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Análise de crescimento de biótipos resistentes ao glyphosate de Digitaria
insularis
Douglas Elias Franke(PIBIC/Fundação Araucária/Unioeste), Silvio Douglas Ferreira,
Anderson Marcel Gibbert, Daniel Airton Kamphorst, Neumárcio Vilanova da
Costa(Orientador), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Agrárias/Marechal
Candido Rondon, PR
Grande área e área: Ciências Agrárias - Matologia
Palavras-chave: Herbicida, planta daninha, manejo.
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de biótipos resistentes e
suscetível ao glifosato de Digitaria insularis. O delineamento experimental foi o
inteiramente casualizado, com 15 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos
foram constituídos por épocas de coletas das plantas, realizadas em intervalos
regulares de sete dias, dos 14 aos 119 DAE (dias após a emergência das plantas),
correspondendo a períodos de 15 coletas. Com base nos resultados de área foliar e
massa seca acumulada, foram determinadas para cada época de avaliação a taxa
de crescimento relativo (TCR), taxa de assimilação líquida (TAL), razão de área
foliar (RAF) e razão de peso foliar (RPF). Os dois biótipos resistente e suscetível se
comportaram de maneira semelhante, entretanto, foi possível identificar diferenças
evidentes de comportamento na biologia das espécies apenas para a Razão de
Peso da Folha.
Introdução
Dentre as discussões atuais e inevitáveis na agricultura brasileira e mundial
destaca-se o potencial de seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes aos
herbicidas. A intensa utilização de herbicidas em áreas agrícolas em diferentes
regiões tem favorecido o aumento da pressão de seleção, que, aliado à boa
adaptabilidade ecológica de espécies aos sistemas conservacionistas de manejo de
solo, contribui para a seleção de biótipos (Christoffoleti & López-Ovejero, 2003).
Dentre as espécies que apresentam biótipos resistentes no Brasil destacam-se a
Digitaria insularis (Lacerda & Victória Filho, 2004). Rodrigues et al. (1995), citam que
por meio dessa análise podem-se conhecer adaptações ecológicas das plantas a
novos ambientes, a competição intraespecífica, os efeitos de sistemas de manejo e
a capacidade produtiva de diferentes genótipos.
Portanto, as hipóteses do presente trabalho baseiam-se no fato de que a
seleção de biótipos D. insularis resistentes ao glyphosate pode está alterando o ciclo
de vida da espécie e consequentemente, promovendo adaptações ecológicas
importantes podem reduzir a eficiência do manejo químico em áreas de plantio
direto.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento de biótipos de Digitaria
insularis resistente e suscetível ao glyphosate.
Materiais e Métodos
O experimento foi instalado no Núcleo de Estações Experimentais,
pertencente à Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de
Marechal Cândido Rondon, apresentando as seguintes coordenadas: 24°42’30’’S de
latitude, 54°21’10’’W Grw de longitude e 485 m de altitude.
As populações de D. insularis suspeitas de desenvolvimento de resistência
foram selecionadas em experimento preliminar para a confirmação da resistência. As
sementes de D. insularis com suspeita de desenvolvimento de resistência foram
coletadas em área agrícola de produção de soja e milho, que adota o sistema de
semeadura direta na área da Fazenda Experimental da UNIOESTE, campus de
Marechal Cândido Rondon-PR. A semente do biótipo susceptível foi coletada em
área agrícola, que utiliza sistema convencional de cultivo, localizado no município de
Alagoa Grande-PB, selecionadas em experimento preliminar para a confirmação da
resistência.
As sementes foram plantadas em bandeja de poliestireno expandido com 128
células no dia 22 de janeiro de 2015, tendo estas germinado sete dias após a
semeadura. Os biótipos foram transplantados 14 dias após a emergência para vasos
plásticos com 5L. As irrigações foram realizadas diariamente, mantendo-se o solo
próximo a 80% da capacidade de campo.
Os tratamentos foram constituídos por épocas de coletas das plantas,
realizadas em intervalos regulares de sete dias, dos 14 aos 112 DAE (dias após a
emergência das plantas), correspondendo a períodos de 15 coletas. O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado, com 15 tratamentos e quatro repetições.
Após a medição de altura com régua milimétrica, as diferentes partes das
plantas (raiz+rizomas, colmo e folhas) foram separadas. A área foliar foi obtida pelo
medidor de área Li-cor Instruments (modelo LI 3100). Em seguida, a massa seca
das diferentes partes foi determinada após secagem em estufa com ventilação
forçada a 65°C, até massa constante.
Com base nos resultados de área foliar e massa seca acumulada, foram
determinadas para cada época de avaliação a taxa de crescimento relativo (TCR),
taxa de assimilação líquida (TAL), razão de área foliar (RAF) e razão de peso foliar
(RPF), seguindo fórmulas sugeridas por Benincasa (2003).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão e o modelo foi
escolhido levando-se em consideração a lógica do fenômeno biológico, normalidade
e o valor do coeficiente de determinação.
Resultados e Discussão
A Taxa de assimilação líquida (TAL) (Figura 1A) diminuiu com o tempo para
ambos os biótipos. Para a TAL, quanto menor o seu valor, maior é a competitividade
da espécie. A equivalência entre os biótipos na TAL durante o período de avaliação,
indica que mesmo não sendo resistente o biótipo susceptível adaptou-se ao novo
local, apresentando competição inicial semelhante. Esse resultado pode ser
justificado por Vivian et al., (2013) ao relatar que plantas com alta TAL e/ou elevada
RAF tendem a apresentar rápido crescimento inicial, com melhor aproveitamento do
espaço e interceptação da radiação luminosa.
Resistente: y = 0,0292*exp(-0,1281*x); R2 = 0,95**
Susceptível: y = 0,0104*exp(-0,0773*x); R2 = 0,81**
0,006
0,20
A
0,005
0,16
0,14
-2
-1
TCR (g g dia )
-1
B
0,18
0,004
TAL (g dm dia )
Resistente: y = 0,2824*exp(-0,0710*x); R2 = 0,88**
2
Susceptível: y = 0,6669*exp(-0,0971*x); R = 0,96**
0,003
0,002
0,12
0,10
0,08
0,06
0,04
0,001
0,02
0,000
0,00
0
20
40
60
80
100
120
0
140
Dias após emergência
20
40
60
80
100
120
Resistente
Susceptível
Resistente: y = 0,7417*exp(-,5*((x-30,5485)/55,5011)2); R2 = 0,71**
Susceptível: y = 1,3960*exp(-,5*((x+115,5325)/117,8391)2); R2 = 0,73**
Resistente: y = 55,4904
Susceptível: y = 52,7641
100
1,0
D
C
80
RPF (g g-1)
0,8
60
-2
-1
RAF (cm g )
140
Dias após emergência
40
0,6
0,4
0,2
20
0,0
0
0
20
40
60
80
Dias após emergência
100
120
140
0
20
40
60
80
Dias após emergência
100
120
140
Figura 1. Análise de crescimento de biótipos de D. insularis. A – Taxa de assimilação líquida (TAL), B – Taxa de crescimento
relativo (TCR), C – Razão de área foliar (RAF) e D – Razão de peso foliar (RPF) de Digitaria insularis ao longo do ciclo de
crescimento.** significativo a 1% de probabilidade.
Os valores da TCR foram decrescentes e acentuados até os 42 (DAE), para
os dois biótipos avaliados (Figura 1B). Com o crescimento da planta, há um aumento
de biomassa da mesma, aumentando também a necessidade por fotoassimilados,
assim, a quantidade de fotoassimilados disponível para o crescimento tende a ser
menor e, consequentemente a TCR foi decrescente com o tempo (Benincasa,
2003).A RAF (Figura 1C) apresentou picos e dados muito dispersos durante toda
avaliação, não tendo apresentado nenhum modelo que explique esse
comportamento.
Os valores da RPF (Figura 1D) foram maiores para o biótipo resistente em
relação ao biótipo susceptível. Deste modo, os resultados indicam que, com o
crescimento da planta resistente, ocorreu menor área fotossintética útil e menor
participação das folhas na massa seca acumulada. Todavia Melo et al. (2006)
ressalta que uma maior massa acumulada nas folhas deverá refletir em maior área
foliar, captação de radiação solar e capacidade de sombreamento.
Conclusões
O crescimento dos biótipos resistente e suscetível se comportaram de
maneira semelhante, entretanto, foi possível identificar diferenças evidentes de
comportamento na biologia das espécies apenas para a Razão de Peso da Folha.
Agradecimentos
Agradecemos a Fundação Araucária pela disponibilização da bolsa de
iniciação científica ao primeiro autor para a realização do presente trabalho de
pesquisa.
Referências
BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas (Noções Básicas).
Jaboticabal: FUNEP, 2003. 41 p.
CHRISTOFFOLETI, P. J.; LÓPEZ-OVEJERO, R. Principais aspectos da resistência
de plantas daninhas ao herbicida glyphosate. Planta Daninha, v.21, n.3, p.507-515,
2003.
LACERDA, A. L. S.; VICTÓRIA FILHO, R. Curvas dose-resposta em espécies de
plantas daninhas com o uso do herbicida glyphosate. Bragantia, v.63, p.73-79,
2004.
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