A 14 Quaresma 3º Domingo Ex 17,3-7; Rm 5,1-2.5-8; Jo 4,5-42 1) Água no deserto Ex 17,3-7 No deserto não só faltava a água, mas faltava qualquer perspectiva de encontrá-la. A solução dada por Deus ensina-nos a olhar, atônitos, para a SUA inefável providência e misericórdia. Em tantos momentos falta em nossa vida algo essencial. É bom sentirmo-nos diante de Deus como o povo no deserto, necessitando de água. E esta água é a graça, a paz de Deus. Se rezarmos a Ele, Deus não deixará os seus filhos na indigência espiritual. 2) Olhar para o Cristo (Rm 5,1-2.5-8) A fé leva-nos a olhar para o Cristo neste tempo da Quaresma, longa preparação para a Páscoa da nossa redenção. Na segunda leitura deste terceiro domingo da Quaresma, lemos e meditamos uma frase de grande peso. Diante da obra de Deus em Jesus, todas as discussões devem parar; a própria reflexão teológica deve emudecer, para transformar-se em oração, em adoração diante do mistério da Cruz do Redentor. São Paulo faz uma reflexão radical diante da Cruz. A entrega de amor de Jesus constitui uma prova indizível. Morreu livremente, por amor. Não morreu por amigos. Quando ele foi crucificado, todos estávamos ainda marcados com o pecado de Adão, e sobrecarregados com os nossos inúmeros pecados pessoais. Por estes, Jesus se ofereceu e suplicou ao Pai: “Pai, perdoa a eles!” (Lc 23,34). Paulo toca no mais radical mistério da graça. Quando nenhuma graça nos tocava ainda, quando carregávamos os pecados de Adão e os nossos, então se manifestou a misericórdia divina: “Talvez alguém consentisse em morrer por um justo... (8) Mas eis a prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,7-8). Diante da cruz, só podemos cair de joelhos e confessar: “É por mim que Teu Filho, ó Pai, morreu, antes de eu estar na graça, mas quando eu ainda estava marcado pelo pecado”. 3) “Dá-me de beber” (Jo 4,5-42) Este Evangelho oferece-nos uma magnífica síntese da vida espiritual. O Santo Padre o Papa Bento XVI, em sua mensagem enviada a toda a Igreja para o tempo da Quaresma do ano 2011, diz: “O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4,7),... exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14)”. Por amor a esta alma, Jesus ultrapassa as normas dos costumes judeus. “Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana!” (4,9). No final, quando os discípulos voltam, Jesus nem faz questão de beber. A sua sede era sede divina, sede de almas a santificar. Agora, a mulher já começou a crer, e ela deseja beber da água que Jesus oferece, da água espiritual. Enquanto Jesus pede de beber, ele quer acordar a sede divina na mulher. A ela ele quer oferecer a “água a jorrar para a vida eterna”. Esta sede é em nós “a sede do bem, da verdade e da (verdadeira) beleza” (Bento XVI). Esta água espiritual é o Espírito Santo que nos ensina as coisas de Deus, que nos dá a sede de Deus, que nos torna capazes de sermos “verdadeiros adoradores” de Deus. É este o grande dom da Quaresma, em vista da Páscoa, que saibamos adorar o Pai como filhas, como filhos amados. Formulemos o pedido a Jesus: “Ó divino Redentor, no deserto de nossa vida, dá-nos de beber a vida que jamais morre!”