Belo Horizonte, 18 de outubro de 2011

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Belo Horizonte, 18 de outubro de 2011
Brasil e Paraguai discutem ações contra a aftosa hoje - Portal
Agrolink
Alinhar as estratégias de sanidade animal no combate à aftosa no Paraguai e Brasil.
Esse é o objetivo da reunião que acontece ontem (17) na sede da Sociedade Rural
Paraguaia, em Assunção (Paraguai), a partir das 16 horas. Além de autoridades do país
vizinho, participam da reunião o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de
MS (Famasul), Eduardo Riedel, vice-presidente de Finanças da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ademar da Silva Junior, coordenador da
Câmara Setorial de da Cadeia da Bovinocultura e Bubalinocultura e presidente da
Comissão da Pecuária de Corte da Famasul, José Lemos Monteiro, e o presidente da
Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Francisco Maia.
O combate a aftosa também será pauta da reunião da Câmara Setorial de
Bovinocultura e Bubalinocultura que acontece nesta terça (18), na sede da Famasul. Na
ocasião, a diretora da Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Cristina
Carrijo, irá apontar as medidas tomadas em Mato Grosso do Sul para impedir que o
foco identificado no país vizinho ultrapasse a fronteira brasileira. A reunião terá
participação de uma comissão da Sociedade Rural Paraguaia, que irá apresentar as
ações adotadas pelo governo daquele País.
O Conselho Nacional da Pecuária de Corte estará presente na reunião com a
apresentação do trabalho sobre resíduos na carne, divulgado no Ministério da
Agricultura e Pecuária (MAPA), na última sexta (14). Também participam do debate a
Superintendência Federal de Agricultura (SFA), a Embrapa, a Secretaria Estadual de
Produção (Seprotur), além de representantes de frigoríficos do Estado.
A reunião da Câmara Setorial da Bovinocultura e Bubalinocultura será realizada dia 18,
às 8 horas, na sede da Famasul, localizada a Rua Marcino dos Santos, 401, bairro
Cachoeira II, Campo Grande.
Gado é abatido na região Norte – Jornal Correio do povo
A operação preventiva do governo estadual contra a febre aftosa apreendeu, ontem
(17), em Palmitinho, 25 bovinos que foram encaminhados para o abate em Almirante
Tamandaré do Sul. Segundo a Secretaria da Agricultura, o trânsito dos animais foi
comprovadamente realizado sem Guia de Trânsito Animal (GTA), que é documento
sanitário obrigatório em todo o país.
Os produtos resultantes do abate sanitário serão desossados e doados para instituições
filantrópicas dos municípios de Palmitinho, Almirante Tamandaré do Sul, Palmeira das
Missões e Rodeio Bonito.
Ministro da Agricultura passa bem e é transferido para quarto – Portal
Reuters
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, apresenta "excelente evolução" nesta
segunda-feira após ter sido submetido na manhã de sábado a uma cirurgia para a
remoção de um pequeno tumor no cérebro, informou o hospital Sírio-Libanês.
Segundo o comunicado, o ministro recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva e foi
transferido para um quarto regular do hospital em São Paulo na tarde de domingo.
"O paciente evolui sem nenhuma intercorrência... o senhor ministro alimenta-se e
caminha normalmente", afirmou o Sírio-Libanês.
Mendes Ribeiro se submeteu na semana passada a exames de acompanhamento de
um tumor cerebral que havia sido retirado em janeiro de 2007 e nessa avaliação foi
detectada uma provável recorrência do tumor, segundo o hospital.
"Os médicos aguardam resultado de avaliação anátomo-patológica para definição de
condutas subsequentes. O resultado completo da análise histológica e do estudo
molecular do tecido estarão concluídos em aproximadamente 10 dias", informou o Sírio
Libanês.
O Ministério da Agricultura prevê que o ministro fique afastado por 10 dias das
atividades da pasta.
Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho, de 56 anos, assumiu a Agricultura em
agosto deste ano em substituição a Wagner Rossi, que pediu demissão do cargo em
meio a uma série de denúncias de irregularidades na pasta e contra ele.
Brasil precisa melhorar divulgação da carne na Europa – Portal DBO
Rural
O Brasil precisa evoluir na construção e na divulgação de sua imagem na Europa para
influenciar positivamente as exportações de carne bovina. Esta é uma das conclusões
de pesquisa realizada por Fernanda de Tavares Canto Guina, do Programa de PósGraduação em Administração de Organizações da Faculdade de Economia e
Administração (FEA/USP), de Ribeirão Preto, São Paulo.
A ex-funcionária da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne
(Abiec), apresentou em agosto sua dissertação de mestrado para mostrar como a
imagem do Brasil influencia na decisão de compra do estrangeiro, usando como
exemplo a carne bovina brasileira.
Durante dois meses, a pesquisadora aplicou 382 questionários para consumidores na
França, Inglaterra, Alemanha e Irlanda e entrevistou especialistas do setor e grandes
empresas importadoras e exportadoras do produto. “O consumidor europeu não tem
opinião formada em relação ao Brasil e seus produtos de forma geral”, afirma.
A pesquisa revelou que aspectos diretamente ligados aos produtos brasileiros como
comunicação, distribuição e diferenciação, pesam negativamente na atitude de compra,
principalmente junto aos clientes mais jovens, com idades entre 18 e 24 anos.
Segundo ela, “20% dos entrevistados com menos de 24 anos relacionaram a pecuária
brasileira ao desmatamento.” Esta ligação é feita por sites, especialmente na França,
como forma de desestimular o consumo do produto brasileiro. Para reverter este
quadro, Fernanda sugere que o setor invista na imagem do Brasil moderno, com uma
pecuária sustentável e responsável.
Outro grande desafio é ampliar o conhecimento dos estrangeiros sobre o parque
industrial brasileiro. “Uma medida que pode ser eficiente é a parceria entre a indústria
brasileira e os restaurantes e redes varejistas no exterior”, diz a pesquisadora.
Fernanda afirma que a medida não é tão simples e requer investimentos da Abiec para
viabilizar os acordos. Mas, observa que um dos motivos para que o europeu
desconheça as características da carne bovina brasileira é fato de o produto chegar ao
mercado europeu em grandes cortes de traseiro e dianteiro, o que dificulta a
identificação do país de origem na comercialização de cortes tradicionais.
Outro problema citado é o Custo Brasil, "Por causa da burocracia brasileira, os
contêineres com carne bovina levam até 45 dias para chegar à Europa. Quando
chegam, o produto não é destinado ao consumo direto, mas aproveitado como matériaprima para processados.”
Durante o desenvolvimento da dissertação, ao longo de dois anos, a pesquisadora
identificou que, entre os aspectos do Brasil que mais podem influenciar positivamente o
consumidor estão as artes e a amabilidade do povo brasileiro. Estes fatores, segundo a
pesquisa, já têm impacto positivo, principalmente, em pessoas acima de 24 anos.
Ataque às pragas – Jornal Folha de São Paulo
Insetos, ácaros e fungos são alguns dos pesadelos de agricultores em todo o mundo.
Considerados pragas, esses seres atacam as lavouras e, segundo estimativas,
destroem cerca de 30% das plantações apenas no Brasil. Para contornar essa situação,
produtores rurais recorrem ao uso de inseticidas, entre eles a toxina da bactéria Bacillus
thuringiensis (Bt), usada há pelo menos 15 anos em nações que autorizam a produção
agrícola de transgênicos. O problema é que, quanto mais se usa um composto tóxico,
maior é a probabilidade de as pragas se adaptarem a ele. De olho nessa questão, um
estudo publicado recentemente na revista Nature Biotechnology, realizado por
pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e da Universidade
Nacional Autônoma do México (Unam), revelou que uma pequena modificação na
estrutura da toxina Bt a torna eficiente para combater mesmo os insetos que sofreram
mutações genéticas e ficaram resistentes à versão natural do composto.
A toxina Bt é amplamente utilizada, especialmente no cultivo de milho, algodão e
batata. Dados mostram que, apenas no ano passado, o composto foi usado, em forma
de spray ou na alteração genética de vegetais, em mais de 140 milhões de acres de
plantação no planeta. A Bt tem ação muito específica, pois só mata os seres que
possuem uma enzima chamada receptor de caderina em seu intestino. Quando a toxina
é ingerida por insetos que contêm esse receptor, ela é quebrada e entra nas células da
parede intestinal do animal. Em seguida, causa a destruição das células e a
consequente morte da praga.
Um dos autores da pesquisa, Mario Soberón, especialista em biologia molecular e
professor da Unam, diz ao Correio que alguns insetos - como a mariposa Plutella
xylostella e determinadas espécies de besouros e lagartas, entre outros - criaram um
mecanismo de resistência ao composto, ao sofrerem mutações genéticas no receptor
de caderina. "Nós, então, modificamos a estrutura da toxina para ela ser absorvida
diretamente pelas células dos animais cuja enzima sofreu mutação. Assim, a Bt não ia
precisar do receptor de caderina em sua forma intacta para matar as pragas", descreve.
O líder do estudo, o professor de entomologia da Universidade do Arizona Bruce
Tabshnik, afirma à reportagem que, inicialmente, ele e sua equipe acreditavam que a
versão modificada da toxina Bt seria eficiente apenas contra insetos cuja resistência ao
composto tinha como base a mutação genética na enzima presente no intestino. "Esse
receptor é o que se liga à toxina Bt original nos insetos suscetíveis a ela", explica.
Testes em laboratório com as pragas, porém, revelaram que a atuação do composto é
ainda mais ampla. "Surpreendentemente, a toxina modificada foi eficaz contra alguns
insetos cuja resistência não era causada pela modificação na caderina, além de nem
sempre ter combatido as pragas que têm o receptor alterado", comenta o norteamericano.
O doutor em microbiologia e entomologia agrícola Ítalo Delalibera Júnior, professor da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP),
acha interessante que a pesquisa tenha conseguido contrariar a hipótese difundida na
comunidade científica de que a toxina Bt modificada geneticamente só seria eficaz
contra insetos que fossem resistentes à toxina original. "Os compostos que tiveram a
estrutura modificada pelos autores foram muito mais potentes (até 350 vezes) do que
os originais contra as populações de insetos resistentes, independentemente da
presença ou ausência de mutações nas enzimas do intestino."
Vantagens
Tabshnik ressalta a importância dessa pesquisa para a comunidade científica: "Com a
análise, podemos entender melhor como a toxina mata insetos e como eles se tornam
resistentes a ela". Já para a sociedade, a relevância do estudo está no uso potencial de
toxinas modificadas para fazer, de maneira ecologicamente sustentável, o controle de
pragas.
Alejandra Bravo, coautora da pesquisa e professora de biologia molecular da Unam,
destaca que plantações transgênicas mais resistentes a insetos têm sido úteis na
diminuição do uso de inseticidas químicos e, em alguns casos, no aumento do
rendimento dos produtos cultivados. "Portanto, nossa versão modificada da toxina Bt
poderia ser uma ferramenta valiosa para combater a presença desses animais no
campo, o que pode resultar no uso prolongado dessa importante tecnologia", diz. A
empresa de biotecnologia dos Estados Unidos Pioneer analisa atualmente o potencial
de comercialização da toxina Bt alterada.
O entomologista norte-americano adverte que os animais sempre vão se adaptar a
táticas de controle. Tabshnik conta que o próximo passo da pesquisa é determinar se a
forma modificada da proteína tóxica a pragas é eficiente no campo, já que os testes
foram feitos apenas em laboratório.
País perde com guinada protecionista – Jornal Folha de São Paulo
(Editorial)
O Brasil foi, e ainda é, vítima de movimentos protecionistas, especialmente em relação
a produtos agropecuários nos quais tem indiscutível competitividade. Suco de laranja,
carnes, etanol e outras mercadorias pagam sobretaxas ao entrar em alguns mercados,
ou simplesmente são impedidos por barreiras fitossanitárias, usadas às vezes como
mero pretexto para impedir importações oriundas do Brasil. Seja por atendimento a
exigências, negociações bilaterais ou recursos à Organização Mundial do Comércio
(OMC), o país tem se defendido para viabilizar essas exportações, obtendo êxito em
muitos casos.
Embora vítima de protecionismo, e após ter colhido bons resultados com uma política
de abertura gradual da sua economia, o Brasil parece agora ter entrado em uma
trajetória de retrocesso, buscando fechar mercados para produtos de origem asiática,
especialmente.
O país não deve adotar uma postura ingênua no comércio internacional, pois não se
pode ignorar a concorrência desleal e os abusos de poder econômico que visam a
destruir exatamente a competição, força motriz do desenvolvimento. Mas,
especificamente no caso do mercado automobilístico, o governo brasileiro partiu para
um aumento de taxação (30 pontos de IPI) sem que tenha se comprovado um quadro
de concorrência desleal.
As fábricas aqui instaladas já alcançaram uma escala de produção que lhes permite
desafiar a concorrência. Criaram vínculos com o consumidor brasileiro difíceis de serem
rompidos facilmente por estreantes ainda desconhecidos no país.
No entanto, o governo reagiu como se o setor estivesse completamente vulnerável, sem
condições de enfrentar a concorrência externa. É justificável que as empresas com
programas de investimento no Brasil, empenhadas em fortalecer uma cadeia de
fornecedores que absorva tecnologia e se engaje em processos de inovação, sejam
mais bem tratadas por políticas públicas internas.
Porém, existe uma grande distância entre políticas que incentivam o investimento e as
que levam ao protecionismo. O estímulo ao investimento não é objeto de sanções na
OMC; já no segundo caso, o Brasil estará exposto a retaliações comerciais no plano
internacional, ao mesmo tempo que cerceará o direito de escolha dos consumidores
domésticos. Reclamações formais já começaram a chegar à organização do comércio.
O benefício da união aduaneira (percentual mínimo de conteúdo nacional para os
veículos se beneficiarem da isenção de impostos de importação) é uma regra
conhecida do Mercosul que foi reapresentada como uma novidade. Já estavam em
andamento negociações para a ampliação de indústrias e instalação de novas fábricas
no país antes do anúncio da sobretaxação de automóveis importados. Não é o
protecionismo que as traz ao Brasil.
O que de fato ganharemos com essa guinada protecionista que compense o desgaste
de imagem, a redução da competição e o risco de retaliações comerciais se a OMC
considerar abusivas as recentes iniciativas do governo brasileiro na área automotiva?
Países Asiáticos: o futuro do consumo do agronegócio – Portal
Suíno.com
Todos os brasileiros deveriam ter a oportunidade para conhecer outros países por este
mundo afora. A reclusão em nossa paróquia, geralmente nos leva a concluir que o
mundo é somente o que gira ao nosso redor.
Se não sairmos do nosso reduto, dificilmente teremos condições de avaliar e
compararmos o que estamos fazendo. Essa viagem que os dirigentes cooperativistas
fizeram pelos países da Ásia, no outro lado do mundo, ofereceu inúmeras
oportunidades para compararmos o sistema de vida e o desenvolvimento de outras
importantes regiões do mundo.
Um país como o Japão, com sérios problemas naturais, com terremotos, tsunamis e
áreas aproveitáveis imensamente reduzidas, com enfrentamento de guerras que
destruíram quase tudo, conseguiu se recuperar e se transformar na segunda economia
mundial. Qual o segredo disso? trabalho, perseverança, disciplina, honestidade e
patriotismo do seu povo. E a Coréia do Sul? Um país com problemas ainda piores do
que o Japão, enfrentando estado de tensão permanente, com risco de guerras com o
vizinho dissidente, a Coréia do Norte, que por sua vez vive num regime fechado e
contando com apoio da força militar de potências como a China e a Rússia, mesmo
assim, consegue se desenvolver a passos largos, onde apesar da sua reduzida
extensão territorial está preste a conquistar a terceira economia do mundo. Como
consegue isso? Trabalho, perseverança, disciplina, honestidade e patriotismo.
Esses dois exemplos de países da Ásia, vistos pelos catarinenses, por si só valeu a
viagem para que possamos cada vez mais valorizar os recursos naturais que temos, e
trabalharmos com mais afinco e responsabilidade, esperando que os governos não
atrapalhem. Muitos outros exemplos na área agropecuária e cooperativista, também
foram constatados, como o caso do Museu de Agricultura de Seul, que resgatou os
costumes de 5 mil anos de exploração agrícola, demonstrados em dois pavimentos de
um prédio exposto no centro da capital da Coréia do Sul. Foram exemplos práticos que
precisam ser reconhecidos por todos nós, e que nos preocupemos em socializá-los aos
nossos liderados e assim contribuirmos para a valorização dos nossos setores. Pense
nisso.
Estratégias para o futuro – Jornal Correio Braziliense
Promover a saúde por meio da melhoria dos indicadores sociais poderá virar obrigação
internacional, e o primeiro passo para isso será dado amanhã, no Rio de Janeiro. A
capital fluminense vai sediar, até sexta-feira, a Conferência Mundial sobre
Determinantes Sociais da Saúde, com a presença de chefes de Estado e
representantes de mais de 80 países. A expectativa do Brasil é que, no encontro, seja
formulado o esboço de um tratado, ou seja, um texto que, se aprovado, obrigue
judicialmente os países signatários a cumprir as metas estabelecidas. Esse documento
pode ser discutido na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, em maio.
O momento é definido como histórico por Paulo Buss, ex-presidente da Fiocruz e atual
diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da fundação. "No Rio de
Janeiro, teremos uma declaração, um documento político, que significará um pacto em
nome do desenvolvimento ético e sustentável", diz (leia entrevista). "Não queremos que
o documento vire letra morta. A ideia é chegar à assembleia de maio já com ações que
levem à elaboração de um tratado internacional." Segundo Buss, é possível que o
acordo vinculante saia em um futuro próximo - ele aposta em seis anos.
O conceito de determinantes sociais foi lançado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) em 2005, quando o órgão das Nações Unidas criou uma comissão para discutir
como políticas públicas voltadas à distribuição de renda, à universalização do ensino e
ao saneamento básico, entre outras questões, poderiam impactar na saúde da
população. Diversas pesquisas comprovam a relação entre indicadores sociais e
redução de doenças e índices de mortalidade. Sabe-se, por exemplo, que, quanto
maior a escolaridade materna, menor o risco de a criança morrer antes dos 5 anos de
idade. Da mesma forma, países com saneamento básico precário são aqueles com
maior incidência de doenças infecciosas.
De acordo com Buss, os determinantes sociais partem do princípio de que saúde não é
apenas uma questão biológica, mas integra uma cadeia mais complexa do que se
possa imaginar. Ele cita, como exemplo, o papel da Organização Mundial do Comércio
no bem-estar da população. "Em nome das patentes, muitos remédios se tornam
inacessíveis às pessoas. Milhares de mortes desnecessárias ocorrem no mundo todo
por causa da hegemonia das patentes", argumenta.
Ele cita a questão da água como exemplo dos efeitos negativos dessa postura
empresarial excludente. "A água é um comércio. Está na mão de algumas distribuidoras
que dizem não cobrar pelo produto, mas pelo transporte. Se não mudarmos a ética das
relações humanas, continuando a querer crescer a qualquer custo, jamais vamos
melhorar a saúde da população. São questões difíceis de "desembolar", mas que
podem ser resolvidas", acredita.
Comissão
Seguindo o exemplo da OMS, o Brasil foi o primeiro país a criar uma Comissão
Nacional sobre Determinantes Sociais, em 2006, presidido, à época, por Buss. A
iniciativa foi elogiada pelas Nações Unidas e, apesar de todos os problemas conhecidos
da saúde pública brasileira - falta de médicos, hospitais lotados, profissionais mal
remunerados e atendimento precário, entre outros -, o país tem sido constantemente
citado como exemplo nessa área. Em maio, a prestigiada revista médica britânica The
Lancet publicou uma edição totalmente dedicada ao Brasil, na qual especialistas
avaliaram o Sistema Único de Saúde, concluindo que alguns progressos, como a
redução de doenças infecciosas, foram um avanço "memorável na história da saúde da
América do Sul".
Os autores destacaram que, depois de décadas de mudanças nas políticas sociais,
"incluindo a introdução de um sistema unificado de saúde para todos (o SUS), o Brasil
também pode celebrar uma redução na mortalidade por doenças crônicas e imensos
avanços em busca da melhoria da saúde materna e da criança". Porém, eles também
destacaram alguns desafios. "A Nação ainda encara problemas - incluindo algumas
doenças infecciosas, como dengue e leishmaniose, o aumento da obesidade e um
grande número de mortes causadas por assassinatos e acidentes de trânsito."
Ao avaliar a edição da The Lancet, Ricardo Uauy, professor da Faculdade de Higiene e
Medicina Tropical de Londres, afirma que, coletivamente, o país começou a enfrentar o
desafio de melhorar a saúde de todos. A questão dos determinantes sociais é
destacada por Uauy. "O Brasil mostrou que você precisa investir em capital humano e
social para alcançar e sustentar um crescimento econômico."
Ritmo saudável
A responsabilidade não está apenas na mão de governos. De acordo com Paulo Buss,
os determinantes sociais também dependem de pequenas ações comunitárias, com
envolvimento da população. Foi o que aconteceu em 50 comunidades carentes do Rio
de Janeiro, onde adolescentes passaram de "causadores de problemas" a promotores
da saúde, em um projeto batizado de Rap da Saúde. A experiência, idealizada pela
médica Viviane Manso Castello Branco, ganhou um prêmio do Ministério da Saúde em
junho passado.
A ideia de Viviane, coordenadora de políticas e ações intersetoriais da superintendência
de promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio, era
despertar nos jovens o protagonismo. "Às vezes, os jovens se surpreendem com eles
mesmos", conta. Capacitados para levar noções de saúde à população, seja em feiras
ou nas ruas da comunidade, eles também participam de reuniões e aprendem a
negociar. "O projeto leva habilidades para a própria vida. Muitos pais falam como esses
adolescentes passaram a ter outra postura, a dar sugestões em casa em relação à
alimentação e aos hábitos", comemora a médica.
Com 120 inscritos no começo deste ano e planos para abrigar 200 em 2012, o projeto
não pretende ficar apenas no Rio de Janeiro. "Sonhamos que, à medida que se
perceba a qualidade do serviço desses jovens para a saúde pública, as equipes do
Programa Saúde da Família comecem a ter uma dupla de adolescentes promotores do
bem-estar." Três perguntas para - Paulo Buss O fato de a conferência da OMS ser
realizada no Brasil é um reconhecimento aos avanços do país nessa área?
Acho que é o reconhecimento dos progressos nos programas de combate à pobreza e
diminuição das desigualdades sociais. O Brasil foi o único país que criou uma Comissão
Nacional de Determinantes Sociais, em 2006, formada por pessoas como Zilda Arns,
Moacyr Scliar e Adib Jatene, além de organizações não governamentais. Era uma
comissão muito eclética. Fizemos um relatório que foi elogiado pela Organização
Mundial de Saúde. Acho que a realização da conferência aqui é um reconhecimento a
tudo isso.
O que o Brasil pode ensinar às delegações internacionais?
O Brasil vai ensinar e aprender. Outros países fazem muitas coisas boas também. A
coordenação de políticas de educação, saúde, saneamento e distribuição de renda é o
grande segredo. Não se resolve a saúde só com os hospitais, mas quando se distribui a
riqueza. A saúde não depende só do componente biológico, ela é eminentemente
social, são necessários programas integrados para reduzir a grande desigualdade
social e é exatamente isso que o Brasil tem feito há 15 anos. O Fernando Henrique
Cardoso teve uma iniciativa importante; no alvorecer do século 21, o Lula lançou
políticas sociais que mudaram substancialmente o país, e a Dilma está aprofundando
isso. O mundo está vendo o que o Brasil está fazendo com muito interesse.
Apesar das melhorias, o senhor pode citar os principais desafios que o país ainda
enfrenta?
Um deles é o acesso aos serviços urbanos de uma maneira geral, pois nos tornamos
um país urbano. São problemas como acesso a água, habitação e saneamento. Não há
possibilidade de se ter saúde em uma população sem esgoto. Mas o Brasil vem
progredindo e esse progresso se repercute na saúde: a mortalidade infantil diminuiu, os
índices estão mais próximos aos dos países desenvolvidos do que os de países muito
pobres. Temos, agora, que alcançar os bolsões de miséria e fazer políticas universais
que garantam a proteção social. (PO)
A produção de alimentos está afastada do consumo – Jornal O Globo
ENTREVISTA RENATO MALUF
O telefone toca durante a entrevista e Renato Maluf dialoga em inglês com a pessoa
que está do outro lado da linha. Quando desliga, comenta: "Era alguém de uma rede
social querendo fazer contato conosco. O Brasil hoje tem um papel importante no
cenário internacional em todas as dimensões envolvidas com a segurança alimentar".
Presidente do Conselho de Segurança Alimentar, um órgão criado pelo sociólogo
Betinho nos anos 90 e recuperado pelo ex-presidente Lula em 2003, que reúne
sociedade civil e representantes do governo, Maluf trabalha numa salinha entulhada de
livros e ultimamente anda mais assoberbado do que o habitual. Está à frente da
organização da quarta Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que
acontecerá mês que vem em Salvador e que, este ano, terá uma relevância ainda
maior. É que na abertura do evento a presidente Dilma Roussef assinará o Primeiro
Plano Nacional de Segurança Alimentar. Basicamente, o plano tem dez desafios, que
se juntam ao enorme desafio mundial de garantir alimento para uma população que já
alcançou sete bilhões de pessoas no mês passado, segundo a ONU.
O GLOBO:Para alimentar as 7 bilhões de pessoas no mundo é preciso usar agrotóxico?
RENATO MALUF: Não. É preciso deixar bem claro duas coisas: eu não estou negando
a contribuição que a ciência deu para conseguirmos aumentar a produtividade da
agricultura, mas a ciência não é neutra, depende de quem a usa. Ignorar que a
chamada revolução verde, dos anos 50 e 60, fez com que o mundo adquirisse uma
capacidade de produção é estupidez. Agora, esconder que isso foi feito à custa de uma
depredação do meio ambiente jamais vista é maldade.
O GLOBO:Então precisamos de uma nova revolução verde ?
RENATO MALUF: Esta é a resposta que está sendo dada internacionalmente:
precisamos de uma nova revolução verde e que agora seja duplamente verde, sem o
tal do agrotóxico. Primeiro porque o pacote sem agrotóxico está difícil porque a
monocultura aumenta a incidência de praga. Os grandes agricultores estão começando
a reagir, isso é uma sensação que eu tenho. O povo está acordando para isso.
O GLOBO: Qual o maior desafio da fome, que hoje atinge 1 bilhão de pessoas no
mundo segundo a Food and Agriculture Organization?
RENATO MALUF: Está bastante claro nos diagnósticos que o problema da fome no
mundo não é um problema de falta de produção, é um problema de acesso. O mundo é
capaz de produzir, depende do modelo no qual se está baseando. Mas, se tivermos
ideia de alimentar as 7 bilhões de pessoas aumentando o modelo atual, aí é que o
planeta não dá conta. Porque é um modelo que superexplora o recurso natural, tem um
elevado nível de desperdício, alimentação de má qualidade, uso absurdo de agrotóxico.
O GLOBO: Qual seria o modelo ideal?
RENATO MALUF: Vai ficando cada vez mais evidente que os modelos baseados na
AGRICULTURA FAMILIAR dão conta, desde que se inicie um processo de reversão
das grandes tendências, do circuito longo, das grandes corporações.
O GLOBO: Como escapar do circuito longo?
RENATO MALUF: O sistema alimentar mundial afastou a produção do consumo.
Produção especializada, monocultura, só faz sentido se ingressar em redes locais, não
levar esses produtos para outra extremidade do país ou do mundo. O circuito local é o
inverso: é usar a produção de pequeno porte diversificada e promover uma circulação
regional. Essa concepção de abastecimento alimentar descentralizada é fundamental,
com base em circuitos curtos. Está formulada no Plano de Segurança Alimentar que a
presidente Dilma assinará na abertura da Conferência.
O GLOBO: Isso quer dizer que o Brasil está fazendo o dever de casa direito ?
RENATO MALUF: Temos um papel crescente no mundo a partir do governo Lula. Mas
ao mesmo tempo somos um grande exportador, então temos uma participação mais
comercial. Ou seja: colocamos o assunto na prioridade da agenda, levamos para as
discussões internacionais, somos reconhecidos por organismos internacionais. E na
condição de grande exportador, reproduzimos algumas das mazelas que o sistema
alimentar mundial tem.
O GLOBO: Quais são essas mazelas?
RENATO MALUF: Uma parte de sua produção exportada baseada na monocultura,
com elevada quantidade de agrotóxicos (somos o maior consumidor de agrotóxicos da
América Latina); um elevado nível de mecanização; comprometimento de
biodiversidade; concentração fundiária, que é uma das causas da desigualdade social
no Brasil. E temos aqui as grandes corporações internacionais e nacionais que são uma
expressão do modelo de consumo de alimentos que está nos levando - e ao mundo
todo - a uma condição de graves problemas de saúde associada à alimentação.
O GLOBO: Sobretudo por conta do agrotóxico?
RENATO MALUF: Sim, mas também pelo padrão alimentar que tem nos elevado a
obesidade e sobrepeso em indicadores alarmantes. Já são alarmantes na América do
Norte, em alguns países europeus, e na América Latina o México é campeão, mas
estamos caminhando rapidamente para ganharmos este lugar.
O GLOBO: O que diz o Plano Nacional de Segurança Alimentar que a presidente Dilma
vai assinar?
RENATO MALUF: O plano é resultado de um decreto assinado em agosto do ano
passado pelo presidente Lula determinando que fosse formulado em 12 meses. O
governo Dilma cumpriu o prazo. Eu destacaria basicamente os dez desafios iniciais do
plano, entre eles: do direito, do hábito de se alimentar, da saúde, para as comunidades
específicas. O que o plano faz é propor um conjunto de instrumentos para enfrentar
esses dez desafios. Mas é um plano que prevê ações intersetoriais para enfrentar o
desafio.
O GLOBO:Como assim ?
RENATO MALUF: Por exemplo: por sugestão do Consea o governo criou um programa
de aquisição de alimentos que une a necessidade de alimento dos mais pobres com a
necessidade de mercado da AGRICULTURA FAMILIAR. Ele compra produtos
alimentares da AGRICULTURA FAMILIAR e transfere para os programas que dão
alimentos ou que promovem acesso à alimentação dos mais pobres. O Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) recém aprovou uma lei para a qual o Consea
foi chamado a ajudar a fazer, determinando que 30% da alimentação escolar sejam
comprados localmente da AGRICULTURA FAMILIAR. Isso é circuito curto, um
instrumento poderoso para enfrentar os desafios da segurança alimentar.
O GLOBO: Esses desafios são os mesmos do tempo em que Betinho criou o Consea
ou são novos desafios?
RENATO MALUF: Uns são mantidos, outros se atualizam. Uma das características
mais antigas do Brasil é ser um grande produtor agrícola com base na grande
propriedade. Isso vem dos tempos do Brasil colônia. Transformou-se no agronegócio,
nos ruralistas, enfim, pode-se ter uma atualização de nomes, mas a grande propriedade
fundiária na base da nossa desigualdade social e dos problemas ambientais é tão
antigo quanto o país.
O GLOBO: As mudanças climáticas vão afetar a segurança alimentar?
RENATO MALUF: O que eu falo é de variabilidade climática e eventos climáticos
extremos, o que é mais próximo e menos incerto. Há muita especulação, mas o que se
sabe é que o desenho da produção vai mudar, o que cria riscos e oportunidades.
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