A Interpretação da Bíblia

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A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
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Atos 15.15-16; Efésios 4.11-16; 2 Pedro 1.16-21; 2 Pedro 3.14-18
Qualquer documento escrito, para poder ser compreendido, precisa ser
interpretado. Nosso país possui indivíduos altamente capacitados, cuja tarefa
diária é interpretar a Constituição. Eles formam o Supremo Tribunal Federal.
Interpretar a Bíblia é uma tarefa muito mais solene do que interpretar a
Constituição de um país. Requer grande cuidado e diligência.
A Bíblia é o seu próprio Supremo Tribunal. A regra principal de interpretação bíblica é: "A Bíblia é sua própria intérprete". Esse princípio significa que
a Bíblia deve ser interpretada pela própria Bíblia. O que é obscuro em uma
parte da Bíblia pode ser esclarecido em outra parte. Interpretar a Bíblia pela
Bíblia significa que não devemos colocar uma passagem contra outra. Cada
texto deve ser entendido não somente à luz do seu contexto imediato, mas
também à luz do contexto da Bíblia como um todo.
Além disso, entendido adequadamente, o único método legítimo e válido
de interpretação da Bíblia é o da interpretação literal. Existe, contudo, muita
confusão a respeito dessa idéia de interpretação. Interpretação literal, estritamente falando, significa que devemos interpretar a Bíblia assim como está
escrito. Um substantivo é interpretado como substantivo e um verbo, como um
verbo. Quer dizer que todas as formas usadas na redação da Bíblia devem ser
interpretadas de acordo com as regras normais que regem tais formas. Poesia
deve ser tratada como poesia. Relatos históricos devem ser tratados como
História. Parábolas como parábolas, hipérboles como hipérboles, e assim por
diante.
Nesse aspecto, a Bíblia deve ser interpretada de acordo com as regras
que governam a interpretação de qualquer outro livro. Em algumas de suas
características, a Bíblia é diferente de qualquer outro livro que já foi escrito.
Em termos de interpretação, entretanto, deve ser tratada como qualquer outro
livro.
A Bíblia não deve ser interpretada de acordo com nossos próprios desejos
e preconceitos. Devemos buscar entender o que ela de fato diz e nos guardarmos de forçar nossos próprios pontos de vista sobre ela. Este é o passatempo dos hereges: buscar base bíblica para doutrinas falsas que não têm base no
texto. O próprio Satanás citou as Escrituras de maneira ilegítima, num esforço
para seduzir Jesus Cristo a pecar (Mt 4.1-11).
A mensagem básica da Bíblia é simples e clara o suficiente para que até
uma criança possa entender. Mesmo assim, o "alimento sólido" da Bíblia
requer estudo e atenção cuidadosos para ser entendido adequadamente.
Algumas questões tratadas na Bíblia são tão complexas e profundas que
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mantêm os maiores eruditos constantemente envolvidos no esforço de resolvêlas.
Existem alguns princípios de interpretação que são básicos para todo
estudo saudável da Bíblia. Incluem o seguinte: (1) As narrativas devem ser
interpretadas à luz das passagens de "ensino". Por exemplo, a história de
Abraão oferecendo Isaque no Monte Moriá pode sugerir que Deus não sabia
que Abraão tinha uma fé genuína. As passagens didáticas da Bíblia, porém,
deixam claro que Deus é onisciente; (2) aquilo que é implícito sempre deve ser
interpretado à luz do que é explícito; nunca deve ser o contrário. Isto é, se um
texto específico parece ter uma idéia ou lição implícita, não devemos aceitar a
implicação como correta se for contrária a algo que é declarado explicitamente
em outro lugar da Bíblia; (3) as leis da lógica governam a interpretação da
Bíblia. Por exemplo, se sabemos que todos os gatos têm cauda, não podemos
deduzir que alguns gatos não têm. Se é verdade que alguns gatos não têm
cauda, então não pode ser verdade também que todos os gatos têm. Isso não é
apenas uma questão de leis técnicas de inferência; é uma questão de senso
comum. Mesmo assim, a grande maioria das interpretações equivocadas da
Bíblia é causada por deduções ilegítimas extraídas da Bíblia.
Sumário
1. A Bíblia é sua própria intérprete.
2. Devemos interpretar a Bíblia literalmente — assim como está escrito.
3. A Bíblia deve ser interpretada como qualquer outro livro.
4. Partes obscuras da Bíblia devem ser interpretadas pelas partes mais
claras.
5. O implícito deve ser interpretado à luz do explícito.
6. As leis da lógica governam aquilo que pode ser racionalmente deduzido
da Bíblia.
Para discussão e avaliação
1. O que significa a regra principal da interpretação bíblica "A Escritura
sagrada é sua própria intérprete"?
2. O que o autor quer dizer quando afirma que a Bíblia deve ser
interpretada como qualquer outro livro?
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3. O que significa para você o fato de que a Bíblia tanto pode ser
entendida por uma criança, quanto há passagens que envolvem um esforço
intenso e prolongado por parte dos estudiosos para esclarecê-la?
4.
Qual é o principal motivo pelo aparecimento da maioria das
interpretações errôneas de passagens bíblicas?
5. De que maneira uma correta interpretação da Bíblia pode afetar a
vida de alguém?
6. Se todos podem ler e entender a Bíblia, não corremos o risco de haver
diferentes interpretações para a mesma passagem? Como fazemos num caso
destes?
7. Como o sentido de um texto obscuro pode ser esclarecido?
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