Parte I: Quem É Jesus?

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Um homem chamado Jesus
Tim LaHaye
Título original:
Traduzido por Rubens Castilho
United Press
Digitalizado por: #Pati#
Formatado por: SusanaCap
WWW.PORTALDETONANDO.COM.BR/FORUMNOVO/
Dedicatória
A todos aqueles que crêem que o Jesus de Nazaré histórico foi
realmente o Filho de Deus em forma humana, que morreu na cruz e
ressurgiu três dias depois — e a todos os que desejam encontrar razões
lógicas e convincentes para crer.
Sumário:
INTRODUÇÃO: Quase Um Cético
A Necessidade Deste Livro
Parte I: Quem É Jesus?
1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já Viveu
2. O Que Há com os Céticos?
3. A Credibilidade das Narrativas do Evangelho
4. Várias Opiniões Sobre Jesus de Nazaré
5. Quem Jesus Disse Que Era
Parte II : A Evidência das Testemunhas Oculares
6. O Testemunho de João Batista
7. O Testemunho do Apóstolo Pedro
8. O Testemunho do Apóstolo João
9. O Testemunho do Apóstolo Paulo
10. O Testemunho do Próprio Deus
Parte III: O Que Suas Obras Provam Sobre Ele
11. Seus Milagres Como Testemunhos de Sua Identidade
12. Jesus Recebeu Adoração
13. Somente Deus Pode Perdoar
14. O Testemunho do Cumprimento das Profecias - Parte I
15. O Testemunho do Cumprimento das Profecias – Parte II
Parte IV: Evidência de Sua Ressurreição
16. A Ressurreição de Jesus: O Restante da História
17. A Ressurreição de Jesus Pode Ser Provada?
18. Algumas Teorias Falsas Sobre a Ressurreição de Jesus
Parte V : Quem Ele É Para Você?
19. Evidência Que Requer Uma Decisão
3
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8
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128
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210
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278
278
Contracapa:
Conhecido como Jesus de Nazaré, sua vida tem inspirado mais
obras de arte, músicas e discussões do que qualquer rei, líder militar,
cientista ou educador. Quem pode ter exercido maior influência na
civilização do que Jesus, se até os séculos são separados pela data de
seu nascimento?
A identidade de Jesus, sua atividade e sua divindade têm sido
debatidas ferozmente desde sua passagem pela Terra. A influência de
Jesus no mundo moderno é imensurável. Esta influência de Jesus no
mundo moderno é imensurável. Esta influência e a constante busca
humana pela verdade nos leva a procurar respostas a uma pergunta
apresentada pelas mais diversas pessoas nos mais diferentes contextos.
Quem é esse homem chamado Jesus?
É esta a pergunta que Tim LaHaye se propõe a responder neste
livro. Examinando as evidências cuidadosamente, ele procura revelar o
aspecto mais importante da vida de Jesus: sua divindade como o
legítimo Filho de Deus.
Traga seu ceticismo para este livro e deixe que uma erudição
honesta e uma fé invencível o destruam!
INTRODUÇÃO: Quase Um Cético
Por pouco não me tornei um cético na escola dominical. Talvez
ao superar a minha crise, adquiri a capacidade de ser mais
compreensivo e paciente com aqueles que guardam perguntas não
respondidas e dúvidas filosóficas honestas sobre Deus, a Bíblia e Jesus
Cristo.
Meu professor da escola dominical era um bom homem. Tenho
certeza de que ele era bem-intencionado, mas tinha uma formação
deficiente e quase nenhum tempo para preparar adequadamente sua
lição. Ele era faxineiro no turno da noite na montadora da Ford em
Dearborn, Michigan, perto de Detroit. Nossa classe de meninos reuniase na galeria — no setor destinado ao coro — de uma igreja situada na
avenida Williamson.
Infelizmente para nós, o professor possuía um conhecimento
escasso da Bíblia e mal sabia ensinar. Quase todos os domingos ele se
colocava diante de nós e nervosamente fazia da revista trimestral das
lições um canudo, apertando-a e torcendo-a, sempre dizendo a mesma
coisa: “Não tive tempo para estudar minha lição esta semana, rapazes,
mas vamos ver o que Deus tem para nós”. Devo confessar que,
qualquer que fosse a mensagem que Deus tinha para nós, o professor
falhava em nos transmitir. No entanto, de um modo ou de outro, esse
homem foi nosso professor por dois anos nas classes de treze e de
quatorze anos.
Para piorar as coisas, meu professor de biologia no primeiro grau
foi um ardoroso evolucionista e um propagador do ateísmo. Ele nos
dizia repetidas vezes que Deus não existia, que não havia vida após a
morte e que milagres eram impossíveis. O Sr. Babel (acredite ou não,
este era seu nome verdadeiro) tinha obtido seu mestrado em ciência na
Universidade de Michigan. Ele sempre vinha para a aula preparado e
era muito convincente.
Não me considero um intelectual ou pensador profundo, mas
sou abençoado (ou, como alguns de meus amigos diriam,
“amaldiçoado”) com uma mente muito ocupada e inquiridora. Tenho
dificuldade de aceitar qualquer coisa que não esteja sustentada por
razões lógicas. Não importa o que seja dito, se eu não tiver assimilado,
posso preliminarmente fazer uma pergunta para me certificar de sua
validade.
Um dia, espremi meu bem-intencionado professor da escola
dominical além de seus limites, por meio de uma infindável lista de
perguntas. “Por que Jesus fez aquilo?” “Podemos provar isso?” “Como
saber se é verdade?” Finalmente, exasperado, ele vociferou: “Tim
LaHaye, se você não parar com todas essas perguntas, vou expulsá-lo
desta classe!” E então acrescentou algo que eu não podia aceitar: “Por
que você simplesmente não crê?”
Com toda honestidade, considerei aquilo intolerável. Apenas
crer? Isto era tudo o que o cristianismo lógico podia conter? A fé era
como uma infecção virótica que algumas pessoas “pegavam” e outras
não? Muito embora eu tivesse aceitado Jesus como meu Senhor e
Salvador no quarto ano primário, estava passando por um momento
crítico. Tinha dificuldade para crer que tudo o que aprendera era
verdadeiro. Queria saber tudo sobre Jesus, suas afirmações sobre si
mesmo e sobre os testemunhos de outros. Mesmo estando na oitava
série, eu tinha uma boa base sobre o cristianismo para identificar Jesus
Cristo como sua figura central. Se suas afirmações não pudessem ser
sustentadas, se as coisas que a Bíblia ensinava sobre Ele não pudessem
ser verificadas, então Ele não era o que dizia ser. E, como um castelo
de cartas, o cristianismo se desmantelaria.
Poucas semanas depois, nosso fiel pastor disse algo que nunca
esqueci. “Se alguns dentre vocês têm dúvidas a respeito do cristianismo,
e particularmente sobre Cristo”, “não tenham receio de admitir isso
diante de Deus e procurar as respostas na Bíblia. Deus não espera que
creiamos cegamente. Pelo contrário, Ele espera que usemos nossas
mentes.” Então citou em Hebreus o que o profeta Isaías havia escrito
— “‘Vinde, pois, e arrazoemos’ diz o Senhor” (Isaias 1.18). Pela
primeira vez, entendi que eu estava tendo permissão, e até mesmo
incentivo, para ter uma mente inquiridora. Vi que o próprio Deus nos
desafiou a usar a razão para determinar aquilo em que acreditamos.
Aquele momento marcou o início de uma busca da verdade,
resultando na descoberta de muitas razões lógicas e históricas de minha
fé. Finalmente, encontrei razões mais do que adequadas para crer que
Jesus Cristo, a figura central do cristianismo, é quem Ele mesmo disse
que era: “o Filho de Deus” que “veio buscar e salvar o perdido” (Lucas
19.10).
Hoje posso dizer honestamente que minhas dúvidas e indagações
têm sido mais do que respondidas. As respostas que encontrei devem
desafiar qualquer cético sincero a examinar a imperiosa evidência da
real identidade de Jesus de Nazaré. Creio que há muito mais evidência
para acreditar nas afirmações de Cristo do que para rejeitá-las, mais
perguntas respondidas do que não respondidas. Na verdade, estou
convencido de que, quando aprofundamos nossas questões e
examinamos inteiramente nossa evidência, concluímos que Jesus de
Nazaré foi uma pessoa única. Vamos também descobrir que é
extremamente difícil apresentar razões críveis para seu poderoso
impacto na história humana... insuficiente para reconhecer que Ele foi,
sem dúvida, uma deidade em forma humana.
Este livro será bastante útil a todos aqueles que são sinceros em
suas dúvidas — sejam eles cristãos que abrigam perguntas sem
respostas, descrentes ou céticos sinceros. Tenho visto muitos cristãos
aumentarem seu amor e dedicação a Jesus Cristo ao se tornarem mais
convencidos sobre quem Ele realmente é. À medida que suas dúvidas
impertinentes e perguntas persistentes foram enterradas, a fé de tais
pessoas se fortaleceu. Tenho visto, ainda, uma mudança nas atitudes de
descrentes e céticos ao compreenderem, conforme as palavras do
apóstolo Pedro, que não seguimos “fábulas engenhosamente
inventadas” (2 Pedro 1.16). Afinal, nossa crença e aceitação da pessoa e
divindade do Jesus Cristo histórico é intelectualmente idônea e
logicamente racional. Portanto, quando tais pessoas percebem que
somos pessoas lógicas, elas também abraçam a fé.
A Necessidade Deste Livro
Dewey Bertolini é um pastor amigo meu que tem dado palestras
para jovens secundaristas e universitários por mais de vinte e dois anos.
Dewey tem falado a mais de quinhentos grupos de adolescentes de
hoje. Ele afirma que os jovens atualmente estão se desenvolvendo com
pouco ou nenhum conhecimento de Jesus Cristo. A menção do nome
do Senhor em qualquer coisa, exceto pelo lado profano, tem sido
proibida ou evitada tanto na educação pública como na televisão;
conseqüentemente, a menos que os pais levem seus filhos e filhas
regularmente à igreja, muitos não terão um indício sequer de quem é
realmente o Filho de Deus.
Para ilustrar este triste fato, Dewey relatou como lhe foi dada
uma oportunidade de dar aula a uma classe do segundo grau a apenas
um mês antes de sua graduação. Ele apresentou o nome de Jesus Cristo
e ficou pasmo diante do absoluto desconhecimento da classe. Curioso
sobre aquele analfabetismo espiritual, ele dividiu a classe em grupos
para discutir o tema e deu aos estudantes vinte minutos para
formularem uma definição de Jesus. Finalmente os grupos reuniram
suas descobertas e trouxeram a seguinte conclusão, que representava o
pensamento de toda a classe: “Jesus Cristo é algum cara religioso que
viveu há uns duzentos anos.” Dewey acrescentou: “Eles achavam que
Jesus Cristo tinha sido contemporâneo de George Washington,
primeiro presidente dos Estados Unidos.”
Dewey falou, em seguida, de uma caminhada que fez pelos
corredores de uma das maiores escolas secundárias da cidade, quando
observou um estudante bater acidentalmente uma porta sobre a mão de
um colega. O estudante machucado começou a blasfemar usando o
nome de Jesus Cristo. Em vez de desconsiderar a explosão de raiva e
dor, Dewey aproximou-se do jovem, expressou seu sentimento pelo
acontecido e, então, perguntou: “Você se importa se eu lhe perguntar
por que usou o nome de meu amigo dessa forma?”
“Nome de quem?” disse o estudante confuso.
“Jesus Cristo”, respondeu Dewey.
“Quem é ele?” perguntou o jovem.
Acredite ou não, aquele jovem nada sabia a respeito daquele
“nome que está acima de todo nome” (Filipenses 2.9), e usava-o como
um termo profano quando as coisas não iam bem.
Sei que esses jovens mal informados não representam o consenso
da juventude norte-americana, mas quem pode negar que eles
representam a crescente ignorância e falta de respeito pela pessoa mais
importante que já viveu neste mundo? É minha oração que este livro
não somente elucide quem Ele é, mas que o comprove de maneira
compreensível para todos.
Um Homem Chamado Jesus é a culminância de toda uma vida de
investigação. O livro não contém todas as respostas que encontramos,
mas inclui as melhores. Presumo que você vai achar essas respostas
convincentes. É minha esperança que você as compartilhe com outros
que, como o antigo Tim LaHaye, estão carregados de perguntas e
dúvidas.
Os céticos sinceros não duvidam porque não há respostas a suas
perguntas sobre a identidade de Jesus; eles duvidam porque não lhes
foram fornecidas tais respostas. O apóstolo Pedro desafiou os cristãos
de todas as partes “para responder a todo aquele que vos pedir
RAZÃO da esperança que há em vós...” (1 Pedro 3.15).
Este livro irá não apenas estimular os cristãos e fornecer-lhes
respostas claras para as dúvidas que surgirem em seu caminho, mas
espero que possa também responder àqueles que foram vítimas dos Srs.
Babéis deste mundo. Aprendam com um “ex-Tomé incrédulo” da
escola dominical: a caminhada ao longo da estrada do conhecimento
vale mais do que a própria viagem.
Pa r t e I : Q u e m É Je s u s ?
1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já Viveu
Ele era conhecido em sua época como Jesus de Nazaré.
Trabalhou como carpinteiro a maior parte de sua vida adulta.
Entretanto, Ele foi tão extraordinário pela forma como viveu e pela
influência que exerceu sobre a humanidade que a palavra
“extraordinário” não consegue caracterizá-lo.
Ninguém mais — nem reis, ditadores, cientistas, educadores ou
líderes militares — deu uma contribuição maior que a de Jesus à
história do mundo. Pelo menos doze bilhões de pessoas passaram por
este planeta, mas até hoje, quase dois mil anos depois de sua morte,
ninguém chegou sequer perto de ocupar a posição singular que Ele
ocupou na história.
Nunca faltaram a este mundo grandes homens e mulheres. A
história está repleta de nomes como Salomão, Davi, Hamurabi, Ciro,
Alexandre o Grande, César, Gêngis Khan, Joana d’Arc, Napoleão
Bonaparte, George Washington, Isaac Newton, Florence Nightingale...
a lista continua infinitamente.
Mas ninguém se aproxima de Jesus Cristo em sua influência
sobre a humanidade.
O próprio H. G. Wells, romancista e historiador inglês, autor de
cinco volumes sobre a história do mundo, presentes nas prateleiras de
quase todas as bibliotecas de faculdades e universidades, acabou dando
mais espaço a Jesus Cristo do que a qualquer outro. E Wells não foi
nenhum amigo da fé! Na realidade, seus biógrafos retratam-no como
um cético ou, possivelmente, um ateu. No entanto, como um
verdadeiro historiador, ele não pôde desconsiderar a maior de todas as
personalidades que já viveram.
Inigualável em Sua Vida e Ensinamentos
Acima de qualquer dúvida, Jesus Cristo é a pessoa mais estudada,
discutida e analisada que já viveu. Mesmo depois de vinte séculos, Ele
tem mais defensores e oponentes do que qualquer outra figura
isoladamente. Enquanto existem literalmente milhares de acadêmicos
renomados que de boa vontade o confessam como Senhor, há também
outros milhares que, se pudessem, destruiriam sua credibilidade. Desde
o início Ele teve tanto seguidores como caluniadores, e temos sido
advertidos de que esta situação perdurará até o final dos tempos.
No próximo capítulo vamos comentar ligeiramente sobre o tão
falado Seminário Jesus, um grupo de setenta e dois estudiosos liberais
que se encontram duas vezes por ano em um esforço de redesenhar a
vida e o caráter de Jesus. Remodelando-o como um simples “sábio ou
cínico”, eles tentam despojá-lo de sua singularidade. Entretanto, a
despeito de seu fácil acesso à mídia popular, incluindo Newsweek,
Time e U.S. News and World Report, não tiveram êxito na conquista
de muitos adeptos. Na verdade, seu maior sucesso foi fazer com que
muitos estudiosos, escritores e teólogos — homens brilhantes que
examinaram a evidência da singularidade de Jesus — publicassem suas
razões sólidas e dignas de crédito para crerem que Jesus Cristo foi de
fato aquele que os evangelhos retratam, a mais extraordinária e
influente pessoa que já passou pela Terra.
Os eruditos do Seminário Jesus, assim como outros como eles,
têm dificuldades para explicar como um simples sábio ou cínico
poderia ter influenciado o mundo de forma tão fantástica como Jesus.
A grande pergunta resume-se nisto: Quem foi Jesus de Nazaré? Se Ele
foi apenas um notável carpinteiro nascido em um país obscuro, mesmo
as mentes céticas mais aguçadas têm dificuldade de explicar por que, de
todas as pessoas brilhantes que já existiram, Jesus permanece em uma
categoria própria.
Isaac Newton é considerado por muitos especialistas o mais
brilhante cientista que já existiu. Entretanto, esse homem jamais tentou
comparar-se a Jesus Cristo; pelo contrário, sabemos que ele foi um
crente ardoroso e seguidor fiel do Nazareno. Blaise Pascal é
considerado um dos maiores filósofos do mundo e, no entanto, como
Newton, nunca tentou usurpar o lugar de Jesus Cristo. Pascal creu
durante toda sua vida no Salvador, até sua morte dolorosa. O mesmo
pode ser dito de Willian Gladstone, Louis Pasteur e de milhares de
eruditos, cientistas juristas e escritores brilhantes, bem como de
milhões de pessoas comuns. Todos eles estudaram sua vida e seus
ensinos, exa minaram ambos os lados das evidências e vieram a crer
mais d que nunca que Jesus é o Filho de Deus — incomparável entre
todos os que existiram.
Inigualável por Seu Impacto
Para colocarmos a influência de Jesus em perspectiva,
consideremos vários aspectos proeminentes de sua singularidade. Jesus
de Nazaré é incomparável como influência moral. Sua vida e seus
ensinos continuam insuperáveis em sua capacidade de guiar culturas,
tribos e pessoas, tirando-as de sua confusão moral.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência artística. Ele
tem servido de inspiração na arte e na música do mundo mais do que
qualquer outra pessoa. Alguns dos maiores oratórios e hinos da história
foram escritos a respeito dele ou para Ele. Jesus é o tema central de
mais livros e música do que qualquer outro indivíduo. A Biblioteca do
Congresso norte-americano, considerada a mais completa biblioteca do
mundo, registra mais obras sobre Jesus do que sobre qualquer outra
pessoa.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência humanitária.
Mais hospitais, orfanatos, casas de repouso e missões de salvamento
têm sido dedicados a Ele do que a todos os líderes religiosos reunidos.
Mais esforços para ajudar pessoas têm sido realizados, financiados e
perpetuados por seus seguidores do que todos os outros juntos.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua capacidade de inspirar
devoção. Nenhum outro indivíduo nos últimos dois mil anos atraiu
maior dedicação entre seus seguidores. Embora Jesus nunca tenha
levantado um exército durante seus três anos e meio de ministério,
milhões e milhões de seus seguidores espalharam-se pelas partes mais
remotas do planeta para levar sua mensagem — não por dinheiro,
terras ou recompensas materiais, mas por pura devoção a Ele.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência escolástica.
Embora nunca tenha fundado uma faculdade, seus ensinamentos e seus
seguidores contribuíram mais para as instituições de alfabetização e
matérias educativas — de todos os níveis, desde o jardim da infância
até as universidades — do que todos os outros reunidos. Somente nos
Estados Unidos, uma nação de instituições educativas, 128 faculdades
foram estabelecidas nos primeiros cem anos da história do país —
fundadas por uma igreja, denominação, ou grupo religioso. Harvard,
Princeton e Yale, que foram os centros da educação norte-americana
durante duzentos anos, foram criadas para preparar ministros,
missionários e líderes cristãos. Além disso, numerosas faculdades cristãs
foram fundadas em honra do Mestre.
Antes que o evangelho chegasse à América, foram os seguidores
de Jesus Cristo que proveram educação às crianças de famílias comuns.
Antes de Martinho Lutero na Alemanha e João Calvino na França e na
Suíça, somente os ricos, os membros da realeza ou gênios do mundo
eram considerados aptos para a educação. Porém esses grandes
reformadores viram a educação como meio de ensinar a Bíblia a todas
as gerações, as quais, pela primeira vez, puderam ler as Escrituras em
suas línguas maternas. Os colonizadores implantaram esse modelo no
Novo Mundo. Não foi por mero acaso que esse direcionamento para a
educação das crianças entre os séculos dezesseis e dezoito lançou as
bases para o crescimento explosivo da Revolução Industrial do século
dezenove.
Em flagrante contraste, as culturas seculares do mundo pouco
fizeram para alfabetizar milhares de tribos indígenas que (em um
determinado estágio) não possuíam uma linguagem escrita. Enquanto
isso, os seguidores de Jesus traduziam a Bíblia em incontáveis línguas e
ensinavam milhões a ler. A intenção desses desbravadores era prover a
alfabetização e levar a Bíblia a todas as tribos do mundo na virada do
próximo milênio. A razão para isso? Dedicação a Jesus Cristo.
Jesus de Nazaré é incomparável em seu impacto sobre as
mulheres. Ninguém fez tanto para elevar a dignidade da mulher em
geral e da maternidade do que Jesus Cristo. Ele veio a este mundo
quando as mulheres eram consideradas apenas um pouco acima dos
animais. Muitas eram negociadas como gado e poucas desfrutavam
direitos pessoais perante a lei e o casamento. Nos lugares atingidos pela
mensagem de Cristo, as mulheres se viram enobrecidas e respeitadas
como seres humanos feitos à imagem de Deus. Os seguidores de Cristo
legaram às mulheres o direito ao voto através de movimentos em toda a
Europa, Inglaterra e Estados Unidos. E seus discípulos constituem hoje
a legião daqueles que se posicionam em defesa dos bebês não-nascidos.
As mulheres não cristãs do Ocidente podem não compreender a dívida
que têm para com Jesus Cristo e seus ensinos, mas é ao Nazareno e aos
seus discípulos que elas devem agradecer pela posição elevada que
usufruem hoje.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua influência sobre a
liberdade e a justiça. Ninguém promoveu tão profundamente a
liberdade e a justiça pessoal do que os seguidores de Jesus, armados
com o padrão de sua lei. A lei inglesa e norte-americana, considerada
como modelo para todo o mundo, deve sua existência basicamente aos
ingleses John Locke, William Gladstone, William Wilberforce, William
Blackstone e aos americanos James Witherspoon, John Adams, James
Madison e John Marshall. Todos foram seguidores devotados de
Cristo, que conheciam e aplicavam seus princípios e ensinos para a
preservação dos direitos e liberdade individuais sob a lei. Todos esses
homens influentes admitiram livremente que deviam sua grandeza a
Ele.
O clímax dessa dedicação à liberdade individual veio com a
Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, cujas
palavras — “Todos os homens foram criados iguais” — tornaram-se a
pedra angular da nação mais livre da história universal. A América do
Norte foi fundada para preservar a liberdade religiosa: “Vida, liberdade
e busca da felicidade” para todos.
Como se pode ver, a evidência é impressionante. Não importa
que esfera salutar da atividade humana se considere, a influência de
Jesus Cristo sobre a civilização ocidental avulta e prepondera sobre
todas as demais. A história mostra que vidas têm sido transformadas
nos lugares onde a mensagem de Jesus foi colocada em prática,
resultando em ganhos expressivos para a educação, a lei, a sociedade e a
cultura.
Inigualável em Sua Vida Pessoal
Não é por acaso que o homem que mais influenciou
positivamente a civilização foi o que viveu a vida mais extraordinária da
história.
Considere seu nascimento. Em cada Natal bilhões de cristãos e
não-cristãos celebram seu nascimento e relembram a característica
incomum de sua vinda ao mundo: sua mãe era uma virgem.
A vida santificada de Jesus também o torna diferente de qualquer
outro ser humano, pois, como vamos provar mais adiante neste livro,
mesmo seus inimigos não puderam encontrar qualquer falta nele. Em
toda a história humana, somente um homem que se declarou perfeito
foi levado a sério tanto por seus amigos como por seus inimigos. Jesus
nunca teve de se desculpar ou pedir perdão. Ele é inigualável pelo fato
de nunca ter pecado.
Os magníficos ensinos desse humilde carpinteiro da Galiléia
também o elevaram a uma categoria ímpar. A maioria dos historiadores
e filósofos ocidentais, assim como muitos de outras tradições,
reconhecem-no como o maior de todos os mestres. Considere sua regra
de “Amai os vossos inimigos” (Mateus 5.44) ou “orai pelos que vos
caluniam” (Lucas 5.28) ou “dai, e dar-se-vos-á” (Lucas 6.38). Quase
todos os historiadores concordam que este mundo seria um lugar
muito melhor, se todos seguissem os ensinos do Nazareno.
Os milagres de Jesus o colocam igualmente em posição
incomparável. Como veremos adiante, eles realmente aconteceram e
são ainda incontestáveis. Sua capacidade de curar enfermidades e sanar
deformidades tidas como irreversíveis demonstra que Ele tinha o poder
de Deus no seu interior como ninguém mais.
Finalmente, para coroar sua trajetória gloriosa neste mundo, Ele
deu sua própria vida sacrificialmente pelos pecados do mundo e em
seguida realizou o maior de todos os seus milagres: ressuscitou dentre
os mortos. Esse acontecimento, comemorado a cada ano como uma
das duas datas mais sagradas do calendário cristão, confere-lhe a
supremacia como a pessoa mais extraordinária que já viveu.
Os Títulos Inigualáveis Atribuídos a Jesus
Nenhuma pessoa além de Jesus tem sido identificada por meio
dos títulos a seguir, porque nenhum outro foi qualificado para usá-los.
Alguns desses títulos lhe foram dados por anjos, outros por seus
discípulos ou seguidores ou mesmo pelos profetas hebreus. Nenhum
desses títulos o caracteriza plenamente. Para compreender quem Ele
realmente foi e como será em sua segunda vinda, todos devem ser
considerados em conjunto. Uma coisa é certa: nenhum outro ser faz jus
ao mérito de ostentar sequer um desses títulos.
Todo-poderoso
Deus forte
A palavra era Deus
Senhor meu e Deus meu
O grande Deus
Nosso salvador Jesus Cristo
Maravilhoso
Conselheiro
Pai da eternidade
Príncipe da paz
Alfa e Ômega
Primeiro e Último
Deus bendito para sempre
O Cristo
Filho de Deus
Jeová
O princípio e o fim
O Senhor
Salvador
O Santo
Senhor de todos
Emanuel
O caminho, a verdade e a vida
Rei dos reis
Senhor dos senhores
Na história do mundo, ninguém jamais saiu de uma oficina de
carpinteiro para ostentar títulos tão sublimes. Sua vida somente pode
ser explicada pelo fato de ter sido Ele, realmente, “o Filho de Deus”
em um sentido único.
No fim de semana em que escrevia estas palavras, Deus mostroume um exemplo perfeito disto. Fiz o discurso de colação de grau da
vigésima quinta turma da Christian Heritage College, em San Diego,
Califórnia (faculdade fundada pelos doutores Henry Morris, Arthur
Peters e por mim). Um dos alunos deu um incrível testemunho.
O homem — 1 metro e 95 centímetros de altura, 110 quilos de
peso — contou uma longa história passada dentro e fora da prisão. Na
última vez em que fora jogado em uma cela, a primeira coisa que fez foi
expulsar um dos presos do beliche mais cobiçado do local, dizendo: “A
partir de agora esta cama é minha — vai dizer alguma coisa?” Com
isso, ele se enfiou no beliche para ter um bom sono. Mas, em vez disso,
notou uma protuberância em seu colchão, uma Bíblia, a primeira que
tinha visto. Começou a ler e não parou mais até terminar o evangelho
de João — momento em que suplicou a Cristo que perdoasse seus
pecados, aceitando-o como Senhor e Salvador. Sete anos mais tarde ele
era não somente um homem transformado, sem mais qualquer
pendência com a lei, mas estava se formando em uma faculdade cristã a
fim de ingressar em um seminário para se preparar para o ministério. A
influência do Nazareno se fez sentir novamente, mudando a natureza
decaída e a direção da vida desse homem.
Posso dizer sem reserva que ninguém jamais exerceu uma
influência tão positiva sobre as pessoas do que Jesus de Nazaré!
A Razão de Sua Singularidade
O simples fato de Jesus de Nazaré ter influenciado este mundo
mais do que qualquer outra pessoa deve ser suficiente para estabelecer
seu lugar ímpar na história humana. Mas, quando decompomos as
muitas outras facetas singulares de sua vida, ficamos estarrecidos diante
de um dilema incrivelmente difícil. Como explicar a contribuição de
toda sua vida, resumida a apenas três anos e meio? Quando um homem
é colocado no pedestal supremo, muito acima de todos os outros na
história humana, certamente deve ser por alguma razão. Qual seria?
Não foi por sua descendência familiar próxima, porque sua mãe
foi uma simples mulher judia e seu pai, um humilde aldeão carpinteiro.
Não foi por suas posses materiais, porque Ele não tinha dinheiro
algum, nem mesmo um lugar “onde reclinar a cabeça” (Mateus 8.20).
Ele foi acusado diante de um tribunal vestindo uma túnica emprestada
e seu corpo foi colocado em um túmulo também emprestado.
Não foi sua educação, pois não há nenhum registro de que Ele
tenha freqüentado uma escola. No entanto, com a idade de apenas doze
anos, Ele confundiu os doutores de teologia no templo de Jerusalém.
Não foi por suas viagens pelo mundo, pois, com exceção de uma
breve estada no Egito quando era ainda bebê, Ele nunca viajou mais do
que 150 quilômetros para fora da cidade em que foi criado.
Não foi porque viveu e ministrou em um país influente, pois Ele
passou toda sua vida na obscura e pequenina terra de Israel, tendo sido
criado em uma cidade que gerava a seguinte pergunta: “De Nazaré
pode sair alguma coisa boa?” (João 1.46).
Não foi porque teve amigos influentes, pois somente pescadores,
cobradores de impostos e outros homens sem representatividade
alguma o seguiram.
Não foi porque todas as pessoas gostavam dele, pois os líderes
religiosos e políticos elitistas várias vezes tentaram apedrejá-lo e
finalmente o crucificaram.
Não foi porque teve uma vida longa e bem-sucedida, pois Ele
estava com apenas trinta e três anos quando sacrificou sua vida por
outros.
Não foi porque teve um longo e extenso ministério, pois seu
ministério durou apenas três anos e meio. Pelos padrões humanos, Ele
teve uma morte ignominiosa em uma cruz tosca.
Não foi porque estabeleceu muitas organizações para perpetuar
sua memória, pois Ele fundou somente uma — sua Igreja — e ela
somente teve início depois de sua morte.
Assim sendo, a que atribuir a posição única de Jesus Cristo?
Tenho lido as insinuações daqueles que rejeitam a afirmação de Jesus
ser Deus em forma humana e observado suas inconsistências. As
opiniões de tais pessoas são mais difíceis de aceitar do que os simples
relatos do evangelho. Como pôde esse homem influenciar mais vidas e
afetar a história humana mais profundamente do que todos os outros?
Em toda a história, ninguém pode comparar-se a Ele. E, no entanto,
Ele fez tudo isso em apenas três anos e meio! Todos os incrédulos
sinceros devem responder à pergunta: “como Ele conseguiu isso?”
À medida que Jesus Cristo caminha ao longo das páginas da
história humana, Ele é elevado a uma categoria sem similar por sua
peculiaridade. Por um lado, os descrentes não podem deixar de
reconhecê-lo, tamanhas foram suas contribuições em favor da
humanidade; nem podem eles explicar sua existência sem admitir sua
divindade. Albert Schweitzer, vítima de uma onda de ceticismo no
começo deste século, teve de admitir que o Jesus histórico é um enigma
e um estranho para o nosso tempo. Como o Dr. Carl E H. Henry, um
dos últimos estudiosos verdadeiramente conservadores da Bíblia na
geração passada, escreveu: “Muitos estudiosos que rejeitam que Jesus é
Deus verdadeiro e homem verdadeiro, vendo-o apenas sob uma única
faceta, distinguem-no, apesar disso, da totalidade da raça humana. Os
tributos prestados a Jesus, mesmo por estudiosos que repudiam os
credos cristológicos históricos, não somente reverenciam o Nazareno
acima de seus contemporâneos, mas elevam-no bem acima de todos os
seres antigos e modernos. Essas avaliações de Jesus Cristo acabam por
exaurir habituais categorias antropológicas ao tentar explicá-lo.” Ele
então conclui: “Aqueles que não começam com a suposição cristã
fundamental de que ‘o Verbo se fez carne’ (Jo 1.14), mas procuram
mostrar como um homem completo, como supõem que Cristo foi,
estava unido (de alguma forma) a Deus, não podem senão terminar em
pontos de vista confusos e contraditórios”.
Na realidade, todas as descrições de Jesus que conflitam com
aquelas apresentadas nos quatro evangelhos são “não-históricas”. Jesus
é quem Ele disse que era: Deus em forma humana.
Não há qualquer explanação meramente humana sobre o porquê
de um simples, embora brilhante, homem — que deveria ter sido
esquecido há muito tempo por todo este mundo — ser ainda a pessoa
mais amada que já viveu, quase dois mil anos após sua morte. As
explicações humanas não conseguem explicar a influência que Ele ainda
exerce sobre este planeta. Apenas um fato explica a singularidade de
Jesus Cristo: Ele foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio sob
forma humana, exatamente como Ele se declarava.
Veja você que atribuir somente humanidade a Jesus não é
suficiente. Para cumprir o que Ele fez, tanto em sua vida como em seus
ensinamentos, precisava ser tanto Deus como homem, operando juntos
em uma pessoa única. Essa pessoa é Jesus de Nazaré.
O propósito deste livro é demonstrar essa convicção de maneira
lógica e razoável. Para começar nossa investigação, vamos considerar o
ceticismo de alguns daqueles que rejeitam a condição única de Jesus
como Deus-Homem. Veremos que, enquanto nenhuma boa evidência
dá apoio a esse ceticismo, montanhas de evidência comprovam a
prerrogativa de que Jesus é o único Filho de Deus, o Senhor da Glória
em forma humana.
2. O Que Há com os Céticos?
Por mais de mil e seiscentos anos a divindade pessoal de Jesus
Cristo raramente foi colocada em dúvida. A maioria das pessoas
aceitava prontamente os relatos das testemunhas oculares de sua vida,
contidos nos evangelhos, onde é evidente que Jesus devia ser realmente
Deus em forma humana. As pessoas de sua época muitas vezes faziam
exclamações como esta: “Ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes,
se Deus não estiver com ele” (Veja João 32; 9.33).
O mesmo podia ser dito de seus ensinos, pois Ele falava como
quem tem autoridade. Nem mesmo o maior profeta do Velho
Testamento ousou dizer algo como: “Ouvistes que foi dito aos antigos:
‘Não matarás’... Eu, porém vos digo...” (Mateus 5.21-22) colocando-se
no mesmo nível de Deus. O impacto de Jesus sobre a civilização,
reconhecido universalmente, fez com que os homens o aceitassem
como Deus, pois nenhum outro teve tanto impacto sobre as nações
como Ele, ou realizou tantas coisas em tão pouco tempo.
Porém, mesmo quando Jesus andou por este mundo, nem todos
o aceitaram como Filho de Deus. Nem todos os que ouviram sua
palavra, viram seus milagres e puderam comprovar quem Ele realmente
era, acreditaram nele. Muitos dos judeus de sua época o rejeitaram,
porque Ele não correspondia à imagem que eles faziam de um Messias.
No entanto, desde o princípio aqueles que o aceitaram como
Messias também aceitaram sua natureza divina. As igrejas que surgiram
depois disso seguiram essa mesma doutrina. A história registra poucas
vozes que se ergueram para formular razões contrárias à divindade de
Jesus Cristo. E assim foi até cerca de quatrocentos anos atrás.
A Crença em Deus É Ameaçada
A partir do século dezesseis, com o filósofo René Descartes,
muitas pessoas foram influenciadas pela idéia de que não podiam
acreditar naquilo que não podiam ver. E como não podiam ver Deus,
recusaram-se a crer em sua existência.
Isto, representou um rompimento com a crença da época.
Durante milênios, a maior parte da humanidade aceitou o fato de a
criação ter sido obra de um Criador. No entanto, Descartes e seus
seguidores rejeitaram toda a noção de Deus.
Foi, portanto, natural para os céticos franceses do século
dezessete e para os racionalistas alemães do século dezoito questionar a
divindade de Jesus. Eles já haviam rejeitado a crença em Deus e
proposto uma filosofia de vida independente dele; o passo seguinte foi
aplicar esse ceticismo a Jesus.
Um princípio básico da lógica é que, se você começa com uma
premissa errada, acaba chegando inevitavelmente a uma conclusão
errada. Na questão da divindade de Cristo, a partir do momento em
que a pessoa rejeita Deus, ela deve repudiar também a crença no
sobrenatural. Este preconceito vai impedi-la de enxergar com clareza,
não permitindo uma avaliação imparcial de qualquer alegação que se
refira à divindade de Jesus. Um cético simplesmente não pode admitir a
possibilidade de que Jesus é Deus. Se ele admitisse isso, estaria negando
a própria essência de sua crença — “Não há Deus”. Portanto, ele
rejeita arbitrariamente as afirmações da divindade de Cristo; já que
Deus não existe, Jesus não pode afirmar que é divino. Desta forma,
muito antes de começar uma avaliação da vida de Cristo, os céticos
concluem que Jesus não era nada mais do que um simples homem.
A maioria das pessoas que rejeitam Deus e a divindade de Jesus
são como o ateu Tom Paine, que escreveu um livro de grande
influência, A Idade da Razão, sem nunca ter lido a Bíblia! Muitos
concluíram que Jesus é menos do que o “Filho de Deus” (um direito
que Ele alegou repetidas vezes possuir) sem ao menos examinar sua
vida. Em muitos casos, apenas repetiram o que outros tinham escrito
sobre o assunto...
Alguns céticos, embora admitindo o incrível impacto da vida de
Jesus sobre o mundo, insistem no ponto de que Ele nunca alegou ser
Deus ou possuir os atributos de Deus. Eles querem nos fazer acreditar
que Jesus foi um homem bom, mas não divino.
Isto é exatamente o que acontece com os ilustres participantes do
Seminário Jesus, que nos últimos anos tem recebido tanta atenção da
mídia.
O Seminário Jesus: Quem São e o Que Fazem Seus
Participantes?
Em 1985, Robert Funk convidou várias pessoas, em sua maioria
estudiosos liberais, para verificarem a identidade de Jesus e a
autenticidade dos registros do evangelho. Cerca de duzentos
acadêmicos estiveram na primeira sessão; mas desde então esse numero
tem diminuído, agrupando atualmente de setenta a setenta e cinco
pessoas. Trinta e dois dos “participantes” ou ensinam ou possuem
títulos de docentes de três das instituições teológicas mais liberais dos
Estados Unidos (Harvard, Claremont e Vanderbilt). Esses estudiosos se
reúnem para julgar os registros do Novo Testamento e submetê-los a
seus próprios testes de exatidão.
O objetivo principal do seminário tem sido sempre atrair a maior
publicidade possível às suas “descobertas”. Logo no início ficou
decidido que a votação seria feita por meio de bolinhas coloridas —
pois chamam mais a atenção. Um membro do seminário explicou o
significado das cores que codificam as palavras de Jesus: “Vermelha —
isto é Jesus! Rosa — isto parece ser Jesus. Cinza — talvez seja Jesus. E
preta — houve algum erro!” O seminário percorreu detalhadamente
cada evangelho e votou sobre a autenticidade de cada afirmação
atribuída a Jesus.
A objetividade do grupo pode ser vista em suas conclusões:
De acordo com o Seminário Jesus, a maior parte do
evangelho de João é uma farsa [apesar de os
estudiosos bíblicos considerarem-no mais autêntico que
os demais evangelhos]; ele recebeu uma marca rosa,
algumas cinza e nenhuma vermelha. A passagem
marcada com a cor rosa, João 4.44, é traduzida assim:
“Um profeta não consegue nenhum respeito em seu
próprio território”. No evangelho de Marcos apenas uma
expressão recebeu a cor vermelha — “Dai a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus”(Mc 12.17).
Ao todo, 82% das palavras de Jesus em Mateus,
Marcos, Lucas e joão não são consideradas julgadas
autênticas. Apenas 15 frases de Jesus são marcadas
em vermelho, sendo todas expressões curtas e
pungentes.
Este ataque nada sutil ao Jesus histórico e sua contribuição
produziu o seguinte comentário do conservador Douglas Groothuis:
“Quase nada resta de autêntico depois dessas análises”.
O objetivo deles era exatamente esse e tudo foi premeditado
desde o início; nenhuma “erudição” foi envolvida, nem foram feitas
quaisquer novas descobertas. Na realidade, sem a publicidade veiculada
em revistas como Time, Newsweek, U.S. News and World Report,
Life, e em grandes jornais como Los Angeles Times e New York
Times, as opiniões do seminário teriam sido esquecidas rapidamente.
É importante lembrar que o seminário não fez qualquer nova
descoberta que conduzisse a esses pontos de vista injuriosos. De fato,
ele teve início com a premissa de que o sobrenatural é impossível.
Todos os membros líderes do seminário negaram as doutrinas básicas
da fé cristã histórica, incluindo o nascimento virginal de Cristo, sua
divindade, a expiação viçaria, sua ressurreição dentre os mortos e
ascensão ao céu. Portanto, não seria surpresa que o seminário rotulasse
como “não-autênticos” quaisquer fatos que dessem apoio a essas
doutrinas.
Além disso, a mídia nunca divulgou que tanto a metodologia
como as conclusões do Seminário Jesus foram atacadas por crentes
conservadores e estudiosos bíblicos do mundo inteiro. Até mesmo os
estudiosos que não proclamam fidelidade ao Cristo vivo — tendência
dominante tanto nos Estados Unidos como na Europa — denunciaram
as falhas do seminário.
O primeiro livro a ser publicado pelo seminário, Os Cinco
evangelhos: A Busca do Jesus Autêntico, revela as verdadeiras
intenções do grupo. Este trabalho de 1993 procura elevar o evangelho
de Tome ao mesmo nível de autoridade concedido pela igreja aos
quatro evangelhos canônicos. Na verdade, o seminário freqüentemente
julga Tomé superior aos respeitados evangelistas, apesar de a igreja
primitiva não fazer qualquer menção de Tome por trezentos anos após
a morte de Cristo. Por que essa fascinação por Tomé? Pode-se apenas
inferir que é pelo fato de o seminário preferir o gnosticismo de Tome à
ortodoxia bíblica.
Quando este “evangelho” foi descoberto, logo depois da
Segunda Guerra Mundial, os estudiosos céticos saudaram-no como um
novo conceito dogmático para destruir o Jesus autêntico. Porém, como
todas as outras tentativas dos últimos trezentos ou quatrocentos anos, a
teoria que coloca Jesus como “sábio” ou “cínico” (baseada
substancialmente em Tome) é mais difícil de ser aceita do que a
imagem de Jesus como “Filho de Deus” revelado nos evangelhos
tradicionais — especialmente quando nos lembramos que esses
homens estão mais de dezenove séculos distantes dos eventos, armados
apenas com seus Ph.Ds. e suas tendências céticas. É a opinião deles
contra os registros escritos de homens que passaram três anos e meio
com Jesus de Nazaré e que foram “testemunhas oculares da sua
majestade” (2 Pedro 1.16).
Embora o Seminário Jesus continue a reunir-se — está
estudando atualmente o que Jesus realmente fez quando esteve na
Terra e quais livros devem ser incluídos no cânon bíblico —, ele nada
mais fez do que levantar questões perturbadoras sobre sua objetividade,
metodologia e valor escolástico. Nem ao menos conseguiu mostrar por
que alguém deve abandonar a confiança nos registros dos evangelhos e,
em seu lugar, passar a confiar em seus próprios vôos imaginários.
Os céticos que conheço são geralmente mais eficientes em
levantar objeções do que em responder à simples pergunta: “Como
você explica o cristianismo sem o sobrenatural?” Notamos esta
tendência nas teorias superficiais e tolas desenvolvidas por eles, onde
geralmente se criam mais problemas do que soluções. E interessante
observar que eles não parecem desenvolver nada realmente novo.
Várias obras que utilizei em minha pesquisa para a publicação deste
livro foram escritas há mais de cem anos, e descobri que as perguntas a
que estamos respondendo hoje são basicamente as mesmas levantadas
naqueles períodos.
Em resumo, os céticos modernos não têm nada de novo a
oferecer. Eles apenas retomam as idéias elaboradas pelos céticos
franceses e racionalistas germânicos de dois ou três séculos atrás.
Mesmo os participantes do Seminário Jesus não têm proposto
nenhuma novidade (apesar da publicidade obtida). Até aqui o melhor
que eles podem oferecer são algumas novas interpretações das antigas
teorias de Voltaire, Rousseau, Hegel e outros. Se suas teorias fossem,
ainda que parcialmente, corretas, já poderiam ter obtido evidências
arqueológicas suficientes para derrubar a credibilidade da origem divina
de Jesus e da ressurreição (ou ao menos colocar em dúvida os registros
dos evangelhos). Ao invés disso, as escavações dos arqueólogos têm
servido para confirmar os registros nos evangelhos sobre a vida de
Jesus.
Como Nascem os Céticos
É interessante notar que muitos dos que duvidam da divindade
de Jesus ou de sua ressurreição física nunca leram os evangelhos, ou os
relatos das testemunhas oculares dos acontecimentos da vida de Cristo.
Voltaire, o célebre descrente do século dezoito, rejeitou a divindade e a
ressurreição de Jesus, assim como a Bíblia. Como ele se tornou tão
cético? Talvez por ter sido tão brilhante? De modo algum. Quando
seus pais, que eram católicos devotos, notaram que seu filho tinha a
inteligência de um gênio, contrataram um ex-sacerdote como seu
professor particular na tentativa de oferecer-lhe uma educação de
qualidade.
Infelizmente, eles não verificaram por que o professor era um exsacerdote. O homem tinha sido expulso da igreja católica por seu
ceticismo; por sua vez, ele inoculou doses maciças de ceticismo na
mente de seu jovem e brilhante aluno. A objetividade nada tinha a ver
com o ceticismo de Voltaire. A doutrinação cética fez de Voltaire um
cético!
Na realidade, tenho observado que a maioria dos céticos foi
influenciada por algum livro ou professor que transmitiu-lhes seu
próprio ceticismo. A partir do momento em que o cético se convence
de suas posições, seu orgulho pessoal não lhe permite mudar de
opinião, não importando quantos fatos contrários possam desafiá-lo.
Isto é particularmente verdadeiro em relação a muitos
acadêmicos. Estes homens e mulheres apreciam passar adiante seu
ceticismo, atingindo as mentes jovens e impressionáveis — muito
embora não tenham os fatos a seu favor. Talvez seja por isso que o
maior número de céticos é encontrado nas universidades, onde uns
poucos professores agnósticos podem minar a fé das gerações futuras.
Sob a capa de “liberdade acadêmica”, os céticos ateus em nossas
faculdades e universidades (e algumas vezes em nossas escolas
secundárias) questionam todas as coisas da fé cristã, desde a criação até
a ressurreição, recusando-se a considerar os argumentos cristãos.
Qualquer um que analise somente um dos lados de um
argumento está inclinado a adotar esse ponto de vista (particularmente
os jovens). As universidades de hoje estão fabricando céticos, não
porque os cristãos sejam falhos em evidenciar a divindade e
ressurreição do corpo de Cristo, mas por falta da exposição dessa
evidência. Estou convencido de que a evidência da divindade e
ressurreição de Jesus Cristo é tão clara que qualquer pessoa objetiva
que examine ambos os lados de um argumento concluirá que a fé cristã
está baseada em fatos históricos consistentes.
O Caso do Ateu Não-Científico
Quando eu era pastor, poucos ateus freqüentavam minha igreja.
Por isso fiquei realmente surpreso quando um jovem e inteligente
engenheiro apertou minha mão em um domingo após o culto e
anunciou: “Sou um ateu não-científico. Acabo de concluir meu
mestrado na Universidade Stanford e desejo freqüentar sua igreja.
Estou trabalhando por um ano em uma empresa aqui em San Diego a
fim de ganhar o suficiente para freqüentar a Universidade Brandeis no
próximo outono, visando ao doutorado.” E então explicou: “Um ateu
não-científico é aquele que examinou somente um lado da evidência
antes de chegar a uma conclusão. Durante os meus estudos, fui
instruído a examinar os dois lados de uma argumentação antes de
chegar a uma conclusão. Descobri, então, que toda minha
argumentação partia de uma perspectiva cética ou ateia. Por isso,
durante estes nove meses em que não tenho atividade acadêmica
pesada, resolvi freqüentar sua igreja para que possa conhecer e
examinar o ponto de vista cristão.”
Então ele me pediu algo que poucas pessoas me haviam pedido:
“O senhor estaria disposto a separar uma hora por semana comigo para
me ajudar na orientação da pesquisa?” “É claro que sim”, respondi.
Mas primeiro fi-lo prometer que leria pelo menos um capítulo da Bíblia
diariamente, à medida que eu lhe fosse indicando.
Stan concordou e passamos a nos encontrar todas as quartasfeiras à noite, antes do culto. Ele era um acadêmico disciplinado. Lia a
Bíblia diariamente, como prometeu, bem como todos os livros e
executava as tarefas que eu lhe dava. Começamos com o nascimento
virginal de Jesus e sua origem divina, mas logo descobri que ele estava
tão interessado e aplicado que isso exigiria mais tempo do que
tínhamos disponível. Por isso, eu o desafiei a pular diretamente para a
ressurreição, porque, disse-lhe, “se a ressurreição é válida, então a
divindade de Cristo e seu nascimento virginal também são válidos”.
Trabalhamos arduamente durante os nove meses restantes e, por minha
sugestão, ele começou a preparar duas listas: uma a favor e outra contra
a ressurreição. Naquela época, Josh McDowell ainda não havia escrito
sua obra clássica sobre Jesus, por isso tive de fazer uma porção de
pesquisas por minha conta. Hoje a tarefa seria muito mais fácil (e mais
convincente!).
Fiquei extremamente desapontado quando, no final de setembro,
Stan me disse que aquele seria nosso último encontro, pois partiria no
dia seguinte para a Universidade Brandeis. Tentei fazer com que ele
tomasse uma decisão apoiada em sua pesquisa, onde havia duas vezes
mais evidências em favor da ressurreição do que contra — mas como
ele “não estava preparado”, achei melhor não forçá-lo. Stan prometeu
dedicar mais algum tempo a sua pesquisa, na tentativa de “chegar a
alguma conclusão até o feriado do dia de Ação de Graças.
Sinceramente, achei que o tinha perdido. Afinal de contas,
naquela época, toda a Universidade Brandeis era judaica e 98% de seus
estudantes eram judeus ou ateus.
Não tive mais notícias de Stan até o Natal, quando ele me pediu
uma entrevista. Fiquei grandemente surpreso quando ele me disse que
planejava ir à igreja no próximo domingo e declarar, na frente de todos,
que queria se tornar um cristão. Fiquei muito feliz com isso e, então, ele
me contou como chegou a esta conclusão.
Ele manteve sua promessa e dedicou um bom tempo nas
bibliotecas daquela área reunindo dados pró e contra a ressurreição. Sua
conclusão? “Houve cinco vezes mais evidência PRÓ ressurreição de
Jesus do que contra. Depois que cheguei a esta conclusão, foi fácil
ajoelhar-me à beira de minha cama (no alojamento de Brandeis) e
convidar Jesus, o Cristo vivo, a entrar em minha vida. A pesquisa havia
finalmente terminado e uma paz maravilhosa desceu sobre mim!”
Em seguida, algo bastante raro aconteceu. Ele desceu as escadas
e encontrou cinco colegas da universidade — comentando exatamente
como era inacreditável o fato de os cristãos aceitarem algo tão
ultrajante como a ressurreição de Jesus. Stan, uma pessoa de espírito
manso e introvertido, agüentou até onde pôde. De repente, ele se viu
entrando na conversa e compartilhando algumas das evidências que
havia encontrado, para a grande surpresa de todos. Pois, como a
maioria dos descrentes, eles concluíram erroneamente que nada havia
em favor da ressurreição, já que nunca tinham ouvido nada sobre isso.
Quando perguntei a Stan por que ele ainda não se considerava
um cristão,mesmo depois de éter convidado Cristo a entrar em sua
vida, ele me explicou que o Senhor esperava dele um testemunho
público de sua fé. Ele estava certo sobre isso, mas tinha uma idéia
equivocada a respeito do que era um testemunho público, achando que
precisava ir à frente após um sermão para testemunhar sua fé.
Expliquei-lhe que ele já tinha dado seu primeiro testemunho
público; isto aconteceu no dia seguinte ao da celebração do dia de Ação
de Graças, no seu alojamento, quando falou em defesa da ressurreição
de seu novo Salvador. E isto foi feito diante de cinco testemunhas —
seus colegas judeus! Isso provou que ele estava salvo. Stan
evidentemente estava pensando no texto que promete: “Se com a tua
boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o
coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da
salvação” (Romanos 10.9-10).
Fiel à sua palavra, Stan foi à igreja no domingo de manhã e
caminhou até a frente, confessando perante a igreja o que ele já tinha
confessado diante dos homens, que o Cristo que ressurgiu da morte
após sua crucificação era, sem sombra de dúvida, seu Senhor e Salvador
pessoal.
Deve ter sido uma experiência genuína, porque aquele “ex-ateu
não-científico” tem sido um cristão firme por mais de trinta anos. A
última vez que ouvi falar de Stan, ele era professor em uma faculdade
cristã. Este caso serve como uma evidência adicional de que o
ceticismo geralmente não pode se expor à esmagadora evidência da
ressurreição de Jesus, desde que o cético esteja disposto a ser objetivo e
examinar ambos os lados da evidência.
O Ceticismo Não é Intelectualmente Honesto
Os cristãos nada têm a temer diante dos argumentos dos céticos.
Quando avaliamos as evidências, torna-se claro que a crença no Cristo
ressurreto faz mais sentido do que a crença em qualquer sistema
alternativo.
Por outro lado, os cristãos precisam saber que a arma preferida
dos céticos nunca foi o argumento racional baseado na melhor
evidência disponível; os céticos perceberam há muito tempo que o
ridículo e o sarcasmo servem muito melhor aos seus propósitos. Muitos
céticos se apegam à sua descrença não com base em uma evidência
irrebatível, mas simplesmente porque decidiram descrer. Eles não são
intelectualmente honestos. Josh McDowell nos conta alguns fatos
interessantes ocorridos em conferências que deu para alunos de
filosofia.
O professor era também o diretor do departamento.
Depois que apresentei a evidência literária e histórica
da divindade de Cristo, o professor começou a me
importunar com perguntas e acusações sobre a
ressurreição. Após uns dez minutos, um estudante
interrompeu e fez ao professor uma pergunta muito
interessante:
“O que o senhor acha que aconteceu na primeira
páscoa?”
O professor olhou para mim e em seguida para o
estudante.
“Não sei o que aconteceu” disse ele. “Mas não foi a
ressurreição!”
“Sua resposta é o resultado do exame da evidência?”
A resposta foi a seguinte: “Não! É por causa de minha
perspectiva filosófica.”
Em outra importante universidade, vários estudantes
levaram meu primeiro livro, Evidence That Demands a
Verdict (Evidência Que Requer um Veredito), ao
presidente do departamento de história para que ele o
avaliasse. Após vários meses, um dos alunos visitou o
presidente e perguntou sua opinião sobre o livro.
“Ele contém historicamente alguns dos argumentos
mais convincentes sobre o cristianismo que já li”,
respondeu o professor.
O estudante ficou todo excitado. Então o diretor do
departamento acrescentou: “Mas não chegarei à
mesma conclusão do Sr.McDowell.”
“Por que?”perguntou o estudante, confuso.
“Por causa da minha perspectiva filosófica”, foi a
resposta.
Não havia falta de evidência. Mas, apesar disso, ele se
negou a aceitá-la.
Uma Questão de Vontade
Um poeta disse sabiamente: “Uma mente convencida contra sua
vontade é ainda a mesma mente.” Algumas pessoas simplesmente se
recusam a crer, mesmo quando confrontadas com fatos irrefutáveis.
Outros podem ficar sem respostas, mas ainda se recusam a dobrar os
joelhos diante de Jesus. Neste caso, a rejeição de Cristo e de sua
ressurreição não é mais uma questão de razão e lógica; é uma rebelião
contra Deus.
Aconteceram vários casos na igreja que pastoreei em San Diego,
Califórnia. Um engenheiro aeroespacial, de inteligência privilegiada,
vinha à igreja regularmente acompanhado de sua esposa e filha, mas
confessava que não era um crente. Ele se dizia abertamente um ateu,
ou, na melhor das hipóteses, um cético. Não sei bem o que ele
realmente era. Don, diferentemente da maioria dos maridos descrentes,
desfrutava da companhia de alguns homens de nossa igreja, chegando
até a praticar esqui aquático com alguns deles aos sábados à tarde.
Em uma manhã de domingo, cinco anos mais tarde, Don estava
profundamente emotivo. Procurou-me após o culto dizendo que tinha
duas perguntas sérias que gostaria de me fazer há algum tempo e que,
se eu pudesse responder a elas, ele se tornaria um cristão. Eu me senti
exultante e perguntei quando ele queria conversar. Ele respondeu que o
dia seguinte seria bom, porque ele estaria de férias toda aquela semana.
Cheguei à sua casa às duas horas e ele me expôs dois pontos
críticos sobre o cristianismo. Acredite ou não, eu havia estudado ambos
os pontos nos últimos dez dias! Conversamos por duas horas e meia.
No final, perguntei-lhe se tinha mais perguntas a fazer, e ele disse que
não, e que estava satisfeito com as respostas dadas.
“Don”, perguntei, “você está preparado para dobrar os joelhos
comigo e convidar Cristo para entrar em seu coração?” Para minha
surpresa, ele disse: “Bem, não quero ser precipitado e fazer as coisas
correndo”. Saí de lá triste, na certeza de que a salvação é mais uma
questão da vontade do que da mente.
Felizmente, Don continuou indo à igreja com sua esposa. Mais
tarde, eles se mudaram da cidade e, dois anos depois de instalar sua
família no norte do país, ele finalmente tomou a decisão que deveria ter
tomado naquela segunda-feira à tarde, quase dez anos antes.
Permaneça Aberto à Verdade
Um dos versos clássicos de Shakespeare diz: “Sê verdadeiro para
ti mesmo”. Durante toda a leitura deste livro, irei desafiá-lo a
permanecer aberto à verdade, à evidência e à lógica. Tome cuidado para
não se deixar influenciar por aqueles que se recusam a crer. A fonte
básica da evidência da vida de Jesus de Nazaré são os quatro
evangelhos, sendo que três deles foram testemunhas oculares. Como
você verá no próximo capítulo, estes registros históricos da vida de
Jesus são os documentos mais confiáveis da antigüidade.
3. A Credibilidade das Narrativas do Evangelho
Todos os fatos essenciais que conhecemos sobre Jesus vêm dos
evangelhos; assim sendo, tudo o que há no cristianismo está baseado na
credibilidade das narrativas destes quatro evangelhos.
É fácil, portanto, perceber por que os céticos modernos, que
viveram pelo menos mil e setecentos anos depois de Cristo, insistem
em afirmar que longos períodos de tempo transcorreram entre a vida
de Jesus e o registro dos evangelhos. Isto lhes permite alegar que os
evangelhos foram escritos por homens que não tiveram informações de
primeira mão sobre os acontecimentos ocorridos. Argumentam eles
que os evangelhos dizem pouco sobre o “Jesus histórico” e muito
sobre o que a igreja inventou muitas décadas depois de sua morte. Em
outras palavras, eles diminuem o valor dos evangelhos como narrativas
confiáveis da vida de Jesus. Embora admitam que os evangelhos
oferece narrativas interessantes daquilo que a igreja primitiva ensinou
sobre o Messias, não acreditam que o evangelho de João e os sinópticos
contêm muitas (se algumas) informações precisas a respeito da vida e
morte de Jesus, que viveu na Palestina do primeiro século.
Se esses críticos estão certos, então não podemos esperar
conhecer muita coisa de valor sobre a vida de Jesus, e a fé cristã
histórica irá se desintegrar e virar pó. Por outro lado, se eles estão
errados e podemos então com certeza confiar no registro preciso dos
evangelhos sobre a vida de Jesus — algo que esperamos mostrar com
clareza neste capítulo —, então dispomos de uma sólida base sobre a
qual construir nossas esperanças, nossa fé e nossas próprias vidas.
A Importância dos Evangelhos
Os relatos da vida de Jesus contidos nos evangelhos são de
extrema importância. Henry H. Halley fez o seguinte comentário:
Os quatro evangelhos são, em todos os aspectos,
aparte mais importante da Bíblia: mais importante do
que todo o restante da Bíblia junto. Mais importante do
que todos os livros do mundo reunidos, porque
podemos perfeitamente ficar sem o conhecimento de
todas as outras coisas, mas não sem o conhecimento
de Cristo. Os livros da Bíblia que os precedem são
antecipações e os que vêm a seguir são explanações
sobre o herói dos quatro evangelhos.
É verdade que Josefo, Tácito e outros escritores contemporâneos
se referem ao “Jesus da história”, mas não acrescentam quaisquer
informações sobre Ele que já não estejam mencionadas nos evangelhos.
Conseqüentemente, é de suprema importância que estabeleçamos a
credibilidade dos evangelhos.
Vamos agora considerar a confiabilidade dos quatro evangelhos.
Consideremos brevemente João, assim como os três evangelhos
sinópticos — assim chamados porque, quando colocados lado a lado,
demonstram um tratamento semelhante ou paralelo da vida e morte de
Jesus de Nazaré.
O Evangelho de João
O evangelho de João é geralmente colocado à parte dos outros,
porque ele não procurou escrever um relato cronológico da vida de
Jesus. Ao escrever seu evangelho no final do primeiro século, João
procurou apresentar o aspecto sobrenatural de Jesus, de modo que seus
leitores fossem levados à fé. Isto fica evidente no clássico comentário
quase no final do livro: “Estes [sinais], porém, foram registrados para
que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome” (João 20.30). Nenhum outro evangelho tem
sido tão duramente atacado pelos céticos, agnósticos e descrentes do
que o evangelho de João — não porque qualquer evidência do primeiro
século questione sua autoridade, mas porque ele apresenta de maneira
inequívoca a divindade de Jesus.
Tendo sobrevivido a todos os outros apóstolos, João pôde
observar a tendência de muitas pessoas enxergarem a divindade de
Jesus em termos semelhantes aos encontrados na mitologia grega (por
exemplo, como deuses que tomavam a forma de homem ou de
animais). João pretendia deixar claro que Jesus tinha vindo em forma
humana, que Ele era humano em todos os mínimos aspectos (porém
sem pecado) £ era Deus também nos mínimos aspectos. Eis a razão
por que ele enfatizou os milagres de Jesus — para mostrar que, embora
o Salvador fosse verdadeiramente homem, de modo que podia morrer
pelos pecados da humanidade, Ele era também Deus e podia, portanto,
realizar milagres como nenhum outro jamais realizara. João apresentou
Jesus como o “Logos”, ou “Palavra”, significando que Ele era a
expressão exata de Deus. Se você quer realmente conhecer Deus e
compreender como Ele reage em qualquer situação, estude a vida de
Jesus, pois Ele revela o Pai.
Os leigos em geral consideram o evangelho de João de mais fácil
compreensão do que os outros evangelhos. Ele foi escrito por um
pastor já idoso (da igreja de Éfeso), companheiro íntimo de Pedro e de
outros líderes da igreja. E, certamente, João foi testemunha ocular de
todos os eventos que mencionou. E interessante observar que vários
dos lugares específicos mencionados por João — tais como, o poço de
Jacó em Sicar, o tanque de Siloé, a Calçada de Pedra ou Pavimento (em
hebraico Gabatá), onde Jesus foi julgado diante de Pilatos e outros —
foram descobertos pela moderna arqueologia, fazendo silenciar muitas
das objeções dos céticos.
João provavelmente teve acesso aos evangelhos sinópticos,
escritos cerca de trinta anos antes do seu. Ele queria que seu registro
fosse único; por isso revelou vários milagres e muitos ensinos de Jesus
que não estão citados nos outros evangelhos. Quis também apresentar
Jesus como o Criador de todas as coisas — “No princípio...” (1.1-3).
Além disso, ele o apresenta como juiz, igual a Deus, restaurador e
galardoador, redentor e revelador.
A confiabilidade do evangelho de João é atestada por mais
manuscritos e artigos (desde o final do primeiro século) do que
qualquer outra obra literária da antigüidade, o que incomoda bastante
os céticos. E preciso lembrar que manuscritos antigos são raros,
principalmente por não serem escritos em papel como conhecemos
hoje, mas normalmente em papiro, um material extremamente
vulnerável ao tempo, umidade, mofo e deterioração (o pergaminho
somente foi inventado por volta do quarto século). No entanto, muitas
peças em papiro daquele período foram descobertas, o que confere
validade à Bíblia (e especialmente ao evangelho de João) mais do que
qualquer outro documento antigo.
Em 1885, no Egito central, onde o ar é seco, muitos documentos
antigos foram encontrados, cobertos durante séculos por areias
protetoras. Nos dez anos seguintes, descobertas arqueológicas
revelaram muitos fragmentos das Escrituras, respondendo a muitas
perguntas dos céticos. Em 1920, um fragmento de papiro do evangelho
de João também foi encontrado, medindo oito centímetros e nove
milímetros por seis centímetros e quatro milímetros, contendo João
18.31-33 de um lado e 18.37-39 de outro.
Os estudiosos atribuíram-no à primeira metade do segundo
século. É o mais antigo manuscrito da Bíblia encontrado — uma
evidência de que o evangelho de João existia e estava em circulação no
Egito, nos anos que se seguiram imediatamente à morte de João.
Este importante fragmento está sob uma redoma de vidro na
Coleção Chester Beatty, da Biblioteca Rylands, em Manchester,
Inglaterra, e é considerado um dos mais importantes manuscritos da
história (embora já não seja o texto bíblico mais antigo). Este
documento comprova a veracidade do evangelho de João bem como
confirma sua autoria.
Além desse célebre fragmento do manuscrito de John Rylands,
existe outra evidência da antigüidade do evangelho de João:
A veracidade do evangelho de João é comprovada
também pelo Egerton Papiro 2, com data anterior ao
ano 150. Foi também usado por Tatian em seu
Diatessaron.... João foi também conhecido e usado em
alguns círculos heréticos gnósticos — por exemplo, por
Ptolorneu, um discípulo de Valentino, pelo evangelho
de Pedro (cerca de 150), e (provavelmente) pelo autor
do evangelho da Verdade, de Valentino.
Uma, evidência adicional da autenticidade deste importante
evangelho é o fato de ele ter sido aceito imediatamente por todos os
líderes da igreja primitiva. Por exemplo, Inácio, em suas Sete Cartas,
escritas por volta de 110 d.C, faz citações dos quatro evangelhos.
Papias, que viveu em 70-155 d.C, foi discípulo de João e citou seus
escritos, juntamente com os outros evangelhos, em seu livro Uma
Explanação dos Pronunciamentos do Senhor. Citações semelhantes
podem ser encontradas nos escritos de Irineu (130-200 d.C), um aluno
de Policarpo (tendo sido ele mesmo, por sua vez, um aluno de João),
bem como nos de Justino Mártir e outros pais da igreja. Apesar de
apenas parte de seus escritos ter sido preservada, aqueles que restaram
confirmam a existência e imediata aceitação, na época, do evangelho de
João (assim como de outros livros do Novo Testamento).
A Bíblia é, com certeza, o livro mais lido e amado no mundo, e
dos livros do Novo Testamento, o preferido é o evangelho de João.
Sua mensagem tem sido usada ao longo dos séculos para alcançar
multidões para a salvação através da fé no Senhor Jesus Cristo, e esta é
talvez a maior prova de sua autenticidade e inspiração divina.
Os Três Autores dos Sinópticos
Todos os três escritores dos evangelhos sinópticos ou foram
testemunhas oculares dos eventos da vida de Jesus ou tiveram acesso
àqueles que foram. Para uma avaliação correta dos sinópticos, é preciso
esclarecer que os autores se preocuparam mais com o tema e as pessoas
a quem eles se dirigiam do que com a seqüência cronológica dos fatos.
O evangelho de Mateus é considerado como escrito
fundamentalmente para os judeus, pois continuamente enfatiza o
cumprimento das profecias do Velho Testamento a respeito de Jesus,
provando que Ele era realmente o Messias.
Desde o início do cristianismo, Mateus foi considerado o autor
do evangelho que leva seu nome. Mateus é mencionado em ambas as
listas de discípulos (Marcos 3.13; Lucas 6.12-16), confirmando ter sido
uma testemunha ocular dos acontecimentos. Ele admitiu ser um
“publicano” ou cobrador de impostos que deixou tudo para seguir
Jesus.
E quando foi escrito o evangelho de Mateus? Os céticos nos
fariam crer que ele data de pelo menos uma ou duas gerações após os
eventos ali registrados. Isto, porém, é impossível. Sob uma redoma de
vidro na biblioteca do Magdalen College, em Oxford, Inglaterra, se
encontra o que atualmente é considerado como o mais antigo
fragmento de papiro do Novo Testamento. Ele não apenas confirma a
exatidão do texto de Mateus ali preservado, como prova que os fatos ali
narrados faziam parte do cotidiano da testemunha ocular que os
descreve — exatamente como a igreja tem acreditado por dois
milênios.
Na véspera do Natal de 1994, um estudioso alemão, Dr. Carsten
Peter Theide, diretor do Instituto para Pesquisa Epistemológica Básica,
publicou uma evidência científica que datava este fragmento do
evangelho de Mateus como anterior ao ano 70 d.C, e talvez até anterior
a 30 d.C. Em 1996, em seu livro Testemunha Ocular de Jesus, escrito
juntamente com o estudioso britânico Matthew D’Ancona, ambas as
pesquisas atuais parecem indicar que o evangelho atribuído a Mateus
existia também naquela época [30 a 60 d.C] em forma de folhas, o que
tornaria possível a sua leitura por uma testemunha ocular da
crucificação.
Em um artigo publicado em uma revista no final de 1996, o Dr.
Theide fez esta importante declaração com base em suas descobertas
científicas:
“Os fragmentos de papiro indicam que os primeiros
registros completos dos evangelhos eram cópias que
foram distribuídas durante as primeiras décadas da era
apostólica, bem próximo da época em que as
testemunhas oculares haviam presenciados os fatos.
Portanto, o Jesus histórico não foi algo inventado.
Pode-se eventualmente contestar certos detalhes, mas
não o fato básico de sua existência e tudo que fez.”
Este estudioso acredita que o evangelho de Mateus e,
provavelmente, os outros dois sinópticos foram escritos e distribuídos
entre 30 e 60 d.C, quando muitas outras testemunhas oculares ainda
estavam vivas para julgar sua exatidão.
Esta data remota do primeiro evangelho significa que Mateus
resistiu ao exame minucioso das únicas pessoas qualificadas para julgálo — não os “estudiosos” mil e novecentos anos distantes dos eventos,
inclinados a desaprovar a Bíblia e os atributos de Cristo — mas as
próprias testemunhas oculares dos acontecimentos. Desse modo, não é
de estranhar que a igreja primitiva tenha aceitado imediatamente os
relatos do evangelho e dado a eles a posição de “outras escrituras”,
estudando-os e discutindo-os juntamente com o Velho Testamento em
seus cultos de adoração!
Marcos, considerado tradicionalmente o autor do segundo
evangelho, foi provavelmente o primeiro a compilar os fatos da vida de
Cristo para a igreja primitiva em constante expansão. Marcos não foi
um dos apóstolos, mas conhecia bem tanto Pedro quanto Paulo, tendo
feito várias viagens com eles. Marcos ligou-se mais especialmente a
Pedro, estando com o apóstolo em “Babilônia”, quando este escreveu
sua primeira epístola (veja 1 Pedro 5.13). Marcos tinha ouvido muitas
vezes as pregações de Pedro e de Paulo, tendo conhecimento de todos
os eventos transcorridos na vida de Jesus. O fato de os discípulos se
reunirem na casa de sua mãe, em Jerusalém, faz com que possamos
presumir que em sua juventude ele tenha ouvido pessoalmente as
palavras do Salvador.
Atualmente os estudiosos admitem que o evangelho de Marcos
tenha sido escrito cerca de 50 ou 54 d.C. Gregory A. Boyd,
respondendo aos céticos do Seminário Jesus, chama a atenção para o
fato de vários fatores internos indicarem uma data antiga para o
evangelho de Marcos. Por exemplo:
Em Marcos 15.21 encontramos referência a um certo
“Simão Cireneu que passava, vindo do campo, pai de
Alexandre e de Rufo”, o qual foi forçado a ajudar Jesus
a carregar a cruz. A afirmação é totalmente
inexplicável, a não ser admitindo-se a possibilidade de
os leitores de Marcos estarem bem familiarizados com
Alexandre e Rufo. Mateus e Lucas, estranhamente, não
fazem referência a eles.
Isto não somente fixa o acontecimento na história, mas o localiza
na memória dos leitores, os quais poderiam guardar esses nomes na
memória por muito mais de dez ou vinte anos, talvez até uma geração.
Se não fosse assim, tais nomes seriam esquecidos.
Boyd continua:
Marcos menciona Pilatos sem a preocupação de
explicar a seus leitores quem era ele (Mateus e Lucas
afirmam que ele era “governador”); por outro lado,
refere-se ao “sumo sacerdote” sem mencionar seu
nome (ao passo que Mateus e Lucas o identificam
corretamente como Caifás; Mc 14.53-54; 15.1). A
explicação mais lógica para isso é que os leitores de
Marcos não precisavam da referência à posição de
Pilatos ou quem era o “sumo sacerdote “quando Jesus
foi crucificado. Tendo em vista que Pilatos deixou de
ser governador no ano 36 d. C, e Caifás deixou sua
posição em 37d.C, quanto mais distante destas datas
procurarmos datar o evangelho de Marcos, menos
compreensíveis se tornam suas informações.
A conclusão de Boyd é apropriada, pois a evidência indica uma
data anterior, sendo o relato feito por alguém muito familiarizado com
os fatos e as pessoas envolvidas.
Devo acrescentar que descobertas arqueológicas recentes
atestaram que Pilatos era o governador em Jerusalém naquela época, o
que confirma a confiabilidade dos relatos do evangelho. Procure
imaginar o que aconteceria se alguma descoberta arqueológica recente
colocasse Pilatos vinte anos antes ou depois da crucificação. Os céticos
imediatamente ergueriam sua voz para atestar sobre a falta de
credibilidade das Escrituras. Entretanto, somente um silêncio abafado
de tais associações acolheu as recentes descobertas que confirmam as
datas, as pessoas e a exatidão histórica dos registros.
De fato, a arqueologia não tem sido benevolente com os céticos
durante os últimos cem anos ou mais. Em vez de confirmar seu
ceticismo provando que a Bíblia está “cheia de falsidades”, como
alguns costumam proclamar, numerosas descobertas arqueológicas têm,
na realidade, confirmado a exatidão dos registros.
Há fortes evidências de que Marcos não somente escreveu o
evangelho, mas contou com a ajuda de uma testemunha ocular. A
antiga tradição admite que o apóstolo Pedro foi a força motora por trás
do evangelho de Marcos. Alguns até vão mais longe a ponto de dizer
que este é o evangelho segundo Pedro (por meio de Marcos). O mais
importante, porém, é que o evangelho de Marcos foi escrito por alguém
que se relacionou diretamente com os eventos, sendo aceito pela igreja
logo depois de ter sido escrito.
Papias, um discípulo do apóstolo João que viveu entre 70 e 155
d.C, escreveu em sua Explanação dos Pronunciamentos do Senhor que
havia se dedicado à tarefa de inquirir os anciãos [presbíteros] e seus
seguidores e que um deles narrou o seguinte: “Marcos, tendo se
tornado o intérprete de Pedro, anotou com exatidão tudo aquilo que
este último recordava — das palavras e atos de Cristo — não, porém,
em ordem. Pois nem ele ouviu o Senhor, nem foi seu seguidor, mas,
logo depois, ele se apegou a Pedro, adaptando suas instruções
conforme a necessidade. Marcos não ensinou como se estivesse
compondo um relato unificado dos oráculos do Senhor, portanto, não
cometeu nenhum erro ao assim anotar algumas coisas que ele (Pedro)
lembrava. Pois tinha em mente uma só coisa — nada omitir do que
tinha ouvido e não fazer quaisquer afirmações falsas”.
Lucas, “o médico amado” (Colossenses 4.14), autor do terceiro
evangelho, possuía as qualidades de um bom escritor e historiador. Até
mesmo os céticos, que difamam os registros do evangelho, admitem a
qualidade do seu estilo literário. Lucas era um médico grego que fez
várias viagens com o apóstolo Paulo na propagação do evangelho.
Supõe-se que seu livro tenha sido escrito cerca de 58-60 d.C, na época
em que vivia na cidade de Cesaréia, quando de prisão de Paulo ali
durante dois anos. Alguns estudiosos acreditam que Lucas tinha lido o
evangelho de Marcos antes de escrever o seu, pois nos cerca de 1150
versículos de seu evangelho aparecem quase trezentas citações de
Marcos [ed. de Almeida].
Como grego, Lucas tendia a escrever à maneira grega, o que dá
ao seu evangelho uma aceitação universal maior que o de Mateus. Ele
enfatiza a humanidade de Jesus mais do que os outros, razão pela qual
o filme “Jesus” (produzido e distribuído por Campus Crusade for
Christ não precisa de muita revisão e adaptação quando traduzido para
outras línguas — o evangelho de Lucas por si só proporciona a ação
dramática. O filme já foi traduzido para mais de setenta e cinco
idiomas, tendo se revelado um excelente instrumento para levar
milhões de pessoas a se decidirem por Cristo.
Lucas não foi testemunha ocular dos acontecimentos que relata
em seu evangelho, mas compensa essa deficiência com a vantagem de
ter entrevistado aqueles que estiveram com Jesus, produzindo, assim,
um registro de grande exatidão e credibilidade. Nenhuma pessoa
poderia conhecer tão bem os detalhes encontrados no evangelho de
Lucas, senão através de entrevistas com as testemunhas oculares; assim
sendo, o bom médico Lucas deixou-nos um relato muito convincente
da vida, ministério e morte de Jesus. Pelo fato de se referir a tantos
lugares geográficos específicos em seus escritos, Lucas se tornou
sensível e preciso em suas investigações, relacionando com exatidão 53
localizações geográficas. Sua precisão nas informações é tão
surpreendente que vários arqueólogos, como W. F. Albright, tiveram
sua fé restaurada ou fortalecida e muitos passaram da infidelidade à
aceitação da fé ao constatarem a exatidão das informações do Dr.
Lucas. Uma dessas conversões foi experimentada por um dos maiores
arqueólogos e geógrafos que já existiu, Sir William M. Ramsay.
Treinado na escola alemã de história, Ramsay não foi inicialmente
receptivo à fé. Ele achava que a Bíblia o tornaria suscetível a influências
não confiáveis, por conter muitas citações de lugares, acontecimentos e
pessoas. Como muitos outros, sua tentativa de desacreditar o Novo
Testamento converteu-o à fé. Ramsay de início não admitia que o livro
de Atos dos Apóstolos havia sido escrito por Lucas, o companheiro de
Paulo. Para provar sua hipótese, ele fez uma viagem pela Ásia Menor,
durante a qual ficou tão impressionado com a exatidão mostrada no
livro em relação às localizações geográficas e históricas que reviu seu
parecer, afirmando que o texto de Lucas é de uma fidelidade
insuperável. Mais tarde ele escreveu em um livro que Lucas deveria ser
incluído entre os maiores historiadores.
Um outro testemunho sobre a precisão científica dos escritos de
Lucas, de autoria do Dr. Wilbur Smith — um famoso pesquisador da
atualidade e um de meus amados professores — citou uma fonte
imparcial, o Dr. James T. Shotwell. Em seu livro, The History of
History, Shotwell escreveu: “Lucas, como mostra o livro de Atos dos
Apóstolos, era um homem instruído que recorreu a várias fontes para
redigir sua história. Suas citações geográficas são precisas e exatas, e sua
obra pode ser comparada às melhores histórias pagas de seu tempo”.
Lucas certamente aplicou esse mesmo método ao escrever o
evangelho que tem seu nome.
Todos os quatro evangelhos são igualmente importantes e, para
obter uma imagem completa da vida de Jesus, você deve estudar os
quatro. Cada um deles ressalta uma faceta diferente do caráter do
Mestre. Mateus, escrevendo para os judeus, apresenta-o como rei.
Marcos apresenta-o como um servo, enquanto Lucas o apresenta como
o homem perfeito. O último, João, apresenta-o como Deus em forma
humana. Todos os quatro são imagens fiéis de Jesus de Nazaré e nos
ajudam a compreender o Senhor de maneira completa.
Os Escritos Anteriores aos Evangelhos
Atualmente vários estudiosos da Bíblia admitem que Marcos,
considerado o primeiro dos autores do evangelho, teve acesso a outros
documentos concernentes à vida de Jesus, os quais usou para escrever
seu próprio evangelho. Se você considera isto herético, lembre-se de
que foi Lucas quem disse:
Visto que muitos houve que empreenderam uma
narração coordenada dos fatos que entre nós se
realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o
princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros
da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois
de acurada investigação de tudo desde sua origem,
dar-te por escrito... uma exposição em ordem. (Lc 1.13)
A menos que apenas dois escritores (Marcos e Mateus) sejam
considerados “muitos”, Lucas tinha em mente outros relatos da vida,
época e morte de Jesus que Deus não considerou necessários incluir no
cânon das Escrituras. Esses “outros documentos” se perderam com o
passar do tempo. Provavelmente alguns ouvintes anotaram os sermões
e ensinamentos de Jesus e transmitiram suas anotações pormenorizadas
sobre horas ou dias de seus pronunciamentos a um autor
desconhecido. Outros podem ter sido testemunhas oculares dos
milagres e de outros acontecimentos de sua vida. Marcos pode muito
bem ter mantido esses escritos não utilizados à disposição de Lucas.
Ninguém sabe ao certo. Há também boa probabilidade de que os três
autores dos evangelhos sinópticos tenham recebido anotações ou
relatos, ou mesmo documentos inteiros, dos quais puderam extrair suas
informações.
Pelo menos um desses documentos parece ter sido completo, e
alguns especialistas acreditam que ele foi incorporado aos evangelhos.
Como aponta o Dr. Smith: “Sabemos que antes de qualquer coisa ter
sido escrita, a igreja possuía registros sobre Jesus; entretanto, nunca
poderemos saber como esses documentos surgiram ou quais eram suas
características originais”. Os estudiosos deram a esses escritos que
antecedem aos evangelhos o título de “Q” [quelle], originado de uma
palavra alemã que significa fonte. Há razões para acreditar que sua
existência é explicada pela semelhança entre vários versículos nos três
relatos.
O resumo a seguir contém algumas sugestões úteis:
“Q” foi um guia para a vida e a conduta cristã, escrito
especialmente para atender às necessidades da igreja
de Antioquia em épocas de crise. Foi uma espécie de
manual evangélico para uma igreja gentílica.
Evidentemente ele não contém todo o ensino de Jesus,
mas somente o que se considerava necessário para
resolver problemas e circunstâncias inusitadas de uma
igreja especial em uma fase especial de sua história.
Foi escrito provavelmente antes do Concilio Apostólico
(50 d. C.) ou até mesmo antes da primeira viagem
missionária de Barnabé e Paulo, isto é, cerca de 47
d.C. O Prof. Streeter chega a afirmar que “Q “foi
provavelmente escrito vinte anos antes de Marcos. De
acordo com o comentário do Prof. Robertson, “Q “ foi
escrito durante a vida de Jesus, razão pela qual não
inclui a semana da paixão. Dificilmente vamos saber
qual foi o conteúdo de “Q”, uma vez que ninguém viu tal
documento, nem os antigos pais da igreja afirmaram têlo visto.
Embora a existência de um recurso precioso como “Q” não
possa ser comprovada, ele é certamente plausível. Sabemos que Lucas
baseou seu evangelho em ampla pesquisa e provavelmente não limitou
suas fontes apenas aos relatos orais. Seria natural que muitos
registrassem o testemunho de uma cura ou algum dos sermões de
Jesus. Com toda probabilidade, cada um dos escritores do evangelho
teve acesso a muitas partes desse material. É bem possível que Mateus
tenha feito suas próprias anotações e mais tarde acrescentado alguma
coisa do recurso material existente ao escrever seu evangelho. Se isto é
verdadeiro, o tempo se reduz ainda mais entre os eventos reais na vida
de Cristo e a época em que foram registrados nos evangelhos.
Todos os Sinópticos Foram Escritos Antes de 70 d. C.
O intervalo entre os acontecimentos da vida de Jesus e a redação
dos evangelhos, como os conhecemos hoje, poderia ser somente de
mais ou menos trinta e cinco anos. Os céticos do século dezessete
tentaram provar que os evangelhos foram escritos depois do primeiro
século ou, talvez, ainda mais tarde. O objetivo era claro: queriam
atribuir os relatos sobre a vida de Jesus a uma época posterior à morte
de todos os discípulos, o que permitiria a eles rejeitar toda a história
como falsa, uma vez que os evangelhos são atribuídos a homens que
viveram na época em que os eventos se realizaram. Um evangelho que
não contivesse o testemunho de pelo menos uma testemunha ocular
não poderia ser considerado um registro autêntico.
Este argumento, porém, não resistiu, como a maior parte dos
ataques céticos sobre a autenticidade das Escrituras.
Os três escritores dos sinópticos incluem o discurso profético do
Monte das Oliveiras, apenas horas antes de Jesus ser crucificado. Em
todos eles menciona-se que Jesus previu a destruição do templo em
Jerusalém, uma profecia que foi cumprida em 70 d.C. — entretanto,
nenhum deles menciona que a catástrofe já tivesse ocorrido na época
em que os registros foram escritos. Isto confere credibilidade a Mateus
e Marcos, ambos judeus nacionalistas, que teriam falhado em registrar
um fato tão importante, como a ocupação de sua cidade e a destruição
do templo, se de fato isso tivesse ocorrido na época em que
escreveram. Portanto, muito provavelmente, esses evangelhos foram
escritos antes daquela data; e uma vez que é bastante improvável que
todos os três escreveram no mesmo ano, pelo menos um deles poderia
ter escrito entre dois a dez anos antes desse terrível acontecimento
descrito minuciosamente por Josefo. Portanto, estamos ainda dentro
dos trinta a trinta e sete anos distantes dos eventos em questão — bem
dentro do espaço requerido pela confiabilidade.
O Apoio de um Cético Francês
Se os evangelhos não tivessem registrado fielmente a vida de
Jesus, de onde eles teriam tirado essa imagem? Qual é a probabilidade
de os autores dos evangelhos terem simplesmente “combinado” entre
si escrever a história da vida e caráter de Jesus? Observe a opinião de
um famoso cético francês, Jean-Jacques Rousseau:
Seria a história do evangelho obra da imaginação?
Amigo, não é assim que se inventa; os fatos sobre
Sócrates, dos quais ninguém duvida, não são tão bem
atestados como aqueles sobre Jesus Cristo. Na melhor
das hipóteses, você está apenas se afastando do
problema, sem ficar livre dele. Seria mais inacreditável
que quatro homens fizessem um acordo para fabricar
este livro do que um único homem ter fornecido o
assunto para ele. Nem os judeus poderiam ter feito
isso. O evangelho contém notas de realidade tão
grandes e admiráveis, que seu inventor seria uma
pessoa mais surpreendente do que seu herói.
Qualquer pessoa familiarizada com Rousseau sabe que ele não foi
nenhum defensor da fé. Rousseau foi um racionalista radical que
exerceu grande influência sobre a Revolução Francesa e na introdução
do humanismo nas Américas. Entretanto, Rousseau acreditava que a
Bíblia possuía tanta credibilidade como qualquer outro livro antigo. Sua
opinião ainda tem um grande peso.
A História Favorece a Confiabilidade da Bíblia
Por que alguns estudiosos não submetem outras obras antigas
aos mesmos padrões irracionais que aplicam aos evangelhos? Há muito
mais evidência para se confiar na Bíblia do que em qualquer outro livro
antigo.
Consideremos apenas alguns poucos exemplos da antigüidade.
Aristóteles, um filósofo grego freqüentemente citado, viveu entre 384 e
322 a.C. O documento mais antigo de suas obras foi descoberto cerca
de 1.400 anos depois de ele ter escrito os originais. Platão viveu entre
427 e 347 a.C, e os documentos mais antigos que temos de seus
trabalhos datam de pelo menos 1.100 anos depois que os originais
foram escritos. No entanto, quase ninguém nega a autenticidade dos
escritos desses dois autores.
Agora, comparemos isso com a situação dos evangelhos
sinópticos. Cópias completas dos evangelhos datadas entre duzentos e
trezentos anos de sua composição estão expostos em museus de várias
partes do mundo e existem fragmentos dos evangelhos ainda mais
antigos. No entanto, os mesmos “estudiosos” que aceitam Aristóteles e
Platão geralmente parecem chocados com Jesus. Isto não seria
preconceito?
Além disso, todo o Novo Testamento pode ser reproduzido a
partir de livros escritos pelos primeiros cristãos dentro dos 150 anos
dos eventos! No entanto, os mesmos céticos que têm dificuldade em
aceitar a Bíblia raramente hesitam em aceitar seus amigos filósofos da
Grécia. Por quê? Não é certamente porque eles têm mais evidência; o
mais provável é que esses estudiosos têm sérias divergências filosóficas
com a Bíblia. Portanto, a questão não é a evidência, mas a filosofia!
Muitos estudiosos têm se empenhado arduamente em tentar
provar a validade do gnóstico evangelho de Tome, quando se sabe com
certeza que sua data é posterior aos evangelhos canônicos, dos quais
inclusive depende. Geralmente um documento antigo é aceito por
aquilo que ele alega ser, a menos que o historiador possa provar outra
coisa. Isto coloca o fardo da prova sobre aqueles que não acreditam no
documento. Até aqui os opositores da confiabilidade histórica dos
relatos do evangelho falharam em suprir esta evidência. Já é tempo de
os céticos aceitarem como autênticos os evangelhos canônicos, ou
então que consigam provar de uma vez por todas que eles datam de um
período muito posterior ao que tem sido sustentado tradicionalmente.
A verdade é que nenhum livro antigo se aproxima do número de
cópias ou de partes integrais de manuscritos que possuímos do Novo
Testamento. Josh McDowell escreve:
Quando terminei minha pesquisa sobre a confiabilidade
da Bíblia e publiquei Evidence That Demands a Verdict,
em 1973, fui capaz de documentar quatorze mil
manuscritos somente do Novo Testamento. Em 1980
reeditei e atualizei esta obra em razão da grande
quantidade de novos materiais de pesquisa disponíveis.
Atualmente, sou capaz de documentar 24.633
manuscritos somente do Novo Testamento. A
importância do número de manuscritos que
documentam o Novo Testamento é ainda maior quando
se constata que o segundo livro na história que mais
possui manuscritos qualificados é a Ilíada, de Homero,
que tem apenas 643 manuscritos. O grande número de
manuscritos que dão autenticidade ao Novo
Testamento motivou Sir Frederick Kenyon, uma das
maiores autoridades na questão da confiabilidade dos
antigos manuscritos, a escrever: “O intervalo, entre as
datas da escrita original e a evidência mais antiga
descoberta é tão pequeno que chega a ser desprezível,
o que torna praticamente impossível qualquer
possibilidade de as Escrituras terem sido escritas mais
recentemente. Tanto a autenticidade como a
integridade geral dos livros do Novo Testamento podem
ser consideradas como definitivamente estabelecidas”.
De qualquer maneira, o fardo da prova repousa sobre os céticos.
Eles têm, portanto, de prover qualquer evidência sólida de que os
registros do evangelho sobre a vida de Jesus não são confiáveis. Se
colocarmos de lado o antagonismo filosófico deles em relação a
qualquer coisa sobrenatural, seus argumentos se desfazem como a
neblina diante do calor do sol. A história, a geografia e a lógica
asseveram que Deus, realmente, deixou-nos um registro confiável da
vida de seu Filho, Jesus de Nazaré. E esse registro é encontrado nos
evangelhos.
Anos atrás minhas dúvidas de principiante eram aumentadas
pelos céticos, que ridicularizavam a fé na Bíblia porque muitos de seus
detalhes não podiam ser verificados por fontes extra bíblicas. Por
exemplo, a Bíblia mencionava 44 reis pelo nome e, no entanto,
nenhuma história “secular” confirmava sua existência. O Dr. Harry
Rimmer, um defensor da exatidão da Bíblia, chamou a atenção para o
fato de, nos últimos cem anos de escavações arqueológicas, os nomes
de quarenta daqueles reis terem sido descobertos. Ele costumava dizer
em suas conferências que não era preciso muita fé para confiar na
exatidão da Bíblia apesar de faltarem quatro reis! Certa vez a Bíblia foi
ridicularizada por mencionar a grande “nação hitita”, muito embora
fontes não-bíblicas disponíveis nunca tivessem mencionado esse povo.
Hoje, graças às escavações dos arqueólogos, todos aceitam a
historicidade dos hititas — um povo que a Bíblia mencionou há 2.500
anos.
O Prof. Edward Meyer, um racionalista, honestamente declarou:
“Não há absolutamente nenhuma razão para recusar-se a aceitar
aquelas velhas tradições como historicamente dignas de confiança em
todos os seus pontos essenciais e em sua disposição cronológica da
história”.
Nos últimos anos, foram encontrados tantos fragmentos de
manuscritos e tanta evidência do primeiro século que mesmo alguns
dos cientistas e estudiosos mais céticos tiveram de rever as datas
posteriores que haviam dado aos evangelhos, chegando finalmente a
datas mais próximas daquelas que a tradição havia alegado para eles.
Theide e D’Ancona concordam que a ciência e os eruditos terão de
“redatar” suas ultrapassadas estimativas à medida que nos
aproximamos do novo milênio. Eles concluem:
Há boas razões para se supor que o evangelho
segundo Mateus, com seus relatos detalhados do
sermão do monte e da grande comissão, foi escrito não
muito depois da crucificação e certamente antes da
destruição do templo em 70 d. C; que o evangelho
segundo Marcos foi divulgado cedo o suficiente para
poder alcançar Qumrã antes de sua destruição (anterior
a 70 d.C), que o evangelho segundo Lucas pertenceu
a essa mesma geração de manuscritos cristãos.
Freqüentemente, nos últimos duzentos anos, a ciência tem sido
hostil à fé. Porém, mais recentemente, talvez para ser academicamente
honesta, a ciência começou a dar apoio àquilo que os cristãos sempre
acreditaram: que os evangelhos foram escritos por testemunhas
oculares dos eventos que apresentam e são, portanto, relatos confiáveis
da história.
Afinal de contas meu dedicado professor estava certo:
O evangelho tem produzido mais força em direção ao
bem do que quaisquer outros documentos já escritos
pelos homens. Com base no testemunho de seus
registros, a igreja cristã tem permanecido firme por
dezenove séculos. Milhares de grandes estudiosos em
várias épocas têm alegremente testificado que após
estudarem
detidamente
os
evangelhos
foram
compelidos a aceitar suas palavras como sendo
historicamente dignas de confiança. Através da
pregação daqueles primeiros discípulos, o mundo todo
foi transformado e para melhor. Pela contínua pregação
da verdade desses evangelhos milhões de vidas têm
sido transformadas em cada geração.
Nenhum livro do mundo antigo tem sido mais insistentemente
atacado do que a Bíblia, e, apesar disso, saiu ileso aos ataques da crítica
das distorções e dos preconceitos. A Bíblia é ainda o livro mais vendido
e certamente o mais amado do mundo. Foi o primeiro livro a ser
impresso logo após a invenção da prensa gráfica, exatamente porque
era “o primeiro livro”. Isto aconteceu há mais de quinhentos anos, e ele
continua sendo “o primeiro livro” até hoje.
Nenhum outro livro tem sido tão copiado, citado ou servido de
inspiração para melhorar o caráter das pessoas. Ele é, de longe, o livro
mais inspirador e motivador do mundo. A Bíblia contém muita da
sabedoria de Deus e é o melhor manual sobre o comportamento
humano já escrito. Aqueles que criaram as filosofias discordantes da
Bíblia foram acusados por seus próprios erros com o passar do tempo,
enquanto que aqueles que traçaram o curso de suas vidas de acordo
com os princípios contidos na Bíblia gozam da “paz com Deus”,
impossível de ser obtida de qualquer outra forma. Nas épocas de
necessidade, busca de orientação ou bênção, mais pessoas ainda
procuram a ajuda da Bíblia do que de qualquer outra fonte.
Jesus Garantiu a Exatidão de Seu Registro
O cristão não precisa preocupar-se com a confiabilidade dos
registros ou com a exatidão das mensagens de nosso Senhor aos seus
seguidores, contidas no evangelho. Ele tomou grande cuidado para que
elas fossem infalíveis. Isto faz sentido, pois, se Ele percorreu um
caminho tão difícil para salvar a humanidade, não deixaria de assegurar
a exatidão da narrativa dessa caminhada. Não é surpresa para Ele que o
cristianismo permaneça por dois milênios, dependendo todo o tempo
da proclamação de sua história por meio dos evangelhos. Nem mesmo
os movimentos racionalista alemão e cético francês o apanharam de
surpresa. Ele havia tomado mais do que precauções adequadas. Foi
João quem registrou a promessa: “o Consolador, o Espírito Santo, a
quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas E
vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. (João 14.26) O
Espírito Santo, a quem Jesus também chamava “o Espírito da
Verdade” tinha sobre si a tarefa de assegurar a exatidão dos registros do
evangelho e sua inclusão no cânon do Novo Testamento. Já vimos que
existem outros escritos cristãos, mas nenhum sobreviveu até os nossos
dias. Por quê? Evidentemente eles não estavam à altura do padrão de
excelência que o Espírito Santo requeria ao compor o Novo
Testamento.
Podemos com toda certeza ler os evangelhos e outros livros do
Novo Testamento com a confiança de que estamos lendo relatos
verdadeiros daquilo que Jesus de Nazaré realmente fez e disse. Eis a
razão por que podemos basear neles nossa salvação e destino eternos.
Se desejamos saber quem Jesus de Nazaré realmente foi, não
precisamos esperar pelas declarações mais recentes dos estudiosos
céticos, tais como aqueles do Seminário Jesus. A melhor estratégia é ler
atentamente o que os evangelhos e os demais livros do Novo
Testamento têm a dizer sobre Ele. Somente ali você estará em
segurança.
4. Várias Opiniões Sobre Jesus de Nazaré
Quase todas as pessoas que ouviram falar de Jesus formaram
uma opinião sobre Ele. Isto é natural, pois Ele não somente é a pessoa
mais famosa da história universal, mas também a que tem causado mais
controvérsias. As opiniões populares sobre Jesus podem ser reduzidas a
apenas duas: ou Ele foi Deus em forma humana ou foi simplesmente
um homem bom. Uma delas não pode ser verdadeira. É impossível vêlo como um homem bom, se Ele não for o Filho de Deus, pois foi isso
precisamente que Ele alegou ser (veja o Capítulo Cinco). Se Ele não era
Deus, mas alegou ser, então não pode ser bom; Ele seria ou louco ou
um grande mentiroso.
Em razão de seu caráter reto e seus atos caridosos, dificilmente
alguém consideraria Jesus sob uma ótica negativa. Mesmo aqueles que
se irritavam ao ouvir seu nome — Hegel, Voltaire, Stalin, Mao TséTung e Marx, para citar alguns — não foram capazes de ignorá-lo.
Alguns foram até mesmo respeitosos para com Ele. Apesar disso, eles
sabiam que suas teorias eram opostas ao ensino de Jesus, por isso não
poupavam esforços em uma fútil tentativa de anular sua influência.
Tudo se resume desta forma: Se Jesus é realmente Deus em
forma humana, então Ele deve ser adorado. Se Ele não é, deve ser
esquecido e rotulado como impostor ou lunático.
Nesses dois mil anos passados, bilhões de pessoas o têm
adorado, enquanto que outros bilhões nunca ouviram falar dele ou não
tiveram acesso a evidência de quem Ele realmente é. Neste último
grupo muitos têm formulado suas opiniões sobre Jesus baseados nas
afirmações de outras pessoas, mas isto é perigoso, pois uma visão
prejudicial pode levar a conclusões erradas.
De acordo com a Bíblia, no eterno plano de Deus para o homem,
a decisão mais difícil que toda pessoa enfrenta está relacionada com a
identidade de Jesus de Nazaré. “Quem é Jesus?” torna-se desse modo a
mais importante pergunta a que uma pessoa possa responder.
A Opinião dos Descrentes
De todos os pontos de vista sobre Jesus de Nazaré, nenhum é
tão insensato como o que afirma que Ele nunca viveu realmente. Tal
pressuposição desafia tanto a razão como a história, pois as pegadas do
Nazareno estão irrevogavelmente estampadas em todo o Oriente
Médio, na era romana e na civilização ocidental. Muitos judeus em
Israel rejeitaram sua origem divina, mas não puderam e nem podem
negar sua existência histórica. Muitos deles hoje concordam que Jesus é
o maior dos hebreus surgido desde o fim do Velho Testamento.
Em 1995 liderei uma viagem turística a Israel em dois ônibus
lotados de cristãos. Nosso guia, um major da reserva do exército, tinha
também mestrado em história pela Universidade Hebraica. Ele foi
muito respeitoso em relação ao homem Jesus — mas admitiu que não
podia aceitá-lo como Messias, muito embora reconhecesse nele “muitas
semelhanças”. Quando perguntei se muitos judeus acreditavam que
Jesus realmente viveu, ele respondeu: “Sim, certamente!” Então
perguntei quem eles achavam que foi Jesus, e ele respondeu: “O judeu
mais famoso em toda a história.” Boa parte da economia de Israel
baseia-se hoje nos turistas cristãos que visitam a Terra Santa para
prestar homenagem a Jesus. Cada ônibus de turismo relembra aos
habitantes locais que o Nazareno viveu ali e foi um deles, porém
muitos negam-se a considerá-lo como Messias.
Mesmo aqueles que não aceitam a condição de Jesus como Deus
admitem que Ele deixou uma marca indelével sobre a humanidade. J.
Oswald Sanders, um respeitado escritor e ministro inglês, colecionou
afirmações tanto de descrentes como de crentes sobre a pessoa de
Jesus:
Descrentes. Parece que os descrentes e mesmo os infiéis
tentaram suplantar uns aos outros nos elogios ao caráter de Cristo e,
em um tribunal, o parecer favorável de uma testemunha em relação ao
lado oposto tem grande peso. Seguem-se, então, alguns tributos de
descrentes e de inimigos do cristianismo à pessoa de Jesus.
Ernest Renan, o infiel francês, escreveu: “Repousa agora em tua
glória, nobre Fundador. Tua obra está terminada! Tua divindade está
estabelecida... Entre ti e Deus não haverá mais qualquer distinção...
Sejam quais forem as surpresas do futuro, Jesus nunca será
ultrapassado.”
W. Lecky, de Dublin (Irlanda), o historiador do racionalismo,
diz: “Cristo exerceu influência tão profunda que podemos afirmar que
o simples registro de três curtos anos de vida ativa fez mais para
regenerar e suavizar o ser humano do que todas as indagações dos
filósofos e todas as exortações dos moralistas.”
Lord Byron, um poeta devasso, afirmou: “Se alguma vez o homem foi
Deus, ou Deus foi homem, Jesus foi ambos.”
Spinoza, apóstata judeu: “Jesus Cristo foi o Templo; nele Deus teve a
mais plena revelação de si mesmo.”
J. J. Rousseau, ateu imoral: “Se Sócrates viveu e morreu como sábio,
Jesus viveu e morreu como Deus.”
James Martineau, famoso unitarista: “Jesus Cristo deve ser chamado
de o regenerador da raça humana.”
(N.T.: unitarista: adepto do unitarismo, seita protestante do séc. XVI
que negava o dogma da Trindade, reconhecendo em Deus uma só
pessoa).
Robert Ingersoll, conferencista ateu: “Pelo homem Cristo... tenho a
mais alta admiração e respeito. Tivesse eu vivido em seu tempo, teria
sido seu amigo.”
Pecaut, outro célebre infiel francês: “O caráter moral de Cristo elevouse incomparavelmente acima do de qualquer outro grande homem da
antigüidade. Nenhum outro foi tão meigo, tão humilde e tão bondoso
como Ele. Em Espírito Ele viveu na casa de seu Pai celestial. Sua vida
moral está totalmente impregnada de Deus.”
É surpreendente como esses homens foram longe e apesar disso,
não se renderam aos argumentos do Filho de Deus, pois a admiração
não salva.
O Testemunho de Napoleão Bonaparte
Pouco se fala entre os historiadores modernos sobre a vida
espiritual do suposto ditador da Europa, após seu exílio em Elba.
Conta-se que, para aliviar as horas passadas na prisão (quase vinte
anos, com exceção de uma tentativa abortada de reconquistar seu
império), ele fez um estudo profundo da vida e pessoa de Jesus Cristo.
Sua conclusão interessa a você.
Do começo ao fim Jesus é o mesmo; majestoso e
simples, infinitamente severo e infinitamente meigo.
Durante toda sua vida pública, Ele nunca foi apanhado
em falta. A sua conduta desperta nossa admiração por
unir força e suavidade. Quer na palavra ou na ação, Ele
é sábio, firme e calmo. A sublimidade é considerada
um atributo da divindade: que nome, pois, darei a Ele,
em cujo caráter estava presente cada elemento do
sublime?
Conheço os homens, e digo a você que Jesus não é
um simples homem. Tudo nele me impressiona. Seu
espírito ultrapassa o meu e sua vontade me confunde.
A comparação entre Ele e qualquer outra pessoa é
impossível. Ele é verdadeiramente um ser por si
mesmo. Suas idéias e sentimentos; a verdade que
anuncia; sua maneira de convencer; todos estes
atributos estão além da humanidade e da ordem natural
das coisas.
Seu nascimento e a história de sua vida; a
profundidade de sua doutrina, que tudo soluciona e que
elimina todas as dificuldades; seu evangelho; a
singularidade de seu ser misterioso; sua aparência; seu
império; seu progresso através dos séculos e dos
reinos; tudo isto é para mim um prodígio, um mistério
insondável
Nada vejo aqui de um simples homem. Por mais que
possa aproximar-me, por mais profundamente que o
examine, tudo
permanece acima de minha
compreensão—com uma grandeza que me esmaga. É
em vão que reflito — tudo permanece inexplicável!
Desafio você a citar outra vida como a de Cristo.
A Evidência da Blasfêmia
Na introdução deste livro contei a história de um aluno do curso
secundário que nunca tinha ouvido o nome de Jesus Cristo usado em
qualquer coisa que não fosse profanação. Ele não está sozinho; existem
muitos como ele, graças ao vazio dos ensinos sobre o Jesus histórico na
educação pública e pela aceitação do uso de seu nome em termos
desrespeitosos. Infelizmente, esta prática não está limitada aos jovens;
ela está presente na mídia e no comércio de diversões. O uso do nome
de Jesus em blasfêmias é um costume tão arraigado que as pessoas
parecem não se dar conta disso ao usá-lo.
Tome a TV como exemplo. Parece-me que, enquanto o pessoal
da mídia fica constrangido toda vez que o nome de Jesus é usado
respeitosamente, essa mesma mídia raramente parece notar quando ele
é usado de maneira profana. Tenho observado que os entrevistadores
esportivos ficam confusos quando ao conversar com o herói de um
determinado evento este espontaneamente atribui “todo o crédito ao
Senhor e Salvador Jesus Cristo”, como vários atletas de fama têm feito.
Os anunciadores rapidamente mudam de assunto, como se tivessem
receio de que sua rede ou emissora possa ser usada para sugerir que
Jesus é alguém especial, alguém que deve ser adorado e cultuado. Esses
mesmos indivíduos, porém, parecem não se preocupar quando o nome
de Jesus é usado para blasfemar.
Mas, por que precisamente o nome dele? Se, como alguns céticos
admitem, Jesus é meramente um “mestre religioso” ou um “filósofo”
ou uma “grande pessoa da história” por que então os nomes de outros
mestres famosos ou filósofos ou grandes heróis da história não são
usados do mesmo modo? Você já ouviu alguém esmagar o dedo com
um martelo e amaldiçoar sua sorte em nome de Buda, Sócrates ou
Maomé? Provavelmente não. Por que sempre o nome de Jesus é o
escolhido? A única exceção é quando é usado o nome do próprio Deus.
Por que estes dois nomes são usados em blasfêmias e outros não? É
muito simples. A razão é que não há nomes maiores que esses para
serem usados quando uma pessoa “amaldiçoa” alguma coisa ou
condena verbalmente alguém ao inferno. Desatentas à advertência dos
Dez Mandamentos no sentido de que “o Senhor não terá por inocente
o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20.7), as pessoas continuam
a citar o nome de Jesus como se fosse nada mais do que uma forma
original de dizer “Oh!” Por ironia do destino, o cético ou ateu que usa
o nome de Jesus profanamente não está somente invocando a ira do
Deus todo-poderoso sobre si, mas está na realidade reconhecendo a
supremacia do Pai e do Filho acima de todos os seres humanos.
A Opinião dos Crentes
É fácil encontrar testemunhos daqueles que crêem na divindade
de Jesus, pois seu número é grande. Nos capítulos a seguir vamos
considerar o testemunho daqueles que foram testemunhas oculares da
vida de Jesus. Iremos reproduzir alguns testemunhos dados por crentes
da era pós-bíblica que confessaram Jesus como Senhor. Observe que a
crença na divindade de Jesus não surgiu com o passar dos séculos,
como ocorre no caso das tradições populares. Os crentes reconheceram
a divindade de Cristo já a partir do primeiro século. Veja os seguintes
testemunhos:
Policarpo (69-155 d.C): Bispo de Esmirna, foi discípulo do apóstolo
João. Policarpo escreveu: “Possa agora o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo e o próprio Sumo Sacerdote, o [Filho de] Deus, Jesus
Cristo, edificar-vos na fé...”.
Justino Mártir (110-166 d.C): Um apologista que defendeu a fé de
maneira bastante erudita, Justino Mártir reconheceu: “nosso Cristo
conversou com Moisés sob a aparência de fogo da sarça.” Não foi o Pai
do universo quem assim falou a Moisés, mas “Jesus, o Cristo”, “o Anjo
e Apóstolo”, “que é também Deus”, sim “o Deus de Abraão, Isaque e
Jacó”, “o EU SOU o que SOU”.
O testemunho da fé na divindade de Cristo é abundante,
iniciando com a primeira declaração feita por Pedro, atribuída pelo
Senhor atribuiu à revelação divina: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus
Vivo.” (Mateus 16.16)
O Credo Apostólico, cuja data é incerta mas cujos dogmas podem ser
encontrados em fórmulas teológicas correntes por volta de 100 d.C,
afirma: “Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra,
e em Jesus Cristo, nosso Senhor.”
O Credo Niceno (325 d.C), formulado para corrigir alguns erros que
tinham surgido na Igreja, é até mais explícito: “Creio... no Senhor Jesus
Cristo, o primogênito Filho de Deus... sendo um com o Pai.”
Outros credos e confissões são igualmente inequívocos quanto à
divindade de Jesus de Nazaré. Um deles contém a sabedoria refinada de
todos os credos anteriores. A Confissão de Westminster, escrita há
mais de três séculos, afirma: “o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da
Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai
e igual a Ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si
a natureza humana...”
Outros Testemunhos
Além dos credos, muitos escritores famosos, pensadores e líderes
da história testemunharam sua crença na divindade de Jesus. Vejamos
os seguintes:
Shakespeare: “Jesus Cristo, meu Salvador.”
Milton: “Filho unigênito, semelhança divina.”
Daniel Webster: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.”
Thomas B. Macaulay: “Divindade incorporada em forma
humana.”
W. E. Gladstone: “A razão para o meu viver é baseada na
divindade de Cristo.”
A. J. Balfour: “Cristo é um judeu raro, mas os homens não
conhecem seu valor... Nenhuma mente pode captar plenamente sua
glória.”
John Paul Richter: “O mais santo entre os poderosos e o mais
poderoso entre os santos, levantou impérios arrasados com suas mãos
traspassadas, desviou de seu leito a corrente da civilização e ainda
governa as eras.”
Alexander Whyte (famoso clérigo britânico do século passado):
“Quanto mais vivo mais firme é minha fé na divindade de meu
Redentor. Ninguém menor que o Filho de Deus pode satisfazer minhas
necessidades. Preciso de alguém que seja capaz de salvar-me
plenamente”.
Os testemunhos de pessoas de diferentes épocas e posições na
vida são incontáveis.
Como é evidente pelos testemunhos acima, a divindade de Cristo
tem sido plenamente aceita e divulgada de forma imutável por aqueles
que o conheceram e o serviram ao longo das épocas. Ela também foi
sustentada por vários dos mais conhecidos e amados líderes do
Ocidente. Grandes homens e mulheres têm sido crentes humildes em
Jesus, o Cristo, o Filho de Deus.
Um dos mais belos tributos prestados ao Nazareno permanece
até hoje como uma das peças prediletas da literatura:
Uma Vida Solitária
Ele nasceu em uma aldeia obscura, filho de uma jovem
camponesa. Cresceu em outra aldeia obscura, onde
trabalhou em uma carpintaria até os trinta anos.
Então, por três anos, foi um pregador itinerante. Nunca
teve uma família nem possuiu uma casa. Nunca pôs os
pés em uma cidade grande. Nunca viajou mais de
trezentos quilômetros do lugar onde nasceu. Nunca
escreveu um livro ou exerceu um cargo. Ele não fez
nenhuma das coisas que geralmente acompanham a
fama.
Quando ainda era jovem, a opinião pública voltou-se
contra Ele. Seus amigos o abandonaram. Foi acusado
por seus inimigos e suportou a humilhação de um
julgamento. Foi pregado em uma cruz entre dois
ladrões.Enquanto estava morrendo, seus executores
disputavam em um jogo aposse da única peça de roupa
que Ele tinha—uma túnica. Quando Ele morreu, foi
descido da cruz e colocado em um túmulo emprestado.
Dezenove séculos se passaram e hoje Ele é afigura
central para grande parte da raça humana. Todos os
exércitos que já marcharam, e todos os navios que
atravessaram os mares, e todos os parlamentos que já
se reuniram, e todos os reis que já reinaram, colocados
juntos, não afetaram tão poderosamente a vida dos
homens como esta “Vida Solitária”.
(Anônimo)
Quem É Este Homem?
No tempo de Jesus, diferentemente do nosso, era comum as
pessoas aceitarem a existência de Deus. Conseqüentemente, as
alegações de Jesus sobre sua divindade foram ou recebidas ou
rejeitadas. Como veremos, nem todos os que o ouviram falar, viram
seus milagres e foram expostos à evidência que Ele demonstrou
acreditaram nele. Muitos dos judeus de sua época o rejeitaram porque
Ele não correspondia à idéia que eles tinham de como deveria ser o
Messias.
Atualmente alguns céticos, embora admitindo o incrível impacto
da vida de Jesus sobre o mundo, insistem em afirmar que Ele nunca
alegou ser Deus ou possuir os atributos divinos. Eles querem nos fazer
crer que Jesus foi apenas um homem bom, mas não divino. Podemos
pensar se eles alguma vez leram os quatro evangelhos, pois, como
veremos, neles são encontradas abundantes provas de sua natureza
divina.
5. Quem Jesus Disse Que Era
O início da vida humana de Jesus pode ser traçado em poucas
palavras — Ele teve uma vida humilde e trabalhou em uma carpintaria
na obscura aldeia de Nazaré. Entretanto, apesar dessa origem humilde,
em nenhum momento Ele teve dúvidas sobre sua pessoa ou propósito.
Assim que iniciou seu ministério público, Ele passou a ensinar e
demonstrar a todos que era mais do que humano, que de fato Ele era
Deus vindo em forma humana. Quando seus inimigos perceberam a
importância de suas afirmações, pegaram em pedras para matá-lo (Jo
8.59; 10.31).
Finalmente, milhares de seus amigos e seguidores creram nele,
confessando que “jamais alguém falou como este homem” (João 7.46).
Eles nunca tinham ouvido alguém exclamar que “aqui está quem é
maior do que Jonas” ou “aqui está quem é maior do que Salomão” ou
“a principal pedra” está aqui ou o supremo “EU SOU” está aqui!
(Mateus 12.41-42; Lucas 20.17; João 8.58). Jesus fez cada uma dessas
afirmações, e outras mais. Ele sabia exatamente quem era: o divino
Filho de Deus, a segunda pessoa da trindade.
Afirmações Corajosas Que Requerem Resposta
Meu amigo e colega de muitos anos, o Dr. Henry Morris II, um
dos três maiores estudiosos que já conheci, fez o seguinte comentário
sobre as afirmações de Jesus como divindade:
Tais afirmações devem ser estudadas cuidadosamente
e com extrema seriedade. Elas foram feitas realmente
pelo próprio Cristo e, de acordo com as regras da razão
e da lógica, devem ser aceitas como verdade absoluta.
Elas equivalem in toto a uma afirmação absoluta e
dogmática: que Jesus Cristo é Ele mesmo o Deus
eterno! Sendo assim, se uma pessoa desconsiderar ou
rejeitar este fato, isto lhe custará a perda trágica e
eterna de sua própria alma.
As alegações são muitas e variadas, mas todas resultam, tanto
individual como coletivamente, na afirmação do caráter singular de
Jesus como o eterno Filho de Deus. Uma amostragem disso é dada
abaixo, sem qualquer comentário (porque nenhum é necessário):
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim.”(Jo 14.6)
“O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para
perdoar pecados.” (Mt 9.6)
“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos
homens, também eu o confessarei diante de meu Pai
que está nos céus.” (Mt 10.32)
“Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece
o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o
Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mt
11.27)
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim,
ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em
mim, não morrerá, eternamente.” (Jo 11.25,26)
“O Filho do homem é senhor também do sábado.” (Mc
2.28)
“Quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.”
(Lc 9.24)
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará
nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida.” (Jo 8.12)
“Quando vier o Filho do homem, achará porventura fé
na terra?” (Lc 18.8)
“O Filho do homem... veio para dar a sua vida em
resgate por muitos.” (Mc 10.45)
“Aquele... que beber da água que eu lhe der, nunca
mais terá sede.” (Jo 4.14)
“O Pai... ao Filho confiou todo o julgamento.” (Jo 5.22)
“Vinde a mim todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mt 11.28)
“Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a
ouvirem, viverão.” (Jo 5.25)
“Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras
não passarão.” (Lc 21.33)
“Antes que Abraão existisse, EU SOU.” (Jo 8.58)
“Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16.18)
“Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram
antes de mim são ladrões e salteadores.” (Jo 10.7,8)
“Eu e o Pai somos um.”(Jo 10.30)
“Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais terá
fome.” (Jo 6.35)
Afirmações como essas poderiam ser acrescentadas em grande
número. Lembre-se de que Ele, por não ter pecado, jamais o enganaria
e que, sendo o mais sábio dos mestres, não poderia estar enganado. As
reivindicações são verdadeiras, e as promessas, confiáveis. Frente a essa
evidência incontestável, podemos apenas dizer, como o ex-cético
Tome: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28).
Uma Evidência Inquestionável
Os que alegam que Jesus estava confuso sobre sua identidade não
devem ter lido os registros do evangelho. Não pode haver dúvida de
que Jesus sabia que Ele era o Messias, como prova um incidente
registrado em João 4.
Um dia Jesus encontrou uma mulher samaritana no famoso poço
de Jacó. Jesus, que nunca havia encontrado antes aquela mulher,
mostrou sua natureza divina dizendo-lhe (para sua enorme surpresa)
que ela tivera cinco maridos e estava naquele momento vivendo com
um homem, sem ser casada com ele. Imediatamente ela reconheceu que
Ele era “um profeta” (versículo 19).
Após ter conversado com Jesus, ela fez uma declaração que
indica que o conhecimento da vinda de um Messias estava bastante
difundido, mesmo em Samaria. Esta mulher pecadora disse: “Eu sei...
que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando Ele vier nos
anunciará todas as coisas.” Observe o que Jesus respondeu: “Disse-lhe
Jesus: ‘Eu o sou, eu que falo contigo’“ (versículos 25-26).
Nunca é demais enfatizar a importância dessa conversão, pois ela
prova que mesmo as pessoas leigas naqueles dias sabiam sobre a vinda
do Messias. E também uma aceitação clara e direta da parte de Jesus de
que Ele era o Messias pelo qual as pessoas estavam esperando. Este
texto deixa claro que Jesus não estava confuso sobre quem Ele era.
Seis Afirmações Específicas da Divindade
O capítulo cinco de João contém a mais clara das afirmações de
Jesus sobre sua divindade encontrada no Novo Testamento. Existem
outras passagens abordando esse mesmo assunto, como já vimos
acima, mas só nesse capítulo são encontradas seis citações. João, uma
testemunha ocular dos eventos da vida de Jesus, em um único dia
ouviu-o relacionar estas seis características de sua divindade. Tomadas
em conjunto, elas provam que Jesus acreditava ser mais do que um
homem, que de fato era Deus em forma humana.
Estas seis afirmações da divindade foram feitas a um grupo de
líderes judeus que objetaram quando, em um sábado, Jesus curou um
inválido.
Jesus tinha ido a Jerusalém para a festa da páscoa, como os
homens israelitas deviam fazer três vezes por ano. Enquanto estava lá,
Jesus foi visitar o tanque de Betesda, onde havia “uma multidão de
enfermos, cegos, coxos, paralíticos [esperando que se movesse a
água...]”. João, uma testemunha ocular, relata a história:
Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.
Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim
havia muito tempo, perguntou-lhe:”Queres ser curado?”
Respondeu-lhe o enfermo: “Senhor, não tenho ninguém
que me ponha no tanque, quando a água é agitada;
pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.”
Então lhe disse Jesus: “Levanta-te, toma o teu leito e
anda. “Imediatamente o homem se viu curado e,
tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era
sábado. Por isso disseram os judeus ao que fora
curado: “Hoje é sábado e não te é lícito carregar o leito.
“Ao que ele lhes respondeu: “O mesmo que me curou
me disse: “Toma o teu leito e anda”. Perguntaram-lhe
eles: “Quem é o homem que te disse: ‘Toma o teu leito
e anda ? “Mas o que fora curado não sabia quem era;
porque Jesus se havia retirado, por haver muita gente
naquele lugar.
Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse:
“Olha que já estás curado; não peques mais, para que
não te suceda coisa pior.” O homem retirou-se e disse
aos judeus que fora Jesus quem o havia curado. E os
judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas coisas
no sábado (Jo 5.5-16).
O ensino decorrente desse acontecimento foi motivado pela
exagerada devoção dos judeus à guarda do sábado, em obediência ao
quarto mandamento. Eles desconsideraram o fato de que Deus já havia
permitido algumas exceções a este mandamento, no Velho Testamento,
para emergências e atos de bondade (Veja Números 28.9-10; 1 Samuel
21.1-6; Mateus 12.11-12). Alguns ficaram tão transtornados com esse
milagre realizado no dia de sábado que procuraram matar Jesus, muito
embora isto significasse uma violação do sexto mandamento. Para eles,
Jesus tinha cometido um pecado imperdoável: tinha se considerado
“igual a Deus”. Jesus justificou suas ações fazendo seis afirmações
clássicas de sua divindade.
Embora esses atributos legítimos de sua divindade não
abrangessem todas as características desta natureza demonstradas
durante sua vida, eles provam que logo depois de deixar sua oficina de
carpinteiro em Nazaré, Jesus proclamou, sem deixar dúvida, quem Ele
era: Deus em forma humana. E Ele nunca desmentiu isso.
1. Jesus afirmou ser Deus encarnado
Ele respondeu aos fariseus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também” Portanto os judeus procuravam mais ainda matá-lo,
porque Ele não somente desrespeitou o sábado, “mas também dizia
que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.17-18).
Para defender seu trabalho no sábado, Jesus citou o exemplo do
próprio Deus Pai, que trabalhou no dia de sábado, mesmo depois da
criação. Na verdade, Deus “descansou” no sentido de que nenhuma
ação criadora foi realizada no sétimo dia, mas Ele sustentou sua criação
naquele primeiro sábado e em cada sábado desde então. Quando Jesus
argumentou que estava “trabalhando” (ou fazendo o bem) no dia de
sábado, Ele estava defendendo a prática de ações semelhantes àquelas
de “meu Pai”. Os judeus imediatamente perceberam o que Ele estava
querendo dizer — que era o Filho de Deus e, portanto, igual a Deus.
Foi por isso que eles “ainda mais procuravam matá-lo, porque não
somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio
Pai, fazendo-se igual a Deus”.
A mensagem de Jesus não podia ser mais clara. Ele se considerou
“igual a Deus”.
No versículo 19 Ele amplia essa afirmação, sustentando que
estava tão unido ao Pai que “o Filho” fazia coisas da mesma forma que
o Pai. Jesus não hesitou em personalizar seu relacionamento com Deus
de um modo impossível para os judeus. Abraão, Isaque e Jacó, seus
respeitáveis antepassados, jamais tinham dito “Deus é meu Pai”, porém
Jesus não vacilou em fazê-lo. Por quê? Porque Ele era “o Filho de
Deus” em forma humana! Ele nunca recuou no uso deste título. E
nunca se considerou apenas “uni Filho de Deus”, mas sempre “o Filho
de Deus”. Para os judeus isto era uma terrível blasfêmia; para Ele era a
confirmação de um fato.
2. Jesus afirmou seu poder de ressuscitar os mortos
“Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim
também o Filho vivifica aqueles a quem quer” (Jo 5.21).
“Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os
que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem
feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o
mal, para a ressurreição do juízo” (Jo 5.28-29).
Os judeus do tempo de Jesus (com exceção da pequena seita dos
saduceus) acreditavam na ressurreição e na vida depois da morte. Por
esta razão Marta pôde dizer a Jesus de seu falecido irmão Lázaro: “Eu
sei... que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia” (João
11.24). Como todos os judeus, ela tinha aprendido esta doutrina desde
a infância. Mas os judeus acreditavam que somente Deus podia
ressuscitar os mortos. Nesta passagem, Jesus alega que Ele é quem
ressuscita os mortos.
Permita-me fazer-lhe uma pergunta: alguma vez você tentou
ressuscitar os mortos? Certamente que não. Nós, humanos, nunca
admitimos tal autoridade e poder. Muitas vezes como ministro do
evangelho desejei ter poder para ressuscitar algumas pessoas como
aquele jovem pai que deixou esposa e três filhas... ou aquele lindo
bebê... ou aquele jovem levado no auge de sua vida. Mas, francamente,
embora eu pudesse ansiar por esse poder, nunca fui sequer tentado a
praticar esta ação. Por que não? Porque somente Deus pode ressuscitar
os mortos! E este é o ensino de Jesus.
As Escrituras relatam quatro casos de ressurreição de mortos
realizados por dois profetas (Elias e Eliseu) e por dois apóstolos (Paulo
e Pedro). Mas em cada ocasião eles esclareceram que foi Deus quem os
usou para realizar o milagre. Jesus ressuscitou um homem por seu
próprio poder e foi o único que ressuscitou alguém morto há quatro
dias. O que também não deve passar desapercebido é que Jesus não
somente ressuscitou três pessoas, mas garantiu que ressuscitaria tanto
os justos como os injustos no dia do juízo. Seus ouvintes estavam
perfeitamente familiarizados com a profecia de Daniel de que haveria
dois tipos de ressurreição no final dos tempos: “Muitos dos que
dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros
para vergonha e horror eterno” (Daniel 12.2). Em João 5.29, Jesus está
nitidamente afirmando ser aquele que realiza essas ressurreições. Tal
afirmação podia ser feita somente por Deus ou por alguém
desequilibrado mental. E uma vez que sua vida, ensinos e ministério
não indicam nenhum distúrbio mental, e sim, como veremos,
manifestam muitas características divinas, somos forçados a concluir
que Ele era realmente o unigênito “Filho de Deus” em forma humana.
O fato de Jesus ter demonstrado poder para ressuscitar três
pessoas mortas durante seu ministério (fez isso quando esteve em
funerais) e levantar-se de seu túmulo ao terceiro dia, lançando os
fundamentos da religião que leva seu nome, coloca diante de toda a
humanidade uma pergunta essencial: “Quem possui vida em si mesmo
e poder para ressuscitar os mortos?” Resposta: “Somente Deus!”
3. Jesus afirmou ser o futuro juiz de todos os homens
“E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o
julgamento” (Jo 5.22).
Os seres humanos sabem intuitivamente que algum dia serão
julgados por Deus, de acordo com aquilo que fizeram na terra. Muitos
que semearam o mal adotam o ateísmo, temerosos da justiça de Deus.
Tentam com isso rejeitar tanto Cristo como Deus, e por conseguinte o
dia do juízo. Se, por alguma razão, eles rejeitam a existência de Deus,
podem também lançar dúvidas sobre o encontro final com Ele no dia
do juízo — pelo menos até o momento da morte, quando tais fantasias
desaparecem. Nesta encruzilhada, alguns — como o cético francês
Voltaire ou o moderno humanista francês Sartre — entram na
eternidade sem Cristo, gemendo de pavor e desesperança.
Para nossos propósitos aqui, é importante notar que Jesus Cristo
afirmou publicamente que nenhuma pessoa, em sã consciência, jamais
pensaria de si mesma: “Eu sou o Deus soberano que irá julgar todos os
homens.” Esta é uma prerrogativa impossível a qualquer pessoa —
exceto, naturalmente, se Ele for verdadeiramente Deus. Jesus de
Nazaré fez exatamente esta afirmação. Portanto, Ele se considerava
divino e ensinou abertamente que um dia todos os seres humanos
comparecerão diante dele para serem julgados.
Jesus ensinou claramente que haverá um julgamento final e
sabemos por outras passagens bíblicas que tal veredicto será eterno. Se
você nunca aceitou Cristo como seu salvador, alguma vez já parou para
considerar que, quando estiver sendo julgado diante do “grande trono
branco” (Apocalipse 20.11), você irá enfrentar a mesma pessoa da
trindade que morreu na cruz por seus pecados como um substituto
voluntário? Naquele momento você terá de admitir que o rejeitou. Se
você acredita que Deus passará por cima de seus pecados e de sua
rejeição a Cristo, sua crença não pode ser baseada na Bíblia, pois ela
ensina claramente que Jesus é o único caminho para a salvação (João
14.6; Atos 4.12). E todos que o rejeitam prestarão conta disso.
“De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado
digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue
da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?
Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu
o retribuirei/ E outra vez: O Senhor julgará o seu povo/ Horrível coisa
é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.29-31).
4. Jesus afirmou ser tão digno de honra quanto Deus
“...a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que
honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai
que o enviou” (Jo 5.23).
Quando Jesus disse que, assim como os homens honravam e
adoravam a Deus, deveriam igualmente honrá-lo e adorá-lo, Ele estava
novamente afirmando não possuir uma natureza simplesmente
humana. A prova de que os judeus consideraram a afirmação uma
grande blasfêmia é observada em sua tentativa subseqüente de matá-lo.
Honra e adoração a Deus eram partes integrantes da fé judaica há
vários séculos. A reverência a Deus era tão grande que eles nem mesmo
pronunciavam seu nome em voz alta. Entretanto, Jesus afirmava
abertamente ser tão digno de honra quanto o Pai, pois era igual a Ele.
Quase cinqüenta anos depois, o apóstolo João escreveu que uma
das condições essenciais para a salvação era honrar o Filho do mesmo
modo como honramos o Pai (1 João 2.23; 4.15; 5.10-12). Não
ofendemos a Deus por honrar igualmente o Pai e seu Filho; pelo
contrário, recebemos a bênção de Deus todas as vezes em que
honramos a ambos.
5. Jesus afirmou a autoridade de conceder vida eterna
“Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra
e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas
passou da morte para a vida” (Jo 5.24).
Outro desejo universal encontrado em cada coração humano é o
de viver para sempre. As religiões do mundo anunciam a vida após a
morte como sendo um paraíso [algo como um eldorado terrestre],
“nirvana” [paz ou quietude perpétua] ou qualquer outra coisa que
identificam como “céu”.
Somente os doutrinados no ateísmo podem dizer com alguma
convicção: “Quando você morre, está tudo acabado”. E mesmo alguns
deles têm mudado de opinião com a aproximação da morte.
Todas as religiões do mundo falham ao ensinar como as pessoas
podem ter garantia de salvação eterna. Invariavelmente, elas
prescrevem um sistema baseado em boas obras ou esforço próprio. No
cristianismo não é assim. Jesus afirmou de maneira incontestável que
tinha autoridade para proporcionar a salvação eterna e concedê-la a
todo aquele que “ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou”
(João 5.24).
A chave é crer que Jesus foi enviado por Deus e pode dar vida
àqueles que crerem nele (isto é, depositam sua fé nele). Ele afirmou ser
o próprio objeto da fé, capaz de outorgar a salvação. Isto,
naturalmente, seria um absurdo se Jesus fosse apenas homem.
Mas, se Ele é Deus, como afirmou, então certamente tem a
capacidade de conceder a vida eterna. E é isto que Deus faz!
6. Jesus afirmou ser a fonte da vida
“Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também
concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para
julgar, porque é o Filho do homem” (Jo 5.26-27).
Jesus declarou corajosamente que partilhava sua natureza com
Deus, tornando-se assim a fonte da vida. Os judeus tinham uma
expressão para esta característica divina, usada pelo próprio Deus
quando falou a Moisés na sarça ardente. Quando o povo perguntasse a
Moisés: “Quem o enviou?”, ele foi instruído a dizer: “EU SOU me
enviou” (Êxodo 3.13-14). Esta é a expressão suprema de Deus. Ela
significa essencialmente que Deus é “o princípio de todas as coisas”.
Quando Jesus afirmou que tinha “vida em si mesmo”,
exatamente como o Pai, isso equivalia a identificar-se com “EU SOU”,
a causa não causada de todas as coisas. Não é surpresa, pois, encontrálo em João 8.58 usando este mesmo título para se identificar. Ele
anunciou aos judeus: “antes que Abraão existisse, EU SOU.” Ao longo
de seu ministério Ele desenvolveu este título, afirmando-o uma vez ou
outra: “Eu Sou a luz do mundo... Eu Sou o caminho... Eu Sou a
verdade... Eu Sou o Messias... Eu Sou a porta das ovelhas... Eu Sou o
bom pastor... Eu Sou o Filho de Deus” (Veja João 4.26; 8.12; 10.7;
11.36; 14.6). Nenhuma afirmação mais forte da divindade podia ser
feita por outra pessoa. Os judeus entenderam isto perfeitamente —
razão por que tentaram apedrejá-lo. “Sendo tu homem, te fazes Deus a
ti mesmo” (Jo 10.33), disseram eles enfurecidos.
Após a leitura desta lista de seis afirmações, não podemos deixar
de concluir que Jesus se considerava mais do que um simples ser
humano. Ele sabia que era o Filho de Deus, que todo poder e
autoridade residiam nele. Esta é a razão por que, na grande comissão
após sua ressurreição, Ele lembrou a seus discípulos: “Toda a
autoridade me foi dada” (Mateus 28.18).
A lista apresentada acima, por si só, prova que Jesus afirmava ser
Deus em forma humana. Ele disse estas coisas publicamente, para que
os outros pudessem chegar à mesma conclusão. Aqueles que aceitaram
suas afirmações tornaram-se seus ardorosos seguidores; outros as
rejeitaram e seguiram seus próprios caminhos. A salvação é sempre
assim; Deus nos deu liberdade para crer nele ou rejeitá-lo, de acordo
com nossa vontade. A escolha é sempre deixada para nós.
P a r t e I I : A E v i d ê n c i a d a s Te s t e m u n h a s
Ocular es
6. O Testemunho de João Batista
Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é
verdadeiro o testemunho que ele dá de mim.
Mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho
da verdade. Eu, porém, não aceito humano
testemunho; digo-vos, entretanto, estas coisas para que
sejais salvos. Ele era a lâmpada que ardia e alumiava,
e vós quisestes por algum tempo alegrar-vos com a sua
luz. (Jo 5.32-35)
A qualidade de uma testemunha no tribunal é geralmente tão
importante quanto o próprio testemunho. Se um advogado puder
contestar o caráter da testemunha, ele destrói a eficácia do que ela disse.
Em uma sessão do júri, transmitida para todo o país, no julgamento de
um astro da National Football League [nos Estados Unidos], o
testemunho de um detetive foi invalidado pelo júri quando se descobriu
que ele havia mentido sob juramento. Jesus Cristo não podia ter
escolhido ninguém melhor para ser a primeira testemunha de sua
divindade do que João Batista. Em certa ocasião, Ele mesmo falou a
respeito de João: “Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu
maior do que João Batista” (Mateus 11.11). No evangelho de Lucas,
Jesus é citado como tendo dito que não havia nenhum profeta maior
do que João Batista. Como os judeus consideravam os profetas os mais
santos dos homens, isto fazia de João uma testemunha da identidade
perfeita de Jesus (naquela época ou em qualquer outra).
Citando o profeta hebreu Malaquias, Jesus disse que João era
“mais do que um profeta”; era um mensageiro especial de Deus que
“preparará o caminho diante de mim” (Malaquias 3.1). Arthur W. Pink
diz a respeito de João: “Ele foi o tema de uma profecia do Velho
Testamento (Isaías 40), seu nascimento foi decorrência de uma
intervenção direta e miraculosa de Deus (Lucas 1.7,13); ele foi cheio do
Espírito Santo desde o ventre materno (Lucas 1.15); ele foi um homem
enviado por Deus (João 1.6); ele foi enviado para preparar o caminho
do Senhor (Mateus 3.3)”.
Concebido Sobrenaturalmente
Embora João Batista não tenha nascido de uma virgem, como
Jesus, ele foi concebido de uma forma especial. Como Isaque, que
viveu muito antes dele, João nasceu de pais idosos através da
intervenção miraculosa de Deus. Pode ser mais do que coincidência o
fato de o autor do evangelho que inclui os detalhes da concepção
miraculosa de João ter sido um médico. O pai de João, Zacarias (um
sacerdote), e sua mãe eram pessoas piedosas, pois o Dr. Lucas nos diz:
Ambos eram justos diante de Deus, vivendo
irrepreensivelmente em todos os preceitos e
mandamentos do Senhor. E não tinham filho, porque
Isabel era estéril, sendo eles avançados em dias. Ora,
aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o
sacerdócio na ordem do seu turno, coube-lhe por sorte,
segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do
Senhor para queimar o incenso. (Lucas 1.6-9)
Enquanto ele estava exercendo o sacerdócio diante do Senhor, o
anjo Gabriel veio a ele e profetizou que ele e Isabel teriam um filho,
que deveria receber o nome de João. A possibilidade de dar à luz uma
criança na idade deles era tão remota que Zacarias questionou a
promessa do anjo. Por causa de sua falta de fé, ele ficou sem voz
durante os nove meses da gravidez de Isabel; e a voz não voltou até o
dia em que a criança recebeu o nome. Quando Isabel estava com seis
meses de gravidez, Maria, sua sobrinha também recebeu a visita do anjo
Gabriel. Foi-lhe dito que ela, uma virgem, daria à luz o Messias.
Quando Maria visitou seus tios e relatou sua visão, “a criança [João
Batista] lhe estremeceu no ventre [de Isabel]; e Isabel ficou possuída do
Espírito Santo” (Lucas 1.41). Após o nascimento de João, a Bíblia nos
diz: “E a mão do Senhor estava com ele. Zacarias, seu pai, cheio do
Espírito Santo, profetizou, dizendo... [de João] Tu, menino, serás
chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor,
preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da
salvação, no redimi-lo dos seus pecados... para alumiar os que jazem
nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho
da paz/ O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos
desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel” (Lucas 1.6680).
Não há dúvida de que João Batista foi concebido e ungido
especialmente para uma missão. Embora seu ministério tenha sido de
pouca duração (foi decapitado por ordem do rei Herodes), este portavoz de Deus e símbolo do reavivamento espiritual em Israel não nos
desapontou ao dar testemunho da identidade de Jesus.
João Compreendeu Quem Ele Era
Pelo testemunho de João fica evidente que ele não tinha dúvidas
sobre a identidade de Jesus. Muitos dos que esperavam a vinda do
Messias na época apontavam para João como o “prometido”. De fato,
quando os “judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para
lhe perguntarem: ‘Quem és tu?’ Ele confessou... ‘Eu não sou o Cristo
[Messias]’ Também não era ele Elias, acrescentando: “Eu sou a voz do
que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o
profeta Isaías” (João 1.19-23). Ao citar o profeta Isaías, João deixou
claro que seu papel era o de arauto da vinda do Messias e não ele
próprio o Messias. Esse papel satisfazia-o plenamente, pois ele não
pretendia ofuscar Cristo. O evangelista João disse francamente a
respeito dele: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30).
João teve ao mesmo tempo um nascimento notável e um caráter
impecável.
A humildade é sempre uma qualidade especialmente apreciada
por Deus e um verdadeiro sinal de grandeza. João demonstrou essa
humildade quando estava no auge de sua carreira — quando as pessoas
acorriam a ele aos milhares para ouvi-lo pregar e serem batizados por
ele — submetendo-se ao Messias que viria, dizendo: “...no meio de vós
está quem vós não conheceis, o qual vem após mim [Jesus era seis
meses mais novo do que João], do qual não sou digno de desatar-lhe as
correias das sandálias” (João 1.26-27).
João não poderia ser mais claro! Ele humildemente identificou-se
como o precursor do Cristo e prontamente cumpriu seu chamado
apressando a vinda do Messias, que tinha primazia sobre ele.
João Foi Enviado por Deus para Ser uma Luz
O apóstolo João, cinqüenta anos mais tarde, escreveu: “Houve
um homem enviado por Deus, cujo nome era João. Este veio como
testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem
a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que
testificasse da luz, a saber: a verdadeira luz que, vinda ao mundo,
ilumina a todo homem” (João 1.6-9).
Na perspectiva de Deus, João Batista tinha um alto propósito
para viver — ser uma testemunha da “luz do mundo”, Jesus, o Messias.
O papel mais importante de João não foi o de “profeta”, muito embora
ele tivesse sido o primeiro a chegar a Israel em quinhentos anos. Nem
foi também como “a voz do que clama no deserto” ou pelo
cumprimento da profecia (embora todas estas coisas fossem
verdadeiras). Sua característica maior foi identificada pelo apóstolo
João: ele “foi um homem enviado por Deus”!
Os Sete Testemunhos de João Sobre Jesus
Agora que já observamos o caráter impecável de João Batista e
vimos que ele era a testemunha com maior credibilidade de seu tempo
para identificar Jesus como o Messias, nós devemos abordar seu
testemunho. Uma coisa é certa: declarações não podem ser ignoradas
ou abandonadas.
1. A preexistência de Jesus
“João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu
disse: O que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto
já existia antes de mim” (João 1.15).
É importante notar que Jesus Cristo não começou a existir
quando “o ente santo” [ou coisa santa, na versão King Jones, em inglês]
(Lucas 1.35), o óvulo fertilizado da encarnação, foi colocado no ventre
da virgem Maria. Ele já existia antes da fundação do mundo. Jesus foi
“o Verbo” que “estava no princípio com Deus”. Na verdade, esse
“Verbo era Deus” (João 1.1). João Batista afirmou que, embora seu
nascimento antecedesse seis meses o de Jesus, entretanto “[Ele, Jesus]
já existia antes de mim”. Em outras palavras, João confessou que Jesus
existia antes de sua própria concepção.
2. O senhorio de Jesus
João disse às multidões que o seguiam que seu propósito era
“endireitar o caminho do Senhor” (João 1.23), em cumprimento da
profecia de Isaías. Ao dizer isso, ele estava testificando que Jesus era
Deus (ou Senhor) do Velho Testamento, confirmando o que o próprio
Jesus diria mais tarde: “Eu e o Pai somos um.” Isto explica por que
Jesus nunca repreendeu os que queriam adorá-lo, muito embora Ele
soubesse que somente Deus deve ser adorado. Jesus não considerou
uma blasfêmia permitir tal adoração, o que pode ser explicado quando
entendemos quem Ele realmente era: “O Senhor”, ou Deus em forma
humana.
3. A vida absolutamente santa de Jesus
“Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para o Jordão, a fim
de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo: ‘Eu é que
preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’” (Mateus 3.13-14)
Para compreendermos o significado deste fato, precisamos
visualizar a cena no rio Jordão. João, o primeiro profeta em Israel
depois de quase quinhentos anos, estava pregando contra os pecados
do povo e dos líderes religiosos. Um espírito de reavivamento
irrompeu, pessoas de todas as partes se arrependiam, e eram batizadas
por João. Cobradores de impostos, prostitutas, alguns sacerdotes e
rabinos, e milhares de pessoas comuns vinham para serem batizadas
por João no rio Jordão. João batizava a todos que vinham
verdadeiramente arrependidos.
Então, um dia aconteceu um fato assombroso. Um homem se
aproximou das margens do rio para ser batizado; João olhou para ele e
espontaneamente declarou: “Não posso batizar-te; eu é que preciso ser
batizado por ti!” Uma antiga tradução coloca nestes termos a resposta
de João: “Não sou digno de batizar-te.”
Agora, preste atenção nisso. João conhecia bem Jesus.
Provavelmente se conheceram quando crianças, pois eram parentes e
moravam bastante próximos. João estava dando um testemunho
subconsciente e espontâneo de que Jesus não precisava de batismo.
Nunca antes ou depois João isentou qualquer outra pessoa do seu
batismo — somente Jesus. Não perca o raciocínio. João queria que
todos compreendessem que seu parente, que ele conhecia bem, tinha
vivido uma vida sem pecado e, assim, não precisava procurar
arrependimento. Um testemunho tão poderoso é considerado
irrefutável em qualquer corte do mundo, mesmo em um júri popular.
4. Jesus identificado como “o Cordeiro de Deus”
“No dia seguinte, viu João a Jesus que vinha para ele, e disse: ‘Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29, 36)
João Batista foi educado de acordo com o ensino dos profetas do
Velho Testamento, conhecendo bem os requisitos para um sacrifício
especial pelos pecados — um cordeiro branco e puro, “sem defeito e
sem mácula” (1 Pedro 1.19). Deveria ser perfeito. João estava
afirmando que Jesus era sem pecado e, portanto, qualificado para ser “o
Cordeiro de Deus”, entregue em sacrifício pelos pecados de todo o
mundo. Jesus, que havia iniciado seu ministério público naqueles dias,
ainda não havia emitido uma única palavra para indicar que morreria na
cruz como sacrifício pelo pecado.
Esse sacrifício foi mencionado pelos profetas, mas nem os
discípulos nem os líderes religiosos da época esperavam que o Messias
viesse para morrer pelos pecados do povo. Efetivamente, os judeus
mais tarde rejeitaram Jesus, não por Ele ter falhado ao cumprir todos
os requisitos dos profetas, mas porque Ele tinha vindo para morrer
como sacrifício pelo pecado. Apesar das claras profecias de Isaías e de
outros profetas hebreus, eles esperavam que o Messias assumisse o
papel de um rei que os governasse, libertando-os do jugo dos romanos.
As multidões podiam certamente aceitá-lo como um soberano — mas
não estavam dispostas a receber quem quer que fosse como um
Messias sofredor. João, entretanto, soube instantaneamente que Jesus
era “o Cordeiro de Deus”.
Esta é a primeira vez nos evangelhos em que Jesus é chamado de
o Cordeiro de Deus. O apóstolo Filipe usou esse título quando expôs o
evangelho ao eunuco etíope, em Atos 8, mas ele estava citando Isaías
53.7-8, onde o profeta havia escrito: “...como cordeiro foi levado ao
matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não
abriu a sua boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem
quem dela cogitou? porquanto foi cortado da terra dos viventes.”
No restante do Novo Testamento, o apóstolo Paulo chama Jesus
de “nosso Cordeiro pascal”, em 1 Coríntios 5.7, enquanto o apóstolo
Pedro chama-o de “cordeiro sem defeito e sem mácula”, em 1 Pedro
1.19. Mas o maior número de citações aparece no livro do Apocalipse,
que usa o termo “cordeiro” para caracterizar Jesus não menos do que
trinta e uma vezes!
Reconhecemos hoje que Jesus foi inegavelmente o “Cordeiro de
Deus” que morreu sobre a cruz, não por seus pecados, mas “pelos
pecados de todo o mundo”. Este reconhecimento, porém, veio após o
fato. Como João sabia disto ao chamá-lo desde o início por este título?
Somente por inspiração divina! Mais do que o testemunho de João
Batista é o testemunho do próprio Deus!
5. Jesus é identificado como o Messias
Quando o povo perguntou a João se ele era “o Cristo” (ou
Messias; Jo 1.25), ele respondeu “Não”, e disse-lhes que ele, João,
batizava somente com água. Porém Deus o havia instruído sobre como
identificar o Messias:
E João testemunhou dizendo: “Vi o Espírito descer do
céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o
conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com
água, me disse: Aquele sobre quem vires descer e
pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito
Santo. ‘Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é
o Filho de Deus”. (Jo 1.32-34)
João reconheceu a superioridade espiritual de seu parente quando
afirmou: “Não sou digno de batizar-te, tu és quem deve batizar-me.”
Ele, porém, não estava ciente naquele momento de que Jesus era o
Messias. Certamente, João estava certo de que o Messias estaria
vivendo em sua época, pois ele mesmo seria seu precursor, mas não
sabia, até então, quem seria o Messias. O Espírito Santo, porém, havia
lhe mostrado como identificar o Messias. “Aquele sobre quem vires
descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo”
(versículo 33). Assim, quando João foi persuadido por Jesus a batizá-lo
(para que este cumprisse toda a justiça), pôde então testemunhar
dizendo: ‘Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele.
Este é o que batiza com o Espírito Santo’“. Deste modo, João
identificou claramente Jesus como o Messias de Deus, “o Cordeiro de
Deus e o Filho de Deus”.
Para ilustrar a importância deste acontecimento notável,
contraste com a seguinte situação: suponha que o Espírito Santo tivesse
descido e pousado sobre o ombro de Pedro ou de um dos outros
apóstolos. João Batista poderia ter sido justificado ao protestar dizendo:
“Oh! não, ele não! Ele é apenas um pescador sem cultura! O que ele
sabe?” Ou podia ter dito: “Tenho discípulos mais bem qualificados do
que esse!” Mas ele não fez isso. Ao contrário, quando o Espírito
cumpriu o sinal já previsto pelo Pai — descendo em forma de uma
pomba sobre Jesus “e permanecendo sobre Ele” — João prontamente
percebeu e testemunhou que Ele era o Filho de Deus, aquele que
batizaria com o Espírito Santo.
6. Jesus declarou ter o direito divino de batizar com o
Espírito Santo
“Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o
que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.33).
João sabia que seu batismo era um símbolo de fé e
arrependimento, representando um compromisso da pessoa com
Deus— não o batismo da salvação. Nosso batismo hoje assinala que
fomos “nascidos do Espírito” no momento em que “nascemos de
novo”.
O batismo do Messias era muito diferente. Ele batizaria com o
Espírito Santo, o que tem sido feito por intermédio de seus discípulos
milhões de vezes nesses quase dois mil anos.
Portanto, João testificou que Jesus tinha o direito de conceder
salvação através do batismo do Espírito Santo, disponível a todo aquele
que crer que Jesus morreu na cruz sacrificialmente por seus pecados
(como o Cordeiro de Deus), foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia.
7. Jesus era o “Filho de Deus”
“Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus”
(Jo 1.34).
Considerando tudo o que ele sabia sobre seu parente, Jesus de
Nazaré — os relatos de seu nascimento virginal; sua vida sem pecado
(quando criança, na adolescência e na fase adulta); as profecias que
Jesus cumpriu como Messias; mas, acima de tudo, porque o Espírito
Santo “desceu sobre ele como uma pomba, e permaneceu sobre ele” —
João prestou a Jesus o mais alto tributo que alguém podia expressar.
“Este é o Filho de Deus”, disse ele a respeito de Jesus. Ele não omitiu
o artigo definido, como se Jesus fosse apenas “um” filho de Deus, mas
disse claramente que Ele era “o Filho de Deus”. Assim fazendo, João
atribuiu-lhe a identidade única de filiação ao Ser Supremo. Este título,
usado quarenta vezes nos evangelhos, é exclusivo de Jesus.
Deus em Forma Humana
Se João tivesse de comparecer hoje a um tribunal e ser
questionado sobre a identidade de Jesus, ele sem dúvida alguma
proclamaria: “Ele é o Senhor preexistente que viveu sem pecado, o
Cordeiro de Deus que foi ungido pelo Espírito Santo e que batiza com
o Espírito Santo. Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus.”
João Batista, que conheceu Jesus por mais tempo do que
qualquer um de seus discípulos, foi extremamente claro ao afirmar que
Jesus de Nazaré era o Filho de Deus enquanto esteve na terra, Deus em
forma humana.
Todavia, João é apenas uma testemunha. O que disseram outras
testemunhas oculares sobre Jesus? O que as pessoas disseram quando
chegaram mais perto dele? Já é tempo de trazê-las à cena.
7. O Testemunho do Apóstolo Pedro
[Jesus ] então lhes perguntou: “Mas vós, quem dizeis
que eu sou?” Respondendo, Pedro lhe disse: “Tu és o
Cristo.” (Mc 829)
Nenhum advogado de defesa já teve uma testemunha tão digna
de confiança sobre a vida, caráter, atividades e identidade de seu cliente
do que os cristãos atualmente têm, sobre ávida de Jesus de Nazaré na
pessoa do apóstolo Pedro. Ele é sem dúvida o personagem mais
marcante nos evangelhos (exceto o próprio Cristo). Como podemos
ver pelos registros, ele falou mais do que todos os outros discípulos
juntos, fez parte do “círculo íntimo” (juntamente com Tiago e João), e
esteve com Jesus nos principais eventos de sua passagem na terra,
incluindo sua morte e seus aparecimentos depois da ressurreição.
O próprio Pedro apresentou suas qualificações como
testemunha, dizendo: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente
inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua
majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória,
quando pela Glória Excelsa, lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo” (2 Pedro 1.16-17).
O testemunho de Pedro teria validade em qualquer tribunal de
nossos dias. Ele foi um homem íntegro, líder e porta-voz da igreja
primitiva e o mais influente dos discípulos. Foi respeitado pela igreja
até morrer, cerca de trinta e cinco anos depois da morte de seu Senhor.
A influência do apóstolo Paulo era quase inexistente naqueles primeiros
anos; coube a Pedro ser o líder e a força humana propulsora da igreja
primitiva. Conseqüentemente, seu testemunho a respeito de Jesus de
Nazaré é de suprema importância.
Felizmente, não temos dúvida em relação às crenças de Pedro.
Suas convicções sobre Jesus estão contidas nos sermões que pregou em
Atos, nas duas epístolas que escreveu e, quase inquestionavelmente, no
evangelho de Marcos (o qual, como vimos, poderia muito bem ser
chamado de “o evangelho segundo Pedro conforme foi transmitido a
Marcos”).
O Testemunho de Pedro em Marcos
Como já mencionamos, muitos estudiosos acreditam que Marcos
foi o primeiro dos quatro evangelhos a ser escrito. E como esse
evangelho não menciona o nascimento e a infância de Jesus, mas trata
diretamente de sua vida e ministério, começando com o batismo, ele
atesta a natureza sobrenatural de Jesus em todos os aspectos.
Examinemos os seguintes tópicos do evangelho de Marcos:
Sobre a identidade de Jesus: “[Jesus] então lhes
perguntou: ‘Mas vós, quem dizeis que eu sou?
‘Respondendo, Pedro lhe disse: ‘Tu és o Cristo.’” (8.29).
Sobre a morte e ressurreição de Jesus: “Então
começou ele [Jesus] a ensinar-lhes que era necessário
que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse
rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e
pelos escribas, fosse morto e que depois de três dias
ressuscitasse. E isto ele expunha claramente. Mas
Pedro, chamando-o aparte, começou a reprová-lo.
Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos,
repreendeu a Pedro, e disse: Arreda! Satanás, porque
não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos
homens.’” (8.31-33).
Este é, certamente, um testemunho interessante, uma vez que
não apenas registra uma das predições de Jesus sobre sua paixão, mas
também que Pedro não esperava que tal coisa acontecesse!
Sobre a transfiguração de Jesus: “Então Pedro,
tomando a palavra, disse: ‘Mestre, bom é estarmos aqui
e que façamos três tendas; uma será tua, outra para
Moisés e outra para Elias’. Pois não sabia o que dizer,
por estarem eles aterrados.” (9.5-6).
Outro testemunho interessante, não somente pelo testemunho de
Pedro sobre a transfiguração, mas por sua óbvia surpresa diante do
acontecimento.
Sobre a promessa de Jesus do galardão eterno: “Então
Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos
e te seguimos.’ Tornou Jesus: Em verdade vos digo
que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou
irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor
de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no
presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães,
filhos e campos, com perseguições; e no mundo por vir
a vida eterna:” (10.28-30).
Sobre a exatidão e poder da palavra profética de Jesus:
“No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome.
E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se
nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximandose dela nada achou senão folhas; porque não era
tempo de figos. Então lhe disse Jesus: ‘Nunca jamais
coma alguém fruto de ti’. E seus discípulos ouviram
isto. ...E, passando eles pela manhã, viram que a
figueira secara desde a raiz. Então Pedro, lembrando-
se, falou: ‘Mestre, eis que a figueira, que amaldiçoaste,
secou’“ (11.12-14, 20-21).
Sobre a capacidade de Jesus de prever o futuro: “No
Monte das Oliveiras, defronte do templo, achava-se
Jesus assentado, quando Pedro, Tiago, João e André
lhe perguntaram em particular: Dize-nos quando
sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando
todas elas estiverem para cumprir-se.’” (13.3-4).
Sobre a capacidade de Jesus de prever o
comportamento das pessoas: “Disse-lhe Pedro: “Ainda
que todos se escandalizem, eu jamais!’ Respondeu-lhe
Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes
que duas vezes cante o galo, tu me negar ás três
vezes. ‘Mas ele insistia com mais veemência: Ainda
que me seja necessário morrer contigo, de nenhum
modo te negarei.’... E logo cantou o galo pela segunda
vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe
dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me
negarás três vezes. ‘E, caindo em si, desatou a chorar.”
(14.29-31,72)
Novamente, um testemunho interessante, porque ressalta a
capacidade sobrenatural do Senhor em face da conduta de Pedro.
O Testemunho de Pedro em Atos
A Bíblia ensina que o Espírito Santo desceu sobre as pessoas no
dia de Pentecoste, cumprindo a profecia de Joel 2.28-30. Os sermões de
Pedro e de outros que falaram naquele dia eram bem conhecidos pelos
membros da igreja primitiva, tendo sido escritos nos trinta anos que se
seguiram a esses acontecimentos, quando muitas testemunhas oculares
desses eventos ainda viviam.
Se Lucas tivesse cometido erros em seu relato, você pode estar
certo de que muitas testemunhas oculares teriam reclamado. No
entanto, em toda a história da igreja, nenhuma objeção foi encontrada.
Lucas foi extremamente cuidadoso ao registrar com precisão o que as
testemunhas oculares lhe transmitiram.
No primeiro sermão pregado por Pedro no dia de Pentecoste
(Atos 2.14-40), podemos observar as referências aos seguintes
acontecimentos na vida de Jesus de Nazaré:
“Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante
de vós, com milagres, prodígios e sinais.” (versículo 22)
“Vós o matastes, crucificando-opor mãos de iníquos.”
(versículo 23)
“Ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os
grilhões da morte.” (versículo 24)
“Deus lhe havia jurado [a Davi] que um dos seus
descendentes se assentaria no seu trono.” (versículo
30)
“Referiu-se [Davi] à ressurreição de Cristo.” (versículo
31)
“A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós
somos testemunhas.” (versículo 32)
“Exaltado, pois, à destra de Deus.” (versículo 33)
“A este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor
e Cristo.” (versículo 36)
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados.” (versículo 38)
Ao longo do livro de Atos Pedro dá um forte testemunho sobre a
identidade, missão e ações de Jesus Cristo. Observe especialmente os
seguintes textos que esclarecem as convicções do apóstolo sobre quem
era Jesus:
“Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (3.6)
“De um salto se pôs em pé, passou a andar... saltando
e louvando a Deus.” (3.8)
“O Deus de nossos pais glorificou a seu Servo Jesus
[pela ressurreição].” (3.13)
“Vós, porém, negastes o Santo e o Justo [Jesus].”
(3.14)
“Matastes o Autor da vida.” (3.15)
“A quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que
nós somos testemunhas. “(3.15)
“Pela fé em o nome de Jesus, esse mesmo nome
fortaleceu a este homem.” (3.16)
“Deus... anunciara por boca de todos os profetas que o
seu Cristo havia de padecer.” (3.18)
“E que envie ele [Deus] o Cristo,,, ao qual é necessário
que o céu receba até aos tempos da restauração.”
(3.2,21)
“Disse, na verdade, Moisés: ‘O Senhor Deus vos
suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante
a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser,’” (3.22)
“Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo, enviou-o
primeiramente a vós outros para vos abençoar.” (3.26)
“Todo o povo de Israel... em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus
ressuscitou dentre os mortos.” (4.10)
“Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores,
a qual se tornou a pedra angular.” (4.11)
“E não há salvação em nenhum outro.” (4.12)
“Abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado
entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos.” (4.12)
“Com grande poder os apóstolos [incluindo Pedro]
davam o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus.”
(4.33)
“O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem
vós matastes, pendurando-o em um madeiro.” (5.30)
“Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e
Salvador.” (5.31)
“...afim de conceder a Israel o arrependimento e a
remissão de pecados.” (5.31)
“Nós somos testemunhas destes fatos.” (5.32)
“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não
cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.”
(5.42)
“Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.” (10.36)
“Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e
poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e
curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus
era com ele.” (10.38)
“[Os judeus] tiraram a vida [de Jesus], pendurando-o no
madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia, e
concedeu que fosse manifesto.” (10.39-40)
“[Manifesto]... às testemunhas... escolhidas por Deus...
a nós que comemos e bebemos com ele, depois que
ressurgiu dentre os mortos.” (10.41)
“Dele todos os profetas dão testemunho de que, por
meio de seu nome, todo o que nele crê recebe
remissão de pecados.” (10.43)
Lembre-se de que todas as referências acima sobre Jesus vieram
espontaneamente de Pedro. Ele não planejou essas palavras de
testemunho com antecedência; o que ele disse foi por meio da fé nas
doutrinas centrais da crença cristã, incluindo a vida sem pecado, o
poderoso ministério de cura, o cumprimento das profecias, a
ressurreição física, a capacidade de perdoar pecados e conceder vida
eterna — todos atributos característicos de Jesus.
Qualquer pessoa com olhos para ver deve convencer-se de que
Pedro, falando publicamente aos seguidores de Jesus no momento
histórico em que a igreja se formava, acreditava ser Jesus o Filho de
Deus vindo em forma humana. Ele também reconheceu que Jesus foi
crucificado e que Deus o ressuscitou fisicamente como um testemunho
de sua aprovação divina.
O Testemunho Escrito de Pedro
Os escritos de um homem resultam geralmente de uma reflexão
mais deliberada sobre suas crenças e não uma expressão pública
espontânea, como um sermão, discurso ou testemunho. Com isto em
mente, examinemos os dois livros que têm a autoria de Pedro, a fim de
verificarmos quais eram suas crenças a respeito de Jesus, trinta anos
depois da ressurreição. Na primeira epístola de Pedro, Jesus é
apresentado de diversas formas...
“Um membro da Trindade (observe que os três
membros são mencionados no mesmo versículo):
“...eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírita para a obediência e a aspersão
do sangue de Jesus Cristo.” (1.2)
“Uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos, para uma herança
incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos
céus para vós outros.” (1.3-4)
Na “revelação de Jesus Cristo “ (1.7, uma referência à
segunda vinda), Ele recompensará todo aquele que crê.
Os profetas “indagaram e inquiriram “ “a respeito desta
salvação “; o Espírito de Cristo estava neles indicando
“os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias
que os seguiriam.” (1.10,11)
“Fostes resgatados... pelo precioso sangue, como de
cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo.” (1.18-19)
“Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu
glória.” (121)
“Chegando-vos para ele [Jesus], a pedra que vive...
veio a será principal pedra, angular.” (2.4, 7)
“Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo.”
(2.21)
“O qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou
em sua boca.” (2.22)
“Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje,
quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregavase àquele [Deus] que julga retamente.” (2.23)
“Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o
madeiro, os nossos pecados... por suas chagas fostes
sarados.” (2.24)
“O Pastor e Bispo das vossas almas.” (2.25)
“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos
pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a
Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito.”
(3.18)
“...uma boa consciência para com Deus, por meio da
ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o
céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados
anjos, e potestades, e poderes.” (3.21-22)
“Tendo Cristo sofrido na carne... [por vivos e mortos]...
para que... vivam no espírito segundo Deus. “(4.1,6)
“Eu [sou também] testemunha dos sofrimentos de
Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser
revelada.” (5.1)
“O Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à
sua eterna glória.” (5.10)
A segunda epístola de Pedro foi escrita já no final da vida de
Pedro, quando ele sabia que seu tempo sobre a terra estava se
escoando. Muito antes o Senhor havia predito que Pedro seria
martirizado (veja João 21.18-19), e o apóstolo compreendia que esse
tempo estava chegando. Se quisesse uma oportunidade para renegar
suas crenças e salvar sua pele, esse era o momento. Mas vemos que
suas convicções permaneceram firmes como nunca sobre a identidade
de Jesus de Nazaré.
“Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno
conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor.” (1.2)
“Desta maneira é que vos será amplamente suprida a
entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.” (1.11)
“Certo de que estou prestes a deixar o meu
tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus
Cristo me revelou.” (1.14)
“Nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua
majestade.” (1.16, uma referência à transfiguração)
“Ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória,
quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte
voz: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo. ‘“(1.17)
“Não retarda o Senhor a sua promessa... virá,
entretanto, como ladrão, odiado Senhor. “(3.9-10)
“Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a
glória, tanto agora como no dia eterno.” (3.18)
É evidente que a compreensão teológica de Pedro tinha
amadurecido durante os trinta e poucos anos em que ele cresceu na fé,
pois em seu segundo livro revela algumas verdades que não são
encontradas em nenhum outro lugar. Porém, uma coisa permanece
imutável: Cristo recebeu a primazia, sendo retratado como uma pessoa
viva e sem pecado, realizando milagres e sinais para glorificar a Deus e
fazendo com que o povo soubesse realmente quem Ele era.
Pedro é incisivo em seus escritos ao afirmar que foi uma
testemunha de que Cristo ressuscitou depois de sofrer por nossos
pecados. Não há nenhum indício de vacilação em seu testemunho,
embora ele confesse que sabia de sua morte iminente como mártir.
Um Testemunho Imutável
Pedro viveu e morreu testemunhando com seus lábios (e com sua
pena) que Jesus era o sobrenatural Filho de Deus que morreu por
nossos pecados e ressuscitou no terceiro dia — exatamente como os
profetas disseram que seria! Do Pentecoste em diante Pedro nunca
vacilou em suas convicções. Felizmente para nós, ele não estava
sozinho.
8. O Testemunho do Apóstolo João
“Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos
outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome.” (Jo 20.30-31)
É geralmente aceito que João foi o discípulo mais íntimo de
Jesus. Ele se refere a si mesmo, com boa razão, como “o discípulo que
Jesus amava” (Veja João 13.23; 19.26; 20,2; 21.7, 20). Aparentemente,
ele era bastante jovem durante o ministério do Senhor, e a tradição
mais confiável diz que ele sobreviveu a todos os outros discípulos.
Como tal ele foi a última testemunha ocular apostólica da ressurreição
de Cristo. João foi um companheiro íntimo de Pedro nos primeiros
dias da igreja, geralmente submetendo-se à liderança do mais velho.
João se destacou principalmente como presbítero superior na igreja de
Éfeso, e também por sua enorme contribuição ao cristianismo através
dos cinco livros que escreveu. Todos os cinco livros tiveram aceitação
imediata na igreja. Presume-se que João exerceu seu ministério em
Jerusalém e nos arredores da cidade por muitos anos, viajando para
Éfeso na ocasião em que o imperador Tito destruiu a Cidade Santa no
ano 70 d.C.
O evangelho de João é quase universalmente reconhecido como
o último dentre os quatro evangelhos a ser escrito talvez por volta de
90 d.C. Diferentemente dos outros evangelistas, João não procurou
escrever um relato cronológico da vida e ministério de Jesus.
Provavelmente ele havia lido os outros evangelhos e seu propósito ao
escrever era outro .
Alguns imaginam que uma heresia estava se insinuando na igreja,
a qual afirmava que Jesus tinha vindo como um “ser espiritual”.
Ninguém tentou negar a existência real de Jesus, pois eles estavam
muito próximos dos acontecimentos de sua vida para negá-lo como
figura histórica. Mas, em lugar de aceitar a realidade de Cristo ter vindo
em forma humana, os falsos mestres satanicamente inspirados
inventaram algum tipo de “ser espiritual”. Eis por que tanto o
evangelho de João como sua primeira epístola deixam claro que Jesus
tinha realmente “vindo em carne”.
João insistiu neste ponto, isto é, aquilo que escreveu foi baseado
no seu contato pessoal com Jesus. Ele escreveu: “O que era desde o
princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos
próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com
respeito ao Verbo da vida...” (1 Jo 1.1). Não poderia haver melhor
testemunha do que aquela que tinha viajado com Jesus, vivido e
comido com ele, e realmente tocado nele. Invariavelmente, aqueles que
têm visões heréticas de Jesus — quer sejam os hereges do primeiro
século ou os céticos modernos — nunca se encontraram nem falaram
com Jesus na carne, quer antes ou depois de sua ressurreição.
O Testemunho do Evangelho de João
O propósito por trás do evangelho de João (Isto é, além de sua
explícita missão evangelística; veja João 20.31) parece ter sido deixar a
igreja com um retrato convincente sobre a vida de Jesus, feito por uma
testemunha ocular, provando que Ele veio não apenas “em carne”, mas
que demonstrou por meio de sinais, prodígios e curas milagrosas que
era também “o Filho de Deus”. Por esta razão, João não quis escrever
apenas uma outra biografia da vida de Jesus; os sinópticos já tinham
feito isto. Em vez disso, encontramos em João dez milagres que
somente poderiam ter sido realizados por meio do poder divino.
Observe-os à medida que vão surgindo neste extraordinário relato
sobre Jesus:
1. Transformou a água contida em seis talhas de pedra em delicioso
vinho (2.1-12)
2. Curou à distância o filho de um oficial do rei (4.46-54)
3. Curou um homem inválido que tinha sofrido trinta e oito anos com
horríveis aflições (5.1-15)
4. Alimentou cinco mil pessoas com somente dois pães e cinco peixes
(6.1-14)
5. Andou sobre a água no mar da Galiléia (6.15-21)
6. Curou um homem cego em Jerusalém (9.1-38)
7. Ressuscitou Lázaro quatro dias depois de sua morte (11.1-45)
8. Ergueu-se do túmulo fisicamente após três dias (capítulos 20-21)
9. Orientou os discípulos em uma pesca milagrosa — precisando de
dois barcos para carregar os peixes — após passarem a noite sem
pescar nada (21.1-12)
10. Apareceu cinco vezes a pessoas ou grupos depois de sua
ressurreição (capítulos 20-21)
Nenhum dos milagres relacionados acima podia ser realizado por
um simples ser humano! Individualmente eles atestam o poder de Deus
operando em Jesus; coletivamente eles evidenciam claramente que
Jesus era mais do que um homem, podendo, portanto, ser Deus em
forma humana. Nenhum homem, na verdade, poderia fazer tudo o que
Ele fez — cumprir as profecias, viver uma vida sem pecado, ter os
ensinamentos mais profundos do mundo, fazer todos os milagres
atribuídos a Ele, morrer voluntária e sacrificialmente em uma cruz,
ressuscitar dentre os mortos, reaparecer muitas vezes a tantas pessoas
(como a quinhentas de uma vez só) e, assim, provar que estava vivo
depois da morte — sendo apenas homem. A única explicação, como
disse João, é que Ele é verdadeiramente “Deus conosco”!
Ensinos de Jesus Mencionados Apenas em João
Por ter escrito seu evangelho depois dos outros três, João evitou
repetir aquilo que eles já haviam registrado. Seu evangelho é uma rica
fonte de doutrina não encontrada nos outros três evangelhos
canônicos. Entre os textos mais importantes estão os seguintes:
1. Cristo, o Criador
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. A vida
estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas,
e as trevas não prevaleceram contra ela (Jo 1.1-5).
Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o
mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome; os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória
como do unigênito do Pai (Jo 1.10-14).
João, ao escrever em 90 d.C, não deixou dúvidas sobre sua crença
naquele Jesus com quem tinha andado e falado e a quem tinha seguido.
Ele não o considera apenas “Deus em forma humana”, como tenho
várias vezes citado neste livro. Ele diz que Jesus era o “Verbo” (a
Palavra) ou a expressão de Deus; Ele já estava no princípio (antes da
criação) com Deus; Ele criou todas as coisas; Ele é a luz dos homens.
Nem mesmo o melhor ser humano que já passou pela Terra pode
aproximar-se ou comparar-se ao seu padrão! Verdadeiramente, como
disse João, Ele é o “unigênito do Pai”.
2. Você deve nascer de novo
“Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”...
Respondeu Jesus: “Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer
da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus... O vento
sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para
onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” (Jo 3.3, 5,8)
A expressão “nascer de novo” usada por Jesus surge
exclusivamente no evangelho de João. Até onde sabemos, Jesus usou
esta expressão somente duas vezes. Entretanto, muitos cristãos
atualmente a utilizam por ela ser a que melhor define a experiência
única de passar do estado de morte espiritual para a vida espiritual
através da fé em Jesus. Comparando esse “novo nascimento” espiritual
à experiência do nascimento físico, Jesus deixou claro que assim como
é preciso nascer fisicamente para poder viver neste mundo, deve-se
nascer espiritualmente para poder receber a vida eterna.
3. Um resumo do evangelho da salvação
E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim
importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que
nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê
já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus
(Jo 3.14-18).
Esta passagem é considerada o ensino mais conhecido sobre a
salvação em toda a Bíblia (e com boa razão, porque este é, em suma, o
propósito da Palavra de Deus). Ela contém “o evangelho sintetizado”.
O versículo 16 é inquestionavelmente o mais amado de toda a
Escritura. E incontável o número de indivíduos que têm professado a
fé em Cristo e sido aceitos por Ele para a salvação, estimulados e
orientados somente por esta curta mensagem. Por meio dela “nasceram
de novo” e obtiveram a certeza de sua salvação.
Por que a história de Nicodemos, na qual este versículo é
encontrado, não é mencionada em outros evangelhos? Talvez pelo fato
de João ter sido o único discípulo a acompanhar Jesus nesse encontro
com Nicodemos, onde se deu essa conversa. Seja qual for o caso,
devemos a João a inclusão destas sublimes palavras vindas dos lábios
do “Filho unigênito de Deus”.
4. A prova válida de que Jesus é o Cristo
O melhor capítulo isolado da Bíblia sobre a divindade de Jesus é
João 5. Ele contém o testemunho do próprio Jesus sobre quem Ele era,
o testemunho de João Batista, os milagres ou “obras” de Jesus como
provas, a voz do Pai e o testemunho das Escrituras (particularmente o
cumprimento das profecias messiânicas).
Neste único capítulo encontramos evidências impressionantes da
divindade pessoal de Jesus.
5. Os últimos ensinamentos de Jesus
Tradicionalmente considera-se que as últimas palavras de um
homem que está à beira da morte são as mais significativas. Este foi o
caso de Jacó, Moisés e muitos outros. De acordo com esta tradição, os
capítulos de João, de 14 a 17, são da mais alta relevância, porque nos
apresentam os últimos ensinos de Jesus antes de sua crucificação.
Estes importantes ensinos abordam: céu; Jesus “a verdade”;
oração; apegar-se a Ele como os ramos à videira; o ministério da
Palavra e o Espírito Santo; e muitas outras coisas. Em qualquer lista
dos dez capítulos bíblicos mais importantes, dignos de ser lidos e
absorvidos, estes quatro devem ser necessariamente incluídos. Eles
expõem os pontos essenciais da vida cristã e devem ser lidos e
meditados em conjunto regularmente.
Cristo e a Ressurreição
O já idoso apóstolo João não deixou dúvida de que, embora
passados mais de cinqüenta anos desde a ascensão de Jesus ao céu e
todos os outros discípulos terem morrido, ele ainda acreditava que
Jesus era o Cristo. Ele confessou Jesus como o Prometido, aquele que
veio de Deus, ressuscitou dentre os mortos e retornou a Deus,
esperando sua segunda vinda. João dedicou dois capítulos inteiros
relatando fatos após a crucificação, enfatizando o túmulo vazio e os
vários aparecimentos de Jesus antes de sua ascensão aos céus.
João sabia que a única mensagem que poderia mudar o ensino
religioso para sempre seria o fato da ressurreição de Cristo. Ele sabia
que a ressurreição era um fato real e quis deixar um registro escrito
dela, de maneira que o mundo inteiro soubesse que a última
testemunha apostólica viva considerava-a um acontecimento inegável.
Não há dúvida de que, para João, Jesus era Deus e tinha provado isso
levantando-se dentre os mortos. O desejo de João era que outros
viessem a crer como ele. Portanto, revelou abertamente seu propósito
ao escrever:
Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos
outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome. (Jo 20.30-31)
Se mesmo depois de ler este capítulo, você ainda tem dúvidas
sobre a verdadeira identidade de Jesus, sugiro que leia o relato da vida
de Cristo escrito por alguém que o conheceu bem: o evangelho de
João. Ele certamente pode mudar sua vida, do mesmo modo como já
mudou as vidas de incontáveis pessoas ao longo dos séculos.
9. O Testemunho do Apóstolo Paulo
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe
deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra
e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2.9-11)
A dramática conversão do apóstolo Paulo constitui-se em um
sério problema para os céticos determinados a destruir o cristianismo.
Como explicar a transformação na vida deste homem extraordinário?
Quando um estudioso brilhante, membro do Sinédrio, um
“fariseu dos fariseus” zeloso de sua fé israelita, que perseguiu a igreja
nascente e convictamente consentiu na morte de seu primeiro mártir,
ele mesmo se converte de um modo miraculoso, resultando em
completa mudança de seu estilo de vida — deve haver uma forte razão.
Especialmente quando esse homem se transforma em destacado portavoz da igreja que perseguiu!
Nenhum estudioso sério, mesmo os mais críticos, nega a
espantosa reviravolta na vida do apóstolo Paulo. A não ser pela
intervenção sobrenatural do próprio Jesus ressurreto, não há nenhuma
explicação satisfatória para a mudança radical de direção na vida de
Paulo.
Uma Importante Reviravolta
Para começar, refresque sua mente com relação aos detalhes da
conversão de Paulo:
Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os
discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote, e
lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, afim
de que, caso achasse alguns que eram do Caminho,
assim homens como mulheres, os levasse presos para
Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se
de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao
seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe
dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues? Ele
perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu
sou Jesus, a quem tu persegues; mas, levanta-te, e
entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.
Os seus companheiros de viagem, pararam
emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo,
ninguém. Então se levantou Saulo da terra e, abrindo
os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão,
levaram-no para Damasco. Esteve três dias sem ver,
durante os quais nada comeu nem bebeu. (Atos 9.1-9)
Assim teve início a transformação na vida de Paulo, que só pode
ser explicada pela intervenção do sobrenatural. O cristianismo tem uma
explicação simples para a dramática metamorfose de Paulo: ele foi
salvo, como ele mesmo disse, através de uma experiência pessoal com o
Cristo ressurreto, recebendo então o Espírito Santo de Deus e sendo
revestido de poder e dons para realizar milagres, ensinar, pregar,
edificar a igreja e escrever cartas. Não existe nenhuma outra explicação
para a mudança repentina e completa desse forte opositor do evangelho
em um homem que acabou escrevendo treze dos vinte e sete livros do
Novo Testamento.
A conversão de Paulo permanece até hoje como um dos maiores
testemunhos da divindade de Cristo e da verdade do cristianismo. J.
Gresham Machen, um dos maiores defensores da ortodoxia da
atualidade, considera a conversão de Paulo a segunda maior prova da
fé, ofuscada somente pela própria ressurreição de Cristo. Algo
extraordinário aconteceu na estrada de Damasco há quase dois mil
anos. O cristianismo tem uma explicação para isto; os céticos ainda
estão procurando por uma.
Paulo, a Testemunha Idônea
Paulo nunca tinha visto Jesus durante sua vida aqui na terra. Ele
nunca presenciou um milagre nem ouviu seu ensino e não o viu depois
da ressurreição até encontrá-lo miraculosamente na estrada de
Damasco. No entanto, os escritos de Paulo mostram que ele estava
perfeitamente familiarizado com a vida de Jesus de Nazaré muitos anos
antes que os evangelhos fossem escritos! A pergunta natural que surge
é: onde Paulo obteve essas informações?
Uma resposta óbvia é que havia o conhecimento comum [a
tradição oral] em toda a igreja na época de sua conversão (o que
aconteceu de um a três anos depois dos eventos registrados nos
evangelhos). Pretendo mostrar neste capítulo que, no período de
quinze a vinte anos após a ressurreição de Jesus, o apóstolo Paulo
escreveu um registro dos acontecimentos básicos contidos nos
evangelhos, permitindo que seus leitores ficassem familiarizados com a
história. Não havia tempo para “criar mitos” ou “enfeitar a história da
ressurreição”. Tais fantasias exigiriam pelo menos uma ou, talvez, duas
gerações — um espaço de tempo simplesmente impossível.
Por Que Paulo Foi Escolhido?
Há muito tempo venho meditando sobre a razão pela qual Deus
permitiu a Paulo, um apóstolo “nascido fora do tempo” (1 Coríntios
15.8), tornar-se o primeiro autor de um livro do Novo Testamento.
Tenho indagado também sobre o porquê de seu colega grego, o médico
Lucas (que também nunca esteve com Jesus), tornar-se o autor de um
dos Evangelhos e de uma história completa da igreja do primeiro
século.
Finalmente consegui enxergar uma possível razão por trás da
estratégia de Deus. Observe bem: quando esses “intrusos” escreveram
sobre Jesus, o Cristo, e sobre todos os elementos sobrenaturais de sua
vida, eles estavam refletindo as crenças comumente aceitas pela igreja
nascente naquele período. Se seus escritos fossem conflitantes com as
visões aceitas pela igreja, eles teriam sido atacados e rejeitados
imediatamente, o que nunca aconteceu.
As cartas de Paulo foram escritas sobre tiras de papiro, sendo
examinadas e comparadas com os evangelhos de Marcos e Mateus,
assim que estes últimos trabalhos surgiram. Além disso, não
conseguimos encontrar casos de contradição entre Paulo e os escritores
dos evangelhos. Isto significa que os ensinos e escritos de Paulo foram
compatíveis com as crenças essenciais do cristianismo nascente.
Embora Lucas possivelmente tivesse lido o evangelho de Marcos antes
de escrever seu próprio evangelho, é evidente que ele entrevistou
muitas pessoas, cujas histórias não aparecem em Marcos.
O importante a assinalar é a ampla aceitação, pela igreja primitiva,
da vida, pessoa e ressurreição de Jesus — a pedra angular de nossa fé.
Nos escritos de Paulo encontramos os detalhes essenciais daquilo que a
igreja primitiva acreditava e ensinava sobre Jesus de Nazaré.
Paulo, a Testemunha Pioneira
Nem sempre é possível determinar exatamente quando os livros
da Bíblia foram escritos. A maioria dos estudiosos concorda que, ou
Tiago ou a primeira carta aos tessalonicenses, foram escritos primeiro.
Cremos que a epístola 1 Tessalonicenses foi escrita por Paulo em
Corinto, durante sua segunda viagem missionária, após uma breve visita
de três semanas a Tessalônica, onde fundou uma igreja e foi então
expulso da cidade por judeus hostis. Através deste e de outros detalhes
é possível determinar que a carta foi escrita entre 49 e 51 d.C, o que
significa que ela surgiu de um a quatro anos antes de ser completado o
evangelho de Marcos.
Paulo escreveu esta carta porque tinha ensinado àquela jovem
igreja algumas profecias, particularmente a respeito da vinda do Senhor.
Após a morte de alguns de seus novos convertidos, esses crentes
ficaram profundamente preocupados quanto ao que aconteceria aos
seus amados quando o Senhor retornasse para encontrar seus santos
“nos ares”. Paulo escreveu esta epístola para responder às suas
perguntas.
Depois disso os tessalonicenses receberam outra carta,
geralmente chamada “a carta espúria [ou não legítima]”. Nada sabemos
sobre isso, além do fato de ela ter causado muita aflição aos
tessalonicenses. Foi então necessário que o apóstolo enviasse uma
segunda carta para corrigir alguns dos falsos ensinos da carta espúria.
Se por um lado sou tentado a mostrar o quanto Paulo havia ensinado a
esses novos cristãos sobre a segunda vinda e os eventos a ela
relacionados, reconheço que este não é o propósito deste livro.
Precisamos observar aqui tudo o que Paulo ensinou sobre a vida,
pessoa, morte e ressurreição de nosso Senhor e o quanto esses
conceitos foram divulgados, embora a apenas tão pouco tempo da
ascensão de Jesus. Lembre-se de que Paulo estava escrevendo para
gregos que não tinham a base do Velho Testamento ou o
conhecimento da vida e da época de Jesus. Eventualmente tudo o que
Paulo escreveu foi examinado pelos líderes da igreja em Jerusalém, e já
que estes nunca fizeram objeções à mensagem dessas cartas, sabemos
que o que ele escreveu refletia a mensagem comumente pregada pela
igreja primitiva.
Vamos agora dedicar algum tempo para examinar, diretamente
dos escritos de Paulo, as doutrinas essenciais que ele compartilhou com
essa jovem igreja.
1 Tessalonicenses
Observe a obra do trio:
Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses
em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a
vós outros. (1.1-2)
Observe a obra de Jesus na salvação, o fato de o evangelho ser
chamado “evangelho de Deus” e que “Deus ressuscitou Jesus”:
Pois eles mesmos... proclamam... como, deixando os
ídolos, vos convertestes a Deus para servirdes o Deus
vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu
Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus,
que nos livra da ira vindoura.... Tivemos ousada
confiança em nosso Deus, para vos anunciar o
evangelho de Deus... estávamos prontos a oferecervos, não somente o evangelho de Deus, mas,
igualmente, a nossa própria vida... vos proclamamos o
evangelho de Deus. (1.9,10; 22,8,9)
Observe os detalhes em relação aqueles que mataram Jesus e
como isto desagradou a Deus:
Outra razão ainda temos nós para incessantemente dar
graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que
de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como
palavra de homens, e, sim, como, em verdade é, a
palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando
eficazmente em vós, os que credes. Tanto é assim,
irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de
Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque
também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as
mesmas coisas que eles por sua vez sofreram dos
judeus, os quais, não somente mataram o Senhor
Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e
não agradam a Deus, e são adversários de todos os
homens. (2.13-15)
Observe que a segunda vinda de Cristo é a esperança da igreja:
Pois, quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa
em que exultamos, na presença de nosso Senhor
Jesus em sua vinda? Não sois vós? Sim, vós sois
realmente a nossa glória e a nossa alegria! (2.19-20)
Observe que “o evangelho de Deus” e “o evangelho de Cristo”
são intercambiáveis, e que o pregador desse evangelho é chamado de
“ministro de Deus”:
E enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no
evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé,
confirmar-vos e exortar-vos. (3.2)
Observe que tanto Deus Pai como o Senhor Jesus dirigem os
caminhos dos cristãos:
Ora, o nosso mesmo Deus e Pai com Jesus, nosso
Senhor, dirijam-nos o caminho até vós. (3.11)
Observe que a santificação da igreja depende da segunda vinda:
Afim de que sejam os vossos corações confirmados em
santidade, isentos de culpa, na presença de nosso
Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com
todos os seus santos. (3.13)
Observe que é a vontade de Deus que os cristãos obedeçam aos
mandamentos de Jesus:
Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no
Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à
maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e
efetivamente estais fazendo, continueis, progredindo
cada vez mais; porque estais inteirados de quantas
instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Pois
esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que
vos abstenhais da prostituição. (4.1-3)
Observe que para participar do arrebatamento é necessário crer
na morte e ressurreição de Jesus:
Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em
sua companhia os que dormem. Ora, ainda vos
declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos,
os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor
mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do
arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos
céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro;
depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para
sempre com o Senhor. (4.14-17)
Observe que a salvação é por meio de nosso Senhor Jesus Cristo:
Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para
alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus
Cristo. (5.9)
Observe que a vontade de Deus é por meio de Cristo:
Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus
em Cristo Jesus para convosco. (5.18)
Observe ainda outra referência à segunda vinda de Jesus:
O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o
vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. (5.23)
2 Tessalonicenses
Observe que Jesus é apresentado como sendo igual a Deus Pai:
Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses,
em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e
paz a vós outros da parte de Deus Pai e do Senhor
Jesus Cristo. (1.1-2)
Observe que as primeiras igrejas cristãs foram conhecidas como
as igrejas de Deus:
A tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas
igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em
todas as vossas perseguições e nas tributações que
suportais. (1.4)
Observe outra referência à segunda vinda de Jesus, que Ele é
chamado de “Senhor” e que os cristãos são chamados de “seus santos”:
Estes sofrerão penalidade de eterna destruição,
banidos da face do Senhor e da glória do seu poder,
quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser
admirado em todos os que creram, naquele dia
(porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).
(1.9-10)
Observe que a graça é concedida igualmente por Deus e Jesus:
Por isso também não cessamos de orar por vós, para
que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação, e
cumpra com poder todo propósito de bondade e obra
de fé; afim de que o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a
graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (1.1112)
Observe que em sua segunda vinda Jesus destruirá o anticristo:
Com efeito o ministério da iniqüidade já opera e
aguarda somente que seja afastado aquele que agora o
detém; então será de fato revelado o iníquo, a quem o
Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca, e o
destruirá, pela manifestação de sua vinda. (2.7-8)
Observe que o castigo por recusar-se a crer no evangelho de
Cristo é a condenação:
Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de
Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da
mentira, e com todo engano de injustiça aos que
perecem, porque não acolheram o amor da verdade
para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus
lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira, afim de serem julgados todos quantos não
deram crédito à verdade; antes, pelo contrário,
deleitaram-se com a injustiça. (2.9-12)
Observe que é igualmente obra de Jesus e do Deus Pai confortar
e confirmar os crentes:
Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, e Deus nosso
Pai que nos amou e nos deu eterna consolação e boa
esperança, pela graça, console os vossos corações e
os confirme em toda boa obra e boa palavra. (2.16,17)
Observe que Jesus é o doador tanto da paz como da graça, e que
sua presença é prometida aos crentes:
Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê
continuamente a paz em todas as circunstâncias. O
Senhor seja com todos vós. A saudação é de próprio
punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é
que eu assino. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo
seja com todos vós. (3.16-18)
Estes textos mostram que, quinze a dezessete anos depois da
ascensão de Jesus, Paulo estava tratando de várias doutrinas que eram
de conhecimento comum das igrejas. Observe que boa parte destas
doutrinas era absolutamente contrária ao ensino tradicional dos judeus
naquela época. Paulo, por exemplo:

Iguala “Deus Pai”ao “Senhor Jesus Cristo”

Usa o “evangelho de Deus “e o “evangelho de
Cristo “, como sinônimos, pois eram um só
evangelho

Instrui os crentes a esperar o retorno de Jesus

Insiste em que Deus ressuscitou Jesus dentre
os mortos

Diz que Jesus nos livra da ira vindoura; Ele é a
fonte de salvação

Diz que Jesus sofreu a oposição dos judeus

Diz que Timóteo é um “ministro de Deus
“pregando o evangelho de Cristo

Diz que tanto “Deus Pai” como “o Filho Jesus”
orientamos crentes

Sustenta que os verdadeiros crentes tomarão
parte na segunda vinda

Diz que Deus nos destinou à salvação
mediante Jesus Cristo, nosso Senhor

Ensina que os santos serão santificados
“completamente” na vinda de Cristo

Diz que tanto Deus Pai como Jesus Cristo
concedem “graça “
A lista acima contém alguns pontos essências da doutrina cristã, e
todos refletem a compreensão básica da igreja primitiva. Mesmo que
algumas dessas doutrinas (especificamente a respeito da segunda vinda)
tenham sido reveladas através de Paulo (veja Gálatas 1.11-12, 15-; 22;
2.1-2; Efésios 3.2-5), elas receberam o apoio da igreja, pois essas cartas
chegaram até nós sem qualquer restrição ao seu conteúdo. Parece certo
que tais ensinos tinham raízes na igreja primitiva e eram aceitos e
entendidos como doutrina comum.
Certamente Paulo sabia que algum dia suas jovens igrejas
(inclusive a dos tessalonicenses) seriam visitadas pelos líderes da igreja e
seus escritos examinados. Portanto ele não ousou, como um apóstolo
“nascido fora do tempo”, ensinar qualquer coisa que não fosse a fé
comum “uma vez entregue aos santos”. É interessante que ele nunca
foi acusado de fazer isso!
Não sabemos claramente quanto da doutrina de Paulo ele
aprendeu com os líderes mais antigos da igreja em Jerusalém e quanto
ele recebeu como revelação direta de Deus. O que está claro é que seu
ensino foi aceito, endossado e apoiado pela igreja-mãe. Perto do final
de sua vida, o próprio Pedro escreveria: “nosso irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes
assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas
quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis
deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria
destruição deles” (2 Pedro 3.15-16). Considere estes pontos:

Pedro chama Paulo de “nosso amado irmão “

Pedro diz que Deus
sabedoria “especial”

Pedro diz que alguns ensinos de Paulo são
“difíceis de compreender”

Pedro diz que “deturpar” as palavras de Paulo
conduz à “destruição”

Pedro inclui as epístolas de Paulo entre “as
demais Escrituras”
“deu”a
Paulo
uma
Quando relacionamos o entusiástico apoio de Pedro em favor de
Paulo com o conteúdo das primeiras cartas de Paulo, só podemos
concluir que essas doutrinas representavam o ensino comum de todas
as igrejas, começando logo depois da ressurreição, ascensão e descida
do Espírito Santo. Isto não deve nos surpreender, porque era
exatamente o que tinha sido pregado no dia do Pentecoste.
A Teologia Posterior de Paulo
O testemunho de Paulo não se restringe apenas às epístolas aos
tessalonicenses, mas é também encontrado em outras epístolas. Em
lugar algum ele contradiz os escritores dos evangelhos. Na verdade,
Paulo endossa em várias passagens algumas das histórias e ensinos
encontrados posteriormente nos evangelhos. Em dois expressivos
exemplos encontrados nas epístolas aos colossenses e aos filipenses,
podemos constatar sua exaltação e louvor à plena divindade de Cristo:
Ele [Deus] nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual
temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a
imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação; pois nele foram criadas todas as coisas, nos
céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos, sejam soberanias, quer principados, quer
potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele
é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o
primogênito de entre os mortos, para em todas as
coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que nele
residisse toda a plenitude, e que, havendo feito a paz
pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse
consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus. E a vós outros também que outrora
éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas
vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou
no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para
apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e
irrepreensíveis. (Cl 1.13-22)
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de
Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se
humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte
de cruz. Pelo que também Deus o exaltou
sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda
língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória
de Deus Pai. (Fp 2.5-11) (Compare a última parte desta
passagem com Isaías 45.23, em que Deus diz: “Por
mim mesmo tenho jurado... Diante de mim se dobrará
todo joelho, e jurará toda língua.” Paulo tem claramente
este texto em mente à medida que escreve, igualando
assim uma vez mais Jesus a Deus.)
O Testemunho Persistente de Paulo
O apóstolo Paulo passou o resto de sua vida até a morte
proclamando a divindade de Jesus Cristo, incluindo sua vida sem
pecado, sua morte sacrificial, sua ressurreição corpórea, sua oferta de
redenção do pecado e salvação eterna... e muito mais.
O encontro de Paulo com o Cristo vivo na estrada de Damasco,
que transformou sua vida, é por si mesmo um testemunho poderoso da
divindade de Jesus. Oferece também uma poderosa confirmação de seu
testemunho sobre a identidade do Salvador, um testemunho que não
tem sido contestado por quase dois mil anos.
10. O Testemunho do Próprio Deus
“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”
Esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando
estávamos com ele no monte santo. (2Pe 1.17b-18)
Da mesma forma que um advogado já provou que seu caso está
acima de qualquer dúvida, nosso Senhor acrescenta o testemunho
audível do Deus Pai à impressionante evidência acumulada de quem
Ele realmente é. Por três vezes durante a vida de Cristo, o próprio
Deus falou do céu para comprovar a identidade de seu Filho.
Várias vezes no Velho Testamento, Deus tinha se comunicado
com os israelitas para instruí-los ou reafirmar-lhes sua presença entre
eles. A ocasião mais famosa foi quando Deus deu os Dez
Mandamentos a Moisés, escrevendo-os em seguida em tábuas de pedra.
Antes disso, Ele havia falado com Moisés através da sarça ardente e,
mais tarde, falou ao Faraó pela boca de seu servo Moisés. Em cada uma
dessas ocasiões, Deus usou seu testemunho audível em fases
extremamente importantes na vida de Israel.
Do mesmo modo, em três ocasiões durante a vida de nosso
Senhor, a voz do Deus Pai foi ouvida nitidamente do céu. Vamos
examinar cada uma delas, em seqüência, pois elas também ocorreram
em ocasiões importantes, proclamando em cada uma delas que Jesus
era o “Filho de Deus”.
A Voz de Deus no Batismo de Jesus
Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe
abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo
como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus,
que dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo “ (Mt 3.16-17; veja também Mc 1.9-11 e Lc
3.21-22).
Já havíamos examinado anteriormente o batismo de Jesus por
João Batista, chamando especial atenção sobre a descida do Espírito
Santo em forma de uma pomba que pousou no ombro de Jesus,
identificando-o como “o Filho de Deus”. Não enfatizamos então o fato
significativo da presença simultânea da trindade naquele evento: Cristo,
que foi batizado; Deus Espírito Santo, que identificou Jesus de Nazaré
como o Messias; e Deus Pai, cuja voz foi ouvida desde o céu. Esse
acontecimento foi tão significativo que foi registrado pelos quatro
evangelhos. Mateus e João foram testemunhas oculares, Marcos talvez
tenha sido e Lucas relatou aquilo que tinha ouvido de testemunhas
oculares (Lucas 3.21-22).
Observe que os três escritores dos evangelhos sinópticos usaram
a mesma expressão básica: “E eis uma voz dos céus, que dizia: ‘Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo’.” Jesus é identificado não
somente pelo Espírito Santo em forma de pomba, mas também pela
voz solene do próprio Deus, reconhecendo Jesus de Nazaré como seu
único Filho e acrescentando: “em quem me comprazo.” Este fato
representa a confirmação do testemunho sobre a santidade de Jesus,
desde o nascimento até o momento deste evento, que Lucas diz ter
ocorrido quando Jesus tinha trinta anos (Lucas 3.23).
Quem realmente ouviu este testemunho? Não sabemos.
Certamente João Batista, junto com os discípulos e alguns outros
crentes. Multidões de pessoas se aglomeravam junto ao rio Jordão
esperando para serem batizadas por João, e muitas se tornaram crentes
sinceros. Entretanto, sabemos pelas perguntas que se seguiram que
alguns não creram. Evidentemente, eles não ouviram a voz, não a
compreenderam ou, então, não a reconheceram como vinda de Deus.
Apesar disso, as Escrituras afirmam que Deus Pai falou do céu
para identificar seu filho diante de muitas testemunhas. Várias dessas
testemunhas confirmaram esse fato no relato do evangelho.
A Voz de Deus na Transfiguração
Passados seis dias, Jesus levou Pedro, Tiago e seu irmão João a
um alto monte, transfigurando-se diante de seus olhos. Seu rosto
brilhou como o sol, e suas roupas tornaram-se brancas como a luz. E
eis que de repente surgiram Moisés e Elias, falando com Jesus. Então
Pedro disse: “Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três
tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias” Enquanto ele
ainda estava falando, eis que uma nuvem luminosa os envolveu; e
repentinamente uma voz veio da nuvem dizendo: “Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo; a Ele ouvi.” E quando a ouviram os
discípulos, caíram de bruços tomados de grande medo.
Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo:
“Erguei-vos, e não temais!” Então eles, levantando os
olhos, a ninguém viram senão só a Jesus. (Mt 17.1-8)
A transfiguração foi um dos acontecimentos mais importantes da
vida de Cristo, sendo a única vez em que Ele se manifestou fisicamente
dessa maneira diante de testemunhas. Seus três discípulos mais íntimos,
Pedro, Tiago e João, tiveram a oportunidade única de testemunhar sua
natureza divina brilhando em seu corpo carnal. Durante sua vida, Jesus
foi plenamente homem e plenamente Deus, visto e conhecido por seus
discípulos. Nesta ocasião especial Ele foi visto sob uma luz peculiar:
Deus em forma humana — sua natureza divina brilhando sobre sua
pele humana.
Tanto Lucas como Marcos também incluíram este episódio em
seus evangelhos, enfatizando sua importância. Lucas acrescenta: “a
aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de
brancura” (Lucas 9.29), refletindo o caráter sobrenatural do evento. Os
três autores nos dizem que Moisés e Elias apareceram ao lado de Jesus
naquele lugar glorioso, atualmente conhecido como o Monte da
Transfiguração. Somente Lucas acrescenta que eles falaram “da sua
partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém” (Lucas 9.31).
Séculos atrás ambos, Moisés e Elias, preanunciaram que o Messias
vindouro sofreria pelos pecados do povo, cumprindo todos os
requisitos sacrificiais pelos pecados do mundo inteiro.
Entretanto, os discípulos não estavam preparados para
considerar a idéia de que Jesus logo iria ser crucificado em
cumprimento do plano redentor de Deus. Pedro havia demonstrado
isto pouco tempo antes, quando reprovou Jesus por afirmar “que lhe
era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos,
sacerdotes e escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia” (Mateus
16.21). Pedro não foi capaz de entender essa afirmação de Jesus, e este
lhe responde rapidamente: “Arreda! Satanás; tu és para mim pedra de
tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos
homens” (Mateus 16.23).
Agora, porém, naquele “monte santo”, Pedro, Tiago e João
evidentemente ouviram Jesus conversando sobre sua morte com
Moisés e Elias. Talvez eles não tenham compreendido o plano divino
para Jesus, mas de algum modo reconheceram Moisés e Elias, pois
Pedro fez aquela ridícula sugestão: “Se queres, farei aqui três tendas;
uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias.”
Para compreender o significado real deste evento, é preciso
lembrar que Moisés e Elias eram as duas grandes figuras da história de
Israel. Eles foram grandes servos de Deus que se destacaram não
apenas pelos seus ministérios junto ao povo mas também pelos
registros escritos que deixaram. Naqueles dias, quando um israelita se
referia a “Moisés e Elias”, estava não apenas se referindo aos
acontecimentos das vidas desses dois homens, mas (no caso de Moisés)
aos primeiros livros da Bíblia, e (no caso de Elias) aos profetas que
escreveram no “espírito de Elias”. Jesus reconheceu isto em Lucas 16,
quando disse ao homem rico que não enviaria Lázaro à casa paterna do
morto para alertar seus irmãos a fugirem do futuro dos não salvos, pois
“eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos” (Lucas 16.2).
Apesar de esses profetas terem sido grandes homens, o texto
deixa claro que eles foram ofuscados pela magnitude do Filho de Deus.
Lemos que uma “nuvem luminosa os envolveu” (semelhante a muitas
nuvens do Velho Testamento que escondiam a presença do próprio
Deus) e, então, saiu uma voz da nuvem dizendo: “Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.” Não admira, pois, que os
discípulos quando ouviram a voz “caíram de bruços, tomados de
grande medo”. Eles simplesmente ouviram e reconheceram a voz do
Deus todo-poderoso! E embora essa voz não tivesse mencionado os
nomes de Moisés e Elias, ela exaltou o homem que eles conheciam
como Jesus de Nazaré.
No Monte da Transfiguração, assim como no rio Jordão, Deus
identificou Jesus como seu Filho e expressou seu prazer diante dele.
Ele estava dizendo aos discípulos e a todos os crentes futuros que
ouvissem Jesus. Isto significava que, embora as palavras de Moisés e
Elias (que então representavam 39 livros do Velho Testamento) fossem
dignas de todo respeito, o povo deveria colocar as palavras de Jesus
acima de tudo.
Pedro nunca esqueceu esse encontro sublime. Observamos no
capítulo seis que, já velho e prestes a ser martirizado, o apóstolo usou
seu tempo para relatar esse maravilhoso acontecimento aos novos
crentes sob seu cuidado. Vale a pena repetir seu testemunho:
Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas
engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos
testemunhas oculares da sua majestade, pois ele
recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando
pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz:
“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”
Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando
estávamos com ele no monte santo. (2 Pe 1.16-18)
Poderia alguma coisa ser mais evidente? Pedro ouviu a voz de
Deus, deu testemunho de sua mensagem e, assim, ressaltou a divindade
de Jesus, o Cristo.
A Voz de Deus Quatro Dias Antes da Crucificação
“Pai, glorifica o teu nome. “Então veio uma voz do céu:
“Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei “A multidão,
pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido
um trovão. Outros diziam: “Foi um anjo que lhe falou.
“Então explicou Jesus: “Não foi por mim que veio esta
voz, e, sim, por vossa causa. Chegou o momento de
ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será
expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei
todos a mim mesmo. “Isto dizia, significando de que
gênero de morte estava para morrer. (Jo 12.28-33)
A voz de Deus foi ouvida do céu pela terceira vez depois que
Jesus se apresentou à nação de Israel no dia conhecido como Domingo
de Ramos. Depois de ter sido rejeitado pelos judeus, Ele sabia que sua
morte na cruz estava próxima.
Naquela semana alguns gregos pediram a Filipe que lhes
apresentasse Jesus. Sem dúvida alguma, a multidão era composta na
maioria de judeus, mas alguns estudiosos bíblicos admitem que esses
gregos estavam presentes porque Deus estava preparando os gentios
para reconhecerem que seu Filho estava perto de morrer
sacrificialmente, não somente pelos pecados de Israel, mas pelos
pecados do mundo todo.
O apóstolo João é o único a registrar este incidente (João 12.2033). Ao pensar na proximidade de sua morte, Jesus confessa: “Minha
alma está angustiada.” Isto foi ilustrado dois dias depois, quando, no
Jardim do Getsêmani, “seu suor se tornou como gotas de sangue
caindo sobre a terra” (Lucas 22.44). Porém, embora, sua alma estivesse
“angustiada”, Ele não recuou diante da morte indigna que estava para
sofrer. Em vez de se desesperar, Ele declarou: “Precisamente com este
propósito vim para esta hora” (João 12.27).
Então Jesus orou: “Pai, glorifica o teu nome”, e a voz de Deus
respondeu: “Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei” (João 12.28) —
confirmando, assim, que já havia falado antes e que novamente o
glorificaria por meio da ressurreição após sua aparente derrota na cruz.
O povo, tanto os crentes como os descrentes, reconheceu que a voz era
sobrenatural. Jesus identificou a fonte daquela voz e declarou que tinha
vindo para o bem deles. Por que para o bem deles?
Naqueles dias os principais da sinagoga e os fariseus estavam
clamando contra Ele e acusando-o de ser um impostor. Ele sabia que
seria insultado e depois crucificado e que muitos se afastariam
desiludidos durante os três dias que permaneceria no túmulo. A voz de
Deus o glorificou para que os representantes de toda a nação cressem
nele. Jesus afirmou: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos
a mim mesmo” (João 12.21), indicando, assim, o tipo de morte que ia
sofrer.
Por fim, Jesus apelou ao povo: “Ainda por um pouco a luz está
convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos
apanhem... Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis
filhos da luz” (João 12.35-36). Eleja havia se apresentado como “a luz
do mundo” e agora os conclamava a se tornarem crentes antes que a
crucificação afligisse as almas dos crentes e dos descrentes.
Qual a reação da multidão? “E, embora tivesse feito tantos sinais
na sua presença, não creram nele”. Esta trágica observação prova que
os descrentes estavam presentes naquela ocasião. Eles ouviram a voz de
Deus, testemunharam os milagres de Jesus e, apesar disso, se recusaram
a crer. Felizmente, nem todos agiram assim.
Atualmente, podemos fazer essa mesma escolha: crer ou descrer.
A evidência hoje é exatamente a mesma daquela época.
As pessoas — tanto hoje como há dois mil anos — não têm
desculpa, pois têm o testemunho da voz do próprio Deus confirmando
seu Filho.
Uma Categoria Própria
A voz de Deus ressoou no batismo de seu Filho. Os discípulos a
ouviram no “monte santo” da transfiguração. E finalmente essa mesma
voz ecoou nos ouvidos do público pouco antes da crucificação de
Jesus.
Deus não apenas identificou audivelmente, por três vezes, Jesus
como seu Filho, mas também elevou seus ensinamentos a uma
categoria própria. O autor de Hebreus escreveu: “Havendo Deus,
outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus
1.1-2).
Jesus ocupa, indiscutivelmente, uma categoria própria!
Pa r t e I I I : O Q u e S u a s O b r a s P r o va m S o b r e
Ele
11. Seus Milagres Como Testemunhos de Sua
Identidade
Se um homem viesse ao mundo curando leprosos, restaurando
paraplégicos, reconstruindo braços ou pernas aleijadas, restaurando a
vista aos cegos, nós imediatamente o consideraríamos como alguém
mais do que um simples homem. Poderíamos até mesmo considerá-lo
um deus em forma humana.
Se um homem andasse sobre a água, acalmasse as tempestades e
alimentasse mais de cinco mil pessoas de uma só vez, usando apenas o
lanche de um menino, suspeitaríamos que ele fosse mais do que
humano.
Se um homem interrompesse um funeral e fizesse voltar à vida o
único filho de uma pobre viúva, devolvendo-o à sua mãe — tudo isso
diante de muitas testemunhas —, seguramente o aclamaríamos como
um deus. Pois na história do mundo, nenhum ser humano jamais
realizou apenas um desses milagres por seu próprio poder, muito
menos todos esses juntos.
Foi isto o que Jesus quis dizer quando se dirigiu aos judeus que
faziam objeção à sua alegação de ser o Filho de Deus: “Mas eu tenho
maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me
confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a
meu respeito, de que o Pai me enviou” (João 5.36). No capítulo seis
vimos que João foi, sem dúvida, uma forte testemunha da divindade de
Cristo. Agora, porém, Jesus apresenta um conjunto muito maior de
testemunhas: suas obras miraculosas.
Conhecido por Suas Obras
Sempre que a história de Jesus é contada, seus maravilhosos
milagres a acompanham, pois qualquer pessoa que examine
cuidadosamente sua vida descobre que seria impossível separá-lo de
seus milagres. Os feitos miraculosos (particularmente aqueles de cura
física) levaram milhares de pessoas a ajuntar-se para ouvir seu ensino
incomparável. E foram esses milagres que deram credibilidade ao seu
ensino no meio do povo. Como disse uma das testemunhas de alguns
desses milagres, “ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus
não estiver com ele” (João 3.2). Muito provavelmente Jesus não teria
atraído tantos ouvintes, se não fosse capaz de curar os enfermos e
ressuscitar os mortos. Quase vinte séculos mais tarde, se não fosse por
seus milagres sobrenaturais, raramente alguém teria ouvido falar de
Jesus Cristo. Foram eles certamente que estabeleceram sua
autenticidade divina.
Poucas tentativas têm sido feitas ao longo da história para
eliminar os milagres de sua vida. Uns poucos céticos tentaram justificálos e alguns racionalistas tentaram transformá-los em mitos (tais como
o agnóstico David Hume, cujo ataque aos milagres de Jesus no século
dezoito apresenta uma frágil argumentação contra eles), porém suas
“explanações” geralmente requerem mais fé do que os próprios
milagres.
Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos,
tentou banir do cristianismo os milagres de Cristo, simplesmente
removendo-os da Bíblia com uma tesoura. Tudo o que ele conseguiu
foi criar um angu literário. Sua versão jamais foi entendida porque torna
A Maior História Já Contada um contra-senso ilegível. Essa versão
retira a maior evidência do caráter sobrenatural do Filho de Deus pela
simples eliminação dessa evidência. Dizer apenas: “Não acredito no
sobrenatural” — como fizeram Hume, Jefferson e os céticos modernos
— não resolve nada. Qualquer pessoa descrente em Deus terá uma
visão inadequada do sobrenatural, pretextando serem os milagres
impossíveis. E naturalmente ninguém ainda apresentou uma prova
convincente de que Deus não existe.
Se uma pessoa começa por excluir a possibilidade de que existe
um Deus sobrenatural, ela rejeitará a possibilidade de milagres.
Certamente, nenhuma prova sustenta tal convicção; o cético está
simplesmente alardeando sua descrença, o que não é suficiente para
desmentir os milagres de Jesus. A evidência histórica pesa
esmagadoramente em favor dos milagres como parte integrante da vida
do Nazareno. Sem eles, Jesus teria sido rapidamente esquecido,
desaparecendo com o passar dos séculos.
Os Milagres Foram Importantes Para Jesus
Jesus de Nazaré ministrou publicamente por apenas três anos e
meio, um tempo curto para afirmar a si mesmo como “o Filho de
Deus” e fundar uma religião que resistisse ao tempo. Portanto, foi
importante para Ele estabelecer sua credibilidade pessoal logo no início
do ministério, de modo que sua obra pudesse ser continuada por seus
seguidores.
A importância que ele dava aos milagres é visível na resposta que
deu aos discípulos de João Batista, quando estes vieram perguntar-lhe
se Ele era o Messias prometido... ou se eles deviam esperar por outro.
A pergunta foi feita algum tempo depois de João ter identificado
publicamente Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo”. Observe a resposta do Senhor: “Ide, e anunciai a João o que
vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são
purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos
pobres anuncia-se-lhes o evangelho” (Lucas 7.22). Jesus sabia que João
estava na prisão, devendo ser logo executado por ter confrontado o rei
Herodes por causa de seu adultério. João precisava de alguma coisa
para fortalecer sua crença em Jesus como o Messias, por isso Cristo
usou seus milagres como prova.
Jesus aponta para os milagres como “grandes testemunhas” de
sua divindade quando disse: “As obras que o Pai me confiou para que
eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de que
o Pai me enviou” (João 5.36). Ele claramente afirma que suas “obras”,
outro termo usado no lugar de “milagres”, identificam-no como Deus
em forma humana. Ele disse: “As obras que eu faço em nome de meu
Pai testificam a meu respeito” (João 10.25). Mais tarde, referindo-se aos
seus milagres, Ele faz uma alegação que até hoje não foi contestada: “Se
eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez...”
(João 15.24). Jesus ocupa uma posição única pelos milagres que
realizou.
As Conseqüências de Rejeitar Seus Milagres
Uma das mais terríveis condenações na Bíblia foi reservada para
o povo de duas cidades em que Jesus realizou muitos milagres. Os
judeus daquelas cidades rejeitaram-no, particularmente quando Ele
afirmou sua divindade. “Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se
em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se
fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e
cinza. E contudo vos digo: no dia do juízo haverá menos rigor para
Tiro e Sidom, do que para vós outros” (Mateus 11.21 e 22).
Os milagres tinham o propósito de convencer as pessoas de que
Jesus estava agindo no poder e em nome de Deus. Quando os judeus
rejeitaram essa reivindicação, estavam também rejeitando uma poderosa
testemunha de sua divindade e, assim, não tiveram desculpa. Para
captar a importância disso, Jesus comparou as duas cidades a Sodoma e
Gomorra, nas quais imperava a homossexualidade. Estas cidades
ímpias, porém, não viram Jesus realizar milagres nem o ouviram pregar
seus ensinos incomparáveis. Se isso tivesse acontecido, elas poderiam
ter “se arrependido”, e, portanto, não sofreriam tanto no dia do juízo.
Ao menos não teriam a culpa de rejeitar a evidência esmagadora de sua
identidade pessoal.
Os milagres são, pois, um testemunho público e poderoso da
identidade de Jesus. As pessoas que os rejeitam correm sérios riscos. O
falecido Dr. Wilbur M. Smith escreveu:
Não conhecemos qualquer razão apropriada pela qual
os primeiros discípulos incluíram essas histórias
relativas aos milagres nos registros do evangelho, a
menos que estivessem baseadas em fatos históricos
reais. Na verdade, se o testemunho dos evangelhos a
respeito dos milagres de Cristo é falso, então essa
falsidade é, com certeza, um milagre maior do que os
milagres que eles relatam.
Não foram os ensinos de Cristo que levaram Pedro e os outros
discípulos a “deixar suas redes e segui-lo”; foi o milagre da rede cheia
de peixes que os convenceu (Lucas 5.1-11). Eles pescaram a noite toda
e nada apanharam, mas Jesus, depois de falar à multidão, entrou em um
dos barcos e, afastando-se um pouco da praia, estimulou os cansados
pescadores (que já tinham lavado suas redes) a lançarem as redes mais
ao largo. Quando eles obedeceram hesitantes a essa ordem estranha,
apanharam tanto peixe que precisaram da ajuda de outro barco — e
ambos os barcos começaram a afundar sob o peso da carga. Tal milagre
convenceu Pedro de que aquele homem, Jesus, era diferente de
qualquer outro de quem já tinham ouvido falar. Até os peixes do mar
lhe obedeciam!
Cinco Categorias de Milagres
Durante seu breve ministério público, Jesus realizou centenas de
milagres, sendo cerca de trinta e nove relatados nos evangelhos. Muitos
outros não foram registrados em detalhes, mas foram resumidos em
expressões como “Ele curava a todos” (Lucas 6.19). Como a fama de
seus milagres se espalhava pelas cidades vizinhas, “trouxeram-lhe todos
os enfermos” (Mateus 14.35). Os milagres de Jesus foram tão
numerosos que seus inimigos nunca tentaram negar seu poder
sobrenatural. Como podemos ver, eles cometeram um erro fatal ao
atribuí-lo ao Diabo. Mas, mesmo sendo tão hostis, tiveram de
reconhecer que seus milagres eram reais, porque transformavam as
vidas das pessoas.
Embora não seja intenção deste livro examinar todos os milagres
feitos por Jesus, é possível dividi-los em cinco categorias ou divisões:
natureza, curas físicas, expulsão de demônios, multiplicação e
ressurreição de mortos. Examinaremos um pouco de cada categoria
para demonstrar a espantosa evidência que eles proporcionam para
conhecermos melhor a identidade de Jesus de Nazaré.
1. Milagres da natureza
Jesus muitas vezes manipulou a natureza, demonstrando que
tinha poder sobre as leis naturais.
O primeiro milagre de Jesus foi realizado nas bodas em Cana da
Galiléia (João 2). É uma bonita história. Jesus, com aproximadamente
trinta anos na época, estava presente porque Ele e seus discípulos
tinham sido convidados. Tão logo a família anfitriã notou que o vinho
se acabara, Maria chegou-se a seu Filho e informou-lhe: “Eles não têm
mais vinho.” Podemos quase sentir o desespero em sua voz. Alguns
têm sugerido que era uma grave quebra do costume não se preparar
para tal eventualidade e Maria, como amiga da família, sentia-se
impelida a ajudá-los a servir seus hóspedes.
Jesus atendeu instruindo os criados a encherem seis grandes
potes (cada um com a capacidade de 75 a 110 litros) com água. Ele
então transformou a água no mais delicioso vinho que os convidados
tinham provado durante todo o dia. Como é comum em todos os seus
milagres, este resolveu o problema de muitas pessoas.
Outro milagre da natureza ocorreu quando Jesus acalmou uma
forte tempestade que aterrorizava até mesmo pescadores veteranos,
como os discípulos, os quais tinham pescado durante toda sua vida no
mar da Galiléia e conheciam bem suas águas traiçoeiras. Contudo, a
tempestade não podia competir com Jesus, muito embora o evangelho
de Marcos relate: “Levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se
arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a
encher-se de água” (Marcos 4.37). Mateus expõe o incidente nestes
termos: “O barco era varrido pelas ondas” (Mateus 8,24). Jesus, que
estava dormindo naquele momento, “despertando, repreendeu o vento,
e disse ao mar: ‘Acalma-te, emudece!’ O vento se aquietou e fez-se
grande bonança” (Marcos 4.39). De repente os discípulos ficaram
espantados ao ver seu poder sobre a natureza, pois eles cogitavam em
voz alta: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”
(Marcos 4.41) Podemos nos identificar com a reação deles, pois meros
seres humanos não possuem tamanho poder.
Tive o privilégio recentemente de viajar pelo mar da Galiléia e
recontar esta história a bordo de um navio para cem turistas que nos
acompanharam na viajem. Nosso guia judeu observou que, até hoje,
tempestades violentas podem surgir ali repentinamente. Não foi difícil
imaginar tanto a cena como a reação dos discípulos. Quem, com
certeza, pode comandar até o vento e as ondas? Somente o Filho de
Deus!
Em duas ocasiões Cristo realizou pescas miraculosas — uma nos
primeiros dias do seu ministério (Lucas 5) e a outra após sua
ressurreição (João 21). Em ambos os casos, como em todos os
milagres, Ele desejava aumentar a fé dos discípulos em sua divindade.
Podemos incluir ainda dois outros milagres da natureza: Pedro
encontrando a moeda na boca de um peixe (Mateus 17.27), exatamente
como Jesus havia dito, e o relato da figueira que secou (Mateus 21. 1822) no mesmo instante em que o Senhor a amaldiçoou.
Meu milagre da natureza predileto é Jesus caminhando sobre a
água (Mateus 14. 22.32). Isso é tão humanamente impossível que,
quando os céticos se referem a um egoísta, dizem com escárnio: “Ele
pensa que pode andar sobre a água.” Por dois mil anos, somente uma
pessoa caminhou sobre as ondas por seu próprio poder. Que outra
pessoa Ele podia ser senão Deus em forma humana?
2. Milagres de cura física
Talvez os milagres mais marcantes de Jesus sejam os de cura
física. Quem já não olhou para um deficiente físico ou um doente
terminal e desejou ter o poder de curar tal pessoa? Pelo menos
dezessete vezes, durante sua breve passagem pela vida terrena, Jesus se
deteve para curar pessoas, a maioria delas fora do alcance de qualquer
ajuda. Lucas relacionou nove dessas curas, observando que multidões
de doentes e incapazes físicos iam a Jesus para serem curados, e “Ele
curava a todos”. Possivelmente, milhares foram curados durante seu
ministério.
Ao examinarmos de perto esses milagres, descobrimos que não
há dois deles iguais em natureza ou intensidade. Muitos foram
realizados através de simples palavras, à distância, como o caso do
criado do centurião (Mateus 8.5-13), ou ordenando aos dez leprosos —
“Ide e mostrai-vos ao sacerdote” (Lucas 17.11-19). Em alguns casos
Jesus tocava a pessoa, e em um deles uma mulher tocou apenas nas
suas roupas (Lucas 8.43-48).
Meu milagre de cura favorito é o que permitiu ao cego restaurar a
visão, em João 9, provocando nos fariseus uma grande controvérsia.
Depois de falar ao homem, Jesus inclinou-se, pegou um pouco de terra
na mão, cuspiu sobre ela fazendo um pouco de lama, passou-a nos
olhos do cego e disse-lhe para ir se e lavar no tanque de Betesda
(Ninguém sabe porque Jesus misturou saliva com terra e “ungiu” os
olhos do homem mas temos uma teoria. É possível que o homem não
possuísse os globos oculares, por isso o Criador modelou o órgão
necessário para visão. Mas, podemos argumentar, barro misturado com
saliva é compatível com o corpo humano? Não há nenhum problema
nisso, pois Jesus é aquele que fez o homem no inicio da criação (João
1.3; Colossenses 1.16 e 17), de modo que moldar os globos oculares
seria uma tarefa simples. E se duvidarmos ainda, Gênesis 1 declara que
o homem foi criado “do pó da terra”, portanto pó ou barro seria
perfeitamente compatível com o tecido humano.). O homem seguiu as
instruções de Jesus e retornou “vendo”. Não havia como negar o fato
de aquele homem estar verdadeiramente curado, mas os líderes
religiosos ficaram perturbados pelo fato de Jesus ter feito esta ação em
um sábado.
Não é de admirar que, quando Nicodemos foi ter com Jesus à
noite, ele tenha afirmado: “Ninguém pode fazer estes sinais que tu
fazes, se Deus não estiver com ele” (João 3.2). Fatos miraculosos
convencem-nos de que Jesus foi mais do que homem e que “nele
habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2.9).
A propósito, isto nos dá uma grande compreensão do coração de Deus,
pois, quando Jesus via as multidões, Ele ficava “movido de compaixão”
(Veja Mateus 9.36; 14.14; 15.32; 20.34; Marcos 1.41; 6.34; 8.2) e curava
a todos, pois Ele se compadecia das aflições humanas. Não é isto
exatamente que se deve esperar de alguém que era Deus em forma
humana?
3. Curando os endemoninhados
A possessão demoníaca tem torturado o gênero humano desde o
princípio da história. Embora algumas regiões tenham sido mais
atingidas do que outras, ninguém tem escapado. Tanto no passado
como nos dias de hoje, temos dificuldade para distinguir entre a
insanidade e a possessão demoníaca. Mesmo com o avanço da
psiquiatria atual, numerosos casos são difíceis de avaliar. Pessoas
diagnosticadas como “esquizofrênicas” ou de “personalidades mistas”
podem agir normalmente em um momento e de repente gritar ou falar
com voz estranha, como se um espírito estivesse usando seu corpo,
para depois “despertar” e não ter lembrança alguma do que aconteceu.
Alguns emitem afirmações maldosas ou blasfemas que não condizem
com suas crenças originais, e, a seguir, quando voltam ao normal negam
que tenham dito tais coisas. A psiquiatria pode fornecer uma explicação
“científica” para certos casos (tais como “demência”), mas esses
indivíduos podem mais tarde passar por um exorcismo em nome de
Jesus Cristo e nunca mais sofrer outra experiência semelhante. Sem
dúvida, algumas pessoas têm sofrido de possessão demoníaca.
Na época em que Jesus viveu, a possessão demoníaca era
bastante comum. Isto não nos surpreende, se considerarmos o
propósito de sua vinda à terra e a ousadia de Satanás na tentação de
Cristo, mencionada em três dos evangelhos. Em pelo menos seis
ocasiões durante seu ministério, Jesus foi confrontado com indivíduos
possuídos pelo demônio. Em cada caso Ele demonstrava seu poder
sobre os demônios expulsando-os milagrosamente.
Os três evangelhos sinópticos narram uma das ocorrências mais
incríveis que ilustra o poder de Jesus sobre demônios. De acordo com
o relato de Lucas:
Então rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da
Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu
encontro um homem possesso de demônios que, havia
muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma,
porém vivia nos sepulcros. E quando viu a Jesus,
prostrou-se diante dele, exclamando, e disse em alta
voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes. Porque
Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do
homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E
embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e
grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo
demônio para o deserto.
Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu
ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos
demônios. Rogavam-lhe que não os mandasse sair
para o abismo. Ora, andava ali, pastando no monte,
uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes
permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu.
Tendo os demônios saído do homem, entraram nos
porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro
abaixo, para dentro do lago, e se afogou.
Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e
foram anunciá-lo na cidade e pelos campos. Então saiu
o povo para ver o que se passara, e foram ter com
Jesus. De fato acharam o homem de quem saíram os
demônios vestido, em perfeito juízo, assentado aos pés
de Jesus; e ficaram dominados de terror. E algumas
pessoas que tinham presenciado os fatos contaramlhes também como fora salvo o endemoninhado. Todo
o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe
que se retirasse deles, pois estavam possuídos de
grande medo. E Jesus, tomando de novo o barco,
voltou. O homem de quem tinham saído os demônios
rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém,
o despediu, dizendo: ‘Volta para casa e conta aos teus
tudo o que Deus fez por ti.” (Lc 8.26-39)
A extensão da possessão desse homem aparece na palavra
“legião” — uma multidão de demônios que podia deixá-lo tão fora de
controle que as pessoas tentavam prendê-lo com correntes. Marcos
acrescenta que durante alguns de seus acessos, quando entrava nu no
cemitério, ele se cortava nas pedras. Marcos também observa que
“havia cerca de dois mil porcos” que correram para o precipício e se
afogaram no mar, mostrando o poder dos demônios que tinham
habitado nele. Não nos surpreende que ele tenha enlouquecido!
Entretanto, depois de Jesus exorcizar os demônios, o homem foi
encontrado sentado, vestido e em perfeita sanidade mental. Quem
senão Jesus podia manifestar tal poder? Os próprios demônios, falando
pela voz do homem, identificaram Jesus, dizendo: “Que tenho eu
contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?” Tal reconhecimento não era
incomum, e mesmo hoje os missionários contam histórias semelhantes
— demônios encolhendo-se de medo à simples menção do seu nome.
4. Os milagres da multiplicação
Duas vezes durante seu ministério Jesus satisfez a fome das
multidões, alimentando-as milagrosamente. Em uma das vezes Ele
multiplicou o alimento disponível até ele se tornar suficiente para
alimentar cinco mil pessoas; na segunda ocasião, quatro mil pessoas
foram alimentadas. A alimentação de cinco mil pessoas é o único
milagre (além da ressurreição) mencionado pelos quatro evangelhos, o
que demonstra a importância que os autores deram a esse
acontecimento. Jesus aceitou o lanche de um menino — que consistia
de cinco pães e dois peixes — abençoando-o e distribuindo-o pelas
mãos dos discípulos, ordenando-lhes que alimentassem as multidões.
Para surpresa deles, os pães e os peixes alimentaram todo o povo... e
sobraram ainda doze cestas cheias!
Em toda a história do mundo, nunca houve um milagre de
multiplicação semelhante a esse realizado diante de tantas pessoas. Este
milagre provocou algumas reações imediatas. Os discípulos tornaramse ainda mais convencidos de que Jesus era um ser sobrenatural e o
povo seguiu-o para fazê-lo seu rei. Quiseram promovê-lo da oficina de
carpintaria ao palácio — mas não foi para isso que Ele veio (e esta é
provavelmente a razão para Ele ter repetido esse milagre somente uma
vez).
5. Seu poder de ressuscitar os mortos
Sem dúvida alguma, os milagres mais extraordinários de Jesus se
relacionam com seu poder de restaurar a vida aos mortos. Três vezes
durante seu ministério Jesus fez exatamente isso. Na primeira vez, ele
interrompeu o funeral do filho de uma viúva de Naim e devolveu à vida
o menino, entregando-o de volta à mãe (Lucas 7.11-17). Na segunda,
Ele ressuscitou a filha de Jairo (Mateus 9.18-26; Marcos 5.21-43; Lucas
8.40-56). E por fim o mais espantoso de todos; Lázaro foi chamado
para sair do sepulcro quatro dias depois de sua morte (João 11). Jesus
ressuscitou Lázaro com o claro propósito de demonstrar a seus
discípulos que Ele possuía poder sobre a vida e a morte. Depois de se
encontrar com as irmãs de Lázaro e associar-se à sua dor, Jesus
ordenou que a pedra que fechava o sepulcro fosse removida. Marta a
princípio chamou sua atenção: “Senhor, já cheira mal, porque já é de
quatro dias/’ Em seguida, nas palavras do apóstolo João:
Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que se creres
verás a glória de Deus? Tiraram, então, a pedra. E
Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai,
graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que
sempre me ouves, mas assim falei por causa da
multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.
E tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para
fora. Saiu aquele que estiver a morto, tendo os pés e as
mãos ligados com ataduras, e o rosto envolto em um
lenço. Então lhes ordenou Jesus: Desatai-o, e deixai-o
ir. Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo
visitar Maria, vendo o que fizera Jesus, creram nele.
(versículos 40-45)
Como as pessoas que testemunharam o incidente reagiram a este
assombroso milagre? Muitos “creram nele”. Cristo desejou provar sua
identidade tanto àqueles que lá se encontravam como a nós hoje,
confirmando sua última afirmação: “Toda a autoridade me foi dada no
céu e na terra” (Mateus 28.18). Infelizmente, esta não foi a única
reação. Alguns se apressaram em contar o fato aos líderes religiosos.
Daquele momento em diante, teve início uma trama visando matar a
Jesus.
Podemos nos questionar por que dois grupos de pessoas viram
esse acontecimento extraordinário realizar-se e tiveram interpretações
diferentes do fato, mas hoje enfrentamos o mesmo problema: é sempre
uma questão de vontade. Como disse o próprio Jesus: “Enquanto
tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz.” João
acrescenta: “Eles tinham visto Jesus fazer todos esses milagres, mas não
criam nele” (João 12.36-37). Os que tinham a mente e o coração
fechados o rejeitaram.
Contudo — e é essencial que tenhamos isso em mente — eles
não negaram que Jesus tinha ressuscitado os mortos, alimentado as
multidões, expulsado demônios, curado os enfermos e caminhado
sobre a água. É de importância vital observar que mesmo seus inimigos
não puderam negar seu extraordinário poder! A evidência era
simplesmente esmagadora.
A Ciência é Grande, Mas Jesus E Maior
Os milagres de Jesus comprovam inequivocamente sua
divindade. Mesmo hoje, dois mil anos depois, seu poder e simplicidade
ainda nos deixam abismados. Apesar do avanço da ciência e da
tecnologia, seus milagres ainda nos impressionam.
Embora a ciência moderna seja capaz de rastrear a rota de um
furacão, nomeá-lo e predizer com certa exatidão quando ele vai atingir
uma cidade ou região, ainda assim não é possível controlar essa terrível
tempestade e acalmá-la com uma simples expressão: “Acalme-se, fique
quieta.” Mas Jesus fez isso!
Embora os agricultores sejam capazes de prever uma colheita de
até uma tonelada de trigo, quando anteriormente conseguiram calcular
apenas um terço desse volume, nunca ouvimos dizer que alimentaram
milhares de pessoas famintas com cinco pães e dois peixes. Mas Jesus
fez isso!
Embora a ciência moderna tenha feito muito progresso na cura
das doenças mentais, reabilitando muitas pessoas e devolvendo-as à
vida normal, nenhum psiquiatra jamais se voltou para um homem e
ordenou que os demônios que o possuíam saíssem dele,
transformando-o em uma pessoa normal e em “perfeito juízo”. Mas
Jesus fez isso!
Embora a ciência moderna tenha realizado grandes curas por
meio de remédios, cirurgias ou outras formas avançadas de tratamento,
ela nunca retornou a visão àqueles que nasceram cegos, nem curou
membros mirrados com um simples toque, ou purificou um leproso
apenas pela palavra (muito menos dez de uma só vez). Mas Jesus fez
isso!
Embora os médicos sejam capazes de prolongar a vida, melhorar
sua qualidade, e em alguns casos até permitir uma morte indolor, cada
médico normalmente perde pacientes levados pela morte. Nunca
ouvimos falar de médicos que souberam do sepultamento de uma
pessoa conhecida e em seguida, quatro dias depois, a chamaram de
volta à vida. Mas Jesus fez isso!
Os milagres que Jesus realizou proclamam através dos séculos
que “Jesus é o Filho de Deus!”
Podemos Ainda Acreditar nos Milagres?
O Novo Testamento ensina claramente que Jesus realizou
milagres. Todavia, será que nós, pessoas modernas, vivendo no
alvorecer do vigésimo primeiro século, podemos acreditar de maneira
lógica e racional naqueles milagres? Se podemos, eles se tornam uma
poderosa prova para a alegação de que Jesus foi “o Filho de Deus” em
forma humana. Ele mesmo nos desafia a usar esses milagres para
determinar sua identidade. “Se vocês não crêem em mim, então creiam
pelo menos nas obras que eu faço. E isso para que fiquem sabendo de
uma vez por todas que o Pai vive em mim e que eu vivo no Pai” (João
10.38).
Se os milagres de Jesus foram genuínos, nossa decisão é óbvia.
Mas vivemos quase dois mil anos depois desses acontecimentos. Como
podemos crer racionalmente nas histórias das testemunhas oculares que
afirmam que Jesus Cristo realizou muitos milagres contrariando as leis
da natureza?
Alguns céticos têm afirmado que os relatos dos milagres nos
evangelhos sofreram alterações e acréscimos ao longo dos anos.
Entretanto, qualquer um que esteja familiarizado com a mitologia grega
ou com os relatos religiosos do período posterior a Cristo perceberá
imediatamente uma diferença marcante entre eles e as narrativas dos
evangelhos. Nenhum animal com asas ou figuras metade homem,
metade cavalo povoam os evangelhos. Em lugar disso, encontramos
Jesus tratando com homens, mulheres e crianças reais. Pessoas
humildes que sofriam com doenças ou defeitos de nascimento e
repentinamente ficavam livres de seus sofrimentos. Não há inclusão de
detalhes fantasiosos, como os que aparecem nos evangelhos apócrifos e
em outros escritos do período. Em vez disso, encontramos um relato
acurado dos atos de uma pessoa extraordinária.
Há muitos anos o Dr. Wilbur M. Smith afirmou que, em vez de
as histórias terem sido enfeitadas ou acrescidas com o tempo, os
escritores do evangelho, ao contrário, diminuíram o número de
milagres relatados à medida que o tempo foi passando, preferindo antes
enfatizar os ensinos de Jesus. Muitos estudiosos concordam que
Marcos foi o primeiro a escrever seu evangelho, por volta de 60 d.C; o
apóstolo João escreveu seu trabalho depois, em torno de 90 d.C. e
Mateus e Lucas escreveram em torno de 70 d.C. Argumenta o Dr.
Smith:
Embora dedicando apenas doze capítulos para a
história completa da vida de Jesus, incluindo o último
discurso na semana da Paixão, o evangelho de Marcos
registra dezoito milagres realizados por Cristo,
enquanto que o evangelho de Mateus, escrito
posteriormente, relata vinte milagres, embora utilize
dezessete capítulos para narrar esse mesmo período
de seu ministério publico. O evangelho de Lucas,
escrito ainda mais tarde, menciona não mais que vinte
e um milagres e o evangelho de João, o último a ser
escrito, registra apenas oito milagres. Em outras
palavras, os primeiros onze capítulos do evangelho
mais antigo, Marcos, registram mais milagres do que
quaisquer outros onze capítulos sucessivos dos
evangelhos posteriores. E evidente, pois, que este
aspecto particular do ministério de Jesus não resulta de
um posterior acréscimo mitológico.
Assim sendo, os relatos do evangelho são completamente dignos
de confiança e inteiramente idôneos — mesmo para os modernos.
Podemos estar seguros de que os milagres atribuídos a Jesus nos
evangelhos refletem a história verdadeira e não alguma criação literária
posterior. Desta forma, se são verdadeiros, se de fato aconteceram, eles
requerem uma resposta pessoal de cada um de nós. Precisamos tomar
uma decisão sobre nossa crença a respeito deste operador de milagres,
Jesus de Nazaré.
Os Milagres de Jesus Provam Que Ele Era o Filho de Deus
Jesus curou uma mulher que sofria de hemorragia. Você acha que
foi difícil para ela acreditar que Jesus era o Filho de Deus, depois de
doze anos consultando médicos sem nenhum resultado?
A esposa de Jairo e a viúva de Naim tiveram, respectivamente,
uma filha e um filho mortos que foram devolvidos vivos e sãos.
Tiveram elas de lutar para crer que Jesus era Deus em forma humana?
D. L. Moody, um dos grandes evangelistas do século dezenove,
lembrou-nos: “Você não encontra no Novo Testamento orientações
sobre como conduzir uma cerimônia fúnebre, porque Jesus acabou
com todos os funerais aos quais esteve presente.”
Quatro amigos de um homem aleijado foram forçados a descê-lo
através de um buraco aberto no telhado para poderem colocá-lo diante
de Jesus, por causa da grande multidão que bloqueava seu caminho.
Quando Jesus com uma palavra o curou, você acha que eles duvidaram
que Ele era o verdadeiro Filho de Deus?
Multidões que o seguiam por toda parte, viram-no curar vários
tipos de doenças e até ressuscitar os mortos. Você acha que eles
duvidaram que o seu poder vinha de Deus?
Aqueles que eram íntimos de Jesus e que testemunharam
pessoalmente a transformação nas vidas das pessoas, de tal modo
creram nesse homem que se dispuseram a abandonar suas profissões e
tudo mais para segui-lo até o fim de seu ministério, viajando por todo o
mundo conhecido para contar sua história. Com exceção de Judas
Iscariotes, que o traiu, nenhum dos discípulos jamais renegou seu
compromisso com a causa de Cristo. Mesmo o “incrédulo Tome”, que
se convenceu no encontro com o Jesus ressurreto, serviu a Ele
fielmente até ser martirizado na índia muitos anos depois.
Em vista de tudo isso, começamos a compreender o que Jesus
quis dizer com estas palavras: “As obras que eu faço dão testemunho
de mim.” Elas provam sua declaração de ser Ele mesmo o unigênito
Filho de Deus. Não esperaríamos menos. Poderíamos nos basear
apenas nos milagres de Jesus de Nazaré para termos certeza de sua
divindade pessoal, mas o próprio Jesus não o faria. Há muito mais
evidência pela frente.
12. Jesus Recebeu Adoração
O mundo judaico em que Jesus nasceu era intensamente
monoteísta. Os judeus de dois milênios atrás consideravam a mais
grave das heresias um ser humano colocar-se em lugar de Deus e ser
adorado como tal. No entanto, Jesus de Nazaré fez exatamente isso —
razão por que os judeus de seus dias pegaram em pedras para matá-lo.
O Velho Testamento condenava à morte os acusados de blasfêmia, e os
judeus achavam que Jesus era mais do que merecedor de tal punição, já
que alegou ser Deus, não uma, mas muitas vezes.
Já vimos que Jesus sabia que era Deus, ensinou que era Deus e
realizou milagres (incluindo sua própria ressurreição) destinados a
confirmar sua afirmação de ser Deus. O que falta ainda é comprovar
que, pelo menos dez vezes durante sua vida, Jesus permitiu que outros
o adorassem. Isto era mais do que um crime no julgamento da austera
cultura judaica monoteísta: era algo imperdoável. A não ser, é claro, que
fosse verdade.
Dez Exemplos de Adoração
Jesus conhecia muito bem a lei. Afinal de contas, foi Ele quem
repreendeu Satanás quando este lhe pediu que se inclinasse diante dele
e o adorasse. “Está escrito”, respondeu Jesus, “ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele darás culto” (Mateus 4.10). Jesus conhecia os Dez
Mandamentos; Ele os citou várias vezes. Entretanto, Ele proclamava
que era “igual a Deus” (João 5.18). Apesar de ensinar várias vezes que a
adoração é devida somente a Deus, Jesus geralmente permitia que os
indivíduos o adorassem.
Não perca a importância disto. Jesus sabia que Deus era o único
ser digno de nossa adoração; Ele próprio muitas vezes ensinou este
princípio. Todavia, por mais incrível que pareça, Jesus se permitiu ser
adorados pelo menos dez vezes — e em nenhum momento repreendeu
as pessoas que o fizeram!
1. Em seu nascimento
Há uma justificativa razoável para Jesus nessa primeira vez que
Ele foi adorado. Afinal de contas, Ele era uma criancinha quando os
sábios do Oriente vieram para “adorá-lo”. A pergunta específica é:
receberia Ele tal adoração durante seu ministério adulto? Fazer isso
seria no mínimo um crime... a menos que Ele verdadeiramente fosse
Deus! Considere os seguintes exemplos:
2. A cura de um cego em Jerusalém
Já examinamos anteriormente este caso da cura de um homem
cego de nascença realizada por Jesus, um milagre que enraiveceu os
líderes religiosos de Jerusalém, porque o ato ocorreu em um sábado. Os
líderes convocaram o homem curado e lhe fizeram perguntas,
incitando-o a negar que Jesus o havia curado. Mas ele não fez isso:
“Nisto é de estranhar que vós não saibais donde ele é, e contudo me
abriu os olhos. Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo
contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende.
Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os
olhos a um cego de nascença. Se este homem não fosse de Deus, nada
poderia ter feito” (João 9.30-33).
Pouco depois de haver sido expulso do templo, ele encontrou
Jesus. O Senhor então lhe perguntou: “Crês no Filho do homem?” Ele
respondeu: “Quem é, Senhor, para que eu nele creia?” E Jesus lhe
disse: “Já o tens visto e é o que fala contigo.” Então afirmou ele:
“Creio, Senhor.” E João acrescenta: “e o adorou” (João 9.35-38).
Observe que Jesus não repreendeu o homem nem obrigou-o a se
levantar, como certamente o faria se Ele fosse apenas um homem
comum que casualmente fazia milagres. É interessante notar que é João
quem registra este incidente, porque o apóstolo sabia o que era ser
repreendido por adorar alguém que não fosse Deus. No Apocalipse ele
registra uma privilegiada visão sobre os eventos do futuro, revelados
pelo Espírito Santo. Por duas vezes, João ficou tão assombrado diante
do poderoso anjo que lhe mostrou essas visões que se ajoelhou para
adorá-lo. E como reagiu o anjo? “Então ele me disse: ‘Vê, não faças
isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que
guardam as palavras deste livro. Adora a Deus’“ (Ap 22.9; veja também
19.10).
Qualquer pessoa sabe que os anjos são mais poderosos do que os
homens. E natural que os homens adorem seres superiores quando na
presença deles, mas João foi proibido de fazer isso. A razão é simples:
somente Deus deve ser adorado. Mas este mesmo João não hesitou em
nos falar da ocasião em que um homem adorou Jesus!
3. Tomé, o que duvidou
João também registra a resposta de Tome — o discípulo que
duvidara — quando ficou face a face com o Cristo ressurreto. Tomé
não tinha estado presente quando Jesus se apresentou a primeira vez
aos outros dez discípulos, mas uma semana depois Tome estava com
eles quando Jesus apareceu pela segunda vez. Sua famosa reação:
“Senhor meu e Deus meu!” (João 20.28) foi um ato de pura adoração.
E Jesus não fez nenhum sinal de reprovação.
4. Pedro e os peixes
Lucas narra um acontecimento semelhante na vida de Pedro.
Depois de ouvir Jesus ensinar e vê-lo realizar o milagre de encher duas
redes de peixe (depois de nada terem pescado à noite), Pedro caiu de
joelhos diante de Jesus e rogou: “Senhor, retira-te de mim, porque sou
pecador” (Lucas 5.8). Este foi um outro ato de adoração. E observe
novamente que não houve nenhuma reprovação de Jesus.
5. O chefe angustiado
Em outra ocasião, “um chefe, aproximando-se, o adorou, e disse:
‘Milha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a tua mão sobre ela,
e viverá’“ (Mateus 9.18). Jesus não somente se recusou a repreender o
homem, mas atendeu ao seu pedido ressuscitando a menina.
6. Homens em um barco
Vários milagres foram feitos no mar da Galiléia ou nas
proximidades. Foi ali que Jesus alimentou cinco mil pessoas. Foi ali
que, em meio a águas revoltosas, Ele caminhou sobre a água e
finalmente subiu ao barco dos discípulos. Foi ali em outra ocasião que
Ele com uma palavra acalmou o mar — após o que “os que estavam no
barco o adoraram, dizendo: ‘Verdadeiramente és Filho de Deus!’”
(Mateus 14.33). A mensagem é clara: todos os discípulos, juntos,
adoraram Jesus e ainda aqui não houve nenhuma reprovação.
7. A transfiguração
Quando Pedro, Tiago e João testemunharam a transfiguração de
Jesus sobre o “monte santo”, eles ficaram assustados ao ouvir a voz do
Pai celestial dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo: a ele ouvi” (Mateus 17.5). A cena deixou-os amedrontados e
eles caíram aos pés de Jesus. Somente o próprio Jesus podia levantá-los
— mas, de novo, não houve nenhuma repreensão.
8. A mãe de Tiago e João
Mateus conta da mãe dos filhos de Zebedeu (Tiago e João)
chegando a Jesus para pedir-lhe privilégios especiais para seus filhos
quando eles estivessem no seu reino. Primeiro, porém, ela “adorando-o,
pediu-lhe um favor” (Mateus 20.20). Embora o Salvador não tenha
concedido o pedido egoísta da mulher, Ele não a repreendeu por
ajoelhar-se diante dele publicamente. E lembre-se: na cultura judaica,
ajoelhar-se diante de alguém era uma clara atitude de adoração.
9. Após a ressurreição
Após a ressurreição, as mulheres que foram ao sepulcro correram
para anunciar aos discípulos, quando “Jesus veio ao encontro delas, e
disse: ‘Salve!’ E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o
adoraram” (Mateus 28.9). Nenhuma palavra de repreensão.
10. Na ascensão
Ao final de sua presença na terra, Jesus encontrou-se com seus
discípulos no “monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o
adoraram” (Mateus 28.17). E uma vez mais não houve nenhuma
repreensão.
Estes dez incidentes provam não somente que as pessoas eram
impelidas a adorar Jesus, mas que o próprio Jesus aceitava essa
adoração. Isto significa apenas uma coisa: Jesus é Deus em forma
humana.
Confirmação da Seita das Testemunhas de Jeová
Como você provavelmente sabe, a seita das testemunhas de
Jeová rejeita a divindade de Jesus, baseada em algumas interpretações
radicais das Escrituras. Há vários anos, quando eu era pastor em San
Diego, Califórnia, recebi uma série de folhetos pelo correio. Um dos
folhetos inspirou-me a escrever um artigo em resposta, chamando a
atenção para a divindade essencial de Jesus, de conformidade com o
ensino do Novo Testamento. Nele desenvolvi o argumento segundo o
qual, embora por dez vezes nos Evangelhos Jesus tenha sido objeto de
adoração, em nenhuma das ocorrências Ele repreendeu seus
adoradores. Então desafiei os leitores sobre a incoerência da própria
Bíblia das testemunhas de Jeová, a New World Translation (Tradução
Novo Mundo). Os publicadores dessa obra excessivamente
preconceituosa orgulhavam-se na página 9 de haver traduzido cada
palavra importante do grego para uma única equivalente em inglês. Mas
chamei sua atenção para o fato de toda vez que traduziam a palavra
grega proskuneo em relação a Deus, eles traduziam para “adorar”, o
que é correto. Mas toda vez que traduziam a mesma palavra proskuneo
quando usada em relação a Jesus Cristo, eles traduziam “reverenciar”.
Acho isto muito interessante, já que não existe nenhuma razão
gramatical ou exegética para fazê-lo — apenas a posição doutrinária da
seita negando a divindade de Jesus. Por isso, em meu artigo, perguntei
por que as testemunhas não se dispõem a “honrar o Filho, do modo
por que honram o Pai” (João 5.23), da forma como Jesus nos instruiu a
fazer. Esse artigo foi enviado por correio a todas as igrejas da seita e
distribuído gratuitamente a mais de 250 mil pessoas. Até hoje não tive
nenhum retorno de qualquer pessoa da organização Testemunhas de
Jeová. Não estou ansioso pela resposta, pois o que eles teriam a dizer?
Proskuneo significa somente uma coisa — adoração — e adoração é
devida somente a Deus, incluindo seu Filho, Jesus Cristo.
A Testemunha de Jeová que Encontrou Cristo
Vários anos depois de escrever meu artigo, recebi uma carta de
um jovem operário na construção agradecendo-me o tê-lo escrito. Nem
ele nem sua esposa eram cristãos quando uma testemunha de Jeová
bateu à sua porta. Eles se reuniram com ele regularmente durante várias
semanas e estavam quase prontos para aderirem à seita, porém, como o
próprio autor da carta me disse,
‘‘Nós simplesmente não nos sentíamos seguros a
respeito disso. Certa manhã, pouco antes de eu sair
para o trabalho, estávamos muito perturbados, e então,
apoiados na mesa da cozinha, oramos pedindo a
orientação de Deus. Naquela tarde, depois de uma
terrível tempestade, eu estava saindo do meu carro
quando encontrei um folheto azul com as palavras em
destaque: JESUS: Quem é Ele? [o antecessor deste
livro]. Ele estava ensopado, mas peguei-o e trouxe-o
para casa, onde minha esposa o secou no calor do
forno. Lemos juntos e nos convencemos de que
estávamos sendo iludidos, de que Jesus era realmente
o Filho de Deus que morreu por nossos pecados e
ressuscitou no terceiro dia, exatamente como ensina a
Bíblia. Por isso, oramos para receber Cristo e temos
desfrutado da maravilhosa ‘paz com Deus’ desde
aquele dia.”
Não devemos nos esquecer das palavras que Jesus disse: “Se
alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se
ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo” (João 7.17). Aquele casal
é um perfeito exemplo disto. No caso deles, Deus enviou meu folheto
de uma maneira peculiar para cumprir seus misericordiosos propósitos:
ele flutuou sob uma chuva pesada, sendo levado pela enxurrada até
parar junto à sarjeta perto da caminhonete daquele jovem.
Jesus é Digno de ser Adorado
Jesus não somente ensinou que Ele era Deus, mas demonstrou
essa afirmação através de seus milagres e de sua vida sem pecado. Ele
também demonstrou que aceitava essa situação recebendo a adoração
de uma ou mais pessoas em dez ocasiões diferentes. Em nenhum
momento Ele repreendeu as pessoas por adorá-lo, um descuido [para
os judeus] que teria sido considerado uma grave heresia, a menos,
naturalmente, que Ele fosse realmente Deus.
Michael Green, em seu excelente folheto Who is This Jesus?,
escreveu:
Jesus aceitava tranqüilamente a adoração... Os judeus
não adoravam nenhum homem ou estátua: somente o
próprio Deus. As implicações dessa atitude de Jesus
são óbvias. Ele sabia que era digno de adoração.
Embora humilde como era, pronto a servir a todos,
Jesus sabia quem Ele era e qual sua origem. “Ele viera
de Deus e voltava para Deus “, como afirmou o
apóstolo João em seu evangelho (13.3). E por algumas
vezes, Ele aceitou a adoração devida somente a Deus.
Era o prelúdio da adoração universal que se seguiria.
É curioso notar que todas as vezes que as pessoas vinham até
Jesus para aceitá-lo como seu Senhor, a primeira coisa que desejavam
fazer era adorá-lo. Em um grande número de casos, as pessoas queriam
imediatamente pôr-se de joelhos e orar. Tenho orado com centenas de
pessoas, e acredite: a maioria prefere ajoelhar-se.
Em um panfleto sobre o evangelho, meu amigo Bill Bright conta
a história de Lew Wallace, um famoso general e escritor, que foi
também um ateu declarado. O Sr. Wallace pesquisou durante dois anos
nas principais bibliotecas da Europa e dos Estados Unidos, procurando
informações para escrever um livro que arruinaria para sempre o
cristianismo. Enquanto escrevia o segundo capítulo desse livro, ele de
repente se ajoelhou clamando a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!”
Por causa das sólidas e inquestionáveis evidências da divindade
de Jesus, Wallace não mais podia negar que Jesus Cristo era o Filho de
Deus. Mais tarde, em lugar de escrever um livro para destruir a fé em
Jesus, ele escreveu Ben-Hur, um dos maiores romances já escritos
sobre a época de Cristo. Mais tarde, o livro se transformou em filme,
tornando-se uma das mais belas produções da história de Hollywood. A
última cena refletia a fé que Lew Wallace possuía. Jesus foi mostrado
sobre a cruz. O céu escureceu, trovões e raios cortavam o céu e a chuva
caiu sobre o corpo do Salvador. Aquela chuva misturou-se com seu
sangue e caiu sobre o solo, transformando-se em um riacho e em
seguida em um rio, que corria para os oceanos e para um mundo
necessitado de sua purificação.
Bright continuou:
De modo semelhante, o falecido C. S. Lewis, professor
na Universidade de Oxford, foi um agnóstico que negou
a divindade de Cristo durante anos. Mas ele também,
por sua honestidade intelectual, submeteu-se a Jesus
como seu Deus e Salvador depois de estudar a
esmagadora evidência de sua divindade.
Em seu famoso livro Cristianismo Puro e Simples, Lewis faz a
seguinte afirmação:
Alguém que fosse um simples homem e dissesse o tipo
de coisa que Jesus dizia não seria um grande professor
de moral Ou Ele seria um lunático—ou então seria o
próprio Diabo. Você precisa fazer sua escolha. Ou Ele
era, e é,o Filho de Deus; ou então um louco ou coisa
pior. Você pode considerá-lo um louco... ou cair aos
seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas não vamos
usar esses argumentos absurdos a respeito de ele ser
um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa
possibilidade.
Bright conclui seu folheto perguntando:
Quem é Jesus de Nazaré para você? Sua vida hoje e
durante toda a eternidade dependem de sua resposta a
esta pergunta. Se retirarmos Buda do Budismo, Maomé
do Islamismo e fizermos o mesmo com os fundadores
de várias outras religiões, pouca coisa mudaria. Mas se
tirarmos Jesus Cristo do cristianismo, não sobrará
nada, porque o cristianismo não é uma filosofia ou uma
ética, mas uma relação pessoal com um Salvador vivo,
ressuscitado.
Os cristãos não adoram estátuas de um Cristo morto, eles
adoram seu Senhor vivo e ressuscitado e desfrutam de um
relacionamento pessoal com Ele. Você o adora? Se não, sugiro que
você faça isto ainda hoje. Ele nos convida agora a adorá-lo voluntária e
alegremente. Todavia, se recusarmos fazer isso, Ele garante que um dia
nós o adoraremos de qualquer maneira, mas com espanto, medo e
tremor. Porque, como Paulo nos lembra, o dia logo virá quando “se
dobre todo joelho... e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor,
para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.10-11).
A escolha não é entre adorar Jesus ou recusar-se a adorá-lo. A
única escolha é quando começaremos a adorá-lo e como o faremos.
Jesus é o Senhor, e é plenamente digno de nossa adoração.
Quanto a mim e à minha casa, nós o adoraremos livremente e com
alegria. E quanto a você?
13. Somente Deus Pode Perdoar
Um aspecto da vida de Jesus de Nazaré que o torna diferente de
qualquer outra pessoa é que Ele nunca fez qualquer coisa moralmente
errada. Em trinta e três anos de vida, Ele nunca teve de pedir perdão,
nem a Deus nem aos homens. Ele nunca precisou dizer: “Sinto muito
por aquilo que fiz”, nunca se desculpou, nunca se arrependeu de uma
ação praticada. As únicas pessoas que se sentiram ofendidas pelos seus
atos foram os líderes religiosos da época, que estavam fazendo a pior
coisa que um ser humano pode fazer a outro — enganar as pessoas
sobre os padrões de Deus para ganhar a salvação eterna. Quando eles
se consideravam ofendidos por Jesus ou por suas ações, era porque Ele
havia dito alguma coisa que violava seus ensinos religiosos — doutrinas
que iam de encontro aos ensinos divinos revelados na Bíblia. Eram
essas falsas doutrinas que estavam erradas, não Jesus.
Entretanto, Jesus, que nunca teve de ser perdoado, perdoou mais
pessoas do que qualquer outro que já viveu. Na verdade, Ele
estabeleceu um modelo para o perdão pessoal que nunca foi igualado,
muito embora em sua época prevalecesse a filosofia romana que
ensinava que o “poder faz o direito” e os judeus defendessem o padrão
“olho por olho e dente por dente”. Naquele meio hostil Ele ensinou:
“Amem seus inimigos, façam o bem àqueles que os odeiam... perdoem
aqueles que pecam contra vocês” (Lucas 6.27-28, 37).
Jesus não somente elevou o padrão de amar o próximo e perdoar
os inimigos em todo o tempo, mas Ele próprio demonstrou perdão em
sua vida pessoal. Ele perdoou os pecados de outros e ensinou seus
seguidores a fazerem o mesmo. Quando se tratava de perdão, Jesus era
mais do que um homem — Ele era Deus. E para demonstrar este fato,
Ele não perdoou pecados apenas como um homem, Ele perdoou como
Deus. E foi isto exatamente que lhe trouxe problemas.
Quem Pode Perdoar Pecados Senão Deus?
Jesus nunca hesitou em perdoar pecados. Foi isto, certamente,
que o levou a entrar em conflito com os líderes religiosos de seu tempo.
Eles sabiam que somente Deus Jeová podia perdoar pecados e
rejeitaram totalmente a possibilidade de ele ser aquele mesmo Jeová em
forma humana. Entretanto, os três escritores dos evangelhos sinópticos
incluíram uma dramática história com o propósito de demonstrar que
Jesus, como Deus, tinha o direito e a autoridade para perdoar pecados.
Marcos narra a história resumidamente:
Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e
logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram
para ali tantos que nem mesmo junto aporta eles
achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra.
Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico,
levado por quatro homens. E, não podendo aproximarse dele, por causa da multidão, descobriram o e irado
no ponto correspondente ao em que ele estava e,
fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o
doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico:
“Filho, os teus pecados estão perdoados.”
Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e
arrazoavam em seus corações: “Por que fala ele deste
modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados,
senão um, que é Deus?”E Jesus, percebendo logo por
seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes:
“Porque arrazoais sobre estas coisas em vossos
corações? Qual é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Estão
perdoados os teus pecados’, ou dizer: ‘Levanta-te, toma
o teu leito, e anda?’ Ora, para que saibais que o Filho
do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar
pecados” — disse ao paralítico: “Eu te mando: Levantate, toma o teu leito, e vai para tua casa.” (Mc 2.1-11)
Jesus usou este dramático incidente para ensinar as pessoas de
sua época que Ele tinha o poder de perdoar pecados. Nenhuma
testemunha pode verificar o perdão de pecados, mas pode identificar a
mão sobrenatural de Deus para curar um paralítico. Neste episódio
Jesus associou ambas as virtudes. Este milagre é, pois, um eloqüente
sinal da divindade de Jesus. As pessoas sabiam desde o início que Jesus
tinha o poder de fazer milagres; até seus inimigos sabiam disso. O que
Jesus queria que compreendessem é que Ele estava mais interessado no
relacionamento espiritual deles com Deus, e ter os pecados perdoados
era parte essencial da restauração desse relacionamento. Ele era,
naturalmente, a chave, pois somente por meio dele eles podiam obter a
remissão de seus pecados.
Muitos que ouviram suas palavras creram nele e tiveram seus
pecados perdoados, porém a maioria dos líderes religiosos fez dura
oposição a Ele, atribuindo seu poder ao Diabo. Não obstante, mesmo
contra sua vontade, eles tiveram de admitir que Jesus tinha um poder
sobrenatural. O que eles rejeitavam era o fato de seu poder incluir a
remoção do pecado, resultando em perdão. Muitas pessoas ainda
tropeçam nesta verdade. Rejeitam Jesus porque não conseguem aceitar
que Ele seja o único meio de se chegar a Deus e a única esperança de
ter seus pecados perdoados. Tropeçam na “pedra de tropeço”,
exatamente como muitos o fizeram há dois mil anos.
“Quem É Este Que Até Perdoa Pecados?”
Algum tempo depois de curar o paralítico, Jesus demonstrou de
forma também dramática sua autoridade de perdoar pecados. Lucas
conta a história:
Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com
ele, Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à
mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora,
sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu,
levou um vaso de alabastro com ungüento;e, estando
por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com
suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos;
e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento.
Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo
mesmo: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual
é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. “Dirigiuse Jesus ao fariseu e lhe disse: “Simão, uma coisa
tenho a dizer-te. “Ele respondeu: “Dize-a, Mestre.”
“Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia
quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo
nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a
ambos.
Qual
deles,
portanto,
o
amará
mais?”Respondeu-lhe Simão: “Suponho que aquele a
quem mais perdoou.” Replicou-lhe Jesus: “Julgaste
bem.”
E, voltando-separa a mulher, disse a Simão: “Vês esta
mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para
os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e
os enxugou com os seus cabelos. Não me deste
ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de
me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo,
mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. Por isso te
digo: Perdoados lhe são os setes muitos pecados,
porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se
perdoa, pouco ama.”
Então disse à mulher: “Perdoados são os teus
pecados.” Os que estavam com ele à mesa começaram
a dizer entre si: “Quem é este que até perdoa
pecados?>f Mas Jesus disse à mulher: ‘A tua fé te
salvou; vai-te em paz.” (Lc 7:36-50)
Esta história está repleta de ironia. O fariseu que tinha convidado
Jesus à sua casa pensou que a conduta de Jesus provava que Ele não era
profeta, pois como uma pessoa santa permitiria ser tocada por uma
pessoa que ele sabia ser pecadora? Entretanto, Lucas esclarece que
Jesus agiu desta forma precisamente porque conhecia a extensão dos
pecados da mulher... tanto quanto seu coração arrependido. Enquanto
o fariseu condenava Jesus por ter imaginado falsamente que o Salvador
desconhecia o verdadeiro caráter da mulher, de fato ele mesmo se
condenou porquanto ele é quem desconhecia seu próprio caráter ruim.
Não sabemos se o fariseu chegou a perceber a ironia daquele
episódio, mas sabemos que todos os presentes reconheceram o poder
de Jesus de perdoar pecados. O Salvador não somente anunciou o
perdão à mulher no versículo 47, mas reiterou essa concessão no
versículo 48. Sua ação provocou a indignada pergunta: “Quem é este
que até perdoa pecados?” Jesus ouviu a pergunta, mas não lhe deu
atenção. Em vez disso, continuou a dirigir-se à mulher, assegurando-lhe
tanto a salvação como a paz — estas também qualidades exclusivas de
Deus.
O ponto-chave a observar neste capítulo é que, embora os
convidados questionassem o direito de Jesus perdoar pecados, eles
nunca duvidaram do fato de Jesus ter feito tal afirmação.
O Exemplo Maior do Poder de Perdoar de Jesus
Embora os dois incidentes anteriores tenham mostrado
claramente que Jesus atribuiu a si a autoridade de perdoar pecados,
talvez a evidência mais forte disto é encontrada no calvário. Enquanto
esteve pregado à cruz para resgatar pelo perdão toda a humanidade,
Jesus por duas vezes teve oportunidade de perdoar pessoas específicas.
Um caso em particular traz grande conforto àqueles que esperam
até o último momento para fazer as pazes com Deus. A conversão com
o ladrão crucificado ao lado de Jesus prova que nunca é tarde demais
para receber o perdão, mesmo quando a chama da vida esteja se
apagando.
Aquele homem era um “malfeitor”, um grande pecador que
admitiu ser “ladrão e salteador”. No início de sua execução ele e seu
companheiro ladrão se juntaram à multidão hostil zombando e
escarnecendo de Jesus (Mateus 27.44; Marcos 15.32). Entretanto,
depois de contemplar Jesus por algum tempo, algo aconteceu no
coração daquele homem. Embora seu companheiro ladrão continuasse
a “blasfemar” (no grego, eblasphemei, uma palavra que normalmente
significa a injúria contra Deus) contra Jesus, esse homem foi
repreendido por seu parceiro e afirmou a inocência de Jesus.
“Recebemos o castigo que os nossos atos merecem”, disse ele, “mas
este nenhum mal fez.” Então dirigiu-se a Jesus: “Senhor, lembra-te de
mim quando vieres no teu reino.” E como Jesus respondeu? “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).
A dupla natureza de Jesus é exemplificada neste ato. Ele era
plenamente homem pelo fato de poder morrer por nossos pecados e
era plenamente Deus porque podia perdoar aquele ladrão moribundo
dos pecados que cometera.
O segundo exemplo da prática do perdão oferecido por Jesus no
Calvário não é menos impressionante. Ele fez o que ninguém teria feito
ao sofrer uma morte injusta e dolorosa. Muitas pessoas imaginam a
crucificação de nosso Senhor da maneira como ela é representada em
alguns quadros famosos. A verdade é que Ele sofreu ferimentos até
ficar praticamente irreconhecível. O profeta já dissera: “Como
pasmaram muitos à vista dele, pois o seu aspecto estava mui
desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência mais
do que a dos outros filhos dos homens” (Isaías 52.14). Os soldados
romanos bateram nele, colocaram uma coroa de espinhos em sua
cabeça e feriram seu rosto, deixando-o desfigurado.
No entanto, apesar dessa trágica condição, mesmo escarnecido
pelos líderes religiosos e pelos soldados que o haviam crucificado, Jesus
orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34).
Algum tempo antes, diante do sepulcro de Lázaro, Jesus tinha orado:
“Pai, graças te dou porque me ouviste” (João 11.41), e Deus o ouviu
novamente. Sem dúvida, sua oração no momento em que estava
pendurado na cruz salvou as vidas daqueles que o crucificaram! Em vez
de liquidar aquelas pessoas rebeldes que estavam assassinando seu
único Filho, Deus Pai as perdoou. A oração de Jesus pode ter salvo
muitas almas naquele dia.
Estou inclinado a crer que muitos daqueles judeus e romanos que
clamavam pela morte de Jesus, faziam parte daquela multidão que
cinqüenta dias mais tarde, no Pentecoste, se arrependeram e foram
perdoados de todos os seus pecados — incluindo o de ter crucificado
Jesus!
O milagre da salvação de alguns ou de todos aqueles que
exigiram a morte de Jesus sobre a cruz é o ápice de todos os milagres.
O fato de Deus Pai e seu Filho Jesus permitirem a salvação das
próprias pessoas que causaram sua crucificação está além da
compreensão humana. Eu creio nisso, mas admito que não consigo
entender isso a não ser à luz da oração de Jesus: “Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem.” Eles sabiam que estavam crucificando
um homem bom, mas não sabiam que estavam crucificando o Filho de
Deus — isto é, até depois de sua ressurreição e do sermão de Pedro no
Pentecoste.
Quantas dessas pessoas receberam o perdão dos pecados e a
salvação pela fé em Jesus, nunca saberemos até o dia de nos
encontrarmos com elas no céu. Uma coisa é certa: todas elas podem ter
sido perdoadas! Nenhuma delas foi condenada por ter participado da
crucificação do Messias — porque Jesus, em essência, orou para que
“esse pecado não lhes fosse imputado... pois eles não sabiam o que
estavam fazendo”. Não tinham idéia de que estavam matando o Rei da
Glória. Não sabiam o quanto eram afortunadas por viverem no apogeu
da história, quando o Cordeiro sacrificial de Deus tinha vindo a este
mundo. A oração de Jesus poupou-os das conseqüências de seu terrível
pecado. Se elas não receberam a salvação no primeiro dia do
Pentecoste, foi porque se recusaram a receber o perdão por outros
pecados cometidos.
O pecado mais terrível de todos os tempos foi certamente a
morte deliberada do “Cordeiro de Deus”. No entanto, aqueles que
participaram deste crime infame estão sem culpa porque Jesus orou:
“Pai, perdoa-lhes.” Assim fazendo, Ele nos deixou o maior exemplo de
perdão da história universal. Somente Deus pode perdoar dessa
maneira! Além disso, Ele deixou-nos a certeza de que também nós
podemos ser perdoados de nossos pecados.
Seus Pecados Foram Perdoados?
Jesus veio a este mundo para trazer a salvação para os pecados de
toda a humanidade. Esse propósito se cumpriu em você?
Seus pecados foram perdoados, apagados? Isso tudo depende de
sua disposição de pedir a Ele que o perdoe. Se você ainda não fez isso
(ou tem dúvidas se o fez), insisto que o faça antes de terminar a leitura
deste livro. Uma vez que Ele pagou o eterno débito de seu pecado
sobre a cruz, três coisas apenas restaram para você fazer:
1. Admitir que foi por você e por seus pecados que Jesus morreu.
2. Crer que Ele ressuscitou dentre os mortos.
3. Rogar-lhe que perdoe seus pecados e salve sua alma.
Se você fizer estas três coisas, Jesus lhe assegura que você estará
com Ele na eternidade, exatamente como o ladrão arrependido na cruz
está agora com Ele. Mas, depois de passar por essas três coisas, você
terá feito mais do que assegurar um lugar no céu. Isso o capacitará
também a seguir o exemplo de Jesus de perdoar àqueles que o
ofenderem ou lhe fizerem algum mal. Este é uma dos maiores milagres
da salvação.
Uma Nova Motivação Para Perdoar
É extraordinário ver como as pessoas que experimentaram o
perdão de Deus através de Jesus se sentem motivados a perdoar.
Lembro-me de ter orado com um homem irascível, cheio de ódio e que
se relacionava muito mal com toda sua família ou com qualquer um que
se aproximasse dele. Após um longo período, tive o privilégio de
transmitir-lhe o evangelho de Cristo, e um dia ele dobrou seus joelhos e
recebeu Cristo em seu coração. Após alguns momentos sentindo a
emoção da “paz com Deus”, muito comum àqueles que param de lutar
contra Ele, repentinamente o homem empertigou-se e disse: “Ó Deus,
vou perdoar meu pai.” Então ele me contou como, durante toda sua
vida, fora rejeitado e maltratado por seu pai.
Durante anos meu amigo tinha insistentemente odiado o pai... e
como a maioria dos que nutrem esse sentimento, este mesmo ódio
envenenou suas emoções e arruinou seus relacionamentos com aqueles
que deveriam ser o objeto de seu afeto. Depois de assegurar-lhe que ele
deveria efetivamente perdoar seu pai — não porque seu pai o
merecesse, mas porque Jesus lhe ordenava — também lhe mostrei que
Cristo, seu novo Mestre, o tornaria capaz de fazê-lo. Oramos juntos
novamente e em seguida ele fez uma oração simples e sincera em que
reconheceu que, após todos aqueles anos, seria difícil perdoar um
homem que tinha pecado tão gravemente contra ele — mas ele
humildemente pediu a ajuda de Deus para ser capaz de perdoar e
esquecer o passado. Orei para que ele aprendesse a amar seu pai.
A princípio ele estava relutante, mas foi para casa contar à esposa
sobre sua nova fé. Ele telefonou no dia seguinte para dizer-me: “Tive
ontem a melhor noite de sono depois de muitos anos”, e acrescentou
que tinha se desculpado com sua esposa por todas as mágoas que tinha
lhe causado. Logo depois, ele me disse que iria visitar seu pai no
próximo sábado para pedir-lhe perdão pela ira de muitos anos contra
ele.
Não foi fácil, mas ele prosseguiu em seu intento. Mais tarde ele
me contou que, durante sua visita, seu pai chorou e nada pôde dizer.
Decorridos seis meses, esse meu amigo levou seu pai a Cristo e hoje
procuram desenvolver uma amizade. Toda sua família acha que este
homem é um milagre ambulante. Como disse um de seus filhos
adolescentes — “Meu pai está tão diferente que até o cachorro gosta
dele agora!”
Este é o poder do perdão em ação, diferente de qualquer outra
experiência sobre a terra! Isto só é possível, entretanto, por meio de
Jesus de Nazaré — o Cristo ressurreto. Jesus ainda está empenhado em
perdoar pecados e em nos ajudar a perdoarmos os outros.
Isto não é apenas espantoso — é divino. Exatamente o que Jesus
é.
14. O Testemunho do Cumprimento das Profecias Parte I
Profecias sobre a Descendência, Nascimento, Vida e
Ministério de Jesus
Chegamos agora à evidência mais convincente de todas em
relação à identidade de Jesus de Nazaré: o grande número de profecias
cumpridas por Ele durante sua existência terrena. Os profetas hebreus
providenciaram meios para que os judeus pudessem identificar o
Messias prometido. Mais de cem profecias messiânicas estão
distribuídas por todo o Velho Testamento, algumas de mil e quinhentos
anos antes de seu nascimento. A validade do uso das Escrituras para
identificar o Messias pode ser observada na vida de Simeão e Ana, dois
antigos estudiosos da Bíblia que viveram na época do nascimento de
Jesus. O evangelho de Lucas (Lucas 2.25-39) narra que eles previram
que presenciariam a vinda do Messias, de forma que foram ao templo
logo após o nascimento de Jesus para aguardar sua chegada. Eles não
haviam se enganado, pois viram realmente (Simeão até segurou-o nos
braços!) o Cristo recém-nascido.
Infelizmente, os líderes judeus perderam tal privilégio. Por quê?
Eles não estavam esperando um Messias sofredor, mas um Messias
poderoso. Consciente ou subconscientemente, eles rejeitaram as
profecias de um Salvador sofredor. Infelizmente, a maioria dos judeus
da época de Jesus não tinha conhecimento das Escrituras, apegando-se
a tradições seculares, muitas das quais em discordância com as
Escrituras hebraicas. (Um problema semelhante afeta muitos descrentes
hoje; eles não têm conhecimento bíblico suficiente para fazer
julgamentos válidos a respeito da real identidade de Jesus.)
Na verdade, existem muitas evidências indicando que a
identidade de Jesus pode ser encontrada em muitas profecias do Velho
Testamento, todas elas escritas de seiscentos a mil e quinhentos anos
antes do nascimento de Jesus. Algumas são tão convincentes que um
rabino moderno (que vamos conhecer adiante) admitiu que Jesus era,
inegavelmente, o Messias — “para os gentios”! Ele espera que o
“Messias judeu” venha mais tarde. Isto, sem dúvida, salienta o valor
dessas evidências.
Jesus Afirmou Ser o Cumprimento da Profecia
Jesus nunca teve dúvidas sobre quem Ele era. Logo no início de
seu ministério, antes de ter sido tentado pelo próprio Satanás no
deserto, Lucas registra:
Indo para Nazaré, onde fora criado, [Jesus] entrou, em
um sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e
levantou-se para ler Então lhe deram o livro do profeta
Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava
escrito:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me
ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista
aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e
apregoar o ano aceitável do Senhor.”
Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e
sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos
nele. Então passou Jesus a dizer-lhes: “Hoje se
cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.” (Lc 4.16-21)
É quase impossível exagerar a importância deste acontecimento.
Neste texto, Jesus está se apresentando aos habitantes de Nazaré como
o cumprimento da profecia de Isaías (Isaías 61.1-3). Após relacionar as
coisas que o Messias faria quando viesse — atividades que Jesus já
estava realizando (“pregar o evangelho... curar os sofredores... anunciar
a libertação aos cativos... pôr em liberdade os oprimidos [até os
possuídos por demônio]... restaurar a vista aos cegos... apregoar o ano
aceitável do Senhor” [isto é, a era da graça ou da igreja atual] — Ele em
seguida personalizou o texto esclarecendo que Ele era o objeto dessa
profecia: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.” Eis por
que tentaram matá-lo.
Se os judeus de sua época tivessem compreendido esta e outras
profecias do Velho Testamento, teriam reconhecido Jesus como o
Messias. Mas, como Ele disse, “não tendes a sua palavra permanente
em vós”, assim nem em Jerusalém nem em Nazaré eles o reconheceram
(João 5.38).
Uma confirmação adicional de que os profetas do Velho
Testamento falaram abertamente sobre Jesus pode ser vista no
encontro dele com Cleopas e mais um discípulo, quando retornavam de
Jerusalém, caminhando pela estrada de Emaús, logo depois de sua
ressurreição. Lucas diz que “os seus olhos estavam como que
impedidos de o reconhecer”. Quando Jesus perguntou a causa de sua
tristeza:
Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo:
“Es o único, porventura, que, tendo estado em
Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?”
Ele lhes perguntou: “Quais?”
E explicaram: “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno,
que era varão profeta, poderoso em obras e palavras,
diante de Deus e de todo o povo, e como os principais
sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para
ser condenado à morte, e o crucificaram. Ora, nós
esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a
Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia
desde que tais coisas sucederam. É verdade também
que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos
surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e,
não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem
tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive.
De fato alguns dos nossos foram ao sepulcro e
verificaram a exatidão do que disseram as mulheres;
mas a ele não viram.”
Então lhes disse Jesus: “O néscios e tardos de coração
para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura
não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na
sua glória?” E, começando por Moisés, discorrendo por
todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras. (Lc 24.18-27)
O efeito sobre eles foi instantâneo e emocionante. Eles
comentaram: “Porventura não nos ardia o coração, quando ele pelo
caminho nos falava, quando nos expunha as Escrituras”? (Lucas 24.32)
As únicas Escrituras que eles tinham eram os livros do Velho
Testamento escritos por Moisés e pelos profetas hebreus. Usando-os
como base, Jesus fez-lhes uma exposição detalhada sobre “o que a seu
respeito constava”. Estas duas passagens por si só não deixam
nenhuma dúvida de que Jesus se considerava o cumprimento das
profecias do Velho Testamento.
109 Profecias Messiânicas
O falecido Alfred Edersheim, um mestre especializado na
Septuaginta, escreveu um livro clássico entitulado A Vida e a época de
Jesus, o Messias. Neste livro Edersheim afirmou existirem 456
passagens messiânicas, “apoiadas por mais de 558 referências dos
antigos escritos rabínicos... uma leitura cuidadosa das Escrituras mostra
que as principais citações do Novo Testamento concernentes ao
Messias são amplamente sustentadas por afirmações rabínicas”.
Muitas destas 456 profecias messiânicas são repetitivas e algumas
são totalmente confusas. Mas os estudiosos concordam que há pelo
menos 109 diferentes profecias para o Messias cumprir. O
cumprimento delas por um único indivíduo requer uma pessoa tão
incomum que todos os outros candidatos, e certamente todas as outras
pessoas que já viveram, serão eliminados — exceto um!
Respondendo a uma Possível Objeção
Antes de tratar de algumas das principais profecias cumpridas por
Jesus durante sua existência terrena, gostaria de expor um dos
problemas que ocuparam minha mente e me levaram a
questionamentos quando jovem. Meus estudos posteriores me fizeram
ver que eu não estava sozinho. Muitos tinham a mesma pergunta:
“Como saber se essas profecias não foram escritas depois da passagem
de Jesus pela Terra?”
Nos tempos antigos, escrever sobre papiros era uma tarefa difícil
e muitos documentos não sobreviveram à passagem do tempo. Pode-se
imaginar então que foi montado um esquema para fazer a vida de Jesus
parecer profética, criando-se posteriormente tais “profecias”.
Estudiosos modernos estabeleceram que isso é simplesmente
impossível. Os últimos textos do Velho Testamento foram
provavelmente escritos duzentos a trezentos anos antes do nascimento
de Jesus, pois foi nessa época que a Septuaginta (a tradução grega das
Escrituras hebraicas) foi escrita. Muitos especialistas admitem que o
original hebraico é entre cinqüenta e cento e cinqüenta anos anterior à
Septuaginta. Isto significa que todas as 109 profecias sobre a vida e
morte de Jesus tiveram de ser escritas pelo menos duzentos e cinqüenta
a quatrocentos anos antes de seu nascimento! Conseqüentemente, essas
profecias são mais do que suficientes para evidenciar a singularidade de
Jesus.
E isto torna-se ainda pior para os céticos. Um artigo recente da
revista Time admitiu que as descobertas da arqueologia moderna têm
“fornecido às afirmações bíblicas exatidão histórica,, e comprovado sua
composição antiga. Depois de apresentar a descoberta de vários objetos
e de cidades há muito tempo perdidos, o autor referiu-se a dois
pequenos rolos de prata encontrados dentro de uma sepultura:
Eles foram datados de cerca de 600 a. C, pouco tempo
antes da destruição do templo de Salomão e do exílio
israelita na Babilônia. Quando os cientistas abriram
cuidadosamente os rolos no Israel Museum,
encontraram um trecho do livro de Números, escrito por
Moisés, gravado na superfície. A descoberta deixou
claro que partes do Velho Testamento estavam sendo
copiadas muito antes do que alguns céticos
acreditavam que elas tinham sido escritas!
Como alguém admitiu — “Somente uma tendência
preconceituosa contra a própria profecia sobrenatural (tais como
aquelas que se originam de uma visão racionalista) ou contra as
profecias referentes à pessoa de Jesus, pode impedir que alguém aceite
as Escrituras” como profecia messiânica escrita com antecedência.
Considere a matemática envolvida no cumprimento dessas
profecias. A probabilidade de que apenas 20 das 109 profecias
pudessem ser cumpridas em um homem ao acaso se ria menor que uma
em um quatrilhão, cento e vinte e cinco trilhões. A maioria das pessoas
não pode sequer imaginar tal número. Se pudesse, ele seria assim em
algarismos: 1 em 1.125.000.000.000.000.
Este capítulo sobre o cumprimento das profecias messiânicas foi
escrito para mostrar que muitas profecias cumpridas por Jesus durante
sua existência terrena o identificam — e somente a Ele — como o
Messias prometido. Como elas foram escritas centenas de anos antes
do nascimento de Jesus, devemos concluir que Ele era mais do que um
simples homem. Jesus era de fato o Messias e o Salvador do mundo.
Veremos a seguir algumas dessas evidências.
O Endereço Como Meio de Identificação
Onde estaríamos todos nós sem um endereço? Por exemplo,
meu endereço é: Tim LaHaye, P. O. Box 2700, Washington, D.C.
20013-2700, U.S.A. Sou a única pessoa no planeta Terra que tem
exatamente este endereço; por essa razão, entre seis bilhões de pessoas
no mundo, sou o único que recebe correspondência enviada a esse
endereço.
No entanto, apenas cinco dados caracterizam meu endereço.
“U.S.A” distingue meu país de quase duzentos outros. “Washington,
D.C.” separa minha cidade de cinqüenta estados e de centenas de
cidades de meu país. O código de endereçamento postal (CEP)
restringe minha residência a um determinado lugar de minha cidade e o
número de minha caixa postal é diferente de milhares de outras caixas.
Por fim, meu nome na carta me distingue de outros que se utilizam
dessa mesma caixa postal (minha esposa, meus filhos e dois
empregados). Deste modo, apenas cinco dados me identificam entre
seis bilhões de seres humanos.
Da mesma maneira, cinco meios de identificação (neste caso,
profecias escritas sobre ocorrências futuras) podem facilmente
identificar Jesus. Mas sua identificação não se limita a cinco dados
específicos; como dissemos, há mais de cem deles. Eis por que Jesus
insistia que os judeus de Jerusalém deviam tê-lo reconhecido como o
Messias. Naquela fase de sua vida, Ele já havia cumprido inúmeras
profecias referentes ao Messias.
Não pretendemos aqui examinar todas as profecias messiânicas
que Jesus cumpriu em sua existência terrena. Examinaremos, porém, a
quantidade suficiente para provar sua verdadeira identidade. Até que
ponto? O suficiente para convencer até mesmo aqueles judeus que se
dispõem a examinar tal evidência.
Um rabino moderno, que rejeitou Jesus, foi honesto o suficiente
para admitir que o Messias deveria ser “exatamente como Jesus de
Nazaré, exceto por sua morte absurda”. Outro rabino apareceu em um
debate promovido por um programa de televisão onde foi apresentado
como um dos únicos rabinos no mundo que também estuda o Novo
Testamento. Esse rabino concluiu, pelos seus estudos, que Jesus havia
cumprido todas as profecias messiânicas — incluindo sua morte e
ressurreição — e que ele foi realmente o Messias — mas apenas para os
gentios!
Isto já é um progresso, mas realça a dificuldade que temos em
convencer os judeus de hoje sobre a identidade de Jesus. Este rabino
rejeitou Jesus como o Messias dos judeus, não porque Jesus tenha
falhado em cumprir quaisquer das profecias, mas porque Ele teria de
vir outra vez para cumpri-las de novo. A razão para isso está na
conclusão deste rabino: “Quando o Messias vier, Ele vai resolver todos
os problemas do mundo. Ainda vejo guerras, morte, doença, pobreza,
etc.; portanto, ainda estamos esperando nosso Messias.”
O que este homem não compreendeu é que o Messias tinha de
sofrer primeiramente (Isaías 53) pelos pecados do mundo. Então, nos
últimos dias, Ele voltaria para cumprir todas as profecias a respeito de
sua segunda vinda.
Vinte e Oito Profecias Cumpridas
Embora não tenhamos espaço para examinar todas as 109
profecias messiânicas que Jesus cumpriu, podemos examinar 28 das
mais específicas. Muitas delas responderam às dúvidas e perguntas que
tive em minha idade adulta. Neste capítulo vamos considerar as doze
primeiras dessas 28 profecias, que tratam de seu nascimento, linhagem,
vida e ministério. No capítulo seguinte vamos considerar as dezesseis
profecias restantes, referentes à sua morte, sepultamento e ressurreição.
I. Profecias Sobre Seu Nascimento e Linhagem
1. O Messias deveria vir da semente da mulher (Gênesis
3.15)
Este versículo tem sido aceito ao longo dos tempos pelos rabinos
e estudiosos de Israel como a primeira qualificação do Messias.
Diferentemente de outros homens, que resultam da semente de seu pai,
o Messias deve se originar da “semente da mulher”. Como sabemos
hoje, as mulheres não têm “semente”. Elas provêem o “óvulo” na
concepção, mas precisam ser fertilizadas pela semente de um homem
para que engravidem. O Novo Testamento indica com clareza que José
não foi o pai de Jesus, assim como nenhum outro homem. Aquela
“coisa santa” ou semente foi plantada no útero de Maria e, pela
primeira vez na história humana, uma virgem concebeu e deu à luz um
filho. O cumprimento dessa profecia através do nascimento virginal de
Jesus tornou-o imediatamente diferente de todos os homens.
2. Seu nascimento virginal foi um sinal revelador (Isaías
7.14)
Pelo menos setecentos anos antes do nascimento de Jesus, um
dos maiores profetas hebreus antecipou: “Portanto o Senhor mesmo
vos dará sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe
chamará Emanuel.” Esta profecia foi cumprida pela miraculosa
intervenção de Deus e confirmada por um anjo (Mateus 1.20-25), pelos
pais de Jesus, por Mateus, Lucas e outros. Hoje, um dos fatos mais
conhecidos da vida de Jesus é que Ele, diferente de qualquer outro que
já tenha vivido, nasceu de uma virgem. O cumprimento desta
conhecida profecia faz dele um ser único.
3 - 5. O Messias descende de uma linhagem especial
Ao longo da história Deus revelou uma lista restrita de pessoas
de quem o Messias descenderia. Com o dilúvio, dois terços da raça
humana foram eliminados e Deus revelou então que seria por meio da
linhagem de Sem que o Messias habitaria com os homens. Anos mais
tarde, Deus separou um grupo étnico especial conhecido como hebreus
afirmando em Gênesis que dele sairia o Messias. Pouco tempo depois
limitou a linhagem a Isaque14. Isaque e sua esposa tiveram dois filhos,
e Deus escolheu um deles, Jacó, para dar seqüência à linhagem
messiânica15. Jacó, por sua vez, teve doze filhos e o Senhor escolheu
somente Judá para dar continuidade à linhagem do Messias. “O cetro
não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha
Silo; e a ele obedecerão os povos” (Gênesis 49.10. Observe
cuidadosamente como esta profecia foi cumprida. Os judeus
desfrutavam um período de autogoverno, mesmo após o cativeiro
babilônico, que terminou exatamente antes do início do ministério de
Cristo, por volta de 30 d.C. A partir daí, como sabemos pela história,
eles foram dominados pelos romanos, que retiraram deles a capacidade
de condenar à morte aqueles que fossem culpados de pecados
religiosos. Isto pode ser observado no relato da crucificação de Jesus,
pois o Sinédrio não tinha autoridade para condenar Jesus à morte,
razão por que levaram-no a Pilatos. Somente quando Pilatos deu sua
autorização, eles puderam crucificá-lo.)
6. O Messias é o Herdeiro do trono de Davi
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o
governo está sobre os seus ombros; e o seu nome
será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz;para que se aumente o seu
governo e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e
sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar
mediante o juízo e a justiça, desde agora e para
sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto. (Is
9.6- 7)
Esta profecia fez com que muitos judeus rejeitassem Jesus como
o Messias. Isto porque, embora Ele cumprisse a primeira parte da
profecia, que diz: “Um menino nos nasceu... um filho se nos deu”,
faltava ainda cumprir o restante. Ele precisava ainda reinar sobre o
trono de Davi como Senhor dos senhores.
Os quatro evangelhos concordam que Jesus veio primeiramente
como um servo humilde para sacrificar-se pelos pecados, cumprindo a
profecia de Isaías 53. Mas os judeus do tempo de Jesus não queriam
um salvador sofredor que os salvasse de seus pecados; eles queriam um
rei que tomasse o poder e governasse sobre as nações. Eles não
perceberam que precisavam primeiramente de um sacrifício pelos
pecados (assim como o mundo inteiro). Somente mais tarde, quando
Jesus voltasse com poder e glória, seria cumprido o restante da
profecia.
O versículo 7 afirma que o Messias seria da linhagem do rei Davi,
reinando em seu lugar. Portanto, não é surpresa que Mateus trace a
linhagem de Jesus a partir de Abraão, Isaque, Jacó, seguindo a família
de Jessé até chegar ao próprio Davi.
Isto se torna especialmente importante quando se sabe que
nenhuma comprovação dessa linhagem poderia ser feita hoje. Todos os
registros genealógicos dos judeus foram destruídos na Diáspora (a
“dispersão”, quando os judeus foram retirados de suas casas e
espalhados por todo o mundo), sendo assim impossível atualmente
identificar o Messias pelo histórico familiar. Mas como a linha do
nascimento de Jesus Cristo estava disponível naquele primeiro século,
as credenciais de Jesus desta forma estão claramente estabelecidas.
7. O Messias deve nascer em Belém
Uma das profecias mais conhecidas sobre o nascimento de Jesus
está em Miquéias 5.2: “E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar
como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em
Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade.”
Por que Belém? Porque esta era a cidade de Davi. Ainda hoje a
única razão para a fama desta pequena cidade é que ela foi o berço de
nascimento de Jesus Cristo. Israel tinha numerosas cidades e aldeias,
porém Deus escolheu Belém porque tinha sido a cidade de Jessé e Davi
(Isaías 11.1). Ainda hoje, judeus ortodoxos esperam que seu Messias
nasça ali. É provável que menos de mil pessoas vivessem ali na época
em que Jesus nasceu, e mesmo hoje ela é uma cidade bem pequena
(exceto na época em que milhares de turistas surgem de todas as partes
do mundo para celebrar o nascimento de seu mais famoso cidadão).
Embora tenha nascido em Belém, Jesus não foi criado lá. Seus
pais viviam em Nazaré e foram a Belém somente para pagar os tributos
exigidos pela lei. Lá chegando, Maria deu à luz o Messias, na mesma
cidade em que os profetas haviam dito que Ele nasceria. O fato de
Maria, já com a gestação avançada, conseguir viajar vários quilômetros
no lombo de um jumento sem que o menino nascesse pelo caminho,
antes de chegar a Belém, é em si, um pequeno milagre.
8. Quando criança, Ele seria chamado do Egito
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu
filho” (Oséias 11.1). Uma das partes mais tristes da história do Natal é
o terrível decreto do rei Herodes para matar todos os meninos de
Belém de até dois anos de idade em uma tentativa de eliminar quaisquer
ameaças futuras ao seu trono. Ao ler o relato de Mateus sobre esses
eventos, observe como Jesus não tinha nenhum controle sobre ser
enviado ao Egito:
Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do
rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a
Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido
Rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no Oriente,
e viemos para adorá-lo. Tendo ouvido isto, alarmou-se
o rei Herodes e, com ele, toda Jerusalém; então,
convocando todos os principais sacerdotes e escribas
do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer.
Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim
está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém terra
de Judá, não és de modo algum a menor entre as
principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de
apascentar o meu povo, Israel.’
Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os
magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo
em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém,
disse-lhes: “Ide informar-vos cuidadosamente a respeito
do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me,
para eu também ir adorá-lo.” (Mt 2.1-8)
As instruções de Herodes, naturalmente, tinham um propósito
maligno. Se Deus não tivesse enviado um anjo para alertar José e Maria
das verdadeiras intenções do rei, o menino Jesus poderia ter morrido.
Tendo eles partido, eis que aparece um anjo do Senhor
a José em sonho, e diz: Dispõe-te, toma o menino e
sua mãe, foge para o Egito, e permanece lá até que eu
te avise; porque Herodes há de procurar o menino para
o matar. Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e
sua mãe, e partiu para o Egito; e lá ficou até a morte de
Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo
Senhor por intermédio do profeta: “Do Egito chamei o
meu Filho.”
Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes
grandemente, e mandou matar todos os meninos de
Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para
baixo, conforme o tempo do qual com precisão se
informara dos magos. Então se cumpriu o que fora dito
por intermédio do profeta Jeremias: “Ouviu-se um
clamor em Rama, pranto, [choro] e grande lamento; era
Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque
não mais existem.” (versículos 13-18)
Pelo menos três profecias foram cumpridas neste relato do
nascimento de Cristo. Ele tinha nascido em Belém; Ele seria chamado
do Egito; e haveria dor e lamento em toda a terra por causa da morte
das crianças. Isto não é apenas mera coincidência!
II. Profecias a Respeito de Sua Vida e Ministério
9. Ele deveria ser um profeta como Moisés
O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de
ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás...
Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos,
semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas
palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhes ordenar.
(Dt 18.15,18)
Mil e quatrocentos anos antes de Jesus nascer, Deus prometeu a
Moisés e ao povo de Israel que Ele suscitaria “um profeta [no
singular]” como Moisés. Israel teve muitos grandes profetas — Elias,
Jeremias e até mesmo Daniel — mas nenhum deles conseguiu ser tão
grande quanto Moisés e nem realizar os milagres que ele fez... isto é, até
Jesus. John Ankerberg comenta isto:
Até a época de Jesus, os judeus comprovadamente
não tinham reconhecido ninguém como “o Profeta “ que
havia de vir. Os líderes de Israel chegaram a perguntar
a João Batista: “És tu o profeta?” (Jo 1.21), mas ele
negou. Porém, quando as pessoas viram os milagres
de Jesus, disseram: “Certamente este é o Profeta que
devia vir ao mundo “ e “Certamente este homem é o
Profeta “ e “Encontramos aquele sobre quem Moisés
falou “...
Qual foi a evidência que persuadiu o povo na época de
Jesus que Ele era o único “profeta como Moisés “?
Podia alguém, além do Messias, ser digno de ser
comparado a Moisés? A seguir, vamos apresentar
paralelos entre Moisés e Jesus, provando que Jesus
era “como Moisés “ Mas vamos também provar que
Jesus era maior do que Moisés. Somente Jesus
cumpriu totalmente as profecias e foi além do ministério
profético de Moisés. Ele foi o único que Deus prometeu
que viria.
A. Um grande fundador de religião
Moisés entregou a revelação da lei de Deus ao povo e fundou a
religião de Israel. Mas Jesus trouxe a completa revelação divina da graça
e da verdade (Jo 1.17), cumpriu toda a lei (Mt 5.17), e tornou-se o
fundador e Salvador da religião cristã (1 Tm 2.5,6).
B. Um grande revelador de Deus
Moisés revelou Deus escrevendo a Torá [Pentateuco, primeiros
cinco livros da Bíblia]. Moisés não chamou a atenção do povo para si
mesmo, mas escreveu fielmente sobre Deus e sobre aquele que Deus
lhe revelou que viria. Mas Jesus afirmou: “Porque se de fato crêsseis em
Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu
respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas
minhas palavras?” (Jo 5.46, 47). Contudo, Jesus não falou simplesmente
a respeito de Deus; Ele declarou ser Ele o próprio Deus (Jo 5.18;
10.30).
C. Um grande legislador
Moisés foi a única pessoa autorizada por Deus para entregar as
leis a Israel. Mas foi Jesus quem deu plena compreensão à lei de Deus e
forneceu “novas” leis a Israel. Ele citou a lei quando disse: “Ouvistes o
que foi dito...” mas acrescentou o que nenhum outro profeta tinha
jamais ousado falar: “Eu, porém, vos digo...” (Mt 5.21,22). Eis por que,
“quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões
maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem
autoridade, e não como os escribas” (Mt 7.28, 29).
D. Um grande operador de milagres
Moisés foi um grande operador de milagres (as dez pragas contra
o Egito; a abertura do mar Vermelho, etc.) (Êx 7-14; Dt 34.10-12).
Jesus, porém, fez milagres ainda maiores que os de Moisés. Disse Ele:
“Se eu não tivesse feito entre eles tais obras [milagres], quais nenhum
outro fez, pecado não teriam” (Jo 15.24).
De fato, ninguém podia negar seus milagres porque eles tinham
sido testemunhados por milhares de pessoas: “Varões israelitas, atendei
a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de
vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou
por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis...” (At 2.22).
E. Um grande redentor
Moisés resgatou Israel do cativeiro e da escravidão do Egito (Êx
3-4; At 7.20-39), mas Cristo resgatou o mundo do cativeiro e da
escravidão do pecado (Mt 20.28; Ef 2.1-8; Rm 3.28-4.6).
F. Um grande mediador
Moisés foi o mediador entre Deus e Israel. Mas Jesus é agora o
mediador entre Deus e toda a humanidade. 1 Timóteo 2.5,6 diz:
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por
todos.”
G. Um grande intercessor
Moisés foi o grande intercessor perante Deus em favor de Israel,
evitando que Deus destruísse seu povo completamente, quando ele
prestou adoração ao bezerro de ouro (Êx 32.7-14; Nm 14.11-20). Mas
Jesus é o maior intercessor. Ele agora intercede por toda a humanidade
(Jo 3.16; Hb 7.25; observe Nm 21.4-9eJo3.14).
H. Um grande profeta, juiz e rei
Moisés foi um grande profeta, juiz e rei (Êx 18.13; Dt 33.5). Mas
Jesus foi um profeta, juiz e rei ainda maior (Jo 1.19-21,29-43,45; Mt 2.2;
Jo 5.26-29; Hb 7.17).
I. Moisés era como o Messias
Mas Jesus foi Ele mesmo o Messias. Ele disse isso às pessoas
simples e à várias autoridades, tais como o sumo sacerdote judeu.
“Eu sei”, respondeu a mulher, “que há de vir o Messias, chamado
Cristo; quando ele vier nos anunciará todas as coisas.” Disse-lhe Jesus:
“Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo 4.25,26). O sumo sacerdote
perguntou a Jesus: “És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?” Jesus
respondeu: “Eu sou” (Mc 14.61, 62). Certamente nenhum profeta na
história de Israel cumpriu a promessa divina de ser um profeta “como
Moisés”— exceto Jesus de Nazaré. Como veremos no próximo
capítulo, Jesus fez maiores milagres do que Moisés. Ele não hesitou em
elevar os padrões da lei de Moisés apelando para sua própria
autoridade: “Ouvistes que foi dito [na lei de Moisés]... Eu, porém, vos
digo...” Verdadeiramente, Ele foi maior do que Moisés!
10. O Messias deve ser um “Renovo justo”
Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a
Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá
sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.
Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro;
será este o seu nome, com que será chamado: Senhor
Justiça Nossa. (Jr 23.5-6)
Muitos estudiosos bíblicos, tanto cristãos como judeus,
reconhecem que a palavra “Renovo” aqui (e em outras três profecias
em que é também usada; veja Isaías 4.2; Jeremias 33.15; Zacarias 3.8;
6.12-13) se refere ao Messias. No versículo 5, acima, o Messias ou o
“Renovo” é chamado “Renovo justo”, enquanto no versículo 6 Ele é
mencionado como “Senhor Justiça Nossa”. Na história do mundo,
quem poderia ser chamado tanto de “justo” como de “Senhor” [Jeová]?
Somente Jesus de Nazaré! Somente Ele podia dizer — sem receber
qualquer contestação — “Quem dentre vós me convence de pecado?”
(Jo 8.46).
O estudioso luterano Dr. Theodore Laetsch, em seu comentário
sobre o livro de Jeremias, apresenta sucintamente o cumprimento desta
profecia em Jesus Cristo:
Ao esmagar a cabeça de Satanás, a Semente de Davi,
que é a Semente da Mulher encontrada em Gênesis
3.15, conquistou a justiça para o gênero humano. Como
o Servo do Senhor, Ele levou sobre si os pecados do
homem (Is 53.11), que o Senhor fez cair sobre Ele
(versículo 6), que nunca cometeu injustiça (versículo 9)
e que sofreu todos os castigos que o homem merecia
(versículos 5-6). Pelo seu sofrimento vicário, Ele
cumpriu em nosso lugar todos os requisitos exigidos
pela justiça de Deus e se tornou ‘justiça nossa “,
estabelecendo essa justiça como norma a ser seguida
em seu Reino. Sendo essa justiça obtida e estabelecida
por Ele, a quem Deus chama de “Senhor Jeová] justiça
nossa “, ela não só é aquela que foi prometida no Velho
Testamento mas também é eterna como o próprio
Deus, abrangendo também as coisas passadas. (Hb
9.15)
Deve-se notar que ninguém na história, quer no Velho ou no
Novo Testamento ou nos dias de hoje, consegue sequer aproximar-se
do cumprimento desta profecia — exceto Jesus Cristo.
11. O ministério de Jesus cumpriu o ministério profetizado
para o Messias
Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória
do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas
cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti
aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê
sobre ti As nações [gentias]se encaminham para a tua
luz, e os reis para o resplendor que te nasceu. (Is 60.1 3)
Esta é uma descrição tão detalhada de qual seria a missão do
Messias que deve ser incluída aqui. Ao examinar as profecias
relacionadas abaixo, observe seu cumprimento detalhado na vida de
Jesus, como está documentado nos quatro evangelhos.
1. “o Espírito do Senhor está sobre mim... me ungiu”;
2. “a pregar boas-novas aos pobres”;
3. “proclamar libertação aos cativos”;
4. “abertura de prisão àqueles que estão em cadeias”;
5. “a apregoar o ano aceitável do Senhor”;
6. “e o dia da vingança do nosso Deus (citado no discurso do
monte das Oliveiras em Mateus 24-25, repetido em Marcos 13 e Lucas
21);
7. “a consolar todos os que choram” (este versículo se aplica à
sua segunda vinda, quando Ele estabelecer seu Reino).
12. O Messias deve ser precedido por um precursor
Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do
Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo
vale será aterrado, e nivelados todos os montes e
outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares
escabrosos, aplanados. A glória do Senhor se
manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do
Senhor o disse.” (Is 40.3-5, veja também Ml 3.1)
Já vimos que esta profecia foi cumprida por João Batista,
portanto vamos agora apenas observar o cumprimento da profecia:
Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão,
pregando o batismo de arrependimento para remissão
de pecados, conforme está escrito no livro das palavras
do profeta Isaías:
Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será
aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os
caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos,
aplainados; e toda a carne verá a salvação de Deus.”
(Lc 3.3-6)
A Evidência Aumenta
Estas doze profecias por si só devem fazer com que até os
céticos mais intransigentes reconsiderem seu ceticismo. Entretanto,
ainda não terminamos! No próximo capítulo vamos considerar outras
dezesseis profecias, desta vez mostrando como as Escrituras
anunciaram antecipadamente a morte, sepultamento e ressurreição de
Jesus. Como veremos, esses pontos constituem os mais marcantes — e
decisivos — indicadores da identidade de Jesus.
15. O Testemunho do Cumprimento das Profecias –
Parte II
Profecias sobre a Paixão, Morte, Sepultamento e
Ressurreição de Jesus
A paixão, morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo não
foram acidentais, mas sim o cumprimento de um plano premeditado de
Deus antes da fundação do mundo — um plano ao qual Jesus se
sujeitou livremente. Por que Ele disse: “Ninguém a tira de mim [minha
vida]; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade
para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu
Pai” (João 10.18).
Em nenhum momento as multidões, os principais da sinagoga, os
judeus, ou mesmo os romanos tiveram poder sobre Jesus para tirar-lhe
a vida. Ao contrário, Ele se deu voluntariamente por todos os
pecadores do mundo; qualquer um que esteja disposto a aceitar esse
sacrifício pode receber o perdão divino. Jesus deixou isso claro no
jardim do Getsêmani, depois de Pedro ter cortado a orelha do servo do
sumo sacerdote:
Então Jesus lhe disse: “Embainha a tua espada; pois
todos os que lançam mão da espada, à espada
perecerão. Acaso pensas que não posso rogara meu
Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze
legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as
Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?” (Mt
26.52-54)
Séculos antes do nascimento de Jesus, as Escrituras expuseram
vários detalhes específicos com referência à sua morte. Jesus conhecia
bem essas passagens e sabia desde o começo que estava destinado a
cumprir todas elas.
III. Profecias Referentes à Sua Morte
A morte de Jesus foi planejada antecipadamente, sendo o fato
mais mencionado pelos profetas hebreus. As profecias messiânicas a
seguir se relacionam com sua prisão, julgamento e crucificação.
Nenhum desses acontecimentos poderia ter sido forjado.
13. O Messias, “o Ungido”, a ser morto “pelos pecados do
povo” 483 anos mais tarde
Cerca de quinhentos ou seiscentos anos antes do nascimento de
Jesus o profeta Daniel escreveu o seguinte:
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo,
e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a
transgressão, para dar fim aos pecados, para expiara
iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selara
visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos.
Sabe, e entende: desde a saída da ordem para
restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao
Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as
praças e as circunvalações se reedificarão, mas em
tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas
semanas será morto o Ungido, e já não estará; e o
povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e
o santuário, e o seu fim será em um dilúvio, e até o fim
haverá guerra; desolações são determinadas.
Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na
metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre a asa das abominações virá o
assolador, até que a destruição, que está determinada,
se derrame sobre ele. (Dn 9.24-27)
Por mais incrível que possa parecer, esta profecia de Daniel foi
cumprida por Jesus na semana que antecedeu a crucificação, quando
Ele formalmente se apresentou à nação hebréia como seu Messias.
Pode-se estabelecer que, exatamente 483 anos depois da “saída da
ordem para edificar Jerusalém”, o Messias foi morto e rejeitado por seu
povo.
Mas, primeiramente, vejamos o contexto desta passagem. Deus
enviou o anjo Gabriel em resposta à oração de Daniel, que era um
cativo como milhares de outros judeus que tinham sido levados para a
Babilônia quase setenta anos antes. Daniel havia estudado as profecias
de Jeremias e percebeu que o tempo para o livramento da nação estava
próximo. Jerusalém — incluindo o templo e suas muralhas —
permaneceu em ruínas por quase setenta anos. Gabriel então profetizou
a restauração de todas essas coisas e a vinda do Messias no período de
483 anos.
Jeremias havia predito: “Toda esta terra virá a ser um deserto e
um espanto; estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos” (Jr
25.11). No fim desse período, o Senhor disse: “Logo que se cumprirem
para Babilônia setenta anos atentarei para vós outros e cumprirei para
convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar”
(Jr 29.10). Daniel estava entre os primeiros deportados para a
Babilônia, em 605 a.C, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia,
invadiu a Palestina.
Agora, em 538 a.C. (67 anos mais tarde), Daniel entendeu pela
profecia de Jeremias que os setenta anos de cativeiro estavam prestes a
se cumprir.
John Ankerberg pesquisou detalhadamente esta passagem e nos
esclareceu sobre este assunto:
Como sabemos que a mensagem de Gabriel a Daniel
nesta profecia é sobre o Messias? Porque a palavra
hebraica usada é Mashiach deve ser traduzida por
“Messias” ou (‘o Ungido”. Como o grande estudioso de
Princeton, Prof. R. D. Wilson (que era fluente em 45
línguas e dialetos), afirma, “Daniel 9.25,26 é uma das
duas passagens [hebraicas] em que o esperado
Salvador de Israel é chamado de Messias.”
Entretanto, alguns têm feito objeção a esta
interpretação, alegando que, em lugar de estar falando
do “Messias”, “o Ungido “, Daniel está se referindo a
Ciro, mas isto não se justifica, porque, como veremos,
os versículos 25 e 26 declaram que o “Messias “ não
chegará até cerca de quatrocentos anos depois de Ciro.
Deforma semelhante, ela não pode ser aplicada ao
governador sírio Antíoco Epifânio, já que ele morreu em
164 a. C. Como veremos, a profecia fala sobre a vinda
do “Messias “a Jerusalém quase duzentos anos depois
disso. Portanto, este que é chamado Mashiach Nagid—
Messias, o Príncipe — não pode referir-se quer a Ciro
quer a Antíoco Epifânio. Como disse o Prof.E.J. Young,
“a
interpretação
não-messiânica
é
totalmente
inadequada”.
Quem, pois, é o Messias que virá? Seja quem for o
Messias, ele vai aparecer em cena depois da
reconstrução de Jerusalém (Dn 9.25,26) e será morto
antes que Jerusalém e seu templo sejam novamente
destruídos.
A chave para a compreensão do tempo desta profecia é a frase
“setenta semanas são determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua
santa cidade”. A palavra “semanas” em hebraico significa literalmente
“sete unidades”, seja de dias ou de anos. (Vejamos um exemplo disso.
Suponha que eu dissesse que “setenta dúzias de anos estão
determinados para os Estados Unidos”. Eu estaria indicando setenta
vezes doze ou 840 anos, ou poderia dizer “setenta grosas (doze dúzias)
estão determinadas”, e então teríamos 70 vezes 144, ou 10.080. O
contexto deixa claro que Gabriel quis dizer “setes” (ou semanas) de
anos; portanto sete vezes setenta, ou 490 anos.)
Neste caso, o contexto leva-nos a concluir que o termo se refere
a anos; setenta vezes sete (anos) somam 490 anos determinados sobre o
povo de Daniel. Ankerberg expõe como isso foi cumprido em detalhes:
De acordo com esta profecia, o Messias apareceria no
final de 69 semanas [as sete semanas (49 anos) mais
69 semanas (434 anos)] ou um total de 483 anos.
Depois de 69 semanas (483 anos) ocorreria a
destruição da cidade e do templo. [Sabemos pela
história que isto aconteceu em 70 d. C. quando o
imperador Tito e suas legiões romanas destruíram
Jerusalém.]
Mas, a partir de que ano e de que decreto [o decreto de
“restaurar e reconstruir Jerusalém “] nós devemos
começar a contar o número de anos até o Messias?
A profecia não pode se referir ao decreto de Ciro [539 a.C],
Tarrenai [519-18 a.C] ou Artaxerxes [457 a.C], porque todos estes se
referem apenas à reconstrução do templo, e não da cidade de
Jerusalém, como a profecia requer. Somente o decreto de Artaxerxes a
Neemias em 444 a.C. envolve uma ordem para a reconstrução de
Jerusalém (Neemias 2.1-8); cf. Hoehner, 126-128).
Podemos agora determinar a data do decreto de Artaxerxes [444
a.C] até após a sexagésima nona semana [483 anos mais tarde], quando
Gabriel anunciou que o Messias seria morto em Jerusalém. Usando o
ano lunar de 360 dias, chegaremos a 33 d.C, a época exata em que Jesus
Cristo viveu e foi crucificado em Jerusalém!
O ponto importante nesta passagem profética é que o Messias
tinha de vir no fim da sexagésima nona semana — 483 anos depois da
publicação do decreto. Acentuamos mais uma vez que o tempo
transcorrido entre o decreto que autorizava a reconstrução de
Jerusalém [versículo 25 — 444 a.C] e a vinda do Messias devia ser 69
“setes” ou 483 anos [7+62 unidades = 69 x 7 anos]. Esta é a época
exata em que Jesus Cristo estava vivendo e exercendo seu ministério.
Como a profecia limita o aparecimento do Messias a este período, não
há simplesmente nenhum outro candidato lógico para ser o Messias.
Repetimos: esta profecia prova que Jesus Cristo é o único candidato
possível para ser o Messias judaico.
Uma pergunta razoável sobre esta importante passagem é: “Os
estudiosos judaicos anteriores à época de Cristo aceitaram isto como
uma profecia messiânica?” Ankerberg admite que sim:
Considerando que este texto fala explicitamente do
Messias, seria difícil a qualquer rabino judaico negá-lo.
Todavia, como esta profecia predizia que o Messias
seria morto, alguns negaram que ela estivesse se
referindo ao Messias.
Mas, em favor da verdade, muitos rabinos afirmaram
corajosamente que esta passagem prediz de maneira
tão exata o tempo específico da chegada do Messias
que é impossível negá-la. Por exemplo, o rabino
Nehumias, que viveu cerca de cinqüenta anos antes de
Cristo, é citado por Grotius como tendo afirmado que o
tempo fixado por Daniel para o aparecimento do
Messias não iria além dos próximos cinqüenta anos.
Isso nos leva a concluir que se Cristo não foi o Messias
prometido, então Israel não teve um Messias.
Repetindo: se o Messias deveria vir, teria de ser
exatamente na mesma época em que Cristo viveu. O
Talmud adverte: “Daniel nos anuncia o fim do Messias
[isto é, ‘o tempo de sua chegada e de sua morte’—
Rabino Jarchi]. “Esta profecia foi tão convincente que o
Talmud registra que por volta da época de Tito [70 d. C]
acreditava-se que o Messias já tinha vindo, mas que
seu aparecimento tinha sido ocultado aos judeus até
que eles se mostrassem mais merecedores desse
acontecimento.
Sir Robert Anderson, estadista britânico do século passado,
escreveu um excelente livro intitulado O Príncipe Que Virá, no qual
expõe em detalhes todos os acontecimentos históricos e prova que,
quando Jesus montou o jumentinho ao entrar em Jerusalém, Ele estava
se apresentando a Israel como o Messias. Este episódio cumpre a
profecia de Zacarias 9.9: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó
filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde,
montado em jumento, em um jumentinho, cria de jumenta.” E quando
isto ocorreu? Exatamente 483 anos contados a partir do dia em que os
ponteiros proféticos do relógio de Deus começaram a se mover.
Embora a passagem de Zacarias esteja mencionada em Marcos
11.7-9 e seja uma profecia cumprida de forma inequívoca, eu não a
incluí como tal porque se trata de uma das raras profecias messiânicas
que supostamente podia ter sido encenada por Jesus e seus discípulos.
O que não poderia ter sido encenado é a época em que esse fato
ocorreu; Jesus nasceu e estava exercendo seu ministério naquele exato
momento da história, revelando-se a Israel exatamente no ano previsto
por esta profecia. Isso não podia ter sido encenado — a não ser pelo
próprio Deus! E este é o ponto-chave de todo este capítulo. Estas
profecias foram todas cumpridas pelo próprio Deus através de seu
Filho, como uma maneira de identificar Jesus perante todo o mundo.
14. O capítulo messiânico, Isaías 53
Mais de setecentos anos antes do nascimento de Jesus, Isaías fez
uma exposição detalhada dos futuros sofrimentos do Messias.
Podemos acrescentar à nossa lista onze outras profecias cumpridas
somente deste capítulo, mas a evidência já é de tal modo considerável
que preferi juntá-las e considerá-las como uma só.
Este capítulo pode realmente ser considerado uma profecia
messiânica, pois em muitas sinagogas judaicas, onde um trecho do livro
de Isaías é lido em voz alta a cada sábado, o capítulo 53 é
habitualmente omitido. Por quê? Porque os paralelos nesta profecia são
tão coincidentes com alguns acontecimentos da vida de Jesus Cristo
que se torna difícil para eles explicar a razão de terem rejeitado a Jesus.
Conseqüentemente, eles julgam ser mais prudente passar por cima
deste capítulo. Depois de examinar os onze paralelos entre esse
capítulo e a vida de Jesus narrada no Novo Testamento, você vai
compreender as razões deles.
Texto de Isaías 53
Cumprimento no Novo
Testamento
1. Ele é desprezado e rejeitado
pelos homens (versículo 3).
Veio para os seus, mas os seus
não o receberam (Jo 1.11, e as muitas
vezes que os judeus pegaram em
pedras para matá-lo).
2. Certamente ele tomou sobre si
as nossas enfermidades, e as
nossas dores levou sobre si
(versículo 4).
Ele mesmo tomou as nossas
enfermidades e carregou com as
nossas doenças (Mt 8.17).
3. Mas ele foi traspassado pelas
nossas transgressões (versículo 5).
Mas um dos soldados lhe abriu o
lado com uma lança (Jo 19.34).
4. [Ele foi] moído pelas nossas
iniqüidades;... e pelas suas pisaduras
fomos sarados (versículo 5).
Carregando ele mesmo em seu corpo,
sobre o madeiro... por suas chagas
fostes sarados (1 Pe 2.24).
5. Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas; cada um
se desviava pelo caminho, mas o
Senhor fez cair sobre ele a
iniqüidade de nós todos (versículo
6).
Pois também Cristo morreu, uma
única vez, pelos pecados, o justo
pelos injustos, para conduzir-vos a
Deus (1 Pe 3.18). Porque estáveis
desgarrados como ovelhas (1 Pe
2.25).
6. Por juízo opressor foi arrebatado
(versículo 8).
[Jesus disse:] "Como, pois, se
cumpririam as Escrituras, segundo
as quais assim deve suceder?"
Naquele momento disse Jesus às
multidões:
"Saístes com espadas e cacetes
para prender-me, como a um
salteador? Todos os dias, no
templo, eu me assentava [convosco]
ensinando, e não me prendestes. Tudo
isto, porém, aconteceu para que se
cumprissem as Escrituras dos
profetas." Então os discípulos todos,
deixando-o, fugiram. E os que
prenderam a Jesus o levaram à casa
de Caifás, o sumo sacerdote (Mt
26.54-57).
7. Porquanto foi cortado da terra dos
viventes; por causa da transgressão
do meu povo foi ele ferido (versículo
8).
Vós, porém, negastes o Santo e o
Justo, e... matastes o Autor da
vida... Tendo Deus ressuscitado ao
seu Servo, enviou-o primeiramente
a vós outros (At 3.14,15,26).
Porque Cristo, quando nós ainda
éramos fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios... Deus prova o seu
próprio amor para conosco, pelo fato de
ter Cristo morrido por nós, sendo nós
ainda pecadores (Rm 5.6,8).
8. Designaram-lhe a sepultura com
os perversos (versículo 9). Posto que
nunca fez injustiça, nem dolo algum se
achou em sua boca (versículo 9).
E foram crucificados com ele dois
ladrões (Mt 27.38).
9. Todavia, ao Senhor agradou moêlo,... quando der ele a sua alma
como oferta pelo pecado (versículo
Aquele que não conheceu pecado,
ele o fez pecado por nós; para que
nele fôssemos feitos justiça de
10).
Deus (2 Co 5.21).
10. Porquanto derramou a sua alma na
morte; foi contado com os
transgressores (versículo 12).
E foram crucificados com ele dois
ladrões, um à sua direita e outro à
sua esquerda (Mt 27.38).
11. [Ele] levou sobre si o pecado de
muitos, e pelos transgressores
intercedeu (versículo 12).
Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem (Lc 23.34).
[Jesus] foi entregue por causa das
nossas transgressões, e ressuscitou
por causa da nossa justificação (Rm
4.25).
Provavelmente esse capítulo é o que apresenta maior dificuldade
em toda a Bíblia para os estudiosos hebraicos que desejam ser fiéis ao
texto e, ao mesmo tempo, evitam a conclusão de que Jesus é o Messias,
pois Ele cumpriu todos os aspectos desta grande profecia. John
Ankerberg escreve:
É possível explicar os paralelos acima em bases
puramente racionais? Como argumentou o exegeta e
teólogo escocês Paton J. Gloag, ex-professor de crítica
bíblica na Universidade de Aberdeen:
Não conseguimos entender como alguém pode ler esta
extraordinária profecia sem ficar impressionado com a
semelhança, com o caráter, sofrimentos e morte do
Senhor Jesus. O retrato é completo; a semelhança é
impressionante e indiscutível Certamente, parece mais
uma história do passado do que uma predição do
futuro... Em nenhuma parte da Escritura, mesmo nos
trechos mais evangelísticos do Novo Testamento, a
doutrina da expiação, essa grande característica do
cristianismo, é tão claramente afirmada... E, até agora,
nada é mais incontestável do que essas palavras que
foram expressas séculos antes de nosso Senhor ter
vindo a este mundo.
Esta passagem tem sido reconhecida como messiânica há muito
tempo. Na verdade, os antigos rabinos ensinavam, baseados nessa
passagem, que haveria dois Messias. Eles não puderam reconciliar as
afirmações bíblicas que falam claramente de um Messias, sofredor com
outras passagens que falam com igual clareza de um Messias
eternamente triunfante e vitorioso. Até hoje, eles reconhecem duas
maneiras de enxergar o Messias — o Messias sofredor e agonizante,
chamado “Messias ben José”, e o Messias vitorioso e conquistador,
chamado “Messias ben Davi”.
O Dr. Raphael Patai, ex-professor da Universidade de Jerusalém,
autor de vinte livros sobre assuntos relacionados com as crenças
religiosas judaicas, observou: “Quando a morte do Messias tornou-se
um dogma estabelecido na época do Talmude, isto foi considerado
irreconciliável com a crença de um Messias Redentor que anunciaria o
bem-aventurado milênio da era messiânica. O dilema foi solucionado
pela divisão da pessoa do Messias em duas...” Assim, baseado em Isaías
53, o Talmude Babilônico ousadamente prediz: “O Messias ben José
será assassinado...”
As diferentes interpretações que os rabinos ortodoxos deram a
esta passagem ao longo da história podem ser encontradas no livro
Rays of Messiahs Glory. Rabinos famosos, tais como o grande
Maimonides e Rabbi Crispin, não concordaram com a aplicação de
Isaías 53 à nação de Israel, como é comumente feito no comentário
judaico atual. Eles achavam, no lugar disso, que esta passagem se refere
claramente ao Messias de Deus:
O peso da autoridade judaica prevalece em favor da
interpretação messiânica deste capítulo... Até os
tempos recentes esta profecia tinha sido quase
universalmente aceita pelos judeus como referente ao
Messias, o que é evidente pelo Targum [J]onathon, que
apresenta o Messias pelo nome no capítulo LII.13; do
Talmude (“Sinédrio”,fls. 98,b);e do Zohar... Na verdade,
até Rashi [Rabino Solomon Izaaki, 1040-1105 d.G,
considerado o criador da moderna escola judaica de
interpretação], que aplicou essa profecia à nação
judaica, a interpretação messiânica deste capítulo foi
quase universalmente adotada pelos judeus.
O “pai” do hebraico moderno, Wilhelm Gesenius, também
escreveu: “Foi só recentemente que os judeus abandonaram esta
interpretação [messiânica] de Isaías 53, sem dúvida em conseqüência de
suas controvérsias com os cristãos”.
Hoje, muitos judeus ortodoxos ainda esperam um messias
político, o Messias ben Davi, que conquistará e governará para sempre.
Curiosamente, alguns judeus aceitam Jesus Cristo como o “outro”
Messias (Messias ben José), embora neguem sua divindade.
Em um debate com o Dr. Walter Kaiser no “John Ankerberg
Show”, o Dr. Pinchas Lapide afirmou: “Concordo plenamente com o
Dr. Kaiser que Isaías 53 exibe muitas semelhanças espantosas com a
vida, ministério e morte de Jesus de Nazaré”.
Surpreendentemente, o Dr. Lapide até mesmo acredita que Jesus
ressuscitou fisicamente depois de sua crucificação, em razão dos muitos
fatos históricos favoráveis a essa crença. Entretanto, ele conclui que
Jesus é o Messias dos gentios e não dos judeus.
Temos apenas uma pergunta: se Jesus Cristo não é o servo
sofredor de Deus mencionado em Isaías 53, então quem é?
As próximas treze profecias relacionadas à morte de Jesus são de
tal modo evidentes que não precisam de explicação. Vou simplesmente
reproduzir a profecia do Velho Testamento ao lado do seu
cumprimento no Novo Testamento.
15. Traído por um amigo íntimo
Até o meu amigo íntimo, em quem
eu confiava, que comia do meu pão,
levantou contra mim o calcanhar (Sl
41.9).
16. Traído por trinta moedas de
Falava ele ainda, quando chegou
uma multidão; e um dos doze, o
chamado Judas, que vinha à frente
deles, aproximou-se de Jesus para
o beijar. Jesus, porém, lhe disse:
"Judas, com um beijo trais o Filho do
Homem?" (Lc 22.47-48).
Então um dos doze, chamado Judas
prata
Eu lhes disse: "Se vos parece bem,
dai-me o meu salário; e se não,
deixai-o." Pesaram, pois, por meu
salário trinta moedas de prata (Zc
11.12).
17. Silêncio diante das acusações
Ele foi oprimido e humilhado, mas
não abriu a sua boca; como cordeiro
foi levado ao matadouro; e, como
ovelha, muda perante os seus
tosquiadores, ele não abriu a sua
boca (Is 53.7).
18. Cuspido e esmurrado
Ofereci as costas aos que me feriam,
e as faces aos que me arrancavam
os cabelos; não escondi o meu rosto
dos que me afrontavam e me
cuspiam (Is 50.6).
19. Odiado sem motivo
Não se alegrem de mim os meus
inimigos gratuitos; não pisquem os
olhos os que sem causa me odeiam
(Sl 35.19)
20. Traspassaram-lhe as mãos e os
pés
E sobre a casa de Davi, e sobre os
habitantes de Jerusalém, derramarei
o espírito de graça e de súplicas;
olharão para mim, a quem
traspassaram; pranteá-lo-ão como
quem pranteia por um unigênito, e
chorarão por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito (Zc
12.10).
21. Escarnecido
Todos os que me vêem zombam de
Iscariotes, indo ter com os
principais sacerdotes, propôs:
"Que me Quereis dar, e eu vo-lo
entregarei?" E pagaram-lhe trinta
moedas de prata (Mt 26.14-15).
E, sendo acusado pelos
principais sacerdotes e pelos
anciãos, nada respondeu. Então
lhe perguntou Pilatos: "Não ouves
quantas acusações te fazem?" (Mt
26.12-14).
Então uns cuspiram-lhe no rosto e
lhe davam murros, e outros o
esbofeteavam(Mt 26.67).
Se eu não tivesse feito entre eles
tais obras, quais nenhum outro fez,
pecado não teriam; mas agora não
somente têm eles visto, mas
também odiado, tanto a mim, como
a meu Pai. Isto, porém é para que
se cumpra a palavra escrita na sua
lei: "Odiaram-me sem motivo" (Jo
15.24-25).
E logo disse a Tomé: "Põe aqui o teu
dedo e vê as minhas mãos; chega
também a tua mão e põe-na no meu
lado; não sejas incrédulo, mas
crente” (Jo 20.27).
O povo estava ali e a tudo
observava. Também as
autoridades zombavam e diziam:
"Salvou os outros; a si mesmo se
mim; afrouxam os lábios e meneiam a
cabeça: "Confiou no Senhor! Livre-o
ele, salve-o, pois nele tem prazer
(Sl 22.7-8).
salve, se é de fato o Cristo de Deus,
o escolhido" (Lc 23.35).
22. Orou por seus inimigos
Contudo Jesus dizia: "Pai, perdoalhes, porque não sabem o que
fazem." Então, repartindo as
vestes dele, lançaram sortes (Lc
23.34).
Em paga do meu amor me
hostilizam: eu, porém, orava (Sl
109.4).
23. Os soldados tiram sorte para
disputar suas vestes
Posso contar todos os meus ossos;
eles me estão olhando e encarando em
mim. Repartem entre si as minhas
vestes e sobre a minha túnica deitam
sortes (Sl 22.17-18).
24. Desamparado por Deus
Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? Por que se acham
longe de meu salvamento as palavras
de meu bramido? (Sl 22.1).
25. Nenhum osso foi quebrado
Preserva-lhe todos os ossos, nem um
deles sequer será quebrado (Sl 34.20).
26. Seu lado foi perfurado
E sobre a casa Davi, e sobre os
habitantes de Jerusalém, derramarei o
espírito de graça e de súplica; olharão
para mim, a quem traspassaram;
pranteá-lo-ão como quem pranteia por
um unigênito, e chorarão por ele, como
se chora amargamente pelo
primogênito (Zc 12.10).
27. Sepultado com o rico
Designaram-lhe a sepultura com os
Depois de o crucificarem, repartiram
entre si as suas vestes, tirando a sorte.
E, assentados ali, o guardavam (Mt
27.35-36).
Por volta da hora nona, clamou
Jesus em alta voz, dizendo: "Eli, Eli lema
sabactâni", que quer dizer: Deus
meu, Deus meu, por que me
desamparaste?" (Mt 27.46).
Os soldados foram e quebraram
as pernas ao primeiro e ao outro que
com ele tinha sido crucificado;
chegando-se, porém, a Jesus, como
vissem que já estava morto, não lhe
quebraram as pernas... E isto
aconteceu para se cumprir a
Escritura: "Nenhum dos seus ossos
será quebrado (Jo 19.32-33,36).
Mas um dos soldados lhe
abriu o lado com uma lança, e logo saiu
sangue e água (Jo 19.34).
Caindo a tarde, veio um homem rico de
Arimatéia, chamado José, que era
também discípulo de Jesus. Este foi
ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de
perversos, mas com o rico esteve na
sua morte, posto que nunca fez injustiça,
nem dolo algum se achou em sua boca
(Is 53.9).
Jesus. Então Pilatos mandou que lho
fosse entregue. E José, tomando o
corpo, envolveu-o em um pano limpo de
linho, e o depositou no seu túmulo novo,
que fizera abrir na rocha; e, rolando uma
grande pedra para a entrada do
sepulcro, se retirou (Mt 27.57-60).
Observando Atentamente os Detalhes
O simples fato de que Deus amou o mundo e enviou seu único
Filho para morrer pelos pecados dos homens é um extraordinário
milagre. Mas nas doze profecias referentes à morte de Jesus (e outras
que também poderiam ser relacionadas), encontramos outro milagre
que deveria nos convencer a aceitar Jesus como o Messias de Deus. Seu
cumprimento literal garante sua veracidade e proclama que somente um
homem na história poderia ter morrido da forma como Jesus morreu.
Na verdade, embora outros também tenham morrido crucificados,
nenhum deles morreu como Jesus. Seria útil considerarmos com um
pouco mais de profundidade os seguinte detalhes específicos de sua
morte, pois feito esse exame, torna-se impossível não identificar a Jesus
como o Messias sofredor.
A. Ele devia sofrer uma morte expiatória, em favor dos
homens
Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e
moído pelas nossas iniqüidades, o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados. Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o
Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. (Is
53.5-6)
Esta profecia, escrita mais de setecentos anos antes do
nascimento de Cristo, falou do sacrifício de Jesus como o perfeito
cordeiro pascal, citado em Êxodo 12. A primeira Páscoa foi celebrada
pelos hebreus no Egito, quando marcaram os batentes das portas com
sangue de cordeiro ou cabrito, o que lhes permitiu escapar do
julgamento de Deus. Esse ato ordenado por Deus tornou-se um
memorial, sendo praticado pelos judeus ortodoxos até os dias de hoje.
O bode emissário de Levítico 16 foi uma figura de Cristo levando
nossos pecados para longe enquanto que o novilho mencionado no
mesmo capítulo era, como Cristo, um sacrifício que representava um
Salvador inocente carregando o peso de nossos pecados. E em todas as
ocasiões foi necessário derramamento de sangue inocente.
Muitos versículos do Novo Testamento mostram que Cristo foi
considerado inocente por todos os juizes, exceto pelos judeus, que não
puderam encontrar nele qualquer falta, exceto o fato de “Ele fazer-se
igual a Deus” e por realizar milagres no dia de sábado. Mas nenhuma
dessas duas acusações é pecaminosa se:

você é Deus (nenhum pecado podia ser
atribuído a Ele);

não é errado fazer o bem no sábado; além
disso, Jesus (como Deus) considerava-se
“Senhor do sábado”, portanto Ele estava acima
do sábado e não o sábado acima dele.
Conseqüentemente, Pilatos estava certo
quando disse: “Este homem [Jesus] nada fez
digno de morte.”
Jesus foi o “Cordeiro de Deus” perfeito que cumpriu todas as
exigências de sacrifício oferecido a Deus para os pecados dos homens.
O apóstolo Paulo viu isto claramente quando escreveu: “Pois também
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1 Coríntios 5.7).
Ele afirmou isto em termos mais teológicos quando escreveu:
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.1). O apóstolo
Pedro também o viu desta forma quando escreveu: “Sabendo que não
foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula,
o sangue de Cristo” (1 Pedro 1.18-19). Em uma outra passagem, o
apóstolo Paulo definiu o evangelho nestas palavras: “Antes de tudo vos
entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.3-4).
Submeter um homem inocente às crueldades da morte pela
crucificação quando Ele nada fez de errado, pelo contrário curou
enfermos, consolou corações aflitos e deixou os maiores ensinamentos
já oferecidos aos homens, não faz nenhum sentido—a menos que isto
tenha sido feito com o propósito específico de tornar-se um sacrifício
divino pelos pecados. Considerando que a morte de Jesus cumpriu
muitas profecias que Deus havia anunciado a seu povo centenas de
anos antes, é perfeitamente lógico que aceitemos o fato histórico de
que Jesus de Nazaré foi o sacrifício determinado por Deus pelos
pecados dos homens. Somente assim podemos dar verdadeiro sentido à
vida, ministério e morte de Jesus. Como veremos mais adiante, tudo
isto foi selado com a sua ressurreição.
B. O Messias-Salvador devia ser pendurado em uma cruz
Muitas profecias sobre a morte do Messias prometido, quando
consideradas em conjunto, só poderiam ser cumpridas com a
crucificação. Moisés advertiu os filhos de Israel:
Se alguém houver pecado, passível da pena de morte,
e tenha sido morto, e o pendurares em um madeiro, o
seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a
noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia:
porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de
Deus: assim não contaminarás a tua terra, que o
Senhor teu Deus te dá em herança. (Dt 21.22-23)
A morte de uma pessoa na cruz atraía para a vítima uma
“maldição” especial. Conseqüentemente, Jesus foi pregado em uma
cruz romana, algo impossível de acontecer em Israel até poucos anos
antes da vida de Jesus. Historicamente, os judeus nunca crucificaram
pessoas; eles apedrejavam até matar. No entanto, Jesus nunca foi
apedrejado, muito embora os judeus tentassem mais de um vez pegar
em pedras contra ele. Por que foram eles incapazes de apedrejá-lo?
Porque os profetas nunca disseram que o Messias seria apedrejado. Em
vez disso, Ele foi pendurado em uma cruz de madeira.
O apóstolo Paulo fala sobre esta maldição em Gálatas 3.13, onde
escreve:
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito:
“Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro.”
Zacarias, outro respeitado profeta hebreu, acrescentou outro
requisito para a morte do Messias. Ele escreveu que o Messias teria
feridas em suas mãos (o que não era comum nesse tipo de morte):
Se alguém lhe disser: “Que feridas são essas nos teus
braços?” responderá ele: “São as feridas com que fui
ferido na casa dos meus amigos.” (Zc 13.6)
Novamente, não como resultado de apedrejamento. O salmista
acrescenta estes detalhes:
Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia;
traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar
todos os meus ossos; eles me estão olhando e
encarando em mim. Repartem entre si as minhas
vestes, e sobre a minha túnica deitam sortes. (Sl 22.1618)
Se este não é o retrato perfeito da morte por crucificação, não sei
o que é. Jesus estava “pendurado”, mas não por uma corda. Ele estava
pregado a uma cruz romana e tinha “suas mãos e seus pés”
traspassados. Ele foi exposto para que todos o vissem, e era possível
“contar os seus ossos” já que a crucificação distende os ossos da vítima.
Terá sido mera coincidência Ele ter nascido durante o cativeiro
romano, quando a crucificação era o costume, e não o apedrejamento?
A explicação mais fácil é que sua morte ocorreu de acordo com o plano
e o propósito de Deus.
C. Nenhum osso do Messias-Salvador devia ser quebrado
Já vimos que o cordeiro pascal era uma figura de Cristo. Não
mencionei que as qualificações específicas atribuídas àquele cordeiro
seriam tais que ele deveria ser “sem defeito e sem mácula” (1 Pedro
1.19). Esta preocupação com o sacrifício perfeito era observada em
cada Páscoa, quando o cordeiro era comido de tal forma que nenhum
de seus ossos fosse quebrado. A Escritura ordenava:
“O cordeiro há de ser comido em uma só casa; da sua
carne não levareis fora da casa, nem lhe quebrareis
osso nenhum” (Êxodo 12.46).
Isto foi confirmado mais adiante pelo salmista quando falou do
servo sofredor de Deus: “Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles
sequer será quebrado” (Salmo 34.20). Muito embora o “Cordeiro de
Deus” (ou o cordeiro da páscoa) devesse sofrer terrivelmente, nenhum
de seus ossos deveria ser quebrado. Quando lemos o relato do apóstolo
João sobre a morte de Jesus, podemos ver a mão poderosa de Deus
“guardando” os ossos do Salvador contra o que poderia ter sido um
ataque do próprio Satanás:
Então os judeus, para que no sábado não ficassem os
corpos na cruz, visto como era a preparação; pois era
grande o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se
lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Os
soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e
ao outro que com ele tinha sido crucificado; chegandose, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto,
não lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados
lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e
água. (Jo 19.31-34)
A miraculosa preservação dos ossos do Senhor não escapou à
observação de João, uma testemunha ocular desses acontecimentos. Ele
escreveu: “Aquele que isto viu, testificou, sendo verdadeiro o seu
testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais.
E isto aconteceu para se cumprir a Escritura: “Nenhum dos seus ossos
será quebrado”. E outra vez diz a Escritura: “Eles verão aquele a quem
traspassaram” (João 19.35-37).
O próprio Deus estava “guardando os ossos” do Salvador e,
assim, cumprindo literalmente a profecia de que “nenhum de seus
ossos seria quebrado”!
Além disso, quando Jesus estava pendurado na cruz, Ele pediu
que lhe dessem algo para aplacar sua sede, e deram-lhe “vinagre”, em
cumprimento à profecia do Salmo 22.15 e 69.21 (textos que não
incluímos em nossa lista de 28 profecias cumpridas). Então disse Jesus:
“Está consumado!” — isto é, o caminho da salvação através do
derramamento de seu próprio sangue sobre a cruz estava “terminado”,
de modo que agora todos os homens podiam ser salvos. Então
“inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (João 19.30).
Observe: Jesus tinha tal controle sobre os acontecimentos que,
mesmo ao morrer, Ele dirigia seu destino. Quando seu sacrifício estava
completo, Ele simplesmente “rendeu o espírito”.
D. O Messias-Salvador devia ser “traspassado”
Depois que Jesus já estava morto, um soldado romano “lhe abriu
o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Isto não foi acidental;
foi de acordo com a profecia. Zacarias tinha dito do Messias —
“olharão para mim, a quem traspassaram” (Zacarias 12.10).
E improvável que os judeus traspassassem o corpo de Jesus com
uma lança, pois isso era totalmente fora de seus costumes. Se
considerarmos ainda que eles tinham conhecimento dessa profecia,
aquela seria então a última coisa que fariam. Deste modo, o Senhor
usou o soldado romano para cumprir a profecia!
E. O Messias deve ser traído pelo preço de um escravo
Mais de seiscentos anos antes de Jesus ser crucificado, Zacarias
escreveu sobre o preço que um certo homem receberia por seu salário,
trinta peças de prata, que era o preço de um escravo. Isto irritou o
Senhor, que ordenou que o dinheiro fosse atirado ao chão do templo.
Observe atentamente as palavras de Zacarias:
Eu lhes disse: “Se vos parece bem, dai-me o meu
salário; e se não, deixai-o. “Pesaram, pois, por meu
salário trinta moedas de prata. Então o Senhor me
disse: “Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em
que [foste] avaliado por eles.” Tomei as trinta moedas
de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor. (Zc
11.12-13)
O cumprimento desta profecia é tão conhecido que mesmo
aqueles que nada sabem sobre a Bíblia conhecem a identidade de Judas
Iscariotes. Na verdade, esse nome se tornou tão desprezível que
ninguém o põe em um filho (embora cachorros às vezes recebam esse
nome). Na melhor das hipóteses, Judas é uma figura trágica dentro da
maior das histórias já contadas. Ele aproveitou a oportunidade surgida
e se deixou dominar pela ganância. Depois de acompanhar Jesus como
um dos discípulos de confiança (servindo como o tesoureiro do grupo),
voltou as costas ao Salvador e o traiu por “trinta peças de prata”,
exatamente o valor mencionado pelo profeta. Mas a história ainda não
chegou ao fim. Leia o relato de Mateus, uma das testemunhas oculares:
Ao romper o dia, todos os principais sacerdotes e os
anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus,
para o matarem; e, agarrando-o, levaram-no e o
entregaram ao governador Pilatos.
Então Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora
condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta
moedas de prata aos principais sacerdotes e aos
anciãos, dizendo: “Pequei, traindo sangue inocente.
“Eles, porém, responderam: “Que nos importa?
Isso é contigo. “Então Judas, atirando para o santuário
as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.
E os principais sacerdotes, tomando as moedas,
disseram: “Não é lícito deitá-las no cofre das ofertas,
porque é preço de sangue. “E, tendo deliberado,
compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério
de forasteiros. Por isso aquele campo tem sido
chamado até o dia de hoje Campo de Sangue.
Então se cumpriu o que foi dito por intermédio do
profeta Jeremias: “Tomaram as trinta moedas de prata,
preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos
filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do
oleiro, assim como me ordenou o Senhor.”(Mt 27.1-10)
Procure refletir por um momento em todos os detalhes
proféticos cumpridos nesta trágica vida de Judas:
A) O Servo especial de Deus devia ser traído
B) Ele seria traído pelo seu próprio povo (“um amigo íntimo”)
C) O preço da traição deveria ser trinta peças de prata
D) Prata, não ouro, era o câmbio na época
E) As trinta peças de prata deveriam ser arremessadas, não colocadas
F) Seriam atiradas na casa do Senhor
G) O dinheiro deveria ser usado para comprar um campo de oleiro
Isto ultrapassa toda a capacidade de crer que estes sete detalhes,
escritos setecentos anos antes, foram cumpridos apenas
“coincidentemente” na morte de Jesus. Somente Deus conhece o
futuro e escreveu-o com antecedência para que pudéssemos identificar
o Messias quando Ele viesse.
Dois outros fatos são importantes neste evento. Primeiro, Jesus
de Nazaré não podia de modo algum ter conduzido os acontecimentos;
tudo foi planejado pelos seus inimigos e por seu desleal seguidor, que
conspiraram para matá-lo. Segundo, esses fatos se cumpriram nas
últimas horas de vida de Jesus e, quando considerados à luz de todas as
outras profecias que estudamos neste capítulo, somente uma pessoa
poderia cumpri-lo: Jesus Cristo. A evidência é esmagadoramente
convincente para qualquer observador objetivo.
IV. Profecias Sobre a Ressurreição
A fé cristã está apoiada na ressurreição de Cristo. Sem esse
acontecimento sobrenatural — a despeito de todas as profecias
mencionadas anteriormente — ninguém jamais teria ouvido falar de
Jesus de Nazaré. Se ele não ressuscitasse da morte, seria apenas mais
um de uma longa lista de supostos messias. Entretanto, se Ele
realmente ressuscitou (como será provado nos capítulos 16 a 18), tudo
muda. Este acontecimento singular — um homem ressurgindo da
morte, provando ser indiscutivelmente o Messias prometido —
também foi predito pelos profetas hebreus.
28. O Messias devia ressuscitar.
Pois não deixarás a minha alma na
morte, nem permitirás que o teu
Santo veja corrupção (Sl 16.10).
Porque a respeito dele diz Davi:
"Diante de mim via sempre o
Senhor, porque está à minha direita,
para que eu não seja abalado. Por
isso se alegrou o meu coração e a
minha língua exultou; além disto
também a minha própria carne
repousará em esperança, porque não
deixarás a minha alma na morte,
nem permitirás que o teu Santo veja
corrupção. Fizeste-me conhecer os
caminhos da vida, encher-me-ás de
alegria na tua presença." Irmãos,
seja-me permitido dizer-vos
claramente, a respeito do patriarca
Davi, que ele morreu e foi sepultado
e o seu túmulo permanece entre
nós até hoje. Sendo, pois, profeta, e
sabendo que Deus lhe havia jurado
que um dos seus descendentes se
assentaria no seu trono; prevendo
isto, referiu- se à ressurreição de
Cristo, que nem foi deixado na morte,
nem o seu corpo experimentou
corrupção. A este Jesus Deus
ressuscitou, do que todos nós
somos testemunhas (At 2.25-32).
Mas Deus remirá a minha alma do
poder da morte, pois ele me tomará
para si (Sl 49.15).
Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres,
disse: "Não temais: porque sei que
buscais a Jesus, que foi crucificado.
Ele não está aqui: ressuscitou, como
havia dito. Vinde ver onde ele Jazia..
Ide, pois, depressa, e dizei aos seus
discípulos que ele ressuscitou dos
mortos, e vai adiante de vós para a
Galiléia; ali o vereis. É como vos
digo!" (Mt 28.5-7).
Ele verá o fruto do penoso trabalho de
sua alma, e ficará satisfeito; o meu
Servo, o Justo, com o seu
conhecimento, justificará a muitos,
porque as iniqüidades deles levará
sobre si (Is 53.11).
Mas Deus prova o seu próprio amor
para conosco, pelo fato de ter Cristo
morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores. Logo, muito mais agora,
sendo justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira. ...
sabedores que havendo Cristo
ressuscitado dentre os mortos, já não
morre: a morte já não tem domínio
sobre ele (Rm 5.8-10; 6.9).
Muito antes de se desenrolarem esses assombrosos
acontecimentos, Jesus repetidas vezes disse a seus discípulos que seria
crucificado e que no terceiro dia ressurgiria dentre os mortos (Veja
Mateus 16.21; 17.22-23; 20.18-19; Lucas 9.22; 18.31-33). Todavia, ou
eles não creram em suas palavras ou não as compreenderam — o que
provocou uma reação nos anjos que apareceram às mulheres diante do
túmulo vazio no domingo da ressurreição. Podemos quase ouvir a
irritação nas vozes desses dois anjos mensageiros:
“Porque buscais entre os mortos ao que vive? Ele não
está aqui mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos
preveniu, estando ainda na Galiléia, quando disse:
Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos
de pecadores e seja crucificado e ressuscite no terceiro
dia.” “Então se lembraram das suas palavras” (Lc 24.58).
Sem a ressurreição, todas as outras coisas perderiam o valor. Mas,
com a ressurreição... ah, a história é diferente! Vale a pena aprofundarnos ainda mais, o que faremos nos próximos três capítulos.
A Evidência é marcante
Estas vinte e oito profecias foram escolhidas porque são de tal
forma específicas que dificilmente poderiam ser ignoradas. Mesmo que
algum cético exclua cinco ou seis delas, a evidência representada pelo
número restante é ainda surpreendente.
É impossível ilustrar adequadamente a probabilidade de uma
pessoa comum cumprir todas as vinte e oito dessas profecias. Alguém
sugeriu que, se tomássemos apenas dez dessas profecias, a possibilidade
de uma pessoa cumprir todas elas seria como cobrir todo o Texas com
uma camada de trinta centímetros de moedas de prata, depois
sobrevoar a região em um helicóptero e, com os olhos vendados, pegar
a única moeda diferente das demais.
Você diz — “É impossível!” — e eu concordo. É impossível
para qualquer ser humano — que não seja Jesus — no passado ou no
futuro, conseguir cumprir sequer dez dessas profecias. Portanto, se dez
são impossíveis, tente imaginar como seria inconcebível que uma
pessoa cumprisse as vinte e oito relacionadas acima, mais as seis sobre
sua morte citadas em Isaías 53, e todas as demais. Não é de admirar que
Jesus tivesse censurado os judeus em João 5 por não reconhecerem-no
como o Messias — a evidência estava toda ali, nas Escrituras, que eles
afirmavam aceitar e estudar, pois, como Ele disse, “são elas mesmas
que testificam de mim”. Eles não tinham desculpa.
E o mesmo acontece conosco, se nos recusamos a aceitar essa
esmagadora evidência.
Pa r t e I V: E v i d ê n c i a d e S u a R e s s u r r e i ç ã o
16. A Ressurreição de Jesus: O Restante da História
Um famoso pastor estava caminhando pelas ruas de Los Angeles
na semana da Páscoa quando viu um menino olhando uma vitrine. O
garoto estava tomado de horror e compaixão diante de um quadro
clássico da crucificação de Cristo. Calculando que ele tivesse uns doze
anos de idade, o pastor apontou para o quadro e perguntou: “Quem É
ele?” “Esse foi Jesus Cristo”, respondeu o menino. “Os líderes
religiosos do seu tempo o crucificaram — mas Ele não tinha feito
qualquer coisa errada. Ele morreu pelos pecados de todo o mundo.”
Em seguida ele narrou emocionado alguns detalhes da vida e morte de
Cristo. Depois que ele terminou de falar, ambos caminharam em
direções opostas.
Antes que o pastor andasse duas quadras, ele ouviu o menino
chamar por ele e correr em sua direção: “Ei, senhor, eu me esqueci de
dizer o resto da história. Três dias depois Ele ressuscitou dentre os
mortos!”
Na verdade, a ressurreição corpórea de Jesus, a doutrina
fundamental da igreja, não é apenas “o resto da história”, mas a melhor
parte da história! A execução de Cristo em si mesma pode ser
considerada uma trágica conduta ilegal da justiça. Entretanto, quando
incluímos a ressurreição, a mensagem da cruz é transformada em
gloriosa vitória. Sem ela, o cristianismo seria nada mais do que uma
religião fictícia sem mensagem e sem esperança, impotente para salvar
uma alma perdida (e muito menos oferecer salvação a todo o mundo).
O próprio Napoleão Bonaparte compreendeu seu significado. A
bordo de um navio em direção ao Norte da África em campanha
militar, ele entabulou uma conversa com um de seus generais enquanto
olhavam os pálidos reflexos da lua nas águas do mar. “General, o que o
senhor vai fazer quando esta guerra terminar e voltarmos para casa?” O
general respondeu: “Excelência, acho que vou fundar uma nova
religião.” Ao que Napoleão respondeu: “Isso deve ser fácil — tudo o
que o senhor tem a fazer é morrer em uma cruz e ressuscitar no
terceiro dia!”
Napoleão estava certo. Não basta ter um nascimento virginal,
cumprir mais de cem profecias do Velho Testamento, viver uma vida
sem pecado, e morrer de morte sacrificial e dolorosa, mesmo sendo
totalmente inocente. Para fundar uma religião diferente de todas as
outras religiões, você deve ressurgir dentre os mortos; isto é o que
garante a autenticidade de todo o resto.
De Simples Mártir a Salvador Divino
A vida e a história de Jesus são incompletas sem a cruz, pois é
esta que o transforma de perfeito mártir em Salvador do mundo. A
ressurreição de Jesus é que dá poder à cruz e prova a confiabilidade do
cristianismo. E ela também que garante às pessoas o perdão dos
pecados, desfrutar a paz com Deus e ter a certeza da vida eterna. Sem
isto, o cristianismo é uma fraude, uma farsa ou, na melhor das
hipóteses, uma desilusão.
Este fato não escapou ao apóstolo Paulo, que colocou a
ressurreição como base para toda a sua doutrina. Ele escreveu:
Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou
dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre
vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há
ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e
vã a nossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de
Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele
ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é
certo que os mortos não ressuscitam. Porque, se os
mortos não ressuscitam, também Cristo não
ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa
fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda
mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a
nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta
vida, somos os mais infelizes de todos os homens. (1
Co 15.12-19)
Em seguida ele acrescenta as palavras mais importantes: “Mas de
fato Cristo ressuscitou dentre os mortos” (versículo 20).
Esta é toda a verdade! O cristianismo depende inteiramente da
ressurreição, porque ela confirma todo o restante do grande plano da
salvação. Se a ressurreição pode ser provada, conseqüentemente os
evangelhos que contam a vida de Jesus são exatos. Podemos então
confiar na Bíblia e no “poder da cruz” enfrentando a morte e a
eternidade com confiança. Mas, se a ressurreição é uma fraude, então
não há esperança! A humanidade continua perdida.
O Dr. Wilbur Smith resume a importância da ressurreição para o
cristianismo, mostrando como ele depende totalmente deste único
acontecimento:
Seja qual for a convicção que se tenha a respeito da
ressurreição de nosso Senhor, todos admitem que se
tal acontecimento for eliminado dos textos do Novo
Testamento, todo o registro se torna extremamente
confuso.
Isto seria não somente negar certas palavras de nosso
Senhor em seus ensinamentos, mas também repudiar
muitas acusações feitas contra Ele por seus inimigos;
seria fazer do final da vida de nosso Senhor uma
simples tragédia. Seria deixar inexplicável e sem razão
a formação de nossa igreja cristã. Seria deixar-nos sem
registros confiáveis das mensagens apostólicas do
primeiro século. Seria fazer da conversão e convicção
do apóstolo Paulo o maior enigma da humanidade.
Sem a ressurreição, não temos idéia de como terminou
a vida de Jesus na terra; não sabemos por que os
apóstolos começaram a pregar; não entendemos como
o apóstolo Paulo foi convencido desse fato; não
sabemos por que aguarda do sábado foi transferida
para o domingo; não sabemos como a igreja cristã se
formou.
Se admitirmos a ressurreição, os temas admiráveis do
Novo Testamento se tornam razoáveis, e as narrativas,
lógicas. Sem a ressurreição não temos nada além de
argumentos e de uma ética sem fundamento. E
permaneceremos os mais miseráveis de todos os
homens. Qualquer que seja a nossa opinião sobre esse
fato, devemos ao menos admitir que ele é parte
intrínseca do Novo Testamento, à espera de nossa
cuidadosa investigação.
Os Céticos Compreendem a Importância da ressurreição
No começo deste século, um dos mais destacados racionalistas
do mundo escreveu um livro sobre Jesus, incluído na famosa série
História da Civilização, publicada em inglês em 1935. O Dr. Charles
Guignebert foi professor de História do cristianismo na Sorbonne
(considerada pelo Dr. Wilbur Smith “a escola mais importante de toda
a França”), e também membro da “Associação da Imprensa
Racionalista da Grã-Bretanha”, que incluía John Dewey, Julian Huxley,
Bertrand Russell e H. G. Wells. Ninguém ali era defensor do
cristianismo!
Guignebert rejeitava totalmente a idéia da ressurreição de Cristo,
e também todos os milagres do Novo Testamento. Mas no final de seu
livro ele sentiu-se forçado a fazer a seguinte confissão:
Não haveria cristianismo se a crença na ressurreição
não tivesse sido estabelecida e sistematizada... toda a
soteriologia (doutrina da salvação) assim como as
doutrinas essenciais do cristianismo repousam sobre a
crença na ressurreição. Na primeira página de qualquer
comentário sobre esse dogma cristão poderia ser
usado como lema a declaração de Paulo: “E, se Cristo
não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa
fé...” (1 Co 15.14). Do ponto de vista estritamente
histórico, a importância da crença na ressurreição não é
provavelmente menor... Através dessa crença, a fé em
Jesus e em sua missão tornou-se o elemento
fundamental de uma nova religião que, depois de
separar-se do judaísmo, tornou-se seu ferrenho
opositor e partiu para conquistar o mundo.
David Strauss foi outro cético feroz que admitiu ser a
ressurreição a “pedra de toque não somente da vida de Jesus, mas do
próprio cristianismo, sendo decisiva para a compreensão total do
cristianismo”.
Qualquer pessoa que conheça um pouco do cristianismo sabe
que ele depende da aceitação da ressurreição como um fato verdadeiro.
Se os céticos, racionalistas e ateus pudessem destruir a crença na
ressurreição, poderiam destruir o cristianismo. Eis por que tantos
“estudiosos” racionalistas se dispuseram a atacá-la. Entretanto, seus
ataques geralmente provam ser uma bênção para aqueles que buscam a
verdade, pois forçam os pensadores cristãos a responder aos seus
argumentos e obter provas de que Jesus certamente ressuscitou dentre
os mortos.
Um dos maiores dilemas dos céticos é a necessidade de explicar o
cristianismo negando a divindade e a ressurreição de Jesus.
Simplesmente não há como apresentar o argumento de que um simples
carpinteiro judeu surgiu em cena há dois mil anos e acendeu a chama
espiritual que transformou as vidas de bilhões de pessoas, sem o toque
sobrenatural tanto de sua vida como de sua ressurreição. Até aqui, suas
tentativas são tão patéticas que é mais difícil aceitar suas sugestões do
que a história real.
Um estudioso da Bíblia que escreveu um livro em resposta às
conclusões do Seminário Jesus viu-se diante deste dilema:
Mesmo o crítico mais cético deve demonstrar que
algum misterioso X promove a ação. Mas que X é este?
A pessoa, a vida, a morte e a ressurreição do corpo
fazem com que X não somente faça o cristianismo
avançar, mas o mantém vivo por dois mil anos. A
ressurreição de Jesus é, portanto, a explicação mais
plausível para a origem do cristianismo.
Eu acrescentaria ainda que é a única explicação — e digna de
toda confiança.
A Evidência É Esmagadora
A evidenciada ressurreição de Cristo tem um poder esmagador.
Não temos de “apenas crer”. Podemos olhar para esta importante
doutrina através dos olhos da Escritura, da razão e da lógica, e ainda
assim concluir que Jesus de Nazaré, uma conhecida figura da história,
não somente morreu na cruz, mas também ressuscitou, provando ser
Ele indubitavelmente o Messias e Salvador do mundo.
Esta evidência é tão forte que estou convencido de que, a menos
que você simplesmente “não queira crer” (seguindo o exemplo de
alguns dos judeus da época de Jesus) ou tenha preconceito contra Ele
(como os racionalistas, céticos e ateus), você aceitará o fato de que
Jesus Cristo realmente ressuscitou. Depois de muitos anos de pesquisa,
fiquei convencido de que a evidência é tão conclusiva que somente um
preconceito arraigado, um espírito rebelde ou falta de conhecimento da
verdade impedem que homens e mulheres creiam.
Aqueles que querem destruir nossa fé na ressurreição estão diante
de problemas insuperáveis. Primeiro, não podem contradizer a
esmagadora evidência em favor da ressurreição. Segundo, não podem
explicar a existência do cristianismo ou a permanência da mensagem de
Cristo até hoje sem ela.
A ironia é que muitas dessas “objeções clássicas” (que vamos
examinar nos dois capítulos seguintes) são facilmente contestadas,
enquanto que as alternativas que oferecem são comparativamente
ridículas. Os céticos ainda precisam provar suas teorias, pois nenhuma
até agora conseguiu explicar a força e o poder do cristianismo, que
continua avançando quase dois mil anos depois de sua fundação.
O Corpo Ressurreto de Cristo, Realmente de Carne e Osso
É preciso esclarecer que quando falamos sobre o Cristo
ressurreto, temos em mente um corpo real. Alguns céticos, incapazes
de contradizer a ressurreição, alegam que se tratou apenas de uma
“ressurreição espiritual”. Ou, como um pastor bastante liberal me disse
(tirando a idéia dos céticos racionalistas): “É claro que creio na
ressurreição de Cristo! Eu creio que Ele ressurgiu em espírito.” Isto não
é apenas falso, é uma blasfêmia!
Jesus ressuscitou fisicamente, como prometera. Uma ressurreição
espiritual não teria deixado ninguém impressionado. Um espírito não
pode andar, falar e comer como Jesus fez com os dois discípulos na
estrada de Emaús. Nem dizer ao incrédulo Tome: “Põe aqui o teu dedo
e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado;
não sejas incrédulo, mas crente” (João 20.27). Não sabemos se Tome
tocou o corpo de Cristo, mas você pode estar seguro de que um Jesus
“em espírito” não o teria inspirado a crer instantaneamente; mas um
Cristo fisicamente ressurreto teria. E certamente foi este encontro com
o Cristo de carne e osso que inspirou Tomé a ir diretamente à Índia
para pregar o evangelho de seu Senhor ressurreto e mais tarde se
transformar em um mártir. Nenhum Cristo em espírito teria inspirado
tal motivação ou sacrifício.
Foi um Cristo fisicamente ressurreto que preparou o peixe para
os discípulos, comendo com eles. Somente um Cristo fisicamente
ressurreto podia dizer aos seus desconfiados discípulos: “Por que estais
perturbados? e por que sobem dúvidas aos vossos corações? Vede as
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo: apalpai-me e verificai,
porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu
tenho” (Lucas 24.38-39). Como o Dr. Smith sabiamente escreveu:
Não é possível existir uma “ressurreição em espírito “
Ressurreição significa ser levantado novamente. O
espírito nunca tem de ser levantado outra vez da
sepultura, porque ele nunca entra na sepultura; um
espírito não conhece a ressurreição dentre os mortos,
porque um espírito nunca morre! O Novo Testamento
insiste continuamente que um CORPO foi colocado no
sepulcro, portanto foi um corpo que saiu do sepulcro...
é um absoluto contra-senso crer em uma ressurreição
ESPIRITUAL de Cristo. Não existe tal coisa. Se fosse
um espírito que tivesse ressuscitado, não haveria
qualquer sentido em insistir no terceiro dia. Um espírito
pode manifestar-se a qualquer momento após a morte.
Que Espécie de Corpo Era o Dele?
O corpo ressurreto de Cristo era, certamente, diferente do que
Ele possuía antes de morrer. O anterior era um corpo humano comum,
de sorte que Ele “provasse a morte por todo homem” (Hebreus 2.9).
O corpo após a ressurreição era obviamente diverso, pois apresentava
características distintas; mas era ainda um corpo físico. Antes da
crucificação não temos nenhuma referência sobre sua capacidade de
atravessar portas fechadas ou paredes para ir de um lugar a outro.
Depois da ressurreição, contudo, Ele podia fazer essas coisas. Embora
seu corpo ressurreto fosse capaz de “manejar” e “tocar”, era
sobrenatural o bastante para não se sujeitar às limitações de tempo ou
espaço. Era semelhante ao corpo que todos os cristãos terão na
ressurreição, como o apóstolo Paulo escreveu:
Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e em
que corpo vêm? Insensatos! o que semeias não nasce,
se primeiro não morrer; e quando semeias, não
semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão,
como de trigo, ou de qualquer outra semente. Mas
Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada uma
das sementes o seu corpo apropriado.
Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos
homens, outra a dos animais, outra a das aves e outra
a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos
terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais
e outra a dos terrestres... Pois assim também é a
ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na
corrupção, ressuscita na incorrupção...
Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem
herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdara
incorrupção. Eis que vos digo um mistério: Nem todos
dormiremos, mas transformados seremos todos, em um
momento, em um abrir e fechar de olhos, ao ressoar da
última trombeta. A trombeta soará, os mortos
ressuscitarão
incorruptíveis,
e
nós
seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo
corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o
corpo mortal se revista da imortalidade. E quando este
corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o
que é mortal se revestir de imortalidade, então se
cumprirá a palavra que está escrita “Tragada foi a
morte pela vitória.” (1 Co 15.35-40,42,50-54)
O corpo do Cristo crucificado foi sepultado no túmulo novo de
José de Arimatéia, cumprindo a profecia do Velho Testamento. Ele
ressuscitou no terceiro dia em um “corpo incorruptível” que era
sobrenaturalmente físico. É por isso que os discípulos podiam falar,
caminhar e comer com Ele. E foi por aquele Cristo ressurreto que
todos eles deram suas vidas.
O Último Sinal de Sua Divindade
No transcurso de sua vida na terra Jesus foi importunado por
indivíduos que diziam: “Mestre, queremos ver um dos teus sinais.”
Jesus tinha realizado muitos sinais e milagres, mas, no decorrer desses
três anos, eles ficaram condicionados pelos seus milagres; esperavam
por eles e se baseavam neles para crer em seu poder divino. Não
admira que Ele os tenha acusado de “geração adúltera e perversa” por
pedirem um “sinal” incontestável para que se apagassem de uma vez
por todas as dúvidas sobre sua verdadeira identidade.
Depois de repreender o ceticismo dessas pessoas, Ele lhes
respondeu: “Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum
sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque, assim como
esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o
Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra”
(Mateus 12.39-40). Jesus escolheu aqui um dos milagres mais incríveis
do Velho Testamento, bem conhecido dos seus ouvintes. Todos
conheciam a história de Jonas, o profeta rebelde que foi engolido por
um grande monstro marinho e vomitado à beira-mar depois de três
dias. O fato de um peixe gigantesco engolir um homem não era
propriamente um milagre; isto tem acontecido várias vezes ao longo da
história. O milagre está no fato de o profeta ter sobrevivido no interior
do monstro. De certo modo, Jonas foi ressuscitado para cumprir a
missão que Deus tinha dado a ele. Jesus usou uma verdade conhecida
(a experiência de Jonas) para ilustrar um acontecimento futuro (que Ele
seria sepultado e ressurgiria no terceiro dia), de maneira que quando
isso acontecesse, eles se lembrassem de suas palavras.
A ressurreição não é apenas o maior de todos os sinais da
divindade de Jesus; é o último sinal de sua vida na terra, suficiente para
convencer-nos de que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus. Se
Jesus não tivesse ressuscitado corporalmente, esta seria uma profecia
falsa. Somente a ressurreição de Jesus, mencionada em todos os
evangelhos, pode resolver este dilema. O apóstolo Paulo reconheceu a
importância da ressurreição corpórea de Jesus ao escrever:
Com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio
da descendência de Davi, e foi designado Filho de
Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela
ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso
Senhor. (Rm 1.3,4)
Esse acontecimento foi tão poderoso que constitui o próprio
fundamento do evangelho e a essência da fé salvadora.
Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras. (1 Co 15.3-4)
A morte, sepultamento e ressurreição de Cristo são essenciais ao
evangelho. Através da crença e da confissão desses fatos é que obtemos
a salvação: “Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em
teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se
confessa a respeito da salvação” (Romanos 10.9-10).
Podemos dizer que o mínimo necessário para tornar-se um
verdadeiro cristão é crer na “morte de Cristo pelos nossos pecados, no
sepultamento de seu corpo em um sepulcro, e em sua ressurreição
corpórea. O apóstolo Paulo também considerou essa crença
fundamental para sermos incluídos na segunda vinda de Cristo, quando
Ele vier para sua igreja — ‘Pois se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em
sua companhia os que dormem [os que morrerem em Cristo]’” (1
Tessalonicenses 4.14). A salvação não exige que a pessoa obedeça ou
creia nas tradições da igreja, ou mesmo nos milagres de Jesus
(importantes como são). Mas é preciso, sim, que creiamos na
ressurreição. Podemos afirmar com toda certeza que nenhuma pessoa
que se recusa a crer na ressurreição de Cristo pode ser salva.
A Importância da ressurreição
É praticamente impossível exagerar a importância da ressurreição
de Jesus Cristo. Vamos examinar a seguir algumas das razões para isso.
1. Ela cumpre as profecias sobre Jesus
O Velho Testamento ensina que, se um profeta anunciasse uma
profecia que não se realizasse, ele seria considerado um falso profeta,
devendo ser apedrejado até. (Veja Deuteronômio 18.20-22) (É uma
tranqüilidade para os profetas de hoje que essa prática não mais se
aplique.) Jesus mencionou tantas vezes durante seu ministério que iria
ressuscitar, que seria um grande impostor se isso não acontecesse,
como prometera, três dias após seu sepultamento. Observe
cuidadosamente as seguintes previsões feitas por Jesus de que
ressuscitaria:
A. Porque assim como esteve Jonas três dias e três
noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do
Homem estará três dias e três noites no coração da
terra. Mateus 12.40
B. Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do
Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos
escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão
aos gentios para ser escarneci do, açoitado e
crucificado; mas ao terceiro dia ressurgirá Mateus
20.18-19
C. É necessário que o Filho do Homem sofra muitas
coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais
sacerdotes e pelos escribas; seja morto e no terceiro
dia ressuscite. Lucas 9.22
D. Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida
para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo
contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho
autoridade para a entregar e também para reavê-la.
Este mandato recebi de meu Pai. João 10.17-18
E. “Destruí este santuário, e em três dias o
reconstruirei. Replicaram os judeus: “Em quarenta e
seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias,
o levantarás?”Ele, porém, se referia ao santuário do
seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os
mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele
dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de
Jesus. João 2.19-22
F. Então advertiu os discípulos de que a ninguém
dissessem ser ele o Cristo. Desde esse tempo,
começou Jesus Cristo a mostrara seus discípulos que
lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer
muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e
dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia.
Mateus 16.20-21
G. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de
vós para a Galiléia. Mateus 26.32
Estas sete profecias deixam claro que Jesus não ressuscitou no
último minuto, para escapar de uma situação difícil; este era o seu plano
desde o início. Na verdade, Ele fez desse acontecimento a prova
número um de sua identidade divina. Não foi a crucificação que abriu
os olhos dos discípulos, foi sua ressurreição.
Estas profecias feitas por Jesus sobre sua morte e ressurreição
iminentes oferecem uma prova convincente de que Ele não era um
falso profeta. Até o anjo reconheceu isto quando, no domingo da
ressurreição, encontrou as mulheres que retornavam do sepulcro aonde
tinham ido para embalsamar o corpo de Jesus: “Ele não está aqui:
ressuscitou, como havia dito”
A ressurreição é um acontecimento amplamente comprovado na
vida de Cristo, sendo essencial para explicar a existência do cristianismo
hoje. Jesus não somente ressuscitou; Ele fez exatamente “como havia
dito”.
2. O Velho Testamento prenunciou que o Messias se
levantaria dentre os mortos
Muitas profecias do Velho Testamento relativas ao sofrimento do
Messias-Salvador também falam sobre o que aconteceria com Ele no
futuro (p.ex., Isaías 53). Estes textos não mencionam expressamente a
ressurreição, mas sem ela não seria possível o cumprimento das
ocorrências futuras que predisseram. Um dos salmos de Davi trata
deste importante acontecimento:
“Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito
exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não
deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o
teu Santo veja corrupção” (Salmo 16.9-10).
A quem se refere esta profecia? Em vista do seu passado
adúltero, dificilmente Davi se referiria a si mesmo como “teu Santo”.
Ele devia ter em mente por certo alguém muito superior a si mesmo.
Pedro esclareceu-nos sobre essa passagem quando citou-a em seu
vigoroso sermão no dia de Pentecoste, inspirado pelo Espírito Santo.
Ele disse claramente que Davi não estava falando de si mesmo, mas de
Jesus, a quem “Deus ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas” (Atos 2.32). Pedro disse aos seus ouvintes judeus que eles
tinham crucificado o Messias, mas eles podiam ter esperança, pois
Deus havia ressuscitado seu Filho dentre os mortos. Então, “Ouvindo
eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e
aos demais apóstolos: ‘Que faremos, irmãos?”‘ O apóstolo explicou
que eles deveriam arrepender-se individualmente “e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38). Três mil
almas aceitaram esta oferta de salvação e foram acrescentadas à igreja
naquele dia.
A mensagem central de Pedro foi que Jesus, o Messias, tinha sido
crucificado pelos pecados de todos eles, de acordo com os profetas do
Velho Testamento, mas que “Deus o ressuscitou dentre os mortos”.
Novamente somos confrontados com a importância da ressurreição,
pois ela não somente cumpre a profecia do Velho Testamento, mas
representa o próprio fundamento do evangelho e da igreja.
3. A ressurreição de Jesus era a mensagem central do
evangelho pregado pela igreja primitiva e continua sendo a
doutrina fundamental da Bíblia para a igreja atual
Os membros da igreja primitiva acreditavam que seu principal
objetivo era proclamar a ressurreição do Salvador. Atos 1 relata que,
depois que o traidor Judas Iscariotes se enforcou, aqueles primeiros
cristãos foram guiados pelo Espírito Santo para escolher alguém para
substituí-lo. O escolhido deveria ser alguém que acompanhou o
ministério de Jesus e testemunhou sua ressurreição. Observe que a
Escritura nos diz quais são os requisitos para o substituto de Judas: “E
necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o
tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de
João, até o dia em que dentre nós foi elevado às alturas, um destes se
torne testemunha conosco da sua ressurreição” (Atos 1.21-22). Os
candidatos deveriam ter um conhecimento pessoal da vida de Jesus, de
seus ensinos, ministério e ressurreição. Pedro considerava que o
testemunho da ressurreição era a mais importante tarefa da igreja
primitiva.
O segundo sermão de Pedro depois do dia de Pentecoste é tão
instrutivo como o primeiro. A caminho do templo para orar, Pedro e
João curaram um aleijado em nome do Jesus Cristo ressurreto. Pedro,
aproveitando a oportunidade de falar à grande multidão que acorreu
para constatar o milagre, lembrou-lhes que Moisés tinha predito que
Deus enviaria um profeta como ele, Moisés, e que Jesus tinha sido esse
profeta — mas eles o crucificaram. Ele concluiu dizendo: “Tendo Deus
ressuscitado ao seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para
vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte das suas
perversidades” (Atos 3.26). Novamente a ressurreição é o ponto central
de sua mensagem.
Este fato não sensibilizou os líderes religiosos. Eles odiavam os
discípulos por pregarem a ressurreição de Cristo. Atos 4 nos diz que o
sumo sacerdote e outros líderes religiosos reuniram os discípulos e
perguntaram: “Com que poder, ou em nome de quem fizestes isto?”
Ao que Pedro respondeu: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a
quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos.”
E em seguida o identificou como “a pedra rejeitada por vós, os
construtores, a qual se tornou a pedra angular... e não há salvação em
nenhum outro” (Atos 4.7-12).
E assim ocorre em todo o livro de Atos. Quer se refira à primeira
viagem missionária de Paulo e Barnabé, ou à segunda viagem de Paulo
e Silas, o tema é sempre o mesmo: a ressurreição de Jesus Cristo, o
ponto central de toda pregação. Mais tarde, pregando no Areópago em
Atenas, na Grécia — o centro da cultura secular na época —, Paulo
também anunciou a ressurreição de Jesus.
É interessante que os atenienses, precursores dos raciona-listas
do século dezessete, zombaram de Paulo quando ele mencionou a
ressurreição. Não porque ela não fosse verdadeira, nem tampouco
porque tinham constatado sua evidência. Eles rejeitaram a ressurreição
por causa de seu preconceito em aceitar a existência de um Deus
pessoal que realizasse milagres. E a ressurreição é certamente um
milagre!
Uma coisa é certa: a ressurreição corpórea de Jesus era a
mensagem central da igreja do primeiro século. Ela foi também o que
deu alento aos corações dos crentes durante os dois primeiros séculos,
mesmo depois da morte das testemunhas oculares. O resultado? O
cristianismo tornou-se a religião predominante no império romano em
312 d.C. A crença na ressurreição permaneceu tanto no ramo oriental
como no ocidental da igreja a partir de então. Ela foi a doutrina
essencial dos reformadores protestantes e é a mensagem central das
igrejas que hoje pregam a Bíblia.
Atualmente, a ocorrência de um fenômeno incomum ilustra o
poder da ressurreição. Durante as cinco últimas décadas, apesar do
avanço da filosofia humanista em nossas escolas e universidades, temos
assistido a um crescimento inacreditável das igrejas, tanto em tamanho
como em número. Há cinqüenta anos, uma igreja com mil membros
era considerada enorme. Hoje muitas igrejas possuem três, dez e até
mesmo vinte mil membros. E isto não se limita a uma única
denominação. As super-igrejas existem entre batistas, presbiterianos,
luteranos, metodistas, independentes, carismáticos, e outros. O que elas
têm em comum? Uma crença intensa na ressurreição física de Jesus
Cristo, exatamente como os nossos antepassados de dois mil anos
atrás, começando pelas testemunhas oculares do Cristo ressurreto.
Céticos e descrentes são confrontados pelo grande número de
testemunhas, favoráveis ou não, do fato histórico da ressurreição de
Jesus, além de todas aquelas pessoas que morreram por acreditarem na
mensagem dos evangelhos. Se a consistência do testemunho significa
alguma coisa, toda a evidência favorece a crença na ressurreição.
4. Todas as principais doutrinas da fé cristã dependem da
ressurreição corpórea de Jesus
Se fosse possível remover da fé cristã a pedra fundamental da
ressurreição, toda a igreja afundaria na areia movediça do
esquecimento, pois as doutrinas cristãs básicas dependem da
ressurreição. Não temos tempo nem espaço para examinar todas elas,
mas usaremos a seguir seis importantes doutrinas como exemplo.
A. A salvação pela fé depende da ressurreição
Em 1 Coríntios 15.3-4, o apóstolo Paulo baseou a mensagem do
evangelho no fato da ressurreição. No versículo 14 ele diz que “se
Cristo não ressuscitou, é vã [fútil] a nossa pregação”. No versículo 17
ele afirma: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé.. .e ainda
permaneceis nos vossos pecados!1’ (ênfase do autor).
B. A doutrina que diz que temos um advogado, um
intercessor diante do Pai, dia e noite, depende da ressurreição
Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número,
porque são impedidos pela morte de continuar; este, no
entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável Por isso também pode salvar
totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles. Com efeito nos
convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo,
inculpável, sem mácula, separado dos pecadores,
efeito mais alto do que os céus, que não tem
necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro por seus próprios
pecados, depois pelos do povo; porque fez isto uma
vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. (Hb
7.23-27)
Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado
junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos
próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro, (1 Jo 2.1-2)
Os cristãos não são perfeitos. Mesmo depois de salvos pela fé
pecamos ocasionalmente. Em tais circunstâncias precisamos de um
intercessor ou advogado que se coloque diante de Deus em nosso
lugar. A razão de termos alguém operando em nosso favor é que Ele é
o “Cristo vivo” — e isto só se tornou possível por meio da
ressurreição.
C. Nossa justificação perante Deus e o gozo da “paz com
Deus” são dependentes da ressurreição
O apóstolo Paulo usou Abraão como exemplo de fé. Por causa
da fé do patriarca, o Senhor lhe atribuiu a “justiça de Deus”, “e não
somente por causa dele... mas também por nossa causa”. Esta justiça
também será imputada [atribuída] “a nós que cremos naquele que
ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue
por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa
justificação. Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 4.24-5.1).
A necessidade de “justificação perante Deus” para prover-nos a
“justiça de Deus”, que produz a “paz com Deus” que todo crente tanto
deseja, baseia-se no fato de que Deus “ressuscitou dentre os mortos a
Jesus Cristo nosso Senhor” (Romanos 4.24). Paulo deixou muito claro
que estas preciosas doutrinas são dependentes da ressurreição corpórea
de Jesus.
D. A promessa da segunda vinda é predita com base na
ressurreição.
Leia esses dois versículos sobre a segunda vinda:
Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também
aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual
transformará o nosso corpo de humilhação, para ser
igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do
poder que ele tem de até subordinar a si todas as
coisas. (Fp 3.20-21)
Observe que é o Cristo vivo quem vai retornar para sua igreja.
Um Cristo morto, cujo corpo repousasse em alguma sepultura
escondida em Jerusalém ou perto dali, não salvaria ninguém. Ele seria
impotente para voltar da glória e nos levar para estarmos com Ele “na
casa de meu Pai”. Mas, e um Cristo ressurreto? Bem, isso é outra coisa!
Considerando que Ele vive para sempre, Ele é mais do que capaz de
retornar e levar-nos consigo.
E. O julgamento final depende da ressurreição
Em seu grande sermão no Areópago, Paulo ligou
intencionalmente o julgamento à ressurreição. Agora Deus “notifica aos
homens que todos em toda parte se arrependam; porquanto
estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio
de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o
dentre os mortos” (Atos 17.30-31).
A ressurreição de Cristo garante o julgamento futuro para todos
os homens. Creio que é este fato que leva muitos céticos a tentar
destruir a crença na ressurreição. Eles geralmente parecem impelidos
mais pelo medo do que pelas evidências. Francamente, não os censuro.
A realidade de enfrentar o Cristo vivo no dia do julgamento —
sabendo que você recusou-se a acreditar em sua ressurreição —
deixaria em pânico qualquer pessoa normal.
E A “bendita esperança” da igreja de que Cristo nos
ressuscitará e também a nossos entes queridos depende da
ressurreição física dele
Se Cristo não ressuscitou, não somente nossa fé é em vão, mas
“os que dormiram em Cristo pereceram” (1 Coríntios 15.18). Quando o
evangelista Billy Graham pregou no funeral do ex-presidente Richard
Nixon para uma platéia de mais de 250 milhões de pessoas que o
assistiam através de uma rede internacional de televisão, ele citou “a
bendita esperança” da fé cristã mencionada nesta passagem da
Escritura. Por quê? Por que ele não citou algum poeta, filósofo ou
místico da moda? Porque ele sabia que eles nada têm a oferecer sobre a
vida após o túmulo. A verdadeira razão de Billy Graham ter usado este
texto é que ele representa a única esperança do mundo com respeito à
vida depois da morte.
Em meus trinta e três anos de ministério dirigi centenas de
funerais. Em todos eles usei esta promessa e outras similares na Bíblia
sobre a ressurreição final do corpo. Por quê? Porque ela é verdadeira,
porque ela está baseada na ressurreição de Jesus! Não existe alternativa
para isso. Nada sequer se aproxima disto.
Há alguns anos participei de um debate com um famoso
professor de filosofia da Universidade da Califórnia - Los Angeles, que
era também membro da American Humanist Association. O debate
aconteceu em uma das convenções anuais daquele grupo. Durante o
intervalo, esse professor disse-me que sua maior alegria era conseguir
mudar as convicções dos estudantes em suas aulas. Ele se orgulhava ao
contar a respeito de um jovem que se matriculou na UCLA com a
intenção de ir para o Seminário Teológico de Dallas a fim de se
preparar para o ministério. O professor atacou tanto as crenças bíblicas
daquele estudante que ele acabou mudando de idéia. Quando me
preparava para o debate, li um artigo assinado por esse professor na
revista Humanist, em que comentava sobre a morte prematura de seu
neto. Honestamente, fiquei pesaroso ao perceber a falta de esperança
daquele homem ao relatar que, ao lado do berço da criança morta,
dizia: “Meu filho, você viverá tanto quanto eu viver, porque você viverá
em minha mente.” Ali estava um homem brilhante, autor de vários
livros, que no momento da morte não tinha nenhuma palavra de
esperança para sua família, além da lembrança do neto até que ele
próprio morresse.
Isso é esperança? Não, isso é tragédia! Ninguém usa palavras
como essas em um funeral, onde as pessoas presentes precisam
desesperadamente de esperança. Mas para os humanistas, céticos ou
“ateus esclarecidos” não há esperança além desta vida. Meu amigo
humanista que proferiu essas palavras tão trágicas não podia dizer nada
melhor. Porque o Manifesto Humanista que ele havia assinado diz
claramente que “quando você está morto, você está morto”.
Fico feliz ao afirmar que a fé cristã continua defendendo o
princípio de que “porque Ele vive, vós vivereis”. O poder da
ressurreição futura não depende de nós, ele depende totalmente de
Deus. Paulo deixou isto claro quando escreveu: “Se habita em vós o
Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo
que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos, vivificará também os
vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que em vós habita”
(Romanos 8.11). A ressurreição de nossos corpos humanos não
depende de nós, ela é inteiramente dependente de Deus. E podemos ter
plena certeza de que isso irá acontecer, porque Ele ressuscitou seu
Filho unigênito dentre os mortos.
5. Os rituais da Ceia do Senhor e do batismo são baseadas
na ressurreição
Muitas igrejas evangélicas têm somente dois rituais: o batismo
(que se realiza uma vez) e a Ceia do Senhor (que é observada
periodicamente). Ambos dependem da ressurreição.
O próprio Cristo instituiu a Ceia do Senhor, que nos lembra a
morte com a qual Ele nos salvou dos nossos pecados. Quando o
Espírito de Deus inspirou o apóstolo Paulo a instruir a igreja de
Corinto sobre o propósito da comunhão, ele escreveu: “Porque todas
as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais
[testificais] a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Coríntios 11.26).
Obviamente, sua vinda, que testificamos na ceia, depende da
ressurreição. Sem ressurreição não há comunhão.
O outro ritual, o batismo, é intimamente ligado à ressurreição.
Ele também é um testemunho de nossa crença na morte, sepultamento
e ressurreição de nosso Salvador. Paulo de novo instrui a igreja:
Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos
batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua
morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo
batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre
os mortos pela glória do Pai, assim também andemos
nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com
ele na semelhança da sua morte, certamente o
seremos também na semelhança da sua ressurreição;
sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e
não sirvamos o pecado como escravos... Ora, seja
morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos; sabedores que havendo Cristo ressuscitado
dentre os mortos, já não morre: a morte já não tem
domínio sobre ele. (Rm 6.3-6, 8-9)
O batismo, naturalmente, não salva o crente, mas o identifica
publicamente com a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.
Como o apóstolo disse à igreja de Colossos, somos “sepultados
juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes
ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre
os mortos” (Colossenses 2.12).
A ressurreição celebrada nesses rituais é que dá aos cristãos a
certeza de dormir em paz cada noite, sabendo que seus pecados estão
perdoados e sua ressurreição está garantida, pois seu advogado é Jesus
Cristo, com quem viverão para sempre quando Ele retornar. O que
poderia ser mais importante para o crente e para a igreja?
Meio Evangelho Não É Evangelho
D. L. Moody, o grande evangelista do século dezenove e
fundador do Instituto Bíblico Moody (uma das mais antigas e fiéis
escolas de preparação cristã nos Estados Unidos), designou alguns
estudantes que se preparavam para o ministério, para dirigir reuniões
evangelísticas por toda a cidade de Chicago. Os estudantes foram
pregar sermões à noite como um meio de ganhar almas para Cristo e
praticar suas pregações. Certa noite o Dr. Moody apareceu sem se
anunciar em uma das reuniões para ouvir um de seus jovens pastores
estreantes pregar o evangelho. O jovem pregador saiu-se bastante bem
ao falar sobre a morte de Cristo na cruz pelos pecados do mundo. No
final do sermão, ele anunciou que todos deveriam retornar ao local na
noite seguinte, quando, então, ele “pregaria sobre a ressurreição de
Cristo”.
Depois da saída dos ouvintes, Moody disse: “Jovem, você não
voltará amanhã à noite! Não foi o evangelho que você pregou esta
noite, mas apenas a metade dele. Muitas destas pessoas não voltarão
amanhã à noite e conseqüentemente ouviram somente metade do
evangelho!” Então ele definiu o evangelho nas palavras de Paulo: “que
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi
sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1
Coríntios 15.3-4).
As igrejas que deixam a ressurreição fora de sua mensagem não
pregam o evangelho. A ressurreição de nosso Senhor não é uma
doutrina ocasional que pode ser apresentada durante a Páscoa, e depois
esquecida pelo resto do ano. Ela deve sempre ser a mensagem da igreja,
porque ela é a única esperança para este mundo assolado pelo pecado.
17. A Ressurreição de Jesus Pode Ser Provada?
Josh McDowell é atualmente um dos mais capacitados
defensores da fé cristã, particularmente no que diz respeito à
ressurreição física de Jesus de Nazaré. Josh, porém, não foi sempre um
cristão; na verdade, enquanto freqüentava a faculdade, ele era um cético
que se divertia fazendo de tolo qualquer cristão que ousasse fazer
perguntas “erradas” na sala de aula. Ele foi um aluno brilhante,
terminando seus estudos com todas as honras.
Josh nasceu para ser um debatedor, um polemista, e graças ao
ceticismo que predominou em sua formação e preparação, ele não
resistia ao desafio lançado por alguns estudantes cristãos para que
examinasse a validade do cristianismo. Ele começou achando que tudo
estava a seu favor; como ele disse mais tarde, “eu não sabia que havia
evidências que a pessoa podia avaliar mentalmente” para poder
comprovar a posição cristã. “Como cético, aceitei o desafio para
examinar intelectualmente as alegações de que Jesus Cristo era Filho de
Deus, que Ele tinha sido sepultado e ressuscitado três dias depois, e
que Ele pode ainda hoje mudar a vida de uma pessoa. Uma das áreas
cruciais de minha pesquisa para contestar o cristianismo estava centrada
na ressurreição... Surpreendentemente, não pude refutar o cristianismo,
porque não conseguia explicar satisfatoriamente um acontecimento
essencial na história — a ressurreição de Jesus Cristo.”
Certa vez um estudante da Universidade do Uruguai perguntoulhe: “Professor McDowell, por que o senhor não pode contestar
racionalmente o cristianismo?” Ele respondeu: “Por uma razão muito
simples. Não sou capaz de explicar satisfatoriamente um acontecimento
na história — a ressurreição de Jesus Cristo”.
Josh McDowell e eu somos amigos há uns vinte e cinco anos.
Participamos juntos de várias conferências ou convenções pelo país e
ele falou muitas vezes em minhas igrejas em San Diego (ele morava a
uns setenta quilômetros de distância). Em um domingo de Páscoa,
alugamos o centro de convenções da cidade e convidamos nossas três
igrejas e muitos outros que se interessaram em participar, para ouvir
este ex-cético compartilhar algumas de suas fortes razões para crer na
ressurreição. Ele fez mais de 580 conferências em universidades,
escreveu vários livros de sucesso, incluindo clássicos como Evidência
Que Reclama um Veredito, Mais Que um Carpinteiro, e O Fator
ressurreição. Hoje ele dirige um ministério internacional dedicado a
alcançar jovens nas universidades e escolas secundárias através da
esmagadora evidência da divindade de Cristo e de sua ressurreição.
Aonde quer que ele vá, lança também um desafio para se viver uma
vida sexualmente pura. Milhares de pessoas estão atendendo ao seu
apelo — tudo porque ele se tornou pessoalmente convencido da
realidade da ressurreição corpórea de Jesus.
Razões para Crer na Ressurreição
A ressurreição de Jesus reúne mais evidências favoráveis do que
qualquer outro acontecimento da história antiga. Tenho certeza de que
você ficará convencido de que a evidência é tão incisiva quanto
convincente. Mas nenhuma das evidências — exceto o retorno físico de
Jesus à terra para nos mostrar as cicatrizes em seu corpo — é absoluta.
Isto faz parte do plano de Deus, que exige de nós alguma dose de fé.
Não a fé cega! Devemos usar o cérebro que Deus nos deu para pesar as
evidências e depois então tomar uma decisão racional para aceitar o
registro bíblico como verdadeiro e válido. Avalie as evidências abaixo e
decida por si mesmo.
1. O túmulo vazio
Todos os túmulos famosos no mundo — a Abadia de
Westminster em Londres, o Túmulo de São Tome na índia, o “Túmulo
do Soldado Desconhecido”, em Washington, ou os muitos outros
túmulos em Israel — são famosos pelos corpos que contêm. Mas isto
não acontece com o túmulo de Jesus. Ele é o único no mundo famoso
pelo que não contém. Ele estava vazio na primeira manhã da Páscoa e
continuou assim. O túmulo vazio é um lembrete constante da
mensagem do anjo às mulheres: “Ele não está aqui: ressuscitou, como
havia dito.”
O significado do túmulo vazio não deve ser subestimado. Este
fato foi comprovado tanto por seus amigos como por seus inimigos,
sendo mencionado pelos quatro escritores dos evangelhos e citado por
Paulo, Pedro e por outros escritores do Novo Testamento. Observe os
acontecimentos narrados no texto a seguir.
Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia,
chamado José, que era também discípulo de Jesus.
Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus.
Então Pilatos mandou que lho fosse entregue. E José,
tomando o corpo, envolveu-o em um pano limpo de
Unho, e o depositou no seu túmulo novo, que fizera
abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a
entrada do sepulcro, se retirou. Achavam-se ali,
sentadas em frente da sepultura, Maria Madalena e a
outra Maria. (Mt 27.57-61)
Teria sido impossível incentivar as pessoas a adorar um Salvador
“ressurreto” se o seu corpo ainda estivesse no túmulo! Os discípulos
podiam ter disfarçado a decepção por algum tempo mudando-se para
uma cidade centenas de quilômetros distante do lugar em que tudo
aconteceu. Mas não foi o que eles fizeram. Eles começaram
imediatamente a pregar lá mesmo, em Jerusalém, que Jesus havia
ressuscitado. E usaram o túmulo vazio como “prova número 1”, o
primeiro documento da evidência.
Você Pode Acreditar no Relato dos Amigos de Jesus
Muitos dos que testemunharam o túmulo vazio eram amigos de
Jesus. Eles foram os primeiros a anunciar a sua ressurreição. Todos eles
encontraram o túmulo vazio, assim como as duas Marias que chegaram
ao túmulo e encontraram a pedra removida. Observe o relato das
seguintes testemunhas oculares:
O ANJO: “Ele não está aqui: ressuscitou, como havia
dito. Vinde ver onde ele jazia.” (Mateus 28.6)
MARIA MADALENA: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me
onde o puseste, e eu o levarei.” (João 20.15)
PEDRO E JOÃO: Depois de Pedro e João ouvirem as
mulheres dizer: “Tiraram do sepulcro o Senhor e não
sabemos onde opuseram “, saíram ambos e foram ao
sepulcro. “Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo
João] correu mais depressa do que Pedro e chegou
primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de
linho; todavia não entrou. Então Simão Pedro,
seguindo-o, entrou no sepulcro. Ele também viu os
lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de
Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado
em um lugar aparte.” (João 20.3-7)
Você Pode Crer no Testemunho dos Inimigos de Jesus
Todos sabem que os líderes religiosos dos judeus eram inimigos
de Jesus. Foram eles que forçaram Pilatos a crucificá-lo. Em
conseqüência disso, depois que Jesus ressuscitou,
... alguns da guarda foram à cidade e contaram aos
principais sacerdotes tudo o que sucedera. Reunindose eles em conselho com os anciãos, deram grande
soma de dinheiro aos soldados, recomendando-lhes
que dissessem: “Vieram de noite os discípulos dele e o
roubaram, enquanto dormíamos.” Caso isto chegue ao
conhecimento do governador, nós o persuadiremos, e
vos poremos em segurança. Eles, recebendo o
dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão
divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje. (Mt
28.11-15)
Cito esta passagem para mostrar como os soldados romanos e os
líderes judeus se defrontaram com o túmulo vazio e o desaparecimento
do corpo de Jesus. Os soldados estavam aterrorizados — como não
podiam deixar de estar, pois era costume romano que, quando um
guarda perdia um prisioneiro, deveria tomar o lugar dele. Ser
crucificado e sepultado no túmulo de Jesus não era nada desejável!
Quando os líderes judeus foram notificados do túmulo vazio e do
desaparecimento do corpo de Jesus, eles nada podiam fazer para
substituí-lo! Você pode estar certo de que eles teriam apresentado o
corpo de Jesus, se estivesse com eles. Como isso não era possível, então
forjaram esta mentira de que os discípulos levaram seu corpo. Eles
chegaram a recorrer a suborno e promessas de proteção para tornar a
história aceitável.
Esses homens fizeram um bom trabalho ao espalhar este rumor,
pois, como Mateus escreveu — “Esta versão divulgou-se entre os
judeus até o dia de hoje” (cerca de trinta anos depois dos
acontecimentos). Em outras palavras, depois de trinta anos, eles ainda
não tinham descoberto o corpo de Jesus! O túmulo estava vazio porque
tinha de estar vazio — exatamente como você esperaria depois que
uma pessoa ressuscitasse dentre os mortos.
Se ao Menos Eles Tivessem o Corpo de Jesus!
Se os líderes tivessem o corpo de Jesus, eles o teriam exibido
muitas vezes durante os trinta anos após a crucificação. No dia de
Pentecoste, depois do sermão inspirado de Pedro, eles viram milhares
de judeus aceitando o Cristo ressurreto. Se eles fossem capazes de
mostrar o corpo de Jesus, todos esses novos convertidos voltariam às
suas sinagogas e o cristianismo teria morrido ali mesmo. Por que isto
não aconteceu? Simplesmente porque eles não tinham o corpo!
Gamaliel foi um líder dos judeus admirado pelos cristãos durante
quase dois milênios por ter agido de maneira equilibrada e racional. No
calor da batalha pelas almas de homens e mulheres, a pregação de
Pedro inspirou milhares a se converterem — mas inflamou o ódio dos
inimigos de Jesus. Eles ficaram tão furiosos que discutiam como matar
Pedro e os outros discípulos:
Mas, levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado
Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo,
mandou retirar os homens, por um pouco, e lhes disse:
“Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes
homens. Porque antes destes dias se levantou Teudas,
insinuando ser ele alguma coisa, ao que se agregaram
cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e
todos quantos lhe prestavam obediência se
dispersaram e deram em nada.” (At 5.34-36)
A seguir, esse mesmo fariseu mencionou outro caso que resultou
em total fracasso. E, por fim, acrescentou:
“Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixaios; porque se este conselho ou esta obra vem de
homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis
destruí-los, para que não sejais, porventura, achados
lutando contra Deus.” (Atos 5.38-39)
Não sabemos se este fariseu imparcial chegou a tornar-se um
cristão, mas seu conselho naquelas circunstâncias foi acertado. O
crescimento imediato da igreja realmente comprovou o fato da
ressurreição. Mas a meu ver, nada disso teria sido necessário se o corpo
de Jesus pudesse ter sido exibido. Isso, porém, era impossível, porque
Jesus “ressuscitou, como havia dito”.
Josh McDowell acrescenta algumas interessantes considerações
sobre este ponto.
Justino Mártir em seu Diálogo com Trifo relata que as
autoridades de Jerusalém enviaram representantes
especiais por toda a região do mediterrâneo, afim de
contradizerem a história do túmulo vazio com a
explicação de que seus seguidores roubaram o corpo.
Porque as autoridades judaicas subornariam a guarda
romana e divulgariam a explicação do “corpo roubado “
se o túmulo estivesse ocupado? O historiador Ron
Sider concluiu que: “Se os cristãos e seus opositores
judeus concordavam que o túmulo estava vazio, temos
pouca escolha a não ser aceitar o túmulo vazio como
fato histórico. “John Warwick Montgomery, deão da
Escola de Direito Simon Greenleaf, em Anaheim,
Califórnia, disse: “É difícil de acreditar que os primeiros
cristãos pudessem ter fabricado tal história para então a
divulgar entre aqueles que podiam refutá-la com
facilidade, simplesmente apresentando o corpo de
Jesus.”
O Dr. Paul Althaus, da Universidade de Erlangen, Alemanha,
afirmou: “O relato da ressurreição poderia não ter sido mantido em
Jerusalém por um único dia, se o túmulo vazio não fosse realmente um
fato comprovado”.
Tom Anderson, ex-presidente da Califórnia Trial Lawyers
Association e co-autor do Manual Básico de Advocacia da Association
of Trial Lawyers of America, afirma:
Admitamos que Cristo não ressuscitou. Admitamos que
os relatos escritos de seus aparecimentos a centenas
de pessoas sejam falsos. Quero formular uma questão.
Com um acontecimento tão bem divulgado, não seria
razoável que um historiador, uma testemunha ocular ou
um antagonista tivesse registrado que ele tinha visto o
corpo de Cristo? “Ouçam, eu vi aquele túmulo — ele
não estava vazio! Olhe, eu estive lá, Cristo não
ressuscitou. Na verdade, eu vi o corpo de Cristo.” O
silêncio da história é a maior prova quando se trata do
testemunho contra a ressurreição.
2. Quem removeu a pedra?
Poucos críticos (exceto aqueles radicais como Crossan e outros
do Seminário Jesus) negam que uma grande pedra foi colocada na
entrada do túmulo de Jesus, que o túmulo foi selado e que uma guarda
romana vigiava o local para impedir que seus amigos roubassem o
corpo. Nenhum deles parece negar que a pedra foi removida, abrindo o
túmulo, naquela manhã de Páscoa. A grande pergunta é: quem removeu
a pedra? Não poderiam ter sido seus inimigos, pois, como vimos, eles
tomaram as devidas precauções para ocultar o fato de que ela tinha sido
afastada da entrada do túmulo e que o corpo de Jesus não estava lá.
Além da explicação encontrada nos evangelhos, há somente duas
possibilidades:
1. O próprio Jesus levantou-se e afastou a pedra;
2. As mulheres ou alguns outros amigos o fizeram.
Estas duas opções são uma versão da “teoria do desmaio” ou da
“teoria do ressuscitamento” (ambas são ridículas e serão analisadas no
próximo capítulo). A primeira imagina um Jesus tão enfraquecido que
não podia carregar sua própria cruz (como resultado dos açoites
sofridos) e que, depois de ficar pregado na cruz por nove horas e ter
sido considerado morto pelos soldados romanos que eram especialistas
em crucificação (um dos quais cravou a ponta da lança em seu lado, de
onde jorraram “sangue e água”), de repente, miraculosamente, acordou.
Apesar de estar todo envolto em tiras de pano, ele desvencilhou-se
delas e, sem que os guardas percebessem, pôs-se a empurrar uma pedra
de duas toneladas. Isto teria sido um milagre ainda maior do que a
ressurreição!
A outra possibilidade é que as mulheres, apesar de terem se
perguntado ao chegar: “Quem nos removerá a pedra da entrada do
túmulo?” — apesar disso reuniram forças para abrir o túmulo.
Mas, mesmo que elas conseguissem tal feito, isso não explica
como elas poderiam quebrar o selo romano e fazer todo esse trabalho
sem acordar os guardas sonolentos!
Visitei o jardim do túmulo em Jerusalém em seis ocasiões.
Embora não estivesse certo se aquele era realmente o túmulo em que
Jesus foi enterrado, ele atende aos requisitos das escrituras: é um
“jardim” perto do lugar da caveira em que Jesus foi crucificado, “fora
do muro” da Velha Jerusalém. Mas, mesmo que não fosse exatamente
aquele túmulo, ele é típico daquele período. Um sulco de dezoito a
vinte e cinco centímetros era aberto no chão, desde a colina até a
entrada do túmulo e, então, uma pedra era cortada da rocha, de modo
que depois que o corpo fosse colocado no interior, a pedra pudesse ser
rolada de cima para baixo pelo sulco até bloquear a entrada do túmulo.
Remover a pedra — cujo peso estimado era de uma e meia a duas
toneladas — de volta pelo sulco ascendente seria uma tarefa impossível
para vinte mulheres, quanto mais para duas! Não, as mulheres não
removeram a pedra. Então quem foi?
Josh McDowell fez uma interessante descoberta a este respeito:
No texto de Marcos 16.4 dos manuscritos Bezae, na
Biblioteca de Cambridge, Inglaterra, uma afirmação em
parêntese foi acrescentada: “E quando Ele foi colocado
ali, ele (José) pôs contra a [entrada] do túmulo uma
pedra que vinte homens não poderiam remover.”
Mais tarde, eles me escreveram uma carta com os
detalhes técnicos, escrevendo suas conclusões no
verso, em linguagem simples.
Disseram que uma pedra daquele tamanho deveria
pesar no mínimo de uma e meia a duas toneladas. Não
surpreende, pois, que Mateus e Marcos tenham dito
que a pedra era extremamente grande.
Portanto, quem moveu a pedra? A Bíblia tem uma resposta
simples: “E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do
Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre
ela” (Mateus 28.2). Todos sabemos que um anjo não teria dificuldade
de remover uma pedra desse tamanho — mas isto introduz o elemento
sobrenatural! E esta é exatamente a minha posição. Tanto o túmulo
vazio como a pedra removida requer a inclusão do sobrenatural. Sem a
ressurreição, não há explicação razoável para os detalhes.
3. As testemunhas oculares do Cristo ressurreto
Por mais importantes que a pedra removida e o túmulo vazio
sejam para provar a ressurreição, temos evidência ainda maior: mais de
quinhentas testemunhas oculares, muitas das quais conhecemos pelo
nome. Sem subestimar os fatos acima — e mesmo sendo um problema
para os céticos—, a pedra removida e o túmulo vazio não
transformaram ninguém. Como veremos, foi o encontro com o Cristo
ressurreto que transformou as vidas daqueles primeiros cristãos. Tome
estava tão cético sobre a ressurreição de Jesus que se recusou a crer,
muito embora muitos de seus amigos e todos os discípulos lhe
dissessem: “Vimos o Senhor”. Foi somente depois de tê-lo visto que
Tome exclamou: “Senhor meu e Deus meu!”
Os testemunhos daqueles que viam o Senhor ressurreto nos
proporcionam uma evidência poderosa que não pode ser desprezada:
Jesus realmente viveu depois de ter sido crucificado. A importância
deste fato não passou despercebida ao Dr. Lucas, o cuidadoso
historiador do primeiro século que disse a respeito dos discípulos: “A
estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas
provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando
das coisas concernentes ao reino de Deus.” (Atos 1.3)
Estas “provas infalíveis” são, mais do que tudo, as cerca de
quinhentas pessoas que testemunharam o Cristo ressurreto. Todas elas
juntas constituem uma evidência esmagadora em qualquer tribunal do
mundo. Como nenhuma das narrativas do evangelho inclui todos os
relatos das testemunhas oculares, não sabemos ao certo a ordem em
que esses aparecimentos ocorreram. A meu ver, a melhor lista é a que
se encontra logo abaixo:
É geralmente aceito que o Novo Testamento registra
dez aparecimentos de Jesus entre o momento de sita
ressurreição, na manhã da Páscoa até a ascensão
quarenta dias depois, além de seu aparecimento a
Saulo, mais tarde, na estrada de Damasco. Seria
melhor para nós enumerar esses aparecimentos para
podermos constatar melhor seu significado
1. A algumas mulheres quando retornavam do
sepulcro, depois de terem visto o anjo que lhes
disse que Cristo tinha ressuscitado. (Mt 28.110)
2. A Maria Madalena perto do sepulcro,
provavelmente em sua segunda visita ao local
naquela manhã (Jo 20.11-18; Mc 16.9-11).
3. Ao apóstolo Pedro, antes do anoitecer do dia
da ressurreição, mas em circunstâncias de que
não temos detalhes (Lc 24.34; 1 Co 15.5).
4. Aos dois discípulos, Cleopas e um outro, a
caminho de Emaús, na tarde do domingo da
Páscoa (Mc 16.12-13; Lc 24.13-35).
5. Aos dez apóstolos, estando Tome ausente,
juntamente com outros cujos nomes não são
indicados, reunidos na noite do domingo da
Páscoa para tomarem a refeição (Mc 16.14-18;
Lc 24.36-40; Jo 20.19-23; 1 Co 15.5).
6. Uma semana mais tarde, a todos os onze
apóstolos, provavelmente no mesmo lugar do
aparecimento anterior (Jo 2026-28).
7. A vários discípulos no mar da Galiléia,
enquanto estavam pescando, sem indicação da
hora exata (Jo 21.1-23).
8. Aos apóstolos, e a mais de quinhentos irmãos,
de uma única vez, na montanha indicada por
Jesus na Galiléia (Mt 28.16-20; 1 Co 15.6).
9. A Tiago, em circunstâncias das quais não
temos nenhuma informação (1 Co 15.7).
10. Aos apóstolos em Jerusalém, um pouco antes
da ascensão no monte das Oliveiras (Mc 16.19;
Lc 24.50-52; At 1.3-8).
Muitas coisas devem ser observadas nesses
aparecimentos. Em primeiro lugar, há uma considerável
variedade de circunstâncias associadas a essas dez
manifestações. Não foi a somente uma pessoa, ou
grupo de pessoas, que Ele se revelou em diferentes
ocasiões, nem ao mesmo tipo de pessoa. Foi para
algumas mulheres, para dois discípulos na estrada de
Emaús, para os apóstolos reunidos em um cenáculo e
para quinhentos irmãos que se encontravam juntos no
mesmo lugar. Foi para pessoas diferentes como Maria
Madalena, Pedro, Tiago, João e Tome! Até os
sentimentos desses grupos eram diferentes, no instante
em que as manifestações foram feitas a eles: as
mulheres afastavam-se rapidamente do sepulcro, com
medo e grande alegria; Maria Madalena chorava fora
do sepulcro; os dois discípulos conversavam, cheios de
tristeza por todas as coisas que tinham acontecido; os
apóstolos estavam reunidos a portas fechadas com
medo dos judeus; os irmãos na Galiléia estavam
reunidos em obediência à ordem de Cristo; os sete
discípulos voltaram à velha ocupação como
pescadores; os onze no monte das Oliveiras
alegravam-se na presença de seu Senhor com a plena
certeza de que era realmente Ele.
(Dr. Wilbur M. Smith – The Supernaturalness of christ,
Boston: W. A. Wilde Co, 1940).
Assim como todos os milagres de Jesus, estes aparecimentos não
foram encenações; eles ocorreram durante as atividades diárias de cada
um. Isto os torna mais “infalíveis”. Não houve duas manifestações
exatamente iguais. Uma foi pela manhã; outra, à tardinha. Em alguns
casos Ele comeu com eles; certa vez ele cozinhou uma refeição para
eles; de outra vez repetiu um milagre que tinha realizado antes de ser
crucificado (isto é, a “pesca maravilhosa”).
Também as reações não foram sempre as mesmas ao verem o
Cristo ressurreto. Algumas pessoas quiseram “adorá-lo”; outras
choraram de alegria; e todas foram transformadas pelo encontro.
Alguns céticos, pelo menos mil e setecentos anos depois desses
acontecimentos, tentaram nos fazer crer que todos esses aparecimentos
podem ser explicados pela histeria ou alucinações coletivas. Mas que
tipo de alucinação seria essa? Pessoas diferentes, por um período de
quarenta dias e sob diferentes circunstâncias relataram suas experiências
essencialmente da mesma forma.
Nenhum outro acontecimento do passado possui tanta evidência
para confirmá-lo. Como veremos no próximo capítulo, o apóstolo
Paulo, o primeiro escritor do Novo Testamento, vinte anos após a
ressurreição deu-nos uma lista daqueles que viram o Cristo ressurreto.
Depois de mencionar “Cefas” (ou Pedro), ele escreveu: “Depois foi
visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria
sobrevive até agora, porém alguns já dormem” (1 Coríntios 15.6).
É importante notar que a maioria das pessoas que tinham visto
Cristo após a ressurreição estavam ainda vivas vinte e cinco anos mais
tarde, quando Paulo escreveu 1 Coríntios. Por isso, quando as
narrativas do evangelho começaram a se propagar, elas teriam
certamente objeções a fazer às histórias da ressurreição de Jesus, se de
fato elas não fossem verdadeiras. Entretanto, nenhuma objeção jamais
se levantou a este respeito. Os que primeiro negaram o túmulo vazio, a
pedra removida e os testemunhos dos que comprovaram a ressurreição
apareceram por volta de mil e setecentos anos depois dos
acontecimentos em questão.
Hoje, quase no vigésimo primeiro século da era cristã, nós temos
uma decisão a tomar. A qual relato devemos dar crédito — ao das
quinhentas testemunhas oculares que viveram naqueles dias, ou ao dos
céticos “eruditos” que viveram mil e setecentos anos depois dos
acontecimentos? Se nossa decisão baseia-se na evidência e não
meramente na aversão pelo sobrenatural, há somente uma escolha:
Jesus de fato ressuscitou dentre os mortos.
4. O caráter de Jesus torna fácil acreditar nele quando
afirmou que ressurgiria após a morte
Dificilmente alguém nega que Jesus tenha vivido uma vida santa,
humilde e sacrificial. Mesmo entre aqueles que rejeitam sua divindade
muitos o consideram “um grande exemplo moral”, “um caráter
excelente”, “um modelo de vida a ser seguido”, ou outras expressões
semelhantes. Ninguém lançou difamações ao caráter moral de Jesus,
mesmo quando o cristianismo tornou-se uma ameaça a outras religiões.
Na verdade, os primeiros ataques ao seu caráter ocorreram no século
dezessete, quando um punhado de estudantes ateus resolveram
reescrever a história para fazer parecer que Jesus tinha feito alguma
coisa imoral. Isto teria ficado no esquecimento há muito tempo se um
produtor moralmente pervertido de Hollywood não tivesse feito um
filme blasfemo (que, por sinal, foi um desastre de bilheteria, resultando
em um imenso déficit) (Filme: a Última Tentação de Cristo).
É extremamente difícil a qualquer um que tenha ódio de Jesus
obter algo contra sua moralidade, pois tão elevado é o seu caráter, que é
reconhecido por todos os historiadores (mesmo aqueles como Thomas
Jefferson, que rejeitava sua divindade mas aceitava seu caráter moral
como um modelo para o comportamento moderno). Neste sentido,
Jesus é uma figura singular na história. Nenhuma outra pessoa se
aproxima da perfeição moral demonstrada por Ele.
John R. Rice, falecido evangelista e editor do semanário Espada
do Senhor, escreveu:
Quem há em toda a história humana como Cristo? Sua
personalidade, sua pureza moral, seu discernimento
espiritual, sua sabedoria infinita, fazem dele alguém
absolutamente único. Quando o comparamos com
Sócrates, Buda, Maomé, Gandhi, Lenin, Shakespeare,
Napoleão, Washington, Lincoln, ou Roosevelt,
constatamos que não há comparação. Os sábios, a
intelligentsia, os mestres do mundo são crianças perto
de sua sabedoria. Seus códigos e sistemas morais são
fragmentários e inadequados comparados aos ensinos
de Jesus. Os heróis do mundo têm suas falhas e suas
fraquezas, mas Jesus Cristo não tem nenhuma falha
nem qualquer fragilidade. Ele podia ousadamente
desafiar seus críticos: “Quem dentre vós me convence
de pecado?” (Jo 8.46)
J. Oswald Sanders escreveu: “Foi a partir da vida e ensino de
Jesus que a humildade foi exaltada como a principal virtude”. Com sua
vida e ensinos Jesus reescreveu as normas de conduta para o mundo
inteiro no que diz respeito ao caráter, moralidade, respeito pelos outros,
vida altruística e integridade. Ele exaltou a dignidade da mulher,
enalteceu a maternidade, estabeleceu a necessidade de amar e proteger
as crianças, sem depreciar a posição do homem. O modelo de caráter e
os ensinamentos de Jesus enriquecem todos os seres humanos.
Por isso, quando uma pessoa assim dedica boa parte do seu curto
ministério anunciando que certamente ressurgiria após a morte, sua
palavra merece crédito. Talvez apenas isto não fosse suficiente, mas
quando somado a outras linhas de raciocínio expostas neste capítulo,
ele é mais um argumento em favor do fato de que sustenta que “é
necessário que o Cristo sofra e ressuscite dentre os mortos no terceiro
dia”.
Na verdade, toda a história da ressurreição, tal como se apresenta
nos evangelhos, combina bem com o caráter de Deus e de Cristo. Não
é conflitante com os milagres de Jesus e realmente proporcionaria um
excelente clímax a seu nascimento miraculoso, vida, ministério e morte.
Se um homem manifesta um caráter impecável, como fez Jesus, depois
realiza milagres em benefício das pessoas, transmite ensinamentos
insuperáveis, e por fim morre sacrificialmente pelos pecados como “o
cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”— por que devemos
ficar surpresos com sua ressurreição no terceiro dia? Principalmente
quando isto é exatamente o que Ele disse que tinha vindo fazer? Além
disso, lembremo-nos de que o maior livro sagrado do mundo predisse
que Ele faria a mesma coisa, e o fez de forma tão clara que, se Ele não
fosse aquele que deveria cumprir as profecias, teríamos de procurar
alguém idêntico a Ele. Não há dúvida de que a ressurreição é o clímax
de toda a sua vida.
5. A ressurreição de Jesus mudou o dia de adoração
Os primeiros seguidores de Jesus eram judeus. Todos sabiam que
os judeus adoravam aos sábados — “o Sabbath”, porque assim estava
ordenado no decálogo. O Sabbath era um constante lembrete de que
em seis dias Deus criou os céus, a terra, o homem, e todos os seres
viventes — e então “descansou no sétimo dia”. Deus até prometeu
abençoar seu povo por não fazer qualquer trabalho no Sabbath, e darlhe prosperidade se o guardasse como um dia de descanso e adoração.
Na época em que Jesus veio a este mundo, o Sabbath era o costume
mais defendido em Israel. Era um sinal de que a nação adorava Jeová
Deus. De fato, a causa de muitas divergências dos judeus com Jesus era
o hábito do Senhor de fazer boas obras (como curar o enfermo e o
aleijado) no dia de Sabbath.
Portanto, a pergunta que se levanta é: por que a igreja primitiva
— uma instituição exclusivamente judaica no seu início — mudou o dia
de adoração para “o primeiro dia da semana”, ou domingo? Há
somente uma resposta: os primeiros cristãos acreditavam que Jesus
ressuscitou no primeiro dia da semana. Passados quase dois mil anos, a
adoração cristã é um testemunho concreto de que a igreja sempre
acreditou que Jesus ressuscitou triunfalmente sobre a morte no
primeiro dia da semana.
Acho interessante que, embora Jesus não tivesse dado qualquer
instrução aos primeiros cristãos quanto à mudança do dia de adoração,
eles o adotaram assim mesmo. Eles pareciam seguir o próprio exemplo
de Jesus. Ele não somente ressuscitou no primeiro dia, mas apareceu
aos seus discípulos nesse dia, como também no Sabbath seguinte,
quando Tome também estava presente. O apóstolo João chama-o “Dia
do Senhor” (Ap 1.10) e na ocasião em que Paulo fez sua primeira
viagem missionária, era costume dos cristãos se reunirem no primeiro
dia da semana para adoração e estudo bíblico. Por essa razão Paulo
achou fácil ir às sinagogas no Sabbath para pregar aos judeus e depois
encontrar-se com os cristãos no Dia do Senhor. Já em seus dias este
costume estava arraigado!
Os céticos podem não gostar da idéia de que os primeiros
cristãos mudaram o dia de adoração do sábado para o domingo a fim
de comemorar a ressurreição de nosso Senhor no “primeiro dia da
semana”, mas esta é a única explicação para esse comportamento.
Nenhuma outra alternativa é viável!
6. A conversão instantânea do apóstolo João
O apóstolo João parece ter sido alguém muito especial. Ele fazia
parte do círculo íntimo de Jesus, juntamente com seu irmão Tiago e
com Pedro. Os três viram a transfiguração de Jesus e foram convidados
a acompanhá-lo para orar no Getsêmani. Entre os doze discípulos, eles
eram os que estavam mais perto de Jesus. João sobreviveu a todos os
outros apóstolos e era provavelmente bastante jovem quando foi
chamado a seguir Jesus (alguns admitem que ele tinha apenas dezessete
anos). Sabemos que ele foi extremamente fiel a Cristo durante toda sua
vida e que escreveu cinco livros do Novo Testamento: o evangelho que
leva seu nome; três pequenas cartas nas páginas finais do Novo
Testamento; e a incrível profecia do Apocalipse. A conversão
instantânea de João pode ter feito dele o primeiro a crer
verdadeiramente na ressurreição, a menos que a honra caiba às duas
Marias ou uma delas. Ele mesmo narrou o acontecido, logo depois de
Maria Madalena ter estado no túmulo vazio e encontrado a pedra
removida:
Então correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro
discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: “Tiraram
do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram.”
Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo, e foram ao
sepulcro. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo
correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro
ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de Unho;
todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o,
chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os
lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de
Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado
em um lugar à parte. Então entrou também o outro
discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e
creu. (Jo 20.2-8)
O jovem João adiantou-se a Pedro, mas parou à entrada do
sepulcro. Pedro, o discípulo afoito, chegou depois mas entrou primeiro
no sepulcro. Em seguida João também entrou para ver com seus
próprios olhos e imediatamente se convenceu diante do que viu. A
perfeita ordem daquele túmulo vazio enviou uma mensagem para sua
mente analítica de que alguma coisa sobrenatural tinha acabado de
acontecer. Os panos que envolviam Jesus estavam ali e em perfeita
ordem, como se estivessem envolvendo uma múmia — porém não
havia nenhum corpo dentro! Todas as coisas estavam ainda intactas.
Jesus não estava mais lá, mas deixou no túmulo os panos que
envolviam seu corpo. João percebeu instantaneamente que a única
coisa que podia causar tal milagre era a transformação do corpo morto
de Jesus em um corpo novo, ressurreto, não mais sujeito ao tempo e
espaço. Se o corpo de Jesus foi roubado como alguns dizem, por que
os panos que envolviam seu corpo ainda estavam lá? Se isso tivesse
acontecido, João, a testemunha ocular, não teria visto nada de
excepcional. Mas ele não viu simplesmente uma fria laje de pedra, mas
sim uma mortalha intacta, perfeita. Ele viu até o lenço da face dobrado
e estendido no lugar em que repousava a cabeça do Senhor. Em
perfeita ordem! Não admira que João “viu e creu”. Se nós tivéssemos
estado lá, também teríamos crido!
7. A transformação das testemunhas oculares
Os céticos querem nos fazer acreditar que tanto os discípulos
como aqueles que viram o Cristo ressurreto eram tipos altamente
sugestionáveis que podiam ser enganados por alucinação coletiva. Os
fatos indicam exatamente o contrário. Marcos, o primeiro escritor dos
evangelhos, conta uma história bem diferente:
Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro
dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena,
da qual expelira sete demônios. E, partindo ela, foi
anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de
Jesus, se achavam tristes e choravam. Estes, ouvindo
que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram.
Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois
deles que estavam de caminho para o campo. E, indo,
eles o anunciaram aos demais, mas também a estes
dois eles não deram crédito. Finalmente apareceu
Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censuroulhes a incredulidade e dureza de coração, porque não
deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado.
(Mc 16.9-14)
Os seguidores de Jesus no início demoraram a crer. Quando
Maria disse aos discípulos que o Senhor “fora visto por ela... não
acreditaram”. Os dois homens a quem Lucas diz que Jesus apareceu no
caminho para Emaús já tinham ouvido relatos da ressurreição, mas
estavam deixando Jerusalém porque não acreditaram neles. Jesus
finalmente os censurou por sua descrença e mostrou-lhes nas
Escrituras como todas aquelas coisas deveriam acontecer. Eles por sua
vez foram aos discípulos e contaram toda sua experiência, e, no
entanto, diz Marcos que “também a estes dois eles não deram crédito”
(Marcos 16.13).
Depois disso, “apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa,
e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram
crédito aos que o tinham visto já ressuscitado”. Isto não sugere que eles
eram homens ingênuos e impressionáveis, ansiosos para crer! Lucas
narra como Jesus lhes disse: “Por que estais perturbados? e por que
sobem dúvidas aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus
pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não
tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” Você com certeza
acharia essa prova mais do que suficiente — mas não, Ele teve ainda de
mostrar-lhes suas mãos e seus pés. E para reforçar ainda mais a prova,
Jesus perguntou-lhes: “Tendes aqui alguma coisa que comer?” E
quando lhe deram algum alimento, Ele comeu em sua presença (Lucas
24.38-42).
Evidentemente, esses homens não eram facilmente persuadidos e
nem tão ávidos em acreditar, como sugerem os céticos. A notícia de sua
ressurreição era boa demais para ser verdadeira. Eles viam Jesus
crucificado e achavam que estava tudo acabado. Eram realmente
“tardos de coração para crer”, mas finalmente chegaram à compreensão
(depois de vê-lo várias vezes após a ressurreição) de que era tudo
verdade. Essa verdade foi o motivo da transformação desses homens
em testemunhas zelosas e corajosas da ressurreição.
Convém repetir que, por mais poderosos que sejam os
argumentos do túmulo vazio e da pedra removida, estes fatos não
transformaram nem motivaram ninguém! Se os discípulos não tivessem
realmente se encontrado com o Cristo vivo, não haveria nenhum
cristianismo.
Aqueles encontros não somente convenceram os seguidores de
Jesus, mas transformaram-nos em testemunhas oculares dinâmicas de
sua ressurreição. O livro de Atos deixa claro que a ressurreição tornouse a pedra angular da fé cristã. Ela foi pregada onde quer que o
evangelho fosse anunciado e produziu a mais poderosa força
motivadora na história do mundo. Em menos de trezentos anos, o
testemunho dos discípulos, os seguidores de Jesus, e a igreja primitiva
“viraram o mundo de ponta-cabeça”. O pequeno grupo inicial de doze
pessoas cresceu para cento e vinte na ascensão de Jesus, e para três mil
e, em seguida, cinco mil “homens” no dia do Pentecoste (podemos
admitir um número semelhante de mulheres e crianças). Por volta de
312 d.C, o imperador Constantino declarou o cristianismo a religião
oficial do estado em todo o império romano. Se sua decisão foi por
razões políticas ou religiosas, isso não faz diferença. O fato importante
é que em três curtos séculos o cristianismo tornou-se tão forte que
transformou o cenário político e religioso. Isso não teria acontecido se
aqueles primeiros cristãos não tivessem sido fortalecidos por uma
crença inabalável na ressurreição de Cristo.
A história confirma que os primeiros cristãos foram açoitados,
presos, crucificados, mutilados, afogados, atirados aos leões, mortos
pela fome, fervidos em óleo, enforcados e queimados. Provavelmente
nenhum outro grupo na história tenha sido mais maltratado e
humilhado pelos descrentes do que os cristãos, nem mesmo os judeus.
A aceitação voluntária do martírio por esses cristãos só pode ser
explicada por sua sólida crença no Cristo ressurreto.
8. A conversão do apóstolo Paulo
No capítulo oito consideramos o testemunho do apóstolo Paulo
em relação à divindade de Cristo. Seu testemunho sobre a ressurreição
de Cristo é tão forte que faríamos bem em abordá-lo novamente.
Recordemos que, antes de sua conversão, Paulo foi durante anos
extremamente cético em relação ao cristianismo. Seu ódio aos cristãos
fez com que ele se dedicasse arduamente a combater o cristianismo
Porém algo extraordinário lhe aconteceu, mudando tudo aquilo
instantaneamente. Ele próprio diz como ocorreu sua transformação ao
encontrar-se com o Cristo vivo. Acompanhemos seu próprio
testemunho:
Quanto à minha vida, desde a mocidade, como
decorreu desde o princípio entre o meu povo e em
Jerusalém, todos os judeus a conhecem; pois na
verdade eu era conhecido deles desde o princípio, se
assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu...
Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia
eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e
assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido
autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos
dos santos nas prisões; e, contra estes, dava o meu
voto, quando os matavam. Muitas vezes os castiguei
por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar.
E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por
cidades estranhas os perseguia.
Com estes intuitos parti para Damasco, levando
autorização dos principais sacerdotes e por eles
comissionado. Ao meio-dia... indo eu caminho fora, vi
uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que
brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo. E,
caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava
em língua hebraica: “Saulo, Saulo, porque me
persegues?dura coisa é recalcitrares contra os
aguilhões. “Então eu perguntei: “Quem és tu, Senhor?
“Ao que o Senhor respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem tu
persegues. Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés,
porque por isto te apareci, para te constituir ministro e
testemunha, tanto das coisas em que me viste como
daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te do
povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes
abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz e da
potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam
eles remissão de pecados e herança entre os que são
santificados pela fé em mim.”
Pelo que... não fui desobediente à visão celestial, mas
anunciei primeiramente aos de Damasco e em
Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios,
que se arrependessem e se convertessem a Deus,
praticando obras dignas de arrependimento. Por causa
disto alguns judeus me prenderam, estando eu no
templo, e tentaram matar-me. Mas, alcançando socorro
de Deus, permaneço até o dia de hoje, dando
testemunho, tanto a pequeno como a grande, nada
dizendo senão o que os profetas e Moisés disseram
haver de acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer,
e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos,
anunciaria a luz ao povo e aos gentios. (At 26.4-5,9-23)
Este homem cheio de ódio, que se dedicou a eliminar o
cristianismo, foi de tal modo transformado por seu encontro com o
Cristo vivo que se tornou um dos mais ardorosos evangelistas. Em
lugar de perseguir a igreja, ele se converteu em um fundador de igrejas.
Sua extraordinária transformação é algo que os céticos modernos não
conseguem explicar. Se rejeitarmos a explicação que o próprio Paulo
deu de sua conversão, a que podemos atribuir essa tão rápida
transformação? Estava ele enlouquecido pela culpa? Os escritos de
Paulo no Novo Testamento desmentem essa teoria. Entretanto, essa
parece ser a única explicação possível. E o próprio Paulo comenta esta
teoria tola ao defender-se perante Festo!
Dizendo ele [Paulo] estas coisas em sua defesa, Festo
o interrompeu em alta voz: “Estás louco, Paulo; as
muitas letras te fazem delirar.”
Paulo, porém, respondeu: “Não estou louco, ó
excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de
verdade e de bom senso; porque tudo isto é do
conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza,
pois estou persuadido de que nenhuma destas coisas
lhe é oculta; porquanto nada se passou aí, nalgum
recanto. (At 26.24-26)
Não, Paulo não estava louco, nem por suas muitas letras nem por
sua terrível culpa. Até o dia de seu martírio, ele foi uma das pessoas
mais lúcidas que já andaram pela terra. E verdade que ele nunca
esqueceu seus dias como perseguidor da igreja, mas nunca duvidou que
tinha sido perdoado pelo fundador dessa igreja. Essa é a razão de ele ter
voluntariamente dedicado sua vida para anunciar a ressurreição de
Cristo.
Eles Morreriam por uma Mentira?
A história não deixa dúvida de que os discípulos de Jesus, nos
primeiros trezentos anos depois da crucificação de seu Senhor,
sofreram as mais brutais perseguições e mortes. Não obstante, dentre
os “mais de quinhentos irmãos” que viram o Cristo ressurreto, não
temos conhecimento de casos de deserção ou apostasia. Não temos
qualquer relato de que alguém tenha mudado sua maneira de pensar.
Com certeza isso não aconteceu com nenhum dos onze discípulos (não
incluindo obviamente o traidor, Judas Iscariotes, que não chegou a
viver para ver o Cristo ressurreto). A história nem sequer apresenta
indícios de que um deles alguma vez vacilou; e nenhum negou a
ressurreição de Jesus.
Entretanto, com exceção de João, todos os discípulos morreram
como mártires. A tradição diz que Pedro foi crucificado de cabeça para
baixo a seu próprio pedido, pois considerava-se “indigno” de ser
crucificado da mesma forma que seu Senhor. Paulo, o apóstolo
“nascido fora de tempo” (1 Coríntios 15.8), depois de várias e longas
prisões, morreu em Roma como mártir. Tome, que tinha sido um
“cético” até ver o Cristo ressurreto, levou a obra da grande comissão
aos confins da índia, onde exerceu o ministério por muitos anos, sendo
finalmente martirizado.
(Minha esposa e eu visitamos o túmulo de São Tome, na índia,
onde a tradição diz que seu corpo está enterrado. Evidências concretas
das atividades de Tome foram encontradas no estado indiano de
Kerala, onde ministramos em muitas igrejas cristãs ou assembléias de
“irmãos”. A igreja tradicional dali é conhecida como “a igreja Mar
Tomé”, recebendo este nome em honra do discípulo Tome, que
acreditam foi o primeiro a levar-lhes o evangelho. Kerala é o único
estado cristão de toda a índia; o restante da nação é totalmente hindu.
A história diz que quando os missionários portugueses viajaram à índia
no século quinze, eles aportaram em Kerala, mas encontraram o
cristianismo tão forte ali que se dirigiram a outros lugares. Isto tudo
indica que, embora Tome tenha iniciado sua vida de fé com alguma
dúvida, terminou-a extremamente bem.)
De acordo com os melhores registros, todos os discípulos, exceto
o apóstolo João, morreram por causa de sua fé. Não há o menor
indício de que alguém deles tenha negado sua fé. João, que sobreviveu a
todos os outros discípulos da época de Jesus, pastoreou a grande igreja
de Éfeso durante anos. A tradição diz que ele foi torturado em óleo
fervente, mas sobreviveu e, quando estava com aproximadamente
oitenta e cinco anos, foi banido para a ilha de Patmos. Foi ali que, por
volta de 96 d.C, ele escreveu o último livro do Novo Testamento, o
Apocalipse [a Revelação de Jesus Cristo], onde confirma sua crença na
ressurreição de Jesus e em sua promessa de voltar para cumprir as
profecias do Velho e do Novo Testamento sobre o seu reino futuro.
A questão é: estariam esses discípulos dispostos a sofrer e morrer
por uma mentira? Se de fato eles roubaram e destruíram o corpo de
Jesus e, a partir daí, contaram a todas as pessoas uma mentira bem
elaborada — com tanta habilidade e talento que jamais foram
descobertos — e seriam capazes de morrer por causa de uma mentira
que eles mesmos inventaram? Talvez até poderíamos imaginar que um
ou dois deles fizessem isso — mas todos os onze? Quem consegue
acreditar nisso?
Alguém poderia ainda dizer que não foram os discípulos que
roubaram o corpo, mas, sim que eles acreditaram em uma mentira. Eles
foram simplesmente enganados sobre a ressurreição de Jesus.
Acreditavam que Ele ressuscitou, mas foram enganados. Tal teoria seria
tão impossível quanto a anterior.
Quando a ponta de uma espada é encostada em seu pescoço e
você é intimado a negar a ressurreição de Cristo ou morrer — que tipo
de evidência levaria você a escolher a morte? Você poderia escapar da
morte com algumas simples palavras, como: “Bem, eu realmente nunca
o vi vivo. Você deve estar certo — Ele não ressuscitou”. De novo
podemos achar que um ou mesmo três discípulos enganados possam
dispor-se a morrer por uma crença enganosa na ressurreição de Jesus
— mas todos os onze? Não é razoável supor que pelo menos um deles
capitulasse e renegasse a fé quando ameaçado de morte? No entanto,
nenhum deles fez isso. A única explicação possível é que, quando
confrontados com a morte, os discípulos se agarravam firmemente às
suas profundas convicções a respeito da ressurreição de Jesus. Se não
fosse isso, o que poderia evitar que pelo menos um ou dois
renunciassem à fé? No entanto, nenhum deles jamais fraquejou. Por
que não? Porque eles não somente acreditavam que Jesus tinha
ressuscitado, mas sabiam que isso tinha realmente acontecido. Eles
falaram com ele. Eles o viram. Eles olharam enquanto Ele comia. Eles
o tocaram. Eles sabiam.
Essa é a razão pela qual nenhum deles jamais negou sua fé,
mesmo diante do sofrimento e da morte. Não há nenhuma razão para
temer a morte quando você sabe que seu Salvador a derrotou!
Meu Desafio a um Cético
Tempos atrás um cético, descrente da ressurreição, defendeu o
argumento que acabei de expor. Após admitir, por hipótese, que dois
ou três discípulos pudessem deliberadamente espalhar tal mentira de
forma convincente, perguntei-lhe: “Mas eles morreriam por ela?”
“Possivelmente”, disse ele, “se fossem de fato homens
corajosos.”
“Mas doze deles (incluindo Paulo) morreriam por uma mentira
que eles mesmos espalharam, sabendo que ela é contrária à verdade?
Porque a história mostra que todos se tornaram mártires, com exceção
de João.”
Seu rosto se iluminou, como se ele tivesse descoberto algo que
seria fatal para o meu argumento. “Posso explicar isto: Esprit de corps
[lealdade jurada ou pactuada]. Eles se reuniram em grupo, receberam
força uns dos outros e morreram juntos!” Ele estava orgulhoso de seu
argumento!
“O problema dessa teoria”, repliquei, “é que nunca dois
discípulos morreram juntos!” Cada um deles selou seu testemunho de
que tinha visto o Cristo ressurreto com seu próprio sangue — cada um
por si. Nunca dois discípulos morreram juntos! Alguns pereceram em
Israel, outros na Síria, alguns em Roma, outros na Itália e na índia.
Alguns acham que Pedro morreu na Babilônia, onde, já no fim de sua
vida, escreveu suas epístolas.
Meu amigo imediatamente percebeu o erro de sua teoria e
finalmente entregou sua própria vida ao Cristo vivo, ressurreto.
Amigo, podemos acreditar naquelas primeiras testemunhas
oculares que declararam ter visto o corpo glorificado de Jesus três dias
depois de sua crucificação, porque elas não somente mantiveram sua fé
viva através de seus testemunhos e suas boas obras, mas selaram-na
com seu próprio sangue. Nenhuma outra religião no mundo conseguiu
acumular tantas evidências sobre a verdade de suas crenças essenciais.
Jesus realmente ressuscitou. Não há nenhuma outra explicação
plausível para o que aconteceu há dois mil anos.
18. Algumas Teorias Falsas Sobre a Ressurreição de
Jesus
Os céticos tiveram bastante tempo para desenvolver seus
argumentos contra a ressurreição de Cristo — quase dois mil anos.
Tiveram séculos para formular, processar e refinar suas próprias
explicações sobre o que aconteceu ao corpo de Cristo depois que Ele
foi crucificado. E qual foi o resultado?
As teorias vulneráveis, falhas, que vamos expor e comentar a
seguir são as melhores que os céticos têm a oferecer depois de quase
dois milênios de reflexão. Mas, antes de falarmos deles, gostaria de citar
meu orientador neste trabalho, o Dr. Wilbur M. Smith, que fez uma
observação única a este respeito:
Ao considerar as várias, e geralmente fantásticas,
teorias que têm sido propostas de tempos em tempos
para justificar racionalmente o que o Novo Testamento
apresenta como um extraordinário milagre, a
ressurreição de nosso Senhor, o autor gostaria de fazer
uma afirmação que não consta em nenhum livro sobre
a ressurreição. Ela refere-se ao fato de que durante
todo o ministério de Jesus na terra e ao longo de todo o
Novo Testamento, a ressurreição de Cristo foi áspera e
continuamente combatida.
Quando os principais sacerdotes e os fariseus disseram
a Pilatos no sábado da Semana da Paixão: “Senhor,
lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto
vivia, disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei.’ Ordena,
pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até
o terceiro dia, para não suceder que, vindo os
discípulos, o roubem, e depois digam ao povo:
‘Ressuscitou dos mortos’; e será o último embuste pior
que o primeiro “ (Mt 27.63-64), eles não queriam que
Jesus ressuscitasse, tomando todas as medidas
possíveis para que isto não acontecesse. Este não é o
modo de agir das pessoas que buscam a verdade.
No domingo... quando o Sinédrio deu dinheiro aos
soldados, instruindo-os para que mentissem sobre o
que aconteceu, eles deram provas concretas de que,
embora fossem líderes religiosos do povo judeu, não
estavam buscando a verdade. Eles não queriam a
verdade. Eles queriam apenas uma única coisa: impedir
que o povo acreditasse que Jesus tinha ressuscitado. A
igreja sempre teve controvérsias com pessoas como
essas, algumas delas de suas próprias fileiras, capazes
de fazer qualquer coisa para impedir que as pessoas
conheçam a verdade. Ainda no início da história da
igreja, lemos que os discípulos foram atacados pelos
“sacerdotes, pelo capitão do templo e pelos saduceus,
ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem,
em Jesus, a ressurreição dentre os mortos “,
manifestando o ódio deles à verdade, “recolhendo os
discípulos ao cárcere “ (At 4.1-22)
O Dr. Smith também chamou a atenção para o fato de que o
apóstolo Paulo, anos depois, quando estava em Atenas, pregou sobre a
pedra angular do evangelho: a ressurreição de Jesus. Qual foi a reação
daqueles filósofos humanistas gregos? Ceticismo. Alguns zombaram e
alguns disseram que o ouviriam em outra oportunidade.
Posteriormente, quando se defendia em Jerusalém perante o Sinédrio
(do qual ele mesmo tinha sido membro antes de sua dramática
conversão e da transformação de sua vida), Paulo disse: “no tocante à
esperança e à ressurreição dos mortos sou julgado”. Os fariseus
estavam dispostos a admitir que Jesus poderia ter ressuscitado, porque
acreditavam na vida após a morte. Mas os saduceus atacaram o
argumento, pois faziam parte do partido que se opunha à ressurreição
— não apenas a ressurreição de Jesus, mas de qualquer pessoa. Esta é a
razão por que eles hostilizavam tanto a igreja primitiva e se recusavam a
aceitar as evidências. Eram piores do que o “cético” Tome, pois não
creriam, mesmo que vissem alguém que tivesse ressuscitado.
Tanto nos evangelhos como no livro de Atos, todos
aqueles que atacaram deliberadamente a ressurreição
de Cristo não fizeram esforço algum para investigar as
evidências desse fato e nunca pediram aos discípulos
que apresentassem provas em apoio ao que eles
estavam pregando, Quando observamos a oposição à
verdade da ressurreição de Cristo relatada no Novo
Testamento, verificamos que esse mesmo antagonismo
contra a verdade está presente até os dias de hoje.
Devemos lembrar novamente que as teorias que iremos analisar
adiante são as melhores que os céticos têm para apresentar depois de
quase dois mil anos de reflexão. Tenha em mente também que essas
teorias foram desenvolvidas não por homens que buscaram
sinceramente a verdade, mas por pessoas determinadas a não acreditar
na ressurreição de Cristo. Julgue por si mesmo a força desses
argumentos.
1. A teoria do desmaio
A velha teoria de que Jesus desmaiou temporariamente na cruz
foi inventada muito antes que a ciência médica desenvolvesse uma
compreensão das conseqüências devastadoras provocadas por um
trauma como o que Jesus sofreu. Hoje qualquer pessoa de formação
médica admitiria que, se a crucificação não tivesse matado Jesus, os
panos [a mortalha] apertados contra seu corpo, o frio, a umidade, o
túmulo selado [sem ventilação] e três dias sem tratamento, certamente
o teriam matado. E, depois, ainda havia a enorme pedra que ele
precisaria remover, enfraquecido como estava. Mas isto ainda não é o
pior desta teoria.
Como um Cristo debilitado e pálido [por causa da perda de
sangue], que levaria semanas para se recuperar, pôde inspirar seus
discípulos a ir e proclamar sua vitoriosa ressurreição? Esta idéia é tão
ridícula que até mesmo o famoso cético do século dezenove, David
Strauss, escreveu:
É impossível que alguém semimorto, que acabou de
sair do túmulo, arrastando-se devido à fraqueza,
necessitando de tratamento médico, de bandagens, de
medicamentos e de cuidados rigorosos, pudesse dar
aos discípulos a impressão de ser Ele o vencedor sobre
a morte e a sepultura — de ser Ele o Príncipe da Vida
lançando o alicerce de seu futuro ministério, Uma
ressurreição desse tipo poderia somente enfraquecer a
impressão que Ele tinha causado aos discípulos em
vida e na morte - ou no máximo poderia tentar animálos com uma voz gemida — mas não poderia de modo
algum transformar o abatimento de seus discípulos em
entusiasmo, ou levá-los à adoração.
Nenhum evangélico, incluindo eu mesmo, poderia levantar
argumento melhor contra essa teoria. No entanto, se tal impossibilidade
tivesse ocorrido, eu acrescentaria um outro problema. Se Jesus tinha
realmente aparecido vivo, arrastando-se para fora do túmulo, por que
então, quando os judeus da época foram informados das notícias de sua
ressurreição, eles não vasculharam terra e mar para prendê-lo e
apresentá-lo como “prova número 1”, destruindo assim totalmente as
notícias? A resposta é simples. Ele não estava lá; Ele “ressuscitou,
como havia dito”!
2. As pessoas procuraram por Jesus no túmulo errado
A idéia de que o corpo de Jesus foi colocado no túmulo errado,
ou que as mulheres dirigiram-se ao túmulo errado é ridícula. As pessoas
da época não eram tão idiotas para serem facilmente convencidas de
uma ressurreição, se ela de fato não tivesse acontecido. Esse argumento
faz de José de Arimatéia um mentiroso vulgar, que teria tomado parte
de uma conspiração (embora John Dominic Crossan, do Seminário
Jesus, diga que até mesmo José era uma ficção, um personagem
inventado.De acordo com Crossan, apenas umas poucas décadas após
os eventos em questão, a igreja simplesmente inventou uma figura
importante ligada ao Sinédrio — semelhante a alguém hoje que
inventasse uma Suprema Corte de Justiça de 1966 sem que ninguém
percebesse a fraude!). José de Arimatéia certamente teria levantado um
ruidoso protesto se circulasse a história de que ele tinha permitido que
o túmulo da família fosse usado para enterrar o corpo de Jesus
crucificado, se na realidade ele não tivesse permitido!
Além disso, eles com certeza vasculhariam todos os túmulos,
abrindo cada um deles até que o corpo de Jesus fosse encontrado, ainda
que isso significasse remover a pedra de cada túmulo do jardim. No
entanto, não há o menor indício na história de que alguém alguma vez
o procurou em qualquer outro túmulo! Lembre-se de que os líderes
religiosos nunca negaram que o corpo de Jesus estava desaparecido.
Por que subornar os soldados romanos para que dissessem que seus
discípulos vieram e roubaram o corpo, se de fato o corpo existisse? Até
os judeus sabiam que o corpo de Jesus não estava mais no túmulo,
razão pela qual não procuraram por ele.
De qualquer modo, como as mulheres poderiam ficar confusas
quanto à localização do corpo de Jesus? Mateus relata que, quando José
de Arimatéia desceu o corpo de Jesus da cruz, colocou-o em seu “novo
túmulo” (algumas pessoas querem nos fazer acreditar que ele não sabia
onde era esse túmulo!), estando presentes Maria Madalena e a outra
Maria, sentadas de frente para o túmulo. São estas as mulheres que
foram ao túmulo no domingo seguinte pela manhã — é possível
acreditar que elas foram ao túmulo errado? Isso seria inacreditável!
Marcos nos diz que essas duas mulheres observavam quando o corpo
de Jesus foi descido da cruz, ungiram-no temporariamente, revestiramno de tiras de pano para formar a mortalha, quando então [José, e
certamente outros ajudantes] “o depositou em um túmulo que tinha
sido aberto em uma rocha; e rolou uma pedra para a entrada do
túmulo”. Então Marcos acrescenta: “Ora, Maria Madalena e Maria, mãe
de José, observaram onde ele foi posto” (Marcos 15.47). E três dias
depois não conseguiram localizar o túmulo? Altamente improvável.
Quando meu pai morreu eu estava dominado pela tristeza. Ele
foi enterrado em um cemitério com mais de quinhentas sepulturas.
Você acha que tive muita dificuldade de relembrar qual delas era a sua,
exatamente três dias depois do funeral? De modo algum. Sua sepultura
estava fixada em minha mente para sempre — e eu tinha apenas nove
anos! Posso encontrar aquele túmulo até hoje, passados cinqüenta anos.
Não há como aceitar que as mulheres pudessem estar “confusas”
quanto ao túmulo. (Nem era provável que os anjos estivessem confusos
quanto à pedra que deveriam remover.) Sim, não há dúvida de que era
o túmulo certo — e ele estava vazio!
3. Cães selvagens comeram seu corpo
Os céticos da atualidade, como John Dominic Crossan,
sugeriram que cães selvagens devoraram o corpo de Jesus. Crossan
rejeita os relatos do evangelho de que Jesus foi colocado em um
túmulo, achando mais provável que Ele tenha sido enterrado em uma
cova rasa, sendo em seguida desenterrado e devorado pelos cães, de
forma a consumir com o corpo.
Há vários e imensos problemas com esta teoria. O primeiro deles
é que essa idéia só surgiu quase dois mil anos após os acontecimentos
em questão! Se esta tivesse sido uma possibilidade real, seria provável
que os inimigos de Jesus a tivessem descartado? Segundo, por que os
judeus teriam alegado que os discípulos de Jesus roubaram o corpo de
um “túmulo”, se eles suspeitassem que ele tinha sido enterrado em uma
cova rasa? Por que dariam apoio a essa teoria? A história de que eles
pagaram os soldados romanos para que estes justificassem a falta do
corpo não faz sentido — a menos, naturalmente, que o corpo de Jesus
realmente tivesse sido colocado em um túmulo e agora não estivesse
mais ali, o que exigia uma explicação. A teoria dos “cães selvagens” é
nada mais do que uma busca desesperada de explicação.
É difícil entender como “estudiosos” brilhantes podem sustentar
suposições tão ridículas como esta. Há muitos anos o professor C. H.
Guignebert, também um cético, lançou o fundamento para a teoria de
Crossan quando escreveu: “A verdade é que não sabemos, e
provavelmente nem os discípulos sabiam, onde o corpo de Jesus tinha
sido colocado depois de ser descido da cruz, provavelmente pelos que
o executaram. É mais provável que ele tenha sido atirado em uma vala
para os executados do que colocado em um túmulo novo”. O Dr.
Wilbur M. Smith respondeu:
Esse tipo de relato histórico devia ser chamado de
“minha própria teologia”. Quando um erudito como o
professor Guignebert... faz uma afirmação como esta,
impossível de ser fundamentada por qualquer
documento do Novo Testamento (nem por quaisquer
outros documentos relacionados a isto), ele apenas
revela sua própria determinação de excluir da vida de
Cristo todos os elementos sobrenaturais, mesmo que
para isso tenha necessidade de fabricar conclusões
completamente desprovidas de apoio de qualquer
testemunho... Uma teoria que não conta com a
evidência para dar-lhe suporte não deve merecer
qualquer consideração.
É preciso ainda esclarecer que essas “explicações” sobre a
ausência do corpo de Jesus podiam somente ser feitas séculos depois
dos acontecimentos. Não encontramos explicações anteriores à era
moderna porque aqueles que viveram próximos dos acontecimentos
em questão teriam ridicularizado quaisquer dessas sugestões irreais. E o
mesmo que tentar admitir que o primeiro presidente dos Estados
Unidos foi Benedict Arnold e não George Washington; que a língua
falada é o francês, não o inglês; e que Valley Forge foi uma fundição de
ferro na planície, não a área do acampamento do Exército Continental.
4. Pessoas desconhecidas roubaram o corpo de Jesus
Esta hipótese falsa, como as demais, não tem nenhuma evidência
para apoiá-la. Por boa razão ela não foi sequer mencionada durante
dois milênios. Se ela fosse verdadeira, por que aqueles indivíduos
desconhecidos que roubaram o corpo não foram receber a generosa
recompensa que as autoridades sem dúvida lhes teriam oferecido pela
devolução do corpo? Em uma comunidade pequena como aquela em
que Jesus estava enterrado, logo surgiriam rumores sobre onde seu
corpo estaria — mas os judeus nunca se preocuparam em procurar
pelo corpo, porque eles sabiam que ele não estava lá. Os rumores que
surgiram diziam respeito à ressurreição de Jesus!
O Dr. Joseph Klausner, professor da Universidade Hebraica,
apresentou uma ligeira variação sobre esta teoria. Ele sugere que José
de Arimatéia julgou inadequado que alguém morto em uma cruz fosse
sepultado no túmulo de sua família, por isso removeu o corpo
secretamente, já perto do Sabbath, e o enterrou em um túmulo
desconhecido. Em seu livro “A ressurreição de Jesus”, o Dr. James Orr
respondeu a esta hipótese, com certa ironia:
Esta pequena
homem bom,
divulgada em
aparecimentos
ressurreição!
fraude de José, tão apropriada a um
foi descoberta recentemente, sendo
toda a igreja cristã e juntamente aos
imaginários de Jesus, criou a fé na
Lembre-se de que José é citado como um “homem bom” que
deve ter tido um bom relacionamento com o alto conselho judaico, do
qual obteve permissão para descer o corpo de Jesus da cruz. Alguns
acreditam que ele também era um dos membros do conselho. Seja
como for, ele tinha permissão para tirar o corpo de Jesus da cruz. Se ele
próprio tivesse colocado o corpo em outro túmulo, certamente ele teria
sido a primeira pessoa a ser consultada pelas autoridades, em seus
esforços para localizar o corpo. Se ele tivesse queimado o corpo ou
feito qualquer outra coisa com ele, teria divulgado a história em toda
Jerusalém. Nada parecido com isso aconteceu. Na verdade, não consta
que ele tenha sido procurado por ninguém. Isto é coerente com o
relato dos evangelhos, que afirmam que os próprios soldados romanos
contaram aos líderes judaicos sobre a presença do anjo junto ao
túmulo. Os líderes sabiam que o corpo não estava lá, por isso não havia
necessidade de procurar por ele. A única coisa que podiam fazer era
espalhar falsos rumores sobre por que o corpo sumiu. E foi o que
fizeram.
Uma teoria semelhante é que os inimigos de Jesus roubaram o
corpo. Esta sugestão pode ser facilmente desconsiderada, pois, se seus
inimigos tivessem roubado o corpo, eles certamente o teriam exibido
para evitar a propagação da nova fé baseada inteiramente em sua
ressurreição física! No entanto, nada disso aconteceu.
5. Os discípulos roubaram o corpo
A única teoria falsa com alguma possibilidade razoável de ser
aceita é a que foi divulgada pelos próprios líderes judeus em Jerusalém.
Como expõe Mateus:
Eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram
aos principais sacerdotes tudo o que sucedera [a pedra
foi removida, o corpo desapareceu e vários de seus
seguidores tinham vindo ao túmulo onde foram
avisados por dois homens com vestes brancas que “Ele
havia ressuscitado”]. Reunindo-se eles em conselho
com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos
soldados, recomendando-lhes que dissessem: “Vieram
de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto
dormíamos. “[como poderiam saber que foram os
discípulos, se estavam dormindo?]. “Caso isto chegue
ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos,
e vos poremos em segurança. “Eles, recebendo o
dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão
divulgou-se entre os judeus até o dia de hoje. (Mt
28.11-15)
Infelizmente para aqueles que propõem teorias capazes de
“explicar” a ressurreição, esta história escolheu os ladrões de sepulturas
errados. Qualquer um poderia ter feito isso, mas nunca os discípulos!
Lembre-se de que dez deles morreram por essa “mentira”. Esta história
já não fazia sentido naquela época e continua não fazendo hoje.
Poderiam os discípulos ter “virado o mundo de ponta-cabeça”
(Atos 17.6) com suas falsas histórias sobre terem sido testemunhas
oculares do Cristo ressurreto, se de fato tudo não passasse de uma
grande mentira? Impossível. Isso exigiria um milagre ainda maior do
que a própria ressurreição. A verdade é que a teoria de que os amigos
de Jesus roubaram seu corpo cria mais problemas do que resolve.
6. A teoria da visão
A teoria da visão é talvez a explicação falsa mais amplamente
aceita para a ressurreição. Ela defende a integridade dos discípulos,
considerando-os homens honestos e sinceros que foram
emocionalmente perturbados pela morte de seu líder. Esta teoria alega
que, uma vez que Jesus tinha predito sua ressurreição, seria
perfeitamente natural que seus seguidores achassem que isso realmente
tivesse acontecido. Assim, eles o viram, conversaram com Ele e até
imaginaram que Ele tomou uma refeição com eles.
Joseph Ernest Renan, um crítico do século dezenove, é um típico
defensor dessa teoria. Os pontos de vista desse cético francês podem
ser assim resumidos:
Os assim chamados aparecimentos do Cristo
ressurreto resultaram de um estado de excitação da
mente que os discípulos experimentaram depois da
morte de seu mestre. Extenuados e mentalmente
perturbados pelo choque de sua morte e ansiosos por
sua presença, eles tiveram visões de Jesus. Mas estas
foram
puramente
subjetivas
—fantasmas
ou
alucinações mentais. Eles ansiavam por vê-lo, mas
tudo não passava de alucinação.
Para pessoas em tal estado de excitação e expectativa,
aliado a um temperamento nervoso e altamente tenso,
tais visões são relativamente comuns na história
religiosa e freqüentemente contagiosas. Assim foi no
caso dos aparecimentos de Jesus. Eles começaram
com as mulheres, provavelmente com Maria Madalena,
uma pessoa excitável e nervosa. Sua história de que
tinha visto o Senhor foi ansiosamente acolhida; a
notícia espalhou-se com a rapidez de um raio e com a
força de uma epidemia. O que ela acreditou ter visto os
outros também acreditaram que deviam ver e viram. As
visões foram produto de seu convívio afetuoso e íntimo
com Jesus, fazendo-os lembrar da personalidade de
seu Mestre. Vencido o choque inicial do desespero pela
morte de Jesus, eles passaram a sentir como se Ele
tivesse sobrevivido à morte.
Renan queria que acreditássemos que a fé dos primeiros cristãos
na ressurreição foi resultante de alucinações coletivas que atingiram
treze pessoas (cujos nomes conhecemos), e mais os “quinhentos de
uma só vez”. Entretanto, todos eles morreram como mártires em vez
de renunciar à crença na ressurreição. O melhor que Renan pode fazer
é atribuir os encontros de todas essas pessoas com o Cristo ressurreto a
alucinações coletivas capazes de transformá-los em zelosas
testemunhas.
Na melhor das hipóteses, é preciso um grande esforço para
imaginar que onze homens e várias mulheres tiveram todos as mesmas
visões e que alguns anos depois Saulo de Tarso — antes um impiedoso
inimigo da nova igreja — teve essas mesmas visões. (E no caso dos
onze discípulos originais, depois de quarenta dias as visões cessaram.)
Não sou autoridade em sonhos, mas nunca ouvi falar de sonhos
coletivos idênticos, nos quais todas as pessoas (e nenhuma outra) que
aparecem no sonho também têm o sonho (enquanto ninguém mais
tem). Isto põe à prova minha credibilidade. Nunca posso sonhar a
mesma coisa duas vezes e nem posso prever o que vou sonhar. Minha
esposa e eu, quando passamos por fases de forte pressão emocional,
podemos algumas vezes sonhar sobre o mesmo assunto — mas nossos
sonhos nunca são iguais.
Além disso, pessoas saudáveis não têm a menor dificuldade de
distinguir entre um sonho ou visão e a realidade. Uma visão pode levar
um missionário como Paulo à Macedônia (Atos 16.9), mas nunca levará
um grande grupo de indivíduos a dar suas vidas pela ressurreição física
de um homem que eles na verdade nunca viram de outra maneira a não
ser em visões. As visões podem suplementar a direção de Deus na vida
de uma pessoa, mas visões coletivas nunca mereceram consideração
nesses vinte séculos de cristianismo!
7. A teoria do telegrama
Esta é uma das teorias mais estranhas de que se tem notícia. Um
estudioso escreveu sobre ela:
Esta [teoria] reconhece que o Senhor ascendeu ao céu
mas em Espírito, não em seu corpo, e de lá
TELEGRAFOU para a terra imagens de si mesmo para
as mentes dos apóstolos, de uma forma tão real que
eles foram levados a crer que tinham realmente visto o
Senhor ressurreto. Como alguém pode levar em
consideração uma teoria fantástica como esta,
realmente não sei.
Levando em conta que esta teoria foi concebida há cerca de cem
anos, podemos dar a seu inventor uma nota dez por sua previsão
tecnológica, já que temos agora o fac-símile (fax) que transmite fotos a
cores. Mas ele recebe nota zero em teologia. (Casualmente, o criador
desta teoria foi um líder liberal de uma igreja que nunca acreditou na
ressurreição corpórea de Jesus. Com certeza ele estava tentando
desesperadamente preservar seu liberalismo e as tradições de sua
igreja.)
Se você acha necessário avaliar essa teoria, sugiro a leitura do
relato de Lucas sobre o encontro entre o Cristo ressurreto e os dois
homens no caminho para Emaús (Lc 24.1-35). Em seguida, pergunte a
si mesmo se tal encontro poderia ser transmitido por um “fax mental”
ou “telegrafado”. É mais difícil crer nisso do que na ressurreição real de
Jesus!
Além disso, tal teoria destrói a integridade moral de Jesus Cristo.
Ele prometeu a seus discípulos que ressuscitaria. Falhar em manter essa
promessa — e apesar disso comissionar seus discípulos a ir por todo o
mundo e pregar o evangelho apoiado na ressurreição física (não
telegrafada) — seria afrontosamente desonesto. Isso seria impossível
para o Santo Filho de Deus e certamente destoaria do modo como Ele
tratou todas as coisas.
A Opinião de um Ilustre Estudioso
O Dr. J. Gresham Machen sempre gozou de grande prestígio
entre os estudantes de Princeton. Ele foi um ardoroso defensor da
ressurreição e escreveu o comentário a seguir que nos ajuda a
compreender como Jesus era um ser único — antes mesmo de
ressurgir dentre os mortos:
Você e eu nunca vimos alguém que ressuscitou dentre
os mortos; mas você e eu nunca vimos também alguém
como Jesus. O que estamos tentando estabelecer não
é a ressurreição de um homem comum a respeito do
qual nada sabemos, mas sim a ressurreição de Jesus.
Todos rejeitam a idéia da ressurreição de um homem
comum, mas quando conhecemos realmente a Jesus
como Ele é retratado nos evangelhos, podemos dizer
que enquanto é improvável que qualquer homem
comum possa ressuscitar dentre os mortos, no caso de
Jesus se dá exatamente o contrário. É improvável que
um homem comum ressuscite, mas é altamente
improvável que este homem [Jesus] não ressuscite;
podemos dizer a respeito deste homem que é
impossível que Ele permaneça na morte.
O Dr. Machen está certo. A ressurreição, embora sobrenatural, se
adapta tão bem à vida e ao caráter de Jesus que se torna um fato natural
— para Ele. Que foi um acontecimento sobrenatural não é surpresa
para nós; toda sua vida foi sobrenatural. Mas sua ressurreição soluciona
uma grande questão: ela explica como a igreja surgiu e se estabeleceu.
Ninguém, especialmente os céticos, jamais conseguiu oferecer
uma explicação razoável para o extraordinário crescimento da igreja no
cenário mundial, se ela tivesse sido construída sobre qualquer uma das
teorias citadas. Há uma resposta fácil — Jesus, o homem mais
incomum deste mundo, realmente ressuscitou dentre os mortos.
Contra as frágeis objeções sobre a ressurreição, como as expostas
nas teorias atrás citadas, levanta-se o maior de todos os milagres. Um
dos recentes defensores da fé, combatendo o ceticismo do Seminário
Jesus, escreveu em seu livro: “Jesus Sob o Fogo”.
O nascimento e o rápido crescimento da igreja cristã...
continuam sendo um enigma insolúvel para alguns
historiadores que se recusam a levar em conta a única
explicação apresentada pela própria igreja. A
ressurreição de Jesus é, portanto, a explicação mais
plausível da origem do modo de vida cristão.
O Lado Bom das Falsas Teorias
A Bíblia nos diz que “até a ira humana há de louvar-te [a Deus]”
(Salmo 76.10). É isto que fazem as falsas teorias: elas tornam fácil
acreditar que o maior homem que já existiu teve a maior das mortes de
que se tem notícia seguida de uma ressurreição única. As teorias
expostas aqui são as melhores que os céticos têm para apresentar —
mas todas elas sofrem o mesmo problema fatal. São mais difíceis de
aceitar do que a própria história real! Um estudioso escreveu:
Nenhuma dessas teorias foi totalmente aceita, mesmo
entre os críticos e racionalistas radicais. Aqueles que
negam a realidade da ressurreição de Cristo divergem
entre si sobre qual a teoria que melhor pode combater
as evidências apresentadas pelo Novo Testamento.
Quando as colocamos lado a lado, verificamos quão
irracionais elas são, sem fundamento concreto,
divorciadas de toda evidência comprovada, envolvendo
falsidade, corrupção, embuste, roubo, fraude, êxtases
de experiências visionárias, etc. Se elas contivessem
alguma verdade, poderíamos estar convencidos de
que, se Cristo não ressuscitou dentre os mortos,
ninguém sabe coisa alguma sobre o fim de sua vida, e
os documentos do Novo Testamento provam ser
inúteis. Na verdade, eles são do maior valor histórico.
Além disso, se a ressurreição não aconteceu, não
sabemos como a igreja foi fundada. Se Cristo não
ressuscitou no terceiro dia, não sabemos como Ele
terminou sua vida. E pensar que esse homem, o maior
que já viveu nesta terra, entre a terrível experiência da
cruz e o fim de sua vida, teria sido enterrado em
alguma aldeia desconhecida da Palestina (onde seu
nome tinha estado nos lábios de cada pessoa viva) está
simplesmente além de qualquer razão.
Minha sincera opinião é que o Espírito Santo guiou de
tal forma os escritores dos quatro evangelhos,
registrando os acontecimentos relacionados com a
ressurreição de Cristo, que eles foram capacitados a
escrever uma história que, embora contendo um
estupendo milagre, é tão racional, tão razoável, tão
lógica, tão próxima dos fatos, que nunca poderia ter
sido inventada, nem seu testemunho poderia ser
destruído. Se, após estes últimos cem anos de crítica
corrosiva, amarga e impiedosa (uma crítica
terrivelmente mais severa a que qualquer outro
documento já se submeteu), a narrativa da ressurreição
permanece ainda inabalável intacta, ilesa, os homens
podem estar certos de que as coisas aqui faladas estão
de acordo com a verdade de Cristo.
Não Deixe Que Seus Preconceitos Atrapalhem Seu Caminho
A evidência da ressurreição de Jesus é tão forte que qualquer um
que a examine ficará convencido desse fato, a não ser que seus
preconceitos impeçam seu caminho. Há basicamente dois empecilhos
para se aceitar essa evidência.
O primeiro é o ceticismo ou ateísmo. Embora alguns ateus se
tornem cristãos, muitos rejeitam a ressurreição simplesmente porque
não acreditam em Deus ou no sobrenatural. E, obviamente, a
ressurreição é um evento sobrenatural. A maioria dos ateus
simplesmente se recusa a examinar a evidência objetivamente.
O segundo é mais sutil. Paulo advertiu que alguns rejeitariam a
verdade porque “deleitaram-se com a injustiça” (Tessalonicenses 2.12).
Todos sabemos, ou deveríamos saber, que o cristianismo implica um
modo de vida. “Vai e não peques mais” não era somente um
mandamento de Jesus para a mulher de vida pecaminosa, mas para
todos os seus seguidores. Algumas pessoas, quando colocadas diante da
verdade da ressurreição, a rejeitam porque não aceitam se submeter ao
modo de vida cristão exigido pela ressurreição de Jesus.
Se você estiver livre desses dois preconceitos fatais, a forte
evidência da ressurreição tornará fácil aceitá-la como fato histórico.
Considere como é fácil crer... SE você crê em Deus, ENTÃO é fácil
acreditar que Deus seria capaz de ressuscitar Jesus dentre os mortos.
SE você crê que Jesus é “o Filho de Deus” em forma humana,
ENTÃO é fácil aceitar sua ressurreição. SE você crê que Jesus foi
concebido miraculosamente de uma virgem, ENTÃO não é difícil
aceitar sua ressurreição pelo mesmo poder divino.
SE você pode aceitar que, como Deus em forma humana, Jesus
viveu uma vida sem pecado e por isso podia morrer sacrificialmente,
ENTÃO você não terá dificuldade de aceitar a ressurreição.
SE você lê e aceita as profecias de que Ele iria ressuscitar dentre
os mortos, ENTÃO é fácil perceber como a narrativa da ressurreição
se adapta a todas essas exigências. SE você crê que Jesus “é a verdade”,
ENTÃO não é difícil acreditar que Ele estava realmente vivo após a
ressurreição.
SE você crê que os milagres foram evidências de sua divindade,
ENTÃO aceitar a ressurreição como um milagre divino é mera
conseqüência.
SE, entretanto, você não crê em nenhuma das premissas acima,
ENTÃO você vai encontrar dificuldade para crer na ressurreição, não
importando a quantidade de evidências apresentadas.
Seja como for, você está diante de uma sólida parede de
evidência que indica que Jesus ressuscitou naquela primeira manhã de
Páscoa. Uma montanha de evidência aponta para a ressurreição e nada
em dois mil anos esteve perto de contestar esta verdade.
O Poder da ressurreição
O apóstolo Paulo escreveu: “Pára [eu, Paulo] o conhecer e o
poder da sua ressurreição” (Filipenses 3.10). As vidas transformadas
das pessoas proporcionam o teste supremo desse poder. Aqueles que
acreditam na ressurreição e recebem Cristo como seu Senhor e
Salvador experimentam “o poder da sua ressurreição”, que os capacita
a viver a vida cristã. Pára muitos isto significa uma mudança drástica.
Por quê? Porque todo aquele que se torna cristão é pecador. Alguns são
piores que os outros (como Paulo, que perseguiu a igreja); outros são
blasfemos; outros ainda são culpados de pecados mais comuns.
Entretanto, todos eles, após a conversão, recebem o poder de viver
como “novas criaturas em Cristo”.
A seqüência deste livro terá como título “O Poder da Cruz”, um
tema extraído de 1 Coríntios 1.18. Vou mostrar que o sinal do poder de
Deus nos seres humanos hoje é a vida transformada dos crentes.
Quando a pessoa dobra os joelhos diante do Salvador e experimenta o
poder do Cristo ressurreto, ela pode superar todo pecado obsessivo que
tem dominado sua vida. Vamos narrar nesse livro histórias da vida real
de muitas pessoas que foram transformadas pelo poder do Senhor
ressurreto. Jesus tem curado e continua curando hoje os viciados em
drogas, álcool, prostituição, depressão, ira, ou qualquer outra coisa.
Vou relatar muitos casos daqueles que estavam subjugados pelo pecado
sem qualquer esperança... até se encontrarem com o Cristo crucificado
e ressurreto.
Em todos estes anos em que tenho visto homens e mulheres se
renderem à fé no Cristo ressurreto, não encontrei uma só pessoa que
tenha voltado atrás ou lamentado sua decisão. Ao contrário, numerosas
pessoas ainda dão testemunho de que “Jesus mudou minha vida!” Você
pode estar certo de que elas não estavam falando de um Jesus morto,
sepultado no túmulo de José de Arimatéia, mas de um Cristo ressurreto
e vivo nos dias de hoje.
O desafio agora e sempre é “provar e ver que o Senhor é bom”.
Em outras palavras, aceitá-lo como seu Senhor e Salvador e
experimentar por si mesmo “o poder de sua ressurreição”.
P a r t e V : Q u e m E l e É P a r a Vo c ê ?
19. Evidência Que Requer Uma Decisão
Se um homem brilhante chegasse à sua cidade e começasse a
atrair enormes multidões para ouvi-lo falar, admirados com seus
ensinamentos e com sua sabedoria — embora Ele não tivesse qualquer
educação formal além do que aprendera em uma carpintaria — você
ficaria impressionado o bastante para ir ouvi-lo espontaneamente?
E se esse homem começasse a curar todos os tipos de doenças,
os aleijados e até mesmo aqueles com possessão demoníaca. E depois,
se esse homem começasse a fazer milagres extraordinários — milagres
que desafiassem a lógica humana, como, por exemplo, andar sobre a
água, alimentar multidões com o pequeno lanche de um menino e
transformar água no mais delicioso vinho que você já provou — você
se inclinaria a pensar que esse homem teria poderes sobrenaturais?
E se esse mesmo homem tivesse ressuscitado pelo menos três
pessoas, na frente de muitas testemunhas idôneas, e se o maior profeta
de sua geração o chamasse de “Filho de Deus” e posteriormente
testemunhasse que Ele era o Messias prometido — você acreditaria
nisso? Estaria ao menos disposto a investigar suas declarações mais a
fundo?
E se durante suas investigações você descobrisse mais de trinta
profecias específicas — como época e local de seu nascimento, detalhes
sobre sua vida extraordinária e o modo como deveria morrer — feitas
centenas de anos antes de seu nascimento e que foram perfeitamente
cumpridas por Ele, você concluiria que este homem, diferente de todos
os outros naquela época ou agora, veio de Deus?
E se você também ouvisse esse homem dizer coisas como “Eu e
o Pai somos um” [isto é, “Eu sou igual a Deus”], “Tenho poder de
ressuscitar os mortos”, “Eu sou o Juiz diante de quem todos os
homens estarão na eternidade” e “Eu sou o Filho unigênito de Deus
que veio para buscar e salvar os perdidos” — VOCÊ ACREDITARIA
NELE?
Estas são as perguntas que as pessoas da época de Jesus
enfrentaram. Muitos, como os discípulos, “creram nele”. Um falou por
todos eles quando disse a Jesus: “Tu tens as palavras da vida eterna.”
(João 6.68) Eles o aceitaram como Deus em forma humana, vindo a
este mundo para fazer o que nenhum outro poderia: morrer pelos
pecados de todos. Esses homens, e milhares de outros como eles,
morreram prematuramente como mártires porque se recusaram a
abandonar a crença na divindade de Jesus de Nazaré. Eles alegremente
entregaram suas vidas para servi-lo e estavam dispostos a fazer isso até
o fim. Estavam tão convencidos de sua divindade e de sua posição
como o Messias-Salvador que oraram — “Senhor meu e Deus meu!”
Por Que os Líderes Judeus o Rejeitaram?
Naturalmente, nem todos aceitaram Jesus, muito embora
admitissem que nenhum homem poderia fazer tais milagres ou
ministrar ensinos tão maravilhosos “se Deus não estiver com ele” (João
3.2). Alguns, quando se defrontaram com seu poder miraculoso para
curar todas as espécies de enfermidade, diziam que Ele fazia essas
coisas pelo poder de Satanás. Nisto eles blasfemaram.
Podemos perguntar a nós mesmos: “Por que eles o rejeitaram?”
Jesus deu a resposta em João 5.40. Depois de enfrentar seus opositores
com as Escrituras (que Ele dizia “que testificam de mim”), Ele lhes
disse: “Não quereis vir a mim para terdes vida.” No original grego, a
palavra “quereis” está no tempo passado. Isto é, “não quisestes vir a
mim”. Eles não rejeitaram Jesus como o Cristo com base na evidência
ou na lógica, pois não podiam usar as Escrituras para provar que Ele
não era o Messias encarnado, nem podiam apontar alguma deficiência
moral que o impedisse de ser o perfeito Filho de Deus. Eles o
rejeitaram, como Jesus mesmo disse, por causa de sua vontade. O
problema deles não estava relacionado à mente, à razão, à evidência, ou
aos fatos em si; relacionava-se à “vontade”. Eles se recusariam a aceitálo mesmo que um homem saísse da sepultura e lhes dissesse que Jesus
estava dizendo a verdade.
Em uma análise final, tudo é sempre uma questão de vontade. Se
as pessoas teimosamente se recusam a acreditar, apesar da força da
evidência, elas viverão e morrerão na descrença. Se as pessoas, porém,
forem abertas, Deus lhes proporcionará ampla evidência para apoiar
sua crença. Jesus disse: “O meu ensino não é meu, e sim daquele que
me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da
doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo” (João 7.1617). Se qualquer indivíduo procura sinceramente a verdade, Jesus
promete que Deus lhe provera todas as informações e evidências de
que ele necessita para crer.
Meu amigo, Dr. John Hunter, da Inglaterra, é um bom exemplo.
Ele tem servido ao Senhor fielmente por mais de cinqüenta anos.
Porém John não foi sempre um cristão. Como piloto de um
bombardeiro da RAF (Força Aérea Real) durante a Segunda Grande
Guerra, ele passou por experiências terríveis. Um dia, sabendo que
podia morrer a qualquer hora, ele fez esta simples oração: “Deus — se
de fato existe — espero que ouça minha oração e se revele a mim. Se o
Senhor o fizer, eu vou aceitá-lo e servi-lo.” Em sua graça soberana,
Deus ouviu aquela oração sincera, colocando na vida de John algumas
pessoas que anunciaram o evangelho a ele. Finalmente ele aprendeu o
bastante sobre Jesus para tornar-se crente. Ele convidou Jesus a entrar
em sua vida e foi maravilhosamente convertido.
Isto não aconteceu só com ele! Muitas pessoas têm feito essa
simples e sincera oração e Deus lhes tem respondido. O eunuco etíope
de Atos 8 é outro exemplo de uma busca sincera de Deus (neste caso,
ele tinha ido ao templo em Jerusalém em busca de paz com Deus, mas
não a havia encontrado). O Senhor levou o evangelista Filipe até o
deserto para encontrá-lo e guiá-lo aos pés de Cristo. Como muitas
outras pessoas, após receber Cristo em seu coração, ele “foi seguindo o
seu caminho, cheio de júbilo” (Atos 8.39).
Naturalmente as coisas nem sempre aconteceram assim, pois os
líderes judeus da época de Jesus “não quiseram ir a Ele”. Os ensinos de
Jesus conflitavam com suas idéias preconceituosas, que eram baseadas
apenas nas tradições dos homens e não na Escritura. Suas mentes já
estavam predispostas e suas vontades estabelecidas; conseqüentemente
eles rejeitaram a verdade que Jesus ensinou. Para fazer isto eles tiveram
de fechar os olhos para a enorme quantidade de evidência a respeito da
identidade de Jesus, que Ele mesmo lhes havia provido.
A Importância da Vontade Humana
Dizem que duas coisas são certas na vida: a morte e os impostos.
Uma terceira poderia ser acrescentada a esta lista: a escolha. Cada
homem ou mulher, em algum momento de sua vida, precisa fazer uma
escolha, quer para aceitar ou rejeitar a pessoa de Deus. Esta escolha
começou no Jardim do Éden e está em vigor até hoje, permanecendo
ainda durante o próximo milênio, quando Cristo retornar para
estabelecer seu reino de paz e justiça.
Mesmo antes de ter criado Eva, a Escritura diz que Deus plantou
um jardim chamado Éden (veja Gênesis 2). Ali, junto a todas as
espécies de arvores, Deus colocou Adão, o primeiro homem. Deus
permitiu a Adão livre acesso a todas elas, com a única exceção da
“árvore do conhecimento do bem e do mal”. Desta árvore, Adão e sua
esposa Eva foram proibidos de comer. Você conhece a história: eles
desobedeceram e comeram o fruto daquela árvore... e a escolha
universal de obedecer ou desobedecer a Deus passou a fazer parte de
toda a raça humana. Em todas as eras homens e mulheres têm
enfrentado o problema de obedecer a Deus ou rejeitar sua vontade.
Deus deu a Adão e Eva uma vontade livre, que foi transmitida a seus
filhos e a todos os seres humanos a partir de então.
Caim e Abel são dois outros exemplos de indivíduos com a
vontade livre. Caim escolheu desobedecer a Deus e Abel escolheu
obedecer-lhe. Do mesmo modo, cada pessoa no mundo tem
enfrentado esta escolha.
O caminho de Deus é o caminho da justiça e retidão. O caminho
do homem é o de fazer sua própria vontade. Alguns que escolhem seu
próprio caminho escolhem uma vida vulgar e ímpia; outros escolhem
“fazer o que acham mais reto” (Juizes 21.25). Porém, em todas as
épocas, a escolha é deles. Infelizmente, a maioria sempre deseja
escolher seu próprio caminho.
Isto era verdade nos dias de Noé, quando o mundo se tornou tão
corrompido que Deus decidiu destruir todos os homens, com exceção
de apenas oito pessoas, e recomeçar a raça humana. Mais tarde Ele
criou a raça hebréia por meio de Abraão e Sara. Em seguida, começou a
dar normas ao seu povo, para que as gerações futuras tivessem um
registro mais detalhado de sua vontade.
Novamente, muitos aceitaram sua vontade e seguiram seu
caminho, mas a maioria não aceitou. Foi então que Ele começou a
preparar o mundo para o Messias-Salvador, que ofereceria um sacrifício
permanente pelos pecados da humanidade, sacrificando-se pelos
pecados do mundo. As profecias que temos estudado tinham o
propósito de fazer com que aqueles que vivessem na época da vinda do
Messias pudessem reconhecê-lo e aceitá-lo. Aqueles que queriam fazer
a vontade de Deus não tiveram dificuldade de reconhecer e aceitar
Jesus como sendo o Messias. Mas aqueles que “não quiseram ir a Ele”
rejeitaram-no, apesar de toda a evidência.
O mesmo acontece nos dias de hoje!
Na realidade, a coisa mais importante neste mundo é como cada
indivíduo exercita livremente sua vontade. O destino eterno de cada
pessoa é determinado por sua decisão pessoal. Pois, como disse o
próprio Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha
palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em
juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5.24). Esta não é apenas
uma das muitas declarações de Cristo que provam que Ele é o divino
Filho de Deus; é seu oferecimento de salvação eterna a todos os que
crerem. Diante de todas as evidências da divindade de Cristo e das
muitas razões para crer nele, somos forçados a tomar uma decisão a
respeito dele.
A Pergunta Mais Importante do Mundo: O Que Você Pensa de
Jesus?
Um dia, já no período final de seu ministério, Jesus estava
caminhando por uma estrada com seus discípulos e lhes fez esta
pergunta: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” E eles
responderam: “Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros:
Jeremias, ou algum dos profetas” (Mateus 16.13-14). Todas essas
respostas merecem considerações, pois incluem alguns dos grandes
nomes da Bíblia. Muitos de nós ficaríamos lisonjeados se alguém nos
incluísse entre eles. Mas nunca Jesus! Ele então voltou-se para os seus
discípulos e perguntou objetivamente: “Mas vós... quem dizeis que eu
sou?”
Esta é a pergunta mais importante do mundo. Quem você diz
que é Jesus?
Observe cuidadosamente a resposta clássica de Pedro: “Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo.” Jesus aprovou sua resposta, pois disse:
“Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue
quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Também eu te digo
que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino
dos céus: o que ligares na terra, terá sido ligado nos céus; e o que
desligares na terra, terá sido desligado nos céus” (Mateus 16.16-19).
É importante notar que não foi a inteligência humana de Pedro
que “revelou” isto a ele, embora ele tivesse testemunhado os muitos
acontecimentos na vida de Cristo mencionados neste livro. Sua
experiência o havia convencido de que Jesus era efetivamente o
Messias-Salvador de Israel. Deus Pai revelou ao coração de Pedro a
verdade clássica: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Esta
afirmação, na realidade uma mensagem de Deus dada por intermédio
do apóstolo Pedro, foi tão importante que Jesus disse que “edificaria
sua igreja” sobre esse testemunho. E isso realmente aconteceu! Agora,
dois milênios mais tarde, é incontável o número de pessoas que
aceitaram Jesus Cristo como “o Filho do Deus vivo”.
Observe também que, por causa deste testemunho, foram dadas
a Pedro “as chaves do reino do céu”, isto é, ele seria a primeira pessoa a
pregar o evangelho e oferecer o perdão do pecado e a salvação em
nome de Jesus tanto aos judeus (Atos 2) como aos gentios (Atos 10).
Foi Pedro quem abriu a porta do “reino do céu” (ou a porta da
salvação pela fé) a um mundo perdido.
Pedro deu a resposta certa à pergunta vital do Mestre: “Vós...
quem dizeis que eu sou?” Esta mesma pergunta é feita agora a você:
Quem você diz que Ele é? Seu destino eterno é determinado por sua
resposta.
Jesus: O Único Perfeito Salvador do Mundo
A primeira vez que visitei um campo missionário foi no México,
entre os índios Chamula. Na maior aldeia daquela tribo, visitamos uma
grande e antiga igreja católica. Depois da revolução ocorrida uns
setenta anos antes, os índios expulsaram a igreja católica de seu
território e estabeleceram sua própria forma de adorar. Quando
caminhei em direção ao altar no interior da igreja, fiquei surpreso ao
encontrar ali uma grande cruz — mas, em vez de uma réplica de Cristo,
havia uma imagem de índio Chamula.
Nosso guia missionário (que exercia o ministério entre aqueles
índios) explicou que, quando os índios estabeleceram sua própria
religião, os líderes “procuraram o melhor homem em sua tribo e o
crucificaram” na tentativa de proporcionar um “salvador Chamula”.
Obviamente eles eram sinceros. Mas, apesar de aquele homem ser
considerado “o melhor em sua tribo”, ele tinha duas falhas fatais: ele
não era divino e, conseqüentemente, não poderia ser perfeito. Pára que
pudesse oferecer um sacrifício adequado pelos pecados da humanidade,
o “Salvador” devia ser mais do que um simples homem — ele devia ser
Deus em forma humana e precisava ser “um cordeiro sem defeito e
sem mácula”.
Somente Jesus de Nazaré possui qualificação para isso.
Em 1994 realizou-se em Chicago um grande simpósio sobre as
religiões do mundo. Participaram dele mais de sete mil representantes
das religiões mais importantes do mundo. Meu amigo Irwin Lutzer,
pastor da Igreja Moody de Chicago, participou daquele simpósio e
contou depois sua experiência:
Circulei por toda a área de reunião à procura de um
profeta/ mestre/Salvador. Perguntei a um Swami hindu
se alguém dos seus mestres alegava ser perfeito.
“Não”, disse ele, aparentando irritação com minha
pergunta, “se alguém afirmar que é perfeito, ele não é
um verdadeiro hindu!”
E quanto a Buda? Não, disseram-me, ele não alegava
ser perfeito. Buda apenas encontrou um grupo de
ascetas e pregou sermões a eles, ensinando que as
coisas exteriores são passageiras e estimulando-os a
uma vida de disciplina e contemplação. Ele procurava a
iluminação e incentivava seus seguidores afazerem o
mesmo. Mas morreu procurando a iluminação. Não
existe nenhuma perfeição nisso.
E com respeito a Baha ulllah? Ele declarou que tinha a
mais clara e completa revelação de Deus já
apresentada. Embora ele estivesse convencido da
verdade de seus ensinos, fez poucas reivindicações
pessoais. Ele achava que seus ensinos eram “mais
perfeitos “do que os outros, mas nunca alegou ser ele
mesmo perfeito ou sem pecado. Quando cheguei aos
representantes da fé islâmica, já sabia que no Alcorão o
profeta Maomé admitia sua necessidade de perdão.
Eles concordaram, que “Há somente um Deus, Alá, e
Maomé é o seu profeta” (o credo básico muçulmano),
entretanto, reconheceram que Maomé não era perfeito.
Novamente, nenhuma perfeição aqui.
Porque eu estava procurando um Salvador perfeito?
Porque não quero ter de confiar em um Salvador que
esteja na mesma condição em que me encontro. Não
posso confiar minha alma eterna a alguém que ainda
está lutando contra suas próprias imperfeições. Já que
sou pecador, preciso de alguém que esteja em um nível
mais alto.
Compreensivelmente, nenhum dos líderes religiosos
com quem falei admitia ter um Salvador. Seus profetas
mostravam o caminho mas não tinham nenhuma
pretensão de perdoar pecados ou colocar-se acima de
qualquer ser humano. Como os sinais de trânsito, eles
indicavam as direções mas não são capazes de levarnos aonde precisamos ir; se precisamos de salvação,
teremos de consegui-la sozinhos. A razão é clara: por
mais sábios ou influentes que fossem esses profetas,
gurus e mestres, eles sabiam que eram imperfeitos,
exatamente como o resto de nós. Eles jamais se
julgaram capazes de salvar os homens da escravidão
do pecado nem de levar peca-dores à presença de
Deus.
Cristo foi completamente diferente deles!
“Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos
digo a verdade, por que razão não me credes? “ (Jo
8.46.) Ele condenou a hipocrisia daqueles que o
criticavam, mas nenhum deles tentou fazer o mesmo
com Ele.
Somente a perfeição de Jesus seria suficiente para satisfazer às
exigências da morte pelos pecados do mundo. E essa era a principal
razão pela qual Jesus veio ao mundo. O Dr. Lutzer acrescenta outro
testemunho a respeito da vida sem pecado de Jesus:
Judas, aparentemente um amigo que se transformou
em inimigo, disse: “Pequei, traindo sangue inocente”
(Mt 27.4).
Pilatos, que desejou encontrar defeitos em Cristo,
confessou: “Não vejo neste homem crime algum “ (Lc
23.4).
Pedro, que viveu com Ele por três anos, disse que Ele
“não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em
sua boca “ (1 Pe 2.22).
O apóstolo Paulo disse que Deus Pai fez com que
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado
por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”
(2 Co 5.21).
Jesus ou foi um ser perfeito ou então foi o maior dos
pecadores por ter enganado tantas pessoas. Como
afirma C. E. Jefferson: “A melhor razão que temos para
crer na vida santa de Jesus é o fato de Ele ter permitido
que muitos de seus amigos pensassem que Ele era
sem pecado.”
Porque Cristo foi isento de pecado, tão comum a
qualquer ser humano? Se Ele, como nós, tivesse tido
um pai humano, teria tido também uma natureza
pecaminosa. Se Ele tivesse sido o filho de Adão de
uma forma natural Ele teria sido um pecador.
A concepção virginal de Jesus preservou-o do pecado.
Maria experimentou um milagre especial que garantiu a
perfeição de seu filho. Ele era como nós, mas com uma
diferença fundamental.
Pecado: O Problema Universal
A partir dos dias de Adão e Eva no Éden, todos os indivíduos
têm sido contaminados pelo mesmo problema em relação a Deus:
pecado! Como diz a Bíblia: “Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas; cada um se desviava pelo caminho” (Isaías 53.6). E
novamente: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus... Não há
justo, nem sequer um” (Romanos 3.23). Somente Jesus de Nazaré
podia perguntar aos seus contemporâneos: “Quem dentre vós me
convence de pecado?” (João 8.46) e não obter nenhuma resposta.
Qualquer pessoa ficaria envergonhada de fazer esta pergunta, porque
sabemos todos muito bem que somos imperfeitos e pecadores.
Por isso Deus podia dizer por intermédio do profeta Isaías:
“Vinde, pois, e arrazoemos”, diz o Senhor; “ainda que os vossos
pecados são como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve”
(Isaías 1.18). Essa é a razão pela qual Deus enviou seu único Filho para
ser nosso sacrifício pelo pecado, para que por meio dele possamos
alcançar perdão e “vida sempiterna”. Tal salvação somente pode ser
obtida pela fé em Jesus Cristo, que disse de si mesmo: “Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”
(João 14.6)
Outro Simpósio em Chicago
Há mais de cem anos (na primeira vez que a Feira Mundial veio a
Chicago), realizou-se outro grande simpósio sobre religião em Chicago.
Setecentas pessoas se amontoavam no pavilhão para ouvir um dos mais
brilhantes oradores hindus do mundo, Swami Vivekananda. Ele fez
uma brilhante exposição das facetas filosóficas do hinduísmo, a religião
de sua pátria, terminando com estrondosos aplausos. O próximo
orador seria um famoso clérigo cristão que, por alguma razão, preferiu
não apresentar a filosofia do cristianismo. Possivelmente ele temia que
a história do Filho de Deus morrendo pelos pecados dos homens fosse
simples demais para fazer frente aos belos ideais do hinduísmo.
Quando o presidente anunciou que o próximo orador preferiu
não falar, um pesado silêncio caiu sobre o pavilhão. Desesperado, o
presidente perguntou se alguém poderia falar sobre o cristianismo em
seu lugar. De repente, alguém sentado no fundo, um professor de
escola dominical, de Chicago, chamado Joseph Cook, caminhou até a
frente dizendo que gostaria de contar uma história. Ele contou então a
história de Macbeth, de Shakespeare, dizendo como Lady Macbeth e
seu marido foram coniventes na morte do rei e como sua culpa levou-a
à beira da loucura. Finalmente, quando ela não mais podia livrar suas
mãos do sangue de seu pecado, ela exclamou aquele famoso verso:
“Fora! Fora, mancha maldita!”
Dirigindo-se a Swami Vivekananda, Joseph Cook perguntou:
“Senhor, que alívio o hinduísmo tem a oferecer a Lady Macbeth para
limpá-la de seu pecado?” O perturbado Swami admitiu que o
hinduísmo não tinha meios de perdoar pecado.
Joseph Cook então tirou do bolso seu Novo Testamento e disse:
“Gostaria de mostrar-lhes o remédio que o cristianismo tem para o
pecado.” Ele leu: “Se... andarmos na luz, como ele está na luz,
mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado
nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar
os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.7-9). Em seguida
ele explicou como Cristo morreu sobre a cruz pelos pecados de todo o
mundo e convidou todos a receberem Jesus como seu salvador pessoal.
Anos mais tarde, quando visitava um dos maiores templos hindus
na índia, vi um jovem ajoelhar-se à frente de uma gravura esculpida em
mármore no chão do templo. Repentinamente ele começou a curvar-se
e a bater sua testa contra o emblema esculpido no mármore até que o
sangue escorresse sobre seu rosto. Quando perguntei a alguém por que
ele fez aquilo, me disseram que “ele estava tentando ser perdoado de
seus pecados”. A cena lembrou-me aquela história de Chicago e o fato
de o hinduísmo ainda não ter solução para o pecado. Porém nem o
confucionismo, ou o maometanismo, ou o taoísmo ou qualquer outra
religião no mundo oferecem tal solução. Somente o cristianismo pode
oferecer perdão de pecados por meio do sangue de Jesus Cristo e vida
eterna através da fé nele.
Como um homem poderia morrer pelos pecados do mundo
inteiro? A razão está em quem Ele era. Não era um simples homem que
estava pregado naquela cruz; era Deus em forma humana. Somente a
morte do Filho de Deus podia salvar-nos do pecado. E somente Jesus
Cristo é o verdadeiro Filho de Deus.
Uma Breve Revisão
Na minha juventude desejei ser um advogado para atuar nos
tribunais. Nenhuma outra área do direito me atraía; somente o que me
atraía era a oportunidade de apresentar evidência factual perante os
membros de um júri para convencê-los de que meu cliente era ou
inocente ou culpado. Este livro tem alguma relação com aquele sonho
há muito abandonado.
Começamos com o fato de que Jesus de Nazaré era mais do que
um simples carpinteiro de trinta e três anos. Nenhuma outra pessoa na
história exerceu tanta influência sobre a humanidade em tão pouco
tempo, gozando de estima e respeito mais que qualquer outra pessoa.
Quem mais poderia dividir a história humana em dois períodos, antes
de seu nascimento e depois dele? Cada vez que datamos um
documento devemos lembrar-nos do nascimento de nosso Senhor.
Sua importância por si só faz com que perguntemos: “Quem É
Este Homem?” Para responder a isso, devemos recorrer aos mais
confiáveis documentos do mundo antigo, os quatro evangelhos. Eles
nos dizem que Jesus proclamou-se o Messias, o Filho de Deus, que Ele
morreu pelos pecados da humanidade e que ressuscitou para nossa
justificação. Para a evidência que encontramos ali acrescentamos o
depoimento de muitas testemunhas oculares, cuja reputação é ainda tão
respeitada que seus nomes permanecem entre os mais populares ainda
hoje (João, Pedro, Tiago, Paulo, Marcos, Lucas, etc.).
Fundamentamos nossos argumentos sobre quem Jesus disse que
era e sobre os milagres que Ele realizou — milagres que nunca se
repetiram em dois mil anos. Recorremos a João Batista, o homem mais
santo em Israel desde Daniel (que viveu quinhentos anos antes). João
conhecia Jesus desde a infância e testificou sobre Ele, identificando-o
como “o Cordeiro de Deus”. A seguir, examinamos as três vezes em
que o próprio Deus chamou Jesus de “Meu Filho”, enaltecendo-o
acima de Moisés e Elias.
Em seguida, examinamos vinte e oito das 109 profecias que Jesus
cumpriu em sua vida, todas elas identificando-o claramente como o
Messias prometido. Ele é, sem sombra de dúvida, um ser único —
tanto que um rabino se viu forçado a admitir que Ele foi “o Messias —
para os gentios!” Isso é verdade, mas Ele é também o Messias para os
judeus. Isso se tornará claro quando Ele surgir na sua segunda vinda
(talvez qualquer dia desses!).
Em seguida, examinamos sua morte. Jesus de Nazaré não morreu
como um homem comum, mas como até o cético Renan admitiu: “Ele
morreu como um deus.” Ele não precisava morrer; Ele não tinha feito
nada de errado, como Pilatos mesmo afirmou: “Não vejo nenhuma
falta neste homem justo.” Ninguém tirou sua vida; Ele a entregou de
sua própria vontade. Como Ele disse no horto do Getsêmani, quando a
escolta dos fariseus chegou para prendê-lo: “Acaso pensas que não
posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze
legiões de anjos” (Mateus 26.53)? Ele deu sua vida livremente em
resgate de muitos. Como Ele disse: “Ninguém a tira de mim; pelo
contrário, eu espontaneamente a dou” (João 10.18). Em um sentido
real, Jesus foi a única pessoa neste mundo que não tinha de morrer.
Isto, por si só, coloca-o em uma categoria única.
A esta altura, as evidências sobre a divindade de Cristo eram
tantas que fui tentado a parar minha argumentação. Entretanto, se eu
tivesse parado ali, teria omitido a mais convincente de todas: sua
ressurreição corpórea três dias após sua crucificação. Não quatro dias
ou dois dias ou uma semana depois, mas no terceiro dia — exatamente
como Ele e os profetas hebreus tinham predito!
A evidência de sua ressurreição é simplesmente espantosa. Dez
(onze, se incluirmos Paulo) que o conheceram preferiram ser
martirizados a negar que o tinham visto e tocado durante os quarenta
dias de aparecimentos pós-ressurreição. Mas esse testemunho foi ainda
confirmado por quinhentas outras testemunhas.
Por fim, examinamos as seis teorias falsas mais populares sobre
sua ressurreição e desafiamos os incrédulos e céticos com o seguinte
dilema: se Jesus não ressuscitou, como você explica a existência do
cristianismo hoje? Um Cristo crucificado não teria motivado ninguém.
Sem sua ressurreição, Jesus seria um personagem desconhecido na
história. Foi o Cristo ressurreto que desafiou seus discípulos: ide por
“todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” — “e eis que
estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Marcos
16.15; Mateus 28.19-20). Eles creram de tal forma que saíram pelo
mundo e o viraram de ponta-cabeça — do paganismo para o
cristianismo em apenas trezentos anos. Hoje, milhões de pessoas têm
abraçado a fé cristã, tudo por causa de sua ressurreição. Sem ela, o
cristianismo não existiria.
Encerro Minha Causa
Um bom advogado sabe quando deve finalmente encerrar sua
causa — não porque tenha apresentado toda a evidência disponível,
mas porque não há necessidade de mais provas. Alcançamos esse
ponto. Agora é hora de você avaliar a evidência aqui apresentada e,
como bom jurado, tomar sua decisão. Agora você precisa decidir se
Jesus é “o Cristo, o Filho de Deus”, como Ele e seus seguidores
afirmaram, ou é um impostor ou um demente. Essas são suas opções.
Lembre-se apenas que sua decisão durará por toda a eternidade
portanto, tome-a cuidadosamente!
O centurião romano que observou a morte de Jesus na cruz não
esperou até a ressurreição para tomar sua decisão. Ele estava tão
convencido pelo que viu naquele dia que declarou: “Verdadeiramente
este homem era Filho de Deus” (Marcos 15.39).
Qual é a sua decisão? Agora que você foi exposto à evidência,
está diante da mesma decisão que desafiou os judeus da época de Jesus:
Quem você acha que Jesus é? Se você está convencido pela evidência
demonstrada neste livro, vai recebê-lo pessoalmente? Você poderá
dizer como muitos já disseram: “Sim, eu creio que Jesus é o Filho de
Deus, que Ele viveu uma vida sem pecado, que morreu uma morte
sacrificial e que ressuscitou dentre os mortos como prometeu.
Portanto, eu o convido a entrar em minha vida.” Ou poderá seguir o
exemplo de muitos outros, que decidem não crer a despeito de toda a
evidência? A escolha é sua.
Se você gostaria de aceitá-lo como seu Senhor e Salvador,
simplesmente faça uma oração como esta:
Querido Pai celestial obrigado por enviar teu Filho
Jesus ao mundo para morrer por meus pecados.
Admito que sou um pecador e peço que Ele entre em
minha vida, limpe meu pecado e salve minha alma.
Entrego-me agora a ti. Agradeço-te em nome de teu
Filho, Jesus, por salvar-me. Amém.
Se você fez esta oração, saiba que a Bíblia garante que “aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2.21). Meus parabéns!
Você é agora um membro da família de Deus. E no entanto deve
compreender que a aventura não terminou; ela está apenas começando.
Você acaba de embarcar em uma excitante viagem de fé. Com base na
verdade e na lógica encontradas neste livro, você achou razões
suficientes para orar para receber Cristo. Isto faz de você um bebê
recém-nascido em Cristo. Espiritualmente, você é uma criança que
precisa crescer para perceber seu pleno potencial em Cristo. O melhor
meio de alimentar sua nova fé é seguir o exemplo dos primeiros
cristãos no primeiro século, que perseveraram na palavra e na doutrina
dos apóstolos. Hoje, isto significa várias coisas.
Primeiro, comece a ler regularmente a Palavra de Deus. Procure
obter uma versão moderna e comece a ler o evangelho de João.
Quando você tiver terminado esta leitura, comece a ler o Novo
Testamento do começo ao fim. Pense na Bíblia como seu alimento
espiritual. Toda a vez que a ler, ouça seu ensino, estude ou memorize
os textos; você estará construindo sua nova vida espiritual. Você será
beneficiado nos primeiros dias de sua fé recém-descoberta, lendo outro
livro que escrevi, intitulado “Como Estudar a Bíblia Sozinho”.
Segundo, encontre uma igreja que estude a Bíblia, onde você
possa aprender mais sobre a Palavra de Deus. Procure um lugar onde
possa encontrar comunhão com outros cristãos. A pessoa que guiou
você à leitura desse livro provavelmente poderá ajudá-lo a encontrar
uma igreja forte em sua cidade, capaz de fazê-lo crescer espiritualmente.
Terceiro, é importante que você ore regularmente. Quando você
recebeu a Cristo, tornou-se um filho de Deus; portanto, você tem
acesso direto a Deus através da oração. Assim, você pode procurar a
orientação do Pai em tudo o que faz. Já que Jesus está vivo e no céu
(onde a Bíblia diz que Ele intercede por nós diante do Pai) (Romanos
8.34; Hebreus 7.25), aprenda a falar com Ele contínua e regularmente.
Por último. A Bíblia nos ensina que devemos confessar Cristo
perante outras pessoas. Minha sugestão é que você reveja tudo que
aprendeu sobre a pessoa de Jesus e fale sobre isso com seus amigos.
Muitos daqueles que não aceitaram Cristo nunca tiveram a
oportunidade de ouvir a lógica e a razão da Palavra de Deus que
produz a fé. Talvez muitos deles nunca irão ouvi-la a menos que um
amigo como você transmita o que aprendeu. Não recomendo que você
fale do evangelho para mais de uma ou duas pessoas de cada vez. Ao
contrário do meu amigo Stan (aquele jovem que quis evangelizar cinco
estudantes judeus de uma só vez), muitas oportunidades de
testemunhar são melhores quando falamos com um ou dois de cada
vez. Não fique desanimado se algum de seus amigos não mostrar
interesse de imediato. Ele pode se interessar mais tarde, à medida que
você continua forte em sua fé cristã.
Você vai descobrir, porém, que a identidade de Jesus de Nazaré é
sempre a chave para a fé cristã. Se uma pessoa não tem fé, é geralmente
porque nunca foi convencida de que Jesus é o Filho de Deus
encarnado, que morreu sacrificialmente na cruz e ressuscitou dentre os
mortos. Livros como este são escritos para ajudar a enfrentar este
desafio. Como diz a Bíblia, a “fé vem pela pregação e a pregação pela
palavra de Cristo” (Romanos 10.17).
Lembre-se de que Deus não espera que “apenas acreditemos”.
Ele deseja que procuremos buscar sua Palavra, que a examinemos
racionalmente e à luz de outras evidências históricas e cheguemos a
uma conclusão lógica. Estou convicto de que a evidência apresentada
neste livro é tão esmagadora que qualquer pessoa não preconceituosa
ficará convencida de que Jesus Cristo verdadeiramente é o Filho de
Deus, exatamente como Ele afirmou. E assim podemos dizer,
juntamente com o apóstolo João:
Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos
outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome. (João 20.30-31).
******
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ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a
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