostes sarados (1 Pe 2.24). 5. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos (versículo 6). Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus (1 Pe 3.18). Porque estáveis desgarrados como ovelhas (1 Pe 2.25). 6. Por juízo opressor foi arrebatado (versículo 8). [Jesus disse:] "Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?" Naquele momento disse Jesus às multidões: "Saístes com espadas e cacetes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias, no templo, eu me assentava [convosco] ensinando, e não me prendestes. Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas." Então os discípulos todos, deixando-o, fugiram. E os que prenderam a Jesus o levaram à casa de Caifás, o sumo sacerdote (Mt 26.54-57). 7. Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo foi ele ferido (versículo 8). Vós, porém, negastes o Santo e o Justo, e... matastes o Autor da vida... Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros (At 3.14,15,26). Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios... Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.6,8). 8. Designaram-lhe a sepultura com os perversos (versículo 9). Posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca (versículo 9). E foram crucificados com ele dois ladrões (Mt 27.38). 9. Todavia, ao Senhor agradou moêlo,... quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado (versículo Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de 10). Deus (2 Co 5.21). 10. Porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores (versículo 12). E foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda (Mt 27.38). 11. [Ele] levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu (versículo 12). Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23.34). [Jesus] foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação (Rm 4.25). Provavelmente esse capítulo é o que apresenta maior dificuldade em toda a Bíblia para os estudiosos hebraicos que desejam ser fiéis ao texto e, ao mesmo tempo, evitam a conclusão de que Jesus é o Messias, pois Ele cumpriu todos os aspectos desta grande profecia. John Ankerberg escreve: É possível explicar os paralelos acima em bases puramente racionais? Como argumentou o exegeta e teólogo escocês Paton J. Gloag, ex-professor de crítica bíblica na Universidade de Aberdeen: Não conseguimos entender como alguém pode ler esta extraordinária profecia sem ficar impressionado com a semelhança, com o caráter, sofrimentos e morte do Senhor Jesus. O retrato é completo; a semelhança é impressionante e indiscutível Certamente, parece mais uma história do passado do que uma predição do futuro... Em nenhuma parte da Escritura, mesmo nos trechos mais evangelísticos do Novo Testamento, a doutrina da expiação, essa grande característica do cristianismo, é tão claramente afirmada... E, até agora, nada é mais incontestável do que essas palavras que foram expressas séculos antes de nosso Senhor ter vindo a este mundo. Esta passagem tem sido reconhecida como messiânica há muito tempo. Na verdade, os antigos rabinos ensinavam, baseados nessa passagem, que haveria dois Messias. Eles não puderam reconciliar as afirmações bíblicas que falam claramente de um Messias, sofredor com outras passagens que falam com igual clareza de um Messias eternamente triunfante e vitorioso. Até hoje, eles reconhecem duas maneiras de enxergar o Messias — o Messias sofredor e agonizante, chamado “Messias ben José”, e o Messias vitorioso e conquistador, chamado “Messias ben Davi”. O Dr. Raphael Patai, ex-professor da Universidade de Jerusalém, autor de vinte livros sobre assuntos relacionados com as crenças religiosas judaicas, observou: “Quando a morte do Messias tornou-se um dogma estabelecido na época do Talmude, isto foi considerado irreconciliável com a crença de um Messias Redentor que anunciaria o bem-aventurado milênio da era messiânica. O dilema foi solucionado pela divisão da pessoa do Messias em duas...” Assim, baseado em Isaías 53, o Talmude Babilônico ousadamente prediz: “O Messias ben José será assassinado...” As diferentes interpretações que os rabinos ortodoxos deram a esta passagem ao longo da história podem ser encontradas no livro Rays of Messiahs Glory. Rabinos famosos, tais como o grande Maimonides e Rabbi Crispin, não concordaram com a aplicação de Isaías 53 à nação de Israel, como é comumente feito no comentário judaico atual. Eles achavam, no lugar disso, que esta passagem se refere claramente ao Messias de Deus: O peso da autoridade judaica prevalece em favor da interpretação messiânica deste capítulo... Até os tempos recentes esta profecia tinha sido quase universalmente aceita pelos judeus como referente ao Messias, o que é evidente pelo Targum [J]onathon, que apresenta o Messias pelo nome no capítulo LII.13; do Talmude (“Sinédrio”,fls. 98,b);e do Zohar... Na verdade, até Rashi [Rabino Solomon Izaaki, 1040-1105 d.G, considerado o criador da moderna escola judaica de interpretação], que aplicou essa profecia à nação judaica, a interpretação messiânica deste capítulo foi quase universalmente adotada pelos judeus. O “pai” do hebraico moderno, Wilhelm Gesenius, também escreveu: “Foi só recentemente que os judeus abandonaram esta interpretação [messiânica] de Isaías 53, sem dúvida em conseqüência de suas controvérsias com os cristãos”. Hoje, muitos judeus ortodoxos ainda esperam um messias político, o Messias ben Davi, que conquistará e governará para sempre. Curiosamente, alguns judeus aceitam Jesus Cristo como o “outro” Messias (Messias ben José), embora neguem sua divindade. Em um debate com o Dr. Walter Kaiser no “John Ankerberg Show”, o Dr. Pinchas Lapide afirmou: “Concordo plenamente com o Dr. Kaiser que Isaías 53 exibe muitas semelhanças espantosas com a vida, ministério e morte de Jesus de Nazaré”. Surpreendentemente, o Dr. Lapide até mesmo acredita que Jesus ressuscitou fisicamente depois de sua crucificação, em razão dos muitos fatos históricos favoráveis a essa crença. Entretanto, ele conclui que Jesus é o Messias dos gentios e não dos judeus. Temos apenas uma pergunta: se Jesus Cristo não é o servo sofredor de Deus mencionado em Isaías 53, então quem é? As próximas treze profecias relacionadas à morte de Jesus são de tal modo evidentes que não precisam de explicação. Vou simplesmente reproduzir a profecia do Velho Testamento ao lado do seu cumprimento no Novo Testamento. 15. Traído por um amigo íntimo Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar (Sl 41.9). 16. Traído por trinta moedas de Falava ele ainda, quando chegou uma multidão; e um dos doze, o chamado Judas, que vinha à frente deles, aproximou-se de Jesus para o beijar. Jesus, porém, lhe disse: "Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?" (Lc 22.47-48). Então um dos doze, chamado Judas prata Eu lhes disse: "Se vos parece bem, dai-me o meu salário; e se não, deixai-o." Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata (Zc 11.12). 17. Silêncio diante das acusações Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca (Is 53.7). 18. Cuspido e esmurrado Ofereci as costas aos que me feriam, e as faces aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam (Is 50.6). 19. Odiado sem motivo Não se alegrem de mim os meus inimigos gratuitos; não pisquem os olhos os que sem causa me odeiam (Sl 35.19) 20. Traspassaram-lhe as mãos e os pés E sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; olharão para mim, a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito, e chorarão por ele, como se chora amargamente pelo primogênito (Zc 12.10). 21. Escarnecido Todos os que me vêem zombam de Iscariotes, indo ter com os principais sacerdotes, propôs: "Que me Quereis dar, e eu vo-lo entregarei?" E pagaram-lhe trinta moedas de prata (Mt 26.14-15). E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Então lhe perguntou Pilatos: "Não ouves quantas acusações te fazem?" (Mt 26.12-14). Então uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam(Mt 26.67). Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez, pecado não teriam; mas agora não somente têm eles visto, mas também odiado, tanto a mim, como a meu Pai. Isto, porém é para que se cumpra a palavra escrita na sua lei: "Odiaram-me sem motivo" (Jo 15.24-25). E logo disse a Tomé: "Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente” (Jo 20.27). O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: "Salvou os outros; a si mesmo se mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: "Confiou no Senhor! Livre-o ele, salve-o, pois nele tem prazer (Sl 22.7-8). salve, se é de fato o Cristo de Deus, o escolhido" (Lc 23.35). 22. Orou por seus inimigos Contudo Jesus dizia: "Pai, perdoalhes, porque não sabem o que fazem." Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes (Lc 23.34). Em paga do meu amor me hostilizam: eu, porém, orava (Sl 109.4). 23. Os soldados tiram sorte para disputar suas vestes Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim. Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes (Sl 22.17-18). 24. Desamparado por Deus Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de meu salvamento as palavras de meu bramido? (Sl 22.1). 25. Nenhum osso foi quebrado Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado (Sl 34.20). 26. Seu lado foi perfurado E sobre a casa Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplica; olharão para mim, a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito, e chorarão por ele, como se chora amargamente pelo primogênito (Zc 12.10). 27. Sepultado com o rico Designaram-lhe a sepultura com os Depois de o crucificarem, repartiram entre si as suas vestes, tirando a sorte. E, assentados ali, o guardavam (Mt 27.35-36). Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: "Eli, Eli lema sabactâni", que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27.46). Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinha sido crucificado; chegando-se, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as pernas... E isto aconteceu para se cumprir a Escritura: "Nenhum dos seus ossos será quebrado (Jo 19.32-33,36). Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água (Jo 19.34). Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca (Is 53.9). Jesus. Então Pilatos mandou que lho fosse entregue. E José, tomando o corpo, envolveu-o em um pano limpo de linho, e o depositou no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro, se retirou (Mt 27.57-60). Observando Atentamente os Detalhes O simples fato de que Deus amou o mundo e enviou seu único Filho para morrer pelos pecados dos homens é um extraordinário milagre. Mas nas doze profecias referentes à morte de Jesus (e outras que também poderiam ser relacionadas), encontramos outro milagre que deveria nos convencer a aceitar Jesus como o Messias de Deus. Seu cumprimento literal garante sua veracidade e proclama que somente um homem na história poderia ter morrido da forma como Jesus morreu. Na verdade, embora outros também tenham morrido crucificados, nenhum deles morreu como Jesus. Seria útil considerarmos com um pouco mais de profundidade os seguinte detalhes específicos de sua morte, pois feito esse exame, torna-se impossível não identificar a Jesus como o Messias sofredor. A. Ele devia sofrer uma morte expiatória, em favor dos homens Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades, o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. (Is 53.5-6) Esta profecia, escrita mais de setecentos anos antes do nascimento de Cristo, falou do sacrifício de Jesus como o perfeito cordeiro pascal, citado em Êxodo 12. A primeira Páscoa foi celebrada pelos hebreus no Egito, quando marcaram os batentes das portas com sangue de cordeiro ou cabrito, o que lhes permitiu escapar do julgamento de Deus. Esse ato ordenado por Deus tornou-se um memorial, sendo praticado pelos judeus ortodoxos até os dias de hoje. O bode emissário de Levítico 16 foi uma figura de Cristo levando nossos pecados para longe enquanto que o novilho mencionado no mesmo capítulo era, como Cristo, um sacrifício que representava um Salvador inocente carregando o peso de nossos pecados. E em todas as ocasiões foi necessário derramamento de sangue inocente. Muitos versículos do Novo Testamento mostram que Cristo foi considerado inocente por todos os juizes, exceto pelos judeus, que não puderam encontrar nele qualquer falta, exceto o fato de “Ele fazer-se igual a Deus” e por realizar milagres no dia de sábado. Mas nenhuma dessas duas acusações é pecaminosa se: você é Deus (nenhum pecado podia ser atribuído a Ele); não é errado fazer o bem no sábado; além disso, Jesus (como Deus) considerava-se “Senhor do sábado”, portanto Ele estava acima do sábado e não o sábado acima dele. Conseqüentemente, Pilatos estava certo quando disse: “Este homem [Jesus] nada fez digno de morte.” Jesus foi o “Cordeiro de Deus” perfeito que cumpriu todas as exigências de sacrifício oferecido a Deus para os pecados dos homens. O apóstolo Paulo viu isto claramente quando escreveu: “Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1 Coríntios 5.7). Ele afirmou isto em termos mais teológicos quando escreveu: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.1). O apóstolo Pedro também o viu desta forma quando escreveu: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pedro 1.18-19). Em uma outra passagem, o apóstolo Paulo definiu o evangelho nestas palavras: “Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.3-4). Submeter um homem inocente às crueldades da morte pela crucificação quando Ele nada fez de errado, pelo contrário curou enfermos, consolou corações aflitos e deixou os maiores ensinamentos já oferecidos aos homens, não faz nenhum sentido—a menos que isto tenha sido feito com o propósito específico de tornar-se um sacrifício divino pelos pecados. Considerando que a morte de Jesus cumpriu muitas profecias que Deus havia anunciado a seu povo centenas de anos antes, é perfeitamente lógico que aceitemos o fato histórico de que Jesus de Nazaré foi o sacrifício determinado por Deus pelos pecados dos homens. Somente assim podemos dar verdadeiro sentido à vida, ministério e morte de Jesus. Como veremos mais adiante, tudo isto foi selado com a sua ressurreição. B. O Messias-Salvador devia ser pendurado em uma cruz Muitas profecias sobre a morte do Messias prometido, quando consideradas em conjunto, só poderiam ser cumpridas com a crucificação. Moisés advertiu os filhos de Israel: Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tenha sido morto, e o pendurares em um madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia: porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus: assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança. (Dt 21.22-23) A morte de uma pessoa na cruz atraía para a vítima uma “maldição” especial. Conseqüentemente, Jesus foi pregado em uma cruz romana, algo impossível de acontecer em Israel até poucos anos antes da vida de Jesus. Historicamente, os judeus nunca crucificaram pessoas; eles apedrejavam até matar. No entanto, Jesus nunca foi apedrejado, muito embora os judeus tentassem mais de um vez pegar em pedras contra ele. Por que foram eles incapazes de apedrejá-lo? Porque os profetas nunca disseram que o Messias seria apedrejado. Em vez disso, Ele foi pendurado em uma cruz de madeira. O apóstolo Paulo fala sobre esta maldição em Gálatas 3.13, onde escreve: Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro.” Zacarias, outro respeitado profeta hebreu, acrescentou outro requisito para a morte do Messias. Ele escreveu que o Messias teria feridas em suas mãos (o que não era comum nesse tipo de morte): Se alguém lhe disser: “Que feridas são essas nos teus braços?” responderá ele: “São as feridas com que fui ferido na casa dos meus amigos.” (Zc 13.6) Novamente, não como resultado de apedrejamento. O salmista acrescenta estes detalhes: Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim. Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitam sortes. (Sl 22.1618) Se este não é o retrato perfeito da morte por crucificação, não sei o que é. Jesus estava “pendurado”, mas não por uma corda. Ele estava pregado a uma cruz romana e tinha “suas mãos e seus pés” traspassados. Ele foi exposto para que todos o vissem, e era possível “contar os seus ossos” já que a crucificação distende os ossos da vítima. Terá sido mera coincidência Ele ter nascido durante o cativeiro romano, quando a crucificação era o costume, e não o apedrejamento? A explicação mais fácil é que sua morte ocorreu de acordo com o plano e o propósito de Deus. C. Nenhum osso do Messias-Salvador devia ser quebrado Já vimos que o cordeiro pascal era uma figura de Cristo. Não mencionei que as qualificações específicas atribuídas àquele cordeiro seriam tais que ele deveria ser “sem defeito e sem mácula” (1 Pedro 1.19). Esta preocupação com o sacrifício perfeito era observada em cada Páscoa, quando o cordeiro era comido de tal forma que nenhum de seus ossos fosse quebrado. A Escritura ordenava: “O cordeiro há de ser comido em uma só casa; da sua carne não levareis fora da casa, nem lhe quebrareis osso nenhum” (Êxodo 12.46). Isto foi confirmado mais adiante pelo salmista quando falou do servo sofredor de Deus: “Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado” (Salmo 34.20). Muito embora o “Cordeiro de Deus” (ou o cordeiro da páscoa) devesse sofrer terrivelmente, nenhum de seus ossos deveria ser quebrado. Quando lemos o relato do apóstolo João sobre a morte de Jesus, podemos ver a mão poderosa de Deus “guardando” os ossos do Salvador contra o que poderia ter sido um ataque do próprio Satanás: Então os judeus, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação; pois era grande o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinha sido crucificado; chegandose, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. (Jo 19.31-34) A miraculosa preservação dos ossos do Senhor não escapou à observação de João, uma testemunha ocular desses acontecimentos. Ele escreveu: “Aquele que isto viu, testificou, sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais. E isto aconteceu para se cumprir a Escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”. E outra vez diz a Escritura: “Eles verão aquele a quem traspassaram” (João 19.35-37). O próprio Deus estava “guardando os ossos” do Salvador e, assim, cumprindo literalmente a profecia de que “nenhum de seus ossos seria quebrado”! Além disso, quando Jesus estava pendurado na cruz, Ele pediu que lhe dessem algo para aplacar sua sede, e deram-lhe “vinagre”, em cumprimento à profecia do Salmo 22.15 e 69.21 (textos que não incluímos em nossa lista de 28 profecias cumpridas). Então disse Jesus: “Está consumado!” — isto é, o caminho da salvação através do derramamento de seu próprio sangue sobre a cruz estava “terminado”, de modo que agora todos os homens podiam ser salvos. Então “inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (João 19.30). Observe: Jesus tinha tal controle sobre os acontecimentos que, mesmo ao morrer, Ele dirigia seu destino. Quando seu sacrifício estava completo, Ele simplesmente “rendeu o espírito”. D. O Messias-Salvador devia ser “traspassado” Depois que Jesus já estava morto, um soldado romano “lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Isto não foi acidental; foi de acordo com a profecia. Zacarias tinha dito do Messias — “olharão para mim, a quem traspassaram” (Zacarias 12.10). E improvável que os judeus traspassassem o corpo de Jesus com uma lança, pois isso era totalmente fora de seus costumes. Se considerarmos ainda que eles tinham conhecimento dessa profecia, aquela seria então a última coisa que fariam. Deste modo, o Senhor usou o soldado romano para cumprir a profecia! E. O Messias deve ser traído pelo preço de um escravo Mais de seiscentos anos antes de Jesus ser crucificado, Zacarias escreveu sobre o preço que um certo homem receberia por seu salário, trinta peças de prata, que era o preço de um escravo. Isto irritou o Senhor, que ordenou que o dinheiro fosse atirado ao chão do templo. Observe atentamente as palavras de Zacarias: Eu lhes disse: “Se vos parece bem, dai-me o meu salário; e se não, deixai-o. “Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata. Então o Senhor me disse: “Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que [foste] avaliado por eles.” Tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor. (Zc 11.12-13) O cumprimento desta profecia é tão conhecido que mesmo aqueles que nada sabem sobre a Bíblia conhecem a identidade de Judas Iscariotes. Na verdade, esse nome se tornou tão desprezível que ninguém o põe em um filho (embora cachorros às vezes recebam esse nome). Na melhor das hipóteses, Judas é uma figura trágica dentro da maior das histórias já contadas. Ele aproveitou a oportunidade surgida e se deixou dominar pela ganância. Depois de acompanhar Jesus como um dos discípulos de confiança (servindo como o tesoureiro do grupo), voltou as costas ao Salvador e o traiu por “trinta peças de prata”, exatamente o valor mencionado pelo profeta. Mas a história ainda não chegou ao fim. Leia o relato de Mateus, uma das testemunhas oculares: Ao romper o dia, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem; e, agarrando-o, levaram-no e o entregaram ao governador Pilatos. Então Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: “Pequei, traindo sangue inocente. “Eles, porém, responderam: “Que nos importa? Isso é contigo. “Então Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se. E os principais sacerdotes, tomando as moedas, disseram: “Não é lícito deitá-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue. “E, tendo deliberado, compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério de forasteiros. Por isso aquele campo tem sido chamado até o dia de hoje Campo de Sangue. Então se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: “Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.”(Mt 27.1-10) Procure refletir por um momento em todos os detalhes proféticos cumpridos nesta trágica vida de Judas: A) O Servo especial de Deus devia ser traído B) Ele seria traído pelo seu próprio povo (“um amigo íntimo”) C) O preço da traição deveria ser trinta peças de prata D) Prata, não ouro, era o câmbio na época E) As trinta peças de prata deveriam ser arremessadas, não colocadas F) Seriam atiradas na casa do Senhor G) O dinheiro deveria ser usado para comprar um campo de oleiro Isto ultrapassa toda a capacidade de crer que estes sete detalhes, escritos setecentos anos antes, foram cumpridos apenas “coincidentemente” na morte de Jesus. Somente Deus conhece o futuro e escreveu-o com antecedência para que pudéssemos identificar o Messias quando Ele viesse. Dois outros fatos são importantes neste evento. Primeiro, Jesus de Nazaré não podia de modo algum ter conduzido os acontecimentos; tudo foi planejado pelos seus inimigos e por seu desleal seguidor, que conspiraram para matá-lo. Segundo, esses fatos se cumpriram nas últimas horas de vida de Jesus e, quando considerados à luz de todas as outras profecias que estudamos neste capítulo, somente uma pessoa poderia cumpri-lo: Jesus Cristo. A evidência é esmagadoramente convincente para qualquer observador objetivo. IV. Profecias Sobre a Ressurreição A fé cristã está apoiada na ressurreição de Cristo. Sem esse acontecimento sobrenatural — a despeito de todas as profecias mencionadas anteriormente — ninguém jamais teria ouvido falar de Jesus de Nazaré. Se ele não ressuscitasse da morte, seria apenas mais um de uma longa lista de supostos messias. Entretanto, se Ele realmente ressuscitou (como será provado nos capítulos 16 a 18), tudo muda. Este acontecimento singular — um homem ressurgindo da morte, provando ser indiscutivelmente o Messias prometido — também foi predito pelos profetas hebreus. 28. O Messias devia ressuscitar. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção (Sl 16.10). Porque a respeito dele diz Davi: "Diante de mim via sempre o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado. Por isso se alegrou o meu coração e a minha língua exultou; além disto também a minha própria carne repousará em esperança, porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, encher-me-ás de alegria na tua presença." Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente, a respeito do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado e o seu túmulo permanece entre nós até hoje. Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono; prevendo isto, referiu- se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas (At 2.25-32). Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si (Sl 49.15). Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: "Não temais: porque sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui: ressuscitou, como havia dito. Vinde ver onde ele Jazia.. Ide, pois, depressa, e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. É como vos digo!" (Mt 28.5-7). Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si (Is 53.11). Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. ... sabedores que havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre: a morte já não tem domínio sobre ele (Rm 5.8-10; 6.9). Muito antes de se desenrolarem esses assombrosos acontecimentos, Jesus repetidas vezes disse a seus discípulos que seria crucificado e que no terceiro dia ressurgiria dentre os mortos (Veja Mateus 16.21; 17.22-23; 20.18-19; Lucas 9.22; 18.31-33). Todavia, ou eles não creram em suas palavras ou não as compreenderam — o que provocou uma reação nos anjos que apareceram às mulheres diante do túmulo vazio no domingo da ressurreição. Podemos quase ouvir a irritação nas vozes desses dois anjos mensageiros: “Porque buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos preveniu, estando ainda na Galiléia, quando disse: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de pecadores e seja crucificado e ressuscite no terceiro dia.” “Então se lembraram das suas palavras” (Lc 24.58). Sem a ressurreição, todas as outras coisas perderiam o valor. Mas, com a ressurreição... ah, a história é diferente! Vale a pena aprofundarnos ainda mais, o que faremos nos próximos três capítulos. A Evidência é marcante Estas vinte e oito profecias foram escolhidas porque são de tal forma específicas que dificilmente poderiam ser ignoradas. Mesmo que algum cético exclua cinco ou seis delas, a evidência representada pelo número restante é ainda surpreendente. É impossível ilustrar adequadamente a probabilidade de uma pessoa comum cumprir todas as vinte e oito dessas profecias. Alguém sugeriu que, se tomássemos apenas dez dessas profecias, a possibilidade de uma pessoa cumprir todas elas seria como cobrir todo o Texas com uma camada de trinta centímetros de moedas de prata, depois sobrevoar a região em um helicóptero e, com os olhos vendados, pegar a única moeda diferente das demais. Você diz — “É impossível!” — e eu concordo. É impossível para qualquer ser humano — que não seja Jesus — no passado ou no futuro, conseguir cumprir sequer dez dessas profecias. Portanto, se dez são impossíveis, tente imaginar como seria inconcebível que uma pessoa cumprisse as vinte e oito relacionadas acima, mais as seis sobre sua morte citadas em Isaías 53, e todas as demais. Não é de admirar que Jesus tivesse censurado os judeus em João 5 por não reconhecerem-no como o Messias — a evidência estava toda ali, nas Escrituras, que eles afirmavam aceitar e estudar, pois, como Ele disse, “são elas mesmas que testificam de mim”. Eles não tinham desculpa. E o mesmo acontece conosco, se nos recusamos a aceitar essa esmagadora evidência. Pa r t e I V: E v i d ê n c i a d e S u a R e s s u r r e i ç ã o 16. A Ressurreição de Jesus: O Restante da História Um famoso pastor estava caminhando pelas ruas de Los Angeles na semana da Páscoa quando viu um menino olhando uma vitrine. O garoto estava tomado de horror e compaixão diante de um quadro clássico da crucificação de Cristo. Calculando que ele tivesse uns doze anos de idade, o pastor apontou para o quadro e perguntou: “Quem É ele?” “Esse foi Jesus Cristo”, respondeu o menino. “Os líderes religiosos do seu tempo o crucificaram — mas Ele não tinha feito qualquer coisa errada. Ele morreu pelos pecados de todo o mundo.” Em seguida ele narrou emocionado alguns detalhes da vida e morte de Cristo. Depois que ele terminou de falar, ambos caminharam em direções opostas. Antes que o pastor andasse duas quadras, ele ouviu o menino chamar por ele e correr em sua direção: “Ei, senhor, eu me esqueci de dizer o resto da história. Três dias depois Ele ressuscitou dentre os mortos!” Na verdade, a ressurreição corpórea de Jesus, a doutrina fundamental da igreja, não é apenas “o resto da história”, mas a melhor parte da história! A execução de Cristo em si mesma pode ser considerada uma trágica conduta ilegal da justiça. Entretanto, quando incluímos a ressurreição, a mensagem da cruz é transformada em gloriosa vitória. Sem ela, o cristianismo seria nada mais do que uma religião fictícia sem mensagem e sem esperança, impotente para salvar uma alma perdida (e muito menos oferecer salvação a todo o mundo). O próprio Napoleão Bonaparte compreendeu seu significado. A bordo de um navio em direção ao Norte da África em campanha militar, ele entabulou uma conversa com um de seus generais enquanto olhavam os pálidos reflexos da lua nas águas do mar. “General, o que o senhor vai fazer quando esta guerra terminar e voltarmos para casa?” O general respondeu: “Excelência, acho que vou fundar uma nova religião.” Ao que Napoleão respondeu: “Isso deve ser fácil — tudo o que o senhor tem a fazer é morrer em uma cruz e ressuscitar no terceiro dia!” Napoleão estava certo. Não basta ter um nascimento virginal, cumprir mais de cem profecias do Velho Testamento, viver uma vida sem pecado, e morrer de morte sacrificial e dolorosa, mesmo sendo totalmente inocente. Para fundar uma religião diferente de todas as outras religiões, você deve ressurgir dentre os mortos; isto é o que garante a autenticidade de todo o resto. De Simples Mártir a Salvador Divino A vida e a história de Jesus são incompletas sem a cruz, pois é esta que o transforma de perfeito mártir em Salvador do mundo. A ressurreição de Jesus é que dá poder à cruz e prova a confiabilidade do cristianismo. E ela também que garante às pessoas o perdão dos pecados, desfrutar a paz com Deus e ter a certeza da vida eterna. Sem isto, o cristianismo é uma fraude, uma farsa ou, na melhor das hipóteses, uma desilusão. Este fato não escapou ao apóstolo Paulo, que colocou a ressurreição como base para toda a sua doutrina. Ele escreveu: Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. (1 Co 15.12-19) Em seguida ele acrescenta as palavras mais importantes: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos” (versículo 20). Esta é toda a verdade! O cristianismo depende inteiramente da ressurreição, porque ela confirma todo o restante do grande plano da salvação. Se a ressurreição pode ser provada, conseqüentemente os evangelhos que contam a vida de Jesus são exatos. Podemos então confiar na Bíblia e no “poder da cruz” enfrentando a morte e a eternidade com confiança. Mas, se a ressurreição é uma fraude, então não há esperança! A humanidade continua perdida. O Dr. Wilbur Smith resume a importância da ressurreição para o cristianismo, mostrando como ele depende totalmente deste único acontecimento: Seja qual for a convicção que se tenha a respeito da ressurreição de nosso Senhor, todos admitem que se tal acontecimento for eliminado dos textos do Novo Testamento, todo o registro se torna extremamente confuso. Isto seria não somente negar certas palavras de nosso Senhor em seus ensinamentos, mas também repudiar muitas acusações feitas contra Ele por seus inimigos; seria fazer do final da vida de nosso Senhor uma simples tragédia. Seria deixar inexplicável e sem razão a formação de nossa igreja cristã. Seria deixar-nos sem registros confiáveis das mensagens apostólicas do primeiro século. Seria fazer da conversão e convicção do apóstolo Paulo o maior enigma da humanidade. Sem a ressurreição, não temos idéia de como terminou a vida de Jesus na terra; não sabemos por que os apóstolos começaram a pregar; não entendemos como o apóstolo Paulo foi convencido desse fato; não sabemos por que aguarda do sábado foi transferida para o domingo; não sabemos como a igreja cristã se formou. Se admitirmos a ressurreição, os temas admiráveis do Novo Testamento se tornam razoáveis, e as narrativas, lógicas. Sem a ressurreição não temos nada além de argumentos e de uma ética sem fundamento. E permaneceremos os mais miseráveis de todos os homens. Qualquer que seja a nossa opinião sobre esse fato, devemos ao menos admitir que ele é parte intrínseca do Novo Testamento, à espera de nossa cuidadosa investigação. Os Céticos Compreendem a Importância da ressurreição No começo deste século, um dos mais destacados racionalistas do mundo escreveu um livro sobre Jesus, incluído na famosa série História da Civilização, publicada em inglês em 1935. O Dr. Charles Guignebert foi professor de História do cristianismo na Sorbonne (considerada pelo Dr. Wilbur Smith “a escola mais importante de toda a França”), e também membro da “Associação da Imprensa Racionalista da Grã-Bretanha”, que incluía John Dewey, Julian Huxley, Bertrand Russell e H. G. Wells. Ninguém ali era defensor do cristianismo! Guignebert rejeitava totalmente a idéia da ressurreição de Cristo, e também todos os milagres do Novo Testamento. Mas no final de seu livro ele sentiu-se forçado a fazer a seguinte confissão: Não haveria cristianismo se a crença na ressurreição não tivesse sido estabelecida e sistematizada... toda a soteriologia (doutrina da salvação) assim como as doutrinas essenciais do cristianismo repousam sobre a crença na ressurreição. Na primeira página de qualquer comentário sobre esse dogma cristão poderia ser usado como lema a declaração de Paulo: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa fé...” (1 Co 15.14). Do ponto de vista estritamente histórico, a importância da crença na ressurreição não é provavelmente menor... Através dessa crença, a fé em Jesus e em sua missão tornou-se o elemento fundamental de uma nova religião que, depois de separar-se do judaísmo, tornou-se seu ferrenho opositor e partiu para conquistar o mundo. David Strauss foi outro cético feroz que admitiu ser a ressurreição a “pedra de toque não somente da vida de Jesus, mas do próprio cristianismo, sendo decisiva para a compreensão total do cristianismo”. Qualquer pessoa que conheça um pouco do cristianismo sabe que ele depende da aceitação da ressurreição como um fato verdadeiro. Se os céticos, racionalistas e ateus pudessem destruir a crença na ressurreição, poderiam destruir o cristianismo. Eis por que tantos “estudiosos” racionalistas se dispuseram a atacá-la. Entretanto, seus ataques geralmente provam ser uma bênção para aqueles que buscam a verdade, pois forçam os pensadores cristãos a responder aos seus argumentos e obter provas de que Jesus certamente ressuscitou dentre os mortos. Um dos maiores dilemas dos céticos é a necessidade de explicar o cristianismo negando a divindade e a ressurreição de Jesus. Simplesmente não há como apresentar o argumento de que um simples carpinteiro judeu surgiu em cena há dois mil anos e acendeu a chama espiritual que transformou as vidas de bilhões de pessoas, sem o toque sobrenatural tanto de sua vida como de sua ressurreição. Até aqui, suas tentativas são tão patéticas que é mais difícil aceitar suas sugestões do que a história real. Um estudioso da Bíblia que escreveu um livro em resposta às conclusões do Seminário Jesus viu-se diante deste dilema: Mesmo o crítico mais cético deve demonstrar que algum misterioso X promove a ação. Mas que X é este? A pessoa, a vida, a morte e a ressurreição do corpo fazem com que X não somente faça o cristianismo avançar, mas o mantém vivo por dois mil anos. A ressurreição de Jesus é, portanto, a explicação mais plausível para a origem do cristianismo. Eu acrescentaria ainda que é a única explicação — e digna de toda confiança. A Evidência É Esmagadora A evidenciada ressurreição de Cristo tem um poder esmagador. Não temos de “apenas crer”. Podemos olhar para esta importante doutrina através dos olhos da Escritura, da razão e da lógica, e ainda assim concluir que Jesus de Nazaré, uma conhecida figura da história, não somente morreu na cruz, mas também ressuscitou, provando ser Ele indubitavelmente o Messias e Salvador do mundo. Esta evidência é tão forte que estou convencido de que, a menos que você simplesmente “não queira crer” (seguindo o exemplo de alguns dos judeus da época de Jesus) ou tenha preconceito contra Ele (como os racionalistas, céticos e ateus), você aceitará o fato de que Jesus Cristo realmente ressuscitou. Depois de muitos anos de pesquisa, fiquei convencido de que a evidência é tão conclusiva que somente um preconceito arraigado, um espírito rebelde ou falta de conhecimento da verdade impedem que homens e mulheres creiam. Aqueles que querem destruir nossa fé na ressurreição estão diante de problemas insuperáveis. Primeiro, não podem contradizer a esmagadora evidência em favor da ressurreição. Segundo, não podem explicar a existência do cristianismo ou a permanência da mensagem de Cristo até hoje sem ela. A ironia é que muitas dessas “objeções clássicas” (que vamos examinar nos dois capítulos seguintes) são facilmente contestadas, enquanto que as alternativas que oferecem são comparativamente ridículas. Os céticos ainda precisam provar suas teorias, pois nenhuma até agora conseguiu explicar a força e o poder do cristianismo, que continua avançando quase dois mil anos depois de sua fundação. O Corpo Ressurreto de Cristo, Realmente de Carne e Osso É preciso esclarecer que quando falamos sobre o Cristo ressurreto, temos em mente um corpo real. Alguns céticos, incapazes de contradizer a ressurreição, alegam que se tratou apenas de uma “ressurreição espiritual”. Ou, como um pastor bastante liberal me disse (tirando a idéia dos céticos racionalistas): “É claro que creio na ressurreição de Cristo! Eu creio que Ele ressurgiu em espírito.” Isto não é apenas falso, é uma blasfêmia! Jesus ressuscitou fisicamente, como prometera. Uma ressurreição espiritual não teria deixado ninguém impressionado. Um espírito não pode andar, falar e comer como Jesus fez com os dois discípulos na estrada de Emaús. Nem dizer ao incrédulo Tome: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente” (João 20.27). Não sabemos se Tome tocou o corpo de Cristo, mas você pode estar seguro de que um Jesus “em espírito” não o teria inspirado a crer instantaneamente; mas um Cristo fisicamente ressurreto teria. E certamente foi este encontro com o Cristo de carne e osso que inspirou Tomé a ir diretamente à Índia para pregar o evangelho de seu Senhor ressurreto e mais tarde se transformar em um mártir. Nenhum Cristo em espírito teria inspirado tal motivação ou sacrifício. Foi um Cristo fisicamente ressurreto que preparou o peixe para os discípulos, comendo com eles. Somente um Cristo fisicamente ressurreto podia dizer aos seus desconfiados discípulos: “Por que estais perturbados? e por que sobem dúvidas aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo: apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24.38-39). Como o Dr. Smith sabiamente escreveu: Não é possível existir uma “ressurreição em espírito “ Ressurreição significa ser levantado novamente. O espírito nunca tem de ser levantado outra vez da sepultura, porque ele nunca entra na sepultura; um espírito não conhece a ressurreição dentre os mortos, porque um espírito nunca morre! O Novo Testamento insiste continuamente que um CORPO foi colocado no sepulcro, portanto foi um corpo que saiu do sepulcro... é um absoluto contra-senso crer em uma ressurreição ESPIRITUAL de Cristo. Não existe tal coisa. Se fosse um espírito que tivesse ressuscitado, não haveria qualquer sentido em insistir no terceiro dia. Um espírito pode manifestar-se a qualquer momento após a morte. Que Espécie de Corpo Era o Dele? O corpo ressurreto de Cristo era, certamente, diferente do que Ele possuía antes de morrer. O anterior era um corpo humano comum, de sorte que Ele “provasse a morte por todo homem” (Hebreus 2.9). O corpo após a ressurreição era obviamente diverso, pois apresentava características distintas; mas era ainda um corpo físico. Antes da crucificação não temos nenhuma referência sobre sua capacidade de atravessar portas fechadas ou paredes para ir de um lugar a outro. Depois da ressurreição, contudo, Ele podia fazer essas coisas. Embora seu corpo ressurreto fosse capaz de “manejar” e “tocar”, era sobrenatural o bastante para não se sujeitar às limitações de tempo ou espaço. Era semelhante ao corpo que todos os cristãos terão na ressurreição, como o apóstolo Paulo escreveu: Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e em que corpo vêm? Insensatos! o que semeias não nasce, se primeiro não morrer; e quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo, ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada uma das sementes o seu corpo apropriado. Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra a dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais e outra a dos terrestres... Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção... Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdara incorrupção. Eis que vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, em um momento, em um abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita “Tragada foi a morte pela vitória.” (1 Co 15.35-40,42,50-54) O corpo do Cristo crucificado foi sepultado no túmulo novo de José de Arimatéia, cumprindo a profecia do Velho Testamento. Ele ressuscitou no terceiro dia em um “corpo incorruptível” que era sobrenaturalmente físico. É por isso que os discípulos podiam falar, caminhar e comer com Ele. E foi por aquele Cristo ressurreto que todos eles deram suas vidas. O Último Sinal de Sua Divindade No transcurso de sua vida na terra Jesus foi importunado por indivíduos que diziam: “Mestre, queremos ver um dos teus sinais.” Jesus tinha realizado muitos sinais e milagres, mas, no decorrer desses três anos, eles ficaram condicionados pelos seus milagres; esperavam por eles e se baseavam neles para crer em seu poder divino. Não admira que Ele os tenha acusado de “geração adúltera e perversa” por pedirem um “sinal” incontestável para que se apagassem de uma vez por todas as dúvidas sobre sua verdadeira identidade. Depois de repreender o ceticismo dessas pessoas, Ele lhes respondeu: “Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque, assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mateus 12.39-40). Jesus escolheu aqui um dos milagres mais incríveis do Velho Testamento, bem conhecido dos seus ouvintes. Todos conheciam a história de Jonas, o profeta rebelde que foi engolido por um grande monstro marinho e vomitado à beira-mar depois de três dias. O fato de um peixe gigantesco engolir um homem não era propriamente um milagre; isto tem acontecido várias vezes ao longo da história. O milagre está no fato de o profeta ter sobrevivido no interior do monstro. De certo modo, Jonas foi ressuscitado para cumprir a missão que Deus tinha dado a ele. Jesus usou uma verdade conhecida (a experiência de Jonas) para ilustrar um acontecimento futuro (que Ele seria sepultado e ressurgiria no terceiro dia), de maneira que quando isso acontecesse, eles se lembrassem de suas palavras. A ressurreição não é apenas o maior de todos os sinais da divindade de Jesus; é o último sinal de sua vida na terra, suficiente para convencer-nos de que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus. Se Jesus não tivesse ressuscitado corporalmente, esta seria uma profecia falsa. Somente a ressurreição de Jesus, mencionada em todos os evangelhos, pode resolver este dilema. O apóstolo Paulo reconheceu a importância da ressurreição corpórea de Jesus ao escrever: Com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi, e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor. (Rm 1.3,4) Esse acontecimento foi tão poderoso que constitui o próprio fundamento do evangelho e a essência da fé salvadora. Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. (1 Co 15.3-4) A morte, sepultamento e ressurreição de Cristo são essenciais ao evangelho. Através da crença e da confissão desses fatos é que obtemos a salvação: “Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Romanos 10.9-10). Podemos dizer que o mínimo necessário para tornar-se um verdadeiro cristão é crer na “morte de Cristo pelos nossos pecados, no sepultamento de seu corpo em um sepulcro, e em sua ressurreição corpórea. O apóstolo Paulo também considerou essa crença fundamental para sermos incluídos na segunda vinda de Cristo, quando Ele vier para sua igreja — ‘Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem [os que morrerem em Cristo]’” (1 Tessalonicenses 4.14). A salvação não exige que a pessoa obedeça ou creia nas tradições da igreja, ou mesmo nos milagres de Jesus (importantes como são). Mas é preciso, sim, que creiamos na ressurreição. Podemos afirmar com toda certeza que nenhuma pessoa que se recusa a crer na ressurreição de Cristo pode ser salva. A Importância da ressurreição É praticamente impossível exagerar a importância da ressurreição de Jesus Cristo. Vamos examinar a seguir algumas das razões para isso. 1. Ela cumpre as profecias sobre Jesus O Velho Testamento ensina que, se um profeta anunciasse uma profecia que não se realizasse, ele seria considerado um falso profeta, devendo ser apedrejado até. (Veja Deuteronômio 18.20-22) (É uma tranqüilidade para os profetas de hoje que essa prática não mais se aplique.) Jesus mencionou tantas vezes durante seu ministério que iria ressuscitar, que seria um grande impostor se isso não acontecesse, como prometera, três dias após seu sepultamento. Observe cuidadosamente as seguintes previsões feitas por Jesus de que ressuscitaria: A. Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra. Mateus 12.40 B. Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser escarneci do, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressurgirá Mateus 20.18-19 C. É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e no terceiro dia ressuscite. Lucas 9.22 D. Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai. João 10.17-18 E. “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei. Replicaram os judeus: “Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás?”Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus. João 2.19-22 F. Então advertiu os discípulos de que a ninguém dissessem ser ele o Cristo. Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrara seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia. Mateus 16.20-21 G. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia. Mateus 26.32 Estas sete profecias deixam claro que Jesus não ressuscitou no último minuto, para escapar de uma situação difícil; este era o seu plano desde o início. Na verdade, Ele fez desse acontecimento a prova número um de sua identidade divina. Não foi a crucificação que abriu os olhos dos discípulos, foi sua ressurreição. Estas profecias feitas por Jesus sobre sua morte e ressurreição iminentes oferecem uma prova convincente de que Ele não era um falso profeta. Até o anjo reconheceu isto quando, no domingo da ressurreição, encontrou as mulheres que retornavam do sepulcro aonde tinham ido para embalsamar o corpo de Jesus: “Ele não está aqui: ressuscitou, como havia dito” A ressurreição é um acontecimento amplamente comprovado na vida de Cristo, sendo essencial para explicar a existência do cristianismo hoje. Jesus não somente ressuscitou; Ele fez exatamente “como havia dito”. 2. O Velho Testamento prenunciou que o Messias se levantaria dentre os mortos Muitas profecias do Velho Testamento relativas ao sofrimento do Messias-Salvador também falam sobre o que aconteceria com Ele no futuro (p.ex., Isaías 53). Estes textos não mencionam expressamente a ressurreição, mas sem ela não seria possível o cumprimento das ocorrências futuras que predisseram. Um dos salmos de Davi trata deste importante acontecimento: “Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Salmo 16.9-10). A quem se refere esta profecia? Em vista do seu passado adúltero, dificilmente Davi se referiria a si mesmo como “teu Santo”. Ele devia ter em mente por certo alguém muito superior a si mesmo. Pedro esclareceu-nos sobre essa passagem quando citou-a em seu vigoroso sermão no dia de Pentecoste, inspirado pelo Espírito Santo. Ele disse claramente que Davi não estava falando de si mesmo, mas de Jesus, a quem “Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas” (Atos 2.32). Pedro disse aos seus ouvintes judeus que eles tinham crucificado o Messias, mas eles podiam ter esperança, pois Deus havia ressuscitado seu Filho dentre os mortos. Então, “Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: ‘Que faremos, irmãos?”‘ O apóstolo explicou que eles deveriam arrepender-se individualmente “e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38). Três mil almas aceitaram esta oferta de salvação e foram acrescentadas à igreja naquele dia. A mensagem central de Pedro foi que Jesus, o Messias, tinha sido crucificado pelos pecados de todos eles, de acordo com os profetas do Velho Testamento, mas que “Deus o ressuscitou dentre os mortos”. Novamente somos confrontados com a importância da ressurreição, pois ela não somente cumpre a profecia do Velho Testamento, mas representa o próprio fundamento do evangelho e da igreja. 3. A ressurreição de Jesus era a mensagem central do evangelho pregado pela igreja primitiva e continua sendo a doutrina fundamental da Bíblia para a igreja atual Os membros da igreja primitiva acreditavam que seu principal objetivo era proclamar a ressurreição do Salvador. Atos 1 relata que, depois que o traidor Judas Iscariotes se enforcou, aqueles primeiros cristãos foram guiados pelo Espírito Santo para escolher alguém para substituí-lo. O escolhido deveria ser alguém que acompanhou o ministério de Jesus e testemunhou sua ressurreição. Observe que a Escritura nos diz quais são os requisitos para o substituto de Judas: “E necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até o dia em que dentre nós foi elevado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição” (Atos 1.21-22). Os candidatos deveriam ter um conhecimento pessoal da vida de Jesus, de seus ensinos, ministério e ressurreição. Pedro considerava que o testemunho da ressurreição era a mais importante tarefa da igreja primitiva. O segundo sermão de Pedro depois do dia de Pentecoste é tão instrutivo como o primeiro. A caminho do templo para orar, Pedro e João curaram um aleijado em nome do Jesus Cristo ressurreto. Pedro, aproveitando a oportunidade de falar à grande multidão que acorreu para constatar o milagre, lembrou-lhes que Moisés tinha predito que Deus enviaria um profeta como ele, Moisés, e que Jesus tinha sido esse profeta — mas eles o crucificaram. Ele concluiu dizendo: “Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte das suas perversidades” (Atos 3.26). Novamente a ressurreição é o ponto central de sua mensagem. Este fato não sensibilizou os líderes religiosos. Eles odiavam os discípulos por pregarem a ressurreição de Cristo. Atos 4 nos diz que o sumo sacerdote e outros líderes religiosos reuniram os discípulos e perguntaram: “Com que poder, ou em nome de quem fizestes isto?” Ao que Pedro respondeu: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos.” E em seguida o identificou como “a pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular... e não há salvação em nenhum outro” (Atos 4.7-12). E assim ocorre em todo o livro de Atos. Quer se refira à primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé, ou à segunda viagem de Paulo e Silas, o tema é sempre o mesmo: a ressurreição de Jesus Cristo, o ponto central de toda pregação. Mais tarde, pregando no Areópago em Atenas, na Grécia — o centro da cultura secular na época —, Paulo também anunciou a ressurreição de Jesus. É interessante que os atenienses, precursores dos raciona-listas do século dezessete, zombaram de Paulo quando ele mencionou a ressurreição. Não porque ela não fosse verdadeira, nem tampouco porque tinham constatado sua evidência. Eles rejeitaram a ressurreição por causa de seu preconceito em aceitar a existência de um Deus pessoal que realizasse milagres. E a ressurreição é certamente um milagre! Uma coisa é certa: a ressurreição corpórea de Jesus era a mensagem central da igreja do primeiro século. Ela foi também o que deu alento aos corações dos crentes durante os dois primeiros séculos, mesmo depois da morte das testemunhas oculares. O resultado? O cristianismo tornou-se a religião predominante no império romano em 312 d.C. A crença na ressurreição permaneceu tanto no ramo oriental como no ocidental da igreja a partir de então. Ela foi a doutrina essencial dos reformadores protestantes e é a mensagem central das igrejas que hoje pregam a Bíblia. Atualmente, a ocorrência de um fenômeno incomum ilustra o poder da ressurreição. Durante as cinco últimas décadas, apesar do avanço da filosofia humanista em nossas escolas e universidades, temos assistido a um crescimento inacreditável das igrejas, tanto em tamanho como em número. Há cinqüenta anos, uma igreja com mil membros era considerada enorme. Hoje muitas igrejas possuem três, dez e até mesmo vinte mil membros. E isto não se limita a uma única denominação. As super-igrejas existem entre batistas, presbiterianos, luteranos, metodistas, independentes, carismáticos, e outros. O que elas têm em comum? Uma crença intensa na ressurreição física de Jesus Cristo, exatamente como os nossos antepassados de dois mil anos atrás, começando pelas testemunhas oculares do Cristo ressurreto. Céticos e descrentes são confrontados pelo grande número de testemunhas, favoráveis ou não, do fato histórico da ressurreição de Jesus, além de todas aquelas pessoas que morreram por acreditarem na mensagem dos evangelhos. Se a consistência do testemunho significa alguma coisa, toda a evidência favorece a crença na ressurreição. 4. Todas as principais doutrinas da fé cristã dependem da ressurreição corpórea de Jesus Se fosse possível remover da fé cristã a pedra fundamental da ressurreição, toda a igreja afundaria na areia movediça do esquecimento, pois as doutrinas cristãs básicas dependem da ressurreição. Não temos tempo nem espaço para examinar todas elas, mas usaremos a seguir seis importantes doutrinas como exemplo. A. A salvação pela fé depende da ressurreição Em 1 Coríntios 15.3-4, o apóstolo Paulo baseou a mensagem do evangelho no fato da ressurreição. No versículo 14 ele diz que “se Cristo não ressuscitou, é vã [fútil] a nossa pregação”. No versículo 17 ele afirma: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé.. .e ainda permaneceis nos vossos pecados!1’ (ênfase do autor). B. A doutrina que diz que temos um advogado, um intercessor diante do Pai, dia e noite, depende da ressurreição Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de continuar; este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Com efeito nos convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, efeito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. (Hb 7.23-27) Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro, (1 Jo 2.1-2) Os cristãos não são perfeitos. Mesmo depois de salvos pela fé pecamos ocasionalmente. Em tais circunstâncias precisamos de um intercessor ou advogado que se coloque diante de Deus em nosso lugar. A razão de termos alguém operando em nosso favor é que Ele é o “Cristo vivo” — e isto só se tornou possível por meio da ressurreição. C. Nossa justificação perante Deus e o gozo da “paz com Deus” são dependentes da ressurreição O apóstolo Paulo usou Abraão como exemplo de fé. Por causa da fé do patriarca, o Senhor lhe atribuiu a “justiça de Deus”, “e não somente por causa dele... mas também por nossa causa”. Esta justiça também será imputada [atribuída] “a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação. Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 4.24-5.1). A necessidade de “justificação perante Deus” para prover-nos a “justiça de Deus”, que produz a “paz com Deus” que todo crente tanto deseja, baseia-se no fato de que Deus “ressuscitou dentre os mortos a Jesus Cristo nosso Senhor” (Romanos 4.24). Paulo deixou muito claro que estas preciosas doutrinas são dependentes da ressurreição corpórea de Jesus. D. A promessa da segunda vinda é predita com base na ressurreição. Leia esses dois versículos sobre a segunda vinda: Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas. (Fp 3.20-21) Observe que é o Cristo vivo quem vai retornar para sua igreja. Um Cristo morto, cujo corpo repousasse em alguma sepultura escondida em Jerusalém ou perto dali, não salvaria ninguém. Ele seria impotente para voltar da glória e nos levar para estarmos com Ele “na casa de meu Pai”. Mas, e um Cristo ressurreto? Bem, isso é outra coisa! Considerando que Ele vive para sempre, Ele é mais do que capaz de retornar e levar-nos consigo. E. O julgamento final depende da ressurreição Em seu grande sermão no Areópago, Paulo ligou intencionalmente o julgamento à ressurreição. Agora Deus “notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17.30-31). A ressurreição de Cristo garante o julgamento futuro para todos os homens. Creio que é este fato que leva muitos céticos a tentar destruir a crença na ressurreição. Eles geralmente parecem impelidos mais pelo medo do que pelas evidências. Francamente, não os censuro. A realidade de enfrentar o Cristo vivo no dia do julgamento — sabendo que você recusou-se a acreditar em sua ressurreição — deixaria em pânico qualquer pessoa normal. E A “bendita esperança” da igreja de que Cristo nos ressuscitará e também a nossos entes queridos depende da ressurreição física dele Se Cristo não ressuscitou, não somente nossa fé é em vão, mas “os que dormiram em Cristo pereceram” (1 Coríntios 15.18). Quando o evangelista Billy Graham pregou no funeral do ex-presidente Richard Nixon para uma platéia de mais de 250 milhões de pessoas que o assistiam através de uma rede internacional de televisão, ele citou “a bendita esperança” da fé cristã mencionada nesta passagem da Escritura. Por quê? Por que ele não citou algum poeta, filósofo ou místico da moda? Porque ele sabia que eles nada têm a oferecer sobre a vida após o túmulo. A verdadeira razão de Billy Graham ter usado este texto é que ele representa a única esperança do mundo com respeito à vida depois da morte. Em meus trinta e três anos de ministério dirigi centenas de funerais. Em todos eles usei esta promessa e outras similares na Bíblia sobre a ressurreição final do corpo. Por quê? Porque ela é verdadeira, porque ela está baseada na ressurreição de Jesus! Não existe alternativa para isso. Nada sequer se aproxima disto. Há alguns anos participei de um debate com um famoso professor de filosofia da Universidade da Califórnia - Los Angeles, que era também membro da American Humanist Association. O debate aconteceu em uma das convenções anuais daquele grupo. Durante o intervalo, esse professor disse-me que sua maior alegria era conseguir mudar as convicções dos estudantes em suas aulas. Ele se orgulhava ao contar a respeito de um jovem que se matriculou na UCLA com a intenção de ir para o Seminário Teológico de Dallas a fim de se preparar para o ministério. O professor atacou tanto as crenças bíblicas daquele estudante que ele acabou mudando de idéia. Quando me preparava para o debate, li um artigo assinado por esse professor na revista Humanist, em que comentava sobre a morte prematura de seu neto. Honestamente, fiquei pesaroso ao perceber a falta de esperança daquele homem ao relatar que, ao lado do berço da criança morta, dizia: “Meu filho, você viverá tanto quanto eu viver, porque você viverá em minha mente.” Ali estava um homem brilhante, autor de vários livros, que no momento da morte não tinha nenhuma palavra de esperança para sua família, além da lembrança do neto até que ele próprio morresse. Isso é esperança? Não, isso é tragédia! Ninguém usa palavras como essas em um funeral, onde as pessoas presentes precisam desesperadamente de esperança. Mas para os humanistas, céticos ou “ateus esclarecidos” não há esperança além desta vida. Meu amigo humanista que proferiu essas palavras tão trágicas não podia dizer nada melhor. Porque o Manifesto Humanista que ele havia assinado diz claramente que “quando você está morto, você está morto”. Fico feliz ao afirmar que a fé cristã continua defendendo o princípio de que “porque Ele vive, vós vivereis”. O poder da ressurreição futura não depende de nós, ele depende totalmente de Deus. Paulo deixou isto claro quando escreveu: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que em vós habita” (Romanos 8.11). A ressurreição de nossos corpos humanos não depende de nós, ela é inteiramente dependente de Deus. E podemos ter plena certeza de que isso irá acontecer, porque Ele ressuscitou seu Filho unigênito dentre os mortos. 5. Os rituais da Ceia do Senhor e do batismo são baseadas na ressurreição Muitas igrejas evangélicas têm somente dois rituais: o batismo (que se realiza uma vez) e a Ceia do Senhor (que é observada periodicamente). Ambos dependem da ressurreição. O próprio Cristo instituiu a Ceia do Senhor, que nos lembra a morte com a qual Ele nos salvou dos nossos pecados. Quando o Espírito de Deus inspirou o apóstolo Paulo a instruir a igreja de Corinto sobre o propósito da comunhão, ele escreveu: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais [testificais] a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Coríntios 11.26). Obviamente, sua vinda, que testificamos na ceia, depende da ressurreição. Sem ressurreição não há comunhão. O outro ritual, o batismo, é intimamente ligado à ressurreição. Ele também é um testemunho de nossa crença na morte, sepultamento e ressurreição de nosso Salvador. Paulo de novo instrui a igreja: Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos... Ora, seja morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; sabedores que havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre: a morte já não tem domínio sobre ele. (Rm 6.3-6, 8-9) O batismo, naturalmente, não salva o crente, mas o identifica publicamente com a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo. Como o apóstolo disse à igreja de Colossos, somos “sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos” (Colossenses 2.12). A ressurreição celebrada nesses rituais é que dá aos cristãos a certeza de dormir em paz cada noite, sabendo que seus pecados estão perdoados e sua ressurreição está garantida, pois seu advogado é Jesus Cristo, com quem viverão para sempre quando Ele retornar. O que poderia ser mais importante para o crente e para a igreja? Meio Evangelho Não É Evangelho D. L. Moody, o grande evangelista do século dezenove e fundador do Instituto Bíblico Moody (uma das mais antigas e fiéis escolas de preparação cristã nos Estados Unidos), designou alguns estudantes que se preparavam para o ministério, para dirigir reuniões evangelísticas por toda a cidade de Chicago. Os estudantes foram pregar sermões à noite como um meio de ganhar almas para Cristo e praticar suas pregações. Certa noite o Dr. Moody apareceu sem se anunciar em uma das reuniões para ouvir um de seus jovens pastores estreantes pregar o evangelho. O jovem pregador saiu-se bastante bem ao falar sobre a morte de Cristo na cruz pelos pecados do mundo. No final do sermão, ele anunciou que todos deveriam retornar ao local na noite seguinte, quando, então, ele “pregaria sobre a ressurreição de Cristo”. Depois da saída dos ouvintes, Moody disse: “Jovem, você não voltará amanhã à noite! Não foi o evangelho que você pregou esta noite, mas apenas a metade dele. Muitas destas pessoas não voltarão amanhã à noite e conseqüentemente ouviram somente metade do evangelho!” Então ele definiu o evangelho nas palavras de Paulo: “que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.3-4). As igrejas que deixam a ressurreição fora de sua mensagem não pregam o evangelho. A ressurreição de nosso Senhor não é uma doutrina ocasional que pode ser apresentada durante a Páscoa, e depois esquecida pelo resto do ano. Ela deve sempre ser a mensagem da igreja, porque ela é a única esperança para este mundo assolado pelo pecado. 17. A Ressurreição de Jesus Pode Ser Provada? Josh McDowell é atualmente um dos mais capacitados defensores da fé cristã, particularmente no que diz respeito à ressurreição física de Jesus de Nazaré. Josh, porém, não foi sempre um cristão; na verdade, enquanto freqüentava a faculdade, ele era um cético que se divertia fazendo de tolo qualquer cristão que ousasse fazer perguntas “erradas” na sala de aula. Ele foi um aluno brilhante, terminando seus estudos com todas as honras. Josh nasceu para ser um debatedor, um polemista, e graças ao ceticismo que predominou em sua formação e preparação, ele não resistia ao desafio lançado por alguns estudantes cristãos para que examinasse a validade do cristianismo. Ele começou achando que tudo estava a seu favor; como ele disse mais tarde, “eu não sabia que havia evidências que a pessoa podia avaliar mentalmente” para poder comprovar a posição cristã. “Como cético, aceitei o desafio para examinar intelectualmente as alegações de que Jesus Cristo era Filho de Deus, que Ele tinha sido sepultado e ressuscitado três dias depois, e que Ele pode ainda hoje mudar a vida de uma pessoa. Uma das áreas cruciais de minha pesquisa para contestar o cristianismo estava centrada na ressurreição... Surpreendentemente, não pude refutar o cristianismo, porque não conseguia explicar satisfatoriamente um acontecimento essencial na história — a ressurreição de Jesus Cristo.” Certa vez um estudante da Universidade do Uruguai perguntoulhe: “Professor McDowell, por que o senhor não pode contestar racionalmente o cristianismo?” Ele respondeu: “Por uma razão muito simples. Não sou capaz de explicar satisfatoriamente um acontecimento na história — a ressurreição de Jesus Cristo”. Josh McDowell e eu somos amigos há uns vinte e cinco anos. Participamos juntos de várias conferências ou convenções pelo país e ele falou muitas vezes em minhas igrejas em San Diego (ele morava a uns setenta quilômetros de distância). Em um domingo de Páscoa, alugamos o centro de convenções da cidade e convidamos nossas três igrejas e muitos outros que se interessaram em participar, para ouvir este ex-cético compartilhar algumas de suas fortes razões para crer na ressurreição. Ele fez mais de 580 conferências em universidades, escreveu vários livros de sucesso, incluindo clássicos como Evidência Que Reclama um Veredito, Mais Que um Carpinteiro, e O Fator ressurreição. Hoje ele dirige um ministério internacional dedicado a alcançar jovens nas universidades e escolas secundárias através da esmagadora evidência da divindade de Cristo e de sua ressurreição. Aonde quer que ele vá, lança também um desafio para se viver uma vida sexualmente pura. Milhares de pessoas estão atendendo ao seu apelo — tudo porque ele se tornou pessoalmente convencido da realidade da ressurreição corpórea de Jesus. Razões para Crer na Ressurreição A ressurreição de Jesus reúne mais evidências favoráveis do que qualquer outro acontecimento da história antiga. Tenho certeza de que você ficará convencido de que a evidência é tão incisiva quanto convincente. Mas nenhuma das evidências — exceto o retorno físico de Jesus à terra para nos mostrar as cicatrizes em seu corpo — é absoluta. Isto faz parte do plano de Deus, que exige de nós alguma dose de fé. Não a fé cega! Devemos usar o cérebro que Deus nos deu para pesar as evidências e depois então tomar uma decisão racional para aceitar o registro bíblico como verdadeiro e válido. Avalie as evidências abaixo e decida por si mesmo. 1. O túmulo vazio Todos os túmulos famosos no mundo — a Abadia de Westminster em Londres, o Túmulo de São Tome na índia, o “Túmulo do Soldado Desconhecido”, em Washington, ou os muitos outros túmulos em Israel — são famosos pelos corpos que contêm. Mas isto não acontece com o túmulo de Jesus. Ele é o único no mundo famoso pelo que não contém. Ele estava vazio na primeira manhã da Páscoa e continuou assim. O túmulo vazio é um lembrete constante da mensagem do anjo às mulheres: “Ele não está aqui: ressuscitou, como havia dito.” O significado do túmulo vazio não deve ser subestimado. Este fato foi comprovado tanto por seus amigos como por seus inimigos, sendo mencionado pelos quatro escritores dos evangelhos e citado por Paulo, Pedro e por outros escritores do Novo Testamento. Observe os acontecimentos narrados no texto a seguir. Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lho fosse entregue. E José, tomando o corpo, envolveu-o em um pano limpo de Unho, e o depositou no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro, se retirou. Achavam-se ali, sentadas em frente da sepultura, Maria Madalena e a outra Maria. (Mt 27.57-61) Teria sido impossível incentivar as pessoas a adorar um Salvador “ressurreto” se o seu corpo ainda estivesse no túmulo! Os discípulos podiam ter disfarçado a decepção por algum tempo mudando-se para uma cidade centenas de quilômetros distante do lugar em que tudo aconteceu. Mas não foi o que eles fizeram. Eles começaram imediatamente a pregar lá mesmo, em Jerusalém, que Jesus havia ressuscitado. E usaram o túmulo vazio como “prova número 1”, o primeiro documento da evidência. Você Pode Acreditar no Relato dos Amigos de Jesus Muitos dos que testemunharam o túmulo vazio eram amigos de Jesus. Eles foram os primeiros a anunciar a sua ressurreição. Todos eles encontraram o túmulo vazio, assim como as duas Marias que chegaram ao túmulo e encontraram a pedra removida. Observe o relato das seguintes testemunhas oculares: O ANJO: “Ele não está aqui: ressuscitou, como havia dito. Vinde ver onde ele jazia.” (Mateus 28.6) MARIA MADALENA: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.” (João 20.15) PEDRO E JOÃO: Depois de Pedro e João ouvirem as mulheres dizer: “Tiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde opuseram “, saíram ambos e foram ao sepulcro. “Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo João] correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o, entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado em um lugar aparte.” (João 20.3-7) Você Pode Crer no Testemunho dos Inimigos de Jesus Todos sabem que os líderes religiosos dos judeus eram inimigos de Jesus. Foram eles que forçaram Pilatos a crucificá-lo. Em conseqüência disso, depois que Jesus ressuscitou, ... alguns da guarda foram à cidade e contaram aos principais sacerdotes tudo o que sucedera. Reunindose eles em conselho com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados, recomendando-lhes que dissessem: “Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram, enquanto dormíamos.” Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança. Eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje. (Mt 28.11-15) Cito esta passagem para mostrar como os soldados romanos e os líderes judeus se defrontaram com o túmulo vazio e o desaparecimento do corpo de Jesus. Os soldados estavam aterrorizados — como não podiam deixar de estar, pois era costume romano que, quando um guarda perdia um prisioneiro, deveria tomar o lugar dele. Ser crucificado e sepultado no túmulo de Jesus não era nada desejável! Quando os líderes judeus foram notificados do túmulo vazio e do desaparecimento do corpo de Jesus, eles nada podiam fazer para substituí-lo! Você pode estar certo de que eles teriam apresentado o corpo de Jesus, se estivesse com eles. Como isso não era possível, então forjaram esta mentira de que os discípulos levaram seu corpo. Eles chegaram a recorrer a suborno e promessas de proteção para tornar a história aceitável. Esses homens fizeram um bom trabalho ao espalhar este rumor, pois, como Mateus escreveu — “Esta versão divulgou-se entre os judeus até o dia de hoje” (cerca de trinta anos depois dos acontecimentos). Em outras palavras, depois de trinta anos, eles ainda não tinham descoberto o corpo de Jesus! O túmulo estava vazio porque tinha de estar vazio — exatamente como você esperaria depois que uma pessoa ressuscitasse dentre os mortos. Se ao Menos Eles Tivessem o Corpo de Jesus! Se os líderes tivessem o corpo de Jesus, eles o teriam exibido muitas vezes durante os trinta anos após a crucificação. No dia de Pentecoste, depois do sermão inspirado de Pedro, eles viram milhares de judeus aceitando o Cristo ressurreto. Se eles fossem capazes de mostrar o corpo de Jesus, todos esses novos convertidos voltariam às suas sinagogas e o cristianismo teria morrido ali mesmo. Por que isto não aconteceu? Simplesmente porque eles não tinham o corpo! Gamaliel foi um líder dos judeus admirado pelos cristãos durante quase dois milênios por ter agido de maneira equilibrada e racional. No calor da batalha pelas almas de homens e mulheres, a pregação de Pedro inspirou milhares a se converterem — mas inflamou o ódio dos inimigos de Jesus. Eles ficaram tão furiosos que discutiam como matar Pedro e os outros discípulos: Mas, levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo, mandou retirar os homens, por um pouco, e lhes disse: “Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque antes destes dias se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao que se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada.” (At 5.34-36) A seguir, esse mesmo fariseu mencionou outro caso que resultou em total fracasso. E, por fim, acrescentou: “Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixaios; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus.” (Atos 5.38-39) Não sabemos se este fariseu imparcial chegou a tornar-se um cristão, mas seu conselho naquelas circunstâncias foi acertado. O crescimento imediato da igreja realmente comprovou o fato da ressurreição. Mas a meu ver, nada disso teria sido necessário se o corpo de Jesus pudesse ter sido exibido. Isso, porém, era impossível, porque Jesus “ressuscitou, como havia dito”. Josh McDowell acrescenta algumas interessantes considerações sobre este ponto. Justino Mártir em seu Diálogo com Trifo relata que as autoridades de Jerusalém enviaram representantes especiais por toda a região do mediterrâneo, afim de contradizerem a história do túmulo vazio com a explicação de que seus seguidores roubaram o corpo. Porque as autoridades judaicas subornariam a guarda romana e divulgariam a explicação do “corpo roubado “ se o túmulo estivesse ocupado? O historiador Ron Sider concluiu que: “Se os cristãos e seus opositores judeus concordavam que o túmulo estava vazio, temos pouca escolha a não ser aceitar o túmulo vazio como fato histórico. “John Warwick Montgomery, deão da Escola de Direito Simon Greenleaf, em Anaheim, Califórnia, disse: “É difícil de acreditar que os primeiros cristãos pudessem ter fabricado tal história para então a divulgar entre aqueles que podiam refutá-la com facilidade, simplesmente apresentando o corpo de Jesus.” O Dr. Paul Althaus, da Universidade de Erlangen, Alemanha, afirmou: “O relato da ressurreição poderia não ter sido mantido em Jerusalém por um único dia, se o túmulo vazio não fosse realmente um fato comprovado”. Tom Anderson, ex-presidente da Califórnia Trial Lawyers Association e co-autor do Manual Básico de Advocacia da Association of Trial Lawyers of America, afirma: Admitamos que Cristo não ressuscitou. Admitamos que os relatos escritos de seus aparecimentos a centenas de pessoas sejam falsos. Quero formular uma questão. Com um acontecimento tão bem divulgado, não seria razoável que um historiador, uma testemunha ocular ou um antagonista tivesse registrado que ele tinha visto o corpo de Cristo? “Ouçam, eu vi aquele túmulo — ele não estava vazio! Olhe, eu estive lá, Cristo não ressuscitou. Na verdade, eu vi o corpo de Cristo.” O silêncio da história é a maior prova quando se trata do testemunho contra a ressurreição. 2. Quem removeu a pedra? Poucos críticos (exceto aqueles radicais como Crossan e outros do Seminário Jesus) negam que uma grande pedra foi colocada na entrada do túmulo de Jesus, que o túmulo foi selado e que uma guarda romana vigiava o local para impedir que seus amigos roubassem o corpo. Nenhum deles parece negar que a pedra foi removida, abrindo o túmulo, naquela manhã de Páscoa. A grande pergunta é: quem removeu a pedra? Não poderiam ter sido seus inimigos, pois, como vimos, eles tomaram as devidas precauções para ocultar o fato de que ela tinha sido afastada da entrada do túmulo e que o corpo de Jesus não estava lá. Além da explicação encontrada nos evangelhos, há somente duas possibilidades: 1. O próprio Jesus levantou-se e afastou a pedra; 2. As mulheres ou alguns outros amigos o fizeram. Estas duas opções são uma versão da “teoria do desmaio” ou da “teoria do ressuscitamento” (ambas são ridículas e serão analisadas no próximo capítulo). A primeira imagina um Jesus tão enfraquecido que não podia carregar sua própria cruz (como resultado dos açoites sofridos) e que, depois de ficar pregado na cruz por nove horas e ter sido considerado morto pelos soldados romanos que eram especialistas em crucificação (um dos quais cravou a ponta da lança em seu lado, de onde jorraram “sangue e água”), de repente, miraculosamente, acordou. Apesar de estar todo envolto em tiras de pano, ele desvencilhou-se delas e, sem que os guardas percebessem, pôs-se a empurrar uma pedra de duas toneladas. Isto teria sido um milagre ainda maior do que a ressurreição! A outra possibilidade é que as mulheres, apesar de terem se perguntado ao chegar: “Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo?” — apesar disso reuniram forças para abrir o túmulo. Mas, mesmo que elas conseguissem tal feito, isso não explica como elas poderiam quebrar o selo romano e fazer todo esse trabalho sem acordar os guardas sonolentos! Visitei o jardim do túmulo em Jerusalém em seis ocasiões. Embora não estivesse certo se aquele era realmente o túmulo em que Jesus foi enterrado, ele atende aos requisitos das escrituras: é um “jardim” perto do lugar da caveira em que Jesus foi crucificado, “fora do muro” da Velha Jerusalém. Mas, mesmo que não fosse exatamente aquele túmulo, ele é típico daquele período. Um sulco de dezoito a vinte e cinco centímetros era aberto no chão, desde a colina até a entrada do túmulo e, então, uma pedra era cortada da rocha, de modo que depois que o corpo fosse colocado no interior, a pedra pudesse ser rolada de cima para baixo pelo sulco até bloquear a entrada do túmulo. Remover a pedra — cujo peso estimado era de uma e meia a duas toneladas — de volta pelo sulco ascendente seria uma tarefa impossível para vinte mulheres, quanto mais para duas! Não, as mulheres não removeram a pedra. Então quem foi? Josh McDowell fez uma interessante descoberta a este respeito: No texto de Marcos 16.4 dos manuscritos Bezae, na Biblioteca de Cambridge, Inglaterra, uma afirmação em parêntese foi acrescentada: “E quando Ele foi colocado ali, ele (José) pôs contra a [entrada] do túmulo uma pedra que vinte homens não poderiam remover.” Mais tarde, eles me escreveram uma carta com os detalhes técnicos, escrevendo suas conclusões no verso, em linguagem simples. Disseram que uma pedra daquele tamanho deveria pesar no mínimo de uma e meia a duas toneladas. Não surpreende, pois, que Mateus e Marcos tenham dito que a pedra era extremamente grande. Portanto, quem moveu a pedra? A Bíblia tem uma resposta simples: “E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela” (Mateus 28.2). Todos sabemos que um anjo não teria dificuldade de remover uma pedra desse tamanho — mas isto introduz o elemento sobrenatural! E esta é exatamente a minha posição. Tanto o túmulo vazio como a pedra removida requer a inclusão do sobrenatural. Sem a ressurreição, não há explicação razoável para os detalhes. 3. As testemunhas oculares do Cristo ressurreto Por mais importantes que a pedra removida e o túmulo vazio sejam para provar a ressurreição, temos evidência ainda maior: mais de quinhentas testemunhas oculares, muitas das quais conhecemos pelo nome. Sem subestimar os fatos acima — e mesmo sendo um problema para os céticos—, a pedra removida e o túmulo vazio não transformaram ninguém. Como veremos, foi o encontro com o Cristo ressurreto que transformou as vidas daqueles primeiros cristãos. Tome estava tão cético sobre a ressurreição de Jesus que se recusou a crer, muito embora muitos de seus amigos e todos os discípulos lhe dissessem: “Vimos o Senhor”. Foi somente depois de tê-lo visto que Tome exclamou: “Senhor meu e Deus meu!” Os testemunhos daqueles que viam o Senhor ressurreto nos proporcionam uma evidência poderosa que não pode ser desprezada: Jesus realmente viveu depois de ter sido crucificado. A importância deste fato não passou despercebida ao Dr. Lucas, o cuidadoso historiador do primeiro século que disse a respeito dos discípulos: “A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus.” (Atos 1.3) Estas “provas infalíveis” são, mais do que tudo, as cerca de quinhentas pessoas que testemunharam o Cristo ressurreto. Todas elas juntas constituem uma evidência esmagadora em qualquer tribunal do mundo. Como nenhuma das narrativas do evangelho inclui todos os relatos das testemunhas oculares, não sabemos ao certo a ordem em que esses aparecimentos ocorreram. A meu ver, a melhor lista é a que se encontra logo abaixo: É geralmente aceito que o Novo Testamento registra dez aparecimentos de Jesus entre o momento de sita ressurreição, na manhã da Páscoa até a ascensão quarenta dias depois, além de seu aparecimento a Saulo, mais tarde, na estrada de Damasco. Seria melhor para nós enumerar esses aparecimentos para podermos constatar melhor seu significado 1. A algumas mulheres quando retornavam do sepulcro, depois de terem visto o anjo que lhes disse que Cristo tinha ressuscitado. (Mt 28.110) 2. A Maria Madalena perto do sepulcro, provavelmente em sua segunda visita ao local naquela manhã (Jo 20.11-18; Mc 16.9-11). 3. Ao apóstolo Pedro, antes do anoitecer do dia da ressurreição, mas em circunstâncias de que não temos detalhes (Lc 24.34; 1 Co 15.5). 4. Aos dois discípulos, Cleopas e um outro, a caminho de Emaús, na tarde do domingo da Páscoa (Mc 16.12-13; Lc 24.13-35). 5. Aos dez apóstolos, estando Tome ausente, juntamente com outros cujos nomes não são indicados, reunidos na noite do domingo da Páscoa para tomarem a refeição (Mc 16.14-18; Lc 24.36-40; Jo 20.19-23; 1 Co 15.5). 6. Uma semana mais tarde, a todos os onze apóstolos, provavelmente no mesmo lugar do aparecimento anterior (Jo 2026-28). 7. A vários discípulos no mar da Galiléia, enquanto estavam pescando, sem indicação da hora exata (Jo 21.1-23). 8. Aos apóstolos, e a mais de quinhentos irmãos, de uma única vez, na montanha indicada por Jesus na Galiléia (Mt 28.16-20; 1 Co 15.6). 9. A Tiago, em circunstâncias das quais não temos nenhuma informação (1 Co 15.7). 10. Aos apóstolos em Jerusalém, um pouco antes da ascensão no monte das Oliveiras (Mc 16.19; Lc 24.50-52; At 1.3-8). Muitas coisas devem ser observadas nesses aparecimentos. Em primeiro lugar, há uma considerável variedade de circunstâncias associadas a essas dez manifestações. Não foi a somente uma pessoa, ou grupo de pessoas, que Ele se revelou em diferentes ocasiões, nem ao mesmo tipo de pessoa. Foi para algumas mulheres, para dois discípulos na estrada de Emaús, para os apóstolos reunidos em um cenáculo e para quinhentos irmãos que se encontravam juntos no mesmo lugar. Foi para pessoas diferentes como Maria Madalena, Pedro, Tiago, João e Tome! Até os sentimentos desses grupos eram diferentes, no instante em que as manifestações foram feitas a eles: as mulheres afastavam-se rapidamente do sepulcro, com medo e grande alegria; Maria Madalena chorava fora do sepulcro; os dois discípulos conversavam, cheios de tristeza por todas as coisas que tinham acontecido; os apóstolos estavam reunidos a portas fechadas com medo dos judeus; os irmãos na Galiléia estavam reunidos em obediência à ordem de Cristo; os sete discípulos voltaram à velha ocupação como pescadores; os onze no monte das Oliveiras alegravam-se na presença de seu Senhor com a plena certeza de que era realmente Ele. (Dr. Wilbur M. Smith – The Supernaturalness of christ, Boston: W. A. Wilde Co, 1940). Assim como todos os milagres de Jesus, estes aparecimentos não foram encenações; eles ocorreram durante as atividades diárias de cada um. Isto os torna mais “infalíveis”. Não houve duas manifestações exatamente iguais. Uma foi pela manhã; outra, à tardinha. Em alguns casos Ele comeu com eles; certa vez ele cozinhou uma refeição para eles; de outra vez repetiu um milagre que tinha realizado antes de ser crucificado (isto é, a “pesca maravilhosa”). Também as reações não foram sempre as mesmas ao verem o Cristo ressurreto. Algumas pessoas quiseram “adorá-lo”; outras choraram de alegria; e todas foram transformadas pelo encontro. Alguns céticos, pelo menos mil e setecentos anos depois desses acontecimentos, tentaram nos fazer crer que todos esses aparecimentos podem ser explicados pela histeria ou alucinações coletivas. Mas que tipo de alucinação seria essa? Pessoas diferentes, por um período de quarenta dias e sob diferentes circunstâncias relataram suas experiências essencialmente da mesma forma. Nenhum outro acontecimento do passado possui tanta evidência para confirmá-lo. Como veremos no próximo capítulo, o apóstolo Paulo, o primeiro escritor do Novo Testamento, vinte anos após a ressurreição deu-nos uma lista daqueles que viram o Cristo ressurreto. Depois de mencionar “Cefas” (ou Pedro), ele escreveu: “Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora, porém alguns já dormem” (1 Coríntios 15.6). É importante notar que a maioria das pessoas que tinham visto Cristo após a ressurreição estavam ainda vivas vinte e cinco anos mais tarde, quando Paulo escreveu 1 Coríntios. Por isso, quando as narrativas do evangelho começaram a se propagar, elas teriam certamente objeções a fazer às histórias da ressurreição de Jesus, se de fato elas não fossem verdadeiras. Entretanto, nenhuma objeção jamais se levantou a este respeito. Os que primeiro negaram o túmulo vazio, a pedra removida e os testemunhos dos que comprovaram a ressurreição apareceram por volta de mil e setecentos anos depois dos acontecimentos em questão. Hoje, quase no vigésimo primeiro século da era cristã, nós temos uma decisão a tomar. A qual relato devemos dar crédito — ao das quinhentas testemunhas oculares que viveram naqueles dias, ou ao dos céticos “eruditos” que viveram mil e setecentos anos depois dos acontecimentos? Se nossa decisão baseia-se na evidência e não meramente na aversão pelo sobrenatural, há somente uma escolha: Jesus de fato ressuscitou dentre os mortos. 4. O caráter de Jesus torna fácil acreditar nele quando afirmou que ressurgiria após a morte Dificilmente alguém nega que Jesus tenha vivido uma vida santa, humilde e sacrificial. Mesmo entre aqueles que rejeitam sua divindade muitos o consideram “um grande exemplo moral”, “um caráter excelente”, “um modelo de vida a ser seguido”, ou outras expressões semelhantes. Ninguém lançou difamações ao caráter moral de Jesus, mesmo quando o cristianismo tornou-se uma ameaça a outras religiões. Na verdade, os primeiros ataques ao seu caráter ocorreram no século dezessete, quando um punhado de estudantes ateus resolveram reescrever a história para fazer parecer que Jesus tinha feito alguma coisa imoral. Isto teria ficado no esquecimento há muito tempo se um produtor moralmente pervertido de Hollywood não tivesse feito um filme blasfemo (que, por sinal, foi um desastre de bilheteria, resultando em um imenso déficit) (Filme: a Última Tentação de Cristo). É extremamente difícil a qualquer um que tenha ódio de Jesus obter algo contra sua moralidade, pois tão elevado é o seu caráter, que é reconhecido por todos os historiadores (mesmo aqueles como Thomas Jefferson, que rejeitava sua divindade mas aceitava seu caráter moral como um modelo para o comportamento moderno). Neste sentido, Jesus é uma figura singular na história. Nenhuma outra pessoa se aproxima da perfeição moral demonstrada por Ele. John R. Rice, falecido evangelista e editor do semanário Espada do Senhor, escreveu: Quem há em toda a história humana como Cristo? Sua personalidade, sua pureza moral, seu discernimento espiritual, sua sabedoria infinita, fazem dele alguém absolutamente único. Quando o comparamos com Sócrates, Buda, Maomé, Gandhi, Lenin, Shakespeare, Napoleão, Washington, Lincoln, ou Roosevelt, constatamos que não há comparação. Os sábios, a intelligentsia, os mestres do mundo são crianças perto de sua sabedoria. Seus códigos e sistemas morais são fragmentários e inadequados comparados aos ensinos de Jesus. Os heróis do mundo têm suas falhas e suas fraquezas, mas Jesus Cristo não tem nenhuma falha nem qualquer fragilidade. Ele podia ousadamente desafiar seus críticos: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46) J. Oswald Sanders escreveu: “Foi a partir da vida e ensino de Jesus que a humildade foi exaltada como a principal virtude”. Com sua vida e ensinos Jesus reescreveu as normas de conduta para o mundo inteiro no que diz respeito ao caráter, moralidade, respeito pelos outros, vida altruística e integridade. Ele exaltou a dignidade da mulher, enalteceu a maternidade, estabeleceu a necessidade de amar e proteger as crianças, sem depreciar a posição do homem. O modelo de caráter e os ensinamentos de Jesus enriquecem todos os seres humanos. Por isso, quando uma pessoa assim dedica boa parte do seu curto ministério anunciando que certamente ressurgiria após a morte, sua palavra merece crédito. Talvez apenas isto não fosse suficiente, mas quando somado a outras linhas de raciocínio expostas neste capítulo, ele é mais um argumento em favor do fato de que sustenta que “é necessário que o Cristo sofra e ressuscite dentre os mortos no terceiro dia”. Na verdade, toda a história da ressurreição, tal como se apresenta nos evangelhos, combina bem com o caráter de Deus e de Cristo. Não é conflitante com os milagres de Jesus e realmente proporcionaria um excelente clímax a seu nascimento miraculoso, vida, ministério e morte. Se um homem manifesta um caráter impecável, como fez Jesus, depois realiza milagres em benefício das pessoas, transmite ensinamentos insuperáveis, e por fim morre sacrificialmente pelos pecados como “o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”— por que devemos ficar surpresos com sua ressurreição no terceiro dia? Principalmente quando isto é exatamente o que Ele disse que tinha vindo fazer? Além disso, lembremo-nos de que o maior livro sagrado do mundo predisse que Ele faria a mesma coisa, e o fez de forma tão clara que, se Ele não fosse aquele que deveria cumprir as profecias, teríamos de procurar alguém idêntico a Ele. Não há dúvida de que a ressurreição é o clímax de toda a sua vida. 5. A ressurreição de Jesus mudou o dia de adoração Os primeiros seguidores de Jesus eram judeus. Todos sabiam que os judeus adoravam aos sábados — “o Sabbath”, porque assim estava ordenado no decálogo. O Sabbath era um constante lembrete de que em seis dias Deus criou os céus, a terra, o homem, e todos os seres viventes — e então “descansou no sétimo dia”. Deus até prometeu abençoar seu povo por não fazer qualquer trabalho no Sabbath, e darlhe prosperidade se o guardasse como um dia de descanso e adoração. Na época em que Jesus veio a este mundo, o Sabbath era o costume mais defendido em Israel. Era um sinal de que a nação adorava Jeová Deus. De fato, a causa de muitas divergências dos judeus com Jesus era o hábito do Senhor de fazer boas obras (como curar o enfermo e o aleijado) no dia de Sabbath. Portanto, a pergunta que se levanta é: por que a igreja primitiva — uma instituição exclusivamente judaica no seu início — mudou o dia de adoração para “o primeiro dia da semana”, ou domingo? Há somente uma resposta: os primeiros cristãos acreditavam que Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana. Passados quase dois mil anos, a adoração cristã é um testemunho concreto de que a igreja sempre acreditou que Jesus ressuscitou triunfalmente sobre a morte no primeiro dia da semana. Acho interessante que, embora Jesus não tivesse dado qualquer instrução aos primeiros cristãos quanto à mudança do dia de adoração, eles o adotaram assim mesmo. Eles pareciam seguir o próprio exemplo de Jesus. Ele não somente ressuscitou no primeiro dia, mas apareceu aos seus discípulos nesse dia, como também no Sabbath seguinte, quando Tome também estava presente. O apóstolo João chama-o “Dia do Senhor” (Ap 1.10) e na ocasião em que Paulo fez sua primeira viagem missionária, era costume dos cristãos se reunirem no primeiro dia da semana para adoração e estudo bíblico. Por essa razão Paulo achou fácil ir às sinagogas no Sabbath para pregar aos judeus e depois encontrar-se com os cristãos no Dia do Senhor. Já em seus dias este costume estava arraigado! Os céticos podem não gostar da idéia de que os primeiros cristãos mudaram o dia de adoração do sábado para o domingo a fim de comemorar a ressurreição de nosso Senhor no “primeiro dia da semana”, mas esta é a única explicação para esse comportamento. Nenhuma outra alternativa é viável! 6. A conversão instantânea do apóstolo João O apóstolo João parece ter sido alguém muito especial. Ele fazia parte do círculo íntimo de Jesus, juntamente com seu irmão Tiago e com Pedro. Os três viram a transfiguração de Jesus e foram convidados a acompanhá-lo para orar no Getsêmani. Entre os doze discípulos, eles eram os que estavam mais perto de Jesus. João sobreviveu a todos os outros apóstolos e era provavelmente bastante jovem quando foi chamado a seguir Jesus (alguns admitem que ele tinha apenas dezessete anos). Sabemos que ele foi extremamente fiel a Cristo durante toda sua vida e que escreveu cinco livros do Novo Testamento: o evangelho que leva seu nome; três pequenas cartas nas páginas finais do Novo Testamento; e a incrível profecia do Apocalipse. A conversão instantânea de João pode ter feito dele o primeiro a crer verdadeiramente na ressurreição, a menos que a honra caiba às duas Marias ou uma delas. Ele mesmo narrou o acontecido, logo depois de Maria Madalena ter estado no túmulo vazio e encontrado a pedra removida: Então correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: “Tiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram.” Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo, e foram ao sepulcro. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de Unho; todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado em um lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu. (Jo 20.2-8) O jovem João adiantou-se a Pedro, mas parou à entrada do sepulcro. Pedro, o discípulo afoito, chegou depois mas entrou primeiro no sepulcro. Em seguida João também entrou para ver com seus próprios olhos e imediatamente se convenceu diante do que viu. A perfeita ordem daquele túmulo vazio enviou uma mensagem para sua mente analítica de que alguma coisa sobrenatural tinha acabado de acontecer. Os panos que envolviam Jesus estavam ali e em perfeita ordem, como se estivessem envolvendo uma múmia — porém não havia nenhum corpo dentro! Todas as coisas estavam ainda intactas. Jesus não estava mais lá, mas deixou no túmulo os panos que envolviam seu corpo. João percebeu instantaneamente que a única coisa que podia causar tal milagre era a transformação do corpo morto de Jesus em um corpo novo, ressurreto, não mais sujeito ao tempo e espaço. Se o corpo de Jesus foi roubado como alguns dizem, por que os panos que envolviam seu corpo ainda estavam lá? Se isso tivesse acontecido, João, a testemunha ocular, não teria visto nada de excepcional. Mas ele não viu simplesmente uma fria laje de pedra, mas sim uma mortalha intacta, perfeita. Ele viu até o lenço da face dobrado e estendido no lugar em que repousava a cabeça do Senhor. Em perfeita ordem! Não admira que João “viu e creu”. Se nós tivéssemos estado lá, também teríamos crido! 7. A transformação das testemunhas oculares Os céticos querem nos fazer acreditar que tanto os discípulos como aqueles que viram o Cristo ressurreto eram tipos altamente sugestionáveis que podiam ser enganados por alucinação coletiva. Os fatos indicam exatamente o contrário. Marcos, o primeiro escritor dos evangelhos, conta uma história bem diferente: Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios. E, partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam. Estes, ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram. Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o campo. E, indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não deram crédito. Finalmente apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censuroulhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado. (Mc 16.9-14) Os seguidores de Jesus no início demoraram a crer. Quando Maria disse aos discípulos que o Senhor “fora visto por ela... não acreditaram”. Os dois homens a quem Lucas diz que Jesus apareceu no caminho para Emaús já tinham ouvido relatos da ressurreição, mas estavam deixando Jerusalém porque não acreditaram neles. Jesus finalmente os censurou por sua descrença e mostrou-lhes nas Escrituras como todas aquelas coisas deveriam acontecer. Eles por sua vez foram aos discípulos e contaram toda sua experiência, e, no entanto, diz Marcos que “também a estes dois eles não deram crédito” (Marcos 16.13). Depois disso, “apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado”. Isto não sugere que eles eram homens ingênuos e impressionáveis, ansiosos para crer! Lucas narra como Jesus lhes disse: “Por que estais perturbados? e por que sobem dúvidas aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” Você com certeza acharia essa prova mais do que suficiente — mas não, Ele teve ainda de mostrar-lhes suas mãos e seus pés. E para reforçar ainda mais a prova, Jesus perguntou-lhes: “Tendes aqui alguma coisa que comer?” E quando lhe deram algum alimento, Ele comeu em sua presença (Lucas 24.38-42). Evidentemente, esses homens não eram facilmente persuadidos e nem tão ávidos em acreditar, como sugerem os céticos. A notícia de sua ressurreição era boa demais para ser verdadeira. Eles viam Jesus crucificado e achavam que estava tudo acabado. Eram realmente “tardos de coração para crer”, mas finalmente chegaram à compreensão (depois de vê-lo várias vezes após a ressurreição) de que era tudo verdade. Essa verdade foi o motivo da transformação desses homens em testemunhas zelosas e corajosas da ressurreição. Convém repetir que, por mais poderosos que sejam os argumentos do túmulo vazio e da pedra removida, estes fatos não transformaram nem motivaram ninguém! Se os discípulos não tivessem realmente se encontrado com o Cristo vivo, não haveria nenhum cristianismo. Aqueles encontros não somente convenceram os seguidores de Jesus, mas transformaram-nos em testemunhas oculares dinâmicas de sua ressurreição. O livro de Atos deixa claro que a ressurreição tornouse a pedra angular da fé cristã. Ela foi pregada onde quer que o evangelho fosse anunciado e produziu a mais poderosa força motivadora na história do mundo. Em menos de trezentos anos, o testemunho dos discípulos, os seguidores de Jesus, e a igreja primitiva “viraram o mundo de ponta-cabeça”. O pequeno grupo inicial de doze pessoas cresceu para cento e vinte na ascensão de Jesus, e para três mil e, em seguida, cinco mil “homens” no dia do Pentecoste (podemos admitir um número semelhante de mulheres e crianças). Por volta de 312 d.C, o imperador Constantino declarou o cristianismo a religião oficial do estado em todo o império romano. Se sua decisão foi por razões políticas ou religiosas, isso não faz diferença. O fato importante é que em três curtos séculos o cristianismo tornou-se tão forte que transformou o cenário político e religioso. Isso não teria acontecido se aqueles primeiros cristãos não tivessem sido fortalecidos por uma crença inabalável na ressurreição de Cristo. A história confirma que os primeiros cristãos foram açoitados, presos, crucificados, mutilados, afogados, atirados aos leões, mortos pela fome, fervidos em óleo, enforcados e queimados. Provavelmente nenhum outro grupo na história tenha sido mais maltratado e humilhado pelos descrentes do que os cristãos, nem mesmo os judeus. A aceitação voluntária do martírio por esses cristãos só pode ser explicada por sua sólida crença no Cristo ressurreto. 8. A conversão do apóstolo Paulo No capítulo oito consideramos o testemunho do apóstolo Paulo em relação à divindade de Cristo. Seu testemunho sobre a ressurreição de Cristo é tão forte que faríamos bem em abordá-lo novamente. Recordemos que, antes de sua conversão, Paulo foi durante anos extremamente cético em relação ao cristianismo. Seu ódio aos cristãos fez com que ele se dedicasse arduamente a combater o cristianismo Porém algo extraordinário lhe aconteceu, mudando tudo aquilo instantaneamente. Ele próprio diz como ocorreu sua transformação ao encontrar-se com o Cristo vivo. Acompanhemos seu próprio testemunho: Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a conhecem; pois na verdade eu era conhecido deles desde o princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu... Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, contra estes, dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia. Com estes intuitos parti para Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado. Ao meio-dia... indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo. E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: “Saulo, Saulo, porque me persegues?dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões. “Então eu perguntei: “Quem és tu, Senhor? “Ao que o Senhor respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim.” Pelo que... não fui desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento. Por causa disto alguns judeus me prenderam, estando eu no templo, e tentaram matar-me. Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até o dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequeno como a grande, nada dizendo senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, anunciaria a luz ao povo e aos gentios. (At 26.4-5,9-23) Este homem cheio de ódio, que se dedicou a eliminar o cristianismo, foi de tal modo transformado por seu encontro com o Cristo vivo que se tornou um dos mais ardorosos evangelistas. Em lugar de perseguir a igreja, ele se converteu em um fundador de igrejas. Sua extraordinária transformação é algo que os céticos modernos não conseguem explicar. Se rejeitarmos a explicação que o próprio Paulo deu de sua conversão, a que podemos atribuir essa tão rápida transformação? Estava ele enlouquecido pela culpa? Os escritos de Paulo no Novo Testamento desmentem essa teoria. Entretanto, essa parece ser a única explicação possível. E o próprio Paulo comenta esta teoria tola ao defender-se perante Festo! Dizendo ele [Paulo] estas coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: “Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar.” Paulo, porém, respondeu: “Não estou louco, ó excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso; porque tudo isto é do conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas coisas lhe é oculta; porquanto nada se passou aí, nalgum recanto. (At 26.24-26) Não, Paulo não estava louco, nem por suas muitas letras nem por sua terrível culpa. Até o dia de seu martírio, ele foi uma das pessoas mais lúcidas que já andaram pela terra. E verdade que ele nunca esqueceu seus dias como perseguidor da igreja, mas nunca duvidou que tinha sido perdoado pelo fundador dessa igreja. Essa é a razão de ele ter voluntariamente dedicado sua vida para anunciar a ressurreição de Cristo. Eles Morreriam por uma Mentira? A história não deixa dúvida de que os discípulos de Jesus, nos primeiros trezentos anos depois da crucificação de seu Senhor, sofreram as mais brutais perseguições e mortes. Não obstante, dentre os “mais de quinhentos irmãos” que viram o Cristo ressurreto, não temos conhecimento de casos de deserção ou apostasia. Não temos qualquer relato de que alguém tenha mudado sua maneira de pensar. Com certeza isso não aconteceu com nenhum dos onze discípulos (não incluindo obviamente o traidor, Judas Iscariotes, que não chegou a viver para ver o Cristo ressurreto). A história nem sequer apresenta indícios de que um deles alguma vez vacilou; e nenhum negou a ressurreição de Jesus. Entretanto, com exceção de João, todos os discípulos morreram como mártires. A tradição diz que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, pois considerava-se “indigno” de ser crucificado da mesma forma que seu Senhor. Paulo, o apóstolo “nascido fora de tempo” (1 Coríntios 15.8), depois de várias e longas prisões, morreu em Roma como mártir. Tome, que tinha sido um “cético” até ver o Cristo ressurreto, levou a obra da grande comissão aos confins da índia, onde exerceu o ministério por muitos anos, sendo finalmente martirizado. (Minha esposa e eu visitamos o túmulo de São Tome, na índia, onde a tradição diz que seu corpo está enterrado. Evidências concretas das atividades de Tome foram encontradas no estado indiano de Kerala, onde ministramos em muitas igrejas cristãs ou assembléias de “irmãos”. A igreja tradicional dali é conhecida como “a igreja Mar Tomé”, recebendo este nome em honra do discípulo Tome, que acreditam foi o primeiro a levar-lhes o evangelho. Kerala é o único estado cristão de toda a índia; o restante da nação é totalmente hindu. A história diz que quando os missionários portugueses viajaram à índia no século quinze, eles aportaram em Kerala, mas encontraram o cristianismo tão forte ali que se dirigiram a outros lugares. Isto tudo indica que, embora Tome tenha iniciado sua vida de fé com alguma dúvida, terminou-a extremamente bem.) De acordo com os melhores registros, todos os discípulos, exceto o apóstolo João, morreram por causa de sua fé. Não há o menor indício de que alguém deles tenha negado sua fé. João, que sobreviveu a todos os outros discípulos da época de Jesus, pastoreou a grande igreja de Éfeso durante anos. A tradição diz que ele foi torturado em óleo fervente, mas sobreviveu e, quando estava com aproximadamente oitenta e cinco anos, foi banido para a ilha de Patmos. Foi ali que, por volta de 96 d.C, ele escreveu o último livro do Novo Testamento, o Apocalipse [a Revelação de Jesus Cristo], onde confirma sua crença na ressurreição de Jesus e em sua promessa de voltar para cumprir as profecias do Velho e do Novo Testamento sobre o seu reino futuro. A questão é: estariam esses discípulos dispostos a sofrer e morrer por uma mentira? Se de fato eles roubaram e destruíram o corpo de Jesus e, a partir daí, contaram a todas as pessoas uma mentira bem elaborada — com tanta habilidade e talento que jamais foram descobertos — e seriam capazes de morrer por causa de uma mentira que eles mesmos inventaram? Talvez até poderíamos imaginar que um ou dois deles fizessem isso — mas todos os onze? Quem consegue acreditar nisso? Alguém poderia ainda dizer que não foram os discípulos que roubaram o corpo, mas, sim que eles acreditaram em uma mentira. Eles foram simplesmente enganados sobre a ressurreição de Jesus. Acreditavam que Ele ressuscitou, mas foram enganados. Tal teoria seria tão impossível quanto a anterior. Quando a ponta de uma espada é encostada em seu pescoço e você é intimado a negar a ressurreição de Cristo ou morrer — que tipo de evidência levaria você a escolher a morte? Você poderia escapar da morte com algumas simples palavras, como: “Bem, eu realmente nunca o vi vivo. Você deve estar certo — Ele não ressuscitou”. De novo podemos achar que um ou mesmo três discípulos enganados possam dispor-se a morrer por uma crença enganosa na ressurreição de Jesus — mas todos os onze? Não é razoável supor que pelo menos um deles capitulasse e renegasse a fé quando ameaçado de morte? No entanto, nenhum deles fez isso. A única explicação possível é que, quando confrontados com a morte, os discípulos se agarravam firmemente às suas profundas convicções a respeito da ressurreição de Jesus. Se não fosse isso, o que poderia evitar que pelo menos um ou dois renunciassem à fé? No entanto, nenhum deles jamais fraquejou. Por que não? Porque eles não somente acreditavam que Jesus tinha ressuscitado, mas sabiam que isso tinha realmente acontecido. Eles falaram com ele. Eles o viram. Eles olharam enquanto Ele comia. Eles o tocaram. Eles sabiam. Essa é a razão pela qual nenhum deles jamais negou sua fé, mesmo diante do sofrimento e da morte. Não há nenhuma razão para temer a morte quando você sabe que seu Salvador a derrotou! Meu Desafio a um Cético Tempos atrás um cético, descrente da ressurreição, defendeu o argumento que acabei de expor. Após admitir, por hipótese, que dois ou três discípulos pudessem deliberadamente espalhar tal mentira de forma convincente, perguntei-lhe: “Mas eles morreriam por ela?” “Possivelmente”, disse ele, “se fossem de fato homens corajosos.” “Mas doze deles (incluindo Paulo) morreriam por uma mentira que eles mesmos espalharam, sabendo que ela é contrária à verdade? Porque a história mostra que todos se tornaram mártires, com exceção de João.” Seu rosto se iluminou, como se ele tivesse descoberto algo que seria fatal para o meu argumento. “Posso explicar isto: Esprit de corps [lealdade jurada ou pactuada]. Eles se reuniram em grupo, receberam força uns dos outros e morreram juntos!” Ele estava orgulhoso de seu argumento! “O problema dessa teoria”, repliquei, “é que nunca dois discípulos morreram juntos!” Cada um deles selou seu testemunho de que tinha visto o Cristo ressurreto com seu próprio sangue — cada um por si. Nunca dois discípulos morreram juntos! Alguns pereceram em Israel, outros na Síria, alguns em Roma, outros na Itália e na índia. Alguns acham que Pedro morreu na Babilônia, onde, já no fim de sua vida, escreveu suas epístolas. Meu amigo imediatamente percebeu o erro de sua teoria e finalmente entregou sua própria vida ao Cristo vivo, ressurreto. Amigo, podemos acreditar naquelas primeiras testemunhas oculares que declararam ter visto o corpo glorificado de Jesus três dias depois de sua crucificação, porque elas não somente mantiveram sua fé viva através de seus testemunhos e suas boas obras, mas selaram-na com seu próprio sangue. Nenhuma outra religião no mundo conseguiu acumular tantas evidências sobre a verdade de suas crenças essenciais. Jesus realmente ressuscitou. Não há nenhuma outra explicação plausível para o que aconteceu há dois mil anos. 18. Algumas Teorias Falsas Sobre a Ressurreição de Jesus Os céticos tiveram bastante tempo para desenvolver seus argumentos contra a ressurreição de Cristo — quase dois mil anos. Tiveram séculos para formular, processar e refinar suas próprias explicações sobre o que aconteceu ao corpo de Cristo depois que Ele foi crucificado. E qual foi o resultado? As teorias vulneráveis, falhas, que vamos expor e comentar a seguir são as melhores que os céticos têm a oferecer depois de quase dois milênios de reflexão. Mas, antes de falarmos deles, gostaria de citar meu orientador neste trabalho, o Dr. Wilbur M. Smith, que fez uma observação única a este respeito: Ao considerar as várias, e geralmente fantásticas, teorias que têm sido propostas de tempos em tempos para justificar racionalmente o que o Novo Testamento apresenta como um extraordinário milagre, a ressurreição de nosso Senhor, o autor gostaria de fazer uma afirmação que não consta em nenhum livro sobre a ressurreição. Ela refere-se ao fato de que durante todo o ministério de Jesus na terra e ao longo de todo o Novo Testamento, a ressurreição de Cristo foi áspera e continuamente combatida. Quando os principais sacerdotes e os fariseus disseram a Pilatos no sábado da Semana da Paixão: “Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei.’ Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos, o roubem, e depois digam ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’; e será o último embuste pior que o primeiro “ (Mt 27.63-64), eles não queriam que Jesus ressuscitasse, tomando todas as medidas possíveis para que isto não acontecesse. Este não é o modo de agir das pessoas que buscam a verdade. No domingo... quando o Sinédrio deu dinheiro aos soldados, instruindo-os para que mentissem sobre o que aconteceu, eles deram provas concretas de que, embora fossem líderes religiosos do povo judeu, não estavam buscando a verdade. Eles não queriam a verdade. Eles queriam apenas uma única coisa: impedir que o povo acreditasse que Jesus tinha ressuscitado. A igreja sempre teve controvérsias com pessoas como essas, algumas delas de suas próprias fileiras, capazes de fazer qualquer coisa para impedir que as pessoas conheçam a verdade. Ainda no início da história da igreja, lemos que os discípulos foram atacados pelos “sacerdotes, pelo capitão do templo e pelos saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos “, manifestando o ódio deles à verdade, “recolhendo os discípulos ao cárcere “ (At 4.1-22) O Dr. Smith também chamou a atenção para o fato de que o apóstolo Paulo, anos depois, quando estava em Atenas, pregou sobre a pedra angular do evangelho: a ressurreição de Jesus. Qual foi a reação daqueles filósofos humanistas gregos? Ceticismo. Alguns zombaram e alguns disseram que o ouviriam em outra oportunidade. Posteriormente, quando se defendia em Jerusalém perante o Sinédrio (do qual ele mesmo tinha sido membro antes de sua dramática conversão e da transformação de sua vida), Paulo disse: “no tocante à esperança e à ressurreição dos mortos sou julgado”. Os fariseus estavam dispostos a admitir que Jesus poderia ter ressuscitado, porque acreditavam na vida após a morte. Mas os saduceus atacaram o argumento, pois faziam parte do partido que se opunha à ressurreição — não apenas a ressurreição de Jesus, mas de qualquer pessoa. Esta é a razão por que eles hostilizavam tanto a igreja primitiva e se recusavam a aceitar as evidências. Eram piores do que o “cético” Tome, pois não creriam, mesmo que vissem alguém que tivesse ressuscitado. Tanto nos evangelhos como no livro de Atos, todos aqueles que atacaram deliberadamente a ressurreição de Cristo não fizeram esforço algum para investigar as evidências desse fato e nunca pediram aos discípulos que apresentassem provas em apoio ao que eles estavam pregando, Quando observamos a oposição à verdade da ressurreição de Cristo relatada no Novo Testamento, verificamos que esse mesmo antagonismo contra a verdade está presente até os dias de hoje. Devemos lembrar novamente que as teorias que iremos analisar adiante são as melhores que os céticos têm para apresentar depois de quase dois mil anos de reflexão. Tenha em mente também que essas teorias foram desenvolvidas não por homens que buscaram sinceramente a verdade, mas por pessoas determinadas a não acreditar na ressurreição de Cristo. Julgue por si mesmo a força desses argumentos. 1. A teoria do desmaio A velha teoria de que Jesus desmaiou temporariamente na cruz foi inventada muito antes que a ciência médica desenvolvesse uma compreensão das conseqüências devastadoras provocadas por um trauma como o que Jesus sofreu. Hoje qualquer pessoa de formação médica admitiria que, se a crucificação não tivesse matado Jesus, os panos [a mortalha] apertados contra seu corpo, o frio, a umidade, o túmulo selado [sem ventilação] e três dias sem tratamento, certamente o teriam matado. E, depois, ainda havia a enorme pedra que ele precisaria remover, enfraquecido como estava. Mas isto ainda não é o pior desta teoria. Como um Cristo debilitado e pálido [por causa da perda de sangue], que levaria semanas para se recuperar, pôde inspirar seus discípulos a ir e proclamar sua vitoriosa ressurreição? Esta idéia é tão ridícula que até mesmo o famoso cético do século dezenove, David Strauss, escreveu: É impossível que alguém semimorto, que acabou de sair do túmulo, arrastando-se devido à fraqueza, necessitando de tratamento médico, de bandagens, de medicamentos e de cuidados rigorosos, pudesse dar aos discípulos a impressão de ser Ele o vencedor sobre a morte e a sepultura — de ser Ele o Príncipe da Vida lançando o alicerce de seu futuro ministério, Uma ressurreição desse tipo poderia somente enfraquecer a impressão que Ele tinha causado aos discípulos em vida e na morte - ou no máximo poderia tentar animálos com uma voz gemida — mas não poderia de modo algum transformar o abatimento de seus discípulos em entusiasmo, ou levá-los à adoração. Nenhum evangélico, incluindo eu mesmo, poderia levantar argumento melhor contra essa teoria. No entanto, se tal impossibilidade tivesse ocorrido, eu acrescentaria um outro problema. Se Jesus tinha realmente aparecido vivo, arrastando-se para fora do túmulo, por que então, quando os judeus da época foram informados das notícias de sua ressurreição, eles não vasculharam terra e mar para prendê-lo e apresentá-lo como “prova número 1”, destruindo assim totalmente as notícias? A resposta é simples. Ele não estava lá; Ele “ressuscitou, como havia dito”! 2. As pessoas procuraram por Jesus no túmulo errado A idéia de que o corpo de Jesus foi colocado no túmulo errado, ou que as mulheres dirigiram-se ao túmulo errado é ridícula. As pessoas da época não eram tão idiotas para serem facilmente convencidas de uma ressurreição, se ela de fato não tivesse acontecido. Esse argumento faz de José de Arimatéia um mentiroso vulgar, que teria tomado parte de uma conspiração (embora John Dominic Crossan, do Seminário Jesus, diga que até mesmo José era uma ficção, um personagem inventado.De acordo com Crossan, apenas umas poucas décadas após os eventos em questão, a igreja simplesmente inventou uma figura importante ligada ao Sinédrio — semelhante a alguém hoje que inventasse uma Suprema Corte de Justiça de 1966 sem que ninguém percebesse a fraude!). José de Arimatéia certamente teria levantado um ruidoso protesto se circulasse a história de que ele tinha permitido que o túmulo da família fosse usado para enterrar o corpo de Jesus crucificado, se na realidade ele não tivesse permitido! Além disso, eles com certeza vasculhariam todos os túmulos, abrindo cada um deles até que o corpo de Jesus fosse encontrado, ainda que isso significasse remover a pedra de cada túmulo do jardim. No entanto, não há o menor indício na história de que alguém alguma vez o procurou em qualquer outro túmulo! Lembre-se de que os líderes religiosos nunca negaram que o corpo de Jesus estava desaparecido. Por que subornar os soldados romanos para que dissessem que seus discípulos vieram e roubaram o corpo, se de fato o corpo existisse? Até os judeus sabiam que o corpo de Jesus não estava mais no túmulo, razão pela qual não procuraram por ele. De qualquer modo, como as mulheres poderiam ficar confusas quanto à localização do corpo de Jesus? Mateus relata que, quando José de Arimatéia desceu o corpo de Jesus da cruz, colocou-o em seu “novo túmulo” (algumas pessoas querem nos fazer acreditar que ele não sabia onde era esse túmulo!), estando presentes Maria Madalena e a outra Maria, sentadas de frente para o túmulo. São estas as mulheres que foram ao túmulo no domingo seguinte pela manhã — é possível acreditar que elas foram ao túmulo errado? Isso seria inacreditável! Marcos nos diz que essas duas mulheres observavam quando o corpo de Jesus foi descido da cruz, ungiram-no temporariamente, revestiramno de tiras de pano para formar a mortalha, quando então [José, e certamente outros ajudantes] “o depositou em um túmulo que tinha sido aberto em uma rocha; e rolou uma pedra para a entrada do túmulo”. Então Marcos acrescenta: “Ora, Maria Madalena e Maria, mãe de José, observaram onde ele foi posto” (Marcos 15.47). E três dias depois não conseguiram localizar o túmulo? Altamente improvável. Quando meu pai morreu eu estava dominado pela tristeza. Ele foi enterrado em um cemitério com mais de quinhentas sepulturas. Você acha que tive muita dificuldade de relembrar qual delas era a sua, exatamente três dias depois do funeral? De modo algum. Sua sepultura estava fixada em minha mente para sempre — e eu tinha apenas nove anos! Posso encontrar aquele túmulo até hoje, passados cinqüenta anos. Não há como aceitar que as mulheres pudessem estar “confusas” quanto ao túmulo. (Nem era provável que os anjos estivessem confusos quanto à pedra que deveriam remover.) Sim, não há dúvida de que era o túmulo certo — e ele estava vazio! 3. Cães selvagens comeram seu corpo Os céticos da atualidade, como John Dominic Crossan, sugeriram que cães selvagens devoraram o corpo de Jesus. Crossan rejeita os relatos do evangelho de que Jesus foi colocado em um túmulo, achando mais provável que Ele tenha sido enterrado em uma cova rasa, sendo em seguida desenterrado e devorado pelos cães, de forma a consumir com o corpo. Há vários e imensos problemas com esta teoria. O primeiro deles é que essa idéia só surgiu quase dois mil anos após os acontecimentos em questão! Se esta tivesse sido uma possibilidade real, seria provável que os inimigos de Jesus a tivessem descartado? Segundo, por que os judeus teriam alegado que os discípulos de Jesus roubaram o corpo de um “túmulo”, se eles suspeitassem que ele tinha sido enterrado em uma cova rasa? Por que dariam apoio a essa teoria? A história de que eles pagaram os soldados romanos para que estes justificassem a falta do corpo não faz sentido — a menos, naturalmente, que o corpo de Jesus realmente tivesse sido colocado em um túmulo e agora não estivesse mais ali, o que exigia uma explicação. A teoria dos “cães selvagens” é nada mais do que uma busca desesperada de explicação. É difícil entender como “estudiosos” brilhantes podem sustentar suposições tão ridículas como esta. Há muitos anos o professor C. H. Guignebert, também um cético, lançou o fundamento para a teoria de Crossan quando escreveu: “A verdade é que não sabemos, e provavelmente nem os discípulos sabiam, onde o corpo de Jesus tinha sido colocado depois de ser descido da cruz, provavelmente pelos que o executaram. É mais provável que ele tenha sido atirado em uma vala para os executados do que colocado em um túmulo novo”. O Dr. Wilbur M. Smith respondeu: Esse tipo de relato histórico devia ser chamado de “minha própria teologia”. Quando um erudito como o professor Guignebert... faz uma afirmação como esta, impossível de ser fundamentada por qualquer documento do Novo Testamento (nem por quaisquer outros documentos relacionados a isto), ele apenas revela sua própria determinação de excluir da vida de Cristo todos os elementos sobrenaturais, mesmo que para isso tenha necessidade de fabricar conclusões completamente desprovidas de apoio de qualquer testemunho... Uma teoria que não conta com a evidência para dar-lhe suporte não deve merecer qualquer consideração. É preciso ainda esclarecer que essas “explicações” sobre a ausência do corpo de Jesus podiam somente ser feitas séculos depois dos acontecimentos. Não encontramos explicações anteriores à era moderna porque aqueles que viveram próximos dos acontecimentos em questão teriam ridicularizado quaisquer dessas sugestões irreais. E o mesmo que tentar admitir que o primeiro presidente dos Estados Unidos foi Benedict Arnold e não George Washington; que a língua falada é o francês, não o inglês; e que Valley Forge foi uma fundição de ferro na planície, não a área do acampamento do Exército Continental. 4. Pessoas desconhecidas roubaram o corpo de Jesus Esta hipótese falsa, como as demais, não tem nenhuma evidência para apoiá-la. Por boa razão ela não foi sequer mencionada durante dois milênios. Se ela fosse verdadeira, por que aqueles indivíduos desconhecidos que roubaram o corpo não foram receber a generosa recompensa que as autoridades sem dúvida lhes teriam oferecido pela devolução do corpo? Em uma comunidade pequena como aquela em que Jesus estava enterrado, logo surgiriam rumores sobre onde seu corpo estaria — mas os judeus nunca se preocuparam em procurar pelo corpo, porque eles sabiam que ele não estava lá. Os rumores que surgiram diziam respeito à ressurreição de Jesus! O Dr. Joseph Klausner, professor da Universidade Hebraica, apresentou uma ligeira variação sobre esta teoria. Ele sugere que José de Arimatéia julgou inadequado que alguém morto em uma cruz fosse sepultado no túmulo de sua família, por isso removeu o corpo secretamente, já perto do Sabbath, e o enterrou em um túmulo desconhecido. Em seu livro “A ressurreição de Jesus”, o Dr. James Orr respondeu a esta hipótese, com certa ironia: Esta pequena homem bom, divulgada em aparecimentos ressurreição! fraude de José, tão apropriada a um foi descoberta recentemente, sendo toda a igreja cristã e juntamente aos imaginários de Jesus, criou a fé na Lembre-se de que José é citado como um “homem bom” que deve ter tido um bom relacionamento com o alto conselho judaico, do qual obteve permissão para descer o corpo de Jesus da cruz. Alguns acreditam que ele também era um dos membros do conselho. Seja como for, ele tinha permissão para tirar o corpo de Jesus da cruz. Se ele próprio tivesse colocado o corpo em outro túmulo, certamente ele teria sido a primeira pessoa a ser consultada pelas autoridades, em seus esforços para localizar o corpo. Se ele tivesse queimado o corpo ou feito qualquer outra coisa com ele, teria divulgado a história em toda Jerusalém. Nada parecido com isso aconteceu. Na verdade, não consta que ele tenha sido procurado por ninguém. Isto é coerente com o relato dos evangelhos, que afirmam que os próprios soldados romanos contaram aos líderes judaicos sobre a presença do anjo junto ao túmulo. Os líderes sabiam que o corpo não estava lá, por isso não havia necessidade de procurar por ele. A única coisa que podiam fazer era espalhar falsos rumores sobre por que o corpo sumiu. E foi o que fizeram. Uma teoria semelhante é que os inimigos de Jesus roubaram o corpo. Esta sugestão pode ser facilmente desconsiderada, pois, se seus inimigos tivessem roubado o corpo, eles certamente o teriam exibido para evitar a propagação da nova fé baseada inteiramente em sua ressurreição física! No entanto, nada disso aconteceu. 5. Os discípulos roubaram o corpo A única teoria falsa com alguma possibilidade razoável de ser aceita é a que foi divulgada pelos próprios líderes judeus em Jerusalém. Como expõe Mateus: Eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram aos principais sacerdotes tudo o que sucedera [a pedra foi removida, o corpo desapareceu e vários de seus seguidores tinham vindo ao túmulo onde foram avisados por dois homens com vestes brancas que “Ele havia ressuscitado”]. Reunindo-se eles em conselho com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados, recomendando-lhes que dissessem: “Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto dormíamos. “[como poderiam saber que foram os discípulos, se estavam dormindo?]. “Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança. “Eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão divulgou-se entre os judeus até o dia de hoje. (Mt 28.11-15) Infelizmente para aqueles que propõem teorias capazes de “explicar” a ressurreição, esta história escolheu os ladrões de sepulturas errados. Qualquer um poderia ter feito isso, mas nunca os discípulos! Lembre-se de que dez deles morreram por essa “mentira”. Esta história já não fazia sentido naquela época e continua não fazendo hoje. Poderiam os discípulos ter “virado o mundo de ponta-cabeça” (Atos 17.6) com suas falsas histórias sobre terem sido testemunhas oculares do Cristo ressurreto, se de fato tudo não passasse de uma grande mentira? Impossível. Isso exigiria um milagre ainda maior do que a própria ressurreição. A verdade é que a teoria de que os amigos de Jesus roubaram seu corpo cria mais problemas do que resolve. 6. A teoria da visão A teoria da visão é talvez a explicação falsa mais amplamente aceita para a ressurreição. Ela defende a integridade dos discípulos, considerando-os homens honestos e sinceros que foram emocionalmente perturbados pela morte de seu líder. Esta teoria alega que, uma vez que Jesus tinha predito sua ressurreição, seria perfeitamente natural que seus seguidores achassem que isso realmente tivesse acontecido. Assim, eles o viram, conversaram com Ele e até imaginaram que Ele tomou uma refeição com eles. Joseph Ernest Renan, um crítico do século dezenove, é um típico defensor dessa teoria. Os pontos de vista desse cético francês podem ser assim resumidos: Os assim chamados aparecimentos do Cristo ressurreto resultaram de um estado de excitação da mente que os discípulos experimentaram depois da morte de seu mestre. Extenuados e mentalmente perturbados pelo choque de sua morte e ansiosos por sua presença, eles tiveram visões de Jesus. Mas estas foram puramente subjetivas —fantasmas ou alucinações mentais. Eles ansiavam por vê-lo, mas tudo não passava de alucinação. Para pessoas em tal estado de excitação e expectativa, aliado a um temperamento nervoso e altamente tenso, tais visões são relativamente comuns na história religiosa e freqüentemente contagiosas. Assim foi no caso dos aparecimentos de Jesus. Eles começaram com as mulheres, provavelmente com Maria Madalena, uma pessoa excitável e nervosa. Sua história de que tinha visto o Senhor foi ansiosamente acolhida; a notícia espalhou-se com a rapidez de um raio e com a força de uma epidemia. O que ela acreditou ter visto os outros também acreditaram que deviam ver e viram. As visões foram produto de seu convívio afetuoso e íntimo com Jesus, fazendo-os lembrar da personalidade de seu Mestre. Vencido o choque inicial do desespero pela morte de Jesus, eles passaram a sentir como se Ele tivesse sobrevivido à morte. Renan queria que acreditássemos que a fé dos primeiros cristãos na ressurreição foi resultante de alucinações coletivas que atingiram treze pessoas (cujos nomes conhecemos), e mais os “quinhentos de uma só vez”. Entretanto, todos eles morreram como mártires em vez de renunciar à crença na ressurreição. O melhor que Renan pode fazer é atribuir os encontros de todas essas pessoas com o Cristo ressurreto a alucinações coletivas capazes de transformá-los em zelosas testemunhas. Na melhor das hipóteses, é preciso um grande esforço para imaginar que onze homens e várias mulheres tiveram todos as mesmas visões e que alguns anos depois Saulo de Tarso — antes um impiedoso inimigo da nova igreja — teve essas mesmas visões. (E no caso dos onze discípulos originais, depois de quarenta dias as visões cessaram.) Não sou autoridade em sonhos, mas nunca ouvi falar de sonhos coletivos idênticos, nos quais todas as pessoas (e nenhuma outra) que aparecem no sonho também têm o sonho (enquanto ninguém mais tem). Isto põe à prova minha credibilidade. Nunca posso sonhar a mesma coisa duas vezes e nem posso prever o que vou sonhar. Minha esposa e eu, quando passamos por fases de forte pressão emocional, podemos algumas vezes sonhar sobre o mesmo assunto — mas nossos sonhos nunca são iguais. Além disso, pessoas saudáveis não têm a menor dificuldade de distinguir entre um sonho ou visão e a realidade. Uma visão pode levar um missionário como Paulo à Macedônia (Atos 16.9), mas nunca levará um grande grupo de indivíduos a dar suas vidas pela ressurreição física de um homem que eles na verdade nunca viram de outra maneira a não ser em visões. As visões podem suplementar a direção de Deus na vida de uma pessoa, mas visões coletivas nunca mereceram consideração nesses vinte séculos de cristianismo! 7. A teoria do telegrama Esta é uma das teorias mais estranhas de que se tem notícia. Um estudioso escreveu sobre ela: Esta [teoria] reconhece que o Senhor ascendeu ao céu mas em Espírito, não em seu corpo, e de lá TELEGRAFOU para a terra imagens de si mesmo para as mentes dos apóstolos, de uma forma tão real que eles foram levados a crer que tinham realmente visto o Senhor ressurreto. Como alguém pode levar em consideração uma teoria fantástica como esta, realmente não sei. Levando em conta que esta teoria foi concebida há cerca de cem anos, podemos dar a seu inventor uma nota dez por sua previsão tecnológica, já que temos agora o fac-símile (fax) que transmite fotos a cores. Mas ele recebe nota zero em teologia. (Casualmente, o criador desta teoria foi um líder liberal de uma igreja que nunca acreditou na ressurreição corpórea de Jesus. Com certeza ele estava tentando desesperadamente preservar seu liberalismo e as tradições de sua igreja.) Se você acha necessário avaliar essa teoria, sugiro a leitura do relato de Lucas sobre o encontro entre o Cristo ressurreto e os dois homens no caminho para Emaús (Lc 24.1-35). Em seguida, pergunte a si mesmo se tal encontro poderia ser transmitido por um “fax mental” ou “telegrafado”. É mais difícil crer nisso do que na ressurreição real de Jesus! Além disso, tal teoria destrói a integridade moral de Jesus Cristo. Ele prometeu a seus discípulos que ressuscitaria. Falhar em manter essa promessa — e apesar disso comissionar seus discípulos a ir por todo o mundo e pregar o evangelho apoiado na ressurreição física (não telegrafada) — seria afrontosamente desonesto. Isso seria impossível para o Santo Filho de Deus e certamente destoaria do modo como Ele tratou todas as coisas. A Opinião de um Ilustre Estudioso O Dr. J. Gresham Machen sempre gozou de grande prestígio entre os estudantes de Princeton. Ele foi um ardoroso defensor da ressurreição e escreveu o comentário a seguir que nos ajuda a compreender como Jesus era um ser único — antes mesmo de ressurgir dentre os mortos: Você e eu nunca vimos alguém que ressuscitou dentre os mortos; mas você e eu nunca vimos também alguém como Jesus. O que estamos tentando estabelecer não é a ressurreição de um homem comum a respeito do qual nada sabemos, mas sim a ressurreição de Jesus. Todos rejeitam a idéia da ressurreição de um homem comum, mas quando conhecemos realmente a Jesus como Ele é retratado nos evangelhos, podemos dizer que enquanto é improvável que qualquer homem comum possa ressuscitar dentre os mortos, no caso de Jesus se dá exatamente o contrário. É improvável que um homem comum ressuscite, mas é altamente improvável que este homem [Jesus] não ressuscite; podemos dizer a respeito deste homem que é impossível que Ele permaneça na morte. O Dr. Machen está certo. A ressurreição, embora sobrenatural, se adapta tão bem à vida e ao caráter de Jesus que se torna um fato natural — para Ele. Que foi um acontecimento sobrenatural não é surpresa para nós; toda sua vida foi sobrenatural. Mas sua ressurreição soluciona uma grande questão: ela explica como a igreja surgiu e se estabeleceu. Ninguém, especialmente os céticos, jamais conseguiu oferecer uma explicação razoável para o extraordinário crescimento da igreja no cenário mundial, se ela tivesse sido construída sobre qualquer uma das teorias citadas. Há uma resposta fácil — Jesus, o homem mais incomum deste mundo, realmente ressuscitou dentre os mortos. Contra as frágeis objeções sobre a ressurreição, como as expostas nas teorias atrás citadas, levanta-se o maior de todos os milagres. Um dos recentes defensores da fé, combatendo o ceticismo do Seminário Jesus, escreveu em seu livro: “Jesus Sob o Fogo”. O nascimento e o rápido crescimento da igreja cristã... continuam sendo um enigma insolúvel para alguns historiadores que se recusam a levar em conta a única explicação apresentada pela própria igreja. A ressurreição de Jesus é, portanto, a explicação mais plausível da origem do modo de vida cristão. O Lado Bom das Falsas Teorias A Bíblia nos diz que “até a ira humana há de louvar-te [a Deus]” (Salmo 76.10). É isto que fazem as falsas teorias: elas tornam fácil acreditar que o maior homem que já existiu teve a maior das mortes de que se tem notícia seguida de uma ressurreição única. As teorias expostas aqui são as melhores que os céticos têm para apresentar — mas todas elas sofrem o mesmo problema fatal. São mais difíceis de aceitar do que a própria história real! Um estudioso escreveu: Nenhuma dessas teorias foi totalmente aceita, mesmo entre os críticos e racionalistas radicais. Aqueles que negam a realidade da ressurreição de Cristo divergem entre si sobre qual a teoria que melhor pode combater as evidências apresentadas pelo Novo Testamento. Quando as colocamos lado a lado, verificamos quão irracionais elas são, sem fundamento concreto, divorciadas de toda evidência comprovada, envolvendo falsidade, corrupção, embuste, roubo, fraude, êxtases de experiências visionárias, etc. Se elas contivessem alguma verdade, poderíamos estar convencidos de que, se Cristo não ressuscitou dentre os mortos, ninguém sabe coisa alguma sobre o fim de sua vida, e os documentos do Novo Testamento provam ser inúteis. Na verdade, eles são do maior valor histórico. Além disso, se a ressurreição não aconteceu, não sabemos como a igreja foi fundada. Se Cristo não ressuscitou no terceiro dia, não sabemos como Ele terminou sua vida. E pensar que esse homem, o maior que já viveu nesta terra, entre a terrível experiência da cruz e o fim de sua vida, teria sido enterrado em alguma aldeia desconhecida da Palestina (onde seu nome tinha estado nos lábios de cada pessoa viva) está simplesmente além de qualquer razão. Minha sincera opinião é que o Espírito Santo guiou de tal forma os escritores dos quatro evangelhos, registrando os acontecimentos relacionados com a ressurreição de Cristo, que eles foram capacitados a escrever uma história que, embora contendo um estupendo milagre, é tão racional, tão razoável, tão lógica, tão próxima dos fatos, que nunca poderia ter sido inventada, nem seu testemunho poderia ser destruído. Se, após estes últimos cem anos de crítica corrosiva, amarga e impiedosa (uma crítica terrivelmente mais severa a que qualquer outro documento já se submeteu), a narrativa da ressurreição permanece ainda inabalável intacta, ilesa, os homens podem estar certos de que as coisas aqui faladas estão de acordo com a verdade de Cristo. Não Deixe Que Seus Preconceitos Atrapalhem Seu Caminho A evidência da ressurreição de Jesus é tão forte que qualquer um que a examine ficará convencido desse fato, a não ser que seus preconceitos impeçam seu caminho. Há basicamente dois empecilhos para se aceitar essa evidência. O primeiro é o ceticismo ou ateísmo. Embora alguns ateus se tornem cristãos, muitos rejeitam a ressurreição simplesmente porque não acreditam em Deus ou no sobrenatural. E, obviamente, a ressurreição é um evento sobrenatural. A maioria dos ateus simplesmente se recusa a examinar a evidência objetivamente. O segundo é mais sutil. Paulo advertiu que alguns rejeitariam a verdade porque “deleitaram-se com a injustiça” (Tessalonicenses 2.12). Todos sabemos, ou deveríamos saber, que o cristianismo implica um modo de vida. “Vai e não peques mais” não era somente um mandamento de Jesus para a mulher de vida pecaminosa, mas para todos os seus seguidores. Algumas pessoas, quando colocadas diante da verdade da ressurreição, a rejeitam porque não aceitam se submeter ao modo de vida cristão exigido pela ressurreição de Jesus. Se você estiver livre desses dois preconceitos fatais, a forte evidência da ressurreição tornará fácil aceitá-la como fato histórico. Considere como é fácil crer... SE você crê em Deus, ENTÃO é fácil acreditar que Deus seria capaz de ressuscitar Jesus dentre os mortos. SE você crê que Jesus é “o Filho de Deus” em forma humana, ENTÃO é fácil aceitar sua ressurreição. SE você crê que Jesus foi concebido miraculosamente de uma virgem, ENTÃO não é difícil aceitar sua ressurreição pelo mesmo poder divino. SE você pode aceitar que, como Deus em forma humana, Jesus viveu uma vida sem pecado e por isso podia morrer sacrificialmente, ENTÃO você não terá dificuldade de aceitar a ressurreição. SE você lê e aceita as profecias de que Ele iria ressuscitar dentre os mortos, ENTÃO é fácil perceber como a narrativa da ressurreição se adapta a todas essas exigências. SE você crê que Jesus “é a verdade”, ENTÃO não é difícil acreditar que Ele estava realmente vivo após a ressurreição. SE você crê que os milagres foram evidências de sua divindade, ENTÃO aceitar a ressurreição como um milagre divino é mera conseqüência. SE, entretanto, você não crê em nenhuma das premissas acima, ENTÃO você vai encontrar dificuldade para crer na ressurreição, não importando a quantidade de evidências apresentadas. Seja como for, você está diante de uma sólida parede de evidência que indica que Jesus ressuscitou naquela primeira manhã de Páscoa. Uma montanha de evidência aponta para a ressurreição e nada em dois mil anos esteve perto de contestar esta verdade. O Poder da ressurreição O apóstolo Paulo escreveu: “Pára [eu, Paulo] o conhecer e o poder da sua ressurreição” (Filipenses 3.10). As vidas transformadas das pessoas proporcionam o teste supremo desse poder. Aqueles que acreditam na ressurreição e recebem Cristo como seu Senhor e Salvador experimentam “o poder da sua ressurreição”, que os capacita a viver a vida cristã. Pára muitos isto significa uma mudança drástica. Por quê? Porque todo aquele que se torna cristão é pecador. Alguns são piores que os outros (como Paulo, que perseguiu a igreja); outros são blasfemos; outros ainda são culpados de pecados mais comuns. Entretanto, todos eles, após a conversão, recebem o poder de viver como “novas criaturas em Cristo”. A seqüência deste livro terá como título “O Poder da Cruz”, um tema extraído de 1 Coríntios 1.18. Vou mostrar que o sinal do poder de Deus nos seres humanos hoje é a vida transformada dos crentes. Quando a pessoa dobra os joelhos diante do Salvador e experimenta o poder do Cristo ressurreto, ela pode superar todo pecado obsessivo que tem dominado sua vida. Vamos narrar nesse livro histórias da vida real de muitas pessoas que foram transformadas pelo poder do Senhor ressurreto. Jesus tem curado e continua curando hoje os viciados em drogas, álcool, prostituição, depressão, ira, ou qualquer outra coisa. Vou relatar muitos casos daqueles que estavam subjugados pelo pecado sem qualquer esperança... até se encontrarem com o Cristo crucificado e ressurreto. Em todos estes anos em que tenho visto homens e mulheres se renderem à fé no Cristo ressurreto, não encontrei uma só pessoa que tenha voltado atrás ou lamentado sua decisão. Ao contrário, numerosas pessoas ainda dão testemunho de que “Jesus mudou minha vida!” Você pode estar certo de que elas não estavam falando de um Jesus morto, sepultado no túmulo de José de Arimatéia, mas de um Cristo ressurreto e vivo nos dias de hoje. O desafio agora e sempre é “provar e ver que o Senhor é bom”. Em outras palavras, aceitá-lo como seu Senhor e Salvador e experimentar por si mesmo “o poder de sua ressurreição”. P a r t e V : Q u e m E l e É P a r a Vo c ê ? 19. Evidência Que Requer Uma Decisão Se um homem brilhante chegasse à sua cidade e começasse a atrair enormes multidões para ouvi-lo falar, admirados com seus ensinamentos e com sua sabedoria — embora Ele não tivesse qualquer educação formal além do que aprendera em uma carpintaria — você ficaria impressionado o bastante para ir ouvi-lo espontaneamente? E se esse homem começasse a curar todos os tipos de doenças, os aleijados e até mesmo aqueles com possessão demoníaca. E depois, se esse homem começasse a fazer milagres extraordinários — milagres que desafiassem a lógica humana, como, por exemplo, andar sobre a água, alimentar multidões com o pequeno lanche de um menino e transformar água no mais delicioso vinho que você já provou — você se inclinaria a pensar que esse homem teria poderes sobrenaturais? E se esse mesmo homem tivesse ressuscitado pelo menos três pessoas, na frente de muitas testemunhas idôneas, e se o maior profeta de sua geração o chamasse de “Filho de Deus” e posteriormente testemunhasse que Ele era o Messias prometido — você acreditaria nisso? Estaria ao menos disposto a investigar suas declarações mais a fundo? E se durante suas investigações você descobrisse mais de trinta profecias específicas — como época e local de seu nascimento, detalhes sobre sua vida extraordinária e o modo como deveria morrer — feitas centenas de anos antes de seu nascimento e que foram perfeitamente cumpridas por Ele, você concluiria que este homem, diferente de todos os outros naquela época ou agora, veio de Deus? E se você também ouvisse esse homem dizer coisas como “Eu e o Pai somos um” [isto é, “Eu sou igual a Deus”], “Tenho poder de ressuscitar os mortos”, “Eu sou o Juiz diante de quem todos os homens estarão na eternidade” e “Eu sou o Filho unigênito de Deus que veio para buscar e salvar os perdidos” — VOCÊ ACREDITARIA NELE? Estas são as perguntas que as pessoas da época de Jesus enfrentaram. Muitos, como os discípulos, “creram nele”. Um falou por todos eles quando disse a Jesus: “Tu tens as palavras da vida eterna.” (João 6.68) Eles o aceitaram como Deus em forma humana, vindo a este mundo para fazer o que nenhum outro poderia: morrer pelos pecados de todos. Esses homens, e milhares de outros como eles, morreram prematuramente como mártires porque se recusaram a abandonar a crença na divindade de Jesus de Nazaré. Eles alegremente entregaram suas vidas para servi-lo e estavam dispostos a fazer isso até o fim. Estavam tão convencidos de sua divindade e de sua posição como o Messias-Salvador que oraram — “Senhor meu e Deus meu!” Por Que os Líderes Judeus o Rejeitaram? Naturalmente, nem todos aceitaram Jesus, muito embora admitissem que nenhum homem poderia fazer tais milagres ou ministrar ensinos tão maravilhosos “se Deus não estiver com ele” (João 3.2). Alguns, quando se defrontaram com seu poder miraculoso para curar todas as espécies de enfermidade, diziam que Ele fazia essas coisas pelo poder de Satanás. Nisto eles blasfemaram. Podemos perguntar a nós mesmos: “Por que eles o rejeitaram?” Jesus deu a resposta em João 5.40. Depois de enfrentar seus opositores com as Escrituras (que Ele dizia “que testificam de mim”), Ele lhes disse: “Não quereis vir a mim para terdes vida.” No original grego, a palavra “quereis” está no tempo passado. Isto é, “não quisestes vir a mim”. Eles não rejeitaram Jesus como o Cristo com base na evidência ou na lógica, pois não podiam usar as Escrituras para provar que Ele não era o Messias encarnado, nem podiam apontar alguma deficiência moral que o impedisse de ser o perfeito Filho de Deus. Eles o rejeitaram, como Jesus mesmo disse, por causa de sua vontade. O problema deles não estava relacionado à mente, à razão, à evidência, ou aos fatos em si; relacionava-se à “vontade”. Eles se recusariam a aceitálo mesmo que um homem saísse da sepultura e lhes dissesse que Jesus estava dizendo a verdade. Em uma análise final, tudo é sempre uma questão de vontade. Se as pessoas teimosamente se recusam a acreditar, apesar da força da evidência, elas viverão e morrerão na descrença. Se as pessoas, porém, forem abertas, Deus lhes proporcionará ampla evidência para apoiar sua crença. Jesus disse: “O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo” (João 7.1617). Se qualquer indivíduo procura sinceramente a verdade, Jesus promete que Deus lhe provera todas as informações e evidências de que ele necessita para crer. Meu amigo, Dr. John Hunter, da Inglaterra, é um bom exemplo. Ele tem servido ao Senhor fielmente por mais de cinqüenta anos. Porém John não foi sempre um cristão. Como piloto de um bombardeiro da RAF (Força Aérea Real) durante a Segunda Grande Guerra, ele passou por experiências terríveis. Um dia, sabendo que podia morrer a qualquer hora, ele fez esta simples oração: “Deus — se de fato existe — espero que ouça minha oração e se revele a mim. Se o Senhor o fizer, eu vou aceitá-lo e servi-lo.” Em sua graça soberana, Deus ouviu aquela oração sincera, colocando na vida de John algumas pessoas que anunciaram o evangelho a ele. Finalmente ele aprendeu o bastante sobre Jesus para tornar-se crente. Ele convidou Jesus a entrar em sua vida e foi maravilhosamente convertido. Isto não aconteceu só com ele! Muitas pessoas têm feito essa simples e sincera oração e Deus lhes tem respondido. O eunuco etíope de Atos 8 é outro exemplo de uma busca sincera de Deus (neste caso, ele tinha ido ao templo em Jerusalém em busca de paz com Deus, mas não a havia encontrado). O Senhor levou o evangelista Filipe até o deserto para encontrá-lo e guiá-lo aos pés de Cristo. Como muitas outras pessoas, após receber Cristo em seu coração, ele “foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo” (Atos 8.39). Naturalmente as coisas nem sempre aconteceram assim, pois os líderes judeus da época de Jesus “não quiseram ir a Ele”. Os ensinos de Jesus conflitavam com suas idéias preconceituosas, que eram baseadas apenas nas tradições dos homens e não na Escritura. Suas mentes já estavam predispostas e suas vontades estabelecidas; conseqüentemente eles rejeitaram a verdade que Jesus ensinou. Para fazer isto eles tiveram de fechar os olhos para a enorme quantidade de evidência a respeito da identidade de Jesus, que Ele mesmo lhes havia provido. A Importância da Vontade Humana Dizem que duas coisas são certas na vida: a morte e os impostos. Uma terceira poderia ser acrescentada a esta lista: a escolha. Cada homem ou mulher, em algum momento de sua vida, precisa fazer uma escolha, quer para aceitar ou rejeitar a pessoa de Deus. Esta escolha começou no Jardim do Éden e está em vigor até hoje, permanecendo ainda durante o próximo milênio, quando Cristo retornar para estabelecer seu reino de paz e justiça. Mesmo antes de ter criado Eva, a Escritura diz que Deus plantou um jardim chamado Éden (veja Gênesis 2). Ali, junto a todas as espécies de arvores, Deus colocou Adão, o primeiro homem. Deus permitiu a Adão livre acesso a todas elas, com a única exceção da “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Desta árvore, Adão e sua esposa Eva foram proibidos de comer. Você conhece a história: eles desobedeceram e comeram o fruto daquela árvore... e a escolha universal de obedecer ou desobedecer a Deus passou a fazer parte de toda a raça humana. Em todas as eras homens e mulheres têm enfrentado o problema de obedecer a Deus ou rejeitar sua vontade. Deus deu a Adão e Eva uma vontade livre, que foi transmitida a seus filhos e a todos os seres humanos a partir de então. Caim e Abel são dois outros exemplos de indivíduos com a vontade livre. Caim escolheu desobedecer a Deus e Abel escolheu obedecer-lhe. Do mesmo modo, cada pessoa no mundo tem enfrentado esta escolha. O caminho de Deus é o caminho da justiça e retidão. O caminho do homem é o de fazer sua própria vontade. Alguns que escolhem seu próprio caminho escolhem uma vida vulgar e ímpia; outros escolhem “fazer o que acham mais reto” (Juizes 21.25). Porém, em todas as épocas, a escolha é deles. Infelizmente, a maioria sempre deseja escolher seu próprio caminho. Isto era verdade nos dias de Noé, quando o mundo se tornou tão corrompido que Deus decidiu destruir todos os homens, com exceção de apenas oito pessoas, e recomeçar a raça humana. Mais tarde Ele criou a raça hebréia por meio de Abraão e Sara. Em seguida, começou a dar normas ao seu povo, para que as gerações futuras tivessem um registro mais detalhado de sua vontade. Novamente, muitos aceitaram sua vontade e seguiram seu caminho, mas a maioria não aceitou. Foi então que Ele começou a preparar o mundo para o Messias-Salvador, que ofereceria um sacrifício permanente pelos pecados da humanidade, sacrificando-se pelos pecados do mundo. As profecias que temos estudado tinham o propósito de fazer com que aqueles que vivessem na época da vinda do Messias pudessem reconhecê-lo e aceitá-lo. Aqueles que queriam fazer a vontade de Deus não tiveram dificuldade de reconhecer e aceitar Jesus como sendo o Messias. Mas aqueles que “não quiseram ir a Ele” rejeitaram-no, apesar de toda a evidência. O mesmo acontece nos dias de hoje! Na realidade, a coisa mais importante neste mundo é como cada indivíduo exercita livremente sua vontade. O destino eterno de cada pessoa é determinado por sua decisão pessoal. Pois, como disse o próprio Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5.24). Esta não é apenas uma das muitas declarações de Cristo que provam que Ele é o divino Filho de Deus; é seu oferecimento de salvação eterna a todos os que crerem. Diante de todas as evidências da divindade de Cristo e das muitas razões para crer nele, somos forçados a tomar uma decisão a respeito dele. A Pergunta Mais Importante do Mundo: O Que Você Pensa de Jesus? Um dia, já no período final de seu ministério, Jesus estava caminhando por uma estrada com seus discípulos e lhes fez esta pergunta: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” E eles responderam: “Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias, ou algum dos profetas” (Mateus 16.13-14). Todas essas respostas merecem considerações, pois incluem alguns dos grandes nomes da Bíblia. Muitos de nós ficaríamos lisonjeados se alguém nos incluísse entre eles. Mas nunca Jesus! Ele então voltou-se para os seus discípulos e perguntou objetivamente: “Mas vós... quem dizeis que eu sou?” Esta é a pergunta mais importante do mundo. Quem você diz que é Jesus? Observe cuidadosamente a resposta clássica de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Jesus aprovou sua resposta, pois disse: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: o que ligares na terra, terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado nos céus” (Mateus 16.16-19). É importante notar que não foi a inteligência humana de Pedro que “revelou” isto a ele, embora ele tivesse testemunhado os muitos acontecimentos na vida de Cristo mencionados neste livro. Sua experiência o havia convencido de que Jesus era efetivamente o Messias-Salvador de Israel. Deus Pai revelou ao coração de Pedro a verdade clássica: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Esta afirmação, na realidade uma mensagem de Deus dada por intermédio do apóstolo Pedro, foi tão importante que Jesus disse que “edificaria sua igreja” sobre esse testemunho. E isso realmente aconteceu! Agora, dois milênios mais tarde, é incontável o número de pessoas que aceitaram Jesus Cristo como “o Filho do Deus vivo”. Observe também que, por causa deste testemunho, foram dadas a Pedro “as chaves do reino do céu”, isto é, ele seria a primeira pessoa a pregar o evangelho e oferecer o perdão do pecado e a salvação em nome de Jesus tanto aos judeus (Atos 2) como aos gentios (Atos 10). Foi Pedro quem abriu a porta do “reino do céu” (ou a porta da salvação pela fé) a um mundo perdido. Pedro deu a resposta certa à pergunta vital do Mestre: “Vós... quem dizeis que eu sou?” Esta mesma pergunta é feita agora a você: Quem você diz que Ele é? Seu destino eterno é determinado por sua resposta. Jesus: O Único Perfeito Salvador do Mundo A primeira vez que visitei um campo missionário foi no México, entre os índios Chamula. Na maior aldeia daquela tribo, visitamos uma grande e antiga igreja católica. Depois da revolução ocorrida uns setenta anos antes, os índios expulsaram a igreja católica de seu território e estabeleceram sua própria forma de adorar. Quando caminhei em direção ao altar no interior da igreja, fiquei surpreso ao encontrar ali uma grande cruz — mas, em vez de uma réplica de Cristo, havia uma imagem de índio Chamula. Nosso guia missionário (que exercia o ministério entre aqueles índios) explicou que, quando os índios estabeleceram sua própria religião, os líderes “procuraram o melhor homem em sua tribo e o crucificaram” na tentativa de proporcionar um “salvador Chamula”. Obviamente eles eram sinceros. Mas, apesar de aquele homem ser considerado “o melhor em sua tribo”, ele tinha duas falhas fatais: ele não era divino e, conseqüentemente, não poderia ser perfeito. Pára que pudesse oferecer um sacrifício adequado pelos pecados da humanidade, o “Salvador” devia ser mais do que um simples homem — ele devia ser Deus em forma humana e precisava ser “um cordeiro sem defeito e sem mácula”. Somente Jesus de Nazaré possui qualificação para isso. Em 1994 realizou-se em Chicago um grande simpósio sobre as religiões do mundo. Participaram dele mais de sete mil representantes das religiões mais importantes do mundo. Meu amigo Irwin Lutzer, pastor da Igreja Moody de Chicago, participou daquele simpósio e contou depois sua experiência: Circulei por toda a área de reunião à procura de um profeta/ mestre/Salvador. Perguntei a um Swami hindu se alguém dos seus mestres alegava ser perfeito. “Não”, disse ele, aparentando irritação com minha pergunta, “se alguém afirmar que é perfeito, ele não é um verdadeiro hindu!” E quanto a Buda? Não, disseram-me, ele não alegava ser perfeito. Buda apenas encontrou um grupo de ascetas e pregou sermões a eles, ensinando que as coisas exteriores são passageiras e estimulando-os a uma vida de disciplina e contemplação. Ele procurava a iluminação e incentivava seus seguidores afazerem o mesmo. Mas morreu procurando a iluminação. Não existe nenhuma perfeição nisso. E com respeito a Baha ulllah? Ele declarou que tinha a mais clara e completa revelação de Deus já apresentada. Embora ele estivesse convencido da verdade de seus ensinos, fez poucas reivindicações pessoais. Ele achava que seus ensinos eram “mais perfeitos “do que os outros, mas nunca alegou ser ele mesmo perfeito ou sem pecado. Quando cheguei aos representantes da fé islâmica, já sabia que no Alcorão o profeta Maomé admitia sua necessidade de perdão. Eles concordaram, que “Há somente um Deus, Alá, e Maomé é o seu profeta” (o credo básico muçulmano), entretanto, reconheceram que Maomé não era perfeito. Novamente, nenhuma perfeição aqui. Porque eu estava procurando um Salvador perfeito? Porque não quero ter de confiar em um Salvador que esteja na mesma condição em que me encontro. Não posso confiar minha alma eterna a alguém que ainda está lutando contra suas próprias imperfeições. Já que sou pecador, preciso de alguém que esteja em um nível mais alto. Compreensivelmente, nenhum dos líderes religiosos com quem falei admitia ter um Salvador. Seus profetas mostravam o caminho mas não tinham nenhuma pretensão de perdoar pecados ou colocar-se acima de qualquer ser humano. Como os sinais de trânsito, eles indicavam as direções mas não são capazes de levarnos aonde precisamos ir; se precisamos de salvação, teremos de consegui-la sozinhos. A razão é clara: por mais sábios ou influentes que fossem esses profetas, gurus e mestres, eles sabiam que eram imperfeitos, exatamente como o resto de nós. Eles jamais se julgaram capazes de salvar os homens da escravidão do pecado nem de levar peca-dores à presença de Deus. Cristo foi completamente diferente deles! “Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes? “ (Jo 8.46.) Ele condenou a hipocrisia daqueles que o criticavam, mas nenhum deles tentou fazer o mesmo com Ele. Somente a perfeição de Jesus seria suficiente para satisfazer às exigências da morte pelos pecados do mundo. E essa era a principal razão pela qual Jesus veio ao mundo. O Dr. Lutzer acrescenta outro testemunho a respeito da vida sem pecado de Jesus: Judas, aparentemente um amigo que se transformou em inimigo, disse: “Pequei, traindo sangue inocente” (Mt 27.4). Pilatos, que desejou encontrar defeitos em Cristo, confessou: “Não vejo neste homem crime algum “ (Lc 23.4). Pedro, que viveu com Ele por três anos, disse que Ele “não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca “ (1 Pe 2.22). O apóstolo Paulo disse que Deus Pai fez com que “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21). Jesus ou foi um ser perfeito ou então foi o maior dos pecadores por ter enganado tantas pessoas. Como afirma C. E. Jefferson: “A melhor razão que temos para crer na vida santa de Jesus é o fato de Ele ter permitido que muitos de seus amigos pensassem que Ele era sem pecado.” Porque Cristo foi isento de pecado, tão comum a qualquer ser humano? Se Ele, como nós, tivesse tido um pai humano, teria tido também uma natureza pecaminosa. Se Ele tivesse sido o filho de Adão de uma forma natural Ele teria sido um pecador. A concepção virginal de Jesus preservou-o do pecado. Maria experimentou um milagre especial que garantiu a perfeição de seu filho. Ele era como nós, mas com uma diferença fundamental. Pecado: O Problema Universal A partir dos dias de Adão e Eva no Éden, todos os indivíduos têm sido contaminados pelo mesmo problema em relação a Deus: pecado! Como diz a Bíblia: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho” (Isaías 53.6). E novamente: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus... Não há justo, nem sequer um” (Romanos 3.23). Somente Jesus de Nazaré podia perguntar aos seus contemporâneos: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (João 8.46) e não obter nenhuma resposta. Qualquer pessoa ficaria envergonhada de fazer esta pergunta, porque sabemos todos muito bem que somos imperfeitos e pecadores. Por isso Deus podia dizer por intermédio do profeta Isaías: “Vinde, pois, e arrazoemos”, diz o Senhor; “ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve” (Isaías 1.18). Essa é a razão pela qual Deus enviou seu único Filho para ser nosso sacrifício pelo pecado, para que por meio dele possamos alcançar perdão e “vida sempiterna”. Tal salvação somente pode ser obtida pela fé em Jesus Cristo, que disse de si mesmo: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6) Outro Simpósio em Chicago Há mais de cem anos (na primeira vez que a Feira Mundial veio a Chicago), realizou-se outro grande simpósio sobre religião em Chicago. Setecentas pessoas se amontoavam no pavilhão para ouvir um dos mais brilhantes oradores hindus do mundo, Swami Vivekananda. Ele fez uma brilhante exposição das facetas filosóficas do hinduísmo, a religião de sua pátria, terminando com estrondosos aplausos. O próximo orador seria um famoso clérigo cristão que, por alguma razão, preferiu não apresentar a filosofia do cristianismo. Possivelmente ele temia que a história do Filho de Deus morrendo pelos pecados dos homens fosse simples demais para fazer frente aos belos ideais do hinduísmo. Quando o presidente anunciou que o próximo orador preferiu não falar, um pesado silêncio caiu sobre o pavilhão. Desesperado, o presidente perguntou se alguém poderia falar sobre o cristianismo em seu lugar. De repente, alguém sentado no fundo, um professor de escola dominical, de Chicago, chamado Joseph Cook, caminhou até a frente dizendo que gostaria de contar uma história. Ele contou então a história de Macbeth, de Shakespeare, dizendo como Lady Macbeth e seu marido foram coniventes na morte do rei e como sua culpa levou-a à beira da loucura. Finalmente, quando ela não mais podia livrar suas mãos do sangue de seu pecado, ela exclamou aquele famoso verso: “Fora! Fora, mancha maldita!” Dirigindo-se a Swami Vivekananda, Joseph Cook perguntou: “Senhor, que alívio o hinduísmo tem a oferecer a Lady Macbeth para limpá-la de seu pecado?” O perturbado Swami admitiu que o hinduísmo não tinha meios de perdoar pecado. Joseph Cook então tirou do bolso seu Novo Testamento e disse: “Gostaria de mostrar-lhes o remédio que o cristianismo tem para o pecado.” Ele leu: “Se... andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.7-9). Em seguida ele explicou como Cristo morreu sobre a cruz pelos pecados de todo o mundo e convidou todos a receberem Jesus como seu salvador pessoal. Anos mais tarde, quando visitava um dos maiores templos hindus na índia, vi um jovem ajoelhar-se à frente de uma gravura esculpida em mármore no chão do templo. Repentinamente ele começou a curvar-se e a bater sua testa contra o emblema esculpido no mármore até que o sangue escorresse sobre seu rosto. Quando perguntei a alguém por que ele fez aquilo, me disseram que “ele estava tentando ser perdoado de seus pecados”. A cena lembrou-me aquela história de Chicago e o fato de o hinduísmo ainda não ter solução para o pecado. Porém nem o confucionismo, ou o maometanismo, ou o taoísmo ou qualquer outra religião no mundo oferecem tal solução. Somente o cristianismo pode oferecer perdão de pecados por meio do sangue de Jesus Cristo e vida eterna através da fé nele. Como um homem poderia morrer pelos pecados do mundo inteiro? A razão está em quem Ele era. Não era um simples homem que estava pregado naquela cruz; era Deus em forma humana. Somente a morte do Filho de Deus podia salvar-nos do pecado. E somente Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de Deus. Uma Breve Revisão Na minha juventude desejei ser um advogado para atuar nos tribunais. Nenhuma outra área do direito me atraía; somente o que me atraía era a oportunidade de apresentar evidência factual perante os membros de um júri para convencê-los de que meu cliente era ou inocente ou culpado. Este livro tem alguma relação com aquele sonho há muito abandonado. Começamos com o fato de que Jesus de Nazaré era mais do que um simples carpinteiro de trinta e três anos. Nenhuma outra pessoa na história exerceu tanta influência sobre a humanidade em tão pouco tempo, gozando de estima e respeito mais que qualquer outra pessoa. Quem mais poderia dividir a história humana em dois períodos, antes de seu nascimento e depois dele? Cada vez que datamos um documento devemos lembrar-nos do nascimento de nosso Senhor. Sua importância por si só faz com que perguntemos: “Quem É Este Homem?” Para responder a isso, devemos recorrer aos mais confiáveis documentos do mundo antigo, os quatro evangelhos. Eles nos dizem que Jesus proclamou-se o Messias, o Filho de Deus, que Ele morreu pelos pecados da humanidade e que ressuscitou para nossa justificação. Para a evidência que encontramos ali acrescentamos o depoimento de muitas testemunhas oculares, cuja reputação é ainda tão respeitada que seus nomes permanecem entre os mais populares ainda hoje (João, Pedro, Tiago, Paulo, Marcos, Lucas, etc.). Fundamentamos nossos argumentos sobre quem Jesus disse que era e sobre os milagres que Ele realizou — milagres que nunca se repetiram em dois mil anos. Recorremos a João Batista, o homem mais santo em Israel desde Daniel (que viveu quinhentos anos antes). João conhecia Jesus desde a infância e testificou sobre Ele, identificando-o como “o Cordeiro de Deus”. A seguir, examinamos as três vezes em que o próprio Deus chamou Jesus de “Meu Filho”, enaltecendo-o acima de Moisés e Elias. Em seguida, examinamos vinte e oito das 109 profecias que Jesus cumpriu em sua vida, todas elas identificando-o claramente como o Messias prometido. Ele é, sem sombra de dúvida, um ser único — tanto que um rabino se viu forçado a admitir que Ele foi “o Messias — para os gentios!” Isso é verdade, mas Ele é também o Messias para os judeus. Isso se tornará claro quando Ele surgir na sua segunda vinda (talvez qualquer dia desses!). Em seguida, examinamos sua morte. Jesus de Nazaré não morreu como um homem comum, mas como até o cético Renan admitiu: “Ele morreu como um deus.” Ele não precisava morrer; Ele não tinha feito nada de errado, como Pilatos mesmo afirmou: “Não vejo nenhuma falta neste homem justo.” Ninguém tirou sua vida; Ele a entregou de sua própria vontade. Como Ele disse no horto do Getsêmani, quando a escolta dos fariseus chegou para prendê-lo: “Acaso pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos” (Mateus 26.53)? Ele deu sua vida livremente em resgate de muitos. Como Ele disse: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (João 10.18). Em um sentido real, Jesus foi a única pessoa neste mundo que não tinha de morrer. Isto, por si só, coloca-o em uma categoria única. A esta altura, as evidências sobre a divindade de Cristo eram tantas que fui tentado a parar minha argumentação. Entretanto, se eu tivesse parado ali, teria omitido a mais convincente de todas: sua ressurreição corpórea três dias após sua crucificação. Não quatro dias ou dois dias ou uma semana depois, mas no terceiro dia — exatamente como Ele e os profetas hebreus tinham predito! A evidência de sua ressurreição é simplesmente espantosa. Dez (onze, se incluirmos Paulo) que o conheceram preferiram ser martirizados a negar que o tinham visto e tocado durante os quarenta dias de aparecimentos pós-ressurreição. Mas esse testemunho foi ainda confirmado por quinhentas outras testemunhas. Por fim, examinamos as seis teorias falsas mais populares sobre sua ressurreição e desafiamos os incrédulos e céticos com o seguinte dilema: se Jesus não ressuscitou, como você explica a existência do cristianismo hoje? Um Cristo crucificado não teria motivado ninguém. Sem sua ressurreição, Jesus seria um personagem desconhecido na história. Foi o Cristo ressurreto que desafiou seus discípulos: ide por “todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” — “e eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Marcos 16.15; Mateus 28.19-20). Eles creram de tal forma que saíram pelo mundo e o viraram de ponta-cabeça — do paganismo para o cristianismo em apenas trezentos anos. Hoje, milhões de pessoas têm abraçado a fé cristã, tudo por causa de sua ressurreição. Sem ela, o cristianismo não existiria. Encerro Minha Causa Um bom advogado sabe quando deve finalmente encerrar sua causa — não porque tenha apresentado toda a evidência disponível, mas porque não há necessidade de mais provas. Alcançamos esse ponto. Agora é hora de você avaliar a evidência aqui apresentada e, como bom jurado, tomar sua decisão. Agora você precisa decidir se Jesus é “o Cristo, o Filho de Deus”, como Ele e seus seguidores afirmaram, ou é um impostor ou um demente. Essas são suas opções. Lembre-se apenas que sua decisão durará por toda a eternidade portanto, tome-a cuidadosamente! O centurião romano que observou a morte de Jesus na cruz não esperou até a ressurreição para tomar sua decisão. Ele estava tão convencido pelo que viu naquele dia que declarou: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus” (Marcos 15.39). Qual é a sua decisão? Agora que você foi exposto à evidência, está diante da mesma decisão que desafiou os judeus da época de Jesus: Quem você acha que Jesus é? Se você está convencido pela evidência demonstrada neste livro, vai recebê-lo pessoalmente? Você poderá dizer como muitos já disseram: “Sim, eu creio que Jesus é o Filho de Deus, que Ele viveu uma vida sem pecado, que morreu uma morte sacrificial e que ressuscitou dentre os mortos como prometeu. Portanto, eu o convido a entrar em minha vida.” Ou poderá seguir o exemplo de muitos outros, que decidem não crer a despeito de toda a evidência? A escolha é sua. Se você gostaria de aceitá-lo como seu Senhor e Salvador, simplesmente faça uma oração como esta: Querido Pai celestial obrigado por enviar teu Filho Jesus ao mundo para morrer por meus pecados. Admito que sou um pecador e peço que Ele entre em minha vida, limpe meu pecado e salve minha alma. Entrego-me agora a ti. Agradeço-te em nome de teu Filho, Jesus, por salvar-me. Amém. Se você fez esta oração, saiba que a Bíblia garante que “aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2.21). Meus parabéns! Você é agora um membro da família de Deus. E no entanto deve compreender que a aventura não terminou; ela está apenas começando. Você acaba de embarcar em uma excitante viagem de fé. Com base na verdade e na lógica encontradas neste livro, você achou razões suficientes para orar para receber Cristo. Isto faz de você um bebê recém-nascido em Cristo. Espiritualmente, você é uma criança que precisa crescer para perceber seu pleno potencial em Cristo. O melhor meio de alimentar sua nova fé é seguir o exemplo dos primeiros cristãos no primeiro século, que perseveraram na palavra e na doutrina dos apóstolos. Hoje, isto significa várias coisas. Primeiro, comece a ler regularmente a Palavra de Deus. Procure obter uma versão moderna e comece a ler o evangelho de João. Quando você tiver terminado esta leitura, comece a ler o Novo Testamento do começo ao fim. Pense na Bíblia como seu alimento espiritual. Toda a vez que a ler, ouça seu ensino, estude ou memorize os textos; você estará construindo sua nova vida espiritual. Você será beneficiado nos primeiros dias de sua fé recém-descoberta, lendo outro livro que escrevi, intitulado “Como Estudar a Bíblia Sozinho”. Segundo, encontre uma igreja que estude a Bíblia, onde você possa aprender mais sobre a Palavra de Deus. Procure um lugar onde possa encontrar comunhão com outros cristãos. A pessoa que guiou você à leitura desse livro provavelmente poderá ajudá-lo a encontrar uma igreja forte em sua cidade, capaz de fazê-lo crescer espiritualmente. Terceiro, é importante que você ore regularmente. Quando você recebeu a Cristo, tornou-se um filho de Deus; portanto, você tem acesso direto a Deus através da oração. Assim, você pode procurar a orientação do Pai em tudo o que faz. Já que Jesus está vivo e no céu (onde a Bíblia diz que Ele intercede por nós diante do Pai) (Romanos 8.34; Hebreus 7.25), aprenda a falar com Ele contínua e regularmente. Por último. A Bíblia nos ensina que devemos confessar Cristo perante outras pessoas. Minha sugestão é que você reveja tudo que aprendeu sobre a pessoa de Jesus e fale sobre isso com seus amigos. Muitos daqueles que não aceitaram Cristo nunca tiveram a oportunidade de ouvir a lógica e a razão da Palavra de Deus que produz a fé. Talvez muitos deles nunca irão ouvi-la a menos que um amigo como você transmita o que aprendeu. Não recomendo que você fale do evangelho para mais de uma ou duas pessoas de cada vez. Ao contrário do meu amigo Stan (aquele jovem que quis evangelizar cinco estudantes judeus de uma só vez), muitas oportunidades de testemunhar são melhores quando falamos com um ou dois de cada vez. Não fique desanimado se algum de seus amigos não mostrar interesse de imediato. Ele pode se interessar mais tarde, à medida que você continua forte em sua fé cristã. Você vai descobrir, porém, que a identidade de Jesus de Nazaré é sempre a chave para a fé cristã. Se uma pessoa não tem fé, é geralmente porque nunca foi convencida de que Jesus é o Filho de Deus encarnado, que morreu sacrificialmente na cruz e ressuscitou dentre os mortos. Livros como este são escritos para ajudar a enfrentar este desafio. Como diz a Bíblia, a “fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo” (Romanos 10.17). Lembre-se de que Deus não espera que “apenas acreditemos”. Ele deseja que procuremos buscar sua Palavra, que a examinemos racionalmente e à luz de outras evidências históricas e cheguemos a uma conclusão lógica. Estou convicto de que a evidência apresentada neste livro é tão esmagadora que qualquer pessoa não preconceituosa ficará convencida de que Jesus Cristo verdadeiramente é o Filho de Deus, exatamente como Ele afirmou. E assim podemos dizer, juntamente com o apóstolo João: Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (João 20.30-31). ****** Este documento destina-se a uso de deficientes visuais, e sua reprodução não visa fins comerciais ou lucrativos. (LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - Capítulo IV - Das Limitações aos Direitos Autorais - Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: - I - a reprodução: - d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários.)