UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP CURSO: ENGENHARIA DISCIPLINA: DESENVOL. E SUSTENTABIBLIDADE PROFA.: MARILNE T. M. FERNANDES 2-ª aula O Desenvolvimento Desenvolvimento (em geral) - é um processo dinâmico de melhoria, que implica uma mudança, uma evolução, crescimento, propagação e avanço; ato de se desenvolver. Há vários tipos de desenvolvimento: desenvolvimento sustentável, desenvolvimento econômico, índice de desenvolvimento humano, desenvolvimento organizacional, desenvolvimento social, etc. O desenvolvimento econômico consiste em um processo de enriquecimento dos países, assim como de seus habitantes, ou seja, na acumulação de ativos individuais ou públicos, e também de um crescimento da produção nacional e pela remuneração recebida pelos que participam da atividade econômica. Em história o desenvolvimento coincide com o aparecimento do capitalismo e com o Advento da Revolução Industrial. Nos sistemas pré-capitalistas não havia acumulação, ou seja, não havia desenvolvimento. Outro aspecto importante é que o desenvovimento não é uma via de mão única – os países podem recuar ou avançar nesse processo. Desenvolvimento pode ser entendido como exercício de potencial. Uma analogia ajuda a entender o significado: quando uma semente se torna uma planta adulta está exercendo um potencial genético, em outras palavras, está desenvolvendo-se. Quando qualificado pelo adjetivo econômico, refere-se ao processo de produção de riqueza material, a partir do potencial dado pela disponibilidade de recursos humanos e naturais e uso de tecnologia. No campo crítico da economia, a palavra desenvolvimento vem normalmente acompanhada da palavra capitalista para mostrar que o desenvolvimento refere-se ao todo social. Teorias Há muitas teorias para o desenvolvimento econômico. Como alternativa à crise de 1929, o economista inglês John Maynard Keynes criou a hipótese de que o Estado deveria interferir ativamente na economia: regulando o mercado de capitais, criando empregos, promovendo obras de infra-estrutura e fabricando bens de capital. Essa teoria foi popular até os anos 1970 quando, em parte devido à crise do petróleo o sistema monetário internacional entrou em crise. Tornou-se inviável a conversão do dólar em ouro, ruiu o padrão dólar-ouro, com inflação e o endividamento dos Estados por um lado, e uma grande acumulação de excedente monetário líquido nas mãos dos países exportadores de petróleo por outro. Em vista disso, sobreveio uma mudança de enfoque na política econômica. Surge então a escola neoliberal de pensamento econômico. Para corrigir os problemas inerentes à crise, os neoliberais pregavam a redução dos gastos públicos e a desregulamentação, de modo a permitir que as empresas com recursos suficientes pudessem investir em praticamente todos os setores de todos os mercados do planeta: tornando-se empresas multinacionais ou transnacionais. Neoliberalismo O neoliberalismo foi experimentado, primeiramente, por Pinochet, no Chile, na década de 1970, e foi seguida pela inglesa Margaret Thatcher e pelo americano Ronald Reagan nos anos 1980. Embora os resultados a curto prazo da transição chilena para um modelo neoliberal tenham sido ruins para a sociedade, no início da década de 90, o país se tornou a economia mais próspera da América Latina, crescendo a taxas superiores a 7% ao ano. O país conseguiu reduzir a pobreza de 50% para 18,3% entre 1987 - 2003, tornando-se o primeiro país latino a cumprir as metas do milênio para a redução da pobreza. De 1990 até 2004, as práticas neoliberais preconizadas pelo Consenso de Washington, em 1990, e pelo FMI, durante a década seguinte, tornaram-se um modismo irresistível para os governantes, que acreditavam ter encontrado a fórmula para alcançar um desenvolvimento econômico. Reformas foram aplicadas em vários países, os mais pobres, pressupunham que, com a liberalização dos mercados, atrairiam mais investimentos. Entre algumas medidas consideradas necessárias para os neoliberais, estão as privatizações de empresas estatais, a abertura do mercado de capitais, a liberalização dos fluxos internacionais de capitais (inclusive para os investimentos de curto prazo), o fim das reservas de mercado e a flexibilização de leis trabalhistas. Uma das reações às práticas neoliberais foi a busca de alternativas de desenvolvimento econômico, como forma de suprir a incapacidade de promoção do desenvolvimento pelos países subdesenvolvidos, nomeadamente em oposição às idéias e práticas neoliberais. O Desenvolvimento econômico em relação ao meio ambiente Os avanços na área ambiental quanto aos instrumentos técnicos, políticos e legais; são fundamentais para a estrutura da política de meio ambiente, são inegáveis e inquestionáveis. Nos últimos anos, saltos quantitativos foram dados, na consolidação de práticas e formulação de diretrizes que tratam a questão ambiental de forma sistêmica e integrada. Neste sentido, o desenvolvimento deverá ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e de incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento, e o programa será atendido como fruto de maior riqueza, maior benefício social eqüitativo e equilíbrio ecológico. Meyer (2000) enfoca que, para esta ótica, o conceito de desenvolvimento sustentável apresenta pontos básicos que devem considerar, de maneira harmônica, o crescimento econômico, maior percepção com os resultados sociais decorrentes e equilíbrio ecológico na utilização dos recursos naturais. Assume-se que as reservas naturais são finitas, e que as soluções ocorrem através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente. Deve-se atender às necessidades básicas usando o princípio da reciclagem. Partindo do pressuposto de que haverá uma maior descentralização, que a pequena escala será prioritária, que haverá uma maior participação dos segmentos sociais envolvidos, e que haverá uso de estruturas democráticas. A forma de viabilizar com equilíbrio essas características é o grande desafio a se enfrentar. Neste sentido, Donaire (1999) diz que o retorno do investimento, antes, entendido simplesmente como lucro e enriquecimento dos acionistas, daqui em diante, é para a contribuição e criação de um mundo sustentável. Estes processos de produção de conhecimento têm oportunizado o crescimento de práticas positivas e próativas, através de métodos e de experiências que comprovam, a possibilidade de fazer acontecer e tornar real o novo, necessário e irreversível, caminho de mudanças. Souza (1993), concorda ao dizer que as estratégias de marketing ecológico, adotadas pela maioria das empresas, visam a melhoria de imagem tanto da empresa quanto de seus produtos, através da criação de novos produtos verdes e de ações voltadas pela proteção ambiental. Desse modo, o gerenciamento ambiental passa a ser um fator estratégico que a alta administração das organizações deve analisar. Figura 1 - Motivação para proteção ambiental na empresa Fonte: Callenbach et al (1993, p. 26) Neste contexto, as organizações deverão, incorporar a variável ambiental na tomada de decisão, mantendo com isso uma postura responsável de respeito à questão ambiental. Empresas experientes identificam resultados econômicos e resultados estratégicos do engajamento da organização na causa ambiental. Estes resultados não se viabilizam de imediato, há necessidade de que sejam planejados e organizados. A primeira dúvida na questão ambiental do ponto de vista empresarial é no aspecto econômico. Qualquer providência a ser tomada em relação à variável ambiental, a idéia é de que aumenta as despesas e o acréscimo dos custos do processo produtivo. Há empresas, mostrando que é possível ganhar dinheiro e proteger o meio ambiente, desde que as empresas possuam criatividade e condições que possam transformar as restrições em oportunidades de negócios”. A responsabilidade ambiental da empresa Ecologia e empresa, eram considerados dois conceitos de realidades diferentes. A ecologia estuda a relação entre os seres vivos e seu ambiente. Dessa forma a ecologia está longe da Ciência Econômica e Empresarial. Para a empresa o meio ambiente é o suporte físico que fornece os recursos para desenvolver sua atividade produtiva e o receptor de resíduos. Alguns setores já assumiram tais compromissos com o novo modelo de desenvolvimento, ao incorporarem nos modelos de gestão ambiental. A gestão de qualidade empresarial passa pela obrigatoriedade de que sejam implantados sistemas organizacionais e de produção que valorizem os bens naturais, as fontes de matérias-prima, as potencialidades do quadro humano criativo, as comunidades locais e devem iniciar o novo ciclo, onde a cultura do descartável e do desperdício sejam coisas do passado. Atividades de reciclagem, incentivo à diminuição do consumo, controle de resíduo, capacitação permanentes dos quadros profissionais, em diferentes níveis e escalas de conhecimento, fomento ao trabalho em equipe e às ações criativas são desafios-chave neste novo cenário. A nova consciência ambiental, surgida nas transformações culturais das décadas de 60 e 70, ganhou dimensão e situou o meio ambiente como um dos princípios fundamentais do homem moderno. Nos anos 80, os gastos com proteção ambiental começaram a ser vistos pelas empresas líderes não como custos, mas como investimentos no futuro e competitividade. A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da organização moderna amplia todo o conceito de administração. Administradores, executivos e empresários introduziram em suas empresas programas de reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações ecológicas. Essas práticas difundiram-se rapidamente, e em breve vários pioneiros dos negócios desenvolveram sistemas abrangentes de administração de cunho ecológico. Para entender a relação entre a empresa e o meio ambiente tem que se aceitar, como estabelece a teoria de sistemas, que a empresa é um sistema aberto. A empresa é um sistema aberto porque está formado por um conjunto de elementos relacionados entre si, porque gera bens e serviços, empregos, dividendos, porém também consome recursos naturais e gera contaminação e resíduos. Por isto, é necessário que a economia da empresa defina uma visão mais ampla da empresa como um sistema aberto. Neste sentido Callenbach (1993), diz que é possível que os investidores e acionistas usem cada vez mais a sustentabilidade ecológica, no lugar da rentabilidade, como critério para avaliar a posição estratégica de longo prazo das empresas. PRODUTO INTERNO BRUTO - (PIB) O (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. Ele é calculado no Brasil pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). PIB nominal e PIB real - quando se procura comparar ou analisar o comportamento do PIB de um país ao longo do tempo, é preciso diferenciar o PIB nominal do real. O primeiro diz respeito ao valor do PIB calculado a preços correntes, no ano em que o produto foi produzido e comercializado, o segundo é calculado a preços constantes, é escolhido um ano-base onde é feito o cálculo do PIB eliminando assim o efeito da inflação. Nas avaliações mais consistentes, o mais indicado é o uso de seu valor real, que leva em conta apenas variações nas quantidades produzidas dos bens, e não nas alterações de seus preços de mercado. Fórmula para cálculos do PIB A fórmula clássica para expressar o PIB de uma região é a seguinte: PIB = C + G + I + (X-M) Onde, C é o consumo privado; I é o total de investimentos realizados; G representa gastos governamentais; X é o volume de exportações; M é o volume de importações. PIB per capita Os indicadores econômicos agregados (produto, renda, despesa) indicam os mesmos valores para a economia de forma absoluta. Dividindo-se esse valor pela população de um país, obtém-se um valor médio per capita: O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem muitos habitantes, mas seu PIB per capita pode ser baixo, já que a renda total é dividida por muitas pessoas, como é o caso da Índia e da China. Já países como a Suíça e Noruega exibem um PIB moderado, mas suficiente para uma excelente qualidade de vida a seus poucos milhões de habitantes. Atualmente, usam-se outros índices que revelam o perfil da distribuição de renda de um país, índices desenvolvidos pela sociologia, como o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH para se obter uma avaliação mais precisa do bem-estar econômico desfrutado por uma população. PIB - Fatores em geral Fatores que contribuíram para as recentes baixas do PIB = a valorização do real diante do dólar. Com a baixa do dólar, várias empresas não exportaram, deixando, assim, as exportações de contribuir para o crescimento do PIB. Já a produção industrial baixou de nível devido às importações, em especial as referentes à China. Limitações do PIB e críticas O PIB, é uma medida de fluxo de produção - produção por unidade de tempo (ano). Por isso, ele não considera estoques de capital (economia), que em ultima instância são importantes componentes determinantes dos fluxos de produção, como por exemplo, capital social, capital humano, capital natural, nível de eficiência de instituições. O PIB per capta é frequentemente usado como um indicador, seguindo a idéia de que os cidadãos se beneficiariam de um aumento na produção agregada do seu país. Similarmente, o PIB per capta não é uma medida de renda pessoal. Entretanto, o PIB pode aumentar enquanto a maioria dos cidadãos de um país ficam mais pobres, ou proporcionalmente não tão ricos, pois o PIB não considera o nível de desigualdade de renda de uma sociedade. Distribuição de Riqueza - O PIB não leva em consideração diferenças na distribuição de renda ; Qualidade de bens e serviços - Bens com qualidades diferentes, mas um mesmo preço, o PIB é igual; Transações não comerciais - O PIB exclui atividades produtivas que não ocorrem dentro do mercado; Transações clandestinas - O PIB não conta atividade que não passam pelo mercado oficial; Mercado Informal - Negócios e serviços não formalizados e registrados não são registrados; Externalidades - O PIB ignora a presença de externalidades efeitos não contabilizados pelo mercado; Crescimento de longo prazo - O PIB anual não é um indicador de longo prazo. DESENVOLVIMENTO MEDIDO PELO IDH – (Índice de Desenvolvimento Humano) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bemestar de uma população. O índice foi desenvolvido em 1990 e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual. Todo ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. Na edição de 2009, o IDH avaliou 182 países. A Noruega continuou no topo da lista, seguida pela Austrália e Islândia. Serra Leoa, Afeganistão e Níger são os três últimos e apresentam os piores índices de desenvolvimento humano. Critérios de avaliação Cálculo Índice de educação: Para avaliar a dimensão da educação o cálculo do IDH considera dois indicadores. O primeiro, com peso dois, é a taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de idade. O segundo indicador é a taxa de escolarização: somatório das pessoas matriculadas em algum curso, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da localidade. Longevidade: O item longevidade é avaliado considerando a esperança de vida ao nascer. Renda: A renda é calculada tendo como base o PIB per capita do país. A renda medida pelo IDH é em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenças. Para calcular o IDH de uma localidade, faz-se a seguinte média aritmética: (onde L = Longevidade, E = Educação e R = Renda) INDÍCE DA DIMENSÃO = (Valor Real – Valor Mínimo) (Valor Máximo – Valor Mínimo) Classificação O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total), sendo os países classificados deste modo: Quando o IDH de um país está entre: 0 e 0,499, é considerado baixo – país de desenvolvimento baixo (subdesenvolvido); 0,500 e 0,799, é considerado médio – país de desenvolvimento médio (em desenvolvimento); 0,800 e 0,899, é considerado elevado – país de desenvolvimento alto (em desenvolvimento); 0,900 e 1, é considerado muito elevado – país de desenvolvimento muito alto (desenvolvido). O Canadá foi o primeiro colocado por oito vezes, seguido pela Noruega, com sete vezes. O Japão foi classificado em primeiro lugar por três vezes e a Islândia por duas vezes. Brasil Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) o Brasil entrou pela primeira vez para o grupo de países com elevado desenvolvimento humano, com um índice medido em 0,800 no ano de 2005. Em 2006, obteve uma melhora no índice de 0,007 com uma pontuação de 0,807. No ano de 2009 encontra-se na 75ª colocação mundial, com um índice de 0,813 valor considerado de alto desenvolvimento humano. Mapa de estados do Brasil segundo o IDH. ██ 0,800 – 0,900 (Elevado) ██ 0,700 - 0,799 (Médio-alto) ██ 0,600 - 0,699 (Médio-baixo) Mesmo assim, o Brasil continua a ser internacionalmente conhecido por ser uma das sociedades mais desiguais do planeta, onde a diferença na qualidade de vida de ricos e pobres é imensa. Mas dados estatísticos recentes, contidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do (IBGE), mostram que o quadro começa a se alterar. Entre 2001 e 2004 a renda dos 20% mais pobres cresceu cerca de 5% ao ano enquanto os 20% mais ricos perderam 1%. Nesse mesmo período houve queda de 1% na renda per capita e o PIB não cresceu significativamente. A explicação dos economistas brasileiros e também de técnicos do Banco Mundial para a redução das desigualdades está nos programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família. No entanto, como mais de dois terços dos rendimentos das famílias brasileiras provém do trabalho assalariado, há necessidade de crescimento da economia e do mercado de trabalho. Referências CALLENBACH, E., et al. Gerenciamento Ecológico – Eco-Manangement – Guia do Instituto Elmwood de Auditoria Ecológica e Negócios Sustentáveis. São Paulo: Ed. Cultrix, 1993. DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1999. SOUZA, M. T. S. Rumo à prática empresarial sustentável. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, SP: v.4, n.33, p. 40-52, jul/ago/1993.