A Primeira Guerra Mundial A promessa: Tudo começou com uma promessa. Uma promessa que a Alemanha havia feito para a Inglaterra. Quando a primeira revolução industrial estourou no país inglês, logo depois estourou também na França, aumentando o poder de produzir dessas duas potências e as enriquecendo. Com o poder de produção aumentado, elas necessitavam de mais mercado consumidor e então, partiram para o Imperialismo: Processo novo de colonização de outras áreas fora da Europa, como Ásia e África, a fim de garantir um mercado consumidor exterior. A Índia foi tomada pela Inglaterra e houve então a famosa partilha da África entre os países, o que provocou a desordem e o caos presentes até atualmente naquele continente. Até então, a Alemanha e a Itália eram desordens. Porém, naquela mesma época, surgiu a possibilidade delas se unificarem e cada uma formar uma nação concreta. As unificações tardias. Primeiro a Alemanha e depois a Itália. A Alemanha obteve ajuda de unificação com a Inglaterra, em troco de uma promessa: Se a Inglaterra tivesse o direito de participar do Zollverein (livre comércio entre os estados germânicos) e se a Alemanha prometesse nunca partir para o Imperialismo, ela ajudaria. A Alemanha prometeu de pés juntos e assim foi feito. A unificação fortaleceu o antigo império germânico. Unificada, a Alemanha conseguiu rapidamente desenvolver seu processo de industrialização, tal como França, Inglaterra e Itália. No entanto, ela e a Itália estavam começando a possuir grande produção e grande capital acumulado nelas. Precisavam de mais mãos-de-obra e mais mercado consumidor para não quebrar. E o que a Alemanha fez então? Quebrou a promessa. Quis partir para o Imperialismo de qualquer jeito. A Itália também tinha este anseio e assim, ficou ao lado dela. Forte e unificada, a Alemanha tinha um chanceler chamado Bismark, que enfrentou uma batalha juntamente com a Prússia contra a França de Napoleão Bonaparte. Ganhou e ficou com os territórios preciosos da Alsácia e Lorena, ricas em carvão mineral. Logo depois que o Kaiser Guilherme I morreu, seu filho Guilherme II subiu no poder e afastou Bismark da política, tornando a Alemanha um país de nacionalismo agressivo. Também começou-se a construção de uma famosa ferrovia, a ferrovia Berlim-Bagdá, que foi construída em um ano e um mês apenas, mostrando o poder gigantesco germânico. E isso tudo desagradava a Inglaterra e a França, óbvio, por verem o perigoso poder que a Alemanha estava adquirindo. Mas também desagradava alguém até agora não metido na história: A Rússia. Rússia e Áustria na história A Rússia era um gigante inútil. Gigante pelas extensões territoriais, inútil pelo baixo poder econômico e tecnológico. Tinha perdido humilhantemente do Japão em uma guerra onde eles competiam a Manchúria, região da China. Crente de que os amarelos dos japoneses eram inferiores ao povo eslavo, a Rússia armou a guerra e acabou apanhando. Desde então, para ter algum poder, passou a apoiar a independência dos povos eslavos dominados pela Áustria no pan-eslavismo, tendo ali uma forte área de influência. Por mais que não tivesse nada a oferecer, estava ali oferecendo. E a Áustria, antigo império austro-húngaro estava literalmente na pior. Depois da separação de seus milhares de povos, formou-se a Sérvia, Romênia, Croácia, dentre outros e a própria Áustria. No entanto, mesmo grande e inútil, a Rússia tinha influência sobre esses países, que estavam em sua vizinhança. Era a área de influência russa. A Alemanha construiu uma ferrovia que ligava Berlim a Bagdá, passando por dentro de alguns países dessa influência, o que não agradou muito aos russos. E a Áustria ainda tinha dominância sob a Bósnia, quando prometera ajudá-la a sair de uma crise econômica. Sérvia, apoiada pela Rússia e Bósnia, apoiada pela Áustria. Um belo dia o arquiduque da Áustria, Francisco Ferdinando, resolveu dar uma volta de carro na Bósnia, em Saravejo. Neste passeio ele levou um bom tiro de um terrorista sérvio que estava no local. Morto o arquiduque, a Áustria levou isto como a gota d’água, declarando a guerra. As panelinhas: Daí então, os países europeus aproveitaram o fogo para ser seu estopim. A Alemanha apoiou a Áustria por serem da mesma raça germânica e com elas juntouse a Itália, que queria também a sua casquinha no imperialismo. Contra elas, a Inglaterra se juntou com a França, deixando suas antigas inimizades de lado para combater um inimigo comum: aqueles países recém-industrializados que queriam tomar suas colônias e seus lugares que potências mundiais. E com elas veio a Rússia, que era inútil, mas tinha lá seu orgulho. Queria provar que seu exército era bom e que a humilhação que sofreu com a derrota na guerra contra o Japão fora apenas uma falta de sorte; queria também derrotar a Áustria e Alemanha que já estavam sendo abusadas demais de ficarem cutucando sua área de influência. Então, formaram-se dois blocos: A Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Áustria e Itália e a Tríplice Entente, formada por Inglaterra, França e Rússia. Deu-se então o começo da Primeira Grande Guerra. As Trincheiras: A primeira guerra mundial foi apelidada de guerra das trincheiras, pois sua maior atuação foi desta forma. Cavaram-se buracos estreitos que se prolongavam por todo um território como uma cobra e lá os soldados marchavam de um lado para o outro, corriam, se defendiam pelas barreiras dos tiros e das bombas e podiam também atirar contra o inimigo que estivesse em fogo aberto. Ali era também onde eles comiam, faziam suas necessidades fisiológicas, dormiam, enfim, tudo, até mesmo algumas relações homossexuais, pela abstinência de sexo e a falta de mulher. Tudo era feito nas trincheiras, na imundice como ratos no esgoto. Não havia avanço na guerra devido à imobilidade das trincheiras. Os corpos dos soldados que morriam ali continuavam no lugar, ao lado dos vivos, impossibilitados de serem levados para fora, aumentando ainda mais o nível de infecção e de má higiene, mau cheiro. Sem falar na falta de banho, então. E devido a esta baixa mobilidade, a guerra se alastrava através de armas químicas soltadas pelos aviões inimigos. Uma delas era o fósforo branco, que em contato com o oxigênio entra rapidamente em combustão e queima a pele de quem o receber. Na água ele é inibido, mas a água não limpa a pele dele e, mesmo depois de ter passado água no lugar, quando a pele secava, ela voltava a pegar fogo. Normalmente amputavam-se os membros atingidos por essas toxinas, pois não havia muito jeito na época. Soltavam-se gases tóxicos também, que cegava e prejudicava as vias aéreas. Desta forma, a guerra procedeu lentamente e com uma mortalidade absurda de pessoas. Haviam também os famosos mensageiros. Os homens que se arriscavam correr em campo aberto, entre a linha de fogo para enviar e trazer mensagens de seus comandantes. Um deles foi Adolf Hitler, que ainda era jovem na época e lutava no exército alemão como mensageiro. Incrível como vaso ruim não quebra. No meio das armas de fogo, ele correu de um lado para o outro e ainda continuou vivo para a segunda guerra! Economia Mundial: Enfim, segunda guerra não importa agora. Fora dos campos de batalha, as economias destes países estagnaram de vez e eles pararam de produzir subsídios próprios para sustentarem a guerra entre si. Importavam alimentos, roupas e outros utensílios pessoais principalmente dos Estados Unidos da América, o que beneficiou e muito a economia deste país. Foi nesta época e, em pouco tempo, que os EUA conquistaram o lugar de potência econômica mundial, enquanto os europeus se davam mal em sua guerra. As várias exportações incentivaram na super-produção, enriquecendo os norte-americanos. O Brasil também tirou sua casquinha, exportando também para alguns países e também para os EUA o seu produto mais em conta na época: O café. Estávamos na época da política do café com leite. Enquanto o Brasil e os Estados Unidos se davam bem, a economia das potências européias ia, aos poucos, por água abaixo, estagnada e fracassada à medida que a guerra avançava. Territórios destruídos e morte, criação de dívidas externas com as importações que faziam de produtos básicos para a sobrevivência e assim dependência desses países exportadores. Enfim, a Europa estava afundando com o caos. A “belle epoque” antes vivida já tinha acabado. Fases: Na primeira fase da guerra, quem estava ganhando era a Tríplice Aliança. Haviam conquistado mais e mais territórios colonizados pelos países inimigos na África. Já na segunda, o jogo virou e a Tríplice Entente passou a ser a vitoriosa da guerra. O problema é que para ser vitoriosa o outro lado tinha que se render e ninguém se rendia. Ninguém acabava com a guerra. A Rússia, mais lenhada do que no começo quando se meteu na guerra, foi isolada e só saiu dela quando ocorreu uma revolução em seu interior. Quando os Bolcheviques tomaram o poder e tiraram o país arrasado da guerra, sem condições mais de guerrear em nada. Mas este é um tópico da Revolução Russa, outro assunto. O que importa é que, com a saída da Rússia, a Entente que estava ganhando começou a empatar com os países da Aliança e daí então a guerra começou a se estagnar. Ninguém ganhava e ninguém perdia. Ninguém saía do lugar. A Inglaterra tinha a melhor marinha, mas a Alemanha tinha os melhores submarinos! A Europa falindo e nada da guerra acabar. Foi daí então que os Estados Unidos meteu o seu nariz no meio e isso marcou a terceira e última fase da guerra. Era óbvio: se os europeus se destruíssem, iriam acabar com a economia americana também, pois eles eram o mercado consumidor americano! Além disto, os países europeus tinham acumulado uma dívida preciosa com os EUA e se eles quebrassem, eles nunca pagariam este dinheiro. Então é óbvio, em nome da hipócrita paz, os EUA se meteram na guerra para pôr um fim nela. Wilson –presidente americano da época- ofereceu um acordo de paz sem vencedores nem perdedores para os europeus, mas nenhum dos orgulhosos aceitou. Então ele decidiu ir pelo lado mais brusco da coisa. Com a desculpa de que um submarino alemão tinha afundado um navio americano, ele pôs os soldados americanos na guerra para lutar com a Entente, contra a Aliança. Vale ressaltar que neste período um medinho tomou conta da Itália e ela mudou de time antes que fosse tarde, começando a lutar na Entente contra os antigos aliados dela. Como agora os Estados Unidos eram a potência mundial, com seu arsenal bélico, a guerra finalmente acabou. A Tríplice Aliança perdeu a guerra, fracassada, e a Tríplice Entente ganhou, junto com os EUA. Com sede de vingança, a Inglaterra e a França julgaram a Alemanha como culpada pela guerra e então foi escrito o Tratado de Versalhes. O tratado tinha exigências de maioria francesa. Absurdas exigências: Tratado de Versalhes: 1º A Alemanha, perdedora, teria que assumir a culpa da guerra. Ela que quebrou a promessa, que se meteu onde não devia, que quis tomar o lugar das superpotências européias, enfim, a culpa foi toda dela! 2º Se a culpa é dela, então o exército dela tem de ser desarmado quase totalmente, reduzido à mixaria. Ela não merece ter um exército, esta destruidora da paz. 3º Se o exército é praticamente extinto, também é extinto o serviço militar obrigatório nela, ou seja, elege-se a ser soldado quem quiser apenas. Obs. : Depois desta guerra acho que ninguém mais queria ser soldado. 4º Já que o exército já foi extinto e tudo dele foi extinto, não adianta acabar com o exército alemão e deixar a marinha salva. Vamos extinguir a marinha também! 5º Como o poder bélico alemão não está apenas no exército e na marinha, vamos pelo menos confiscar os submarinos deles, a aviação também, a artilharia pesada. 6º Além disso, que a Alemanha, abusada e culpada, devolva os territórios conquistados na guerra para seus antigos donos. 7º Para completar a diminuição dos territórios, que se tire um pouco da terra alemã para dar à Polônia e Tchecoslováquia. 8º Destitui-se também a marinha mercante. Também é bom confiscar os produtos químicos e o carvão das jazidas do Sarre. 9º Ah, claro, a Alemanha deve pagar a dívida de aproximadamente 35 milhões de dólares em benefício à Entente, sobretudo à França, para concertar o que ela fez. 10º Claro, para completar, ela devia devolver à França o território da Alsácia e Lorena. Quem ela pensa que é afinal? O tratado de Versalhes só não foi ainda pior porque a Inglaterra ficou estupefata com o que já tinha e interrompeu. Tudo bem que a Alemanha tinha que pagar por tudo que ela fez, mas cobranças além dessas daí já era exagero da França. A Inglaterra já estava satisfeita com o que ela tinha ganho por ali. Seus territórios de volta, a dívida da Alemanha... Agora só faltava se reconstituir. Só quem não estava satisfeita com a história era a Itália, que mesmo sendo também vencedora, não ganhou nenhum benefício do tratado. Venceu a guerra, mas ficou acabada como se houvesse perdido. E a Rússia? Ora, a Rússia saiu no comecinho da guerra, ela não recebeu também nenhum benefício com o tratado. Além disso, a opção pelo comunismo provocada pela revolução bolchevique fez da nova União Russa Socialista Soviética a maior inimiga dos países europeus capitalistas. E as conseqüências do final da guerra? Apenas uma imagem mostra tudo.