1 bimestre textos

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ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL
História
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1º Bimestre de 2011
Profª: Carolina
Turmas: 1AT, 1BT, 1 CT, 1DT, 1ET, 1FT, 1GT, 1HT, 1IT
Texto 1
"Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição
do Feudalismo ao Capitalismo"
FEUDALISMO
A produção tende a ser de subsistência.
CAPITALISMO
Grande produção de excedentes, voltada para o mercado
A principal propriedade é imóvel : a terra, o feudo. O senhor A principal propriedade é a do capital. Investido em
feudal a domina, por isso pode cobrar tributos dos servos. empresas, bancos e comércio, resulta em lucros para o
Mas não investe praticamente nada.
burguês.
O servo tem o usufruto da terra, mas não é livre : está
submetido às obrigações feudais. Pode ser proprietário de
alguns instrumentos de trabalho.
O trabalho é livre. Como não possui terras, máquinas e
outros bens, é forçado (para não morrer desempregado) a
vender sua força de trabalho (capacidade de trabalhar) em
troca de salário
Coação política : o servo se submete principalmente porque Coação econômica: o empregado se submete por que não
o senhor feudal conta com a força das armas e da igreja .
tem condições de trabalhar por conta própria
Produção com o objetivo de sustentar o domínio dos
senhores feudais.
Produção com o objetivo de ampliar os lucros e o domínio
da burguesia
Senhores feudais X servos.
Burguesia X Trabalhadores assalariados
"A crise do século XIV produziu o expansionismo do século XV.
Para superar os problemas gerados pela crise, como falta de terras para cultivar, a regressão demográfica e o
esgotamento dos estoques de ouro e prata, os europeus se lançaram aos descobrimentos marítimos"
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ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL
História
1º Bimestre de 2011
Profª: Carolina
Turmas: 1AT, 1BT, 1 CT, 1DT, 1ET, 1FT, 1GT, 1HT, 1IT
Texto 2
A crise do Feudalismo - Século XIV
No século XIV, na Europa ocidental, a população vivia dentro de determinadas características, que
vinham sendo construídas desde o século III, e às quais denominamos feudalismo. As relações de produção se
baseavam no Trabalho servil prestado fundamentalmente nas terras dos “senhores feudais”: os nobres e os
elementos da alta hierarquia da Igreja Católica.
O crescimento da população, verificado entre os séculos XI e XIV, foi extraordinário. Os nobres
aumentaram em número e tornaram-se mais exigentes com relação aos seus hábitos de consumo: isso
determinava a necessidade de aumentar suas rendas e para consegui-lo, aumentou-se grandemente o grau de
exploração da massa camponesa. Esta superexploração produziu protestos dos servos, consubstanciados em
numerosas revoltas e fugas para as cidades. A repressão a esses movimentos foi enorme, mas a nobreza e o alto
clero tiveram razões para temer por sua sobrevivência.
Paralelamente, importantes alterações do quadro natural provocaram sérias conseqüências. Durante o
século XIII ocorrera uma expansão das áreas agrícolas, devido ao aproveitamento das áreas de pastagens e à
derrubada de florestas. O desmatamento provocou alterações climáticas e chuvas torrenciais e contínuas,
enquanto o aproveitamento da área de pastagens levou a uma diminuição do adubo animal, o que se refletirá na
baixa produtividade agrícola. Com as péssimas colheitas que se verificaram, ocorreu uma alta de preços dos
produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com a fome. Os índices de mortandade aumentaram ainda
mais com o advento da Peste negra. Uma população debilitada pela fome teve que enfrentar uma epidemia de
extrema gravidade que matou 1/3 da população européia.
Dificuldades econômicas de toda ordem assolavam a Europa, que passou a conviver com um outro
problema: o esgotamento das fontes de minérios preciosos, necessários para a cunhagem de moedas, levando os
reis a constantes desvalorizações da moeda. Isso só fazia agravar a crise.
No plano social, ao lado dos problemas já levantados, importa verificar o crescimento de um novo
grupo: a burguesia comercial, residente em cidades que tendiam para uma expansão cada vez maior, pois
passaram a atrair os camponeses e os elementos “marginais” da sociedade feudal.
Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado necessário pela
nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas. A unificação política, ou surgimento dos Estados
Nacionais, aparece, desta forma, como uma solução política para a nobreza manter sua dominação.
Finalmente, a crise se manifesta também no plano espiritual—religioso. Tantas desgraças afetaram
profundamente as mentes dos homens europeus, traduzindo-se em novas necessidades espirituais (uma nova
concepção do homem e do mundo) e religiosas (a igreja Católica não conseguia atingir tão facilmente os fiéis,
necessitados de uma teologia mais dinâmica).
Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo ao
Capitalismo.
Atividades
1. Procure no dicionário as palavras que não sabe o significado e faça um glossário em seu caderno.
2. Enumere os principais fatos que compõem a crise que ocorreu na Europa no Século XIV.
3. O século XIV foi um período de crise para a Europa. Cite e explique 3 elementos que revelam esta
crise.
4. Descreva resumidamente de que forma a fome e a peste negra contribuíram para a desagregação do
mundo feudal.
5. Interprete a frase: “Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do
Feudalismo ao Capitalismo.”
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ESCOLA ESTADUAL MAURICIO MURGEL
PROFESSORA: Carolina
HISTÓRIA
1° Bimestre de 2011
Turmas: 1AT, 1BT, 1 CT, 1DT, 1ET, 1FT, 1GT, 1HT, 1IT
Texto 3
CAPITALISMO MERCANTIL E O ABSOLUTISMO: O REI E O CAPITAL.
Nos séculos XII a XV, diversas alterações puderam ser vistas na Europa Ocidental. O poder dos
senhores feudais e o poder universal da Igreja foram superados pela centralização política monárquica e o
conseqüente fortalecimento do poder real.
Esta centralização, ou, como é normalmente conhecida, a formação dos Estados Nacionais, acelera-se
bastante a partir da crise do século XIV, quando a nobreza, atemorizada pelas revoltas camponesas, compreende
que é necessário uma mudança na forma de seu poder, para que ela possa continuar a ser o grupo socialmente
dominante. Paralelamente, a unificação política agrada também à nascente burguesia, visto que abre espaço para
a unificação do sistema de pesos e medidas, da moeda, o que proporciona facilidades para a atividade comercial.
É importante salientar que o surgimento dos Estados Nacionais não significou, em absoluto, a liquidação
do Modo de Produção Feudal, uma vez que as relações sociais de produção permaneceram essencialmente
feudais.
O que caracterizava os novos Estados Nacionais era a centralização do poder político, obtida graças à
unificação dos sistemas legais; do surgimento de uma burocracia; da formação de um exército comandado pelo
rei; do enfraquecimento da justiça senhorial, em detrimento da justiça real; da arrecadação de impostos agora
devidos ao rei; da unificação monetária, da eliminação da autonomia das cidades.
Tal processo, não ocorreu ao mesmo tempo e do mesmo modo em todos os lugares. Algumas regiões da
Europa sequer conseguiram completar o processo de unificação nessa época: é o caso da Alemanha e da Itália,
que apenas o realizam no século XIX.
O poder monárquico torna-se absoluto. O Absolutismo é o sistema de governo no qual o poder é
concentrado nas mãos do monarca, característico dos regimes da maioria dos Estados europeus entre os séculos
XVII e XVIII. Normalmente, os governantes possuem sólida base de apoio social, sem o que dificilmente
poderiam governar. A Nobreza e o Alto Clero são os grupos sociais que asseguram o apoio ao rei; são também
eles o grupo de pressão e que contribuem para limitar o poder real em determinados aspectos. A Reforma
Protestante, do século XVI, também colabora para o fortalecimento da autoridade do rei, pois enfraquece o
poder papal e coloca as igrejas nacionais sobre o controle do soberano.
Com a evolução das leis, com base no estudo do direito romano, surgem teorias que justificam o
absolutismo, como as de Nicolau Maquiavel ( 1469-1527); Jean Bodin (1530-1595); Thomas Hobbes ( 15881679).
O Estado absolutista típico é a França de Luís XIV (1638-1715). Conhecido como o “Rei Sol”, a ele é
atribuída a frase que se torna o emblema do poder absoluto: “O Estado sou eu”. Na França, o absolutismo é
derrubado com a Revolução Francesa (17890.
Despotismo esclarecido:
forma de governo que se instala em alguns Estados absolutistas europeus no século XVIII. Inspirados pelo
Iluminismo, os déspotas esclarecidos limitam o poder da igreja Católica, reduzem os privilégios da aristocracia e
do clero, centralizam o poder, favorecem o progresso econômicos e estimulam as artes e as ciências. Os
principais déspotas esclarecidos e seu tempo de reinado são: Frederico II. da Prússia (1740-1786); Marquês de
Pombal, de Portugal ( 1750-1777); Catarina II, da Rússia ( 1762-1796); José II, da Áustria (1780-1790).
Os REIS controlam: a administração do Estado, formam exércitos permanentes, dominam a
padronização monetária e fiscal, estabelecem fronteiras territoriais, intervém na economia nacional, criam uma
organização judiciária nacional, a Justiça real.
Com o crescimento comercial. A BURGUESIA tem interesse em disputar o domínio político com os
nobres e apóia a concentração do poder.
CAPITALISMO: Sistema econômico que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de
produção, pelo trabalho livre assalariado e pela acumulação de capital. Na Europa, essas características aparecem
desde Idade Média,do século XI ao XV, com a transferência do centro da vida econômica, social e política dos
feudos para as cidades. Nas regiões mais desenvolvidas como Itália e Holanda, já havia bancos, letras de câmbio,
intensa atividade de comércio e divisão de trabalho.
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Na Idade Moderna, do século XV ao XVIII, os reis absolutistas expandem o comércio por meio do
MERCANTILISMO: política econômica desenvolvida pelos Estados europeus, baseada no absolutismo
estatal e na propriedade privada. Corresponde á transição do feudalismo para o capitalismo, portanto á era de
acumulação do capital. Caracteriza-se pela interferência do governo na economia, na acumulação de metais
preciosos, na balança de comércio favorável (menos importação, mais exportação). Com a formação das
monarquias nacionais surge o desejo das nações de se tornarem potências, apoiadas pela burguesia. Nessa época,
a riqueza é determinada pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que se possui. Para controlar a
riqueza e a economia, os ESTADOS utilizam-se de barreiras alfandegárias, tarifas de comércio, incentivo às
empresas privadas, controle da produção interna e promoção de atividades comerciais. A criação de companhias
de comércio para a exploração colonial também é um elemento da política mercantilista. São companhias
privadas nas quais se associam governo e empresas comerciais para ampliar e defender, inclusive militarmente,
os negócios nos territórios então descobertos. Um exemplo é a Companhia das Índias Ocidentais , cujo objetivo
era garantir à Holanda, o mercado fornecedor de açúcar.
O Estado controla a economia e busca colônias para incentivar o enriquecimento das metrópoles. Esse
enriquecimento favorece a burguesia. A expansão marítima que produziu o fortalecimento dos Estados
Nacionais, produziu também o desenvolvimento do tráfico de escravos para da África para a América; o
extermínio de centenas de tribos indígenas americanas; a europeização das áreas conquistadas, devido à
imposição dos valores culturais e religiosos europeus.
Responda no caderno copiando as perguntas
01. Que alterações ocorreram na Europa ocidental entre os séculos XII e XV?
02. Como se deu a centralização monárquica?
03. Porque a burguesia aceitou bem a centralização monárquica?
04. Com o surgimento dos Estados Nacionais, o modo de produção feudal desapareceu na Europa?
05. O que caracteriza os novos Estados Nacionais?
06. Quais países conseguiram se transformar em Estados Nacionais apenas no século XIX?
07. O que é Absolutismo?
08. Quais os grupos sociais que ajudam a fortalecer o poder do rei?
09. Como a Reforma Protestante colaborou para o fortalecimento da autoridade do rei?
10. Quais os teóricos do Absolutismo?
11. Escreva sobre Luis XIV.
12. O que vem a ser Despotismo Esclarecido?
13. Cite os principais déspotas esclarecidos.
14. Quais os poderes do rei neste contexto histórico?
15. Qual o principal objetivo da burguesia nessa fase de transição do feudalismo para o capitalismo?
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ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL
Atividade de leitura e interpretação de História
1º Bimestre /2011
Profª: Carolina
Turmas: 1AT, 1BT, 1 CT, 1DT, 1ET, 1FT, 1GT, 1HT, 1IT
Texto 4
1. O príncipe não precisa ser fiel, piedoso, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais
qualidades. Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons,
sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. O
príncipe não deve se desviar do bem, se possível, mas deve estar pronto a fazer o mal se necessário.
(Maquiavel, O Príncipe).
2. O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os
votos), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com a
sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de
guerra que é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há
um poder visível capaz de os manter em respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao cumprimento dos seus
pactos e ao respeito àquelas leis de natureza. (Thomas Hobbes)
3. Todo o poder vem de Deus, Os governantes, pois, agem como ministros de Deus e seus representantes na
terra. Consequentemente, o trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus. Três razões
fazem ver que este governo (o da monarquia hereditária) é o melhor. A primeira é que é o mais natural e se
perpetua por si próprio. (....) A segunda razão (...) é que esse governo é o que interessa mais na conservação do
Estado e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado, trabalha para os seus filhos,
e o amor que tem pelo reino, confundido com o que tem pela sua família, torna-se-lhe natural. (...) A terceira
razão tira-se da dignidade das casas reais. (....) A inveja, que se tem naturalmente daqueles que estão acima de
nós, torna-se aqui em amor e respeito; os próprios grandes obedecem sem repugnância a uma família que
sempre viram como superior e à qual se não conhece outra que a possa igualar (...).O trono real não é o trono de
um homem, mas o trono do próprio Deus (...). Os reis são deuses e participam de alguma maneira da
independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e deve
obedecer-se-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição. ( Jacques BOSSUET.)
4. O rei sábio deve governar harmonicamente o seu reino, entremeando suavemente os nobres e os plebeus, os
ricos e os pobres, com tal discrição, no entanto, que os nobres tenham alguma vantagem sobre os plebeus, pois
é bem razoável que o gentil homem, tão excelente nas armas e nas leis quanto o plebeu, seja preferido nos
estados (empregos) da judicatura ou da guerra; e que rico em igualdade das demais condições seja preferido ao
pobre nos estados que têm mais honra que lucro; e que ao pobre caibam os ofícios que dão mais lucros do que
honra; assim todos ficaram contentes (....). Nada havendo de maior sobre a Terra, depois de Deus, que os
príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos como seus representantes para governarem os outros
homens é necessário lembrar-se de sua qualidade, a fim de respeitar-lhes e reverenciar-lhes a majestade com toda
obediência, a fim de sentir e falar deles com toda honra, pois quem despreza seu príncipe soberano despreza a
Deus,
de
quem
ele
é
a
imagem
na
terra.
(Jean BODIN)
A partir da leitura e interpretação dos textos
acima, responda:
1) Segundo Maquiavel, qual o maior dever
do príncipe? Como o príncipe deveria
governar para ter êxito?
2) De acordo com as ideias dos excertos,
quais são os teóricos do “Direito divino dos
reis”? Cite as frases em que esta teoria fica
explícita.
3) O que o rei deve ou pode esperar de seus
súditos?
4) Como é ou deve ser o rei para esses
autores?
5) Aponte duas características do
absolutismo monárquico que podem ser
notadas nos textos acima.
6) Cite duas características dos governos
democráticos atuais que sejam diferentes das
mencionadas no texto.
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ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL
Atividade de leitura e interpretação de História
1º Bimestre /2011
Profª: Carolina
Turmas: 1AT, 1BT, 1 CT, 1DT, 1ET, 1FT, 1GT, 1HT, 1IT
Texto 5
O Renascimento Cultural
A intensificação do comércio e da produção artesanal resultou no desenvolvimento das cidades, no
surgimento de uma nova classe social a burguesia e na posterior formação das monarquias nacionais. Estas
transformações vieram acompanhadas de uma nova visão de mundo, que se manifestou na arte e na cultura de
maneira de geral. A cultura medieval se caracterizava pela religiosidade. A Igreja Católica, como vimos,
controlava as manifestações culturais e dava uma interpretação religiosa para os fenômenos da natureza, da
sociedade e da economia. A esta cultura deu-se o nome de teocêntrica (Deus no centro). A miséria, as tempestades,
as pragas, as enchentes, as doenças e as más colheitas eram vistas como castigos de Deus. Assim como a riqueza,
a saúde, as boas colheitas, o tempo bom, a fortuna eram bênçãos divinas. A própria posição que o indivíduo
ocupava na sociedade (nobre, clérigo ou servo) tinha uma explicação religiosa.
A arte medieval, feita normalmente no interior das Igrejas, espelhava esta mentalidade. Pinturas e
esculturas não tinham preocupações estéticas e sim pedagógicas: mostrar a miséria do mundo e a grandiosidade
de Deus. As figuras eram rústicas, desproporcionais e acanhadas. Os quadros não tinham perspectiva. Como as
obras de arte eram de autoria coletiva, o artista medieval é anônimo. A literatura medieval era composta de
textos teológicos, biografias de santos e histórias de cavalaria. Isto refletia o domínio da Igreja e da nobreza
sobre a sociedade.
Essa visão de mundo não combinava com a experiência burguesa. Essa nova classe devia a sua posição
social e econômica ao seu próprio esforço e não à vontade divina, como o nobre. O sucesso nos negócios
dependia da observação, do raciocínio e do cálculo. Características que se opunham às explicações sobrenaturais,
próprias da mentalidade medieval. Por outro lado, era uma classe social em ascensão, portanto otimista. Sua
concepção de mundo era mais materialista. Queria usufruir na terra o resultado de seus esforços. E também
claro que o comerciante burguês era essencialmente individualista. Quase sempre, o seu lucro implicava que
outros tivessem prejuízo. A visão de mundo da burguesia estará sintonizada com a renovação cultural ocorrida
nos fins da Idade Média e no começo da Idade Moderna. A essa renovação denominamos Renascimento.
Características do Renascimento Cultural
O Renascimento significou uma nova arte, o advento do pensamento científico e uma nova literatura. Nelas
estão presentes as seguintes características:
a- antropocentrismo (o homem no centro): valorização do homem como ser racional. Para os
renascentistas o homem era visto como a mais bela e perfeita obra da natureza. Tem capacidade criadora e pode
explicar os fenômenos à sua volta.
b- otimismo: os renascentistas acreditavam no progresso e na capacidade do homem de resolver
problemas. Por essa razão apreciavam a beleza do mundo e tentavam captá-la em suas obras de arte.
c- racionalismo: tentativa de descobrir pela observação e pela experiência as leis que governam o mundo.
A razão humana é a base do conhecimento. Isto se contrapunha ao conhecimento baseado na autoridade, na
tradição e na inspiração de origem divina que marcou a cultura medieval.
d- humanismo: o humanista era o indivíduo que traduzia e estudava os textos antigos, principalmente
gregos e romanos. Foi dessa inspiração clássica que nasceu a valorização do ser humano. Uma das características
desses humanistas era a não especialização. Seus conhecimentos eram abrangentes.
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e- hedonismo: valorização dos prazeres sensoriais. Esta visão se opunha à idéia medieval de associar o
pecado aos bens e prazeres materiais.
f- individualismo: a afirmação do artista como criador individual da obra de arte se deu no Renascimento.
O artista renascentista assinava suas obras, tomandose famoso.
g- inspiração na antiguidade clássica: os artistas renascentistas procuraram imitar a estética dos antigos
gregos e romanos. O próprio termo Renascimento foi cunhado pelos contemporâneos do movimento, que
pretendiam estar fazendo renascer aquela cultura, desaparecida durante a “Idade das Trevas” (Média).
Itália: o Berço do Renascimento
O Renascimento teve início e atingiu o seu maior brilho na Itália. Daí irradiou-se para outras partes da Europa.
O pioneirismo italiano se explica por diversos fatores:
a- a vida urbana e as atividades comerciais, mesmo durante a Idade Média, sempre foram mais intensas
na Itália do que no resto da Europa. Como vimos, o Renascimento está ligado à vida urbana e à burguesia. Basta
lembrar que Veneza e Gênova foram duas importantes cidades portuárias italianas, ambas com uma poderosa
classe de ricos mercadores.
b- a Itália foi o centro do Império Romano e por isso tinha mais presente a memória da cultura clássica.
Como vimos, o Renascimento inspirou-se na cultura greco-romana.
c- o contato com árabes e bizantinos, por meio do comércio, deu condições para que os italianos
tivessem acesso às obras clássicas preservadas por esses povos. Quando Constantinopla foi conquistada pelos
turcos, em 1453, vários sábios bizantinos fugiram para Itália levando manuscritos e obras de arte.
d- O grande acúmulo de riquezas obtidas no comércio com o Oriente, formou uma poderosa classe de
ricos mercadores, banqueiros e poderosos senhores. Esse grupo representava um mercado para as obras de arte,
estimulando a produção intelectual. Muitos pensadores, pintores, escultores e arquitetos se tomaram protegidos
dessa poderosa classe. À essa prática de proteger artistas e pensadores deu-se o nome de mecenato. Entre os
principais mecenas podermos destacar os papas Alexandre II, Júlio II e Leão X. Também ricos mercadores e
políticos foram importantes mecenas, como, por exemplo, a família Médici.
A Decadência do Renascimento Italiano
A decadência do Renascimento italiano pode ser explicada por diversos fatores. As lutas políticas
internas entre as diversas cidadés-Estado e a intervenção das potências políticas da época (França, Espanha e
Sacro Império Germânico), consumiram as riquezas da Itália. Ao mesmo tempo, o comércio das cidades
italianas entrou em franca decadência depois que a Espanha e Portugal passaram a liderar, através da rota do
Atlântico, o comércio com o Oriente.
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1º Bimestre /2011
ESCOLA ESTADUAL MAURÍCIO MURGEL
História
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Reforma Protestante e Contra-Reforma
“Só a Fé Salva” – Martinho Lutero
“Deus criou vasos para a salvação e vasos para a danação eterna. Se a Mão de Deus estiver sobre a tua cabeça tu será beneficiado
aqui na terra com muita saúde e prosperidade. Por este indício compreenderás que estás predestinado à salvação” – João Calvino
O desenvolvimento do comércio e a conseqüente ampliação do poder político e econômico da burguesia
tornavam anacrônico o discurso da Igreja Católica Romana, que pregava “ser mais fácil um camelo entrar pelo
buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” por um lado e, por outro, vender indulgências e
ficar com parte do lucro auferido “pecaminosamente” daquele ponto de vista.
A Igreja Católica Romana tinha uma pregação – a cobiça, fundamentalmente, era condenada pela Igreja! –
e uma prática diferente de seu discurso (mais ou menos como nossos governantes hoje fazem, dizem uma coisa e
fazem outra...). Por outro lado ao burguês que enriquecera comprando barato (ou saqueando) e vendendo com
largo lucro, além de cobrar juros, não era interessante:
a) Partilhar a sua riqueza com um clero cuja prática era incongruente com seu discurso.
b) Ouvir sermões ameaçando-o com as penas do Inferno se não abandonasse a prática da usura, da “venda do
tempo”, etc.
Com isto, no Renascimento está formado o caldo de cultura necessário ao surgimento do protestantismo.
Dentro do Individualismo, um dos principais valores renascentistas, o protestante conversa diretamente com
Deus; não encomenda a um padre uma missa pedindo a um santo que interceda a Deus por ele numa hierarquia
que já não lhe diz respeito. O burguês conversa direta e individualmente com Deus.
O Início da Reforma – Lutero
Tradicionalmente diz-se que a Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero, monge agostiniano
alemão 91483 – 1546), cujo pensamento sofreu profunda influência de São Paulo de Tarso.
Numa Epístola de Paulo aos Romanos encontrou a “chave” para consolidar uma idéia nova de salvação:
“O justo viverá pela fé.”E “não são as obras, mas é a fé que conduz à salvação”. Não importa como você aja no
mundo. Se a sua fé for “do tamanho de uma raiz de mostarda” você está no caminho da salvação, não importa o
que faça. Desprezando olimpicamente os vários trechos bíblicos que rezam: “o que é a fé sem as obras?”; “A fé
sem as obras é morta!” e “Mostra-me a tua fé sem as obras que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé!”
Lutero criou um novo sistema religioso abrindo um cisma com a Igreja Católica Romana.
Em 1517 afixou na Abadia de Wittenberg suas famosas "95 Teses Contra a Venda de Indulgências", sendo
excomungado e correndo o risco de, a exemplo de Jan Hus e Thomas Münzer, ser martirizado pela Igreja. A
diferença é que estes dois, com profunda sinceridade de coração, desejavam voltar ao princípio da fé cristã, em
grande medida desvirtuada pela Igreja, mas para tanto aliaram-se aos pobres, aos desvalidos e deserdados da
sociedade. Já Lutero, espertamente, aliou-se aos príncipes interessados, como se disse, em apoderar-se das terras
da Igreja...
Lutero encontrou terreno fértil à sua pregação nas regiões em que era interessante aos nobres se
apoderarem das terras da Igreja Católica. Aliando-se aos príncipes, conseguiu principalmente o apoio do
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Imperador do Sacro Império Romano-Germânico Carlos V, que convocou a “Dieta de Worms” em 1521. As
doutrinas luteranas causaram grande agitação, principalmente sua idéia subversiva de confiscar os bens da Igreja.
Sua aliança aos príncipes fica mais clara à medida em que analisamos sua reação aos camponeses da região
da renânia que, uma vez convertidos, passaram a apoderar-se dos bens da Igreja Católica Romana. Lutero apoiou
uma violenta repressão aos camponeses em 1525 dizendo: “A espada deve se abater sobre estes patifes! Não
punir ou castigar, não exercer esta sagrada missão é pecar contra Deus!”
Na Dieta de Augsburgo, convocada pelo Imperador Carlos V em 1530, estabeleceram-se as bases
fundamentais da nova religião luterana. Ficava abolido o celibato ao clero protestante; proibido o culto a
“imagens de escultura e a Virgem Maria”; proclamava a Bíblia e sua interpretação subjetiva do leitor como
autoridade, renegando os dogmas de Roma, entre outras medidas.
Basicamente, a doutrina luterana divergia do catolicismo nos seguintes pontos:
a- Livre-exame. O crente teria direito de ler a bíblia e tirar suas próprias conclusões. Desta forma, Lutero
negava à Igreja o direito de ser a intérprete da palavra divina.
b- Salvação pela fé. Com base em São Paulo, Lutero afirmava que o homem está destinado a pecar. Para
São Paulo o homem não é capaz de fazer o bem que quer mas faz o mal que não quer. Assim não se salvará pelas obras,
mas sim pelo arrependimento e pela fé.
c- Condenação do celibato. Para Lutero não havia fundamento bíblico para o celibato do clero. Sendo assim,
os ministros da Igreja deveriam se casar.
d- Condenação da veneração ou culto aos santos. A veneração e culto deveriam ser prestados somente a Deus.
As imagens que enchiam as Igrejas católicas eram vistas por Lutero como pura idolatria.
e- Negação do dogma da transubstanciação. O vinho e o pão não se transformariam no sangue e no corpo de
Cristo. A comunhão seria apenas uma reafirmação da fé na ressurreição de Cristo e na sua promessa de resgatar
os pecados.
f- Negação da infalibilidade papal. Para Lutero os papas estavam sujeitos ao erro como qualquer ser
humano.
Aprofundando a reforma – Calvino
Uma das principais conseqüências do cisma provocado por Lutero no seio da cristandade foi a difusão de
suas idéias como um rastilho de pólvora por toda a Europa Central, onde se concentravam os burgueses
enriquecidos e os príncipes interessados no confisco dos bens da Igreja.
A Reforma foi aprofundada por alguns de seus seguidores, com particular ênfase a João Calvino (1509 –
1564) que dinamizou o movimento protestante através de novos princípios, como o da predestinação absoluta, que
enfatizava o quanto uma pessoa estava “sendo abençoada por Deus” uma vez enriquecesse e o quanto estava
predestinada à danação eterna uma vez pobre, doente e miserável... Quem nisso acredita trabalha como louco
para “provar” a seus vizinhos, pelos aspectos exteriores de suas posses e bem-estar físico e material que é um
“vaso reservado para a salvação”.
Pense: se você fosse um burguês enriquecido preferiria a pregação de um sacerdote católico a acusá-lo de
desonestidade, heresia por haver enriquecido através da prática condenável do lucro e da usura ou a pregação de
um sacerdote protestante a informar que a sua riqueza é um sinal de que está predestinado para a salvação
eterna? Não é de admirar que os países mais prósperos do mundo capitalista professem a fé protestante em seus
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mais diversos matizes.
Um caso singular – Henrique VIII e a Reforma Anglicana
Vários pregadores e potentados ingleses estavam ansiosos para aderir também à Reforma e, com isso,
confiscar terras da Igreja a exemplo do que havia ocorrido em boa parte da Europa continental. O rei inglês
Henrique VIII (1509 – 1547), contudo, era muito devoto e recebeu uma comenda do papa Clemente VII:
“Defensor Perpétuo da Fé Católica”.
De repente, um coup de foudre (paixão avassaladora) muda os rumos da situação: casado por interesse com
Catarina de Aragão, Henrique VIII apaixona-se cegamente por Ana Bolena e solicitou ao papa a anulação de seu
casamento para que pudesse contrair novas núpcias. Diante da resposta do papa “o que Deus uniu o homem não
separará” e da pressão dos príncipes e pregadores ingleses, pelo Ato de Supremacia proclamado pelo rei e votado
pelo Parlamento inglês, a Igreja, na Inglaterra, ficava sob total autoridade do monarca.
Inicialmente o anglicanismo manteve todas as características da Igreja Católica Romana, excetuando-se o
direito ao divórcio (de interesse do rei!) e a obediência à infalibilidade do papa. Com o passar dos anos a Igreja
Anglicana agrega muitos dos valores do Calvinismo, afastando imagens de escultura, fazendo uma leitura singular
da Bíblia, etc.
Reação da Igreja Católica Romana – a Contra Reforma
Convocando o Concílio de Trento (1545 – 1563), a Igreja Católica estabeleceu um conjunto de medidas
defensivas e ofensivas. A fim de impedir a contaminação pelo protestantismo dos países ainda não atingidos,
criou um Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos), dentre os quais encabeçavam as obras de
Lutero, Calvino, etc. Reativou o Tribunal da Santa Inquisição, com a finalidade de reprimir heresias.
Criou o catecismo, catequese e os seminários com vistas a discutir e persuadir os fiéis reconquistando o terreno
perdido.
Além disso, receberam incentivo as novas Ordens de pregadores apostólicos romanos com vistas a “levar a fé
católica ao “Novo Mundo”. Neste contexto surge a Companhia de Jesus, de Inácio de Loyola, subordinada
diretamente ao papa e que levava sua pregação ao continente americano e até à Ásia.
Também os dominicanos (domini = do Senhor; cani = cães), portanto caninamente obedientes e devotados a
propagar a fé católica.
A relembrar ainda a coincidência entre o protestantismo e o capitalismo e, de outro lado, entre o
catolicismo e o tradicionalismo. Os países mais prósperos, do ponto de vista burguês, capitalista, seguem todos
majoritariamente a fé protestante em seus diversos matizes: EUA, Inglaterra, Suíça, Holanda, Alemanha, Suécia...
Por outro lado, aqueles ligados ao catolicismo e à ética do amor ao próximo, que não foram profundamente
tocados pelo protestantismo, seguem subdesenvolvidos do ponto de vista capitalista – casos dos países Ibéricos
e da América Latina, por exemplo.
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