ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - FOLHA MIR-404 – POCONÉ – FOLHA MIR-418 – ILHA CAMARGO - MEMÓRIA TÉCNICA Parte 2: Sistematização de Informações Temáticas NÍVEL COMPILATÓRIO DSEE-VG-US-MT-046 PLANO DA OBRA PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO: DIAGNÓSTICO SÓCIOECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO Parte 1: Consolidação de Dados Secundários Parte 2: Sistematização das Informações Temáticas Parte 3: Integração Temática Parte 4: Consolidação das Unidades Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO: DIAGNÓSTICO SÓCIOECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO FOLHA MIR-404 – POCONÉ – FOLHA MIR-418 – ILHA CAMARGO – MEMÓRIA TÉCNICA Parte 2: Sistematização de Informações Temáticas NÍVEL COMPILATÓRIO MARCO ANTONIO VILLARINHO GOMES MÁRIO VITAL DOS SANTOS CUIABÁ FEVEREIRO, 2001 CNEC – Engenharia S.A. GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO Dante Martins de Oliveira VICE-GOVERNADOR José Rogério Salles SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL Guilherme Frederico de Moura Müller SUB SECRETÁRIO João José de Amorim GERENTE ESTADUAL DO PRODEAGRO Mário Ney de Oliveira Teixeira COORDENADORA DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO Márcia Silva Pereira Rivera MONITOR TÉCNICO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO Wagner de Oliveira Filippetti ADMINISTRADOR TÉCNICO DO PNUD Arnaldo Alves Souza Neto EQUIPE TÉCNICA DE ACOMPANHAMENTO E SUPERVISÃO DA SEPLAN Coordenadora do Módulo Biótico/Uso do Solo LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA (Geógrafa) Coordenadora do Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico-Institucional MARILDE BRITO LIMA (Economista) Coordenadora do Módulo Cartografia/Geoprocessamento LIGIA CAMARGO MADRUGA (Engª Cartógrafa) Supervisores de Tema DALILA VARGAS OLIVARES SIFUENTE (Geógrafa) LIGIA CAMARGO MADRUGA (Enga. Cartógrafa) LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA (Geógrafa) JOÃO BENEDITO PEREIRA LEITE SOBRINHO (Engo; Agrônomo) MARIA APARECIDA CERCI DE PAIVA (Enga. Agrônoma) Consultor PNUD para o Módulo Biótico/ Uso do Solo RICARDO RIBEIRO RODRIGUES (Biólogo/Botânico) Consultor PNUD para o Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico Institucional SÉRGIO ADÃO SIMIÃO (Engo. Agronômo) Consultor PNUD para Geoprocessamento/ Banco de Dados EMÍLIO CARLOS BOCHÍLIA (Analista de Organização, Sistemas e Métodos de Informações – OIM) Supervisão do Banco de Dados GIOVANNI LEÃO ORMOND (Administrador de Banco de Dados) VICENTE DIAS FILHO (Analista de Sistema) EQUIPE TÉCNICA DE EXECUÇÃO CNEC - Engenharia S.A. GERÊNCIA E COORDENAÇÃO LUIZ MÁRIO TORTORELLO (Gerente do Projeto) KALIL A. A. FARRAN (Coordenador Técnico) MARCO A. V. GOMES (Coordenador Técnico do Meio Econômico/Jurídico Institucional) Sócio- MÁRIO VITAL DOS SANTOS (Coordenador Biótico) Físico- MARIA MADDALENA RÉ (Coordenadora de Uso e Ocupação do Solo) Técnico EQUIPE TÉCNICA DE CAMPO ADRIANA ROZZA (Engª Agrônoma) FRANCISCO O. DE CARVALHO (Estagiário) GÉZA ARBOCZ (Engº Agrônomo) LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA (Geógrafa) LUÍS CARLOS BERNACCI (Biólogo) MÁRCIA VISIBELLI (Geógrafa) MARIA TEREZINHA MARTINS (Geógrafa) MARTA CAMARGO DE ASSIS (Bióloga) MÔNICA TAKAKO SHIMABUKURO (Bióloga) NATÁLIA M. IVANAUSKAS (Engª Agrônoma) PAULA PINTO GUEDES (Bióloga) RENATO GOLDENBERG (Engº Agrônomo) RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO (Engº Florestal) SALVADOR RIBEIRO FILHO (Engº Florestal) do Meio EQUIPE TÉCNICA DE FOTOINTERPRETAÇÃO LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA (Geógrafa) MÁRCIA VISIBELLI (Geógrafa) MARIA TEREZINHA MARTINS (Geógrafa) PAULA PINTO GUEDES (Bióloga) RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO (Engº Florestal) EQUIPE TÉCNICA DE GABINETE DENISE TONELLO (Arquiteta) EDUARDO CECONELO (Eng.º Civil) FRANCISCO O. DE CARVALHO (Estagiário) MADALENA LÓS (Bióloga) MARCELO DE PAULA FERREIRA (Arquiteto) MÁRCIA VISIBELLI (Geógrafa) MARIA TEREZINHA MARTINS (Geógrafa) PAULA PINTO GUEDES (Bióloga) PENÉLOPE LOPES (Arquiteta) VERA MÁRCIA ARRIGHI (Arquiteta) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS ESPECÍFICOS ÀS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO 003 2.1. DOCUMENTAÇÃO 003 2.2. INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS 003 2.3. TRABALHOS DE CAMPO 005 2.4. INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS 008 3. 001 CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE MAPEAMENTO 008 3.1. FORMAÇÕES VEGETAIS 008 3.1.1. Formações Savânicas e Campestres 008 3.1.1.1. Sd - Savana Florestada (Cerradão) 008 3.1.1.2. Sa - Savana Arborizada (Cerrado) 009 3.1.1.3. Saf - Savana Arborizada com Floresta de Galeria 009 3.1.1.4. Sp – Savana Parque (Campo Cerrado) 010 3.1.1.5. Spf – Savana Parque com Floresta de Galeria 010 Spp - Savana Parque associada a áreas Pantaneiras 010 Sgi - Savana (Campos Úmidos) 011 3.1.1.6. 3.1.1.7. 3.1.1.8. Gramíneo-Lenhosa Sav/Spv – Formação de Savana Arborizada/Parque associada a Vertentes com encraves de Matas em grotões de drenagem 011 3.1.2. 3.1.3. Formações Ripárias 012 3.1.2.1. Fj - Formação Justafluvial 012 3.1.2.2. Fa - Floresta Aluvial 013 Formações de Contatos 3.1.3.1. 3.1.4. 3.2. FeS - Contato Floresta Estacional/ Savana 013 Formações Antrópicas 014 3.1.4.1. Fr - Floresta Remanescente 014 3.1.4.2. Fs – Formação Secundária 014 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 3.2.1. 3.2.2 014 Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação do Território 014 Usos Agropecuários 3.2.2.1. 3.2.2.2. 3.2.2.3. 4. 014 017 Ap – Uso Agropecuário em Pequenas Propriedades 018 Agp – Uso Agropecuário em Médias e Grandes Propriedades com Predomínio de Pastagens 020 Pp – Pecuária em áreas de Pantanal 021 3.2.3. Aq -Áreas de Queimada 021 3.2.4. M- Extrativismo Mineral 021 3.2.5. U – Usos Urbanos 021 3.2.6. Pu- Peri Urbanos 021 3.2.6. Ua – Uso Antrópico em Unidade de Conservação 021 CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS FORMAÇÕES VEGETAIS E AO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ÀS 022 5. 4.1. FEIÇÃO DE PAISAGEM – DEPRESSÃO CUIABANA 023 4.2. FEIÇÃO DE PAISAGEM – ÁREAS PANTANEIRAS 027 BIBLIOGRAFIA 029 ANEXOS ANEXO I - RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO CAMPANHA DE FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ANEXO II – RELAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO, ICTIOFAUNA E POTENCIAL PESQUEIRO ANEXO III – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO POR MUNICÍPIO ANEXO IV – FOTOGRAFIAS ANEXO V – FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO A001 FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MIR 404 A002 FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MIR 418 LISTA DE QUADROS 001 CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS 004 002 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 4. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) 018 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 9. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) 019 003 LISTA DE FIGURAS 001 LOCALIZAÇÃO DAS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO NO ESTADO 002 002 LOCALIZAÇÃO DAS CAMPANHAS DE CAMPO 007 003 DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E ELEMENTOS DE INFRAESTRUTURA 016 PRINCIPAIS FEIÇÕES DE PAISAGEM 025 004 1 1. INTRODUÇÃO A presente Memória Técnica refere-se aos trabalhos de mapeamento das Formações Vegetais/Uso e Ocupação do Solo executados na Folha Poconé – MIR-404 (SE.21-X-A) e na parte da Folha Ilha Camargo – MIR-418 (SE.21-X-C) compreendida no Estado de Mato Grosso. As Folhas mapeadas situam-se na porção sul do Estado, entre os paralelos 16o00’ e 18o00’ de latitude sul e os meridianos 57o00’ e 55o30’ de longitude oeste de Greenwich (Figura 001). Na Folha MIR-418, apenas o terço setentrional do território é compreendido no Estado de Mato Grosso, sendo o restante inserido no Estado de Mato Grosso do Sul; o Rio Cuiabá e seu afluente Itiquira constituem divisa entre os dois Estados. O encarte compreende parte do território dos municípios de Poconé, Nossa Senhora do Livramento, Barão do Melgaço, Santo Antônio do Leverger e Itiquira, sendo presentes as sedes municipais de Poconé e Barão de Melgaço. A Terra Indígena Perigara situa-se na porção centro-sul da Folha MIR-404, limítrofe à Reserva Particular do Patrimônio Natural Estância Ecológica SESC Pantanal (município de Barão de Melgaço); o Parque Estadual Estrada Transpantaneira corresponde a faixas lindeiras à rodovia MT-060. A Folha (MIR 404) está compreendida na Bacia do Rio Paraguai, sendo a região drenada pelos Rios Cuiabá, Bento Gomes, São Lourenço e Itiquira. A maior parte do território é inserido no Pantanal Matogrossense, cruzado pela extensa planície fluvial do Rio Cuiabá. Apenas as extremidades noroeste e nordeste da Folha MIR-404 compreendem áreas da Depressão Cuiabana e, a noroeste, extensão do Planalto dos Guimarães. Predominam na região as formações savânicas, sendo presentes ambientes florestais e de contato associados ao relevo e aos condicionantes edáficos e de umidade do solo. O relevo e a presença da planície aluvial condicionam a ocupação da região. Esta ocupação, iniciada em função das antigas rotas de ligação entre as regiões meridionais e setentrionais do país, dinamizou-se a partir da década de 80. A principal característica da economia é a pecuária extensiva, associada a propriedades de grande porte; destacam-se bolsões de pequenas propriedades, associadas a projetos de assentamentos na porção noroeste da Folha. A infra-estrutura rodoviária é constituída por eixos orientados aproximadamente norte-sul (MT-060, MT-361, MT-456, MT-050) que interligam a região a Cuiabá, cidade que é centro de apoio à região. No encarte, os centros urbanos são Poconé, na porção noroeste e Barão de Melgaço no quadrante nordeste. 2 FIGURA 001 LOCALIZAÇÃO DAS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO NO ESTADO 3 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS ESPECÍFICOS ÀS FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO A metodologia geral que norteou os trabalhos de mapeamento das Formações Vegetais / Uso e Ocupação do Solo, na escala 1:250.000, encontra-se detalhada no Relatório DSEE-VG/US-RT-001 “Uso e Ocupação do Solo e Formações Vegetais - Aspectos Gerais: Procedimentos Metodológicos e Atividades Realizadas”, onde são tratados os aspectos gerais do trabalho, tais como: dados secundários utilizados; procedimentos metodológicos seguidos no decorrer dos trabalhos; critérios de interpretação utilizados na identificação dos padrões das imagens; procedimentos específicos às diversas campanhas de campo; correlação de dados secundários e relativos a outros setores de estudo relacionados ao tema. 2.1. DOCUMENTAÇÃO Os trabalhos de cunho regional utilizados, que abrangem as Folhas MIR-404/418, referem-se a: 2.2. Projeto RADAMBRASIL Folha SE.21 Corumbá, 1982, escala 1:1.000.000. Na delimitação dos padrões de uso e ocupação e das formações vegetais, abrangendo totalmente a área do encarte estudado, foram utilizadas as imagens de satélite LANDSAT TM5 226/71 (13/08/94), 226/72 (12/07/94), 227/71 (04/08/94) e 227/72 (17/07/94), composição colorida, bandas 3, 4 e 5; para definição de padrões duvidosos (nuvens, queimadas) foi também consultado o mosaico de RADAR SD.21 XA/XC (Projeto RADAMBRASIL), todos na escala 1:250.000. Devido a defasagem temporal entre as imagens interpretadas (1994) e o estágio atual dos trabalhos, foram consultadas as Folhas MIR 404/418 do trabalho – Mapa da Dinâmica de Desmatamento do Estado de Mato Grosso (1999, escala 1:250.000), elaborado pela FEMA – Fundação Estadual do Meio Ambiente. Nas Folhas temáticas foram demarcadas as áreas desmatadas entre esta data e 1997. INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS A interpretação das imagens de satélite seguiu aos procedimentos gerais explicitados no Relatório DSEE-VG/US-RT-001. De maneira geral, os processos de mapeamento foram realizados a partir de extensivos levantamentos florísticos e fitofisionômicos da vegetação e verificações do uso do solo em campo, aliados a fotointerpretação analógica de imagens de satélite Landsat TM 5. Após a conclusão dos trabalhos comparou-se os resultados obtidos ao mapeamento realizado pelo Projeto RADAMBRASIL, verificando-se que, de modo geral, houve diferenciações quanto à legenda das formações vegetais em relação a este, advindas da escala mais aproximada dos trabalhos e da redução do estado de conservação da vegetação, pela intensificação dos processos de antropização ocorridos na região nos últimos anos. 4 Foi diferenciado o padrão de Savana Parque correspondente às Áreas Pantaneiras em relação às formações savânicas que ocorrem em áreas mais elevadas. Quanto aos padrões de imagem, esses mostraram-se muito diversificados e algumas vezes diferenciados para vegetações similares. Esta diversidade dos padrões de vegetação ocorre em função das muitas variações abióticas existentes, como geologia, relevo, solo, umidade, e mesmo pelo diferente grau de perturbação sofrida pelas formações. Foram mapeados 15 padrões relativos às formações vegetais e 6 padrões característicos de áreas antropizadas. Estes padrões foram, em situações específicas, correlacionados constituindo legendas compostas. A legenda definida pelos padrões das imagens, corroborada pelas informações de campo é apresentada no Quadro 001, a seguir: QUADRO 001 CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS LEGENDA PADRÃO DA IMAGEM OBSERVAÇÕES FORMAÇÕES VEGETAIS Sd – Savana Florestada (Cerradão) Sa – Savana Arborizada (Cerrado) Saf – Savana Arborizada com Floresta de Galeria Sp – Savana Parque Spf - Savana Parque com Floresta de Galeria Spp – Savana Parque associada a áreas pantaneiras Sgi - Savana Gramíneo-Lenhosa (Campos Úmidos) Sav Spv / – Formação de Savana Arborizada associada a vertentes com encraves de matas em grotões de drenagem Fj – Formação Justafluvial Tons de verde médio a escuro. O padrão é semelhante ao da Floresta Estacional, ao qual esta formação está freqüentemente associada. Tons de verde claro a verde médio, textura fina a média. Ocorre em terraços aluviais, no contato com a Floresta Estacional, com pequenas manchas individualizadas, principalmente entre áreas de uso no entorno de Poconé. Ocupa maiores extensões nos interflúvios, sempre associada a outras formações. Tons de verde claro a rosa claro com mosqueamento marrom claro. Ocorrência restrita à porção noroeste do território. Tons de marrom a rosa escuro, textura fina, geralmente refletindo solo exposto. Formação utilizada como pastagem extensiva, em toda a área de ocorrência. Em geral, apresenta-se serpenteada por Matas de Galeria. Relacionada ao lençol freático superficial. Ocupa áreas mais úmidas do pantanal, refletindo tons escuros (preto). Tons de verde a rosa claro a médio com alinhamentos verde médio a escuro. Tons de verde escuro rugoso. Fa – Floresta Aluvial Tons de verde escuro, textura rugosa. FeS - Contato Floresta Estacional / Savana Apresenta várias nuances das Formações Savânica e Florestal (Savana Arborizada / Florestada e Floresta Estacional). Fr – Floresta Remanescente Tons de verde médio. Fs – Formação Secundária Tons de verde claro, textura lisa. Ocorrências restritas à extremidade noroeste e nordeste do território. Associada a algumas drenagens, principalmente na porção norte. Ocorrência ao longo dos principais rios, em todo o território mapeado. Formações associadas aos terraços aluviais, onde há predomínio da Floresta Estacional; a Savana Arborizada ocorre nos interflúvios, associada às Formações Savânicas e ao uso pastoril extensivo. De modo geral, há predomínio de Formações Savânicas Ocorrência restrita, sub-dominante em áreas de uso agropecuário. Associada, como dominante ou subdominante, a usos agropecuários, na porção norte da Folha MIR 404. (continua...) 5 QUADRO 001 CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS (...continuação) LEGENDA PADRÃO DA IMAGEM OBSERVAÇÕES USOS DO SOLO Ap – Uso Agropecuário em pequenas propriedades Aga - Uso Agropecuário em médias e grandes propriedades com Predomínio de Culturas Anuais Agp - Uso Agropecuário em médias e grandes propriedades com Predomínio de Pastagens Tons que variam de rosa claro a verde claro. Tons de verde claro, textura lisa. Ocorrência restrita ao entorno da zona urbana de Poconé. Ocorrência restrita à região a noroeste de Poconé, correspondendo a canaviais. Tons que variam de rosa, cinza, marrom claro a esverdeado. Pp – Pecuária em Área de Pantanal Tons que variam do rosa a esbranquiçado ( por vezes confundese com as formações gramíneolenhosas). Aq – Áreas de Queimada Tons de café a preto. M – Extrativismo Mineral Tons de rosa claro com mosqueamento azul (água) e esbranquiçados. Tons de rosa claro com mosqueamento cinza e alinhamento esbranquiçado. Tons de rosa com mosqueamento esbranquiçado e verde. Tons de cinza. Ocorrência expressiva a nordeste, associado a níveis altimétricos mais elevados, com ocorrência dispersa em todo o território mapeado. Na região, este uso é mapeado como dominante, quando apresenta formas geométricas definidas, evidência de trilhas e estradas que cortam a área. Ocorre de forma esparsa na maioria das Formações Campestres; como dominante, é presente em extensa área no interflúvio dos Rios Bento Gomes e Novo, a leste de Poconé. Ocorrência esparsa em ambiente da Savana Arborizada (oeste) e da Savana Parque em áreas pantaneiras (leste). Presença expressiva no quadrante noroeste do território. U – Usos Urbanos Pu – Usos Peri-Urbanos Ua – Uso Antrópico em Unidade de Conservação FONTE: Perceptíveis, no imageamento, Poconé, Barão de Melgaço, Joselândia. No entorno de Poconé, associados a áreas de mineração. Ocorre próximo aos núcleos urbanos. CNEC, 1997. Na ocorrência de formações savânicas, diferentes tipologias encontram-se associadas em manchas não mapeáveis na escala do trabalho, tendo sido agrupadas em legendas compostas, onde o primeiro componente é dominante. Áreas de ocupação também ocorrem entremeadas por remanescentes de formações florestais e savânicas. Em áreas naturais, ocorrem áreas de uso com dimensões não mapeáveis na escala de trabalho. 2.3. TRABALHOS DE CAMPO As Folhas MIR–404/418 foram cobertas pelas seguintes Campanhas de Campo, cujos roteiros são esquematizados na Figura 002: 03 campanhas relativas ao levantamento dos padrões de uso e das formações vegetais, realizadas nos meses de fevereiro-março (parte do Roteiro 12), julhoagosto (parte do roteiro Pantanal I) e outubro (parte do Roteiro Pantanal II) de 1997, quando foram percorridos os eixos viários transitáveis. Foram relevados os padrões de uso e das formação vegetais ao longo dos percursos, tendo sido amostrados, para definição dos padrões, foram amostrados 106 pontos, apresentados no Anexo I e locados nas Folhas temáticas (Pontos 01 a 76 – MIR-404 e 01 a 30 – MIR-418). 01 campanha de vegetação – Expedição Barão de Melgaço, realizada no período de 03 a 11/11/97, quando foi realizada amostragem fitossociológica no Ponto 01. 6 02 Pontos de Amostragem de Potencial Pesqueiro, realizados no Rio Cuiabá: em Barão de Melgaço (P.20 – MIR-404) e em Porto Jofre, Poconé (P.23 – MIR418). A Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica realizou entrevistas possibilitaram a qualificação das atividades e do perfil do produtor. que Os pontos de levantamento e amostragens encontram-se espacializados nas folhas Formações Vegetais/ Uso e Ocupação do Solo – MIR-404/418 e suas descrições constam nos relatórios consolidados, específicos a cada tema. 7 FIGURA 002 LOCALIZAÇÃO DAS CAMPANHAS DE CAMPO 8 2.4. INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS Como descrito na Metodologia Geral (Relatório DSEE-VG/US-RT-001), na interpretação preliminar e no acompanhamento das campanhas de campo foram utilizados dados de outros setores de estudo relacionados ao tema em tela, notadamente no que diz respeito aos aspectos de solos, formas do relevo, padrões da ocupação, presença de equipamentos de infra-estrutura. Após as campanhas de campo e a revisão do mapeamento preliminar dos padrões de uso e das formações vegetais, foi realizado trabalho de sistematização das informações de outros temas, necessárias à compreensão dos processos de ocupação e à descrição das formações vegetais presentes na região. Os dados primários utilizados para o processo de correlação referem-se essencialmente às observações de campo; aos levantamentos florísticos, fitossociológicos e faunísticos; aos resultados da pesquisa Sócio-EconômicaAgronômica; aos relatórios temáticos de Clima, Geologia, Geomorfologia e Solos específicos às Folhas. A correlação dos dados permitiu a definição da legenda dos padrões que constam nas Folhas Formações Vegetais/ Uso e Ocupação do Solo – MIR-404/418. 3. CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE MAPEAMENTO 3.1. FORMAÇÕES VEGETAIS 3.1.1. Formações Savânicas e Campestres 3.1.1.1. Sd - Savana Florestada (Cerradão) É a expressão florestal das formações savânicas, que se desenvolve sobre solos profundos e de média fertilidade, freqüentemente podzólicos e latossolos. As árvores que constituem o dossel possuem troncos geralmente grossos, com espesso ritidoma porém sem a marcante tortuosidade geralmente observada nas savanas. A estratificação é simples e o componente arbóreo é perenifólio. Não há um estrato arbustivo nítido e o estrato graminoso esparso é entremeado de espécies lenhosas de pequeno porte. Atinge altura em torno de 15m, podendo chegar a 18m. Tem composição florística diversificada, contendo espécies das expressões mais abertas das savanas, que assumem hábito arbóreo, e da Floresta Estacional, raramente presentes em outras formações savânicas. Epífitas são raras. É também denominada “Cerradão” ou “Savana Arbórea Densa”. Encontra-se predominantemente nas regiões mais elevadas do município de Barão de Melgaço. Esta fisionomia florestal de Savana apresenta, na região, dossel praticamente contínuo, com cerca de 15m de altura, composto por espécies como angico-do-campo (Anadenanthera falcata), sucupira (Pterodon emarginatus), caroba (Jacaranda cuspidifolia), jacarandá (Machaerium vilosum), perobinha (Aspidosperma subincanum), cumbaru (Dipterix alata), manduvi, chichá (Sterculia cf. apetala), amendoim-do-campo (Platypodium elegans), 9 copaíba (Copaifera sp), jatobá (Hymenaea courbaril), tingui (Magonia pubescens), ipês (Tabebuia aurea; Tabebuia sp), entre outras. O subosque é composto por arbustos e árvores de pequeno porte, entre 3 a 7m de altura. Além de exemplares juvenis das espécies do dossel, ocorrem açoita-cavalo (Luehea paniculata), envireira (Guazuma ulmifolia) e lagarteiro (Casearia sylvestris; C. cf. gossypiosperma), entre outras. Nas áreas degradadas e em pastos abandonados ocorrem grande invasão de babaçu (Orbygnia martiana). 3.1.1.2. Sa - Savana Arborizada (Cerrado) Corresponde à formação savânica propriamente dita, caracterizando-se pelo aspecto xeromorfo do componente arbustivo-arbóreo e pelo expressivo estrato herbáceo, onde predominam gramíneas cespitosas (que formam touceiras). Variações fisionômicas e estruturais, decorrentes de características pedológicas diferenciadas e de perturbações antropogênicas expressam-se pela distribuição espacial irregular de indivíduos, ora com adensamento do estrato arbustivo-arbóreo, ora com predomínio do componente herbáceo. A altura varia entre 2 e 7m. Apresenta, como característica marcante, estrato arbóreo composto de exemplares de troncos e galhos retorcidos, casca espessa e folhas grandes, muitas vezes coriáceas. Constitui uma formação vegetal relativamente aberta, geralmente manejada com fogo, podendo representar feições alteradas de Savanas Florestadas, submetidas a pressões antrópicas. É denominada em sentido amplo de “Cerrado”. Ocorre sobre vários tipos de solos, mais freqüentemente em latossolos álicos, mas também em solos podzólicos, concrecionários e Areias Quartzosas. Espécies características: jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa), ipê-do-cerrado (Tabebuia caraiba), araticum (Annona coriacea), pequizeiro (Caryocar brasiliensis), mangaba (Hancornia speciosa), lixeirinha (Davilla elliptica), colher-de-vaqueiro (Salvertia convallariaeodora), lixeira (Curatella americana), pau-santo (Kielmeyera sp), pauterra (Qualea sp), muricis (Byrsonima sp), entre outras. A ocorrência de lianas não se dá de forma agressiva, sendo, em sua maioria, herbáceas ou semi-lenhosas. Esta formação savânica é bem representada no encarte, ocupando grandes áreas principalmente a norte e noroeste, na Depressão Cuiabana, e na Planície do Pantanal, associada a outras formações savânicas e a áreas de uso agropecuário. Na Depressão Cuiabana, a Savana Arborizada ocorre em solos concrecionários e latossolos, apresentando algumas diferenças fisionômicas entre si decorrentes principalmente das variações pedológicas e do grau de antropização das mesmas. Nas áreas sobre cambissolo, a altura dos indivíduos maiores atinge até 7m, porém a média do dossel é de aproximadamente 4m. A distribuição espacial é relativamente regular sem adensamentos muito intensos de indivíduos. Uma espécie muito freqüente nessa formação é a Curatella americana (lixeira), principalmente nas margens das rodovias e estradas. 3.1.1.3. Saf - Savana Arborizada com Floresta de Galeria Esse padrão é constituído pela fisionomia da Savana Arborizada associada a formações ripárias. Porém, devido às pequenas extensões, não é possível sua individualização através de mapeamento, na escala do trabalho. 10 Estas formações ripárias formam faixas ao longo das margens dos rios e córregos onde ocorrem espécies como: ingás (Inga sp), figueiras (Ficus sp), pinha-do-brejo (Talauma ovata), pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata). Ao lado destas essências tipicamente ripárias, ocorrem ainda elementos estacionais, uma vez que estas formações não estão submetidas ao estresse hídrico verificado no ambiente savânico. Por constituírem faixas contínuas que se destacam na paisagem de formações abertas, recebem a denominação de Florestas de Galeria ou Florestas Ciliares. Estreitas Florestas de Galeria caracterizam a maior parte das Savanas Arborizadas deste encarte. 3.1.1.4. Sp – Savana Parque (Campo Cerrado) Nesta formação, prevalece o componente herbáceo e arbustivo, com indivíduos arbóreos presentes de forma esparsa, compondo uma das expressões campestres das savanas, denominada também “Campo Cerrado”. É encontrada sob diversas condições, desde planícies de inundação até topos ou encostas pedregosas, podendo ter origem natural, decorrente das condições do substrato, ou ser resultante de ação antrópica, pelo manejo anual de queimadas para uso agropecuário. Embora prevaleçam gramíneas no estrato herbáceo, são também freqüentes espécies de compostas e de leguminosas sendo, portanto, a composição florística bastante diversificada. Já os componentes arbustivos e arborescentes (altura entre 1 a 2 m) constituídos de plantas características da Savana Arborizada, são pobres em espécies. Alguns dos representantes lenhosos são: cajuzinho (Anacardium humile), araticum (Annona dioica), faveira (Dimorphandra mollis), marmelo (Alibertia sp), lobeira (Solanum lycocarpum), colher-devaqueiro (Salvertia convallariaeodora). Ocorre associada a Savanas Arborizadas, freqüentemente em solos pouco desenvolvidos e rasos, na Depressão Cuiabana, a noroeste do encarte. 3.1.1.5. Spf – Savana Parque com Floresta de Galeria Esse padrão representa áreas de Savanas Parque onde formações ripárias estão presentes porém, devido às pequenas extensões, não é possível sua individualização através de mapeamento, realizado na escala do trabalho. Estas formações ripárias formam faixas ao longo das margens dos rios e córregos onde ocorrem espécies como: ingás (Inga sp), figueiras (Ficus sp), pinha-do-brejo (Talauma ovata), pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata). Ao lado destas essências tipicamente ripárias, ocorrem ainda elementos estacionais junto as regiões marginais menos atingidas pela presença da água. Por constituírem faixas contínuas que se destacam na paisagem de formações abertas, recebem a denominação de Floresta de Galeria ou Florestas Ciliares. De modo geral, Floresta de Galeria estão presentes ao longo dos cursos d’água neste formação. 3.1.1.6. Spp - Savana Parque associada a Áreas Pantaneiras Formação associada às planícies inundáveis com solos caracterizados por saturação hídrica periódica, compondo “Campos Úmidos”, à semelhança da Savana Gramíneo-Lenhosa. Diferencia-se dessa por sua ampla extensão e por sua ocorrência, na Depressão que caracteriza o Pantanal Matogrossense ou nas Depressões do Araguaia e do Guaporé. Quando o encharcamento do solo é muito prolongado, predominam quase que exclusivamente 11 gramíneas (Poaceae) e Cyperaceae, às quais associam-se herbáceas anuais, dentre as quais destacam-se: Paepalanthus speciosus, Pfaffia glomerata e Heliotropium filiforme. Estas extensas superfícies planas e deprimidas apresentam, freqüentemente, pequenas elevações geralmente em torno de 50cm de altura e área variável, com até 100m2, decorrente de deposição diferencial de material de acumulação ou de origem biológica, formadas por cupinzeiros ativos ou abandonados. Este micro-relevo constitui os denominados “murunduns”, com solo mais seco, favorecendo o estabelecimento de componente arbustivoarbóreo característico de savanas. Assim, em cada elevação crescem arvoretas e/ou arbustos como: pequizeiro (Caryocar brasiliensis), lixinha (Davilla ellipica) pau-terra (Qualea grandiflora), perdiz (Simarouba versicolor), inharé (Brosimum gaudichaudii), lobeira (Solanum lycocarpum), caroba (Jacaranda cuspidifolia), entre outras. O estrato herbáceo é formado basicamente por gramíneas. Esta formação é também conhecida como “Campos de Monchões” ou “Campos de Murunduns”. Presente nas áreas de relevo plano, sobre plintossolos, ocorre na maior parte do encarte, nas áreas rebaixadas do Pantanal Matogrossense, utilizada como pasto natural no período de estiagem. Limita-se freqüentemente com formações florestais aluviais e de contato. 3.1.1.7. Sgi - Savana Gramíneo-Lenhosa (Campos Úmidos) Corresponde à vegetação presente em áreas deprimidas, sobre solos hidromórficos, onde o lençol freático aflora ou é muito superficial, geralmente em localidades caracterizadas por nascentes, lagoas, corixos e riachos. Caracteriza-se pela presença de flora hidrófila, isto é, que se desenvolve em ambientes úmidos. Também denominada de “Campos Úmidos”. Desenvolve-se também sobre afloramentos rochosos ou solos muito rasos, freqüentemente com camada de laterita superficial, podendo-se encontrar campos úmidos onde a rocha é superficial, em topos de morros testemunhos e em alguns platôs em torno de buritizais e Florestas de Galeria. No período chuvoso, estes campos permanecem encharcados, impedindo o crescimento de vegetação arbóreo-arbustiva. Assim, a vegetação apresenta apenas estrato herbáceo, sendo as espécies encontradas extremamente seletivas. São muito freqüentes as ciperáceas, gramíneas, além de outras herbáceas como cruz-de-malta (Ludwigia sp), Xyris sp, jalapa (Mandevilla sp), bem como minúsculas plantas “carnívoras” do gênero Utricularia. Localmente podem apresentar relevo constituído de pequenas elevações que favorece a presença de arbustos e arvoretas. Neste caso, recebem a denominação de “Campos de Monchões” ou “Campos de Murunduns”. Ocupa amplas áreas em terrenos deprimidos, onde o lençol freático aflora. Relaciona-se com cursos d’água, notadamente o Rio Cuiabá, e com lagoas freqüentes na região. Tem ocorrência significativa a nordeste da cidade de Barão de Melgaço. 3.1.1.8. Sav/Spv – Formação de Savana Arborizada / Parque associada a Vertentes com encraves de Matas em Grotões de drenagem Ocorrem em vertentes íngremes, às vezes com afloramentos rochosos. A Savana Parque geralmente predomina na porção superior. Na meia encosta, a formação dominante é Savana Arborizada com diversos níveis de biomassa. Em locais mais encaixados da vertente“grotões”, em associação a pequenos cursos d’água, a menor a exposição ao sol e a elevada umidade favorecem o desenvolvimento de florestas fisionomicamente semelhantes às Florestas Estacionais, denominadas “Matas de Grotão”. Estas ocorrem em pequenas áreas 12 descontínuas, formando mosaico, não sendo possível seu mapeamento como unidades fisionômicas distintas, nessa escala de trabalho. Entre as espécies observadas nas “Matas de Grotão” associadas às escarpas de planalto estão: gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), tapiriri (Tapirira guianensis), ipê (Tabebuia sp), guatambú (Aspidosperma sp), canela (Ocotea sp), figueira (Ficus sp), Clusia sp, pindaíba (Xilopia sp), entre outras. Presentes de forma restrita, a nordeste e a noroeste do encarte, na Depressão Cuiabana, em localidades de relevo dissecado. 3.1.2. Formações Ripárias 3.1.2.1. Fj - Formação Justafluvial Compreende diversas formas de vegetação associadas a cursos d’água, que recebem distintas denominações, de acordo com suas peculiaridades, reflexo das condições do substrato onde se desenvolvem: “Veredas”, “Matas de Brejo”, “Floresta de Galeria” ou “Floresta Ciliar”. No Domínio das Savanas, estas formações começam, em geral, em pequenos brejos ou nascedouros de ribeirões, sob a forma de alamedas de buritis (Mauritia sp), formando “Veredas”. Ao longo dos cursos d’água, as veredas vão progressivamente adquirindo outras espécies de árvores, encorpando e passando a constituir faixas que margeiam as linhas de drenagem. Adquirem caráter peculiar, por se destacar na paisagem caracterizada por formações abertas e xeromorfas, e recebem a denominação de “Floresta de Galeria” ou “Floresta Ciliar”. Por vezes, passam gradualmente a ocupar as “rampas” do interflúvio, em uma transição para as formações adjacentes. Quando estas florestas se fundem no interflúvio, considera-se o fim da área nuclear do Domínio das Savanas. Em sítios com impedimentos de drenagem formam-se matas paludosas denominadas “Matas de Brejo”, onde predominam espécies hidrófilas, como olandi (Calophyllum brasiliensis) e sarão-do-brejo (Ficus sp), pindaíba (Xylopia emarginata) e buritirama (Maurtiella armata). Nesta Folha MIR-404, apresenta-se com dossel contínuo, de aproximadamente 10m de altura, onde são encontradas espécies como: gonçaleiro (Astronium graveolans), cajá (Spondias luteans), paineira (Chorisia speciosa), Sloanea sp, leiteiro (Sapium obovatum), ingá (Inga sp), novateiro (Triplaris americana), jenipapo (Genipa americana), tarumã (Vitex cymosa), entre outras. Nas áreas mais abertas, principalmente voltadas para o sul, há grande quantidade de lianas, às vezes recobrindo as copas. No subosque podem ser encontrados ainda: tapiá (Alchornea aff. discolor), catiguá (Trichilia aff. catigua), maria-mole (Guapira opposita), camboatã (Cupania cf. castanaefolia), bacuri (Rheedia brasiliensis), murici (Byrsonima aff. orbignyana), entre outras. Amostragem fitossociológica realizada em uma floresta ciliar sem indícios de perturbações apontam, como mais importantes no povoamento, as espécies Brosimum sp, que aparece com grande número de indivíduos, alguns deles de grande porte, Zygia cf. inaequalis, que é abundante e muito freqüente nesta floresta, Alchornea aff. discolor, também muito comum. Outras espécies importantes são: catiguá (Trichilia aff. catigua), novateiro (Triplaris americana) e jenipapo (Genipa americana), entre outras. A densidade obtida foi de 509 indivíduos por hectare, porém com diversidade relativamente baixa, o que se deve 13 provavelmente ao predomínio de algumas espécies, que são muito abundantes, e um grande número de espécies representadas por pequeno número de indivíduos. 3.1.2.2. Fa - Floresta Aluvial Ocorre seletivamente em solos aluviais, em planícies de inundação sazonal dos rios. Apresenta elementos botânicos estacionais e ombrófilos, predominando estes ou aqueles, de acordo com o domínio em que se insere. Sua composição florística, contudo, é relativamente distinta e menos diversa em relação às formações florestais de interflúvios, devido às restrições decorrentes do substrato periodicamente encharcado. Verificam-se espécies seletivas higrófilas, dentre as quais destacam-se: ingás (Inga sp), jenipapo (Genipa americana), olandi (Calophyllum brasiliensis) e sarão (Ficus sp). As palmeiras são indicadoras do tipo e das condições hídricas do solo, uma vez que maripá (Attalea maripa), bacuri (A phalerata) e bacaba (Oenocarpus sp) dominam nas planícies aluviais. Em grotas e outros sítios de maior umidade ocorrem ainda paxiúbas (Iriartea sp) e palmiteiro (Euterpe precatoria). O baixo potencial madeireiro, a impossibilidade de exploração agrícola e a ausência de fogo, colocam este tipo de vegetação, de modo geral, em situação privilegiada em relação à sua preservação. Está presente ao longo dos trechos meandrantes dos Rios Cuiabá, Bento Gomes, Piraim, Correntes, Itiquira e, de forma muito expressiva, no Rio São Lourenço. Limita-se com Campos Úmidos e formações savânicas em áreas pantaneiras, porém, freqüentemente limitase também com formações de contato da Floresta Estacional com Savanas. 3.1.3. Formações de Contatos 3.1.3.1. FeS - Contato Floresta Estacional/Savana Corresponde a uma formação de transição, onde ambos os tipos de vegetação se alternam em padrão de mosaico, mantendo sua identidade. A transição ocorre principalmente entre a Floresta Estacional e a Savana Florestada. Elementos de ambas as formações estão presentes, havendo também significativa contribuição de espécies que são comuns a ambas as formações vegetais. Dentre estas podem ser citadas: mandiocão (Didymopanax morototoni), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), maricá (Physocalymma scaberrimum), cumaru (Dipteryx sp), tarumaí (Rhamnidium elaeocarpus). Fisionomicamente apresenta-se como uma floresta mais aberta que a Floresta Estacional, com menor quantidade de epífitas e lianas e com estratificação menos complexa. O dossel apresenta distintos graus de deciduidade, dependendo das espécies prevalecentes. Extensas áreas destas formações de transição estão presentes principalmente a centro e a sul da Folha, em associação com Savana Parque em área de Pantanal e a Florestas Aluviais. Na porção nordeste ocorre em manchas entre formações savânicas e significativas áreas de uso agropecuário. Prevalece em solos com caráter eutrófico. 14 3.1.4. Formações Antropizadas 3.1.4.1. Fr - Floresta Remanescente Ocorre em áreas intensamente ocupadas, onde Florestas Remanescentes estão presentes, porém com sinais de perturbações, notadamente relacionadas com a retirada seletiva de madeira. Apesar de manter elementos da floresta primária, apresenta-se com composição florística empobrecida e estrutura alterada, com redução da altura dossel, que se apresenta descontínuo e irregular. Nesta matas, espécies de valor madeireiro tornaram-se escassas. Presente no território, a sul, em pequenas extensões e em associação com áreas de uso agropecuário. 3.1.4.2. Fs – Formação Secundária Remanescente de floresta que, devido às perturbações causadas por retirada seletiva de madeiras, abertura de clareira e efeitos de borda, não apresenta características originais de estrutura, tendo altura menor, dossel irregular e raras emergentes. A composição florística é empobrecida em relação à floresta original, prevalecendo espécies secundárias e de baixo valor econômico. Geralmente apresenta pequenas extensões e encontra-se em áreas antropizadas. Enquanto nas florestas preservadas, as lianas tem uma ocorrência discreta, nas formações secundárias as perturbações favorecem seu estabelecimento nas bordas, clareiras e interior, formando cortinas e colunas sobre as árvores. Entre as lianas mais comuns encontram-se representantes das famílias Bignoniaceae, Malpighiaceae, Sapindaceae, Mimosaceae, Caesalpiniaceae, Curcubitaceae, Vitaceae, Dioscoriaceae, Apocynaceae e Convolvulaceae, entre outras. Esta formação é presente de forma restrita ao norte, associada a áreas de uso antrópico. 3.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 3.2.1. Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação do Território As Folhas MIR-404/418 abrangem parte dos territórios dos municípios de Poconé, Nossa Senhora do Livramento, Barão do Melgaço, Santo Antônio do Leverger e pequena parcela de Itiquira, sendo Poconé e Barão do Melgaço as sedes municipais compreendidas neste território. Estão presentes os distritos de Cangas (MT-060, a norte da sede municipal de Poconé), Pirizal (município de Nossa Senhora do Livramento), Joselândia (no cruzamento das rodovias MT-370 e MT-040) e Mimoso (MT-040), no município de Barão do Melgaço (Figura 003). A rede viária é mais adensada na porção norte do encarte, apresentando-se descontínua a sul, em correspondência às áreas periodicamente inundadas do Pantanal Matogrossense, cruzadas apenas pelas rodovias MT-060 e MT-050. 15 Na porção oeste das Folhas MIR-404/418, a MT-060, orientada aproximadamente norte-sul conecta-se, a norte, à BR-070 (MIR-388) propiciando ligação da região a Nossa Senhora do Livramento, Várzea Grande e Cuiabá; Poconé assenta lindeira a esta rodovia que, a sul da cidade, está incluída no Parque Estadual Estrada Transpantaneira até o limite do Estado (Rio Cuiabá / Porto Jofre), prosseguindo em território de Mato Grosso do Sul. A rodovia MT-050, com percurso também orientado norte-sul, interliga Várzea Grande / Cuiabá (MIR-388) à porção centro-norte do território mapeado. Também na porção norte do território, a rodovia MT-451, orientada aproximadamente leste-oeste, conecta a MT-060 à BR-070 (MIR-388); a nordeste, a rodovia MT-361 conecta Barão de Melgaço à BR-163 (MIR-388); a MT-456 propicia acesso à localidade Mimoso; a rodovia MT-370 interliga a noroeste a MT-451/BR-070 a Poconé (na conexão com a MT-060), prosseguindo até as margens do Rio Cuiabá. A extensão das áreas pantaneiras, que ocupam grande parte da Folha-MIR404, condiciona de forma marcante a presença de infra-estrutura viária; o restante da rede viária é constituído por vias locais, de traçado descontínuo e intransitáveis na maior parte do ano em correspondência às áreas pantaneiras. O acesso a muitas localidades, na porção sul do território é apenas por via fluvial (Rios Cuiabá, Itiquira) e, nas grandes fazendas, por via aérea. As relações funcionais da região ocorrem com Cuiabá e Várzea Grande; a sede urbana de Poconé caracteriza-se pela presença de equipamentos de comércio e prestação de serviços de alcance local e extra-local. Poconé apresenta também um perfil de cidade turística, com hotéis e um comércio significativo, decorrência do turismo ecológico ao longo da rodovia Transpantaneira, onde é grande o número de pousadas e hotéis-fazenda. Barão de Melgaço desenvolveu-se, na primeira metade do século, pela produção canavieira e açucareira. Hoje a cidade é núcleo de apoio local às atividades da região. De modo geral, no território mapeado, ocorrem grandes propriedades de pecuária, com pastagens plantadas e naturais. Apenas na região de Poconé, a noroeste, há propriedades menores e áreas de lavoura (cana). É pouco expressiva a estrutura agroindustrial (concentrada em Poconé), visto a proximidade do centro polarizador de Cuiabá e Várzea Grande. 16 FIGURA 003 DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E ELEMENTOS DE INFRA-ESTRUTURA 17 Apesar do predomínio do trabalho familiar nas áreas pantaneiras, destaca-se a presença de grandes fazendas empresariais e a crescente expansão das atividades turísticas, propiciada pela beleza e variedade de ambientes da região, destacando-se as áreas alagadas e alagadiças como a Baia Chacororé no entorno de Barão de Melgaço. Na porção norte do território são presentes as glebas de assentamento do INTERMAT J. Ponce Arruda, no município de Poconé, lindeira à rodovia MT-370 e a gleba Mimoso, próxima a esta localidade, no município de Santo Antonio do Leverger. A Terra Indígena Perigara, abarcada na Folha MIR-404 , tem extensão territorial de 10.670 ha, compreendida no município de Barão de Melgaço, com uma população de 100 pessoas do povo Bororo. Situa-se em posição centro-sul na folha, próximo à confluência dos rios São Lourenço e Pirigara, delimitada a norte pelo Corixo Bebê. Na área predominam formações de Savana Arborizada, com indícios de uso de pecuária em pastagens naturais. A planície do Rio São Lourenço é revestida pela Floresta Aluvial. A Reserva Particular do Patrimônio Natural Estância Ecológica SESC Pantanal ocupa ampla área a norte do Corixo do Bebê, entre a Terra Indígena e Joselândia. Também abarca ambientes predominantemente savânicos e formações de contato com a Floresta Estacional. Na área são também presentes atividades de pecuária nas pastagens naturais. O Parque Estadual Estrada Transpantaneira corresponde a uma faixa ao longo da rodovia MT-060, entre Poconé e Porto Jofre (limite com o Estado de Mato Grosso do Sul), em região marcada pela presença de extensas formações florestais, no contato entre ambientes savânicos e a Floresta Estacional, com formações aluviais ao longo do Rio São Lourenço e formações campestres em ambiente pantaneiro. 3.2.2. Usos Agropecuários A descrição dos padrões de uso ocorrentes neste território está baseada no mapeamento resultante da interpretação das imagens de satélite, e dos resultados dos levantamentos efetuados através das campanhas de campo; sua caracterização é, ainda, baseada na Pesquisa Sócio-Econômica Agronômica, realizada junto aos estabelecimentos rurais do Estado. Os resultados desta pesquisa referem-se aos sistemas de produção agropecuária característicos de 13 Regiões Homogêneas, delimitadas com base em critérios explicitados no Relatório Técnico DSEE-VG/US-RT–002. Do conjunto de sistemas de produção agropecuária detectados em cada uma destas Regiões Homogêneas, foram correlacionados, nesta caracterização, os sistemas predominantes quanto à expressão: em termos de área ocupada pelas atividades agropecuárias e pelo número de estabelecimentos pesquisados. O território do encarte insere-se, em sua quase totalidade, na Região Homogênea AHP 9; a porção centro-norte (município de Nossa Senhora do Livramento), está inserida na Zona Homogênea AHP 4. Estas regiões são mais abrangentes que o território mapeado, o que faz com que os dados selecionados pressuponham um grau de generalização, apenas parcialmente corrigido pelas observações de campo e pela interpretação da imagem de satélite. 18 3.2.2.1. Ap - Uso Agropecuário em Pequenas Propriedades Padrão de mapeamento caracterizada pelo predomínio do uso pecuário e secundariamente pela agricultura (cana, mandioca, feijão, milho, arroz, café, banana). No território mapeado, esta tipologia de uso ocorre no entorno de Poconé, correspondendo a colônias de pequenos produtores. Na Região Homogênea, caracteriza-se por sistemas de produção (Quadro 003) onde predominam estabelecimentos com pecuária e agricultura, com manejos de baixa e média tecnologia e rudimentares, associados a produtores familiares de pequeno porte econômico. QUADRO 002 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 4. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) Padrão de Uso Ap Principais Sistemas de Produção *¹ Participação em Número (%)*² Participação em Área (%)*² Pecuária de média tecnologia Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de tecnologia rudimentar Produtor empresarial de pequeno porte econômico Pecuária de média tecnologia Produtor empresarial de pequeno porte econômico Pecuária de média tecnologia Agp Produtor empresarial de médio porte econômico Pecuária de média tecnologia -Produtor empresarial de grande porte econômico Pecuária de baixa tecnologia -Produtor empresarial de grande porte econômico Pecuária de baixa tecnologia -Produtor empresarial de pequeno porte econômico Pecuária de baixa tecnologia -Produtor familiar de pequeno porte econômico Agricultura de baixa tecnologia -Produtor familiar de pequeno porte econômico Agricultura de média tecnologia -Produtor familiar de pequeno porte econômico FONTE: CNEC, 1997. (*¹) a metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEEVG/US-RT-002). (*²) intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir: 19 QUADRO 003 PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 9. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E EM ÁREA OCUPADA (%) Padrão Participação em Participação em Área Principais Sistemas de Produção *¹ de Uso Número (%) *² (%) *² Pecuária de tecnologia rudimentar Ap - Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de baixa tecnologia - Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de média tecnologia - Produtor familiar de pequeno porte econômico Agricultura de baixa tecnologia - Produtor familiar de pequeno porte econômico Agricultura de média e pecuária de baixa tecnologia - Produtor familiar de pequeno porte econômico Pecuária de média tecnologia Agp - Produtor empresarial de grande porte econômico Pecuária de média tecnologia Produtor empresarial de médio porte econômico Pecuária de média tecnologia Produtor empresarial de pequeno porte econômico Pecuária de baixa tecnologia - Produtor empresarial de grande porte econômico Agp/ Pp Pecuária de tecnologia rudimentar - Produtor empresarial de grande porte econômico Pecuária de tecnologia rudimentar - Produtor empresarial de muito grande porte econômico Pecuária de tecnologia rudimentar - Produtor empresarial de médio porte econômico (*¹) a metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEEVG/US-RT-002). (*²) intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir: Percentual, em número, do sistema de produção Percentual, em área, do sistema de produção em relação no Total dos estabelecimentos pesquisados: ao total de área dos estabelecimentos pesquisados: -- menor que 5% -- menor que 5% de 5% a 10% de 5% a 10% de 10,1 a 15% de 10,1 a 15% de 15,1 a 20% de 15,1 a 20% maior que 20% maior que 20% FONTE: CNEC, 1997. As principais características dos sistemas de produção predominantes nas Folhas MIR-404/418, obtidas na Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica e constantes dos Quadros 002 e 003 são: Nos estabelecimentos de pecuária com manejo rudimentar, há utilização das pastagens naturais, com pequena aplicação de capital e baixo padrão zootécnico do rebanho; A pecuária, quando de baixa tecnologia, caracteriza-se pela utilização de pastagens naturais ou plantadas, com rebanhos de baixo padrão zootécnico. O manejo incorpora pequena aplicação de capital, podendo haver melhorias quanto ao uso de insumos e preparação das terras; Na agricultura de baixa tecnologia, a atividade é marcada pela força de tração manual, eventualmente complementada pela tração animal. Há uma baixa utilização de insumos, denotada pela qualidade das sementes e pelo nível de utilização de fertilizantes químicos e de calcário, com pequena aplicação de capital no manejo, melhoramento e conservação das terras e lavouras; 20 3.2.2.2. Quando de média tecnologia, a atividade pecuária é marcada pela presença de pastagens plantadas, sendo que as atividades, de forma geral, incorporam o uso de insumos e melhor padrão zootécnico do rebanho. Caracteriza-se pela média aplicação de capital nas técnicas de manejo, melhoramento e conservação das terras e pastagens; A agricultura de alta tecnologia é realizada com práticas que refletem um alto nível tecnológico, marcado pela força de tração mecânica. Caracteriza-se pela alta aplicação de capital nas técnicas de manejo, melhoramento e conservação do solo e das lavouras, com um alto uso de insumos, denotado pela qualidade das sementes e pelo nível de utilização de fertilizantes químicos e de calcário. A gestão destes empreendimentos é de caráter empresarial, com a atividade produtiva realizada por empregados permanentes contratados, eventualmente complementadas por empregados temporários; Nas gestões onde o caráter é familiar, a maior parte da força de trabalho é fornecida pelos familiares do produtor, eventualmente complementada por empregados permanentes ou temporários. Nos sistemas onde a gestão é empresarial, a maior parte da força de trabalho é contratada, constituída por empregados permanentes, eventualmente complementada por empregados temporários; Em todos os sistemas associados a estas categorias de uso, os estabelecimentos de pequeno rendimento econômico têm receitas anuais médias inferiores a R$ 15.000,00. Nos estabelecimentos de porte econômico médio, a receita anual situa-se entre R$ 15.000,00 e 60.000,00; entre R$ 60.000,00 e 300.000,00 nos de grande porte econômico; é superior a R$ 300.000,00 nos de muito grande porte econômico (valores de dezembro de 1996). Agp - Uso Agropecuário em Médias e Grandes Propriedades com Predomínio de Pastagens Padrão de mapeamento caracterizado pelo predomínio de pastagens, sendo inexpressiva a participação de culturas. Esta tipologia de ocupação é caracterizada por um conjunto diversificado de sistemas de produção que ocorrem, de forma diferenciada, nas duas Regiões Homogêneas. Na Região Homogênea AHP 9 (Quadro 003), o sistema de produção é caracterizado pela presença de estabelecimentos com manejos rudimentares, associados a produtores empresariais de grande, muito grande e médio porte econômico e produtores familiares de pequeno porte econômico; ocorrem ainda manejos de média e baixa tecnologias, em estabelecimentos associados a empreendedores empresariais de grande, médio e pequeno porte econômico. Os diferentes manejos são função das variadas características do meio físico e de drenagem deste território. A noroeste, e com menor expressão a nordeste (Depressão Cuiabana), em áreas mais alteadas, são presentes médias e grandes propriedades, medianamente capitalizadas, com pastagens plantadas; progressivamente a sul e na calha do Rio Cuiabá, em áreas pantaneiras, predominam propriedades muito grandes, onde são utilizadas, na estação seca, as pastagens naturais, ocorrendo apenas localmente propriedades com pastagens plantadas, em níveis mais alteados. Na Região Homogênea AHP 4, que ocupa pequena parcela deste território, este padrão de uso tem expressão territorial pouco significativa (Quadro 002), pois predominam na 21 região zonas periodicamente alagadas, na planície do Rio Cuiabá. Ocorre de forma descontínua, em ambientes savânicos, permanecendo extensas áreas destas formações, geralmente pastejadas, entre as áreas de uso. De modo geral, nas formações savânicas e nas áreas pantaneiras são presentes pequenas propriedades, não mapeáveis na escala de trabalho, correspondentes a estabelecimentos com manejos de média e baixa tecnologia e rudimentares, associados a produtores familiares de pequeno porte econômico. 3.2.2.3. Pp – Pecuária em Áreas de Pantanal Padrão de uso associado às áreas periodicamente inundadas do Pantanal Matogrossense, onde as Savanas Parque associadas a áreas pantaneiras são utilizadas nas estação de estiagem como pastos naturais. Correspondem (Quadro 003) a sistemas de manejo rudimentares ou de baixa tecnologia, geralmente em grandes e muito grandes propriedades (Pp 9). Esta tipologia de ocupação, predominante no território mapeado, é também presente na Região Homogênea AHP 4, apesar de não contemplada entre os principais sistemas de produção desta região, visto sua pequena ocorrência no contexto da Região Homogênea. 3.2.3. Aq - Área de Queimada Áreas de queimada, comumente utilizadas para a abertura de áreas com vegetação natural (desmatamento) e como sistema de manejo de pastagens durante a estação seca foram verificadas nas regiões oeste, sudoeste e leste na MIR-404 e ao norte MIR-418. 3.2.4. M - Extrativismo Mineral Várias áreas de mineração de ouro foram diagnosticadas a noroeste da Folha, nas proximidades da cidade de Cangas. 3.2.5. U - Usos Urbanos Os principais núcleos urbanos ocorrentes na Folha são formados pelas cidades de Barão de Melgaço e Poconé. A região está estruturada no entorno dos centros de Cuiabá e Várzea Grande, que abriga o núcleo urbano polarizador do Estado. A sede de Poconé caracteriza-se pela presença da maioria das funções urbanas, mas possui baixa densidade de equipamentos e estabelecimentos. 3.2.6. Pu – Peri-Urbanos No entorno das cidades de Barão de Melgaço e Poconé verificou-se a ocorrência de mancha de usos peri-urbanos, formados por áreas pouco adensadas, com grande número de vazios urbanos e presença significativa de vegetação ruderal. 3.2.7. Ua – Uso Antrópico em Unidades de Conservação Manchas de ocupação antrópica foram observadas no interior da R.P.P.N. Estância Ecológica SESC Pantanal, localizada na região centro-sul e da E.P. Transpantaneira, situada a leste da Folha. 22 4. CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS ÀS FORMAÇÕES VEGETAIS E AO USO DO SOLO O território inserido no encarte é compreendido na Bacia do Alto Paraguai, drenado pelos Rios Cuiabá e seus afluentes Itiquira, São Lourenço e Piraim e, na porção noroeste, pelos Rios Bento Gomes e Paraguaizinho. O Rio Cuiabá, orientado NE-SW, cruza diagonalmente as Folhas MIR-404/418, percorrendo ampla planície fluvial, com características fluvio-lacustres, em virtude dos processos de deposição fluvial, apresentando elevado nível de assoreamento. A planície articula-se com as áreas pantaneiras, abrigando um grande número de lagos, meandros abandonados e ilhas. A região situa-se em domínio de Clima Tropical Continental, alternadamente seco e úmido, com variações locais, função de diferentes situações de relevo e de seu posicionamento em relação à circulação atmosférica. Corresponde a um conjunto de terras baixas, em situação que propicia a descida forçada das principais correntes e descontinuidades atmosféricas que originam climas sub-úmido. A região é muito aquecida, em função das baixas altitudes e topografia aplanada. O aquecimento superficial resulta em elevadas perdas por evapotranspiração, com o aumento da deficiência hídrica sazonal e redução do volume de água excedente na estação chuvosa, ocorrendo seca severa e excedente pequeno a moderado. A região mapeada, que abrange a área dos pantanais, na confluência dos Rios São Lourenço, e Itiquira, em altitudes inferiores a 150 m, apresenta um gradiente de diminuição da pluviosidade de norte para sul, constituindo a unidade climática mais seca do Estado. O período com deficiência hídrica (7 - 8 meses), tem início em abril, prolongando-se até outubronovembro. Os totais anuais de chuva são da ordem de 1.300 – 1.400mm, com excedentes hídricos reduzidos, entre 100-200 mm. Grande parte da porção norte do território mapeado encontra-se na transição entre a Depressão de Cuiabá e áreas pantaneiras, transição esta que se estende a norte, na área de influência do Rio Cuiabá. Destaca-se portanto uma região setentrional mais alteada (níveis altimétricos da ordem de 130-230 m a oeste, 150-350 m a leste), recortada pela planície do Rio Cuiabá em níveis de 120-140 m. Estas áreas mais elevadas estão assentadas, predominantemente, sobre litologias do Grupo Cuiabá (a noroeste da cidade de Poconé), onde ocorre um mosaico de solos concrecionários, podzólicos e latossólicos (Latossolos Vermelho–Amarelo e Vermelho-Escuro). A nordeste, próximo a Barão de Melgaço, ocorrem relevos aguçados, com maiores altitudes, onde predominam solos litólicos associados a afloramentos rochosos e Podzólicos VermelhoAmarelos. Solos concrecionários podzólicos são expressivos na Depressão Cuiabana (quadrante noroeste do território), associados a Latossolos Vermelho-Amarelos. A presença de concreções torna-os inadequados às práticas agrícolas, sendo as pastagens (capim braquiária) o uso presente nestas ocorrências. Na porção nordeste ocorrem, em situações localizadas, concrecionários latossólicos também de baixa fertilidade natural, utilizados com restrições para pastagens plantadas. Latossolos Vermelho-Amarelos e Vermelho-Escuros ocorrem nas proximidades de Poconé e em pequenas manchas a nordeste. São solos que apresentam baixa fertilidade natural (ácidos), que exigem adubação e calagem. Ocorrem em ambiente predominantemente savânico (Savana Arborizada), em relevo plano, geralmente utilizados para pastagens plantadas e, localmente para lavouras, quando de textura mais argilosa. 23 A presença de cambissolos está também associada ao Grupo Cuiabá, ocorrendo a noroeste do território e, como sub-dominante, em várias unidades de mapeamento, geralmente associados a solos litólicos. São geralmente cascalhentos, ocorrendo em situações de relevo acidentado. Quando apresentam melhores condições de relevo e pedregosidade, são aproveitados para pastagens plantadas (braquiaria). Solos litólicos ocorrem, de forma restrita, nas porções noroeste e nordeste da área mapeada, em relevos acidentados, com pequena profundidade e baixa fertilidade natural; são comumente pedregosos e podem estar associados a afloramentos de veios de quartzo, fatores estes de forte limitação ao aproveitamento agrícola. Na porção nordeste do território (associada à extremidade meridional da Serra de São Vicente) também ocorrem solos podzólicos em relevo acidentado e presença de cascalhos. Entretanto, a maior porção do território mapeado corresponde a áreas rebaixadas, sobre sedimentos recentes da Formação Pantanal, com solos hidromórficos diferenciados, predominando plintossolos e planossolos. Ocorrem em locais planos e baixos, onde há oscilação relevante do lençol freático durante o ano, propiciando alagamentos sazonais. Os plintossolos têm baixa fertilidade natural, geralmente associados à Savana Parque e a campos de murunduns. São dominantes em todo este território centro-sul, em alternância com planossolos. Estes têm caráter eutrófico, associados à presença de ambientes florestais. Nestas áreas baixas e alagadiças também ocorrem solos do tipo Glei Pouco Húmico (dominantes a sudoeste e nordeste, sub-dominantes na porção centro-sul do território) e solos aluviais e vertissolos (sub-dominantes na planície do Rio Cuiabá, relacionados a sedimentos recentes). Em todas estas ocorrências pedológicas, o gradiente de água no solo é fator determinante para o aproveitamento agrícola. Na estação seca, são utilizados para pastagens naturais e, localmente para pastagens plantadas, com forrageiras apropriadas às condições de umidade do solo. Solos do tipo Solonetz Solodizados (eutróficos) caracterizam-se pela presença elevada de sais (lençol freático elevado, com ascensão de sais por capilaridade) e pela dureza do material, que inviabiliza seu aproveitamento agrícola. Ocorrem em feições ligeiramente abaciadas, associados a campos úmidos, apenas como sub-dominantes, em pequenas manchas. Estas condições de embasamento fazem com que possam ser consideradas, neste território, duas grandes feições de paisagem (Figura 004): 4.1. As áreas mais alteadas na porção norte da Folha MIR-404, correspondendo aproximadamente à Depressão Cuiabana; As áreas rebaixadas do Pantanal Matogrossense, que ocupam a maior parte do território mapeado. FEIÇÃO DE PAISAGEM – DEPRESSÃO CUIABANA Tem pequena participação na Folha MIR-404, em correspondência à transição para áreas pantaneiras, nas extremidades nordeste e noroeste do território. Nestes setores, o relevo é dissecado em formas aguçadas pouco extensas, fracamente entalhadas pela rede de drenagem. 24 A leste, a depressão contorna os conjuntos do Planalto São Vicente/São Jerônimo, correspondendo a uma superfície plana, em altitudes da ordem de 300-350 m, chegando a 450 m, com um conjunto de formas aguçadas e de cristas. Neste setor, aproximadamente delimitado a oeste pelo Rio Cuiabá e a sul por tributário do Ribeirão Mutum, a ocupação é descontínua, correspondendo a atividades de pecuária em grandes propriedades, recortadas pelas formações serranas e por campos úmidos, geralmente pastejados, na transição com áreas pantaneiras. 25 FIGURA 004 PRINCIPAIS FEIÇÕES DE PAISAGEM 26 Nesta região, predominam formações de contato entre a Floresta Estacional e a Savana, tanto em relevo acidentado como aplanado. São também significativas formações da Savana Parque e Savana Gramíneo-Lenhosa, nas áreas de influência do Pantanal, expressivas nas proximidades da Baia Chacororé. Formações mais abertas de Savana Arborizada ocorrem em grandes manchas, de modo geral também associadas ao uso pecuário em campos naturais. A noroeste, aproximadamente delimitada pelo Rio Bento Gomes, a Depressão Cuiabana caracteriza-se pelo relevo suave ondulado, onde predominam solos concrecionários e Latossolos Vermelho-Amarelos. Nos arredores da localidade de Cangas, há um predomínio das pastagens cultivadas, que passam a constituir a paisagem dominante. A região caracteriza-se por ser zona de ocupação pioneira, ligada às atividades de mineração e de pecuária, com a ocupação concentrada a partir dos principais eixos viários. A área encontra-se muito alterada, apresentando formações secundárias em escala não mapeável, mas ocorrem ainda amplas áreas de Savana. Ao longo da rodovia MT-451 e da estrada velha Poconé/Cáceres (extremidade noroeste do território), a depressão tem relevo suave ondulado, com Latossolo VermelhoAmarelo. Sobre esta área, a ocupação predominante é de pastagens cultivadas em médias propriedades. Ocorrem áreas de canaviais e pequenas propriedades familiares reunidas em colônias que, além da cana, cultivam arroz, milho, mandioca e produzem farinha e rapadura comercializadas em Poconé. Estas áreas de colônias não aparecem no mapeamento, devido à inexistência de divisão física entre as propriedades. Neste território, a vegetação dominante é a Savana, verificando-se a ocorrência de formações de transição entre esta e a Floresta Estacional. Em direção a Poconé, são várias as áreas mineradas para extração de ouro e cascalho. As áreas de lavra condicionam extensas áreas degradadas. No entorno da cidade concentra-se uma ocupação peri-urbana diversificada e de pequenas propriedades. Na margem direita do Rio Bento Gomes, ocorrem baixadas com campos úmidos sobre plintossolos, no início do contato com as áreas pantaneiras. A sul de Poconé já ocorrem campos úmidos e formações florestais em áreas úmidas, características das planícies e pantanais matogrossenses, utilizadas como pasto natural. Desenvolvem-se em áreas de plintossolos, em relevos extremamente planos, com drenagens difusas. A leste da cidade até o cruzamento com o Rio Bento Gomes a ocupação é constituída por grandes propriedades pouco capitalizadas, com pastos sujos em domínio de Savana Parque sobre Latossolos Vermelho-Amarelos, em relevo bastante plano. O Rio Bento Gomes apresenta uma formação ciliar bem preservada no cruzamento com a MT-370. Em suas margens encontram-se também formações florestais paludosas, presentes igualmente na planície do Rio Cuiabá. Em direção a Pirizal, também no contato depressão / áreas pantaneiras, continua a feição de campos úmidos sobre plintossolos e Formações Justafluviais junto aos afluentes dos Rios Bento Gomes e Novo. Há porém área de Latossolo Vermelho-Amarelo no interflúvio destas drenagens, ocupado por pastagens cultivadas e por uma vasta área de lavra de ouro; pequenas manchas de Floresta Estacional permanecem entre as pastagens e as áreas de lavra. A Savana Arborizada é a formação savânica de maior ocorrência, ocupando principalmente as áreas de latossolos e de solos concrecionários. A grande pressão antrópica sobre esta formação contribuiu significativamente para sua redução e degradação. A Savana Parque ocorre no contato com áreas pantaneiras, sendo encontrada principalmente em plintossolos, sobre relevos planos. Das formações savânicas, a Savana Florestada é que 27 apresenta menor ocupação territorial, ocorrendo em solos podzólicos e latossolos na região de Poconé, onde também ocorrem contatos dos ambientes savânicos com a Floresta Estacional. Formações Justafluviais são presentes em toda a região, inseridas tanto em ambientes savânicos quanto florestais. De um modo geral, apresentam-se degradadas nas regiões próximas à ocupação sendo mais conservadas em locais afastados. Neste contexto, áreas desmatadas no período 94/97 correspondem a fragmentos, na expansão das áreas de uso existentes, em ambientes savânicos. Na porção nordeste, há apenas uma ocorrência de desmatamento mais expressiva, descontínua em relação às áreas de ocupação, nas margens do Córrego Vassoural, contribuinte do Ribeirão Mutum, em ambiente de Savana Parque e Savana Arborizada. 4.2. FEIÇÃO DE PAISAGEM – ÁREAS PANTANEIRAS A maior parte do território mapeado está inserido na unidade geomorfológica tradicionalmente denominada de Pantanal Matogrossense – Áreas de Acumulação Inundáveis, constituída por sedimentos antigos e aluviões recentes, em relevo plano, com declividades inexpressivas, no sentido norte para sul. A área sofre diferentes graus de alagamento, em função das variações topográficas e do solo. As áreas setentrionais, no limite com a Depressão de Cuiabá, posicionadas em cotas altimétricas da ordem de 150-200 m. As áreas pantaneiras têm características particulares do ponto de vista ecológico e paisagístico; feições geomórficas peculiares recebem terminologia regional específica - “baias”, “cordilheira”, “vazantes”, “corixos”. A região entre os interflúvios dos Rios Cuiabá, Bento Gomes e Paraguaizinho (MIR-403) configura uma área de acumulação conhecida como Pantanal do Poconé, na porção oeste das folhas MIR-404/418. A sul de Barão de Melgaço, ocorre uma série de “baías” e ilhas, destacando-se a Baía de Chacororé e de Chá Mariana, as Ilhas Piraim e Atibaia. A partir da confluência dos Rios São Lourenço e Itiquira, a planície fluvial do Rio Cuiabá une-se com a do Rio Paraguai, constituindo uma vasta planície com inúmeros corixos e vazantes, que recebe localmente o nome de Pantanal do Paiaguás, que se estende a sul, até Corumbá. Nesta extensa região, predominam formações savânicas adaptadas às condições específicas de solo e drenagem, bem como amplas formações de contato destas com a Floresta Estacional. Na maior porção do território, predomina a formação de Savana Parque em áreas pantaneiras, sendo expressiva a extensão da Savana Arborizada, geralmente a ela associada, ambas entremeadas por formações ciliares, na porção leste, nos interflúvios dos Rios Mutum, São Lourenço e Itiquira. Florestas Aluviais, com formações florestais e campestres adaptadas a áreas paludosas são presentes nas margens dos Rios Novo, Cuiabá, desde a altura da Baía de Chacororé e do São Lourenço, estendendo-se por toda a região pantaneira, em alternância com os Campos Úmidos. As formações de contato entre as Savanas e a Floresta Estacional ocorrem com extensão territorial expressiva, geralmente acompanhando as principais drenagens, num mosaico entrecortado pelas formações campestres. Na região predomina uma estrutura fundiária de grandes propriedades, com pecuária extensiva associada à utilização de pastagens naturais e à periodicidade do regime de inundação. Nas áreas mais elevadas, na porção norte do Pantanal, a ocupação é mais 28 intensa, associada à produção pecuária com pastagens plantadas e com melhor nível de manejo. A atividade turística apresenta crescente importância na região, tendendo a representar uma expressiva fonte de recursos. A nordeste, no entorno de Barão de Melgaço, observam-se extensas pastagens alagadas sazonalmente e áreas de campos úmidos utilizadas como pasto na estiagem. A pesca é significativa na região, sendo Barão de Melgaço voltada para a pesca turística; a atividade representa uma das formas de subsistência da população local. Progressivamente para sul e para sudeste, rareiam as áreas de ocupação, predominando as formações campestres associadas ao uso pecuário. O sistema viário é precário e as atividades econômicas são limitadas pela sazonalidade das águas. Ocorrem pequenas propriedades com roças de mandioca e milho e pequenas criações, que na época das cheias são vendidas ou deslocadas para áreas mais elevadas. A sede distrital de Joselândia, por exemplo, tem infra-estrutura limitada (escola de 1o grau, posto telefônico, energia por gerador) e problemas advindos da dificuldade de acesso e da falta de opções de trabalho. Nestas áreas pantaneiras são poucas as áreas desmatadas no período 94/97 (FEMA); ocorrem de forma esparsa, na extensão de áreas de uso. Sua presença mais significativa é observada no interflúvio dos Rios Bento Gomes e Novo e às margens deste, na porção centro-oeste da Folha MIR-404; a sudeste, como expansão das áreas de uso; de forma fragmentada na porção central do território, sempre em ambientes das Savanas Arborizada e Parque. 29 5. BIBLIOGRAFIA BITTENCOURT, M. D. & PIVELLO, V. R., 1998. SIG e sensoriamento remoto orbital auxiliando o zoneamento ecológico. Investigaciones Geográficas, 36, 42p. BRASIL – Dep. Nacional de Produção Mineral. Projeto RADAMBRASIL, 1982 – Levantamento de Recursos Naturais. Folha Corumbá (SE-21). Rio de Janeiro. EMPAER. Diagnóstico do município de Canarana-MT. Cuiabá: EMPAER, 35p. 1997. IBGE, 1992. Manual técnica da vegetação brasileira / Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. - Rio de Janeiro: 92p. VELOSO, H.P., RANGEL-FILHO, A.L.R, LIMA, J.C.A. 1991. Classificação de vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE. Rio de Janeiro. 124 p. MATO GROSSO. ANEXOS ANEXO I - RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO CAMPANHA DE FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ANEXO II – RELAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO, ICTIOFAUNA E POTENCIAL PESQUEIRO ANEXO III – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO POR MUNICÍPIO ANEXO IV - FOTOGRAFIAS ANEXO V – FOLHAS POCONÉ E ILHA CAMARGO RELAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO, ICTIOFAUNA E POTENCIAL PESQUEIRO VEGETAÇÃO Campanha de Vegetação – Barão de Melgaço, realizada no período de 03 a 11/11/97. Amostragem florística e fitossociológica na localidade: V.01 – Coordenadas UTM 611.271, 8194.516. ICTIOFAUNA E POTENCIAL PESQUEIRO P.20 – Rio Cuiabá. Município de Barão de Melgaço. Coordenadas UTM 611.359, 8211.756. P.23 – Rio Cuiabá. Município de Poconé. Coordenadas UTM 524.877, 8080.812. FONTE: CNEC, 1997.