monitorando pesquisa antropológica i: etnografia - PRAC

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MONITORANDO PESQUISA ANTROPOLÓGICA I:
ETNOGRAFIA.
SILVA1, Darnisson Viana
Patricia Lopes Goldfarb
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) / Departamento de Ciências
Sociais/Projeto monitoria.
Resumo:
O Presente trabalho visa descrever as atividades realizadas, como monitor, durante o curso da
disciplina Pesquisa Antropológica I: A Etnografia, ministrada pela professora Dr.ª Patrícia
Lopes Goldfarb, no decorrer do semestre de 2012.2. Busca-se focar as contribuições do plano
de curso para o constructo do saber da ciência antropológica e o aprofundamento da relação
ensino-aprendizagem em sala de aula. Evidencia-se, portanto, as atividades de monitoria
como importante instrumento de auxílio ao ensino nas dependências desta instituição. A partir
dos objetivos propostos, “propiciar uma reflexão sobre aquilo que é considerado como
característico do fazer antropológico: a pesquisa de campo e a elaboração de textos
etnográficos”, a professora pôde colocar em destaque a chamada observação participante
enquanto técnica de pesquisa privilegiada. O curso permitiu ao aluno se situar quanto ao
método e a pesquisa de campo em Antropologia. Além disso, a partir das experiências de
pesquisa da professora junto ao seu objeto de estudo, a construção da identidade cigana em
Sousa-PB, buscou-se fornecer uma discussão bibliográfica acerca de instrumentos a serem
utilizados em processos concretos de investigação voltada à elaboração de monografias.
Palavras-Chave: Etnografia, Monitoria, Trabalho de Campo, Método, Alteridade.
INTRODUÇÃO
Segundo James Clifford (1986) as histórias da antropologia são fascinantes. Onde elas
começam? Com Platão? Com os filósofos do iluminismo? Com o trabalho de campo? Para
Lowie começa com alguns viajantes e seus relatos de viagem. Para Lévi-Strauss a disciplina
tem a sua gênese no ano de 1754 com O Discurso sobre as origens da desigualdade entre os
homens, que pode ser considerado o primeiro tratado de etnologia na literatura francesa, pois
coloca o problema central da antropologia, a passagem da natureza para a cultura.
Etimologicamente, designaria o estudo do homem, ou a ciência do Homem, concebido em
Universidade Federal da Paraíba- Darnisson Viana Silva – monitor (bolsista) /[email protected],
Projeto: MONITORIA, ALTERIDADE & EPISTEMOLOGIA: O Ensino da antropologia e o Ofício do
Antropólogo/ Coordenador (a): ProfªDr.ªAlicia Ferreira Gonçalves/ [email protected].
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sua totalidade e abrangência. Contudo, seria o estudo do Homem concebido a partir da
categoria da alteridade.
Neste sentido, há consenso entre antropólogos clássicos e
contemporâneos que a alteridade é a dimensão fundante da disciplina, sem a qual a mesma
não reconhece a si própria. Porém, se trata de uma alteridade específica (PEIRANO, 1999), da
diferença cultural entre os Homens. Neste sentido, buscar pelas origens da disciplina é buscar
pelas origens de uma reflexão realizada pelo próprio Homem sobre outros Homens,
concebidos em suas diferenças, contrastes, particularidades e também em suas similaridades.
É, pois, neste jogo de similaridades/contrastes e universalismo /particularismo que se constitui
o pensamento antropológico.
DESENVOLVIMENTO
No desenvolvimento das aulas foram levantadas questões que visavam contemplar os
seguintes tópicos do conteúdo programático:
UNIDADE I – A construção do conhecimento antropológico no tocante a etnografia.
1. A descrição etnográfica.
2. Leitura de monografias e suas perspectivas etnográficas
3. A questão do deslocamento.
4. O trabalho do antropólogo: problemas e aproximações.
UNIDADE II – Situações e técnicas de campo
1. Trabalho de campo: observações e descobertas
2. Treinando o olhar: algumas técnicas de pesquisa.
3. As experiências etnográficas
UNIDADE III – Questões contemporâneas quanto à construção etnográfica.
1. Modelos de Etnografias
2. O saber, a ética e o relativismo no trabalho etnográfico.
No processo de desenvolvimento da disciplina, os alunos se sentiram a vontade para
levantar questões, discutir outras possibilidades de abordagens, tirarem dúvidas e
aprofundar suas reflexões. O desenrolar das aulas teve o seguinte andamento:
Ao mês de Novembro/Dezembro de 2012 - Apresentação do Programa de curso,
discente e docente (onde os alunos fizeram uma rápida apresentação de seus projetos ou
intenções de pesquisa), apresentação de monografias clássicas da antropologia pelos
alunos do Programa de Pós Graduação em Antropologia da UFPB. Neste momento a
turma pode levantar problemáticas junto aos mestrandos (as) presentes.
Ao mês de Janeiro de 2013 – Exposições de obras de autores como: François
Laplantine, Roberto DaMatta e Gilberto Velho. Textos complementares, momento no qual
alunos puderam levantar questões e a professora Patrícia pôde auxiliá-los numa proposta
de observação direta dentro do estudo antropológico, exercitando o olhar etnográfico.
Ao mês de Fevereiro de 2013 - Exposições de obras de autores como: Roberto
Cardoso de Oliveira, Roberto DaMatta e Alba Zaluar, e de textos complementares, onde
foram discutidos seus procedimentos analíticos. Também houve a primeira avaliação
individual e sem consulta neste período.
Ao mês de Março de 2013 - Exposições de obras de autores como: Carlos Rodrigues
Brandão, Foote-Whyte, Dulce Maria Gaspar, Clifford Geertz, Tânia Salen, Maria Isaura
Pereira Queirós, Mônica Dias, entre outros. A proposta foi colocada para que os alunos
pudessem aproveitar o arcabouço teórico dos autores discutidos nos seus respectivos
trabalhos etnográficos.
Ao mês de Abril de 2013 – As exposições se concentraram na questão ética dos
trabalhos antropológicos contemporâneos, para tanto foram abordados autores como:
Soraia Fleischer, Weber Florence e textos complementares, através dos quais, os alunos
puderam refletir sobre os procedimentos éticos de pesquisa na atualidade, as dificuldades
quanto aos entraves burocráticos no lócus da coleta de dados, suas implicações objetivas e
subjetivas nos resultados, compromisso com os sujeitos da pesquisa, confiabilidade e
privacidade. Neste ultimo mês do período letivo, foram entregues a redação final dos
ensaios etnográficos propostos pela professora e houve reposição de prova para três
alunas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto monitoria acerca da relação ensino-aprendizagem obteve êxito, algo em torno
de 80% em relação aos objetivos e metas propostos nos planos de ação, no sentido de que a
presença do monitor (por meio de suas ações) em sala de aula, reforça no alunado o interesse
pelas disciplinas durante as aulas e debates em torno de temas específicos, sempre com
orientação para a discussão sobre a alteridade e identidades articulada às questões clássicas e
contemporâneas na área de antropologia, dentro e fora da academia. Deste modo, as
disciplinas e atuação de monitores reforçaram nos alunos uma leitura crítica do contexto
social, político e econômico no qual está inserido. A proposta do curso em Pesquisa
Antropológica I: Etnografia e sua estrutura coincidiram com as expectativas da disciplina e
dos alunos, na medida em que o conhecimento teórico juntamente com os relatos das
experiências em campo da professora, foi ricamente esclarecedor ao exercício do fazer
etnográfico. No mais, a turma mostrou-se ter um bom aproveitamento mediante ao plano de
ação estabelecido pelo projeto monitoria.
Plano de Ação – Pesquisa Antropológica I – A Etnografia
Objetivos específicos
Metas
Aumento da
geral da turma
Média
de 8,0
Preparação
teóricas
de
média
acima
Estratégias
pedagógicas
Ações adotadas na
didática e avaliação
sistemática
dos
conteúdos oferecidos
Discutir
com
os
monitores
a
apresentação
de
conteúdo
com
os
recursos disponíveis
aulas
Viabilizado na
carga horária
do monitor
Acompanhamento das
aulas
Frequência
compatível
com sua carga
horária
flexível
100%
dos
alunos
com
dificuldades na
disciplina
Intervenção coerente
com
a
temática,
utilização do auxílio de
equipamentos
disponíveis
Oferecer orientações
programadas para os
alunos
Dentro de sua
carga horária (2
reuniões
por
mês)
Avaliação
de
desempenho
e
correção na proposta
de ações
Preparação do relatório
– parcial e final
Entrega
prazos
definidos
Elaboração
relatórios
Apresentação de seus
trabalhos nos eventos
científicos e voltados à
docência – ENID
Resumo
expandido
Esclarecimento
de
dúvidas
e/ou
aprofundamento
da
temática - Plantões tiradúvidas
Reuniões
quinzenais
com o(s) monitor(es)
nos
dos
Elaboração
em
conformidade
com
normas previstas
Resultados
esperados
Domínio
do
conteúdo
da
disciplina
pela
turma
Familiarizar os
monitores com os
recursos
didáticos
Capacitação na
elaboração
e
aprimoramento
do programa
Melhorar
a
qualidade
da
compreensão dos
alunos
Critérios de autoavaliação
Avaliação
continuada
Melhoria
das
notas
e
compreensão dos
alunos sobre a
temática dada
Adequar o Plano
de
Ação
à
realidade
encontrada na(s)
Turma(s)
Avaliação crítica
sobre
as
atividades
e
proposições
Aprovação
e
apresentação do
trabalho
Avaliação
continuada
professor
Acompanhamento
do Monitor em sua
atuação continuada
junto aos alunos
Integração
e
sensibilização junto
aos alunos
do
Compilação
de
resultados com a
análise crítica
Entrega e avaliação
junto ao orientador
Avaliação externa à
equipe por ocasião
do ENID
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