ictiofauna e potencial pesqueiro

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ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO - FOLHA MIR-404 – POCONÉ – FOLHA MIR-418 – ILHA
CAMARGO - MEMÓRIA TÉCNICA
Parte 2: Sistematização de Informações Temáticas
NÍVEL COMPILATÓRIO
DSEE-VG-US-MT-046
PLANO DA OBRA
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO
ZONEAMENTO
SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO:
DIAGNÓSTICO
SÓCIOECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA
TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO
Parte 1: Consolidação de Dados Secundários
Parte 2: Sistematização das Informações Temáticas
Parte 3: Integração Temática
Parte 4: Consolidação das Unidades
Governo do Estado de Mato Grosso
Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO
ZONEAMENTO
SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO:
DIAGNÓSTICO
SÓCIOECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA
TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO
ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO FOLHA
MIR-404 – POCONÉ – FOLHA MIR-418 – ILHA CAMARGO – MEMÓRIA TÉCNICA
Parte 2: Sistematização de Informações Temáticas
NÍVEL COMPILATÓRIO
MARCO ANTONIO VILLARINHO GOMES
MÁRIO VITAL DOS SANTOS
CUIABÁ
FEVEREIRO, 2001
CNEC – Engenharia S.A.
GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO
Dante Martins de Oliveira
VICE-GOVERNADOR
José Rogério Salles
SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
Guilherme Frederico de Moura Müller
SUB SECRETÁRIO
João José de Amorim
GERENTE ESTADUAL DO PRODEAGRO
Mário Ney de Oliveira Teixeira
COORDENADORA DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO
Márcia Silva Pereira Rivera
MONITOR TÉCNICO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO
Wagner de Oliveira Filippetti
ADMINISTRADOR TÉCNICO DO PNUD
Arnaldo Alves Souza Neto
EQUIPE TÉCNICA DE ACOMPANHAMENTO E SUPERVISÃO DA SEPLAN
Coordenadora do Módulo Biótico/Uso do Solo
LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA
(Geógrafa)
Coordenadora do Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico-Institucional
MARILDE BRITO LIMA
(Economista)
Coordenadora do Módulo Cartografia/Geoprocessamento
LIGIA CAMARGO MADRUGA
(Engª Cartógrafa)
Supervisores de Tema
DALILA VARGAS OLIVARES SIFUENTE
(Geógrafa)
LIGIA CAMARGO MADRUGA
(Enga. Cartógrafa)
LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA
(Geógrafa)
JOÃO BENEDITO PEREIRA LEITE SOBRINHO
(Engo; Agrônomo)
MARIA APARECIDA CERCI DE PAIVA
(Enga. Agrônoma)
Consultor PNUD para o Módulo Biótico/ Uso do Solo
RICARDO RIBEIRO RODRIGUES
(Biólogo/Botânico)
Consultor PNUD para o Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico Institucional
SÉRGIO ADÃO SIMIÃO
(Engo. Agronômo)
Consultor PNUD para Geoprocessamento/ Banco de Dados
EMÍLIO CARLOS BOCHÍLIA
(Analista de Organização,
Sistemas e Métodos de
Informações – OIM)
Supervisão do Banco de Dados
GIOVANNI LEÃO ORMOND
(Administrador de Banco de
Dados)
VICENTE DIAS FILHO
(Analista de Sistema)
EQUIPE TÉCNICA DE EXECUÇÃO
CNEC - Engenharia S.A.
GERÊNCIA E COORDENAÇÃO
LUIZ MÁRIO TORTORELLO
(Gerente do Projeto)
KALIL A. A. FARRAN
(Coordenador Técnico)
MARCO A. V. GOMES
(Coordenador Técnico do Meio
Econômico/Jurídico Institucional)
Sócio-
MÁRIO VITAL DOS SANTOS
(Coordenador
Biótico)
Físico-
MARIA MADDALENA RÉ
(Coordenadora de Uso e Ocupação do Solo)
Técnico
EQUIPE TÉCNICA DE CAMPO
ADRIANA ROZZA
(Engª Agrônoma)
FRANCISCO O. DE CARVALHO
(Estagiário)
GÉZA ARBOCZ
(Engº Agrônomo)
LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA
(Geógrafa)
LUÍS CARLOS BERNACCI
(Biólogo)
MÁRCIA VISIBELLI
(Geógrafa)
MARIA TEREZINHA MARTINS
(Geógrafa)
MARTA CAMARGO DE ASSIS
(Bióloga)
MÔNICA TAKAKO SHIMABUKURO
(Bióloga)
NATÁLIA M. IVANAUSKAS
(Engª Agrônoma)
PAULA PINTO GUEDES
(Bióloga)
RENATO GOLDENBERG
(Engº Agrônomo)
RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO
(Engº Florestal)
SALVADOR RIBEIRO FILHO
(Engº Florestal)
do
Meio
EQUIPE TÉCNICA DE FOTOINTERPRETAÇÃO
LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA
(Geógrafa)
MÁRCIA VISIBELLI
(Geógrafa)
MARIA TEREZINHA MARTINS
(Geógrafa)
PAULA PINTO GUEDES
(Bióloga)
RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO
(Engº Florestal)
EQUIPE TÉCNICA DE GABINETE
DENISE TONELLO
(Arquiteta)
EDUARDO CECONELO
(Eng.º Civil)
FRANCISCO O. DE CARVALHO
(Estagiário)
MADALENA LÓS
(Bióloga)
MARCELO DE PAULA FERREIRA
(Arquiteto)
MÁRCIA VISIBELLI
(Geógrafa)
MARIA TEREZINHA MARTINS
(Geógrafa)
PAULA PINTO GUEDES
(Bióloga)
PENÉLOPE LOPES
(Arquiteta)
VERA MÁRCIA ARRIGHI
(Arquiteta)
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO
2.
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
E
OPERACIONAIS
ESPECÍFICOS ÀS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO
003
2.1.
DOCUMENTAÇÃO
003
2.2.
INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS
003
2.3.
TRABALHOS DE CAMPO
005
2.4.
INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS
008
3.
001
CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE MAPEAMENTO
008
3.1.
FORMAÇÕES VEGETAIS
008
3.1.1.
Formações Savânicas e Campestres
008
3.1.1.1.
Sd - Savana Florestada (Cerradão)
008
3.1.1.2.
Sa - Savana Arborizada (Cerrado)
009
3.1.1.3.
Saf - Savana Arborizada com Floresta
de Galeria
009
3.1.1.4.
Sp – Savana Parque (Campo Cerrado)
010
3.1.1.5.
Spf – Savana Parque com Floresta de
Galeria
010
Spp - Savana Parque associada a áreas
Pantaneiras
010
Sgi - Savana
(Campos Úmidos)
011
3.1.1.6.
3.1.1.7.
3.1.1.8.
Gramíneo-Lenhosa
Sav/Spv – Formação de Savana
Arborizada/Parque
associada
a
Vertentes com encraves de Matas em
grotões de drenagem
011
3.1.2.
3.1.3.
Formações Ripárias
012
3.1.2.1.
Fj - Formação Justafluvial
012
3.1.2.2.
Fa - Floresta Aluvial
013
Formações de Contatos
3.1.3.1.
3.1.4.
3.2.
FeS - Contato Floresta Estacional/
Savana
013
Formações Antrópicas
014
3.1.4.1.
Fr - Floresta Remanescente
014
3.1.4.2.
Fs – Formação Secundária
014
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
3.2.1.
3.2.2
014
Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação
do Território
014
Usos Agropecuários
3.2.2.1.
3.2.2.2.
3.2.2.3.
4.
014
017
Ap – Uso Agropecuário em Pequenas
Propriedades
018
Agp – Uso Agropecuário em Médias e
Grandes
Propriedades
com
Predomínio de Pastagens
020
Pp – Pecuária em áreas de Pantanal
021
3.2.3.
Aq -Áreas de Queimada
021
3.2.4.
M- Extrativismo Mineral
021
3.2.5.
U – Usos Urbanos
021
3.2.6.
Pu- Peri Urbanos
021
3.2.6.
Ua – Uso Antrópico em Unidade de Conservação
021
CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS
FORMAÇÕES VEGETAIS E AO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
ÀS
022
5.
4.1.
FEIÇÃO DE PAISAGEM – DEPRESSÃO CUIABANA
023
4.2.
FEIÇÃO DE PAISAGEM – ÁREAS PANTANEIRAS
027
BIBLIOGRAFIA
029
ANEXOS
ANEXO I - RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO CAMPANHA DE FORMAÇÕES VEGETAIS/
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
ANEXO II – RELAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO, ICTIOFAUNA E
POTENCIAL PESQUEIRO
ANEXO III – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO
DO SOLO POR MUNICÍPIO
ANEXO IV – FOTOGRAFIAS
ANEXO V – FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO
A001
FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MIR 404
A002
FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MIR 418
LISTA DE QUADROS
001
CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS
004
002
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE
PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 4.
PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E
EM ÁREA OCUPADA (%)
018
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE
PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 9.
PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E
EM ÁREA OCUPADA (%)
019
003
LISTA DE FIGURAS
001
LOCALIZAÇÃO DAS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO NO
ESTADO
002
002
LOCALIZAÇÃO DAS CAMPANHAS DE CAMPO
007
003
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E ELEMENTOS DE INFRAESTRUTURA
016
PRINCIPAIS FEIÇÕES DE PAISAGEM
025
004
1
1.
INTRODUÇÃO
A presente Memória Técnica refere-se aos trabalhos de mapeamento das
Formações Vegetais/Uso e Ocupação do Solo executados na Folha Poconé – MIR-404
(SE.21-X-A) e na parte da Folha Ilha Camargo – MIR-418 (SE.21-X-C) compreendida no
Estado de Mato Grosso. As Folhas mapeadas situam-se na porção sul do Estado, entre os
paralelos 16o00’ e 18o00’ de latitude sul e os meridianos 57o00’ e 55o30’ de longitude oeste de
Greenwich (Figura 001).
Na Folha MIR-418, apenas o terço setentrional do território é compreendido no
Estado de Mato Grosso, sendo o restante inserido no Estado de Mato Grosso do Sul; o Rio
Cuiabá e seu afluente Itiquira constituem divisa entre os dois Estados.
O encarte compreende parte do território dos municípios de Poconé, Nossa Senhora
do Livramento, Barão do Melgaço, Santo Antônio do Leverger e Itiquira, sendo presentes as
sedes municipais de Poconé e Barão de Melgaço. A Terra Indígena Perigara situa-se na
porção centro-sul da Folha MIR-404, limítrofe à Reserva Particular do Patrimônio Natural
Estância Ecológica SESC Pantanal (município de Barão de Melgaço); o Parque Estadual
Estrada Transpantaneira corresponde a faixas lindeiras à rodovia MT-060.
A Folha (MIR 404) está compreendida na Bacia do Rio Paraguai, sendo a região
drenada pelos Rios Cuiabá, Bento Gomes, São Lourenço e Itiquira. A maior parte do território
é inserido no Pantanal Matogrossense, cruzado pela extensa planície fluvial do Rio Cuiabá.
Apenas as extremidades noroeste e nordeste da Folha MIR-404 compreendem áreas da
Depressão Cuiabana e, a noroeste, extensão do Planalto dos Guimarães. Predominam na
região as formações savânicas, sendo presentes ambientes florestais e de contato associados
ao relevo e aos condicionantes edáficos e de umidade do solo.
O relevo e a presença da planície aluvial condicionam a ocupação da região. Esta
ocupação, iniciada em função das antigas rotas de ligação entre as regiões meridionais e
setentrionais do país, dinamizou-se a partir da década de 80. A principal característica da
economia é a pecuária extensiva, associada a propriedades de grande porte; destacam-se
bolsões de pequenas propriedades, associadas a projetos de assentamentos na porção
noroeste da Folha.
A infra-estrutura rodoviária é constituída por eixos orientados aproximadamente
norte-sul (MT-060, MT-361, MT-456, MT-050) que interligam a região a Cuiabá, cidade que é
centro de apoio à região. No encarte, os centros urbanos são Poconé, na porção noroeste e
Barão de Melgaço no quadrante nordeste.
2
FIGURA 001 LOCALIZAÇÃO DAS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO NO ESTADO
3
2.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS ESPECÍFICOS
ÀS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO
A metodologia geral que norteou os trabalhos de mapeamento das Formações
Vegetais / Uso e Ocupação do Solo, na escala 1:250.000, encontra-se detalhada no Relatório
DSEE-VG/US-RT-001 “Uso e Ocupação do Solo e Formações Vegetais - Aspectos Gerais:
Procedimentos Metodológicos e Atividades Realizadas”, onde são tratados os aspectos gerais
do trabalho, tais como: dados secundários utilizados; procedimentos metodológicos seguidos
no decorrer dos trabalhos; critérios de interpretação utilizados na identificação dos padrões das
imagens; procedimentos específicos às diversas campanhas de campo; correlação de dados
secundários e relativos a outros setores de estudo relacionados ao tema.
2.1.
DOCUMENTAÇÃO
Os trabalhos de cunho regional utilizados, que abrangem as Folhas MIR-404/418,
referem-se a:
2.2.

Projeto RADAMBRASIL Folha SE.21 Corumbá, 1982, escala 1:1.000.000.

Na delimitação dos padrões de uso e ocupação e das formações vegetais,
abrangendo totalmente a área do encarte estudado, foram utilizadas as
imagens de satélite LANDSAT TM5 226/71 (13/08/94), 226/72 (12/07/94),
227/71 (04/08/94) e 227/72 (17/07/94), composição colorida, bandas 3, 4 e 5;
para definição de padrões duvidosos (nuvens, queimadas) foi também
consultado o mosaico de RADAR SD.21 XA/XC (Projeto RADAMBRASIL),
todos na escala 1:250.000.

Devido a defasagem temporal entre as imagens interpretadas (1994) e o
estágio atual dos trabalhos, foram consultadas as Folhas MIR 404/418 do
trabalho – Mapa da Dinâmica de Desmatamento do Estado de Mato Grosso
(1999, escala 1:250.000), elaborado pela FEMA – Fundação Estadual do Meio
Ambiente. Nas Folhas temáticas foram demarcadas as áreas desmatadas
entre esta data e 1997.
INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS
A interpretação das imagens de satélite seguiu aos procedimentos gerais
explicitados no Relatório DSEE-VG/US-RT-001. De maneira geral, os processos de
mapeamento foram realizados a partir de extensivos levantamentos florísticos e
fitofisionômicos da vegetação e verificações do uso do solo em campo, aliados a
fotointerpretação analógica de imagens de satélite Landsat TM 5.
Após a conclusão dos trabalhos comparou-se os resultados obtidos ao mapeamento
realizado pelo Projeto RADAMBRASIL, verificando-se que, de modo geral, houve
diferenciações quanto à legenda das formações vegetais em relação a este, advindas da
escala mais aproximada dos trabalhos e da redução do estado de conservação da vegetação,
pela intensificação dos processos de antropização ocorridos na região nos últimos anos.
4
Foi diferenciado o padrão de Savana Parque correspondente às Áreas Pantaneiras
em relação às formações savânicas que ocorrem em áreas mais elevadas.
Quanto aos padrões de imagem, esses mostraram-se muito diversificados e algumas
vezes diferenciados para vegetações similares. Esta diversidade dos padrões de vegetação
ocorre em função das muitas variações abióticas existentes, como geologia, relevo, solo,
umidade, e mesmo pelo diferente grau de perturbação sofrida pelas formações.
Foram mapeados 15 padrões relativos às formações vegetais e 6 padrões
característicos de áreas antropizadas. Estes padrões foram, em situações específicas,
correlacionados constituindo legendas compostas. A legenda definida pelos padrões das
imagens, corroborada pelas informações de campo é apresentada no Quadro 001, a seguir:
QUADRO 001
CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS
LEGENDA
PADRÃO DA IMAGEM
OBSERVAÇÕES
FORMAÇÕES VEGETAIS
Sd – Savana Florestada
(Cerradão)
Sa – Savana Arborizada
(Cerrado)
Saf – Savana Arborizada com
Floresta de Galeria
Sp – Savana Parque
Spf - Savana Parque com Floresta de
Galeria
Spp – Savana Parque associada a
áreas pantaneiras
Sgi - Savana Gramíneo-Lenhosa
(Campos Úmidos)
Sav Spv / – Formação de Savana
Arborizada associada a vertentes com
encraves de matas em grotões de
drenagem
Fj – Formação Justafluvial
Tons de verde médio a escuro. O
padrão é semelhante ao da Floresta
Estacional, ao qual esta formação
está freqüentemente associada.
Tons de verde claro a verde médio,
textura fina a média.
Ocorre em terraços aluviais, no contato com a
Floresta Estacional, com pequenas manchas
individualizadas, principalmente entre áreas
de uso no entorno de Poconé.
Ocupa maiores extensões nos interflúvios,
sempre associada a outras formações.
Tons de verde claro a rosa claro com
mosqueamento marrom claro.
Ocorrência restrita à porção noroeste do
território.
Tons de marrom a rosa escuro,
textura fina, geralmente refletindo solo
exposto.
Formação utilizada como pastagem extensiva,
em toda a área de ocorrência. Em geral,
apresenta-se serpenteada por Matas de
Galeria.
Relacionada ao lençol freático superficial.
Ocupa áreas mais úmidas do
pantanal, refletindo tons escuros
(preto).
Tons de verde a rosa claro a médio
com alinhamentos verde médio a
escuro.
Tons de verde escuro rugoso.
Fa – Floresta Aluvial
Tons de verde escuro, textura rugosa.
FeS - Contato Floresta Estacional /
Savana
Apresenta várias nuances das
Formações Savânica e Florestal
(Savana Arborizada / Florestada e
Floresta Estacional).
Fr – Floresta Remanescente
Tons de verde médio.
Fs – Formação Secundária
Tons de verde claro, textura lisa.
Ocorrências restritas à extremidade noroeste
e nordeste do território.
Associada
a
algumas
drenagens,
principalmente na porção norte.
Ocorrência ao longo dos principais rios, em
todo o território mapeado.
Formações associadas aos terraços aluviais,
onde há predomínio da Floresta Estacional; a
Savana Arborizada ocorre nos interflúvios,
associada às Formações Savânicas e ao uso
pastoril extensivo. De modo geral, há
predomínio de Formações Savânicas
Ocorrência restrita, sub-dominante em áreas
de uso agropecuário.
Associada, como dominante ou subdominante, a usos agropecuários, na porção
norte da Folha MIR 404.
(continua...)
5
QUADRO 001
CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS
(...continuação)
LEGENDA
PADRÃO DA IMAGEM
OBSERVAÇÕES
USOS DO SOLO
Ap – Uso Agropecuário em pequenas
propriedades
Aga - Uso Agropecuário em médias e
grandes propriedades com
Predomínio de Culturas Anuais
Agp - Uso Agropecuário em médias e
grandes propriedades com
Predomínio de Pastagens
Tons que variam de rosa claro a
verde claro.
Tons de verde claro, textura lisa.
Ocorrência restrita ao entorno da zona urbana
de Poconé.
Ocorrência restrita à região a noroeste de
Poconé, correspondendo a canaviais.
Tons que variam de rosa, cinza,
marrom claro a esverdeado.
Pp – Pecuária em Área de Pantanal
Tons que variam do rosa a
esbranquiçado ( por vezes confundese com as formações gramíneolenhosas).
Aq – Áreas de Queimada
Tons de café a preto.
M – Extrativismo Mineral
Tons
de
rosa
claro
com
mosqueamento
azul
(água)
e
esbranquiçados.
Tons
de
rosa
claro
com
mosqueamento cinza e alinhamento
esbranquiçado.
Tons de rosa com mosqueamento
esbranquiçado e verde.
Tons de cinza.
Ocorrência expressiva a nordeste, associado
a níveis altimétricos mais elevados, com
ocorrência dispersa em todo o território
mapeado.
Na região, este uso é mapeado como
dominante,
quando
apresenta
formas
geométricas definidas, evidência de trilhas e
estradas que cortam a área. Ocorre de forma
esparsa
na
maioria
das
Formações
Campestres; como dominante, é presente em
extensa área no interflúvio dos Rios Bento
Gomes e Novo, a leste de Poconé.
Ocorrência esparsa em ambiente da Savana
Arborizada (oeste) e da Savana Parque em
áreas pantaneiras (leste).
Presença expressiva no quadrante noroeste
do território.
U – Usos Urbanos
Pu – Usos Peri-Urbanos
Ua – Uso Antrópico em Unidade de
Conservação
FONTE:
Perceptíveis, no imageamento, Poconé, Barão
de Melgaço, Joselândia.
No entorno de Poconé, associados a áreas de
mineração.
Ocorre próximo aos núcleos urbanos.
CNEC, 1997.
Na ocorrência de formações savânicas, diferentes tipologias encontram-se
associadas em manchas não mapeáveis na escala do trabalho, tendo sido agrupadas em
legendas compostas, onde o primeiro componente é dominante. Áreas de ocupação também
ocorrem entremeadas por remanescentes de formações florestais e savânicas. Em áreas
naturais, ocorrem áreas de uso com dimensões não mapeáveis na escala de trabalho.
2.3.
TRABALHOS DE CAMPO
As Folhas MIR–404/418 foram cobertas pelas seguintes Campanhas de Campo,
cujos roteiros são esquematizados na Figura 002:

03 campanhas relativas ao levantamento dos padrões de uso e das formações
vegetais, realizadas nos meses de fevereiro-março (parte do Roteiro 12), julhoagosto (parte do roteiro Pantanal I) e outubro (parte do Roteiro Pantanal II) de
1997, quando foram percorridos os eixos viários transitáveis. Foram relevados
os padrões de uso e das formação vegetais ao longo dos percursos, tendo sido
amostrados, para definição dos padrões, foram amostrados 106 pontos,
apresentados no Anexo I e locados nas Folhas temáticas (Pontos 01 a 76 –
MIR-404 e 01 a 30 – MIR-418).

01 campanha de vegetação – Expedição Barão de Melgaço, realizada no
período de 03 a 11/11/97, quando foi realizada amostragem fitossociológica no
Ponto 01.
6

02 Pontos de Amostragem de Potencial Pesqueiro, realizados no Rio Cuiabá:
em Barão de Melgaço (P.20 – MIR-404) e em Porto Jofre, Poconé (P.23 – MIR418).

A Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica realizou entrevistas
possibilitaram a qualificação das atividades e do perfil do produtor.
que
Os pontos de levantamento e amostragens encontram-se espacializados nas folhas
Formações Vegetais/ Uso e Ocupação do Solo – MIR-404/418 e suas descrições constam nos
relatórios consolidados, específicos a cada tema.
7
FIGURA 002 LOCALIZAÇÃO DAS CAMPANHAS DE CAMPO
8
2.4.
INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS
Como descrito na Metodologia Geral (Relatório DSEE-VG/US-RT-001), na
interpretação preliminar e no acompanhamento das campanhas de campo foram utilizados
dados de outros setores de estudo relacionados ao tema em tela, notadamente no que diz
respeito aos aspectos de solos, formas do relevo, padrões da ocupação, presença de
equipamentos de infra-estrutura.
Após as campanhas de campo e a revisão do mapeamento preliminar dos padrões
de uso e das formações vegetais, foi realizado trabalho de sistematização das informações de
outros temas, necessárias à compreensão dos processos de ocupação e à descrição das
formações vegetais presentes na região. Os dados primários utilizados para o processo de
correlação referem-se essencialmente às observações de campo; aos levantamentos
florísticos, fitossociológicos e faunísticos; aos resultados da pesquisa Sócio-EconômicaAgronômica; aos relatórios temáticos de Clima, Geologia, Geomorfologia e Solos específicos
às Folhas. A correlação dos dados permitiu a definição da legenda dos padrões que constam
nas Folhas Formações Vegetais/ Uso e Ocupação do Solo – MIR-404/418.
3.
CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE MAPEAMENTO
3.1.
FORMAÇÕES VEGETAIS
3.1.1.
Formações Savânicas e Campestres
3.1.1.1.
Sd - Savana Florestada (Cerradão)
É a expressão florestal das formações savânicas, que se desenvolve sobre solos
profundos e de média fertilidade, freqüentemente podzólicos e latossolos. As árvores que
constituem o dossel possuem troncos geralmente grossos, com espesso ritidoma porém sem a
marcante tortuosidade geralmente observada nas savanas. A estratificação é simples e o
componente arbóreo é perenifólio. Não há um estrato arbustivo nítido e o estrato graminoso
esparso é entremeado de espécies lenhosas de pequeno porte. Atinge altura em torno de 15m,
podendo chegar a 18m. Tem composição florística diversificada, contendo espécies das
expressões mais abertas das savanas, que assumem hábito arbóreo, e da Floresta Estacional,
raramente presentes em outras formações savânicas. Epífitas são raras. É também
denominada “Cerradão” ou “Savana Arbórea Densa”.
Encontra-se predominantemente nas regiões mais elevadas do município de Barão
de Melgaço.
Esta fisionomia florestal de Savana apresenta, na região, dossel praticamente
contínuo, com cerca de 15m de altura, composto por espécies como angico-do-campo
(Anadenanthera falcata), sucupira (Pterodon emarginatus), caroba (Jacaranda cuspidifolia),
jacarandá (Machaerium vilosum), perobinha (Aspidosperma subincanum), cumbaru (Dipterix
alata), manduvi, chichá (Sterculia cf. apetala), amendoim-do-campo (Platypodium elegans),
9
copaíba (Copaifera sp), jatobá (Hymenaea courbaril), tingui (Magonia pubescens), ipês
(Tabebuia aurea; Tabebuia sp), entre outras.
O subosque é composto por arbustos e árvores de pequeno porte, entre 3 a 7m de
altura. Além de exemplares juvenis das espécies do dossel, ocorrem açoita-cavalo (Luehea
paniculata), envireira (Guazuma ulmifolia) e lagarteiro (Casearia sylvestris; C. cf.
gossypiosperma), entre outras.
Nas áreas degradadas e em pastos abandonados ocorrem grande invasão de
babaçu (Orbygnia martiana).
3.1.1.2.
Sa - Savana Arborizada (Cerrado)
Corresponde à formação savânica propriamente dita, caracterizando-se pelo aspecto
xeromorfo do componente arbustivo-arbóreo e pelo expressivo estrato herbáceo, onde
predominam gramíneas cespitosas (que formam touceiras). Variações fisionômicas e
estruturais, decorrentes de características pedológicas diferenciadas e de perturbações
antropogênicas expressam-se pela distribuição espacial irregular de indivíduos, ora com
adensamento do estrato arbustivo-arbóreo, ora com predomínio do componente herbáceo. A
altura varia entre 2 e 7m. Apresenta, como característica marcante, estrato arbóreo composto
de exemplares de troncos e galhos retorcidos, casca espessa e folhas grandes, muitas vezes
coriáceas.
Constitui uma formação vegetal relativamente aberta, geralmente manejada com
fogo, podendo representar feições alteradas de Savanas Florestadas, submetidas a pressões
antrópicas.
É denominada em sentido amplo de “Cerrado”. Ocorre sobre vários tipos de solos,
mais freqüentemente em latossolos álicos, mas também em solos podzólicos, concrecionários
e Areias Quartzosas. Espécies características: jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa),
ipê-do-cerrado (Tabebuia caraiba), araticum (Annona coriacea), pequizeiro (Caryocar
brasiliensis), mangaba (Hancornia speciosa), lixeirinha (Davilla elliptica), colher-de-vaqueiro
(Salvertia convallariaeodora), lixeira (Curatella americana), pau-santo (Kielmeyera sp), pauterra (Qualea sp), muricis (Byrsonima sp), entre outras. A ocorrência de lianas não se dá de
forma agressiva, sendo, em sua maioria, herbáceas ou semi-lenhosas.
Esta formação savânica é bem representada no encarte, ocupando grandes áreas
principalmente a norte e noroeste, na Depressão Cuiabana, e na Planície do Pantanal,
associada a outras formações savânicas e a áreas de uso agropecuário.
Na Depressão Cuiabana, a Savana Arborizada ocorre em solos concrecionários e
latossolos, apresentando algumas diferenças fisionômicas entre si decorrentes principalmente
das variações pedológicas e do grau de antropização das mesmas. Nas áreas sobre
cambissolo, a altura dos indivíduos maiores atinge até 7m, porém a média do dossel é de
aproximadamente 4m. A distribuição espacial é relativamente regular sem adensamentos
muito intensos de indivíduos. Uma espécie muito freqüente nessa formação é a Curatella
americana (lixeira), principalmente nas margens das rodovias e estradas.
3.1.1.3.
Saf - Savana Arborizada com Floresta de Galeria
Esse padrão é constituído pela fisionomia da Savana Arborizada associada a
formações ripárias. Porém, devido às pequenas extensões, não é possível sua individualização
através de mapeamento, na escala do trabalho.
10
Estas formações ripárias formam faixas ao longo das margens dos rios e córregos
onde ocorrem espécies como: ingás (Inga sp), figueiras (Ficus sp), pinha-do-brejo (Talauma
ovata), pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata). Ao lado destas essências tipicamente ripárias,
ocorrem ainda elementos estacionais, uma vez que estas formações não estão submetidas ao
estresse hídrico verificado no ambiente savânico. Por constituírem faixas contínuas que se
destacam na paisagem de formações abertas, recebem a denominação de Florestas de
Galeria ou Florestas Ciliares.
Estreitas Florestas de Galeria caracterizam a maior parte das Savanas Arborizadas
deste encarte.
3.1.1.4.
Sp – Savana Parque (Campo Cerrado)
Nesta formação, prevalece o componente herbáceo e arbustivo, com indivíduos
arbóreos presentes de forma esparsa, compondo uma das expressões campestres das
savanas, denominada também “Campo Cerrado”. É encontrada sob diversas condições, desde
planícies de inundação até topos ou encostas pedregosas, podendo ter origem natural,
decorrente das condições do substrato, ou ser resultante de ação antrópica, pelo manejo anual
de queimadas para uso agropecuário.
Embora prevaleçam gramíneas no estrato herbáceo, são também freqüentes
espécies de compostas e de leguminosas sendo, portanto, a composição florística bastante
diversificada. Já os componentes arbustivos e arborescentes (altura entre 1 a 2 m) constituídos
de plantas características da Savana Arborizada, são pobres em espécies. Alguns dos
representantes lenhosos são: cajuzinho (Anacardium humile), araticum (Annona dioica), faveira
(Dimorphandra mollis), marmelo (Alibertia sp), lobeira (Solanum lycocarpum), colher-devaqueiro (Salvertia convallariaeodora).
Ocorre associada a Savanas Arborizadas, freqüentemente em solos pouco
desenvolvidos e rasos, na Depressão Cuiabana, a noroeste do encarte.
3.1.1.5.
Spf – Savana Parque com Floresta de Galeria
Esse padrão representa áreas de Savanas Parque onde formações ripárias estão
presentes porém, devido às pequenas extensões, não é possível sua individualização através
de mapeamento, realizado na escala do trabalho.
Estas formações ripárias formam faixas ao longo das margens dos rios e córregos
onde ocorrem espécies como: ingás (Inga sp), figueiras (Ficus sp), pinha-do-brejo (Talauma
ovata), pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata). Ao lado destas essências tipicamente ripárias,
ocorrem ainda elementos estacionais junto as regiões marginais menos atingidas pela
presença da água. Por constituírem faixas contínuas que se destacam na paisagem de
formações abertas, recebem a denominação de Floresta de Galeria ou Florestas Ciliares.
De modo geral, Floresta de Galeria estão presentes ao longo dos cursos d’água
neste formação.
3.1.1.6.
Spp - Savana Parque associada a Áreas Pantaneiras
Formação associada às planícies inundáveis com solos caracterizados por saturação
hídrica periódica, compondo “Campos Úmidos”, à semelhança da Savana Gramíneo-Lenhosa.
Diferencia-se dessa por sua ampla extensão e por sua ocorrência, na Depressão que
caracteriza o Pantanal Matogrossense ou nas Depressões do Araguaia e do Guaporé. Quando
o encharcamento do solo é muito prolongado, predominam quase que exclusivamente
11
gramíneas (Poaceae) e Cyperaceae, às quais associam-se herbáceas anuais, dentre as quais
destacam-se: Paepalanthus speciosus, Pfaffia glomerata e Heliotropium filiforme.
Estas extensas superfícies planas e deprimidas apresentam, freqüentemente,
pequenas elevações geralmente em torno de 50cm de altura e área variável, com até 100m2,
decorrente de deposição diferencial de material de acumulação ou de origem biológica,
formadas por cupinzeiros ativos ou abandonados. Este micro-relevo constitui os denominados
“murunduns”, com solo mais seco, favorecendo o estabelecimento de componente arbustivoarbóreo característico de savanas. Assim, em cada elevação crescem arvoretas e/ou arbustos
como: pequizeiro (Caryocar brasiliensis), lixinha (Davilla ellipica) pau-terra (Qualea grandiflora),
perdiz (Simarouba versicolor), inharé (Brosimum gaudichaudii), lobeira (Solanum lycocarpum),
caroba (Jacaranda cuspidifolia), entre outras. O estrato herbáceo é formado basicamente por
gramíneas. Esta formação é também conhecida como “Campos de Monchões” ou “Campos de
Murunduns”.
Presente nas áreas de relevo plano, sobre plintossolos, ocorre na maior parte do
encarte, nas áreas rebaixadas do Pantanal Matogrossense, utilizada como pasto natural no
período de estiagem. Limita-se freqüentemente com formações florestais aluviais e de contato.
3.1.1.7.
Sgi - Savana Gramíneo-Lenhosa (Campos Úmidos)
Corresponde à vegetação presente em áreas deprimidas, sobre solos hidromórficos,
onde o lençol freático aflora ou é muito superficial, geralmente em localidades caracterizadas
por nascentes, lagoas, corixos e riachos. Caracteriza-se pela presença de flora hidrófila, isto é,
que se desenvolve em ambientes úmidos. Também denominada de “Campos Úmidos”.
Desenvolve-se também sobre afloramentos rochosos ou solos muito rasos,
freqüentemente com camada de laterita superficial, podendo-se encontrar campos úmidos
onde a rocha é superficial, em topos de morros testemunhos e em alguns platôs em torno de
buritizais e Florestas de Galeria.
No período chuvoso, estes campos permanecem encharcados, impedindo o
crescimento de vegetação arbóreo-arbustiva. Assim, a vegetação apresenta apenas estrato
herbáceo, sendo as espécies encontradas extremamente seletivas. São muito freqüentes as
ciperáceas, gramíneas, além de outras herbáceas como cruz-de-malta (Ludwigia sp), Xyris sp,
jalapa (Mandevilla sp), bem como minúsculas plantas “carnívoras” do gênero Utricularia.
Localmente podem apresentar relevo constituído de pequenas elevações que
favorece a presença de arbustos e arvoretas. Neste caso, recebem a denominação de
“Campos de Monchões” ou “Campos de Murunduns”.
Ocupa amplas áreas em terrenos deprimidos, onde o lençol freático aflora.
Relaciona-se com cursos d’água, notadamente o Rio Cuiabá, e com lagoas freqüentes na
região. Tem ocorrência significativa a nordeste da cidade de Barão de Melgaço.
3.1.1.8.
Sav/Spv – Formação de Savana Arborizada / Parque associada a Vertentes com
encraves de Matas em Grotões de drenagem
Ocorrem em vertentes íngremes, às vezes com afloramentos rochosos. A Savana
Parque geralmente predomina na porção superior. Na meia encosta, a formação dominante é
Savana Arborizada com diversos níveis de biomassa. Em locais mais encaixados da vertente“grotões”, em associação a pequenos cursos d’água, a menor a exposição ao sol e a elevada
umidade favorecem o desenvolvimento de florestas fisionomicamente semelhantes às
Florestas Estacionais, denominadas “Matas de Grotão”. Estas ocorrem em pequenas áreas
12
descontínuas, formando mosaico, não sendo possível seu mapeamento como unidades
fisionômicas distintas, nessa escala de trabalho.
Entre as espécies observadas nas “Matas de Grotão” associadas às escarpas de
planalto estão: gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), tapiriri (Tapirira guianensis), ipê
(Tabebuia sp), guatambú (Aspidosperma sp), canela (Ocotea sp), figueira (Ficus sp), Clusia sp,
pindaíba (Xilopia sp), entre outras.
Presentes de forma restrita, a nordeste e a noroeste do encarte, na Depressão
Cuiabana, em localidades de relevo dissecado.
3.1.2.
Formações Ripárias
3.1.2.1.
Fj - Formação Justafluvial
Compreende diversas formas de vegetação associadas a cursos d’água, que
recebem distintas denominações, de acordo com suas peculiaridades, reflexo das condições
do substrato onde se desenvolvem: “Veredas”, “Matas de Brejo”, “Floresta de Galeria” ou
“Floresta Ciliar”.
No Domínio das Savanas, estas formações começam, em geral, em pequenos brejos
ou nascedouros de ribeirões, sob a forma de alamedas de buritis (Mauritia sp), formando
“Veredas”. Ao longo dos cursos d’água, as veredas vão progressivamente adquirindo outras
espécies de árvores, encorpando e passando a constituir faixas que margeiam as linhas de
drenagem. Adquirem caráter peculiar, por se destacar na paisagem caracterizada por
formações abertas e xeromorfas, e recebem a denominação de “Floresta de Galeria” ou
“Floresta Ciliar”. Por vezes, passam gradualmente a ocupar as “rampas” do interflúvio, em uma
transição para as formações adjacentes. Quando estas florestas se fundem no interflúvio,
considera-se o fim da área nuclear do Domínio das Savanas.
Em sítios com impedimentos de drenagem formam-se matas paludosas
denominadas “Matas de Brejo”, onde predominam espécies hidrófilas, como olandi
(Calophyllum brasiliensis) e sarão-do-brejo (Ficus sp), pindaíba (Xylopia emarginata) e
buritirama (Maurtiella armata).
Nesta Folha MIR-404, apresenta-se com dossel contínuo, de aproximadamente 10m
de altura, onde são encontradas espécies como: gonçaleiro (Astronium graveolans), cajá
(Spondias luteans), paineira (Chorisia speciosa), Sloanea sp, leiteiro (Sapium obovatum), ingá
(Inga sp), novateiro (Triplaris americana), jenipapo (Genipa americana), tarumã (Vitex
cymosa), entre outras. Nas áreas mais abertas, principalmente voltadas para o sul, há grande
quantidade de lianas, às vezes recobrindo as copas.
No subosque podem ser encontrados ainda: tapiá (Alchornea aff. discolor), catiguá
(Trichilia aff. catigua), maria-mole (Guapira opposita), camboatã (Cupania cf. castanaefolia),
bacuri (Rheedia brasiliensis), murici (Byrsonima aff. orbignyana), entre outras.
Amostragem fitossociológica realizada em uma floresta ciliar sem indícios de
perturbações apontam, como mais importantes no povoamento, as espécies Brosimum sp, que
aparece com grande número de indivíduos, alguns deles de grande porte, Zygia cf. inaequalis,
que é abundante e muito freqüente nesta floresta, Alchornea aff. discolor, também muito
comum. Outras espécies importantes são: catiguá (Trichilia aff. catigua), novateiro (Triplaris
americana) e jenipapo (Genipa americana), entre outras. A densidade obtida foi de 509
indivíduos por hectare, porém com diversidade relativamente baixa, o que se deve
13
provavelmente ao predomínio de algumas espécies, que são muito abundantes, e um grande
número de espécies representadas por pequeno número de indivíduos.
3.1.2.2.
Fa - Floresta Aluvial
Ocorre seletivamente em solos aluviais, em planícies de inundação sazonal dos rios.
Apresenta elementos botânicos estacionais e ombrófilos, predominando estes ou aqueles, de
acordo com o domínio em que se insere. Sua composição florística, contudo, é relativamente
distinta e menos diversa em relação às formações florestais de interflúvios, devido às
restrições decorrentes do substrato periodicamente encharcado. Verificam-se espécies
seletivas higrófilas, dentre as quais destacam-se: ingás (Inga sp), jenipapo (Genipa
americana), olandi (Calophyllum brasiliensis) e sarão (Ficus sp). As palmeiras são indicadoras
do tipo e das condições hídricas do solo, uma vez que maripá (Attalea maripa), bacuri (A
phalerata) e bacaba (Oenocarpus sp) dominam nas planícies aluviais. Em grotas e outros sítios
de maior umidade ocorrem ainda paxiúbas (Iriartea sp) e palmiteiro (Euterpe precatoria). O
baixo potencial madeireiro, a impossibilidade de exploração agrícola e a ausência de fogo,
colocam este tipo de vegetação, de modo geral, em situação privilegiada em relação à sua
preservação.
Está presente ao longo dos trechos meandrantes dos Rios Cuiabá, Bento Gomes,
Piraim, Correntes, Itiquira e, de forma muito expressiva, no Rio São Lourenço. Limita-se com
Campos Úmidos e formações savânicas em áreas pantaneiras, porém, freqüentemente limitase também com formações de contato da Floresta Estacional com Savanas.
3.1.3.
Formações de Contatos
3.1.3.1.
FeS - Contato Floresta Estacional/Savana
Corresponde a uma formação de transição, onde ambos os tipos de vegetação se
alternam em padrão de mosaico, mantendo sua identidade. A transição ocorre principalmente
entre a Floresta Estacional e a Savana Florestada. Elementos de ambas as formações estão
presentes, havendo também significativa contribuição de espécies que são comuns a ambas
as formações vegetais. Dentre estas podem ser citadas: mandiocão (Didymopanax
morototoni), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), maricá (Physocalymma scaberrimum),
cumaru (Dipteryx sp), tarumaí (Rhamnidium elaeocarpus).
Fisionomicamente apresenta-se como uma floresta mais aberta que a Floresta
Estacional, com menor quantidade de epífitas e lianas e com estratificação menos complexa.
O dossel apresenta distintos graus de deciduidade, dependendo das espécies prevalecentes.
Extensas áreas destas formações de transição estão presentes principalmente a
centro e a sul da Folha, em associação com Savana Parque em área de Pantanal e a Florestas
Aluviais. Na porção nordeste ocorre em manchas entre formações savânicas e significativas
áreas de uso agropecuário. Prevalece em solos com caráter eutrófico.
14
3.1.4.
Formações Antropizadas
3.1.4.1.
Fr - Floresta Remanescente
Ocorre em áreas intensamente ocupadas, onde Florestas Remanescentes estão
presentes, porém com sinais de perturbações, notadamente relacionadas com a retirada
seletiva de madeira. Apesar de manter elementos da floresta primária, apresenta-se com
composição florística empobrecida e estrutura alterada, com redução da altura dossel, que se
apresenta descontínuo e irregular. Nesta matas, espécies de valor madeireiro tornaram-se
escassas.
Presente no território, a sul, em pequenas extensões e em associação com áreas de
uso agropecuário.
3.1.4.2.
Fs – Formação Secundária
Remanescente de floresta que, devido às perturbações causadas por retirada
seletiva de madeiras, abertura de clareira e efeitos de borda, não apresenta características
originais de estrutura, tendo altura menor, dossel irregular e raras emergentes. A composição
florística é empobrecida em relação à floresta original, prevalecendo espécies secundárias e
de baixo valor econômico. Geralmente apresenta pequenas extensões e encontra-se em áreas
antropizadas.
Enquanto nas florestas preservadas, as lianas tem uma ocorrência discreta, nas
formações secundárias as perturbações favorecem seu estabelecimento nas bordas, clareiras
e interior, formando cortinas e colunas sobre as árvores. Entre as lianas mais comuns
encontram-se representantes das famílias Bignoniaceae, Malpighiaceae, Sapindaceae,
Mimosaceae, Caesalpiniaceae, Curcubitaceae, Vitaceae, Dioscoriaceae, Apocynaceae e
Convolvulaceae, entre outras.
Esta formação é presente de forma restrita ao norte, associada a áreas de uso
antrópico.
3.2.
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
3.2.1.
Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação do Território
As Folhas MIR-404/418 abrangem parte dos territórios dos municípios de Poconé,
Nossa Senhora do Livramento, Barão do Melgaço, Santo Antônio do Leverger e pequena
parcela de Itiquira, sendo Poconé e Barão do Melgaço as sedes municipais compreendidas
neste território. Estão presentes os distritos de Cangas (MT-060, a norte da sede municipal de
Poconé), Pirizal (município de Nossa Senhora do Livramento), Joselândia (no cruzamento das
rodovias MT-370 e MT-040) e Mimoso (MT-040), no município de Barão do Melgaço (Figura
003).
A rede viária é mais adensada na porção norte do encarte, apresentando-se
descontínua a sul, em correspondência às áreas periodicamente inundadas do Pantanal
Matogrossense, cruzadas apenas pelas rodovias MT-060 e MT-050.
15
Na porção oeste das Folhas MIR-404/418, a MT-060, orientada aproximadamente
norte-sul conecta-se, a norte, à BR-070 (MIR-388) propiciando ligação da região a Nossa
Senhora do Livramento, Várzea Grande e Cuiabá; Poconé assenta lindeira a esta rodovia que,
a sul da cidade, está incluída no Parque Estadual Estrada Transpantaneira até o limite do
Estado (Rio Cuiabá / Porto Jofre), prosseguindo em território de Mato Grosso do Sul.
A rodovia MT-050, com percurso também orientado norte-sul, interliga Várzea
Grande / Cuiabá (MIR-388) à porção centro-norte do território mapeado.
Também na porção norte do território, a rodovia MT-451, orientada aproximadamente
leste-oeste, conecta a MT-060 à BR-070 (MIR-388); a nordeste, a rodovia MT-361 conecta
Barão de Melgaço à BR-163 (MIR-388); a MT-456 propicia acesso à localidade Mimoso; a
rodovia MT-370 interliga a noroeste a MT-451/BR-070 a Poconé (na conexão com a MT-060),
prosseguindo até as margens do Rio Cuiabá.
A extensão das áreas pantaneiras, que ocupam grande parte da Folha-MIR404,
condiciona de forma marcante a presença de infra-estrutura viária; o restante da rede viária é
constituído por vias locais, de traçado descontínuo e intransitáveis na maior parte do ano em
correspondência às áreas pantaneiras. O acesso a muitas localidades, na porção sul do
território é apenas por via fluvial (Rios Cuiabá, Itiquira) e, nas grandes fazendas, por via aérea.
As relações funcionais da região ocorrem com Cuiabá e Várzea Grande; a sede
urbana de Poconé caracteriza-se pela presença de equipamentos de comércio e prestação de
serviços de alcance local e extra-local.
Poconé apresenta também um perfil de cidade turística, com hotéis e um comércio
significativo, decorrência do turismo ecológico ao longo da rodovia Transpantaneira, onde é
grande o número de pousadas e hotéis-fazenda.
Barão de Melgaço desenvolveu-se, na primeira metade do século, pela produção
canavieira e açucareira. Hoje a cidade é núcleo de apoio local às atividades da região.
De modo geral, no território mapeado, ocorrem grandes propriedades de pecuária,
com pastagens plantadas e naturais. Apenas na região de Poconé, a noroeste, há
propriedades menores e áreas de lavoura (cana). É pouco expressiva a estrutura agroindustrial (concentrada em Poconé), visto a proximidade do centro polarizador de Cuiabá e
Várzea Grande.
16
FIGURA 003 DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E ELEMENTOS DE INFRA-ESTRUTURA
17
Apesar do predomínio do trabalho familiar nas áreas pantaneiras, destaca-se a
presença de grandes fazendas empresariais e a crescente expansão das atividades turísticas,
propiciada pela beleza e variedade de ambientes da região, destacando-se as áreas alagadas
e alagadiças como a Baia Chacororé no entorno de Barão de Melgaço.
Na porção norte do território são presentes as glebas de assentamento do
INTERMAT J. Ponce Arruda, no município de Poconé, lindeira à rodovia MT-370 e a gleba
Mimoso, próxima a esta localidade, no município de Santo Antonio do Leverger.
A Terra Indígena Perigara, abarcada na Folha MIR-404 , tem extensão territorial de
10.670 ha, compreendida no município de Barão de Melgaço, com uma população de 100
pessoas do povo Bororo. Situa-se em posição centro-sul na folha, próximo à confluência dos
rios São Lourenço e Pirigara, delimitada a norte pelo Corixo Bebê. Na área predominam
formações de Savana Arborizada, com indícios de uso de pecuária em pastagens naturais. A
planície do Rio São Lourenço é revestida pela Floresta Aluvial.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Estância Ecológica SESC Pantanal
ocupa ampla área a norte do Corixo do Bebê, entre a Terra Indígena e Joselândia. Também
abarca ambientes predominantemente savânicos e formações de contato com a Floresta
Estacional. Na área são também presentes atividades de pecuária nas pastagens naturais.
O Parque Estadual Estrada Transpantaneira corresponde a uma faixa ao longo da
rodovia MT-060, entre Poconé e Porto Jofre (limite com o Estado de Mato Grosso do Sul), em
região marcada pela presença de extensas formações florestais, no contato entre ambientes
savânicos e a Floresta Estacional, com formações aluviais ao longo do Rio São Lourenço e
formações campestres em ambiente pantaneiro.
3.2.2.
Usos Agropecuários
A descrição dos padrões de uso ocorrentes neste território está baseada no
mapeamento resultante da interpretação das imagens de satélite, e dos resultados dos
levantamentos efetuados através das campanhas de campo; sua caracterização é, ainda,
baseada na Pesquisa Sócio-Econômica Agronômica, realizada junto aos estabelecimentos
rurais do Estado. Os resultados desta pesquisa referem-se aos sistemas de produção
agropecuária característicos de 13 Regiões Homogêneas, delimitadas com base em critérios
explicitados no Relatório Técnico DSEE-VG/US-RT–002.
Do conjunto de sistemas de produção agropecuária detectados em cada uma destas
Regiões Homogêneas, foram correlacionados, nesta caracterização, os sistemas
predominantes quanto à expressão: em termos de área ocupada pelas atividades
agropecuárias e pelo número de estabelecimentos pesquisados.
O território do encarte insere-se, em sua quase totalidade, na Região Homogênea
AHP 9; a porção centro-norte (município de Nossa Senhora do Livramento), está inserida na
Zona Homogênea AHP 4. Estas regiões são mais abrangentes que o território mapeado, o que
faz com que os dados selecionados pressuponham um grau de generalização, apenas
parcialmente corrigido pelas observações de campo e pela interpretação da imagem de
satélite.
18
3.2.2.1.
Ap - Uso Agropecuário em Pequenas Propriedades
Padrão de mapeamento caracterizada pelo predomínio do uso pecuário e
secundariamente pela agricultura (cana, mandioca, feijão, milho, arroz, café, banana). No
território mapeado, esta tipologia de uso ocorre no entorno de Poconé, correspondendo a
colônias de pequenos produtores.
Na Região Homogênea, caracteriza-se por sistemas de produção (Quadro 003) onde
predominam estabelecimentos com pecuária e agricultura, com manejos de baixa e média
tecnologia e rudimentares, associados a produtores familiares de pequeno porte econômico.
QUADRO 002
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 4. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS
EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%)
Padrão
de Uso
Ap
Principais Sistemas de Produção *¹
Participação em
Número (%)*²
Participação em
Área (%)*²


Pecuária de média tecnologia
Produtor familiar de pequeno porte econômico


Pecuária de tecnologia rudimentar
Produtor empresarial de pequeno porte econômico


Pecuária de média tecnologia
Produtor empresarial de pequeno porte econômico


Pecuária de média tecnologia
Agp
Produtor empresarial de médio porte econômico

Pecuária de média tecnologia
-Produtor empresarial de grande porte econômico

Pecuária de baixa tecnologia
-Produtor empresarial de grande porte econômico

Pecuária de baixa tecnologia
-Produtor empresarial de pequeno porte econômico

Pecuária de baixa tecnologia
-Produtor familiar de pequeno porte econômico

Agricultura de baixa tecnologia
-Produtor familiar de pequeno porte econômico

Agricultura de média tecnologia
-Produtor familiar de pequeno porte econômico
FONTE: CNEC, 1997.
(*¹) a metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEEVG/US-RT-002).
(*²) intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir:
19
QUADRO 003
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 9. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS
EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%)
Padrão
Participação em Participação em Área
Principais Sistemas de Produção *¹
de Uso
Número (%) *²
(%) *²
Pecuária de tecnologia rudimentar
Ap
-
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Pecuária de baixa tecnologia
-
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Pecuária de média tecnologia
-
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Agricultura de baixa tecnologia
-
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Agricultura de média e pecuária de baixa tecnologia
-
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Pecuária de média tecnologia
Agp
-
Produtor empresarial de grande porte econômico
Pecuária de média tecnologia


Produtor empresarial de médio porte econômico
Pecuária de média tecnologia


Produtor empresarial de pequeno porte econômico
Pecuária de baixa tecnologia
-
Produtor empresarial de grande porte econômico
Agp/ Pp Pecuária de tecnologia rudimentar
-
Produtor empresarial de grande porte econômico
Pecuária de tecnologia rudimentar
-
Produtor empresarial de muito grande porte econômico
Pecuária de tecnologia rudimentar
-
Produtor empresarial de médio porte econômico
(*¹) a metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEEVG/US-RT-002).
(*²) intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir:
Percentual, em número, do sistema de produção Percentual, em área, do sistema de produção em relação
no Total dos estabelecimentos pesquisados:
ao total de área dos estabelecimentos pesquisados:
-- menor que 5%
-- menor que 5%
 de 5% a 10%
 de 5% a 10%
  de 10,1 a 15%
  de 10,1 a 15%
   de 15,1 a 20%
   de 15,1 a 20%
    maior que 20%
    maior que 20%
FONTE:
CNEC, 1997.
As principais características dos sistemas de produção predominantes nas Folhas
MIR-404/418, obtidas na Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica e constantes dos Quadros
002 e 003 são:

Nos estabelecimentos de pecuária com manejo rudimentar, há utilização das
pastagens naturais, com pequena aplicação de capital e baixo padrão
zootécnico do rebanho;

A pecuária, quando de baixa tecnologia, caracteriza-se pela utilização de
pastagens naturais ou plantadas, com rebanhos de baixo padrão zootécnico. O
manejo incorpora pequena aplicação de capital, podendo haver melhorias
quanto ao uso de insumos e preparação das terras;

Na agricultura de baixa tecnologia, a atividade é marcada pela força de tração
manual, eventualmente complementada pela tração animal. Há uma baixa
utilização de insumos, denotada pela qualidade das sementes e pelo nível de
utilização de fertilizantes químicos e de calcário, com pequena aplicação de
capital no manejo, melhoramento e conservação das terras e lavouras;
20
3.2.2.2.

Quando de média tecnologia, a atividade pecuária é marcada pela presença de
pastagens plantadas, sendo que as atividades, de forma geral, incorporam o
uso de insumos e melhor padrão zootécnico do rebanho. Caracteriza-se pela
média aplicação de capital nas técnicas de manejo, melhoramento e
conservação das terras e pastagens;

A agricultura de alta tecnologia é realizada com práticas que refletem um alto
nível tecnológico, marcado pela força de tração mecânica. Caracteriza-se pela
alta aplicação de capital nas técnicas de manejo, melhoramento e conservação
do solo e das lavouras, com um alto uso de insumos, denotado pela qualidade
das sementes e pelo nível de utilização de fertilizantes químicos e de calcário.
A gestão destes empreendimentos é de caráter empresarial, com a atividade
produtiva realizada por empregados permanentes contratados, eventualmente
complementadas por empregados temporários;

Nas gestões onde o caráter é familiar, a maior parte da força de trabalho é
fornecida pelos familiares do produtor, eventualmente complementada por
empregados permanentes ou temporários. Nos sistemas onde a gestão é
empresarial, a maior parte da força de trabalho é contratada, constituída por
empregados permanentes, eventualmente complementada por empregados
temporários;

Em todos os sistemas associados a estas categorias de uso, os
estabelecimentos de pequeno rendimento econômico têm receitas anuais
médias inferiores a R$ 15.000,00. Nos estabelecimentos de porte econômico
médio, a receita anual situa-se entre R$ 15.000,00 e 60.000,00; entre R$
60.000,00 e 300.000,00 nos de grande porte econômico; é superior a R$
300.000,00 nos de muito grande porte econômico (valores de dezembro de
1996).
Agp - Uso Agropecuário em Médias e Grandes Propriedades com Predomínio de
Pastagens
Padrão de mapeamento caracterizado pelo predomínio de pastagens, sendo
inexpressiva a participação de culturas. Esta tipologia de ocupação é caracterizada por um
conjunto diversificado de sistemas de produção que ocorrem, de forma diferenciada, nas duas
Regiões Homogêneas.
Na Região Homogênea AHP 9 (Quadro 003), o sistema de produção é caracterizado
pela presença de estabelecimentos com manejos rudimentares, associados a produtores
empresariais de grande, muito grande e médio porte econômico e produtores familiares de
pequeno porte econômico; ocorrem ainda manejos de média e baixa tecnologias, em
estabelecimentos associados a empreendedores empresariais de grande, médio e pequeno
porte econômico.
Os diferentes manejos são função das variadas características do meio físico e de
drenagem deste território. A noroeste, e com menor expressão a nordeste (Depressão
Cuiabana), em áreas mais alteadas, são presentes médias e grandes propriedades,
medianamente capitalizadas, com pastagens plantadas; progressivamente a sul e na calha do
Rio Cuiabá, em áreas pantaneiras, predominam propriedades muito grandes, onde são
utilizadas, na estação seca, as pastagens naturais, ocorrendo apenas localmente propriedades
com pastagens plantadas, em níveis mais alteados.
Na Região Homogênea AHP 4, que ocupa pequena parcela deste território, este
padrão de uso tem expressão territorial pouco significativa (Quadro 002), pois predominam na
21
região zonas periodicamente alagadas, na planície do Rio Cuiabá. Ocorre de forma
descontínua, em ambientes savânicos, permanecendo extensas áreas destas formações,
geralmente pastejadas, entre as áreas de uso.
De modo geral, nas formações savânicas e nas áreas pantaneiras são presentes
pequenas propriedades, não mapeáveis na escala de trabalho, correspondentes a
estabelecimentos com manejos de média e baixa tecnologia e rudimentares, associados a
produtores familiares de pequeno porte econômico.
3.2.2.3.
Pp – Pecuária em Áreas de Pantanal
Padrão de uso associado às áreas periodicamente inundadas do Pantanal
Matogrossense, onde as Savanas Parque associadas a áreas pantaneiras são utilizadas nas
estação de estiagem como pastos naturais. Correspondem (Quadro 003) a sistemas de
manejo rudimentares ou de baixa tecnologia, geralmente em grandes e muito grandes
propriedades (Pp 9). Esta tipologia de ocupação, predominante no território mapeado, é
também presente na Região Homogênea AHP 4, apesar de não contemplada entre os
principais sistemas de produção desta região, visto sua pequena ocorrência no contexto da
Região Homogênea.
3.2.3.
Aq - Área de Queimada
Áreas de queimada, comumente utilizadas para a abertura de áreas com vegetação
natural (desmatamento) e como sistema de manejo de pastagens durante a estação seca
foram verificadas nas regiões oeste, sudoeste e leste na MIR-404 e ao norte MIR-418.
3.2.4.
M - Extrativismo Mineral
Várias áreas de mineração de ouro foram diagnosticadas a noroeste da Folha, nas
proximidades da cidade de Cangas.
3.2.5.
U - Usos Urbanos
Os principais núcleos urbanos ocorrentes na Folha são formados pelas cidades de
Barão de Melgaço e Poconé. A região está estruturada no entorno dos centros de Cuiabá e
Várzea Grande, que abriga o núcleo urbano polarizador do Estado. A sede de Poconé
caracteriza-se pela presença da maioria das funções urbanas, mas possui baixa densidade de
equipamentos e estabelecimentos.
3.2.6.
Pu – Peri-Urbanos
No entorno das cidades de Barão de Melgaço e Poconé verificou-se a ocorrência de
mancha de usos peri-urbanos, formados por áreas pouco adensadas, com grande número de
vazios urbanos e presença significativa de vegetação ruderal.
3.2.7.
Ua – Uso Antrópico em Unidades de Conservação
Manchas de ocupação antrópica foram observadas no interior da R.P.P.N. Estância
Ecológica SESC Pantanal, localizada na região centro-sul e da E.P. Transpantaneira, situada a
leste da Folha.
22
4.
CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS ÀS FORMAÇÕES
VEGETAIS E AO USO DO SOLO
O território inserido no encarte é compreendido na Bacia do Alto Paraguai, drenado
pelos Rios Cuiabá e seus afluentes Itiquira, São Lourenço e Piraim e, na porção noroeste,
pelos Rios Bento Gomes e Paraguaizinho. O Rio Cuiabá, orientado NE-SW, cruza
diagonalmente as Folhas MIR-404/418, percorrendo ampla planície fluvial, com características
fluvio-lacustres, em virtude dos processos de deposição fluvial, apresentando elevado nível de
assoreamento. A planície articula-se com as áreas pantaneiras, abrigando um grande número
de lagos, meandros abandonados e ilhas.
A região situa-se em domínio de Clima Tropical Continental, alternadamente seco e
úmido, com variações locais, função de diferentes situações de relevo e de seu
posicionamento em relação à circulação atmosférica. Corresponde a um conjunto de terras
baixas, em situação que propicia a descida forçada das principais correntes e
descontinuidades atmosféricas que originam climas sub-úmido. A região é muito aquecida, em
função das baixas altitudes e topografia aplanada. O aquecimento superficial resulta em
elevadas perdas por evapotranspiração, com o aumento da deficiência hídrica sazonal e
redução do volume de água excedente na estação chuvosa, ocorrendo seca severa e
excedente pequeno a moderado.
A região mapeada, que abrange a área dos pantanais, na confluência dos Rios São
Lourenço, e Itiquira, em altitudes inferiores a 150 m, apresenta um gradiente de diminuição da
pluviosidade de norte para sul, constituindo a unidade climática mais seca do Estado. O
período com deficiência hídrica (7 - 8 meses), tem início em abril, prolongando-se até outubronovembro. Os totais anuais de chuva são da ordem de 1.300 – 1.400mm, com excedentes
hídricos reduzidos, entre 100-200 mm.
Grande parte da porção norte do território mapeado encontra-se na transição entre a
Depressão de Cuiabá e áreas pantaneiras, transição esta que se estende a norte, na área de
influência do Rio Cuiabá. Destaca-se portanto uma região setentrional mais alteada (níveis
altimétricos da ordem de 130-230 m a oeste, 150-350 m a leste), recortada pela planície do Rio
Cuiabá em níveis de 120-140 m.
Estas áreas mais elevadas estão assentadas, predominantemente, sobre litologias
do Grupo Cuiabá (a noroeste da cidade de Poconé), onde ocorre um mosaico de solos
concrecionários, podzólicos e latossólicos (Latossolos Vermelho–Amarelo e Vermelho-Escuro).
A nordeste, próximo a Barão de Melgaço, ocorrem relevos aguçados, com maiores altitudes,
onde predominam solos litólicos associados a afloramentos rochosos e Podzólicos VermelhoAmarelos.
Solos concrecionários podzólicos são expressivos na Depressão Cuiabana
(quadrante noroeste do território), associados a Latossolos Vermelho-Amarelos. A presença de
concreções torna-os inadequados às práticas agrícolas, sendo as pastagens (capim
braquiária) o uso presente nestas ocorrências. Na porção nordeste ocorrem, em situações
localizadas, concrecionários latossólicos também de baixa fertilidade natural, utilizados com
restrições para pastagens plantadas.
Latossolos Vermelho-Amarelos e Vermelho-Escuros ocorrem nas proximidades de
Poconé e em pequenas manchas a nordeste. São solos que apresentam baixa fertilidade
natural (ácidos), que exigem adubação e calagem. Ocorrem em ambiente predominantemente
savânico (Savana Arborizada), em relevo plano, geralmente utilizados para pastagens
plantadas e, localmente para lavouras, quando de textura mais argilosa.
23
A presença de cambissolos está também associada ao Grupo Cuiabá, ocorrendo a
noroeste do território e, como sub-dominante, em várias unidades de mapeamento, geralmente
associados a solos litólicos. São geralmente cascalhentos, ocorrendo em situações de relevo
acidentado. Quando apresentam melhores condições de relevo e pedregosidade, são
aproveitados para pastagens plantadas (braquiaria). Solos litólicos ocorrem, de forma restrita,
nas porções noroeste e nordeste da área mapeada, em relevos acidentados, com pequena
profundidade e baixa fertilidade natural; são comumente pedregosos e podem estar
associados a afloramentos de veios de quartzo, fatores estes de forte limitação ao
aproveitamento agrícola. Na porção nordeste do território (associada à extremidade meridional
da Serra de São Vicente) também ocorrem solos podzólicos em relevo acidentado e presença
de cascalhos.
Entretanto, a maior porção do território mapeado corresponde a áreas rebaixadas,
sobre sedimentos recentes da Formação Pantanal, com solos hidromórficos diferenciados,
predominando plintossolos e planossolos. Ocorrem em locais planos e baixos, onde há
oscilação relevante do lençol freático durante o ano, propiciando alagamentos sazonais. Os
plintossolos têm baixa fertilidade natural, geralmente associados à Savana Parque e a campos
de murunduns. São dominantes em todo este território centro-sul, em alternância com
planossolos. Estes têm caráter eutrófico, associados à presença de ambientes florestais.
Nestas áreas baixas e alagadiças também ocorrem solos do tipo Glei Pouco Húmico
(dominantes a sudoeste e nordeste, sub-dominantes na porção centro-sul do território) e solos
aluviais e vertissolos (sub-dominantes na planície do Rio Cuiabá, relacionados a sedimentos
recentes).
Em todas estas ocorrências pedológicas, o gradiente de água no solo é fator
determinante para o aproveitamento agrícola. Na estação seca, são utilizados para pastagens
naturais e, localmente para pastagens plantadas, com forrageiras apropriadas às condições de
umidade do solo.
Solos do tipo Solonetz Solodizados (eutróficos) caracterizam-se pela presença
elevada de sais (lençol freático elevado, com ascensão de sais por capilaridade) e pela dureza
do material, que inviabiliza seu aproveitamento agrícola. Ocorrem em feições ligeiramente
abaciadas, associados a campos úmidos, apenas como sub-dominantes, em pequenas
manchas.
Estas condições de embasamento fazem com que possam ser consideradas, neste
território, duas grandes feições de paisagem (Figura 004):
4.1.

As áreas mais alteadas na porção norte da Folha MIR-404, correspondendo
aproximadamente à Depressão Cuiabana;

As áreas rebaixadas do Pantanal Matogrossense, que ocupam a maior parte
do território mapeado.
FEIÇÃO DE PAISAGEM – DEPRESSÃO CUIABANA
Tem pequena participação na Folha MIR-404, em correspondência à transição para
áreas pantaneiras, nas extremidades nordeste e noroeste do território. Nestes setores, o relevo
é dissecado em formas aguçadas pouco extensas, fracamente entalhadas pela rede de
drenagem.
24
A leste, a depressão contorna os conjuntos do Planalto São Vicente/São Jerônimo,
correspondendo a uma superfície plana, em altitudes da ordem de 300-350 m, chegando a 450
m, com um conjunto de formas aguçadas e de cristas.
Neste setor, aproximadamente delimitado a oeste pelo Rio Cuiabá e a sul por
tributário do Ribeirão Mutum, a ocupação é descontínua, correspondendo a atividades de
pecuária em grandes propriedades, recortadas pelas formações serranas e por campos
úmidos, geralmente pastejados, na transição com áreas pantaneiras.
25
FIGURA 004 PRINCIPAIS FEIÇÕES DE PAISAGEM
26
Nesta região, predominam formações de contato entre a Floresta Estacional e a
Savana, tanto em relevo acidentado como aplanado. São também significativas formações da
Savana Parque e Savana Gramíneo-Lenhosa, nas áreas de influência do Pantanal,
expressivas nas proximidades da Baia Chacororé. Formações mais abertas de Savana
Arborizada ocorrem em grandes manchas, de modo geral também associadas ao uso pecuário
em campos naturais.
A noroeste, aproximadamente delimitada pelo Rio Bento Gomes, a Depressão
Cuiabana caracteriza-se pelo relevo suave ondulado, onde predominam solos concrecionários
e Latossolos Vermelho-Amarelos. Nos arredores da localidade de Cangas, há um predomínio
das pastagens cultivadas, que passam a constituir a paisagem dominante. A região
caracteriza-se por ser zona de ocupação pioneira, ligada às atividades de mineração e de
pecuária, com a ocupação concentrada a partir dos principais eixos viários. A área encontra-se
muito alterada, apresentando formações secundárias em escala não mapeável, mas ocorrem
ainda amplas áreas de Savana.
Ao longo da rodovia MT-451 e da estrada velha Poconé/Cáceres (extremidade
noroeste do território), a depressão tem relevo suave ondulado, com Latossolo VermelhoAmarelo. Sobre esta área, a ocupação predominante é de pastagens cultivadas em médias
propriedades. Ocorrem áreas de canaviais e pequenas propriedades familiares reunidas em
colônias que, além da cana, cultivam arroz, milho, mandioca e produzem farinha e rapadura
comercializadas em Poconé. Estas áreas de colônias não aparecem no mapeamento, devido à
inexistência de divisão física entre as propriedades. Neste território, a vegetação dominante é a
Savana, verificando-se a ocorrência de formações de transição entre esta e a Floresta
Estacional.
Em direção a Poconé, são várias as áreas mineradas para extração de ouro e
cascalho. As áreas de lavra condicionam extensas áreas degradadas. No entorno da cidade
concentra-se uma ocupação peri-urbana diversificada e de pequenas propriedades.
Na margem direita do Rio Bento Gomes, ocorrem baixadas com campos úmidos
sobre plintossolos, no início do contato com as áreas pantaneiras. A sul de Poconé já ocorrem
campos úmidos e formações florestais em áreas úmidas, características das planícies e
pantanais matogrossenses, utilizadas como pasto natural. Desenvolvem-se em áreas de
plintossolos, em relevos extremamente planos, com drenagens difusas. A leste da cidade até o
cruzamento com o Rio Bento Gomes a ocupação é constituída por grandes propriedades
pouco capitalizadas, com pastos sujos em domínio de Savana Parque sobre Latossolos
Vermelho-Amarelos, em relevo bastante plano.
O Rio Bento Gomes apresenta uma formação ciliar bem preservada no cruzamento
com a MT-370. Em suas margens encontram-se também formações florestais paludosas,
presentes igualmente na planície do Rio Cuiabá.
Em direção a Pirizal, também no contato depressão / áreas pantaneiras, continua a
feição de campos úmidos sobre plintossolos e Formações Justafluviais junto aos afluentes dos
Rios Bento Gomes e Novo. Há porém área de Latossolo Vermelho-Amarelo no interflúvio
destas drenagens, ocupado por pastagens cultivadas e por uma vasta área de lavra de ouro;
pequenas manchas de Floresta Estacional permanecem entre as pastagens e as áreas de
lavra.
A Savana Arborizada é a formação savânica de maior ocorrência, ocupando
principalmente as áreas de latossolos e de solos concrecionários. A grande pressão antrópica
sobre esta formação contribuiu significativamente para sua redução e degradação. A Savana
Parque ocorre no contato com áreas pantaneiras, sendo encontrada principalmente em
plintossolos, sobre relevos planos. Das formações savânicas, a Savana Florestada é que
27
apresenta menor ocupação territorial, ocorrendo em solos podzólicos e latossolos na região de
Poconé, onde também ocorrem contatos dos ambientes savânicos com a Floresta Estacional.
Formações Justafluviais são presentes em toda a região, inseridas tanto em
ambientes savânicos quanto florestais. De um modo geral, apresentam-se degradadas nas
regiões próximas à ocupação sendo mais conservadas em locais afastados.
Neste contexto, áreas desmatadas no período 94/97 correspondem a fragmentos, na
expansão das áreas de uso existentes, em ambientes savânicos. Na porção nordeste, há
apenas uma ocorrência de desmatamento mais expressiva, descontínua em relação às áreas
de ocupação, nas margens do Córrego Vassoural, contribuinte do Ribeirão Mutum, em
ambiente de Savana Parque e Savana Arborizada.
4.2.
FEIÇÃO DE PAISAGEM – ÁREAS PANTANEIRAS
A maior parte do território mapeado está inserido na unidade geomorfológica
tradicionalmente denominada de Pantanal Matogrossense – Áreas de Acumulação Inundáveis,
constituída por sedimentos antigos e aluviões recentes, em relevo plano, com declividades
inexpressivas, no sentido norte para sul.
A área sofre diferentes graus de alagamento, em função das variações topográficas
e do solo. As áreas setentrionais, no limite com a Depressão de Cuiabá, posicionadas em
cotas altimétricas da ordem de 150-200 m.
As áreas pantaneiras têm características particulares do ponto de vista ecológico e
paisagístico; feições geomórficas peculiares recebem terminologia regional específica - “baias”,
“cordilheira”, “vazantes”, “corixos”. A região entre os interflúvios dos Rios Cuiabá, Bento
Gomes e Paraguaizinho (MIR-403) configura uma área de acumulação conhecida como
Pantanal do Poconé, na porção oeste das folhas MIR-404/418. A sul de Barão de Melgaço,
ocorre uma série de “baías” e ilhas, destacando-se a Baía de Chacororé e de Chá Mariana, as
Ilhas Piraim e Atibaia. A partir da confluência dos Rios São Lourenço e Itiquira, a planície fluvial
do Rio Cuiabá une-se com a do Rio Paraguai, constituindo uma vasta planície com inúmeros
corixos e vazantes, que recebe localmente o nome de Pantanal do Paiaguás, que se estende a
sul, até Corumbá.
Nesta extensa região, predominam formações savânicas adaptadas às condições
específicas de solo e drenagem, bem como amplas formações de contato destas com a
Floresta Estacional. Na maior porção do território, predomina a formação de Savana Parque
em áreas pantaneiras, sendo expressiva a extensão da Savana Arborizada, geralmente a ela
associada, ambas entremeadas por formações ciliares, na porção leste, nos interflúvios dos
Rios Mutum, São Lourenço e Itiquira.
Florestas Aluviais, com formações florestais e campestres adaptadas a áreas
paludosas são presentes nas margens dos Rios Novo, Cuiabá, desde a altura da Baía de
Chacororé e do São Lourenço, estendendo-se por toda a região pantaneira, em alternância
com os Campos Úmidos.
As formações de contato entre as Savanas e a Floresta Estacional ocorrem com
extensão territorial expressiva, geralmente acompanhando as principais drenagens, num
mosaico entrecortado pelas formações campestres.
Na região predomina uma estrutura fundiária de grandes propriedades, com
pecuária extensiva associada à utilização de pastagens naturais e à periodicidade do regime
de inundação. Nas áreas mais elevadas, na porção norte do Pantanal, a ocupação é mais
28
intensa, associada à produção pecuária com pastagens plantadas e com melhor nível de
manejo. A atividade turística apresenta crescente importância na região, tendendo a
representar uma expressiva fonte de recursos.
A nordeste, no entorno de Barão de Melgaço, observam-se extensas pastagens
alagadas sazonalmente e áreas de campos úmidos utilizadas como pasto na estiagem. A
pesca é significativa na região, sendo Barão de Melgaço voltada para a pesca turística; a
atividade representa uma das formas de subsistência da população local.
Progressivamente para sul e para sudeste, rareiam as áreas de ocupação,
predominando as formações campestres associadas ao uso pecuário. O sistema viário é
precário e as atividades econômicas são limitadas pela sazonalidade das águas. Ocorrem
pequenas propriedades com roças de mandioca e milho e pequenas criações, que na época
das cheias são vendidas ou deslocadas para áreas mais elevadas. A sede distrital de
Joselândia, por exemplo, tem infra-estrutura limitada (escola de 1o grau, posto telefônico,
energia por gerador) e problemas advindos da dificuldade de acesso e da falta de opções de
trabalho.
Nestas áreas pantaneiras são poucas as áreas desmatadas no período 94/97
(FEMA); ocorrem de forma esparsa, na extensão de áreas de uso. Sua presença mais
significativa é observada no interflúvio dos Rios Bento Gomes e Novo e às margens deste, na
porção centro-oeste da Folha MIR-404; a sudeste, como expansão das áreas de uso; de forma
fragmentada na porção central do território, sempre em ambientes das Savanas Arborizada e
Parque.
29
5.
BIBLIOGRAFIA
BITTENCOURT, M. D. & PIVELLO, V. R., 1998. SIG e sensoriamento remoto orbital
auxiliando o zoneamento ecológico. Investigaciones Geográficas, 36, 42p.
BRASIL – Dep. Nacional de Produção Mineral. Projeto RADAMBRASIL, 1982 –
Levantamento de Recursos Naturais. Folha Corumbá (SE-21). Rio de Janeiro.
EMPAER. Diagnóstico do município de Canarana-MT. Cuiabá: EMPAER, 35p. 1997.
IBGE, 1992. Manual técnica da vegetação brasileira / Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. - Rio de
Janeiro: 92p.
VELOSO, H.P., RANGEL-FILHO, A.L.R, LIMA, J.C.A. 1991. Classificação de vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE. Rio de Janeiro. 124 p. MATO GROSSO.
ANEXOS
ANEXO I - RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO
CAMPANHA DE FORMAÇÕES VEGETAIS/
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
ANEXO II – RELAÇÃO DOS PONTOS DE
AMOSTRAGEM
DE
VEGETAÇÃO,
ICTIOFAUNA E POTENCIAL PESQUEIRO
ANEXO III – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS
FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO
DO SOLO POR MUNICÍPIO
ANEXO IV - FOTOGRAFIAS
ANEXO V – FOLHAS POCONÉ E ILHA
CAMARGO
RELAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO, ICTIOFAUNA E POTENCIAL PESQUEIRO
VEGETAÇÃO
Campanha de Vegetação – Barão de Melgaço, realizada no período de 03 a 11/11/97.
Amostragem florística e fitossociológica na localidade:
V.01 – Coordenadas UTM 611.271, 8194.516.
ICTIOFAUNA E POTENCIAL PESQUEIRO
P.20 – Rio Cuiabá. Município de Barão de Melgaço. Coordenadas UTM 611.359, 8211.756.
P.23 – Rio Cuiabá. Município de Poconé. Coordenadas UTM 524.877, 8080.812.
FONTE: CNEC, 1997.
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