HIDROGRAFIA As atividades humanas possuem uma ligação profunda com o elemento líquido do planeta, quer sejam os oceanos, os rios ou os lagos. A HIDROGRAFIA se define como a parte da Geografia Física que estuda a porção líquida da terra: as águas correntes, paradas e oceânicas. Divide-se em hidrografia superficial terrestre, subterrânea e marítima. OS OCEANOS Todos os grande oceanos apresentam topografia semelhante, em que as plataformas e os taludes continentais descem da linha costeira até as planícies abissais, onde se elevam montanhas submarinas. A topografia das grandes profundidades tem-se revelado através de sondagens acústicas e sísmicas, ao mesmo tempo que se têm adquirido algumas idéias de sua aparência e composição pelas amostras de rochas colhidas nas perfurações profundas, comparando-as com antigas rochas oceânicas, que agora fazem parte das montanhas expostas na porção emersa do planeta. Características principais dos oceanos • a vida nos oceanos é abundante e constitui importante fonte de alimentos para o homem; • o mar é grande fornecedor de produtos químicos e minerais, tais como sais, petróleo, areia, etc.; • cerca de 50% das reservas mundiais de petróleo estão nos mares; • a dessalinização da água do mar já é uma realidade em muitos países, principalmente os situados em regiões áridas; • os oceanos exercem grande influência no clima; • os oceanos desempenham importante papel nos setores de transporte e comunicação em todo o mundo; • como a água possui grande capacidade de armazenar calor, os oceanos desempenham importante papel como reguladores térmicos ou climáticos. Geografia - M1 1 Tecnologia Oceano Atlântico N ITAPECURSOS Oceano Pacífico • É o mais vasto, possuindo a maior profundidade. • Apesar do nome, está na região de maior ocorrência de fenômenos físicos. Região do “Círculo do Fogo do Pacífico”. • Fornece mais da metade do pescado do mundo; • Suas correntes principais são: KURO-SIVO, no Japão, a da Califórnia nos EUA, a Equatorial Sul, da Austrália Ocidental, a Circumpolar Antártica e a corrente de Humboldt, no Peru. • É o segundo em extensão. • Ainda é o mais importante (em termos de futuro, espera-se uma maior competição na importância comercial, devido à Bacia do Pacífico – região comercial japonesa). • É o resultado do movimento divergente das placas tectônicas. • Suas correntes principais são: Golfo, Equatorial Norte, Benguela, Canárias. Oceano Índico • Resultado da fragmentação do continente Gondwana, que se deslocou separando o norte do subcontinente indiano que, inicialmente, era ligado à África e à Austrália, e da sua colisão com a placa Indo-australiana. • Suas correntes principais são: a Ocidental da Austrália, a Equatorial Sul e a de Moçambique. • Seu grande destaque são as monções que provocam grandes mudanças sazonais na direção das correntes da superfície. • Usado na história como rota mercantil, viu aumentar sua importância devido ao petróleo encontrado no Golfo Pérsico e à construção do Canal de Suez, reduzindo fantasticamente a rota dos navios. Classificação dos mares Classificam-se de acordo com o tipo de ligação que possuem com os oceanos ou outros mares, podendo ser: • Abertos ou costeiros: ligados aos oceanos por amplas entradas. Ex.: Mar Arábico e Mar das Antilhas, etc. • Mediterrâneos ou interiores: ligados aos oceanos por estreitos ou canais. Ex.: Mar Negro, Mar Mediterrâneo, etc. • Isolados ou fechados: quando não se comunicam com oceanos e outros mares, sendo que, no passado, já tiveram esta comunicação. Ex.: Mar Cáspio, Mar de Aral, etc. Oceanos e mares OCEANO GLACIAL ÁRTICO MAR DE BEAUFORT MAR DA NORUEGA Círculo Polar Ártico MAR DO NORTE MAR DE BERING MAR BÁLTICO EUROPA ÁSIA AMÉRICA DO NORTE MAR CÁSPIO MAR MEDITERRÂNEO MAR NEGRO Trópico de Câncer OCEANO PACIFICO AMÉRICA CENTRAL MAR VERMELHO ÁFRICA OCEANO OCEANO PACÍFICO MAR DA ARÁBIA ATLÂNTICO AMÉRICA DO SUL Trópico de Capricórnio MERIDIANO DE GREENWICH Equador MAR DAS ANTILHAS OCEANIA OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO Círculo Polar Antártico ANTÁRTIDA 2 Geografia - M1 Tecnologia ITAPECURSOS Dois mares, dois problemas O mar Morto, por estar situado em região árida (entre Israel e Jordânia) e apresentar evaporação superior ao recebimento de água doce, é o mais salgado de todos os mares. Situa-se numa depressão a 395 m abaixo do nível do mar. O Mar de Aral, localizado entre o Casaquistão e o Ubesquistão, países componentes da ex-URSS, está morrendo. Sua morte foi decretada quando burocratas do Partido Socialista, de Moscou, decidiram transformar as estepes asiáticas centrais em terras para a produção de arroz e algodão, irrigando-as com águas desviadas dos dois principais rios alimentadores do Mar de Aral: os rios Sirdária e Amudária. Depois disso, o Mar de Aral se viu reduzido à metade em apenas trinta anos, e continua diminuindo. E uma catástrofe ecológica se faz anunciada: as águas do Aral regulavam o clima, que se viu alterado; e as estepes, irrigadas em demasia, foram transformadas em pântanos envenenados com pesticidas agrícolas. Os canais artificiais O canal do Panamá As obras do canal tiveram início em 1904, mas só foram concluídas em 1914. Sua construção economiza uma viagem de mais de 20 mil quilômetros, distância que um navio percorre para ir da costa da América Central até a costa leste pela rota do Cabo Horn ou do Estreito de Magalhães. O canal tem 81 quilômetros de extensão, largura variável de 90 a 350 metros (as eclusas, 33,5 por 305 metros) e profundidade entre 12 e 30 metros. Três grupos de comportas (Miraflores, Pedro Miguel e Gatún) compensam o desnível entre os dois oceanos. Uma ferrovia de 77 quilômetros de extensão acompanha o canal, ligando as cidades de Panamá (no Pacífico) e Cólon (no Atlântico). Nos acordos assinados no início do século, o Panamá cedeu perpetuamente os direitos de construção e exploração do canal, além de uma faixa de 8 quilômetros, adjacente a cada margem do canal - a zona de segurança com 1.432 quilômetros quadrados. Incluíam-se também as águas dos dois oceanos a uma distância de 5 quilômetros da linha média das marés, juntamente com todas as ilhas que estivessem dentro dessa faixa. Entretanto, de acordo com o Tratado Carter-Torrijos, assinado em 1977, a posse do canal foi transferida para o Panamá no final de 1999, quando os norte-americanos se retirararam em caráter definitivo, mas reservando-se o direito de reocupá-lo caso sua segurança seja ameaçada. RETIRADO DO LIVRO - VIÉGAS, Sílvio E BORBA, Nívia. - TERRA PLANETA DE GEOGRAFIA. EIXO SUL. Canal do Panamá Lago Gatún Lago Miraflores Canal de Suez Construído para escoar o tráfego marítimo entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Possui 173 Km de extensão, estendendo-se deste Port Said, no Mediterrâneo, até o porto de Suez, atravessando o lago Amargos. Foi inaugurado em novembro de 1869, permitindo reduzir a viagem até a Índia em mais de 11.000 Km. Foi administrado até 1875 por uma companhia francesa, da qual a Grã-Bretanha se tornou a principal acionista até 1956. Nesse ano, o presidente egípcio Gamal Abdul Nasser nacionalizou a companhia, dando origem ao conflito de Suez, entre o Egito e a Grã-Bretanha, França e Israel, e durante o qual os egípcios bloquearam o canal com navios afundados. Bloqueado de novo em 1967, durante a guerra dos Seis Dias, o canal foi reaberto em julho de 1975. Alargado para permitir a passagem de petroleiros e totalmente sob o controle do Egito, o canal é utilizado por mais de 20.000 navios por ano. AS CORRENTES MARÍTIMAS As correntes marítimas são resultado da combinação de vários elementos: o atrito dos ventos, o calor do sol, a rotação da Terra, as diferentes densidades da água dos oceanos. Esses elementos são capazes de deslocar grandes volumes de água. O movimento de rotação da Terra e a formação e posição das massas continentais afetam a direção que as correntes tomam. O desvio dos corpos em movimento, devido ao movimento da rotação da Terra, é conhecido como o efeito Coriolis. As correntes circulam, ao norte do Equador, em sentido horário e ao sul do equador, em sentido anti-horário, ao contrário das correntes do norte. A densidade da água do mar aumenta à medida que sua temperatura cai e a salinidade aumenta. O Sol, aquecendo as águas equatorias, torna-as menos densas, porém a evaporação aumenta a sua salinidade. O gelo e o ar frio esfriam as temperaturas das águas polares. A chuva e o gelo em fusão e os rios diluem a salinidade. Geografia - M1 3 Tecnologia ITAPECURSOS Agora citaremos apenas algumas correntes mais importantes, com suas áreas de atuação. • Labrador: acentua o rigor climático da costa oriental dos EUA, (invernos rigorosos em Nova York) atingindo sua rigorosidade no litoral leste do Canadá. • Golfo ou Gulf Stream: conhecida ainda como corrente do México, ameniza os rigores climáticos da costa ocidental européia, atuando no litoral das ilhas Britânicas e atingindo até parte da península de Kola, na Rússia. • Humboldt: conhecida, também, como corrente do norte do Chile, provoca uma grande aridez nesta região, sendo responsável pela presença do deserto de Atacama, considerado um dos mais áridos do mundo. • Califórnia: atua na região Sudoeste dos EUA, acentuando sua aridez na área litorânea e provocando, também, o aparecimento de deserto nesta área. • Benguela: atua no Sudoeste da Costa ocidental da África, acentua sua aridez e é responsável, também, pela presença do deserto da Namíbia, também conhecido como Calaari. A POLUIÇÃO DOS OCEANOS A utilização maciça dos oceanos como meio de transporte, combinada com o “modus vivendi” da sociedade contemporânea, tem trazido enormes problemas de cunho ecológico, traduzidos em poluição das águas oceânicas, com graves problemas para o ecossistema marinho. O mar é grande fornecedor de alimentos para a humanidade. Esse fato tem sido alterado, graças à utilização dos oceanos como meio de transporte da principal fonte de energia do mundo moderno: o petróleo. Além de ser utilizado como transporte, os oceanos têm sido usados como depósitos de lixo de várias origens, quer sejam urbanos, quer sejam de detritos radioativos. As rotas dos petroleiros são consideradas zonas de alto risco de poluição, devido, entre outras razões, aos constantes vazamentos e à possibilidade de naufrágio. Nas zonas de poluição marítima permanente e muito acentuada, o vínculo com a poluição petrolífera é evidente: trata-se de locais onde se encontram terminais marítimos, por onde o petróleo é exportado ou importado, ou nas plataformas continentais, onde é explorado. Nos dois exemplos, o vazamento de petróleo é uma constante. As áreas hidrográficas mais poluídas do mundo são as regiões de grandes movimentos econômicos, como exemplo os grandes portos recebedores e exportadores de petróleo. As águas continentais As águas acumuladas nas áreas emersas recebem a denominação de águas continentais e são representadas pelos rios, lagos e geleiras, à exceção dos antigos lagos de origem marinha. Estas águas são conhecidas como águas doces. As águas dos lençóis subterrâneos escoam, acompanhando a declividade da camada rochosa, que, em determinado ponto, pode encontrar-se com o nível superficial. Aí surgem as nascentes, bicas, olhos d’água. Essa é uma das formas pela qual um rio tem origem. Sua origem pode ser também conseqüência de alta pluviosidade, do degelo nival do alto das montanhas, ou do transbordamento dos lagos. Os rios são de fundamental importância para a organização do espaço: as primeiras civilizações humanas se estabeleceram às margens de rios - Tigre, Eufrates e Nilo. A importância das águas fluviais vai mais além: propiciam a navegação, quando estabelecidas em uma planície; permitem a construção de usinas geradoras de energia elétrica, quando estabelecidas em regiões planálticas; abastecem as populações; proporcionam a irrigação, favorecendo a atividade agrícola. Sua atuação sobre o relevo é de extrema importância, formando planícies aluviais, férteis, permitindo a concentração populacional, graças à fertilidade de seus solos. O trabalho dos rios Em seu caminho, da nascente à foz, o rio exerce as atividades de: destruição, transporte e deposição. O trabalho de destruição consiste em escavar seu leito. Este trabalho é realizado tanto mais rápido quanto maior for o volume de suas águas, a rapidez da corrente e a quantidade de materiais carregados. Onde são encontrados obstáculos, representados por rochas mais resistentes, as águas, ao forçar seu caminho, formam corredeiras; se existe um desnível, vão formando as vertentes dos vales. O rio realiza o trabalho de transporte carreando materiais desagregados nas margens e nos vales para suas águas. O transporte é realizado de diferentes maneiras, como: material em solução, dissolvidos em suas águas; material em suspensão, transportados em 4 Geografia - M1 mistura com as suas águas, como é o caso da argila, da silte, que somente são depositados quando as águas diminuem a velocidade e a agitação, como quando um rio encontra um lago ou uma represa. O trabalho de construção do rio é feito através da deposição do material desagregado nas suas margens, formando as planícies aluviais. O resultado dos trabalhos de destruição que são executados pelos rios é percebido ao longo de seu curso fluvial, quando podem ser observados vales de formas diferentes: em forma de U, em forma de V, ou em forma de fundo chato. A drenagem fluvial é composta por um conjunto de canais de escoamento interligados, formando a bacia de drenagem. Tecnologia ITAPECURSOS ELEMENTOS DE UMA REDE HIDROGRÁFICA As partes de um rio: • Leito: é o canal por onde o rio escoa suas águas. • Margens: são as bordas de seu leito; temos a margem direita e a margem esquerda. • Afluentes: são os rios que desaguam no rio principal. • Vertentes: são as encostas das elevações que margeiam a rede hidrográfica. • Rede hidrográfica: é o conjunto do rio e seus afluentes e subafluentes. • Curso de um rio é o caminho percorrido por ele, da nascente até a foz. • O curso do rio é dividido em três partes: curso superior, próximo à nascente ou cabeceira; curso médio, na metade de seu curso e curso inferior, próximo à foz. • Bacia hidrográfica é toda a região banhada por um rio principal, seus afluentes, seus subafluentes e as terras banhadas por eles. • Subafluentes são os rios secundários que desaguam nos rios afluentes. • Nascente ou cabeceira é onde nasce o rio, e foz é onde o rio joga suas águas em outro rio ou no mar. • Divisor de águas são as elevações - montanhas, serras, morros, - que separam as águas de um rio de outro rio, ou interflúvios. Bacia do Rio Capibaribe, em Pernambuco. • Débito, descarga ou vazão é a quantidade de água que passa por determinado ponto durante um determinado tempo - segundo, minuto, hora. O volume das águas de um rio varia no decorrer do ano, e é chamado regime do rio. O regime do rio depende, em grande parte, da origem de suas águas. Outros fatores podem influir sobre o regime fluvial: a natureza do solo, o relevo, a presença, ou não, de florestas e de lagos. • Vales fluviais significam a parte que se estende de um interflúvio a outro, abrangendo o talvegue, o leito, as margens e as vertentes, que são as laterais dos vales fluviais, desde a margem até o interflúvio. • Talvegue é a parte mais profunda no leito do rio. • Foz ou embocadura é o ponto em que termina um rio, podendo ser foz em estuário, quando apresenta apenas uma saída no mar, foz em delta com várias saídas e foz mista, ou seja, os dois casos em um só rio, exemplo rio Amazonas. • Regime fluvial é a variação sazonal do volume de água do rio durante um ano. • Jusante: é a parte do rio em direção à foz a partir de determinada parte do rio. • Montante: é a parte do rio em direção à nascente a partir de determinada parte do rio. Margem esquerda Afluente Nascente Confluência Afluente Subafluente Margem direita Foz Recife FONTE: AZEVEDO GG, MARQUES SANTOS. PANORAMA DO BRASIL, VOL. 1, PÁG. 78. ED. ATUAL. Esquema de um curso fluvial: A - Curso superior B - Curso médio C - Curso inferior 1 A B C 2 3 1. Vale fluvial 2. Meandro 3. Desembocadura em delta 4. Oceano Geografia - M1 5 4 Tecnologia ITAPECURSOS Classificação das bacias Exorréica Endorréica Arréicas Quando o escoamento da água se faz de modo contínuo, da nascente até o oceano. Quando a drenagem é interna, desembocando em lagos ou mares fechados. Quando a drenagem aparece em climas áridos ou semi-áridos, e desaparecem (rios intermitentes ou temporários). Criptorréicas Quando os rios são subterrâneos, próprios de regiões calcárias, chamados na geologia de terrenos de Kars’t. 6 Geografia - M1