não importava gênero ou canto, instrumento ou arranjo

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FHERNANDA FERNANDES
Houve época em que o Brasil sabia que a boa novidade musical - não
importava gênero ou canto, instrumento ou arranjo - tinha endereço
conhecido: os festivais. A história recente da música brasileira foi escrita
por duas, senão três, gerações batizadas nos cerimoniais dos júris eruditos
e populares, cujos veredictos determinaram o norte de incontáveis
estradas. Dentre tantas elas a de Fhernanda.
Nascida, criada, transitada em julgado em Vila Isabel, possui aquele
feitiço sem farofa, sem vela e sem vintém que nos faz bem e lhe confere o
direito de dizer: modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila. A mesma
Vila que entronizou Noel e trouxe Martinho à luz.
No início da década a Rede Globo de Televisão
promoveria o “Festival MPB 80”. Uma das canções
finalistas foi “Devassa”, de Wania de Andrade e Solange
Boeke, entregue à Fhernanda, cuja interpretação
personalíssima seria perenizada no seu primeiro disco
pela gravadora RGE. Estava dado o primeiro passo de
uma carreira que ultrapassou fronteiras cantando com
voz inconfundível os valores centrados no amor.
No ano seguinte ao do festival a
Um LP em que Fhernanda
Duran, Caetano Veloso, Danilo
Guedes em meio a composições
reconhecimento e confiança de
no novo talento.
RGE lançou “Fera”.
interpreta
Dolores
Caymmi,
Fátima
suas. Uma prova de
consagrados autores
O lado da compositora é revelado nas parcerias com Isolda (Gosto de
Hortelã, Procura-se, Déjà-Vu, Definitivamente), Sarah Benchimol (Marajó,
Taquicardia, Refil, Afluentes), Fafy Siqueira (Blues da Moto), Karla Sabah
(Canção da Ausência), canções incorporadas aos repertórios de Nelson
Gonçalves, Emílio Santiago, Rosa Marya Collin, Elymar Santos, no de Fafy
Siqueira, no de Karla Sabah e no seu próprio.
Chegada a hora de mostrar sua arte em outros cantos. Em 1989, um disco
ao vivo gravado no Teatro Ipanema foi lançado em Paris, para onde
Fhernanda se mudaria e viveria por quatro anos. Shows nas mais
destacadas casas de espetáculos da Europa lhe valeram o timbre
internacional desejado por todo artista. Na Bélgica e na Holanda
confirmou o talento brasileiro participando de concertos ao lado de
Egberto Gismonti, Mercedes Sosa, Tuck & Patty, Winton Marsalis, entre
outros.
O reconhecimento obtido do público e da crítica
especializada, motivaram o selo francês Nocturne a
convidá-la a lançar um CD. Assim, o trabalho que
ensejou a ida a Paris, o show do Teatro Ipanema,
recebeu o nome de “Gosto de Hortelã” e foi distribuído
em diversos países da Europa e também no Japão.
Durante um período de férias no Brasil recebeu
proposta do selo Caju Music para editar aqui o CD “Gosto de Hortelã”. O
gosto da hortelã misturou-se ao gosto da terra e a vontade de ficar foi
mais forte. O tempo fora de casa, a distância dos amigos, os locais e os
hábitos de outrora, foram a fonte de inspiração para prosseguir daqui a
caminhada pela estrada da MPB, da qual nunca se afastara em
pensamento e obra.
Os tempos eram outros, o despertar do novo século sugeria novas práticas
e a obrigaria ao desafio da autoprodução. As gravadoras vitimadas pela
pirataria haviam perdido o interesse por nomes que não fossem
comprovadamente populares e de consumo garantido pelas ações de
mídia. A solução seriam as Produções Independentes. Se por um lado
premida por custos, por outro liberta para criar.
“Definitivamente”, em 2001, foi o primeiro trabalho
independente. Produzido em parceria com Alceu Maia
e Sarah Benchimol, apresenta composições suas e de
Sarah ao lado das de Isolda e Jackie Silveira. Como ela
mesma comenta na capa do CD: “um sonho que a
confiança e a crença de amigos tornaram
Definitivamente realidade.”
Em dezembro de 2004, uma nova produção
independente concebe um CD autoral da primeira à
última faixa, revelando como novos parceiros a poetisa
Luly Linhares e seu filho José Luiz Cardoso. Navegando
em Sambas, Bossa-Nova, Jazz e Blues, Fhernanda alia a
alma quente de contralto aos primorosos arranjos de
Pedro Braga e do cubaníssimo maestro Ricardo
Castellanos, mostrando, com impecáveis bom gosto e qualidade musical,
ser ela a timoneira do seu próprio destino. Assim nasceu “Capitão de
Mim”, uma narrativa quase cronológica que singra pelos mares das
emoções sentidas e vivenciadas. Destacam-se no projeto a concepção
gráfica da designer Célia Basto e o depoimento de um mestre:
“Era uma vez Deus. Encontrou Fhernanda que cantava e disse:
- Escreve o amor. Ele é a razão de tudo.
E Fhernanda escreveu maravilhas. Novamente Deus falou:
- Canta o amor.
E Fhernanda cantou o que tinha dentro do peito. Era lindo! Finalmente Deus
disse:
- Tua paz é a canção. Vai nela. Eu te abençôo por todos os motivos.”
E eu também!
Billy Blanco
Como já foi dito antes, Fhernanda começou sua carreira em 1980, no
Festival MPB 80 da TV Globo.
Isto quer dizer que esse ano, ela completa 30 anos de carreira.
Para comemorar, ela vai nos brindar com um novo CD, intitulado “Eu Sou
Assim”, que já está em fase de preparação e que será lançado até o final
do ano.
Nesse novo trabalho, ela fará algumas regravações de clássicos da nossa
música, mostrará novas canções autorais e também passará assinar
Fhernanda Fernandes, que é seu sobrenome.
O lançamento será feito com um grande show e contará com
participações especiais de outros artistas.
Enquanto prepara o novo CD, ela continua se apresentando pelo Brasil,
em bares, sozinha com seu violão ou em casas de shows como:
Rio Scenarium, Centro Cultural Carioca, Estrela da Lapa, Estudantina,
alguns Sescs no Rio de Janeiro, Villággio Café, Teatro Crowne Plaza, em
São Paulo, acompanhada da sua banda “Com Tudo Em Cima... Pra
Dançar...”.
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