Hidrografia - Prof. Henrique Silva

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HIDROGRAFIA
As atividades humanas possuem uma ligação profunda com o elemento líquido do planeta, quer sejam os
oceanos, os rios ou os lagos.
A HIDROGRAFIA se define como a parte da Geografia Física que estuda a porção líquida da terra: as águas
correntes, paradas e oceânicas. Divide-se em hidrografia superficial terrestre, subterrânea e marítima.
OS OCEANOS
Todos os grande oceanos apresentam topografia semelhante, em que as plataformas e os taludes continentais
descem da linha costeira até as planícies abissais, onde se elevam montanhas submarinas. A topografia das
grandes profundidades tem-se revelado através de sondagens acústicas e sísmicas, ao mesmo tempo que se
têm adquirido algumas idéias de sua aparência e composição pelas amostras de rochas colhidas
nas perfurações profundas, comparando-as com antigas rochas oceânicas, que agora fazem parte das
montanhas expostas na porção emersa do planeta.
Características principais dos oceanos
• a vida nos oceanos é abundante e constitui importante fonte de alimentos para o homem;
• o mar é grande fornecedor de produtos químicos e minerais, tais como sais, petróleo, areia, etc.;
• cerca de 50% das reservas mundiais de petróleo estão nos mares;
• a dessalinização da água do mar já é uma realidade em muitos países, principalmente os situados em
regiões áridas;
• os oceanos exercem grande influência no clima;
• os oceanos desempenham importante papel nos setores de transporte e comunicação em todo o mundo;
• como a água possui grande capacidade de armazenar calor, os oceanos desempenham importante papel
como reguladores térmicos ou climáticos.
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Oceano Atlântico
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Oceano Pacífico
• É o mais vasto, possuindo a
maior profundidade.
• Apesar do nome, está na região
de maior ocorrência de
fenômenos físicos. Região do
“Círculo do Fogo do Pacífico”.
• Fornece mais da metade do
pescado do mundo;
• Suas correntes principais são:
KURO-SIVO, no Japão, a da
Califórnia nos EUA, a Equatorial Sul, da Austrália Ocidental,
a Circumpolar Antártica e a corrente de Humboldt, no Peru.
• É o segundo em extensão.
• Ainda é o mais importante (em
termos de futuro, espera-se
uma maior competição na
importância comercial, devido à
Bacia do Pacífico – região
comercial japonesa).
• É o resultado do movimento
divergente das placas tectônicas.
• Suas correntes principais são: Golfo, Equatorial Norte,
Benguela, Canárias.
Oceano Índico
• Resultado da fragmentação do continente Gondwana, que se deslocou separando o norte do
subcontinente indiano que, inicialmente, era ligado à África e à Austrália, e da sua colisão com
a placa Indo-australiana.
• Suas correntes principais são: a Ocidental da Austrália, a Equatorial Sul e a de Moçambique.
• Seu grande destaque são as monções que provocam grandes mudanças sazonais na direção
das correntes da superfície.
• Usado na história como rota mercantil, viu aumentar sua importância devido ao petróleo
encontrado no Golfo Pérsico e à construção do Canal de Suez, reduzindo fantasticamente a
rota dos navios.
Classificação dos mares
Classificam-se de acordo com o tipo de ligação que possuem com os oceanos ou outros mares, podendo ser:
• Abertos ou costeiros: ligados aos oceanos por amplas entradas. Ex.: Mar Arábico e Mar das Antilhas, etc.
• Mediterrâneos ou interiores: ligados aos oceanos por estreitos ou canais. Ex.: Mar Negro, Mar Mediterrâneo, etc.
• Isolados ou fechados: quando não se comunicam com oceanos e outros mares, sendo que, no passado, já
tiveram esta comunicação. Ex.: Mar Cáspio, Mar de Aral, etc.
Oceanos e mares
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
MAR DE BEAUFORT
MAR DA NORUEGA
Círculo Polar Ártico
MAR DO NORTE
MAR DE
BERING
MAR BÁLTICO
EUROPA
ÁSIA
AMÉRICA
DO NORTE
MAR CÁSPIO
MAR
MEDITERRÂNEO
MAR NEGRO
Trópico de Câncer
OCEANO
PACIFICO
AMÉRICA
CENTRAL
MAR VERMELHO
ÁFRICA
OCEANO
OCEANO
PACÍFICO
MAR DA
ARÁBIA
ATLÂNTICO
AMÉRICA
DO SUL
Trópico de Capricórnio
MERIDIANO DE GREENWICH
Equador
MAR DAS ANTILHAS
OCEANIA
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Círculo Polar Antártico
ANTÁRTIDA
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Dois mares, dois problemas
O mar Morto, por estar situado em região árida (entre
Israel e Jordânia) e apresentar evaporação superior ao
recebimento de água doce, é o mais salgado de todos os
mares. Situa-se numa depressão a 395 m abaixo do
nível do mar. O Mar de Aral, localizado entre o Casaquistão
e o Ubesquistão, países componentes da ex-URSS, está
morrendo. Sua morte foi decretada quando burocratas do
Partido Socialista, de Moscou, decidiram transformar as
estepes asiáticas centrais em terras para a produção de
arroz e algodão, irrigando-as com águas desviadas dos
dois principais rios alimentadores do Mar de Aral: os rios
Sirdária e Amudária. Depois disso, o Mar de Aral se viu
reduzido à metade em apenas trinta anos, e continua
diminuindo. E uma catástrofe ecológica se faz anunciada:
as águas do Aral regulavam o clima, que se viu alterado; e
as estepes, irrigadas em demasia, foram transformadas
em pântanos envenenados com pesticidas agrícolas.
Os canais artificiais
O canal do Panamá
As obras do canal tiveram início em 1904, mas só
foram concluídas em 1914. Sua construção economiza uma
viagem de mais de 20 mil quilômetros, distância que um
navio percorre para ir da costa da América Central até a
costa leste pela rota do Cabo Horn ou do Estreito de
Magalhães. O canal tem 81 quilômetros de extensão, largura
variável de 90 a 350 metros (as eclusas, 33,5 por 305 metros)
e profundidade entre 12 e 30 metros. Três grupos de
comportas (Miraflores, Pedro Miguel e Gatún) compensam
o desnível entre os dois oceanos. Uma ferrovia de 77
quilômetros de extensão acompanha o canal, ligando as
cidades de Panamá (no Pacífico) e Cólon (no Atlântico).
Nos acordos assinados no início do século, o
Panamá cedeu perpetuamente os direitos de construção e
exploração do canal, além de uma faixa de 8 quilômetros,
adjacente a cada margem do canal - a zona de segurança com 1.432 quilômetros quadrados. Incluíam-se também as
águas dos dois oceanos a uma distância de 5 quilômetros
da linha média das marés, juntamente com todas as ilhas
que estivessem dentro dessa faixa.
Entretanto, de acordo com o Tratado Carter-Torrijos,
assinado em 1977, a posse do canal foi transferida para o
Panamá no final de 1999, quando os norte-americanos se
retirararam em caráter definitivo, mas reservando-se o direito
de reocupá-lo caso sua segurança seja ameaçada.
RETIRADO DO LIVRO - VIÉGAS, Sílvio E BORBA, Nívia. - TERRA PLANETA DE GEOGRAFIA. EIXO SUL.
Canal do Panamá
Lago Gatún
Lago Miraflores
Canal de Suez
Construído para escoar o tráfego marítimo entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Possui 173
Km de extensão, estendendo-se deste Port Said, no
Mediterrâneo, até o porto de Suez, atravessando o
lago Amargos. Foi inaugurado em novembro de 1869,
permitindo reduzir a viagem até a Índia em mais de
11.000 Km. Foi administrado até 1875 por uma
companhia francesa, da qual a Grã-Bretanha se tornou
a principal acionista até 1956. Nesse ano, o presidente
egípcio Gamal Abdul Nasser nacionalizou a
companhia, dando origem ao conflito de Suez, entre o
Egito e a Grã-Bretanha, França e Israel, e durante o
qual os egípcios bloquearam o canal com navios
afundados. Bloqueado de novo em 1967, durante a
guerra dos Seis Dias, o canal foi reaberto em julho de
1975. Alargado para permitir a passagem de petroleiros
e totalmente sob o controle do Egito, o canal é utilizado
por mais de 20.000 navios por ano.
AS CORRENTES MARÍTIMAS
As correntes marítimas são resultado da
combinação de vários elementos: o atrito dos ventos, o
calor do sol, a rotação da Terra, as diferentes
densidades da água dos oceanos. Esses elementos
são capazes de deslocar grandes volumes de água.
O movimento de rotação da Terra e a formação
e posição das massas continentais afetam a direção
que as correntes tomam.
O desvio dos corpos em movimento, devido ao
movimento da rotação da Terra, é conhecido como o
efeito Coriolis. As correntes circulam, ao norte do
Equador, em sentido horário e ao sul do equador, em
sentido anti-horário, ao contrário das correntes do norte.
A densidade da água do mar aumenta à medida
que sua temperatura cai e a salinidade aumenta. O
Sol, aquecendo as águas equatorias, torna-as menos
densas, porém a evaporação aumenta a sua salinidade.
O gelo e o ar frio esfriam as temperaturas das águas
polares. A chuva e o gelo em fusão e os rios diluem a
salinidade.
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Agora citaremos apenas algumas correntes mais importantes, com suas áreas de atuação.
• Labrador: acentua o rigor climático da costa oriental dos EUA, (invernos rigorosos em Nova York) atingindo sua
rigorosidade no litoral leste do Canadá.
• Golfo ou Gulf Stream: conhecida ainda como corrente do México, ameniza os rigores climáticos da costa
ocidental européia, atuando no litoral das ilhas Britânicas e atingindo até parte da península de Kola, na Rússia.
• Humboldt: conhecida, também, como corrente do norte do Chile, provoca uma grande aridez nesta região,
sendo responsável pela presença do deserto de Atacama, considerado um dos mais áridos do mundo.
• Califórnia: atua na região Sudoeste dos EUA, acentuando sua aridez na área litorânea e provocando, também,
o aparecimento de deserto nesta área.
• Benguela: atua no Sudoeste da Costa ocidental da África, acentua sua aridez e é responsável, também, pela
presença do deserto da Namíbia, também conhecido como Calaari.
A POLUIÇÃO DOS OCEANOS
A utilização maciça dos oceanos como meio de
transporte, combinada com o “modus vivendi” da
sociedade contemporânea, tem trazido enormes
problemas de cunho ecológico, traduzidos em poluição das
águas oceânicas, com graves problemas para o
ecossistema marinho.
O mar é grande fornecedor de alimentos para a
humanidade. Esse fato tem sido alterado, graças à utilização dos oceanos como meio de transporte da principal fonte de energia do mundo moderno: o petróleo.
Além de ser utilizado como transporte, os oceanos
têm sido usados como depósitos de lixo de várias origens,
quer sejam urbanos, quer sejam de detritos radioativos.
As rotas dos petroleiros são consideradas zonas
de alto risco de poluição, devido, entre outras razões, aos
constantes vazamentos e à possibilidade de naufrágio. Nas
zonas de poluição marítima permanente e muito
acentuada, o vínculo com a poluição petrolífera é evidente:
trata-se de locais onde se encontram terminais marítimos,
por onde o petróleo é exportado ou importado, ou nas
plataformas continentais, onde é explorado. Nos dois
exemplos, o vazamento de petróleo é uma constante. As
áreas hidrográficas mais poluídas do mundo são as
regiões de grandes movimentos econômicos, como
exemplo os grandes portos recebedores e exportadores
de petróleo.
As águas continentais
As águas acumuladas nas áreas emersas recebem
a denominação de águas continentais e são representadas
pelos rios, lagos e geleiras, à exceção dos antigos lagos
de origem marinha. Estas águas são conhecidas como
águas doces.
As águas dos lençóis subterrâneos escoam,
acompanhando a declividade da camada rochosa, que,
em determinado ponto, pode encontrar-se com o nível
superficial. Aí surgem as nascentes, bicas, olhos d’água.
Essa é uma das formas pela qual um rio tem origem. Sua
origem pode ser também conseqüência de alta
pluviosidade, do degelo nival do alto das montanhas, ou
do transbordamento dos lagos.
Os rios são de fundamental importância para a
organização do espaço: as primeiras civilizações humanas
se estabeleceram às margens de rios - Tigre, Eufrates e
Nilo.
A importância das águas fluviais vai mais além:
propiciam a navegação, quando estabelecidas em uma
planície; permitem a construção de usinas geradoras de
energia elétrica, quando estabelecidas em regiões
planálticas; abastecem as populações; proporcionam a
irrigação, favorecendo a atividade agrícola. Sua atuação
sobre o relevo é de extrema importância, formando
planícies aluviais, férteis, permitindo a concentração
populacional, graças à fertilidade de seus solos.
O trabalho dos rios
Em seu caminho, da nascente à foz, o rio exerce
as atividades de: destruição, transporte e deposição.
O trabalho de destruição consiste em escavar seu
leito. Este trabalho é realizado tanto mais rápido quanto
maior for o volume de suas águas, a rapidez da corrente e
a quantidade de materiais carregados. Onde são
encontrados obstáculos, representados por rochas mais
resistentes, as águas, ao forçar seu caminho, formam
corredeiras; se existe um desnível, vão formando as
vertentes dos vales.
O rio realiza o trabalho de transporte carreando
materiais desagregados nas margens e nos vales para
suas águas. O transporte é realizado de diferentes
maneiras, como: material em solução, dissolvidos em
suas águas; material em suspensão, transportados em
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mistura com as suas águas, como é o caso da argila, da
silte, que somente são depositados quando as águas
diminuem a velocidade e a agitação, como quando um rio
encontra um lago ou uma represa.
O trabalho de construção do rio é feito através da
deposição do material desagregado nas suas margens,
formando as planícies aluviais.
O resultado dos trabalhos de destruição que são
executados pelos rios é percebido ao longo de seu curso
fluvial, quando podem ser observados vales de formas
diferentes: em forma de U, em forma de V, ou em forma de
fundo chato.
A drenagem fluvial é composta por um conjunto de
canais de escoamento interligados, formando a bacia de
drenagem.
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ELEMENTOS DE UMA REDE HIDROGRÁFICA
As partes de um rio:
• Leito: é o canal por onde o rio escoa suas águas.
• Margens: são as bordas de seu leito; temos a
margem direita e a margem esquerda.
• Afluentes: são os rios que desaguam no rio principal.
• Vertentes: são as encostas das elevações que
margeiam a rede hidrográfica.
• Rede hidrográfica: é o conjunto do rio e seus
afluentes e subafluentes.
• Curso de um rio é o caminho percorrido por ele,
da nascente até a foz.
• O curso do rio é dividido em três partes: curso
superior, próximo à nascente ou cabeceira; curso
médio, na metade de seu curso e curso inferior,
próximo à foz.
• Bacia hidrográfica é toda a região banhada por
um rio principal, seus afluentes, seus subafluentes
e as terras banhadas por eles.
• Subafluentes são os rios secundários que
desaguam nos rios afluentes.
• Nascente ou cabeceira é onde nasce o rio, e foz é
onde o rio joga suas águas em outro rio ou no mar.
• Divisor de águas são as elevações - montanhas,
serras, morros, - que separam as águas de um
rio de outro rio, ou interflúvios.
Bacia do Rio Capibaribe, em
Pernambuco.
• Débito, descarga ou vazão é a quantidade de
água que passa por determinado ponto durante
um determinado tempo - segundo, minuto, hora.
O volume das águas de um rio varia no decorrer
do ano, e é chamado regime do rio. O regime do
rio depende, em grande parte, da origem de suas
águas. Outros fatores podem influir sobre o regime fluvial: a natureza do solo, o relevo, a
presença, ou não, de florestas e de lagos.
• Vales fluviais significam a parte que se estende
de um interflúvio a outro, abrangendo o talvegue,
o leito, as margens e as vertentes, que são as laterais dos vales fluviais, desde a margem até o interflúvio.
• Talvegue é a parte mais profunda no leito do rio.
• Foz ou embocadura é o ponto em que termina um
rio, podendo ser foz em estuário, quando
apresenta apenas uma saída no mar, foz em delta
com várias saídas e foz mista, ou seja, os dois
casos em um só rio, exemplo rio Amazonas.
• Regime fluvial é a variação sazonal do volume de
água do rio durante um ano.
• Jusante: é a parte do rio em direção à foz a partir
de determinada parte do rio.
• Montante: é a parte do rio em direção à nascente
a partir de determinada parte do rio.
Margem esquerda
Afluente
Nascente
Confluência
Afluente
Subafluente
Margem direita
Foz
Recife
FONTE: AZEVEDO GG, MARQUES
SANTOS. PANORAMA DO BRASIL,
VOL. 1, PÁG. 78. ED. ATUAL.
Esquema de um
curso fluvial:
A - Curso superior
B - Curso médio
C - Curso inferior
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A
B
C
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1. Vale fluvial
2. Meandro
3. Desembocadura
em delta
4. Oceano
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Classificação das bacias
Exorréica
Endorréica
Arréicas
Quando o escoamento da água se faz de modo contínuo, da nascente até o oceano.
Quando a drenagem é interna, desembocando em lagos ou mares fechados.
Quando a drenagem aparece em climas áridos ou semi-áridos, e desaparecem (rios
intermitentes ou temporários).
Criptorréicas Quando os rios são subterrâneos, próprios de regiões calcárias, chamados na geologia de
terrenos de Kars’t.
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