Ciências Sociais

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
CIÊNCIAS SOCIAIS
PROFA. MARILNE T. M. FERNANDES
AP_5
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO CIENTÍFICO SOBRE O SOCIAL I – OS PIONEIROS
Século XIX – Surge a Sociologia
A preocupação em conhecer e explicar os fenômenos sociais sempre foi uma preocupação da
humanidade. Porém, a explicação com base científica, é fruto da sociedade moderna, industrial e
capitalista. A formação da Sociologia no século XIX significou que o pensamento sobre o social se
desvinculou das tradições morais e religiosas.
Foi neste século, que as investigações dos fenômenos sociais ganham um caráter verdadeiramente
científico. Surgiu então o que se pode chamar de "reação positivista" e o criador da doutrina
positivista foi Augusto Comte, considerado o pai da Sociologia. Foi ele que usou este termo pela
primeira vez. O positivismo exalta a coesão social e a harmonia dos indivíduos em sociedade.
Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu pela primeira vez, reflexões sobre o
mundo social sob bases científicas. Em sua análise sobre o mundo social, compreendia a sociedade
como um grande organismo (organicismo), no qual cada parte possui uma função específica. O bom
funcionamento do corpo social depende da atuação de cada órgão.
Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a teológica, a
metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que os homens recorriam à
vontade de deus para explicar os fenômenos da natureza. A segunda fase, o homem já seria capaz de
utilizar conceitos abstratos, mas é somente na terceira base, que corresponde à sociedade industrial,
que o conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas que determinam os fenômenos.
Comte procurou estudar o que já havia sido acumulado em termos de conhecimentos e métodos por
outras ciências como a matemática, biologia, física, para saber quais deles poderiam ser utilizados na
sociologia. O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição
particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o todo social. Isso faz da
sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, mais diferencia e
isola os homens e os grupos entre si. Ele lutou para que todos os ramos de estudos se preocupassem
com a objetividade, com o verdadeiro espírito científico, seguindo a orientação da famosa fórmula
positivista:
"saber para prever, a fim de prover".
As principais contribuições teóricas
Os três teóricos clássicos da sociologia: Marx, Durkheim e Weber criaram concepções norteadoras
para a observação social e seguramente pode-se afirmar que qualquer estudo sociológico vai,
invariavelmente, ter uma filiação clara a um destes modelos teóricos ou a aspectos combinados
destes modelos.
Karl Marx (1818-1883) sua obra: O Capital. Filósofo social e economista alemão, contribuiu para o
desenvolvimento da Sociologia, ressaltando que as relações sociais decorrem dos modos de produção
(fator de transformação da sociedade). Nos primeiros anos após a morte de Marx, sua teoria obteve
crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários. Marx foi herdeiro da
filosofia alemã, considerado ao lado de Kant e Hegel um de seus grandes representantes. Foi um dos
maiores (para muitos, o maior) pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica com a
extensão e densidade de um Aristóteles, de quem era admirador.
A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas. Foi o fundador
do “materialismo histórico”. Para ele o homem é tão maleável quanto à história é interminável. O
marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo de
determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia. Portanto, não é
possível entender os conceitos marxistas como forças produtivas, sem levar em conta o processo
histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real, tendo como pressuposto que
o real é movimento, (processo dialético).
Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a
centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. A
História, isto é, suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação
da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos
os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação
fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências,
tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência.
O postulado básico do Marxismo é o "determinismo econômico", segundo o qual o fator econômico
é determinante da estrutura do desenvolvimento da sociedade.
O homem para satisfazer suas necessidades, atua sobre a natureza criando "relações de produção".
• Homem com outros homens  relação de produção
• Conjunto destas relações  modo de produção
• Força humana e ferramentas  forças produtivas
• Distribuição, circulação e consumo de mercadorias  sistema de produção que provoca uma
divisão de trabalho.
O choque entre as forças produtivas e os proprietários dos meios de produção determina a
mudança social.
Segundo Marx, as sociedades, assim como tudo o que vive traz em si o gérmen da sua própria
destruição. A história dos sistemas e modos de produção é uma constante superação do velho pelo
novo, segundo ele o declínio dos sistemas sociais se dá no seu próprio interior, quando os indivíduos
ao repetir suas formas vão recriando e transformando seu funcionamento. Karl Marx demonstra que
nos diferentes períodos históricos esse processo produtivo sempre foi organizado com base na
exploração de uma classe sobre a outra. Por esse motivo Marx vai cunhar a frase que se tornou
famosa: “A história da humanidade é a história da luta de classes”.
O conceito de Mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção dos lucros no
sistema capitalista, ainda no seu princípio, e que se dá da mesma maneira atualmente. O trabalho do
proletário (mão-de-obra assalariada) engrossa o lucro da burguesia (industriais que investem na
produção) à medida que o trabalhador nunca ganha o salário condizente com a sua produtividade, os
salários são sempre mantidos o mais baixos possível. Uma forma de manter os salários baixos é a
existência do desemprego e a tecnologia que gradativamente vai tomando conta dos processos
produtivos, desta maneira há sempre mais profissionais procurando emprego do que cargos à
disposição.
Para Marx o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais-valia seria o valor extra da mercadoria. A
diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe. Os operários em determinada produção
produzem bens (ex: 100 carros num mês), se dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado
dos operários teremos o valor do trabalho de cada operário. Entretanto os carros são vendidos por um
preço maior, esta diferença é o lucro do proprietário da fábrica, a esta diferença Marx chama de valor
excedente ou maior, ou mais-valor (Singer, 19).
Crítica - a crítica ao pensamento de Marx iniciou-se desde a publicação de suas primeiras obras e
prossegue principalmente entre seus seguidores e intelectuais preocupados em conhecer, desenvolver
e discutir a atualidade de suas ideias. Um deles foi o filósofo da ciência Karl Popper que discorda de
Marx quanto à história ser regida por leis que servem para antecipar o futuro num determinismo.
Referências Bibliográficas:
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005
OLIVEIRA, Pérsio S. Introdução à Sociologia. 22ed. São Paulo: Ática,1999.
LAKATOS, E. M. Sociologia Geral. 4ed. São Paulo: Atlas, 1982.
SINGER, P. Marx – Economia in: Coleção Grandes Cientistas Sociais; Vol 31.
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins, 2001.
Sugestões para Leitura:
Londres e Paris do século XX – Um espetáculo de pobreza – Maria S. Bresciani. São Paulo:
Brasiliense, 1982 (Col. Tudo é História).
Dialética e capitalismo – ensaio sobre o pensamento de Marx - Octavio Ianni. Petrópolis: Vozes,
1982.
Dicas de vídeo: Tempos modernos (1936. Direção de Charles Chaplin. Duração: 85 min.). Obra
prima do cinema mudo, durante a Depressão de 1929. O personagem Carlitos trabalha em uma
grande indústria como operário, de onde é despedido e torna-se líder grevista por acaso. Chaplin
procura denunciar o caráter desumano do trabalho industrial mecanizado, da tecnologia e da
marginalização de setores da sociedade.
ATIVIDADES
Na bandeira do Brasil está o lema “Ordem e Progresso”. Pesquise e apresente uma justificativa para
este lema ter sido inserido na bandeira nacional.
Explique resumidamente as ideias e contribuições de: Comte e Marx
Leia o texto abaixo e faça um comentário de aproximadamente 10 linhas sobre o que você entendeu
sobre ideologia.
Cite alguns filmes (assistidos ou comentados) em que se percebem as questões tratadas nessa aula.
(título, país de origem, ano, direção, atores principais e assunto).
Leitura Complementar:
IDEOLOGIA
A alienação social se exprime numa “teoria” do conhecimento espontâneo, formando
um senso comum da sociedade. (...)
Um exemplo desse senso comum aparece no caso da “explicação” da pobreza, em que
o pobre é pobre por sua própria culpa (preguiça, ignorância) ou por vontade divina ou
por inferioridade natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado de uma
elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais da
sociedade – sacerdotes, filósofos, cientistas, professores, escritores, jornalistas, artistas
-, que descrevem e explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe dominante
de sua sociedade. Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social é a
ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as ideias de uma das classes
sociais – a dominante e dirigente – tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as
classes e de toda a sociedade.
A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas,
dando-lhes a aparência de indivisão social e de diferenças naturais entre os seres
humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que
somos todos iguais porque participamos da ideia de “humanidade”, ou da ideia de
“nação” e “pátria”, ou da ideia de “raça”, etc. Diferenças naturais: somos levados a
crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela
divisão social das classes, mas por diferenças individuais dos talentos e das
capacidades de inteligência, da força de vontade maior ou menos, etc. (...)
Por exemplo, a ideologia afirma que somos todos cidadãos, e portanto, temos todos os
mesmos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais. No entanto, sabemos que
isso não acontece de fato: as crianças de rua não têm direitos; os idosos não têm
direitos; os direitos culturais das crianças nas escolas públicas é inferior aos das
crianças que estão em escolas particulares, pois o ensino não é de mesma qualidade
em ambas; os negros e índios são discriminados como inferiores; os homossexuais são
perseguidos como pervertidos, etc.
A maioria, porém, acredita que o fato de ser eleitor, pagar as dívidas e contribuir com
os impostos, já nos faz cidadãos, sem considerar as condições concretas que fazem
alguns serem mais cidadãos do que outros. A função da ideologia é impedir-nos de
pensar nessas coisas.
Marilena Chauí
Convite à Filosofia, São Paulo: Ática, 2000.
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