Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS PESQUISA: UNIÃO ESTÁVEL - HOMOSSEXUAL UNIÃO ESTÁVEL - HOMOSSEXUAL.RTF SP, 09.03.2004 INTERNET: www.stf.gov.br - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Supremo Tribunal Federal Classe / Origem Pet 1984 / RS PETIÇÃO Relator(a) Min. MARCO AURÉLIO DJ DATA-20/02/2003 P - 00024 Julgamento 10/02/2003 Despacho DECISÃO AÇÃO CIVIL PÚBLICA - TUTELA IMEDIATA - INSS - CONDIÇÃO DE DEPENDENTE - COMPANHEIRO OU COMPANHEIRA HOMOSSEXUAL - EFICÁCIA ERGA OMNES - EXCEPCIONALIDADE NÃO VERIFICADA - SUSPENSÃO INDEFERIDA. 1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, na peça de folha 2 a 14, requer a suspensão dos efeitos da liminar deferida na Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0, ajuizada pelo Ministério Público Federal. O requerente alega que, por meio do ato judicial, a que se atribuiu efeito nacional, restou-lhe imposto o reconhecimento, para fins previdenciários, de pessoas do mesmo sexo como companheiros preferenciais. Eis a parte conclusiva do ato (folhas 33 e 34): Com as considerações supra, DEFIRO MEDIDA LIMINAR, de abrangência nacional, para o fim de determinar ao Instituto Nacional do Seguro Social que: a) passe a considerar o companheiro ou companheira homossexual como dependente preferencial (art. 16, I, da Lei 8.213/91); b) possibilite que a inscrição de companheiro ou companheira homossexual, como dependente, seja feita diretamente nas dependências da Autarquia, inclusive nos casos de segurado empregado ou trabalhador avulso; c) passe a processar e a deferir os pedidos de pensão por morte e auxílio-reclusão realizados por companheiros do mesmo sexo, desde que cumpridos pelos requerentes, no que couber, os requisitos exigidos dos companheiros heterossexuais (arts. 74 a 80 da Lei 8.213/91 e art. 22 do Decreto nº 3.048/99). Fixo o prazo de 10 dias para implementação das medidas necessárias ao integral cumprimento desta decisão, sob pena de multa diária de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com fundamento no art. 461, § 4o, do Código de Processo Civil. Entendo inviável determinação do modo como procederá o INSS para efetivar a medida, consoante postulado pelo parquet (item 14, alínea "d"), porquanto configuraria indevida ingerência na estrutura administrativa da entidade. O requerente esclarece que encaminhou a suspensão, inicialmente, ao Presidente do Tribunal Regional Federal da 4a Região e, diante do indeferimento do pleito, vem renová-lo nesta Corte, à luz do artigo 4o da Lei nº 8.437/92, com a redação da Medida Provisória nº 1.984-16, Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 1 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS fazendo-o ante a natureza constitucional do tema de mérito em discussão. Assevera que a decisão fere a ordem e a economia públicas. Quanto à primeira, aduz que o ato "possibilita que qualquer pessoa se diga companheiro de pessoa de mesmo sexo e solicite o benefício" (folha 4), prejudicando o funcionamento da máquina administrativa, em face da ausência de fixação de critérios. Argúi, em passo seguinte, a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor a demanda, ao argumento de que o direito envolvido é individual. Registra: "o gozo de benefício previdenciário não é interesse difuso ou coletivo a ser tutelado por ação civil pública" (folha 5). Além disso, ressalta a impossibilidade de conceder-se, à liminar, abrangência nacional, na medida em que os artigos 11 e 110 da Lei nº 5.010/66 e 16 da Lei nº 7.347/85 "restringem a eficácia erga omnes inerente à decisão de procedência em ação civil pública aos limites territoriais da jurisdição do órgão prolator da decisão" (folha 7). A favor desse entendimento, evoca precedente desta Corte. Sustenta a violação ao princípio da separação dos Poderes, apontando que a Juíza substituiu o Congresso Nacional ao reconhecer a união estável ou o casamento entre homossexuais. A lesão à economia pública decorreria do fato de não se ter estabelecido a fonte de custeio para o pagamento do benefício, o que acabaria por gerar desequilíbrio financeiro e atuarial. O ministro Carlos Velloso, então Presidente da Corte, determinou a remessa dos autos à Procuradoria Geral da República, seguindo-se o parecer de folha 89 a 96, em torno do deferimento do pleito de suspensão. O Advogado-Geral da União manifestou-se por meio da peça de folhas 98 e 99. Defende o legítimo interesse da União para ingressar no feito, na qualidade de assistente simples, por ser responsável pelo financiamento do déficit da Previdência Social. O pedido de ingresso restou atendido à folha 98. Em despacho de folha 100, o INSS foi instado a informar se interpôs agravo à decisão, proferida pelo Presidente do Tribunal Regional Federal da 4a Região, que implicara o indeferimento da suspensão. Positiva a resposta da autarquia, sobreveio o despacho de folha 165, mediante o qual foram requisitadas cópias dos acórdãos para anexação ao processo. Desta providência, desincumbiu-se o requerente, conforme se depreende dos documentos de folha 172 a 203. Em 5 de junho de 2001, chamei o processo à ordem e determinei, à luz do princípio do contraditório, fosse dado conhecimento desta medida ao autor da ação civil pública (folha 215). Na defesa de folha 223 a 259, além de aludir-se ao acerto da decisão impugnada, aponta-se a ausência de dano à ordem ou à economia públicas. O Procurador-Geral da República, no parecer de folhas 426 e 427, reitera o pronunciamento anterior. Diante da passagem do tempo, despachei, à folha 429, a fim de que fossem prestadas informações sobre a Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0. O requerente noticia, à folha 451, haver sido julgado procedente o pedido formulado na ação, interpondo-se a apelação, recebida no efeito devolutivo, por isso persistindo o interesse na suspensão. Instei, então, o Instituto a Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 2 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS aditar, querendo, o pedido, trazendo aos autos o inteiro teor da sentença proferida. Daí o aditamento de folha 471 a 474, com a notícia de que a peça encontra-se à folha 351 à 423. 2. Extraem-se da Constituição Federal algumas premissas: a - as ações, medidas e recursos de acesso ao Supremo Tribunal Federal nela estão previstos ante a competência definida no artigo 102; b - em se tratando de recurso, tal acesso pressupõe o esgotamento da jurisdição na origem - artigo 102, incisos II e III. Soma-se a esse balizamento outro dado muito importante: de acordo com a jurisprudência reiterada, apenas se admite a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar ação cautelar que vise a imprimir eficácia suspensiva a certo recurso, uma vez não só interposto, como também submetido ao crivo do juízo primeiro de admissibilidade, verificando-se, neste último, a devolução da matéria. Então, há de considerar-se como sendo de excepcionalidade maior a possibilidade de chegar-se à Suprema Corte por meio de pedido de suspensão de medida liminar, sentença ou acórdão - procedimento que ganha contornos de verdadeira ação cautelar -, e, mesmo assim, diante do que, até aqui, está sedimentado acerca da admissibilidade da medida. Tanto quanto possível, devem ser esgotados os remédios legais perante a Justiça de origem, homenageando-se, com isso, a organicidade e a dinâmica do próprio Direito e, mais ainda, preservando-se a credibilidade do Judiciário, para o que mister é reconhecer-se a valia das decisões proferidas, somente atacáveis mediante os recursos pertinentes. Estes, por sinal, viabilizam a almejada bilateralidade do processo, o tratamento igualitário das partes, o que não ocorre com a suspensão de liminar, segurança, tutela antecipada ou qualquer outra decisão. Consubstancia a medida tratamento diferenciado, somente favorecendo as pessoas jurídicas de direito público. Nisso, aqueles que a defendem tomam-na como a atender interesse coletivo, mas deixam de atentar para a dualidade entre o interesse coletivo primário, a beneficiar todos, e o interesse coletivo secundário, ou seja, os momentâneos e isolados da Administração Pública, sempre sujeitos aos ares da política governamental em curso. Assim, toda e qualquer norma ordinária que enseje o acesso direto e com queima de etapas ao Supremo Tribunal Federal deve ser aplicada com a cabível cautela. A aferição da tese conducente à suspensão quer de liminar, de tutela antecipada ou de segurança não prescinde do exame do fundamento jurídico do pedido. Dissociar a possibilidade de grave lesão à ordem pública e econômica dos parâmetros fáticos e de direito envolvidos na espécie mostra-se como verdadeiro contra-senso. É potencializar a base da suspensão a ponto de ser colocado em plano secundário o arcabouço normativo, o direito por vezes, e diria mesmo, na maioria dos casos, subordinante, consagrado no ato processual a que se dirige o pedido de suspensão. Não há como concluir que restou configurada lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas, fazendo-o à margem do que decidido na origem, ao largo das balizas do ato processual implementado à luz da garantia constitucional de livre Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 3 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS acesso ao Judiciário. Na prática de todo e qualquer ato judicante, em relação ao qual é exigida fundamentação, considera-se certo quadro e a regência que lhe é própria, sob pena de grassar o subjetivismo, de predominar não o arcabouço normativo que norteia a atuação, mas a simples repercussão do que decidido. Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inciso IV do artigo 3o da Carta Federal). Vale dizer, impossível é interpretar o arcabouço normativo de maneira a chegar-se a enfoque que contrarie esse princípio basilar, agasalhando-se preconceito constitucionalmente vedado. O tema foi bem explorado na sentença (folha 351 à 423), ressaltando o Juízo a inviabilidade de adotar-se interpretação isolada em relação ao artigo 226, § 3o, também do Diploma Maior, no que revela o reconhecimento da união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. Considerou-se, mais, a impossibilidade de, à luz do artigo 5º da Lei Máxima, distinguir-se ante a opção sexual. Levou-se em conta o fato de o sistema da Previdência Social ser contributivo, prevendo a Constituição o direito à pensão por morte do segurado, homem ou mulher, não só ao cônjuge, como também ao companheiro, sem distinção quanto ao sexo, e dependentes - inciso V do artigo 201. Ora, diante desse quadro, não surge excepcionalidade maior a direcionar à queima de etapas. A sentença, na delicada análise efetuada, dispôs sobre a obrigação de o Instituto, dado o regime geral de previdência social, ter o companheiro ou companheira homossexual como dependente preferencial. Tudo recomenda que se aguarde a tramitação do processo, atendendo-se às fases recursais próprias, com o exame aprofundado da matéria. Sob o ângulo da tutela, em si, da eficácia imediata da sentença, sopesaram-se valores, priorizando-se a própria subsistência do beneficiário do direito reconhecido. É certo que restou salientada a eficácia da sentença em todo o território nacional. Todavia este é um tema que deve ser apreciado mediante os recursos próprios, até mesmo em face da circunstância de a Justiça Federal atuar a partir do envolvimento, na hipótese, da União. Assim, não parece extravagante a óptica da inaplicabilidade da restrição criada inicialmente pela Medida Provisória nº 1.570/97 e, posteriormente, pela Lei nº 9.497/97 à eficácia erga omnes, mormente tendo em conta a possibilidade de enquadrar-se a espécie no Código de Defesa do Consumidor. 3. Indefiro a suspensão pretendida. 4. Publique-se. Brasília, 10 de fevereiro de 2003. Ministro MARCO AURÉLIO Presidente Partes PETIÇÃO N. 1.984-9 PROCED.: RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE REQTE.: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADV.: MARCOS MAIA JÚNIOR Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 4 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS ADV.(A/S): ANDRÉ CAMARGO HORTA DE MACEDO E OUTRO ASSIST.(S): UNIÃO ADV.(A/S): ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO REQDO.(A/S): JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA DA 3ª VARA PREVIDENCIÁRIA DE PORTO ALEGRE - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL INTERNET: www.stj.gov.br - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Superior Tribunal de Justiça Acórdão RESP 148897 / MG ; RECURSO ESPECIAL 1997/0066124-5 FonteDJ DATA:06/04/1998 PG:00132 LEXSTJ VOL.:00108 AGOSTO/1998 PG:00235 RDR VOL.:00011 PG:00382 REVFOR VOL.:00344 PG:00313 REVFOR VOL.:00346 PG:00253 RJTAMG VOL.:00069 PG:00513 RSTJ VOL.:00110 PG:00313 RT VOL.:00756 PG:00117 Relator Min. RUY ROSADO DE AGUIAR (1102) Data da Decisão 10/02/1998 Orgão Julgador T4 - QUARTA TURMA Ementa SOCIEDADE DE FATO. HOMOSSEXUAIS. PARTILHA DO BEM COMUM. O PARCEIRO TEM O DIREITO DE RECEBER A METADE DO PATRIMONIO ADQUIRIDO PELO ESFORÇO COMUM, RECONHECIDA A EXISTENCIA DE SOCIEDADE DE FATO COM OS REQUISITOS NO ART. 1363 DO C. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. ASSISTENCIA AO DOENTE COM AIDS. IMPROCEDENCIA DA PRETENSÃO DE RECEBER DO PAI DO PARCEIRO QUE MORREU COM AIDS A INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL DE TER SUPORTADO SOZINHO OS ENCARGOS QUE RESULTARAM DA DOENÇA. DANO QUE RESULTOU DA OPÇÃO DE VIDA ASSUMIDA PELO AUTOR E NÃO DA OMISSÃO DO PARENTE, FALTANDO O NEXO DE CAUSALIDADE. ART. 159 DO C. CIVIL. AÇÃO POSSESSORIA JULGADA IMPROCEDENTE. DEMAIS QUESTÕES PREJUDICADAS. RECURSO CONHECIDO EM PARTE E PROVIDO. Decisão POR UNANIMIDADE, CONHECER EM PARTE DO RECURSO E, NESSA PARTE, DAR-LHE PROVIMENTO. Resumo Estruturado LEGALIDADE, PARTILHA, METADE, IMOVEL, DECORRENCIA, DISSOLUÇÃO, SOCIEDADE DE FATO, OCORRENCIA, ESFORÇO COMUM, FORMAÇÃO, PATRIMONIO, IRRELEVANCIA, HOMOSSEXUALIDADE, CARACTERIZAÇÃO, DIREITO PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE, INDENIZAÇÃO, DANO MORAL, ALEGAÇÃO, ASSISTENCIA MEDICA, DOENTE, AIDS, AUSENCIA, FAMILIA, HIPOTESE, DANO, DECORRENCIA, OPÇÃO, VIDA EM COMUM, AUTOR, INDEPENDENCIA, OMISSÃO, FAMILIA, NÃO CARACTERIZAÇÃO, NEXO DE CAUSALIDADE. Referência Legislativa LEG:FED LEI:003071 ANO:1916 ***** CC-16 CODIGO CIVIL ART:01363 ART:01366 ART:00159 LEG:FED SUM:000380 ANO:**** (STF) Veja Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 5 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS RE 84969-RJ, RE 81099-MG, RE 9855 (STF) RESP 45886-SP, RESP 4599-RJ, AG 2445-RJ (STJ) Superior Tribunal de Justiça Identificação AG 307978 Ministro(a) Min. RUY ROSADO DE AGUIAR Fonte DJ DATA: 17/10/2000 Órgão Julgador Quarta Turma Texto do Despacho AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 307.978 - SAO PAULO (2000/0047806-7) RELATOR : MIN. RUY ROSADO DE AGUIAR AGRTE : AMILCAR MORAES SAMPAIO - ESPOLIO E OUTROS ADVOGADO : JOAO ALVES DOS SANTOS AGRDO : ANESIA FUSTAINO ADVOGADO : JOAO CARLOS CARCANHOLO E OUTROS DECISÃO Vistos, etc. 1. Cuida-se de agravo de instrumento de decisão que negou seguimento ao recurso especial, alíneas a e c, interposto contra acórdão da eg. Terceira Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, relator o Des. Enio Zuliani, no qual se alega ofensa aos arts. 1363 e 1366 do CC, 1218, VII, do CPC e às Leis 8971/94 e 9278/96, bem como divergência jurisprudencial e com a Súmula 380/STF. 2. O acórdão possui a seguinte ementa: "Deve o juiz encarregado de julgar ação que versa sobre a meação de homem de hábitos incomuns e que manteve vida concubinária dúplice por mais de trinta anos, guiar-se pelos princípios gerais de direito (arts. 4º da LICC e 126 do CPC). Dividir a meação significa decisão de justiça social (art. 226, §3º, da Constituição Federal). Provimento do recurso, em parte, da autora para atribuir-lhe 25% do patrimônio do de cujus, prejudicados os demais recursos." 3. Copio o acórdão para que integre os precedentes deste Tribunal, pois é exemplo de como deve ser julgada uma causa de família: "A r. sentença acertou na parte em que declarou a existência de uma sociedade concubinária, longeva e notória, mantida por Anésia e Amilcar Moraes Sampaio até os últimos momentos da vida deste. As provas não deixam dúvidas do concubinato por mais de trinta anos, um estado de vida que poucos e privilegiados casais alcançam em tempos de divórcio e costumes enfraquecidos. Igualmente sensata pelo sentido humanístico a parte da decisão que reconheceu efeitos patrimoniais a essa união porque o julgamento do sentido familiar da união deveria levar em conta o papel masculino preponderante, exigindo rigorosa avaliação da conduta incomum do solteirão convicto que, sem assumir os compromissos dos homens normais, dominou e dirigiu a existência de duas mulheres com perfis similares por quase três décadas. Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 6 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS É possível concluir que Amilcar procedeu com as coisas do amor da mesma forma com que especulava no mercado de ações e imobiliário, ou seja, aplicando a estratégia do risco mínimo para as vantagens calculadas, posto que a coexistência de dois concubinatos marcados por aventuras (viagens, pescarias e etc.) e mistérios (festas familiares) permitiu-lhe usufruir dos melhores momentos das mulheres sem as responsabilidades do cotidiano matrimonial. E o que impressiona é a escolha de Anésia e Umbelina, ambas fragilizadas por casamentos infelizes e por dificuldades econômicas para a sobrevivência dos filhos, como companheiras. Amilcar, que era primo do ex-marido de Anésia e conhecido do de Umbelina, aproximou-se das duas em épocas próximas e conquistou sentimentos de afeição, fidelidade e solidariedade delas pela segurança financeira que prometeu e que cumpriu de forma parcimoniosa durante anos. É inequívoco que não está em pauta de julgamento a vida de Amilcar. Sua memória, porém, sofre um questionamento necessário, justamente pela influência dele na trajetória dessas mulheres. A intervenção de Amilcar, ditando regras de conduta para Anésia e Umbelina, guiando os seus destinos e patrimônios, proporciona a aplicação de normas do direito das obrigações para encontrar o critério justo de partilhamento dos seus bens. Amilcar procurou realizar uma justiça rateando seus bens de acordo com os seus padrões de conduta. Destinou, em vida, alguns imóveis a Anésia e Umbelina e lavrou testamento atribuindo a sobrinhos, filhos da única irmã que o visitava (fls. 521, verso), o remanescente. Cogita-se de que o acervo é composto de mais de cem imóveis urbanos, além de outros empreendimentos. Cumpre decidir sobre a legalidade de tal disposição. Amilcar perdeu o domínio da herança que deixou porque em vida comportou-se de forma a estimular uma disputa pela meação, dada a concorrência das duas mulheres que lhe guardaram fidelidade como companheiras submissas da vida dúplice que manteve. A primeira questão que surge como premissa de uma boa sentença decorre da dúvida sobre a incidência da Súmula 380 do Supremo Tribunal Federal e que exige como pressuposto do reconhecimento da meação a concubina, prova de seu esforço na formação do patrimônio a ser partilhado. Evidente que a aplicabilidade deste e de outros enunciados restritivos matam a pretensão da autora. Trata-se de mulher que vivia apenas para preparar refeições para Amilcar e seu irmão Corintho e que era mantida no recesso do lar para as visitas noturnas que o companheiro realizava e que foram confirmadas pelos vizinhos. A tese de que Anésia ajudava Amilcar na compra de casas e terrenos, agenciando negócios, não prosperou por falta de provas convincentes de que ela realmente intermediava contratos com êxito. Resulta que Anésia não deu contribuição direta para que Amilcar formasse o avantajado patrimônio. Também é verdade que quando Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 7 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS iniciado o relacionamento concubinário, Amilcar já detinha um cadastro imobiliário de provocar inveja. Essas circunstâncias, que antes eram argumentos de defesa contra as companheiras, perderam o sentido na visão atualizada do direito. As Leis 8971/94 e 9278/96 criaram um tipo de vínculo concubinário bem semelhante ao do regime de comunhão de bens que regula casamentos. Não é preciso mais que a companheira manipule ferramentas na oficina ou pegue na enxada, como dizia o saudoso Moura Bittencourt ("O Concubinato no Direito", ed. Jurídica e Universitária, Rio de Janeiro, 1969, II/58), para ter reconhecida sua participação econômica. O colendo Superior Tribunal de Justiça (REsp 61.363-9, Min. Ruy Rosado de Aguiar, in 'RT' 722/317 e REsp 102259-RJ, Min. Cesar Asfor Rocha, in 'RSTJ' 107/273); o Tribunal de Justiça de São Paulo (AP 5030.4.8, Des. Linneu Carvalho, in 'RT' 751/244 e Ap. 237.305-1.0, Des. Cezar Peluso, in 'RT' 729/174) e o Tribunal de Justiça de Goiás (Ap. 45.465-4.1/88, Des. Fenelon Teodoro Reis) aderiram à jurisprudência que, para dar o direito patrimonial devido pela vida em comum, não mais discrimina a companheira submissa que cumpria unicamente afazeres domésticos. Inclusive aos homossexuais que formam uma sociedade de fato encontra-se garantida a meação (REsp 148.897-MG, Min. Ruy Rosado de Aguiar, in 'RSTJ', 110/313). A r. sentença está afinada com a jurisprudência moderna. Surgiu de uma política social o direito das concubinas. Os juízes não poderiam fechar os olhos diante da realidade, como se não fosse maioria o relacionamento informal com fim dramático e injusto. A lógica da moral judiciária recomendava julgamentos favoráveis às companheiras que, iguais em tudo às esposas com papel passado em Cartório, ficavam à mercê da sorte, com o término da união. Justamente por esse enfoque é que não tem sentido descartar o direito da autora porque Amilcar não dormia todas as noites em sua casa. Esse o segundo ponto de reflexão obrigatória, porque respeitável precedente desta Corte deixou claro que "relacionamento de amizade e convivência social mantidos entre homem e mulher, sem haver envolvimento íntimo, vida em comum ou comunhão de leito, não caracteriza união estável e sociedade de fato, nos termos do art. 226, § 3º, da Constituição Federal e das Leis 8971/94 e 9278/96, de molde a justificar a divisão dos bens" (Ap. 038.013-4/7, Des. Alexandre Germano, in 'RT' 757/172). O sentido de entidade familiar de uma relação de pessoas deve, neste caso, ser extraído da atitude da mulher e não da opção de um homem de hábitos extravagantes. Importa que Anésia acreditou e viveu uma vida a dois e isso ficou provado pelo inabalável projeto de produzir uma comunhão de interesses recíprocos, com assistência mútua e conjugação de esforços. Aí a estrutura da entidade familiar que o Estado protege (§ 3º do art. 226 da Constituição Federal). Trata-se, sim, de uma sociedade de fato; incomum, admite-se, porque era o homem uma figura singular. O Egocentrismo de um dos Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 8 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS conviventes não prejudica a disposição de boa-fé do outro. Subtrair de Anésia os direitos que postula pela forma de agir de Amilcar seria impor-lhe sanções civis por conduta que não praticou e que sequer poderia evitar. Anésia e Umbelina foram concubinas de Amilcar, atestam as provas dos autos de maneira incontroversa. Não pesa uma acusação de leviandade a macular a honra da autora ou de Umbelina. Ambas - cada qual a seu modo, por óbvio - garantiram a estabilidade de Amilcar no plano emocional e econômico. As duas não são mulheres de grandes aspirações e nunca foram exigentes como as amantes caras que dizimam qualquer fortuna, contentando-se com a escolha ditada pelo companheiro rico e seguro nos gastos. Encaixaram-se muito bem como únicos pontos de luz na vida nada brilhante de Amilcar e, sem dúvida, tornaram-se responsáveis pela conservação e progressão da riqueza dele, certamente a sua maior preocupação terrena. É justo que recebam elas a meação. Umbelina já se garantiu com o acordo que fez com o Espólio de Amilcar (representado pelas filhas de Umbelina). Anésia, que foi igual em tudo à outra concubina, deve receber igual tratamento do Judiciário. Assim, a decisão mais eqüânime é atribuir a Anésia 25% do patrimônio de Amilcar, independente das casas que adquiriu em seu nome com a ajuda do finado. Não existe lei que discipline uma situação como a dos autos. São duas uniões paralelas e que vieram à tona com a morte de Amilcar. De acordo com a prova dos autos, as mulheres desconheciam a ambigüidade do varão e não existe um ponto que permita atribuir a Anésia a condição de família e a Umbelina a pecha de eventualidade ou vice-versa. Os princípios gerais de direito permitem decidir pela separação eqüitativa da meação (arts. 4º, da LICC e 126 do Código de Processo Civil). Cumpre respeitar a vontade de Amilcar no que tange ao destino de sua parte disponível; a metade de seu patrimônio, no entanto, comporta divisão entre as duas mulheres que lhe foram solidárias com o tipo de vida que escolheu. A conquista do direito à meação não decorre de sexo, alimentação e viagens e sim de mais de trinta anos de vida more uxório, um tributo digno de peso pela participação na sociedade de fato. Ou assim ou premia-se o locupletamento indevido que o Direito não tolera, conforme declarou o Min. Eduardo Ribeiro em Acórdão que admitiu o direito de meação à concubina de homem casado (REsp 47103-6-SP, in 'RSTJ' 68/368). Daí o único reparo da r. sentença. A parte justa de Anésia será de 25% do patrimônio do Espólio apurado na data do óbito e não 5% como foi declarado em Primeiro Grau. É justa porque nivela o direito das mulheres que disputam a meação; é jurídica porque descarta a compensação aplicada pelo nobre Magistrado, porque da mesma forma que Anésia recebeu ajuda de Amilcar em vida, os outros interessados Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 9 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS também foram beneficiados e não seria democrático realizar-se compensação unicamente em relação à autora." (fls. 178/186) 4. Os dispositivos legais apontados como violados não foram objeto de discussão pela eg. Câmara, sequer opostos embargos declaratórios com vista a suprir possível omissão, o que torna inarredável o óbice das Súmulas 282 e 356/STF. Quanto às Leis 8971/94 e 9278/96, não figuram as mesmas entre os motivos de decidir, tendo havido mera referência no r. acórdão. Ademais, o d. colegiado entendeu que houve união estável, configurando-se a estrutura da entidade familiar, merecedora de proteção do Estado (art. 226, §3º da CF), o que motivou a partilha dos bens. A decisão recorrida, dessarte, assenta-se em fundamento de índole constitucional, não impugnado pela via extraordinária. 5. A divergência jurisprudencial restou indemonstrada. Isso porque se faz necessário seja efetuado o cotejo analítico entre os julgados, mediante a transcrição de trechos que os identifiquem ou assemelhem, sendo insuficiente a só transcrição de ementas, tal como procederam os recorrentes. Por outro lado, as peculiaridades fáticas que permeiam os arestos confrontados inviabilizam a comprovação do dissenso, por força do enunciado da Súmula 7/STJ. Diante do exposto, nego provimento ao agravo. Intimem-se. Publique-se. Brasília-DF, 08 de setembro de 2000. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Relator Superior Tribunal de Justiça Identificação AG 511096 Ministro(a) Min. BARROS MONTEIRO Fonte DJ DATA: 17/10/2003 Órgão Julgador Quarta Turma Texto do Despacho AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 511.096 - RS (2003/0037127-6) RELATOR : MINISTRO BARROS MONTEIRO AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVADO : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADOR : MARCOS TUBINO BORTOLAN E OUTROS INTERES. : DÉBORA DACORREGIO DA SILVA E OUTRO ADVOGADO : JOSCELIA BERNHARDT CARVALHO E OUTROS DECISÃO Vistos, etc. Cuida-se de agravo de instrumento interposto de decisão que inadmitiu recurso especial, fundado na alínea "a" do permissivo constitucional, manejado contra v. Acórdão assim ementado: “RELAÇÕES HOMOSSEXUAIS. COMPETÊNCIA DA VARA DE FAMÍLIA PARA JULGAMENTO DE SEPARAÇÃO EM SOCIEDADE DE FATO. A competência para julgamento de separação de sociedade de fato de casais formados por pessoas do mesmo sexo, é das Varas de Família, conforme precedentes Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 10 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS desta Câmara, por não ser possível qualquer discriminação por se tratar de união entre homossexuais, pois é certo que a Constituição Federal, consagrando princípios democráticos de direito, proíbe discriminação de qualquer espécie, principalmente quanto à opção sexual, sendo incabível, assim, quanto à sociedade de fato homossexual. Conflito de competência acolhido” (fl. 59). O agravante alega afronta aos arts. 1º c/c 9º da Lei nº 9.278/96. A matéria não foi tratada pelo v. Acórdão à luz de dispositivos infra-constitucionais. Apesar da Lei 9.278/96 regulamentar o art. 226, § 3º, da Carta Magna, o que importa, in casu, é que o Tribunal a quo decidiu a questão baseando-se exclusivamente em questões constitucionais. Dessa forma, não há matéria que possa ser analisada em sede de recurso especial, sob pena de invadir-se a competência do eg. Supremo Tribunal Federal. Ante o exposto, nego provimento ao agravo. Publique-se. Intime-se. Brasília, 9 de outubro de 2003. Ministro BARROS MONTEIRO INTERNET: www.tj.sp.gov.br - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO Tribunal de Justiça de São Paulo INVENTÁRIO - Autor da herança falecido no estado de solteiro sem deixar descendentes - Dependente habilitado perante a Previdência Social decorrente de união homossexual com o falecido - Pretensão de habilitação na qualidade de herdeiro e meeiro do de cujus Inadmissibilidade - Direitos decorrentes da união estável para fins sucessórios na legislação vigente restritos ao companheiro sobrevivente de união entre homem e mulher - Inteligência dos artigos 226, § 3º, da Constituição Federal e Leis n.s 8/971/94 e 9.278/96 - Pedido indeferido - Recurso não provido. (Agravo de Instrumento n. 266.853-4 - São Paulo - 4ª Câmara de Direito Privado - Relator: Rebello Pinho - 28.11.02 - V.U.) Tribunal de Justiça de São Paulo SOCIEDADE DE FATO - Relação homossexual - Meação - Pretensão à extensão a todos os bens do falecido convivente - Simples sociedade de afeto mantida entre parceiros do mesmo sexo que não induz efeitos patrimoniais, à falta de normatização específica - Inexistência de respaldo a legitimar a aplicação analógica da Constituição da República de 1988 ou legislação ordinária que regulamente a união estável, de modo a conferir direito de herança ao apelante - Ruptura do liame informal que gera conseqüências meramente no âmbito do Direito das Obrigações - Presença dos pressupostos do artigo 1.363 do Código Civil - Necessidade da aferição da contribuição de cada um dos sócios para se proceder à partilha na proporção de seus Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 11 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS esforços - Recurso parcialmente provido. (Apelação Cível n. 179.953-4 - São Paulo - 10ª Câmara de Direito Privado - Relator: Paulo Dimas Mascaretti - 26.02.02 - V.U.) INTERNET: www.tj.sc.gov.br - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA Tribunal de Justiça de Santa Catarina Tipo: Agravo de instrumento Número: 2001.005532-5 Des. Relator: Des. Cesar Abreu. Data Decisão: 15/10/2001 Agravo de instrumento n. 2001.005532-5, de Balneário Camboriú. Relator: Des. Cesar Abreu. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDA CAUTELAR DE ARROLAMENTO DE BENS. ALEGADO RELACIONAMENTO AFETIVO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO. ROMPIMENTO DO VÍNCULO. RISCO DE DILAPIDAÇÃO DO PATRIMÔNIO COMUM. COMPROVAÇÃO. LIMINAR CONCEDIDA. DECISUM ADEQUADAMENTE FUNDAMENTADO. RECURSO IMPROVIDO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível n. 01.005532-5, Comarca da Balneário Camboriú (2ª Vara Cível), em que é agravante D. A. A., sendo agravada G. F. A.: ACORDAM, em Segunda Câmara Civil, por votação unânime, desprover o recurso. Custas na forma da lei. RELATÓRIO: D. A. A. interpôs agravo de instrumento em face da decisão proferida pela MM. Juíza de Direito da 2ª Vara Cível da comarca de Balneário Camboriú nos autos da medida cautelar de arrolamento de bens aforada por G. F. A. Afirmou que a agravada ajuizou, igualmente, ação de dissolução de sociedade de fato e partilha de bens, sob o argumento de que as partes litigantes tiverem relacionamento homossexual, pelo período de três anos, o que culminou na compra dos seguintes bens: apartamento situado em Porto Alegre/RS, apartamento situado em Balneário Camboriú e automóvel Corsa, placas IJO 7172. Ressaltou, então, que ante o risco de dissipação dos bens, no entender da agravada, esta aforou a medida cautelar, cuja liminar, deferida pela magistrada, carece de fundamentação, justamente pela não comprovação do referido risco. Salientou, ainda, que em nenhum momento houve qualquer relacionamento afetivo entre as partes, existindo apenas um condomínio pela compra do imóvel localizado em Balneário Camboriú, com o pagamento da entrada pela agravada e as demais prestações, bem como o mobiliário e condomínio, pela agravante. Gizou, ademais, que praticamente ficou privada da utilização do citado apartamento, em face das ameaças infligidas pela agravada, tanto que ajuizou ação de alienação judicial de coisa comum. Por fim, argumentou que não existe o risco de dissipação do Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 12 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS patrimônio, tendo retirado do imóvel apenas os bens pessoais e de uso exclusivo. Juntou farta documentação. Negado o efeito suspensivo almejado, a agravada apresentou contraminuta, pugnando pela mantença da liminar concedida na medida cautelar. Remetidos os autos à douta Procuradoria-Geral de Justiça, o seu representante manifestou-se pelo desprovimento do recurso. À fl. 311 a agravante peticionou, afirmando que o veículo citado como de propriedade das litigantes pertence, na verdade, à Ana Lúcia Vidal Ferreira, posto que alienado em 22/12/2000, ou seja, anteriormente ao ajuizamento da cautelar em 18/01/2001. Disse mais: que a referida senhora propôs embargos de terceiro, tendo-lhe sido deferida a liminar para obstar o arrolamento. Colacionou, finalmente, cópia de termo circunstanciado comprovando o crime de ameaça. Em resposta, a agravada asseverou que o documento de licenciamento do veículo (fl. 338), datado de 06/02/01, indica a agravante como proprietária daquele, caracterizando transferência simulada do bem. Conclui, todavia, que a decisão proferida em sede de embargos de terceiro não se relaciona com o presente agravo de instrumento, bem como a documentação referente ao termo circunstanciado. É o relatório. VOTO: Adota-se, como forma de decidir, a prudente manifestação do nobre Procurador de Justiça, Dr. Jobél Braga de Araújo, senão vejamos: "Preliminarmente, não há como se admitir a nulidade da decisão da Douta Juíza por falta de fundamentação, visto que a concessão da liminar de arrolamento de bens foi baseada nas provas testemunhais e documentais constantes no processo cautelar. Ademais, mesmo tratando-se de uma decisão concisa e objetiva, houve a fundamentação das razões do convencimento da Magistrada a quo. Nesse sentido: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. INOCORRÊNCIA. NULIDADE AFASTADA. Embora concisa a decisão agravada, contempla as razões do convencimento do Magistrado prolator, inexistindo, conseqüentemente, ofensa ao art. 93, inciso IX, da Constituição Federal e à Segunda parte do art. 165, do CPC" (AI n. 98.002898-1, de Caçador, rel. Des. Silveira Lenzi, j. em 25.08.98). E também: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXIBITÓRIA DE DOCUMENTOS. INCIDENTAL. NULIDADE DA DECISÃO PROFERIDA. INOCORRÊNCIA. DOCUMENTOS Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 13 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS BANCÁRIOS. FORMULAÇÃO POR CORRENTISTA. ADMISSIBILIDADE. PLEITO RECURSAL REPELIDO. Despacho com fundamentação concisa, escassa, curta, lacônica, é, ainda assim, decisão fundamentada, acentuada a sua validade e eficácia, uma vez que o acarreta a nulidade do decisum é somente a absoluta ausência de motivação. Se, conquanto sucinta, fundamentação existe, a interlocutória, não vê-se impregnada de qualquer nulidade" (AI n. 98.003041-2, de Blumenau, rel. Des. Trindade dos Santos, j. em 18.08.98). No mérito, razão não assiste à agravante. Dessume-se, dos depoimentos das testemunhas (fls. 56/59), que a agravante dissipou alguns bens do imóvel que a mesma possui juntamente com a agravada em Balneário Camboriú. Terezinha de Fátima da Rosa asseverou, in verbis: "... que não sabe dizer se as partes se desentenderam, ou não, entretanto, por volta do mês de novembro do ano passado, quando a Requerente havia viajado, a Requerida chegou com um caminhão e levou toda a mobília existente no apartamento...". Ideraldo Moreira Neves assim testemunhou: "... que dias depois, a Requerida pediu ao depoente que comprasse as mercadores que havia vendido, pois elas não faziam diferença no preço do apartamento, comprometendo-se o depoente em dirigir-se ao local para vê-los; que o depoente acabou comprando parte do que havia vendido...". Destarte, restando comprovada a dispersão dos móveis, apropriada foi a concessão da medida cautelar, já que o objetivo da Ação de Arrolamento de Bens é, justamente, proteger e distinguir os bens sempre que haja fundado receio de extravio ou de dissipação (art. 855, CPC). Contudo, cabe ressaltar que a liminar poderá ser revogada a qualquer momento (art. 807, CPC), caso fique demonstrada sua desnecessidade. Quanto ao reconhecimento da relação afetiva homossexual entre as litigantes, entendo deva ser a questão resolvida através da Ação de Reconhecimento de Sociedade de Fato, já em trâmite, posto que existe controvérsia acerca da exploração econômica sofrida pela agravante, e o recurso em análise diz respeito tão somente à Ação Cautelar. Por fim, não restou evidenciada a litigância de má-fé da agravante, porquanto para que tal seja reconhecida é necessária a presença do dolo, não se configurando tal situação nos autos em apreço, além disso, as razões recursais estão escudadas em precedentes jurisprudenciais, o que afasta o alegado caráter meramente protelatório do agravo". No que tange à liminar concedida em embargos de terceiro promovido por Ana Lúcia Vidal Ferreira, a fim de que não seja arrolado o automóvel citado na peça exordial sob o argumento de que o bem pertence a si e não às partes litigantes neste recurso, Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 14 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS observa-se que tal discussão refoge ao âmbito deste agravo de instrumento, eis que aqui apenas se analisa a ocorrência do risco de dilapidação do patrimônio. Por derradeiro, a juntada de termo circunstanciado, onde a agravante tenta provar a ocorrência do crime de ameaça perpetrado pela agravada, também não influencia na quaestio juris, uma vez que não cabe aqui resolver-se a questão afeta a existência ou não da sociedade de fato. Isto posto, nega-se provimento ao recurso. DECISÃO: Nos termos do voto do relator, decidiu-se, por votação unânime, desprover o recurso. Presidiu a sessão o Exmo. Sr. Desembargador Mazoni Ferreira e dela participou, com voto vencedor, o Exmo. Sr. Desembargador Sérgio Roberto Baasch Luz. Pela douta Procuradoria-Geral de Justiça, lavrou parecer o Exmo. Sr. Dr. Jobél Braga de Araújo. Florianópolis, 15 de outubro de 2001. Anselmo Cerello PRESIDENTE PARA O ACÓRDÃO Cesar Abreu RELATOR Agravo de instrumento n. 2001.005532-5 Gabinete Des. Cesar Abreu INTERNET: www.tj.rs.gov.br - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 70007243140 RELATOR: JOSÉ ATAÍDES SIQUEIRA TRINDADE EMENTA: RELAÇÃO HOMOSSEXUAL. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. Mantém-se o reconhecimento proferido na sentença da união estável entre as partes, homossexuais, se extrai da prova contida nos autos, forma cristalina, que entre as litigantes existiu por quase dez anos forte relação de afeto com sentimentos e envolvimentos emocionais, numa convivência more uxoria, pública e notória, com comunhão de vida e mútua assistência econômica, sendo a partilha dos bens mera conseqüência. Exclui-se da partilha, contudo, os valores provenientes do FGTS da ré utilizados para a compra do imóvel, vez que ¿frutos civis¿, e, portanto, incomunicáveis. Precedentes. Preliminar de não conhecimento do apelo rejeitada. Apelação parcialmente provida, por maioria. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70007243140, OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: JOSÉ ATAÍDES SIQUEIRA TRINDADE, JULGADO EM 06/11/2003) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 15 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS DATA DE JULGAMENTO: 06/11/2003 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: COMARCA DE RIO GRANDE SEÇÃO: CÍVEL Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 70006542377 RELATOR: RUI PORTANOVA EMENTA: APELAÇÃO. UNIÃO HOMOSSEXUAL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA. Embora reconhecida na parte dispositiva da sentença a existência de sociedade de fato, os elementos probatórios dos autos indicam a existência de união estável. PARTILHA. A união homossexual merece proteção jurídica, porquanto traz em sua essência o afeto entre dois seres humanos com o intuito relacional. Caracterizada a união estável, impõe-se a partilha igualitária dos bens adquiridos na constância da união, prescindindo da demonstração de colaboração efetiva de um dos conviventes, somente exigidos nas hipóteses de sociedade de fato. NEGARAM PROVIMENTO. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70006542377, OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: RUI PORTANOVA, JULGADO EM 11/09/2003) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 11/09/2003 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: COMARCA DE PORTO ALEGRE SEÇÃO: CÍVEL Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 70005488812 RELATOR: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS EMENTA: RELAÇÃO HOMOERÓTICA. UNIÃO ESTÁVEL. APLICAÇÃO DOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DA DIGNIDADE HUMANA E DA IGUALDADE. ANALOGIA. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO. VISÃO ABRANGENTE DAS ENTIDADES FAMILIARES. REGRAS DE INCLUSÃO. PARTILHA DE BENS. REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL. INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 1.723, 1.725 E 1.658 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. Constitui união estável a relação fática entre duas mulheres, configurada na convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituir verdadeira família, observados os deveres de lealdade, respeito e mútua assistência. Superados os preconceitos que afetam ditas realidades, aplicam-se os princípios constitucionais da dignidade da pessoa, da igualdade, além da Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 16 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS analogia e dos princípios gerais do direito, além da contemporânea modelagem das entidades familiares em sistema aberto argamassado em regras de inclusão. Assim, definida a natureza do convívio, opera-se a partilha dos bens segundo o regime da comunhão parcial. Apelações desprovidas. (Segredo de Justiça) (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70005488812, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS, JULGADO EM 25/06/2003) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 25/06/2003 Nº DE FOLHAS: 42 ÓRGÃO JULGADOR: SÉTIMA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: PORTO ALEGRE SEÇÃO: CIVEL ASSUNTO: 1. Reconhecimento. Caracterização. Requisitos. 2. Relação homossexual. Relação homoafetiva. Casal do mesmo sexo. Homossexualismo. Homoerotismo. 3. Família. Entidade familiar. Função. Noções. Considerações sobre o tema. 4. Discriminação. Preconceito. Exclusão. Princípio da igualdade. Princípio da isonomia. 5. Direito Constitucional. Hermenêutica. Interpretação constitucional. Interpretação sistemática. Normas constitucionais. Princípios constitucionais. Princípio da unidade da ordem jurídica. Princípio do efeito inegrador. Princípio da máxima efetividade. Princípio da força normativa da Constituição. Princípio da ótima concretização da norma. 6. Direito Individual. Direitos da Personalidade. Orientação sexual. Sexualidade. Direitos e garantias fundamentais. Inviolabilidade da intimidade e da vida privada. 7. Dignidade da pessoa humana. Proteção. Promoção. Dever do Estado. 8. Analogia. Equiparação. 9. Juiz. Decisão da lide. Lacuna ou obscuridade da lei. REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: CF-1 INC-III DE 1988. CF-5 INC-X DE 1988. CF-226 PAR-3 DE 1988. LICC- 4. LICC-5. LF-9278 DE 1996 ART-5. CC-1723 DE 2002. CC-1725 DE 2002. CPC-126. JURISPRUDÊNCIA: APC 598362655; APC 70001388982; EMI 70003967676; Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: EMBARGOS INFRINGENTES NÚMERO: 70003967676 RELATOR VENCIDO: SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES REDATOR PARA ACÓRDÃO: MARIA BERENICE DIAS EMENTA: UNIAO ESTAVEL HOMOAFETIVA. DIREITO SUCESSORIO. ANALOGIA. INCONTROVERTIDA A CONVIVENCIA DURADOURA, PUBLICA E CONTINUA ENTRE PARCEIROS DO MESMO SEXO, IMPOSITIVO QUE SEJA RECONHECIDA A EXISTENCIA DE UMA UNIAO ESTAVEL, ASSEGURANDO AO COMPANHEIRO SOBREVIVENTE A TOTALIDADE DO ACERVO HEREDITARIO, AFASTADA A DECLARACAO DE VACANCIA DA HERANCA. A OMISSAO DO CONSTITUINTE E DO LEGISLADOR EM RECONHECER EFEITOS JURIDICOS AS UNIOES HOMOAFETIVAS IMPOE QUE A JUSTICA COLMATE A LACUNA LEGAL FAZENDO USO DA ANALOGIA. Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 17 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS O ELO AFETIVO QUE IDENTIFICA AS ENTIDADES FAMILIARES IMPOE SEJA FEITA ANALOGIA COM A UNIAO ESTAVEL, QUE SE ENCONTRA DEVIDAMENTE REGULAMENTADA. EMBARGOS INFRINGENTES ACOLHIDOS, POR MAIORIA. (SEGREDO DE JUSTICA - 100FLS - D.) (EMBARGOS INFRINGENTES Nº 70003967676, QUARTO GRUPO DE CÂMARAS CÍVEIS, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES, JULGADO EM 09/05/2003) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 09/05/2003 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: QUARTO GRUPO DE CÂMARAS CÍVEIS COMARCA DE ORIGEM: COMARCA DE PORTO ALEGRE SEÇÃO: CIVEL ASSUNTO: 1. RELACAO HOMOSSEXUAL. RELACAO HOMOAFETIVA. HOMOSSEXUALISMO. CASAL DO MESMO SEXO. 2. DIREITO INDIVIDUAL. SEXUALIDADE. ORIENTACAO SEXUAL. IDENTIDADE DE GENERO. 2. UNIAO ESTAVEL. COMPROVADA. CARACTERIZACAO. RECONHECIMENTO. REQUISITOS. PROVA. 3. SOCIEDADE DE FATO. DISTINCAO. RELACAO DE CARATER OBRIGACIONAL E NAO FAMILIAR. 4. FAMILIA. ENTIDADE FAMILIAR. NOCOES. CONSIDERACOES SOBRE O TEMA. EVOLUCAO HISTORICA. 5. JUIZ. DECISAO DA LIDE. LACUNA OU OBSCURIDADE DA LEI. 6. ANALOGIA. APLICACAO ANALOGICA. COSTUMES. PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO. 7. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 8. DISCRIMINACAO. PRECONCEITO. 9. DIREITO A SUCESSAO. DIREITO A HERANCA TOTAL. CABIMENTO. 10. HERANCA JACENTE. HERANCA VACANTE. 11. VOTO VENCIDO. --EMBARGOS INFRINGENTES REFERENTES A APELACAO CIVEL N. 599348562 -- (SEGREDO DE JUSTICA)(100FLS - D.) REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: CF-226 PAR-3 DE 1988. CF-1 INC-III DE 1988. LF-8971 DE 1994 ART-2 ART-3. LF-9278 DE 1996 ART-5. SUMULA STF-380. SUMULA TJ-14. LICC-4. CC-1363. CC-1577. CC-1611 PAR-1. CPC-126. CPC-1142. CPC-1157. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 70003016136 RELATOR: ALFREDO GUILHERME ENGLERT EMENTA: APELACAO. RECONHECIMENTO DE SOCIEDADE DE FATO E PARTILHA. RELACIONAMENTO HOMOSSEXUAL. PRELIMINARES AFASTADAS. APELO PROVIDO, EM PARTE, POR MAIORIA. (SEGREDO DE JUSTICA). 24FLS. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70003016136, OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ALFREDO GUILHERME ENGLERT, JULGADO EM 08/11/2001) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 08/11/2001 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: PORTO ALEGRE SEÇÃO: CIVEL Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 18 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS ASSUNTO: 1. SOCIEDADE DE FATO. DISSOLUCAO. RECONHECIMENTO. TUTELA ANTECIPADA. CUMULACAO DE PEDIDOS. 2. UNIAO ESTAVEL. 3. SOCIEDADE DE FATO. CASAL DO MESMO SEXO. DISSOLUCAO. COMPETENCIA. 4. CONCUBINATO. SOCIEDADE DE FATO. DISTINCAO. 5. RELACAO AFETIVA HOMOSSEXUAL. 6. JUIZ. DECISAO DA LIDE. LACUNA OU OBSCURIDADE DA LEI. APLICACAO DO CPC.126º 7. DIREITO REAL DE HABITACAO. 8. PARTILHA DE BENS. CRITERIO. 9. RELACAO HOMOAFETIVA. REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: LICC-4 CF-3 INC-IV DE 1988 CF-1 INC-III DE 1988 CF-226 PAR-3 DE 1998 Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 599348562 RELATOR: ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA EMENTA: APELACAO. RELACIONAMENTO HOMOSSEXUAL. INEXISTENCIA DE UNIAO ESTAVEL. IMPOSSIBILIDADE DO SOBREVIVENTE SE BENEFICIAR DA HERANCA DO FALECIDO NOS TERMOS DO ARTIGO 2, INCISO III, DA LEI 8.971/94. O RELACIONAMENTO HOMOSSEXUAL DE DOIS HOMENS, NAO SE CONSTITUI EM UNIAO ESTAVEL PARA OS EFEITOS DO PAR. 3, DO ARTIGO 226, DA CONSTITUICAO FEDERAL E LEIS 8.971/94 E 9.278/96. A UNIAO ESTAVEL PARA SER RECONHECIDA COMO ENTIDADE FAMILIAR, EXIGE A CONVIVENCIA DURADOURA, PUBLICA E CONTINUA DE UM HOMEM E UMA MULHER, ESTABELECIDA COM OBJETIVO DE CONSTITUICAO DE FAMILIA, INCLUSIVE COM A POSSIBILIDADE DE SUA CONVERSAO EM CASAMENTO. AS OUTRAS ESPECIES DE UNIOES INFORMAIS, QUE NAO SE ENCAIXEM NA NOCAO DE COMPANHEIRISMO, INCLUSIVE ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO, ESTAO ABRANGIDAS PELA SUMULA 380,DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. (SEGREDO DE JUSTICA) (17FLS) (APELAÇÃO CÍVEL Nº 599348562, OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA, JULGADO EM 11/10/2001) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 11/10/2001 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: PORTO ALEGRE SEÇÃO: CIVEL ASSUNTO: 1. SOCIEDADE DE FATO. UNIAO ESTAVEL. DISSOLUCAO POR MORTE. CASAL DO MESMO SEXO. DIREITO A HERANCA. DESCABIMENTO. 2. SOCIEDADE DE FATO. UNIAO ESTAVEL. HOMOSSEXUALISMO. CASAL DE MESMO SEXO. 3. UNIAO ESTAVEL. RECONHECIMENTO. REQUISITOS. 4. RELACAO HOMOAFETIVA. REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: CF-226 PAR-3 DE 1988. LF-8971 DE 1994 ART-2. CPC-1144 INC-I. CPC-12 INC-IV. LF-9278 DE 1996 ART-1. LF-5478 DE 1968. LICC-4 JURISPRUDÊNCIA: APC 599348362 APC 3309/92 (RJ) Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 19 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 70001388982 RELATOR: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS EMENTA: UNIAO HOMOSSEXUAL. RECONHECIMENTO. PARTILHA DO PATRIMONIO. MEACAO PARADIGMA. NAO SE PERMITE MAIS O FARISAISMO DE DESCONHECER A EXISTENCIA DE UNIOES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO E A PRODUCAO DE EFEITOS JURIDICOS DERIVADOS DESSAS RELACOES HOMOAFETIVAS. EMBORA PERMEADAS DE PRECONCEITOS , SAO REALIDADES QUE O JUDICIARIO NAO PODE IGNORAR, MESMO EM SUA NATURAL ATIVIDADE RETARDATARIA. NELAS REMANESCEM CONSEQUENCIAS SEMELHANTES AS QUE VIGORAM NAS RELACOES DE AFETO, BUSCANDO-SE SEMPRE A APLICACAO DA ANALOGIA E DOS PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO, RELEVADO SEMPRE OS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DA DIGNIDADE HUMANA E DA IGUALDADE. DESTA FORMA, O PATRIMONIO HAVIDO NA CONSTANCIA DO RELACIONAMENTO DEVE SER PARTILHADO COMO NA UNIAO ESTAVEL, PARADIGMA SUPLETIVO ONDE SE DEBRUCA A MELHOR HERMENEUTICA. APELACAO PROVIDA, EM PARTE, POR MAIORIA, PARA ASSEGURAR A DIVISAO DO ACERVO ENTRE OS PARCEIROS. (55FLS.) (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70001388982, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS, JULGADO EM 14/03/2001) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 14/03/2001 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: SÉTIMA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: RESTINGA SEÇÃO: CIVEL ASSUNTO: 1. SOCIEDADE DE FATO. CASAL DO MESMO SEXO. DISSOLUCAO POR MORTE. PARTILHA DE BENS. DIREITO A MEACAO. 2. SOCIEDADE DE FATO. CASAL DO MESMO SEXO. DISSOLUCAO. CRITERIO. 3. UNIAO ESTAVEL. HOMOSSEXUALIDADE. EFEITOS JURIDICOS. 4. SOCIEDADE DE FATO. UNIAO ESTAVEL. CASAL DO MESMO SEXO. CONSIDERACOES SOBRE O TEMA. DIREITO COMPARADO. EVOLUCAO HISTORICA. DISPOSICOES DOUTRINARIAS E JURISPRUDENCIAIS. 6. MEDIUM. 7. RELACAO HOMOAFETIVA. REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: LF-8971 DE 1994. LF-9278 DE 1996. CF-5 INC-X DE 1988. LICC-4. CPC-126. JURISPRUDÊNCIA: APC 598362655. RSTJ V-26 P-378. RSTJ V-83 P-168. AGI 70000535542. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: AGRAVO DE INSTRUMENTO NÚMERO: 70000535542 RELATOR: ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. O RELACIONAMENTO HOMOSSEXUAL NAO ESTA AMPARADO PELA LEI 8971 DE 21 DE DEZEMBRO DE 1994, E LEI 9278, DE 10 DE MAIO DE 1996, O QUE IMPEDE A CONCESSAO DE ALIMENTOS PARA UMA DAS PARTES, POIS O ENVOLVIMENTO AMOROSO DE DUAS MULHERES NAO SE CONSTITUI EM UNIAO ESTAVEL, E SEMELH ANTE CONVIVENCIA TRADUZ UMA SOCIEDADE DE FATO. VOTO VENCIDO. (21 FLS) (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 70000535542, Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 20 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA, JULGADO EM 13/04/2000) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 13/04/2000 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: IGREJINHA SEÇÃO: CIVEL ASSUNTO: 1. SOCIEDADE DE FATO.DISSOLUCAO. CASAL DO MESMO SEXO. ALIMENTOS. DESCABIMENTO. 2. SOCIEDADE DE FATO. CASAL DO MESMO SEXO. UNIAO ESTAVEL. NAO RECONHECIMENTO. 3. UNIAO ESTAVEL. FAMILIA. CONCEITO. 4. ALIMENTOS PROVISORIOS. DESCABIMENTO. 5. UNIAO HOMOSSEXUAL. HOMOSSEXUALISMO. 6. RELACAO HOMOAFETIVA. REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: LF-8971 DE 1994. LF-9278 DE 1996. CC-231 INC-III INC-IV. CC-397. CF -3 INC-I INCIV DE 1988. CF-5 DE 1988. PROJETO DE LEI N. 1151 DE 19 95. JURISPRUDÊNCIA: RJRGS 205/288 Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 598362655 RELATOR: JOSÉ ATAÍDES SIQUEIRA TRINDADE EMENTA: HOMOSSEXUAIS. UNIAO ESTAVEL. POSSIBILIDADE JURIDICA DO PEDIDO. E POSSIVEL O PROCESSAMENTO E O RECONHECIMENTO DE UNIAO ESTAVEL ENTRE HOMOSSEXUAIS, ANTE PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS INSCULPIDOS NA CONSTITUICAO FEDERAL QUE VEDAM QUALQUER DISCRIMINACAO, INCLUSIVE QUANTO AO SEXO, SENDO DESCABIDA DISCRIMINACAO QUANTO A UNIAO HOMOSSEXUAL. E E JUSTAMENTE AGORA, QUANDO UMA ONDA RENOVADORA SE ESTENDE PELO MUNDO , COM REFLEXOS ACENTUADOS EM NOSSO PAIS, DESTRUINDO PRECEITOS ARCAICOS, MODIFICANDO CONCEITOS E IMPONDO A SERENIDADE CIENTIFICA DA MODERNIDADE NO TRATO DAS RELACOES HUMANAS, QUE AS POSICOES DEVEM SER MARCADAS E AMADURECIDAS, PARA QUE OS AVANCOS NAO SOFRAM RETROCESSO E PARA QUE AS INDIVIDUALIDADES E COLETIVIDADES, POSSAM ANDAR SEGURAS NA TAO ALMEJADA BUSCA DA FELICIDADE, DIREITO FUNDAMENTAL DE TODOS. SENTENCA DESCONSTITUIDA PARA QUE SEJA INSTRUIDO O FEITO. APELACAO PROVIDA. (9 FL S) (APELAÇÃO CÍVEL Nº 598362655, OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: JOSÉ ATAÍDES SIQUEIRA TRINDADE, JULGADO EM 01/03/2000) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 01/03/2000 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: PELOTAS SEÇÃO: CIVEL Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 21 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS ASSUNTO: 1.SOCIEDADE DE FATO. UNIAO ESTAVEL. CASAL DO MESMO SEXO. RECONHECIMENTO. 2. HERANCA . PETICAO DE HERANCA. PARTILHA. RELACAO HOMOSSEXUAL. RELACAO HOMOAFETIVA. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL NÚMERO: 599348562 RELATOR: ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA EMENTA: INTIMACAO PESSOAL DO MINISTERIO PUBLICO. RELACOES HOMOSSEXUAIS. AUSENCIA DE NULIDADE DA SENTENCA PROFERIDA NO JUIZO CIVEL. COMPETENCIA DAS VARAS DE FAMILIA. OBRIGATORIEDADE DA INTIMACAO PESSOAL DO MINISTERIO PUBLICO DA SENTENCA PROFERIDA EM PRIMEIRO GRAU (ARTIGOS 83, I, 84, E 236, PAR-2, DO CPC). EM RAZAO DA DATA DO ACORDAO QUE DEFINIU A COMPETENCIA DAS VARAS DE FAMILIA PARA APRECIACAO DE RELACOES QUE ENVOLVEM AFETO HOMOSSEXUAL, SE MOSTRA HIGIDA A SENTENCA, PROFERIDA PELA TITULAR DA SEXTA VARA CIVEL, POR SER ANTERIOR A DECISAO DO COLEGIADO. (6FLS.) (APELAÇÃO CÍVEL Nº 599348562, OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA, JULGADO EM 25/11/1999) TRIBUNAL: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS DATA DE JULGAMENTO: 25/11/1999 Nº DE FOLHAS: ÓRGÃO JULGADOR: OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE ORIGEM: PORTO ALEGRE SEÇÃO: CIVEL ASSUNTO: 1. SOCIEDADE DE FATO. UNIAO ESTAVEL. RECONHECIMENTO. PARTILHA DE BENS. CASAL DO MESMO SEXO. COMPETENCIA. 2. MINISTERIO PUBLICO. INTIMACAO PESSOAL. NECESSIDADE. 3. HOMOSSEXUALISMO. UNIAO HOMOSSEXUAL. 4. HERANCA. PARTILHA. RELACAO HOMOSSEXUAL. 5. RELACAO HOMOAFETIVA. REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: CPC-83 INC-I. CPC-84. CPC-236 PAR-2. REVISTA DE JURISPRUDÊNCIA: SEGREDO DE JUSTICA INTERNET: www.tj.rj.gov.br - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Ação de regulamentação de visitas. Convivência homoafetiva. Dissolução. Visitação de menor. Legitimação. A circunstância de a porte ter mantido união homossexual não a legitima ao exercício do ação de regulamentação de visita a menor, adotada pela outra. Tipo da Ação: APELACAO CIVEL Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 22 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS Número do Processo: 2003.001.06321 Data de Registro : 26/11/2003 Órgão Julgador: DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL DES. NAMETALA MACHADO JORGE Julgado em 08/10/2003 Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro HOMOSSEXUALISMO UNIAO ESTAVEL SOCIEDADE DE FATO RECONHECIMENTO INTEGRALIDADE DOS BENS DESCABIMENTO ESFORCO COMUM NA FORMACAO DO PATRIMONIO REINTEGRACAO DE POSSE INEXISTENCIA ESBULHO POSSESSORIO ART. 927 C.P.C. Sociedade de fato entre homens homossexuais. Reconhecimento e dissolucao. Alegacao de uniao estavel. Companheiro falecido. Pleito objetivando a integralidade dos bens do espolio. Descabimento. Formacao do patrimonio comun. Contribuicao nao demonstrada. Reintegracao de posse com inversao de polaridade. Esbulho incomprovado. Regra do disposto no artigo 927 do CPC. Demandas julgadas em conjunto. Sentenca correta. Recursos improvidos. Ainda que evidenciada, por longo tempo, a relacao homossexual entre dois homens, `a ela nao se aplica as disposicoes da Lei n. 8971/94, sob alegacao de existencia de uniao estavel. Sobretudo porque, a Carta Magna, em seu artigo 226, estabelece que "a familia, base da sociedade, tem especial protecao do Estado", consignando no paragrafo 3. que "para efeito da protecao do Estado, e' reconhecida a uniao estavel entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversao em casamento". Esse preceito constitucional, pois, tem por escopo a uniao entre pessoas do sexo oposto e nao elementos do mesmo sexo. Logo, nesse contexto, o reconhecimento e a dissolucao de sociedade de fato, cujo pleito objetiva a integralidade dos bens do espolio do companheiro, que faleceu sem deixar descendentes, ou ascendentes, exibe-se incabivel quando se verifica que nao restou demonstrado a contribuicao ou o esforco na formacao do patrimonio que se afirma comum. De outro lado, tratando-se de Acao de Reintegracao de Posse, exige-se que o autor, necessariamente, comprove sua posse anterior e a existencia do esbulho que alega. Se ausentes os elementos seguros que afastem quaisquer duvidas acerca do episodio que o gerou, tem-se a nao configuracao do mesmo. Nao basta, portanto, demonstrar apenas a propriedade. Assim, a reparacao pela via do interdito reintegratorio nao pode prosperar se inobservado o disposto no artigo 927 do CPC. (MLN) Partes: SERGIO AUGUSTO GUIMARAES E OUTRO OS MESMOS REV. DIREITO DO T.J.E.R.J., vol 50, pag 212 REV. DOS TRIBUNAIS, vol 791, pag 354 Ementário: 13/2001 - N. 16 - 03/05/2001 Tipo da Ação: APELACAO CIVEL Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 23 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS Número do Processo: 2000.001.10704 Data de Registro : 13/02/2001 Folhas: 6977/6986 Comarca de Origem: CAPITAL Órgão Julgador: TERCEIRA CAMARA CIVEL Votação : Unanime DES. ANTONIO EDUARDO F. DUARTE Julgado em 07/11/2000 Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro HOMOSSEXUALISMO SOCIEDADE DE FATO RECONHECIMENTO PARTILHA DE BENS MORTE LEGITIMIDADE PASSIVA REPRESENTACAO DO ESPOLIO IMPOSSIBILIDADE SUSPENSAO DA ACAO CITACAO DE HERDEIROS CURADORIA ESPECIAL PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA. FALECIMENTO DO INTEGRANTE DO PÓLO PASSIVO NO CURSO DA DEMANDA, SENDO SUBSTITUÍDO PELO SEU ESPÓLIO QUE TEM, NO PRÓPRIO AUTOR O REPRESENTANTE. COLIDÊNCIA DE INTERESSES. SENTENÇA QUE EXTINGUE O FEITO E QUE MERECE SER CASSADA PARA, EM SE SUSPENDENDO A AÇÃO DECLARATÓRIA, SE AGUARDAR A REGULAR REPRESENTAÇÃO NO INVENTÁRIO ONDE, CITANDO-SE OS POSSÍVEIS HERDEIROS PELAS VIAS EDITALÍCIAS, INTERVIRÁ A CURADORIA ESPECIAL QUE, POR FORÇA DE LEI, ESTARÁ REPRESENTANDO O ESPÓLIO NESTES AUTOS. PROVIMENTO PACIAL DO RECURSO. I - Impossível que o Autor venha a representar o Espólio do Réu em ação declaratória pela qual se pretende obter a declaração de relação homossexual e, por conseqüência, a partilha dos bens Integrantes do mesmo Espólio; II - Provimento parcial do recurso para, suspendendo-se a ação declaratória, se promover, nos autos do inventário, a citação de possíveis herdeiras que, inexistentes ou porque citados pela via editalícia, terão a defesa de seus direitos patrocinada pela Curadoria Especial. Tipo da Ação: APELACAO CIVEL Número do Processo: 2000.001.13710 Data de Registro : 27/03/2001 Órgão Julgador: NONA CAMARA CIVEL DES. ADEMIR PIMENTEL Julgado em 06/02/2001 Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ADOCAO Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 24 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS PATRIO PODER DESTITUICAO HOMOSSEXUALISMO PROCEDENCIA DO PEDIDO SENTENCA CONFIRMADA Adocao cumulada com destituicao do patrio poder. Alegacao de ser homossexual o adotante. Deferimento do pedido. Recurso do Ministerio Publico. 1. Havendo os pareceres de apoio (psicologico e de estudos sociais) considerado que o adotado, agora com dez anos sente agora orgulho de ter um pai e uma familia, ja' que abandonado pelos genitores com um ano de idade, atende a adocao aos objetivos preconizados pelo Estatuto da Crianca e do Adolescente (ECA) e desejados por toda a sociedade. 2. Sendo o adotante professor de ciencias de colegios religiosos, cujos padroes de conduta sao rigidamente observados, e inexistindo obice outro, tambem e' a adocao, a ele entregue, fator de formacao moral, cultural e espirutal do adotado. 3. A afirmacao de homossexualidade do adotante, preferencia individual constitucionalmente garantida, nao pode servir de emprecilho `a adocao de menor, se nao demonstrada ou provada qualquer manifestacao ofensiva ao decoro e capaz de deformar o carater do adotado, por mestre a cuja atuacao e' tambem entregue a formacao moral e cultural de muitos outros jovens. Apelo improvido. (MCG) Partes: SEGREDO DE JUSTICA REV. FORENSE, vol 349, pag 315 REV. DIREITO DO T.J.E.R.J., vol 42, pag 189 Tipo da Ação: APELACAO CIVEL Número do Processo: 1998.001.14332 Data de Registro : 30/06/1999 Folhas: 52196/52199 Comarca de Origem: CAPITAL Órgão Julgador: NONA CAMARA CIVEL Votação : Unanime DES. JORGE MAGALHAES Julgado em 23/03/1999 TRIBUNAL DE ALÇADA DE MINAS GERAIS Número do Processo: 0360826-8 (2º) Orgão Julgador: Segunda Câmara Cível Recurso: Apelação (Cv) Relator: Alberto Vilas Boas Data da Julgamento: 27/08/2002 Dados da Publicação: RJTAMG 87/241 Assunto: Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 25 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS MANUTENÇÃO DE POSSE, REINTEGRAÇÃO DE POSSE, REQUISITOS, PROVA. Ementa Técnica: MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE - COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS IMPOSTOS PELO ARTIGO 927 DO CPC - UNIÃO HOMOSSEXUAL CARACTERIZADA - DIREITO DO AUTOR. - Preenchidos os requisitos estabelecidos pelo art. 927 do CPC, bem como comprovado o fato de que o autor exercia real e concretamente a posse sobre os bens objetos do litígio, deve ser deferido o pedido formulado na inicial da ação de manutenção de posse. - Embora a posse do autor nos bens seja decorrente de convivência com pessoa do mesmo sexo, que o mesmo mantinha com o falecido irmão do réu, não se permite desconhecer que dela remanescem conseqüências semelhantes às que vigoram nas relações afetivas, não podendo, por isso, ser ignorada pelo Direito. - Apelo não provido. Inteiro Teor: EMENTA: MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE - COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS IMPOSTOS PELO ARTIGO 927 DO CPC - UNIÃO HOMOSSEXUAL CARACTERIZADA - DIREITO DO AUTOR. - Preenchidos os requisitos estabelecidos pelo art. 927 do CPC, bem como comprovado o fato de que o autor exercia real e concretamente a posse sobre os bens objetos do litígio, deve ser deferido o pedido formulado na inicial da ação de manutenção de posse. - Embora a posse do autor nos bens seja decorrente de convivência com pessoa do mesmo sexo, que o mesmo mantinha com o falecido irmão do réu, não se permite desconhecer que dela remanescem conseqüências semelhantes às que vigoram nas relações afetivas, não podendo, por isso, ser ignorada pelo Direito. - Apelo não provido. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível Nº 360.826-8, da Comarca de JUIZ DE FORA, sendo Apelante (s): DJALMA DUTRA DO VALE e Apelado (a) (os) (as): JOSÉ AMÉRICO GRIPPI, ACORDA, em Turma, a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO. Presidiu o julgamento o Juiz EDGARD PENNA AMORIM e dele participaram os Juízes ALBERTO VILAS BOAS (Relator), ROBERTO BORGES DE OLIVEIRA (Revisor) e ALBERTO ALUÍZIO PACHECO DE ANDRADE (Vogal). O voto proferido pelo Juiz Relator foi acompanhado na íntegra pelos demais componentes da Turma Julgadora. Belo Horizonte, 27 de agosto de 2002. JUIZ ALBERTO VILAS BOAS Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 26 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS Relator V O T O O SR. JUIZ ALBERTO VILAS BOAS: Conheço do recurso. A controvérsia reside, basicamente, em saber se o apelado tem ou não direito de ser mantido e reintegrado na posse dos bens em litígio. Analisando os autos, observa-se que o autor, ora apelado, viveu durante 31 anos como companheiro do falecido, irmão do réu, tendo mantido com ele uma relação pessoal com características familiares e de sociedade de fato. Embora sustente o apelante que se trata apenas de uma pretensa relação concubinária, creio que o relacionamento entre o apelado e Darcy Teixeira Dutra (irmão do réu) restou devidamente comprovado, sendo, inclusive, confirmado na sentença que julgou parcialmente procedente o pedido formulado pelo apelado na ação de dissolução de sociedade de fato cumulada com indenização por dano moral (fls.118/128). Diante disso, parece-me que não assiste razão ao apelante quando sustenta que as provas feitas pelo apelado são frágeis, sendo incorreta a alegação de que o Juiz fundamentou a sentença lastreado, apenas, em depoimentos tendenciosos de testemunhas quando da audiência de justificação. Sobre o tema, entendo que, embora se trate de união de pessoas do mesmo sexo, não se permite mais desconhecer a existência das mesmas nem, tampouco os efeitos jurídicos delas derivados. Apesar de eivadas de preconceitos, não há como negar que as uniões homossexuais são realidades que o Direito não pode ignorar. Outrossim, verifica-se que nelas remanescem conseqüências semelhantes às que vigoram nas relações de afeto, devendo, por isso, buscar-se sempre a aplicação da analogia e dos princípios gerais do direito, em consonância com os princípios constitucionais da igualdade e da dignidade humana. Destarte, creio que a pretensão do autor, no que se refere à manutenção de posse de sítio e de um apartamento e a reintegração na posse de dois carros é perfeitamente cabível diante das circunstâncias do caso concreto. Os elementos constantes dos autos demonstram, com clareza, que o autor teve sua posse turbada em relação aos citados bens imóveis, bem como perdeu a posse sobre os dois veículos referidos. Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 27 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS É cediço que, para ter direito a ser mantido ou reintegrado na posse, deve o autor da ação desincumbir-se de provar, satisfatoriamente, os requisitos impostos pelo art. 927 do CPC. Neste aspecto, para que seja reconhecida a procedência da pretensão, deve o autor provar que exercia, de fato, a posse sobre os bens em litígio, sendo certo que só terá direito subjetivo material à restituição ou à manutenção da posse aquele que a exercia de forma real e concreta. Portanto, na espécie, parece-me acertada a solução encontrada pelo Juiz monocrático, haja vista que a posse concreta exercida pelo apelado pode ser comprovada até mesmo pelo fato de que ele fornecia, como seu endereço, para efeito de recebimento de correspondências, aquele coincidente com o utilizado pelo de cujus, qual seja, o do apartamento objeto desta ação. Cumpre ressaltar que o fato de o réu ser herdeiro dos bens deixados por seu irmão não influi na decisão da presente ação. Tal fato, por si só, não o autoriza a exercer a posse sobre os bens em questão, pois o que importa, agora, é que restou comprovado que o autor realmente exercia a posse sobre os mesmos enquanto conviveu com o irmão do apelante. Assim, os atos praticados pelo apelante caracterizam, sim, atos de turbação e esbulho, não podendo, por isso, prevalecer a argumentação esposada nas razões recursais. Pelo exposto, nego provimento ao apelo, mantendo a decisão proferida em primeira instância, no sentido de manter o autor na posse dos bens imóveis objetos do litígio (sítio e do apartamento situado na Avenida dos Andradas, qualificados nos autos), bem como para reintegrá-lo na posse dos dois veículos também relacionados na inicial. Custas, pelo apelante. JUIZ ALBERTO VILAS BOAS APELAÇÃO CÍVEL JUIZ DE FORA Nº 360.826-8 - 27.08.2002 INTERNET: www.cjf.gov.br - CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL Tribunal Regional Federal da 4ª Região Acordão Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL – 412151 Processo: 200104010273728 UF: RS Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 28 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS Órgão Julgador: QUARTA TURMA Data da decisão: 17/10/2002 Documento: TRF400086072 Fonte DJU DATA:20/11/2002 PÁGINA: 422 DJU DATA:20/11/2002 Relator(a) JUIZ EDGARD A LIPPMANN JUNIOR Decisão A TURMA, POR MAIORIA, NEGOU PROVIMENTO AO APELO E À REMESSA OFICIAL, VENCIDO O DES. ATHAYDE, ENTENDENDO NÃO HAVER MÉTODO INTERPRETATIVO DE INTEGRAÇÃO DO DIREITO QUANDO NÃO HÁ, COMO NO CASO, LACUNA DA LEI, POIS ESTA, AO DIZER QUE TÃO-SOMENTE A UNIÃO ESTÁVEL É RECONHECIDA ENTRE HOMEM E MULHER, ESTÁ DIZENDO, ELOQUENTEMENTE, QUE NÃO SE ADMITE UNIÃO ESTÁVEL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO. Ementa ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO HOMOSSEXUAL. RECONHECIMENTO DA SOCIEDADE DE FATO. APLICAÇÃO DO PREVISTO NO ART. 217, I, "C" DA LEI 8.112/90 POR ANALOGIA À UNIÃO ESTÁVEL. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. JUROS MORATÓRIOS DE 1% AO MÊS. VERBA ALIMENTAR. - A sociedade de fato estabelecida entre homossexuais merece tratamento isonômico ao dispensado às uniões heterossexuais em respeito aos princípios constitucionais da igualdade, da dignidade da pessoa humana e o da promoção do bem de todos sem preconceito ou discriminação. - O reconhecimento da sociedade de fato permite a aplicação do art. 217, I, "c", como pedido na inicial destes autos, embora não caracterizada a união estável, sob pena de discriminação sexual, interpretando-o de forma analógica e sistemática. Fixação dos juros moratórios à razão de 1% ao mês, pois a jurisprudência dos Tribunais pátrios é massiva em relação à incidência dos juros fixados na taxa prevista por se tratar de dívida de natureza alimentar. Precedentes. Indexação COMPANHEIRO, SERVIDOR PÚBLICO, HOMEM, DIREITO, PENSÃO ESTATUTÁRIA, HIPÓTESE, DIREITO, PENSÃO ESTATUTÁRIA, HIPÓTESE, COMPROVAÇÃO, SOCIEDADE DE FATO. ÍNDICE MENSAL, JUROS DE MORA. Data Publicação 20/11/2002 Referência Legislativa CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERAL LEG-FED CFD-0 ANO-1988 ART-226 ART-217 INC-1 LET-C Tribunal Regional Federal da 4ª Região Acordão Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL – 349785 Processo: 200004010736438 UF: RS Órgão Julgador: SEXTA TURMA Data da decisão: 21/11/2000 Documento: TRF400079161 Fonte DJU DATA:10/01/2001 PÁGINA: 373 Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 29 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS Relator(a) JUIZ NYLSON PAIM DE ABREU Decisão A TURMA, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO ÀS APELAÇÕES, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Ementa CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONCESSÃO. COMPANHEIRO. UNIÃO HOMOSSEXUAL. REALIDADE FÁTICA. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS. EVOLUÇÃO DO DIREITO. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE IGUALDADE. ARTIGOS 3º, IV E 5º. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A realidade social atual revela a existência de pessoas do mesmo sexo convivendo na condição de companheiros, como se casados fossem. 2. O vácuo normativo não pode ser considerado obstáculo intransponível para o reconhecimento de uma relação jurídica emergente de fato público e notório . 3. O princípio da igualdade consagrado na Constitução Federal de 1988, inscrito nos artigos 3º, IV, e 5º, aboliram definitivamente qualquer forma de discriminação. 4. A evolução do direito deve acompanhar as transformações sociais, a partir de casos concretos que configurem novas realidades nas relações interpessoais. 5. A dependência econômica do companheiro é presumida, nos termos do § 4º do art. 16 da Lei nº 8.213/91. 6. Estando comprovada a qualidade de segurado do de cujus na data do óbito, bem como a condição de dependente do autor, tem este o direito ao benefício de pensão por morte, o qual é devido desde a data do ajuizamento da ação, uma vez que o óbito ocorreu na vigência da Lei nº 9.528/97. 7. As parcelas vencidas deverão ser corrigidas monetariamente desde quando devidas, pelo IGP-DI (Medida Provisória nº 1.415/96). 8. Juros de mora de 6% ao ano, a contar da citação. 9. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, nesta compreendidas as parcelas vencidas até a execução do julgado. 10. Apelações providas. Indexação HOMEM, DIREITO, PENSÃO POR MORTE, COMPANHEIRO. INÍCIO, PROVA MATERIAL, UNIÃO ESTÁVEL, RATIFICAÇÃO, PROVA TESTEMUNHAL. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. INEXISTÊNCIA, PREVISÃO LEGAL, NEGAÇÃO, IMPEDIMENTO, RECONHECIMENTO, SITUAÇÃO DE FATO. APLICAÇÃO, PRINCÍPIO DA ISONOMIA. TERMO INICIAL, DATA, AJUIZAMENTO, MOTIVO, PEDIDO, POSTERIORIDADE, PRAZO LEGAL, TRINTA DIAS, INÍCIO, DATA, MORTE. CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS, ADVOGADO. Data Publicação 10/01/2001 Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 30 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS Referência Legislativa CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERAL LEG-FED CFD-0 ANO-1988 ART-3 INC-4 ART-5 PAR-CAPUT ART-226 PAR-3 ART-201 PAR-5 _ _ _ LEG-FED LEI-8213 ANO-1991 ART-16 PAR-3 PAR-4 ART-74 _ _ _ LEG-FED MPR-1596 MPR 1596-14/97 _ _ _ LEG-FED LEI-9528 ANO-1997 _ _ _ LEG-FED MPR-1415 ANO-1996 Tribunal Regional Federal da 4ª Região Acordão Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO Classe: AGVSEL - AGRAVO NA SUSPENSÃO DE EXECUÇÃO DE LIMINAR - 465 Processo: 200004010431810 UF: RS Órgão Julgador: PLENÁRIO Data da decisão: 30/06/2000 Documento: TRF400080380 Fonte DJU DATA:02/08/2000 PÁGINA: 199 DJU DATA:02/08/2000 Relator(a) JUIZ FABIO ROSA Decisão "PROSSEGUINDO O JULGAMENTO, O TRIBUNAL, POR UNANIMIDADE, ACOLHEU A PRELIMINAR DE PERDA DE OBJETO SUSCITADA PELO JUIZ-PRESIDENTE." Ementa AGRAVO. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DE LIMINAR EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPANHEIRO HOMOSSEXUAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE VISTA. JULGAMENTO SUSPENSO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. JULGAMENTO DE MÉRITO. PRELIMINAR. PERDA DO OBJETO. 1. Suspenso o julgamento do agravo, em face de pedido de vista, sobreveio julgamento de mérito do agravo de instrumento interposto na Turma contra a mesma decisão. 2. A pretensão resistida é agora a decisão do segundo grau, reformável somente pela Superior Instância. 3. Agravo prejudicado pela perda do objeto. Indexação PERDA DO OBJETO, PEDIDO, SUSPENSÃO, LIMINAR, DETERMINAÇÃO, INSCRIÇÃO, HOMEM, COMPANHEIRO, SEGURADO, CONDIÇÃO, DEPENDENTE, OBJETIVO, BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. SUPERVENIÊNCIA, JULGAMENTO, MÉRITO, MANUTENÇÃO, LIMINAR. Data Publicação 02/08/2000 Referência Legislativa LEG-FED LEI-8213 ANO-1991 ART-16 INC-1 Tribunal Regional Federal da 5ª Região Acordão Origem: TRIBUNAL - QUINTA REGIAO Classe: AC - Apelação Civel – 238842 Processo: 200005000579892 UF: RN Órgão Julgador: Primeira Turma Data da decisão: 30/08/2001 Documento: TRF500050869 Fonte DJ - Data::13/03/2002 - Página::1163 Relator(a) Desembargadora Federal Margarida Cantarelli Decisão Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 31 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS UNÂNIME Ementa PREVIDENCIÁRIO, CONSTITUCIONAL, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PENSÃO ESTATUTÁRIA. MORTE DE COMPANHEIRO HOMOSSEXUAL SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CARÊNCIA DA AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. INEXISTÊNCIA. INTEGRAÇÃO POR ANALOGIA. VEDAÇÃO LEGAL. INOCORRÊNCIA. RECONHECIMENTO DO DIREITO NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA. PRINCÍPIOS DA IGUALDADE E DA LIBERDADE INDIVIDUAL. PROIBIÇÃO CONSTITUCIONAL DE DISTINÇÃO EM RAZÃO DO SEXO. COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA E VIDA EM COMUM. DEFERIMENTO. I.A INEXISTÊNCIA DE NORMA QUE REGULE SITUAÇÃO FÁTICA SOCIALMENTE RECONHECIDA, MAS QUE NÃO ENCONTRA PREVISÃO LEGAL NO ORDENAMENTO, NÃO SE FAZ BASTANTE PARA EXTINÇÃO DO PROCESSO POR IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, QUE, APENAS, SE CARACTERIZARIA NA HIPÓTESE DE EXPRESSA VEDAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AO DEFERIMENTO DA PRETENSÃO DO LITIGANTE. II.É RECONHECIDO PELA DOUTRINA O FATO DE QUE OS ORDENAMENTOS JURÍDICOS APRESENTAM LACUNAS, QUE SE TORNAM MAIS EVIDENTES NOS DIAS ATUAIS, EM VIRTUDE DO DESCOMPASSO ENTRE A ATIVIDADE LEGISLATIVA E O CÉLERE PROCESSO DE TRANSFORMAÇÕES POR QUE PASSA A SOCIEDADE, DE MODO QUE CABE AO JUIZ, DIANTE DE CONTROVÉRSIAS ÀS QUAIS FALTE A NORMA ESPECÍFICA QUE SE LHES APLIQUE, BUSCAR A INTEGRAÇÃO ENTRE DIREITO E REALIDADE, AMPARANDO-SE NOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, E MORMENTE, COMO É O CASO, FAZENDO USO DO MÉTODO DA ANALOGIA, EVITANDO, ASSIM, O NON LIQUET. III.A LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA APLICÁVEL AOS SERVIDORES PÚBLICOS, REGIDA PELA LEI Nº 8.112/90, PREVÊ A CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE AO CÔNJUGE, COMPANHEIRO DO DE CUJUS, SEM QUALQUER VEDAÇÃO EXPRESSA A QUE ESTES SEJAM DO MESMO SEXO. IV.O ARTIGO 226, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ESGRIMIDO PELA AUTARQUIA APELANTE COMO NORMA PROIBITIVA AO RECONHECIMENTO DO DIREITO À PENSÃO EM COMENTO, CUIDA ESPECIFICAMENTE DA FAMÍLIA E DAS RELAÇÕES DE CASAMENTO, NÃO VISANDO A REGULAR MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA QUE É TRATADA EM CAPÍTULO PRÓPRIO DA LEX MATER. V.A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ERIGIU O PRINCÍPIO DA IGUALDADE COM POSTULADO FUNDAMENTAL, COM APLICAÇÃO ESPECÍFICA EM RELAÇÃO A PROTEÇÃO REFERENTE A DISCRIMINAÇÕES QUANTO AO GÊNERO, CONSOANTE O DISPOSTO NOS ARTIGOS 3ª, INCISO IV, 5º, INCISO I, E 7º, INCISO XXX, TODOS DA CARTA MAGNA, SENDO, POR ISSO, VEDADAS DISTINÇÕES DE QUALQUER NATUREZA, EM RAZÃO DA OPÇÃO SEXUAL DO INDIVÍDUO. VI.O RECONHECIMENTO DO DIREITO À PENSÃO PREVIDENCIÁRIA PARA COMPANHEIRO(A) DE HOMOSSEXUAL, NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, CONSUBSTANCIADO NA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 25, DE 07 DE JUNHO DE 2000, EDITADA PELO INSS, PODE SER UTILIZADA, POR ANALOGIA,PARA A CONCESSÃO DE TAL BENEFÍCIO AOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS, EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA. VII.EXAUSTIVAMENTE COMPROVADA PELO PROMOVENTE, INCLUSIVE ATRAVÉS DE PROVA DOCUMENTAL, A SUA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA EM RELAÇÃO AO DE CUJUS, Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 32 Curso Preparatório FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS CONSEQÜÊNCIA DIRETA DO DESFAZIMENTO DE ATIVIDADE COMERCIAL PRÓPRIA, EM FACE DO PROJETO DE VIDA EM COMUM, TAMBÉM CABALMENTE DEMONSTRADO. VIII.PREENCHIDAS PELO AUTOR, DIVERSAS DAS EXIGÊNCIAS CONSTANTES DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SUSO MENCIONADA, E SENDO-LHE VEDADO MATERIALIZAR OS DEMAIS ITENS, POR OBSTRUÇÃO DO PRÓPRIO PODER PÚBLICO, QUE NÃO ADMITIRIA A SUA INSCRIÇÃO COMO DEPENDENTE DO DE CUJUS, PARA EFEITOS FISCAIS E DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA, NA FICHA CADASTRAL DO ÓRGÃO PATRONAL, É DE LHE SER CONCEDIDO O DIREITO À PENSÃO REQUERIDA. IX.A IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO DEVE SER RETROATIVA À DATA DO ÓBITO, NOS TERMOS DO ARTIGO 215, DA LEI Nº 8.112/90, SENDO MANTIDOS OS JUROS DE MORA À TAXA DE 0,5 % (MEIO POR CENTO), A PARTIR DA CITAÇÃO, E OS HONORÁRIOS EM 10% (DEZ POR CENTO) DO VALOR DA CONDENAÇÃO. X.APELAÇÃO E REMESSA IMPROVIDAS. Data Publicação 13/03/2002 Doutrina AUTOR:EGAS DIRCEU MONIZ DE ARAGÃO OBRA:COMENTÁRIOS AO CPC AUTOR:GALENO LACERDA OBRA:ENSAIO DE UMA TEORIA ECLÉTICA DA AÇÃO AUTOR:HUMBERTO THEODORO JÚNIOR OBRA:CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Referência Legislativa LEG-FED LEI-8112 ANO-1990 ART-215 ART-217 - - - CF-88 Constituição Federal de 1988 ART-1 INC-2 INC-3 ART-226 PAR-1 PAR-2 PAR-3 PAR-4 ART-3 INC-1 INC-4 ART-5 PAR-2 INC-1 ART-7 INC-30 ART-201 INC-5 ART. 5, CAPUT - - - CPC-73 Código de Processo Civil LEG-FED LEI-5869 ANO-1973 ART-267 INC-4 ART-126 ART-20 PAR-3 - - - CF-34 Constituição Federal LEG-FED CFD-000000 ANO-1934 ART-113 - - - LICC-42 Lei de Introdução ao Codigo Civil LEG-FED DEL-4657 ANO-1942 ART-4 - - CPC-39 Codigo de Processo Civil LEG-FED DEL-1608 ANO-1939 ART-113 ART-114 - - - LEG-FED LEI-8213 ANO-1991 ART-16 PAR-3 PAR-4 - - LEG-FED LEI-9032 ANO-1995 - - - LEG-FED LEI-9528 ANO-1997 - - LEG-FED MPR-1515 ANO-1996 - - - CC-16 Codigo Civil LEG-FED LEI-3071 ANO-1916 ART-1363 - - - LEG-FED INT-25 ANO-2000 ART-1 ART-2 ART-3 INC-1 INC-2 INC-3 INC-4 INC-5 INC-6 INC-7 INC-8 INC-9 INC-10 INC-11 INC-12 INC-13 ART-4 ART-5 ART-6 INSS Av. Prestes Maia, 241 – 42° andar – Centro. São Paulo/SP. CEP 01031-902. www.cursofmb.com.br (0xx11) 3313-3744 33