A deputada federal Benedita da Silva (PT

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A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) pronuncia o seguinte
discurso:
Senhor presidente, senhoras e senhores deputados,
“A vida é uma peça de teatro que não
permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria
e viva intensamente, antes que a cortina se feche
e a peça termine sem aplausos” (Charles Chaplin)
Quero fazer uma singela homenagem ao dia 19 de
agosto, dia dos atores do teatro no Brasil.
Importante lembrar que o teatro no Brasil surgiu
aproximadamente no século XVI impulsionado pela propagação da
fé religiosa. Podemos lembrar, por exemplo, do Padre Anchieta que
escreveu algumas composições teatrais objetivando a catequização
dos indígenas.
Com a transferência da corte portuguesa para o Rio de
Janeiro, em 1808, houve um grande avanço no teatro,
consolidando-se após a independência.
Entretanto, o contexto histórico pós-independência vai
culturalmente e politicamente pluralizando, dando espaço ao livre
pensamento e a criatividade, chegando ao seu ápice com a
atuação de João Caetano, um dos principais protagonistas na
introdução do teatro no Brasil.
O ator João Caetano teve a iniciativa de formar, em
1833, uma companhia brasileira, historicamente vinculada a dois
acontecimentos fundamentais da história de nossa dramaturgia.
Atuou na estréia, em 13 de março de 1838, da peça Antônio José
ou O Poeta e a inquisição, de autoria de Gonçalves Dias; e, em 4
de outubro de 1838, a estréia da peça “O juiz de Paz na Roça”, de
autoria de Martins Pena. Aclamada na época de o “Molière
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brasileiro” inaugurou a comédia de costumes, um dos gêneros mais
marcantes da nossa tradição cênica.
João Caetano foi o primeiro a se preocupar com a
transmissão do conhecimento sobre a arte de interpretar,
escrevendo suas Lições Dramáticas nas quais preconiza uma
representação mais clássica.
No século 20 tivemos um ambiente cultural onde se
despontou um sólido teatro de variedades, mesclando-se pela
influência francesa e portuguesa. A influência dos movimentos
modernos que eclodiam pela Europa só chegou no Brasil pelas
mãos e obra de Oswald de Andrade, com destaque para O Rei da
Vela, encenada posteriormente na década de 1960, com a atuação
de José Carlos Martinez.
Também vale a pena lembrar que o teatro se consolida
durante a década de 40 a partir da encenação de Vestido de Noiva,
do Nelson Rodrigues, ampliando-o além do ponto de vista da
dramaturgia. A partir dele, a própria narrativa histórica e política do
Brasil se confunde com o próprio tablado.
Nesta rápida pincelada histórica podemos deduzir que
não há quem não reconheça que o teatro é o momento glorioso da
nossa cultura e que atiça a nossa alma e curiosidade em querer
descortinar a magia do tablado, de seu cenário deslumbrante e da
atuação do ator.
O teatro é capaz de romper os nossos formalismos
sociais dando-nos momentos de risos incontidos, de celebração,
reflexão da vida e de narrativas múltiplas acerca da nossa vida tal
como nos é apresentada.
Contudo, este encantamento pelo teatro só é possível
quando no seu inebriante tablado, vozes de atores descerram as
cortinas dando o sopro da vida ao enigmático cenário e ao texto do
autor, deixando-nos fitados em cada gesto, fala e movimento do
ator.
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O ator de teatro é um ser do tablado que sai da obra
produzida e é capaz de colocar o improviso quando o previsto foge
a sua mente. Nesta simbiose de representação de palavras e de
gestos contingenciais, dificilmente o espectador saberá decifrar a
fronteira do improviso e do previsto, bastante peculiar ao universo
cênico.
O ator de teatro é o ser artístico do tempo real; do frente
a frente com seu público, dando vida, veracidade, brilhantismo e
alimentando sonhos nos momentos de representação teatral.
O Brasil é um país da teatralidade fértil e multifacetária e
está presente em todo o território nacional. Dos espaços estáticos
às ruas, o ator de teatro se apresenta nas mais variadas formas de
representação textual dando sabor a vida para milhões brasileiros
que vão de encontro com ator seja em casa de teatro, nas ruas,
praças ou mambembes.
Do norte ao sul do Brasil; dos centros urbanos a
periferia, o ator de teatro está presente onde está a população. Ator
é ser do espaço cênico que vai de encontro ou acolhe o seu
público. Numa troca de energia do tablado com público, faz do
Brasil um verdadeiro celeiro de atores.
Parabéns a todos os atores de teatro do Brasil que em
diversas formas de expressões cênicas fazem do palco um lugar de
reflexo da nossa vida e dos nossos dilemas existenciais.
Muito obrigada
Deputada Benedita da Silva
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