Semana 1 - santabruna

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Semana 1
Indicação da leitura básica:
DURKHEIM, Émile. O que é fato social? In: As Regras do Método Sociológico. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
Procedimentos de aprendizagem:
Compreender como Émile Durkheim eleva a sociologia à categoria de ciência, definindo o seu
objeto de estudo.
Émile Durkheim e a sociologia como ciência
Emile Durkheim, ao escrever As Regras do Método Sociológico, estava preocupado em definir
o objeto de estudo da sociologia, diferenciando-a das outras ciências, principalmente da
psicologia. Ele percebeu que seus antecessores, incluindo aí Augusto Comte, não tiveram a
precisão e o cuidado científico necessários no trato sociológico.
A crítica feita a esses pensadores é que eles ficaram no mundo da subjetividade, no mundo
daquilo que “deveria ser” e não aquilo que é, utilizando-se de juízos de valor na análise da
sociedade. Para ele, cabe ao sociólogo analisar o fato objetivamente, aquilo que “é assim”, ou
seja, se preocupar com o presente e o passado e não com o futuro, estudar as regras jurídicas, as
regras econômicas e morais de uma dada sociedade e não o que eu acho que devam ser essas
regras. Por exemplo, ele fez uma crítica à lei dos três estados de Comte, na qual ele afirma que a
humanidade deve evoluir de forma lenta e gradual, passando pelo estado teológico, metafísico e
positivo.
Segundo Durkheim, Comte não consegue explicar cientificamente por que que o estado positivo
é superior ao metafísico e ao teológico. Logo, para Durkheim o seu mestre ficou no mundo das
idéias, das pré-noções. Diz ele:
"É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o
indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo,
ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais”.
Ao definir fato social, Durkheim está definindo o objeto de estudo da sociologia, afirmando que
o sociólogo não deve estudar tudo que se encontra na sociedade, isto é, ele está preocupado em
arrumar um espaço para a sociologia dentre as outras ciências, como a psicologia, a biologia e a
economia. Decifrando a sua definição, fixada ou não significa morfológica (por exemplo, a
disposição de uma população num dado território) ou fisiológica (as leis de uma dada
sociedade). Fica claro que Durkheim se utiliza de um símbolo visível que substitua aquilo que é
abstrato. Logo, ele determina quatro características que identificam os fatos sociais:
exterioridade, coercitividade, generalidade e autonomia/independência. Para identificar o objeto
de estudo da sociologia, Durkheim afirma que tudo aquilo que é externo ao indivíduo, é anterior
a ele e independe da sua vontade para existir; impõe-se de forma coercitiva; é geral na extensão
de um dado território e independe da vontade individual para existir. Em suma, os fatos sociais
são as instituições de uma dada sociedade.
Responder as seguintes questões:
1Segundo Émile Durkheim, o que é fato social?
2Das características do fato social, qual é aquela que melhor representa o fato
jurídico?
3De acordo com o autor, cite e explique as características do fato social.
4“É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre os
indivíduos uma coerção exterior, que se encontra na extensão de toda a sociedade e independe
das vontades individuais para existir” (Durkheim). Comente a citação.
5Para Durkheim, tudo o que se encontra na sociedade é fato social?
Semana 2
Indicação da leitura básica:
DURKHEIM, Émile. Regras Relativas à Observação dos Fatos Sociais. In: As Regras do
Método Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Procedimentos de aprendizagem:
Compreender como Émile Durkheim define o método de estudo da sociologia
Émile Durkheim e o método de estudo
Em “Regra Relativas à Observação dos fatos Sociais”, segundo capítulo da obra As Regras do
Método Sociológico, Durkheim inicia com a seguinte frase:
“A primeira regra e a mais fundamental é considerar os fatos sociais como coisas”. Com esta
frase, o autor se preocupa em determinar o método de estudo da sociologia e opta pelo método
indutivo, rompendo com as antigas formas de conhecimento, o que significa um distanciamento
da filosofia, que até então tinha um monopólio da reflexão sobre a sociedade. Ao propor que os
fatos sociais se apresentam como "coisas" para a observação, ele inverte a perspectiva anterior
que tomava como premissa o que eles "deveriam ser". A coisa se diferencia da idéia como a
objetividade se diferencia da subjetividade.
Foi em vão que Comte e Spencer proclamaram que os fatos sociais são fatos da natureza, que as
ciências sociais são ciências da natureza. Quando, saindo dessas generalidades, eles aplicaram
seus princípios, retornaram à concepção e ao método antigo. Para Comte, a evolução social
consiste na realização da idéia de humanidade; Para Spencer, a sociedade nada mais é do que a
realização da idéia de cooperação (Durkheim).
O método é conhecido como extrospectivo, que se baseia na mensuração, na quantificação, na
estatística. Na obra O Suicídio, Durkheim utilizou-se do método quantitativo, preocupando-se
em quantificar através de categorias macro sociológicas como, por exemplo, estado civil, sexo,
gênero, etc. Porém, ele poderia ter utilizado um método qualitativo como, por exemplo,
analisado os diários pessoais dos suicidas ou mesmo entrevistado parentes ou pessoas próximas
a eles.
Fundar uma ciência "positiva" implicava partir da realidade, "afastar as pré-noções", o que
impunha uma abordagem indutiva que a diferenciava do discurso filosófico. Neste sentido,
mesmo Comte e Spencer, por quem Durkheim nutre uma admiração profunda, não serão
poupados. A crítica feita a esses pensadores é que eles ficaram no mundo da subjetividade, no
mundo daquilo que “deveria ser” e não aquilo que é utilizando-se de juízos de valor na análise
da sociedade. Para ele, cabe ao sociólogo analisar o fato objetivamente, aquilo que “é assim”, ou
seja, se preocupar com o presente e o passado e não com o futuro, estudar as regras jurídicas, as
regras econômicas e morais de uma dada sociedade e não o que eu acho que devam ser essas
regras. Por exemplo, ele fez uma crítica à lei dos três estados de Comte, na qual ele afirma que a
humanidade deve evoluir de forma lenta e gradual, passando pelo estado teológico, metafísico e
positivo.
Responder as seguintes questões:
1Segundo Durkheim, o que é considerar os fatos sociais como coisas?
2Explique o método extrospectivo utilizado por É mile Durkheim.
3“A primeira regra e a mais fundamental é considerar os fatos sociais como coisas”
(Durkheim). Comente a citação.
4Por que Durkheim afirma que o fato como coisa é diferente do fato como indéia?
5Explique as diferenças entre objetividade e subjetividade no que se refere ao objeto
de estudo definido por Durkheim.
Semana 3
Indicação da leitura básica:
. DURKHEIM, Émile. Solidariedade mecânica. In: Da Divisão Social do Trabalho..São
Paulo: Martins Fontes, 1999
Procedimentos de aprendizagem:
Compreender a relação existente entre moral, solidariedade e direito nos clãs e nas
tribos.
Émile Durkheim e a Solidariedade Mecânica
Em 1893 foi publicada a tese de doutoramento de Émile Durkheim
intitulada Da Divisão do Trabalho Social. O tema central deste estudo é saber quais são
os fatores que proporcionam coesão e estabilidade social e a manutenção das relações
sociais ao longo do tempo em diversos tipos de agrupamento humano. Todo o livro se
estrutura a partir de uma referência ao direito
Nas sociedades pré-capitalistas, ditas “primitivas” ou segmentadas, como nos clã e nas
tribos indígenas, existem relações de parentesco muito próximas, consangüíneas,
resultando numa consciência coletiva forte, típica de agrupamentos humanos permeados
por sentimentos e valores semelhantes, com pouca autonomia individual. A
solidariedade mecânica é o tipo específico que prevalece nestes agrupamentos humanos,
nos quais o indivíduo automaticamente age conforme os preceitos do grupo.
Durkheim, utilizando-se do método extrospectivo de análise, que privilegia a coisa em
detrimento da idéia, vai substituir aquilo que é subjetivo, abstrato, por um símbolo
visível. O símbolo visível, concreto, que deve substituir a solidariedade mecânica é o
direito repressivo, isto é, o direito coercitivo, típico de uma coletividade que inexiste o
indivíduo, soterrado por uma consciência coletiva forte. Se alguém comete um delito
neste tipo de agrupamento, ele irá agredir toda a coletividade, porque todos possuem os
mesmos valores e crenças, e, neste sentido, o direito penal é aquele que melhor o
representa. Através da observação dos códigos do direito penal e das sanções aplicadas
é possível observar indiretamente a presença predominante da solidariedade
mecânica.
Durkheim visa compreender principalmente o fenômeno moral como o elemento
aglutinador da vida social e a crise das normas morais que estavam desagregando o
tecido social na sociedade moderna – o estado de anomia (ausência ou enfraquecimento
das instituições). O direito está vinculado com a moral (obrigação e aceitação) e tem
suas origens no fenômeno religioso. O conceito de solidariedade social está diretamente
ligado ao fenômeno moral, sendo o cimento, a argamassa, as ligaduras que unem os
indivíduos à sociedade.
Responder as seguintes questões:
1Segundo Durkheim, o que é solidariedade mecânica?
2Qual é o papel da consciência coletiva neste tipo de solidariedade?
3De acordo com Durkheim, qual é o símbolo visível que substitui a
solidariedade mecânica? Explique.
4Este tipo de solidariedade está presente em que tipo de sociedade?
Explique.
5Existe a idéia de consciência individual nos clãs e nas tribos indígenas que
prevaleça sobre a consciência coletiva? Explique.
Semana 4
Indicação da leitura básica:
DURKHEIM, Émile. Solidariedade orgânica. In: Da Divisão Social do Trabalho. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
Procedimentos de aprendizagem:
Compreender a relação existente entre moral, solidariedade e direito nas sociedades industriais
avançadas.
Émile Durkheim e a solidariedade orgânica
Em 1893 foi publicada a tese de doutoramento de Émile Durkheim intitulada Da Divisão do
Trabalho Social. O tema central deste estudo é saber quais são os fatores que proporcionam
coesão e estabilidade social e a manutenção das relações sociais ao longo do tempo em diversos
tipos de agrupamento humano.
Todo o livro se estrutura a partir de uma referência ao direito. Durkheim opta por um recurso
metodológico tratando o “fato [o objeto] como coisa [externamente, objetivamente], que
substitui a idéia. A solidariedade social é a idéia, é um fenômeno abastrato, expressa o cimento
moral, os elos de ligação, os laços de interdependência entre os indivíduos. É o resultado da
relação entre a consciência individual e a consciência coletiva (as crenças e sentimentos comuns
compartilhados pela média dos membros de uma determinada sociedade, tais como o
sentimento de pertencer a uma nação, as crenças religiosas, a linguagem, os mitos, os ditos
populares etc.). Logo, o autor irá observar indiretamente (substituir) o fenômeno solidariedade
social, pouco concret e objetivo por fatos mais concretos, tais como os códigos do direito penal.
Durkheim afirma que as sociedades capitalistas industriais são aquelas da dessemelhança, da
diferença, não prevalecendo as relações consangüíneas e religiosas. Nelas existe o fenômeno do
individualismo, mostrando uma consciência coletiva mais branda.
Para Durkheim, como é possível o convívio social entre indivíduos com valores e crenças tão
diferentes?
O autor utilizando a metáfora do organismo vivo, afirma que na sociedade industrial o que
prevalece são as funções profissionais numa relação de interdependência entre os participantes.
Como num organismo vivo, em que cada órgão não funciona para si, mas para a saúde de todo o
organismo, na sociedade capitalista industrial cada indivíduo, cada grupo de profissionais, troca
com o outro suas funções numa relação de interdependência para a saúde e a ordem social.
Assim o tipo de solidariedade social presente neste tipo de sociedade é a solidariedade orgânica,
que acaba sendo uma necessidade da própria divisão do trabalho. Na solidariedade orgânica há
uma maior autonomia individual. Os indivíduos desempenham diferentes funções,
compartilham diferentes crenças coletivas em cada agrupamento social e ampliam com isso sua
consciência individual. O direito que predomina neste tipo de sociedade é o direito restitutivo ou
contratual, com base na liberdade individual de estabelecer contratos e de receber sanções. O
direito regula o complexo corpo social, assim como o sistema nervoso regula as funções do
corpo. Quanto mais se desenvolve a solidariedade orgânica, mais dimunui a solidariedade
mecânica, embora esta continue presente especialmente em instituições militares e religiosas.
Responder as seguintes questões:
1Segundo Durkheim, o que é solidariedade orgânica?
2Qual é o papel das funções profissionais neste tipo de solidariedade?
3De acordo com Durkheim, qual é o símbolo visível que substitui a solidariedade
orgânica? Explique
4Este tipo de solidariedade está presente em que tipo de sociedade? Explique.
5Existe a idéia de consciência individual nas sociedades industriais capitalistas que
prevaleça sobre a consciência coletiva? Explique.
Semana 5
Indicação da leitura básica:
MARTINS, J. S. & FORACCHI, M.M. (orgs). Ação social e relação social. In: Sociologia e
Sociedade. Rio de Janeiro: LTC, 1977.
Procedimentos de aprendizagem:
Analisar o que são os tipos ideais e como Max Weber utiliza esta metodologia para
compreender a racionalidade ocidental moderna.
Max Weber e a teoria da ação social
Max Weber foi o fundador da sociologia compreensiva, que procura a interpretação das ações
individuais a partir do sentido dado pelo agente na esfera social, onde ele identificou a gênese
da produção de sentido social por excelência. Ele afirma que só no Ocidente encontramos uma
ciência empírica, uma música racional, uma arquitetura racional, enfim, encontramos um
cálculo contábil nas ações, uma ação racional de domínio do mundo que não encontramos no
Oriente. Logo, o principal objeto de estudo de Max Weber é o processo de racionalização do
Ocidente.
Já que Weber se preocupou em compreender as relações intersubjetivas do tecido social, ele
distinguiu as leis invariáveis que são próprias das ciências físico-químicas das ciências da
cultura, como a sociologia considerada na sua forma compreensiva.
“A premissa transcendental de qualquer ciência da cultura reside... na circunstância de sermos
homens de cultura, dotados da capacidade e da vontade de assumirmos uma posição consciente
em face do mundo e de lhe conferirmos um sentido”. Nestas palavras, o autor mostra a cultura
como um universo de significações fluídas e, a partir daí, construirá uma metodologia científica
voltada para captar os sentidos das ações humanas, de modo tipológico. Um tipo ideal é um
artifício metodológico utilizado pelo pesquisador, construindo conceitos coerentes, puros, sem
inconsistências, que não existem de fato, para serem inseridos numa cadeia causal e submetidos
a um juízo de realidade, num grau de racionalidade. Os sentidos são, portanto construídos e
manipulados obedecendo aos princípios lógicos da univocidade e da calculabilidade.
Para entender culturalmente uma dada realidade histórica individualizada, Max Weber constrói
quatro tipos de ação social: ação racional com relação a fins, ação racional com relação a
valores, ação afetiva e ação tradicional. Para Weber, as ações racionais (referente a fins e a
valores) são as únicas nas quais, a rigor, pode-se dizer que o agente se orienta “pelo sentido”,
por envolverem uma intencionalidade consciente. Por exemplo, um engenheiro que constrói
uma ponte é uma ação racional orientada a fins, porque o engenheiro se utiliza de meios claros
para ele (resistência dos materiais etc.) para chegar a fins determinados por ele, que é a
construção da ponte. O que motiva a sua ação é o sucesso de sua ação que ele deseja ter 100%
de êxito. Já a ação racional orientada a valores, como no exemplo do capitão de um navio que
afunda com o seu navio, o que motiva a ação do ator não é o fim em si mesmo, mas o valor da
honra, não importando necessariamente o sucesso da ação. A ação afetiva (das emoções) e a
ação tradicional (que passa de geração para outra), que não levam a palavra racional, estão para
além da racionalidade.
Responder as seguintes questões:
1Segundo Max Weber, quais as diferenças entre ação, ação social e relação social?
Dê exemplos.
2Explique a tipologia utilizada por Max Weber. Dê exemplos.
3Quais as diferenças entre o fato social de Durkheim e a ação social de Weber?
4Dos tipos de ação social construídas por Max Weber, qual é aquela que representa a
ação do domínio sobre o mundo? Explique.
5Quais as diferenças básicas entre ação racional orientada a fins e ação racional
orientada a valores?
Semana 6
Indicação da leitura básica:
WEBER, Max. As qualidades formais do direito moderno. In: Economia e Sociedade.
Brasília: UNB, 1999.
Procedimentos de aprendizagem:
Compreender como Max Weber analisa o processo de racionalização do direito no
Ocidente, passando-se de um direito sacral para um direito dessacralizado..
Max Weber e a sociologia do direito
Segundo Max Weber, só no Ocidente ocorreu um desenvolvimento da racionalidade
jurídica que resultou no conceito moderno de ordem jurídico-legal formalmente legítima
e revisável. Interessa ressaltar que foi crucial nesse desenvolvimento o fato de a igreja
cristã e as leis sagradas terem se tornado, cada vez mais nitidamente, diferenciadas e
separadas da jurisdição secular. A nitidez com que se apresentava, já no início da
modernização capitalista, esta específica separação de esferas normativas desobstruiu o
caminho para a imposição de leis emanadas legitimamente apenas da autoridade secular
e, além disso, e propiciou o desenvolvimento lógico do formalismo jurídico.
Weber nos oferece um quadro sintético da racionalização das práticas e conceitos
jurídicos no ocidente. Esboça um resumo em quatro etapas da racionalização do direito,
que é, sob muitos aspectos, análoga à racionalização religiosa que opera no Ocidente a
eliminação da magia como meio de salvação, a sistematização teológico-racional da
doutrina revelada e a sublimação ética que, por assim dizer, estica a duração dos estados
sagrados, via de regra efêmeros. Eis os quatro estágios do esquema weberiano para a
racionalização jurídica:
O desenvolvimento geral do direito e do processo pode ser disposto nas seguintes
‘etapas de desenvolvimento’ teóricas: 1) primeiro, a revelação carismática do direito
através de ‘profetas jurídicos’; 2) segundo, a criação e a aplicação empíricas do direito
por notáveis (criação do direito mediante jurisprudência cautelar ou criação de acordo
com os precedentes); 3) terceiro, a outorga do direito pelo imperium mundano e pelos
poderes teocráticos; 4) e, por último, a codificação sistemática do direito e o exercício
do mesmo por juristas profissionalizados, formados em Escolas de Direito com base
numa educação literária de tipo lógico-formal. (Weber)
Este é o roteiro geral seguido por Weber na elaboração de sua sociologia do direito.
Responder as seguintes questões:
1Segundo Max Weber, explique o processo de racionalização do direito.
2De acordo com Max Weber, quais são as qualidades formais do direito
moderno?
3Explique o que é para o autor direito sacral.
4Explique o que é o processo de secularização.
5O desencantamento do mundo está presente no processo de racionalização
do direito?
Semana 7
Indicação da leitura básica:
MARX, Karl. A mercadoria: os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento.
In: MARTINS, J. S. & FORACCHI, M. M. (orgs). Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro:
LTC, 1977.
Procedimentos de aprendizagem:
Verificar como Karl Marx analisa a produção de mercadorias na sociedade capitalista e como
ele observa a posição dos trabalhadores nesta produção.
Capitalismo e mercadoria
O trabalho humano foi transformado pelo capitalismo numa mercadoria. Na forma de produção
das mercadorias está contido o mecanismo de exploração.
Mercadoria é tudo o que é produzido para o mercado, isto é, não para o consumo individual,
mas para a venda., para o consumo alheio. Se alguém produz para seu uso ou para dar de
presente a alguém, esse algo é um produto, mas não uma mercadoria. Mas se ele trocar esse
objeto por dinheiro ou por outro produto qualquer, esse objeto passa a ser uma mercadoria.
A mercadoria é, portanto, algo produzido para o uso de outra pessoa, que a obtém mediante a
troca por dinheiro ou por outra mercadoria que, por sua vez, atende à sua necessidade.
Toda mercadoria tem assim duas funções; uma de uso e outra de troca. É valor de uso tudo o
que satisfaz alguma necessidade humana. O valor de uso sempre existiu nos produtos do
trabalho humano, seja para satisfazer necessidades de alimentação, de vestimenta ou de
habitação, ou para atender a necessidades simbólicas. Já o valor de troca nem sempre existiu.
Quando viviam em sociedades de baixo desenvolvimento econômico, os homens consumiam
tudo o que produziam, sobrando pouco ou nada para trocar. Eram sociedades cujas economias
viviam em função da sobrevivência, em que a produção não tinha como objetivo a troca ou a
venda, e sim o consumo.
Quando a especialização tornou possível uma produção superior ao consumo, gerando um
excedente em relação ás necessidades da sociedade, a troca tornou-se um objetivo cada vez mais
importante para a produção. Os homens passaram a produzir tendo em vista crescentemente a
venda, fazendo dos objetos de seu trabalho mercadorias.
O único elemento comum entre duas mercadorias distintas é o fato de que foram produzidas
pelo trabalho humano. Mesmo assim, não pelo trabalho específico, do artesão que produz a
enxada e do camponês que produz tomates, mas pelo que eles têm de comum, isto é, o gasto de
energia humana para transformar a natureza e produzir mercadorias novas.
Se quisermos medir duas mercadorias em termos de tempo, podemos dizer que elas foram
produzidas no mesmo tempo de trabalho. Este cálculo é feito não por quem demora mais ou por
quem demora menos, mas pela média do tempo necessário para produzir uma mercadoria, que
determina seu valor, isto é, a referência pela qual se decide os termos de sua venda e compra. A
própria força de trabalho é uma mercadoria no capitalismo. Ela não é produzida diretamente na
fábrica, como as outras mercadorias. Ela não existe fora do corpo vivo do trabalhador. Quanto
tempo de trabalho então é necessário para produzir os músculos e o cérebro do trabalhador, já
que são propriedades que fazem com que a força de trabalho seja útil para o capital que deseja?
Para que se e reproduza sua força física de trabalho é necessário, antes de tudo, que os
trabalhadores estejam vivos e continuam vivos, isto é que se alimentem, durmam, se agasalhem,
cuidem de sua saúde e se reproduzam. Sem isto não poderiam retornar no dia seguinte à fabrica,
à fazenda ou a qualquer outro lugar onde vendem sua força de trabalho.
Responder as seguintes questões:
1Explique as diferenças entre produto e mercadoria?
2A força de trabalho é uma mercadoria?
3Explique as diferenças entre a força de trabalho como mercadoria e as outras
mercadorias.
4O modo de produção de subsistência produz produtos ou mercadorias? Explique.
5O modo de produção capitalista produz produtos ou mercadorias? Explique.
Semana 8
Indicação da leitura básica:
ADORNO, Theodor. Educação após Auschwitz. In: Cohen, Gabriel (org.). Theodor W. Adorno
(Col. Grandes Cientistas Sociais). São Paulo: Ática, 1982.
Procedimentos de aprendizagem:
Theodor Adorno mostra as condições que favorecem o surgimento da personalidade autoritária
nas sociedades contemporâneas.
Educação e Barbárie
Theodor Adorno em seu texto “Educação após Auschwitz” procura identificar elementos que
expliquem a eclosão da violência nas sociedades contemporâneas e propõe o aprofundamento da
reflexão sobre o tema, motivado principalmente pelo exemplo histórico do genocídio planejado,
levado à cabo pelo nazismo.
Assim como a violência, a ausência de liberdade e as desigualdades presentes na época moderna
estariam associadas ao que o autor, em conjunto com Max Horkheimer, na “Dialética do
Esclarecimento”, denominou “extravio da razão”.
O desenvolvimento da razão moderna, decantada pelo Iluminismo como meio de emancipação e
libertação do homem, converteu-se, nas formas assumidas pela técnica e a ciência, meio inédito
de aprisionamento e de não resolução desses dilemas históricos. Segundo aqueles autores, o
Iluminismo tornou-se “totalitário”. Essa razão transformou-se em razão instrumental, alienando
e dominando as sociedades e o homem ocidental pela coisificação, ou seja, tornando-os seus
objetos e produzindo uma nova irracionalidade.
O mergulho na barbárie, exemplificada historicamente ao extremo pelo Nazismo, deve ser
compreendido, na época industrial, não como resultado da ausência ou da insuficiência da razão,
mas, ao contrário, como resultado do excesso dessa racionalidade instrumental. As bases sociais
e psicológicas dessa barbárie encontram-se presentes na civilização e cultura modernas, pela
conversão do sujeito em coisa (objeto).
Essa coisificação aparece desde os princípios do iluminismo, na separação estabelecida entre
sujeito e objeto, na mesma proporção em que se consumou o recorte intelectual entre homem e
natureza. O projeto iluminista foi sempre o de apropriar-se instrumentalmente, como
objeto/coisa, da natureza, supostamente em benefício coletivo. Uma vez convertido em natureza
amorfa, o homem tornou-se, ele mesmo, objeto dessa razão instrumental, que passou a imperar
incontroladamente.
A coisificação se traduz numa feroz intolerância à diferença, uma vez que suprime, por
princípio, a capacidade de refletir criticamente. Perdendo suas qualidades de sujeito, convertido
num dado ou quantidade manipulados socialmente, o indivíduo mais facilmente torna-se um
vetor e reprodutor da violência irracional.
Adorno identifica então a formação de uma personalidade autoritária no sujeito coisificado, cuja
investigação de sua natureza psíquica é essencial, mas cuja dissolução corresponde a um
empreendimento social. Entre outras características de desumanização, este demonstra a
capacidade de manipular e ser manipulado, de desfazer-se do medo e ser frio, de aceitar a dor e
o próprio sofrimento físico e reproduzi-lo, de ser incapaz de experiências diretas e com elas
aprender, de fazer coisas irrefletidamente em nome da eficiência e estar disponível ao poder.
Responder as seguintes questões:
1Segundo Adorno, quais são as condições que favorecem o surgimento da
personalidade autoritária nas sociedades contemporâneas?
2De acordo com Adorno, qual é o papel da educação nas sociedades
contemporâneas?
3O que significa a expressão “frieza burguesa” construída por Theodor Adorno?
4O que Theodor Adorno quer dizer com “reincidência da barbárie” em seu texto?
5Como deve se dar a relação indivíduo e sociedade para Theodor Adorno?
Semana 9
Indicação da leitura básica:
FOUCAULT, Michel. A Verdade e as formas Jurídicas (1ª Conferência). Rio de
Janeiro: NAU, 1999.
Procedimentos de aprendizagem:
Michel Foucault mostra as influências de Nietzsche em seu pensamento, principalmente
a forma genealógica de análise histórica.
Foucault leitor de Nietzsche
Obras em que Foucault faz referências a Nietzsche: História da Loucura, Vigiar e Punir,
A Verdade e as Formas Jurídicas, Prefácio ao Nascimento da Clínica, As Palavras e as
Coisas.
As marcas que Nietzsche deixou em seu pensamento são visíveis: não acredita em uma
obra sistemática, privilegia o objeto, papel importante da interpretação, importância dos
procedimentos estratégicos e a absorção da noção de genealogia (referência ao
parágrafo 11 da primeira dissertação de Para a Genealogia da Moral).
Pode-se notar que a perspectiva foucaultiana ilumina algumas idéias de Nietzsche.
No prefácio ao Nascimento da Clínica, Foucault afirma que Nietzsche, filólogo,
comprovou que a existência da linguagem se vincula possibilidade e necessidade de
uma crítica. Em As Palavras e as Coisas, declara que Nietzsche, filólogo, foi o primeiro
a aproximar a tarefa filosófica de uma reflexão radical sobre a linguagem.
Para Nietzsche, as palavras não passariam de interpretações; estas apareceriam como
signos ao buscarem justificar-se, e os signos, ao tentarem recobrí-las, nada mais seriam
do que máscaras. Foucault encararia, desse ponto de vista, a análise etimológica do
termo agathos – presente no quarto e quinto parágrafos da primeira dissertação de Para a
Genealogia da Moral – onde Nietzsche mostra como esse termo nasce do conceito de
nobre no sentido de posição social. E, provavelmente, teria, ainda nessa perspectiva, a
afirmação do segundo parágrafo da mesma dissertação: “O direito dos senhores de dar
normas vai tão longe, que se poderia permitir-se captar a origem da linguagem mesma
como exteriorização de potência dos dominantes: eles dizem isto é isto e isto, eles selam
cada coisa e acontecimento com um som e, com isso, como que tomam posse dele”.
Em Nietzsche, diz Foucault, “o princípio da interpretação nada mais é do que o
intérprete”. Nessa direção, leria provavelmente o aforismo 45 de Humano, Demasiado
Humano, no qual o filósofo afirma que bem e mal têm uma dupla pré-história: em
primeiro lugar, “na alma das raças e castas dominantes” e, em segundo, “na alma dos
oprimidos, dos impotentes”. Bem e mal não indicariam um significado, mas imporiam
interpretações, e lidar com elas importaria perguntar quem as colocou. Portanto, no
entender de Foucault, o caráter inovador do pensamento nietzschiano residiria no fato
de ter inaugurado uma nova hermenêutica.( interpretação dos sentidos das palavras).
Responder as seguintes questões:
1Quais as influências de Nietzsche no pensamento de Michel Foucault?
2Segundo Michel Foucault, explique o que é a forma genealógica de análise
histórica?
3Para Michel Foucault, qual é a função da verdade para Nietzsche?
4Segundo Michel Foucault, qual é o papel do intelectual?
5Para Michel Foucault, o que Nietzsche quis dizer quando ele usa a
expressão “o conhecimento foi inventado”?
Semana 10
Indicação da leitura básica:
NIETZSCHE, F. “Culpa”, “má-consciência” e coisas afins. In: A genealogia da moral. São Paulo: Cia das
Letras, 2000.
Procedimentos de aprendizagem:
Segundo Nietzsche, o homem teria se “humanizado” por meio de métodos nitidamente violentos, bestiais
e sanguinários. O filósofo utiliza o método genealógico que afasta qualquer pretensão metafísica de
encontrar a origem de qualquer atividade orgânica. Ele questiona a teleologia, ou seja, não há fins
preestabelecidos na natureza.
Friedrich Nietzsche e o seu estilo peculiar
Em Nietzsche não há uma neutralidade estilística, não há uma linguagem neutra que pudesse sugerir uma
linguagem impessoal. Não pretende simular um pensamento não motivado, não originado. Ele se
apresenta como um pensador desencarnado.
O leitor de Nietzsche identifica os seus escritos, sabe quem está escrevendo e qual a sua motivação,
percebe a personalidade que se constitui. Ele já criticava um pretenso desinteresse do filósofo. A
neutralidade equivale a uma dissimulação, abstinência fingida; para ele nunca há desinteresse, não há
verdade desinteressada. Ele não pretende falar em nome de uma verdade, ou uma verdade neutra, ele fala
em nome próprio, na primeira pessoa do singular. Isso não significa que ele seja um pensador
autocentrado ou subjetivista. Muito pelo contrário, ele dissolveu a própria pessoa (o eu já são muitos, essa
voz já são muitas que falam pela boca de Nietzsche). Daí muitos impulsos, muitas inclinações e pontos de
vistas e perspectivas.
Mesmo quando ele escreve sobre a história (Genealogia da moral), não é da maneira dos historiadores.
Quando ele fala dos nobres e dos escravos, da besta loura, do asceta, dos deuses e dos artistas, não são
descrições factuais, mas um esforço de trazer à tona a emergência de certa noção de bem e de mau, etc.
Os vários estilos de Nietzsche devem ser entendidos como uma luta contra um estilo dominante em
filosofia. O esforço deste pensador é de se insinuar entre seus leitores e o mundo, e de mostrar que se
fomos convencidos de alguma coisa, foi por causa de seus escritos. Concordar, portanto, não é tanto uma
questão de argumento. A escolha do leitor em relação a um texto não se pauta em submeter-se a um
argumento, mas uma afinidade a um modelar a um modo de vida. Não há pensamento abstrato e vazio, há
um pensamento enraizado num corpo, expressão de um tipo de vida.
A visão de Nietzsche não está disponível facilmente, é necessário interpretá-lo, com todas as armadilhas
anunciadas pelo autor. “O caminho não existe”. Existem vários. O caminho é uma ficção, assumida e
defendida pela maioria dos filósofos, para dissimular que o caminho é deles.
Mostrando-se um filósofo experimentador e fragmentário, contrário ao estatuto da verdade, ele assume os
vários perspectivismos. Cada um dos filósofos propõe uma verdade sistemática para superação dos
predecessores. Nietzsche não questiona outro filósofo, põe em questão o valor da verdade. O que está em
jogo é a importância da verdade, o desejo de verdade, a vontade de verdade que caracteriza o pensamento
Ocidental desde Platão.
“A justiça liga-se, para Nietzsche, a uma relação de confronto entre homens que lhes reclama a
capacidade de avaliação e de medição de uma pessoa e outra. Essa relação primeira aparece entre
comprador e vendedor, entre credor e devedor. Aí é o primeiro momento em que uma pessoa defronta-se
com a outra, precisando medir, estabelecer preços, medir valores, imaginar equivalências, e todo esse
procedimento constitui o que hoje chamamos pensamento. Daí porque, para Nietzsche, talvez a própria
palavra ´homem´ designasse o ser que mede valores, o animal avaliador, expressando um sentimento de si
do homem. É com base nessa forma rudimentar de direito pessoal, da troca, que, transposto
posteriormente a complexos sociais, chega-se à grande generalização de que cada coisa tem seu preço de
que tudo deve ser pago, estabelecendo-se o mais velho cânone da justiça como a boa vontade entre
homens de poder aproximadamente igual de entender-se entre si mediante um compromisso e, quanto aos
de menor poder, forçá-los a um compromisso entre si. Tira-se, portanto, a primazia do direito penal como
fonte de justiça, como pretendia Dühring, para atribuí-la ao direito das obrigações” (MELO, Eduardo
Resende, Nietzsche e a Justiça, p.137).
Responder as seguintes questões:
1Explique o método genealógico utilizado pelo filósofo
2Como, para Nietszche, surgiu a memória e a consciência no homem?
3Para o filósofo, qual é a função da culpa no processo civilizatório?
4Segundo Nietzsche, qual é o papel do direito?
5Como se dá a análise do poder em Nietzsche?
Semana 11
Indicação da leitura básica:
FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a genealogia e a história. In: Microfísica do poder.
Rio de janeiro: Graal, 1986.
Procedimentos de aprendizagem:
Foucault mostra que não existe o momento primordial, uma verdade universal e
absoluta; existe o acaso, em que a vida é um jogo de dados, uma brincadeira de criança.
Nietzsche, a genealogia e a história
Neste texto, Foucault nos faz pensar a centralidade da questão da história, porque ele se
diz historiador; é uma história diferente da tradicional em que se tem a idéia da filosofia
da história. Foucault está mais ligado à história nova, que tem como representante Paul
Veyne mais a antropologia de Levis Strauss (olhar antropológico minucioso, minúcia de
olhar o detalhe, treinado - a antropologia e a arqueologia).
Ele tem um vínculo profundo com a problemática da história, da necessidade da história
precisa (analisar documentos antigos – a genealogia é cinza, não é azul, do útil). Todas
as idéias da moral derivam do útil – A Genealogia da Moral, Nascimento da Clínica (a
história do olhar médico). A morte tem uma história também, é sempre pensada de
forma diferente, conforme a época e a cultura de forma geral. A morte é relacionada à
ordem simbólica o genealógico é cinza, visto que trabalha com os acontecimentos em
sua singularidade, de forma minuciosa, ancorado em amplo registro documental,
perscrutando os eventos, reescrevendo-os e reelaborando-os. Nesse registro cada um dos
momentos históricos encerra um sentido único, o qual não esta implícito nos interstícios
de um desenrolar evolutivo. Hora o ponto central da pesquisa genealógica reside na
recusa da pesquisa da origem, na rejeição á idéia de um início a partir do qual a história
se desenvolveria sempre idêntica a si mesma, obstruindo a possibilidade da ruptura e da
diferença.
Nessa perspectiva nada poderia surpreender o historiador, visto que a novidade de todo
o acontecimento teria sido germinada nos postulados dessa verdade fundadora. Daí
decorre que, seja qual for seu objeto, em vez de empenhasse na busca da origem e do
desdobramento determinista da história, o genealogista obstina-se em perscrutar o
detalhe, o acaso, o que á primeira vista se revela inaudito e absolutamente
incompreensível.
Em Nietzsche, a Genealogia e a História, a genealogia de Nietzsche é entendida como a
análise da proveniência e história das emergências.
A proveniência não funda, não aponta para uma continuidade, não é uma categoria da
semelhança. Perguntar-se pela proveniência de um indivíduo, der um sentimento ou de
uma idéia não é descobrir suas características genéricas para assimilá-las a outros, nem
mostrar que nele o passado ainda está vivo no presente, muito menos encontrar o que
pôde fundá-lo, mas sim buscar suas marcas diferenciais.
Responder as seguintes questões:
1Explique as influências de Nietzsche no pensamento de Foucault.
2Segundo Michel Foucault, como Nietzsche trabalha com as palavras
origem e proveniência?
3Explique a forma genealógica de análise de Nietzsche usada por Foucault.
4Qual é o papel do historiador para Michel Foucault?
5Em que obras ele faz uma análise histórica?
Semana 12
Indicação da leitura básica:
FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: Vigiar e Punir: história da violência nas
prisões. Petrópolis: Vozes, 1986.
Procedimentos de aprendizagem:
Verificar como Michel Foucault analisa a atuação do poder disciplinar sobre os corpos
dos homens antes de atingir as suas consciências.
Michel Foucault e o corpo disciplinado
Utilizando-se de um procedimento genealógico de investigação, Foucault verifica que,
no século XVIII, o corpo foi descoberto como objeto e alvo do pode, passou a ser visto
como conjunto de forças físicas e psíquicas, que pode ser manipulado, treinado para
obedecer e responder, habilitado, multiplicado em relação às suas capacidades. O
dispositivo que possibilita todos esses processos é a disciplina.
“Esses métodos que possibilitam o controle minucioso das operações do corpo, que
realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidadeutilidade são os que podemos chamar as disciplinas” (Foucault).
Na modernidade, esses procedimentos atingem o mínimo detalhe, tendo por objetivo a
máxima eficiência física e psíquica, mediante o controle ininterrupto. Não se trata mais
de obter renúncias a partir de sacrifícios (suplícios em praça pública), como na Idade
Média; trata-se sim de produzir uma individualidade obediente, utilizando-se das
técnica disciplinares
“A minúcia do olhar dos regulamentos, o olhar esmiuçante das inspeções, o controle das
mínimas parcelas da vida e do corpo darão em breve, no quadro da escola, do quartel,
do hospital ou da oficina, um contínuo laicizado, uma racionalidade econômica ou
técnica a esse cálculo místico do ínfimo e do infinito” (Foucault).
A especificidade da disciplina é que ela produz docilidade e eficiência servindo-se da
domesticação e da moralização. Não basta punir, é preciso vigiar, corrigir, reeducar,
organizando o tempo e o espaço e formulando novas técnicas de vigilância.
Trata-se de deixar o poder sempre invisível, porém, sempre potencialmente presente,
sem precisar recorrer às imagens religiosas. Essa é a grande novidade da modernidade
para instituições como a escola: a racionalidade assume o lugar antes ocupado por Deus
e deixa de ser necessário que o poder dê constantes demonstrações de força para que as
regras sejam observadas.
No século XIX julga-se o próprio criminoso, suas paixões, doenças, impulsos,
agressividade, perversões, por meio “das circunstâncias atenuantes que fazem entrar no
veredicto não somente os elementos ´circunstanciais´ do ato, mas algo bem diferente,
que não é juridicamente codificável: o conhecimento do criminoso, a apreciação que
dele se faz” (Foucault).
Responder as seguintes questões:
1Segundo Michel Foucault, como o poder disciplinar atua nos homens?
2De acordo com Michel Foucault, o que são os corpos dóceis?
3Explique a estrutura do livro Vigiar e Punir, de Foucault.
4Explique as diferenças entre suplício e disciplina
5Por que o poder disciplinar surgiu no final do século XVIII ?
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