File

Propaganda
1 Administração de Medicamentos Via Parenteral
Considerações Iniciais
Os medicamentos podem ser administrados de várias formas, dependendo da
indicação e do tempo de ação pretendido. Cada via tem sua importância e particularidade,
exigindo do profissional treinamento e técnica específicos para cada uma. Algumas podem
ser realizadas em casa, pelo cuidador ou pelo próprio cliente, ao passo que outras só podem
ser realizadas por profissional capacitado e treinado. As vias utilizadas para a administração
de medicamentos são Tópica, Enteral e Parenteral.
Conceito
A via parenteral inclui a administração de medicamentos de forma invasiva, ou seja,
com o auxílio de seringa, agulha ou outros dispositivos. As principais vias parenterais são a
intradérmica, a subcutânea, a intramuscular e a endovenosa (ou intravenosa).
1.1- Via Intradérmica
Conceito:
É a aplicação de drogas na derme.
Finalidades:
Geralmente utilizada para realizar teste de hipersensibilidade, como avaliação de
alergias e P.P.D.; em processos de dessensibilização a alérgenos e em imunização (BCG).
Áreas de Aplicação:
A administração de medicamentos via Intradérmica pode ser realizada em qualquer
parte do corpo. No entanto, como forma de padronização, foram convencionados locais
onde a pilosidade é menor e o acesso à leitura da reação aos alérgenos é mais fácil, tais
como: a face interna do antebraço, a região supra-mamária, a região escapular e a região
dorsal do braço. A vacina BCG intradérmica é aplicada na área de inserção inferior do
deltóide direito.
Material:
São utilizados: Cuba-rim; Bolas de algodão; Frasco com álcool a 70%; Seringa de
01 ml ou graduada em UI, tipo insulina ou vacina; Agulha descartável: 13 x 4,5 mm ou
similar; Medicação prescrita; Etiqueta de identificação; Saco plástico para lixo.
Procedimento:
- Conferir o nome do cliente, do fármaco, a dose, o horário e a via de administração.
- Lavar as mãos.
- Preparar o medicamento, conforme a técnica.
- Explicar ao paciente o que vai fazer e deixá-lo em posição confortável e adequada.
- Expor a área de aplicação.
- Não fazer anti-sepsia na aplicação da BCG e do PPD.
- Firmar a pele com o dedo polegar e indicador da mão não dominante.
- Com a mão dominante, segurar a seringa quase paralela à superfície da pele (15º) e com o
bisel voltado para cima, introduzir 2 mm e injetar o conteúdo.
- Retirar a agulha, sem friccionar o local.
- Colocar algodão seco somente se houver sangramento ou extravasamento da droga.
- Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.
- Providenciar a limpeza e a ordem do material.
- Lavar as mãos.
- Anotar o cuidado.
Observações:
- Leitura: teste alérgico 15 minutos e PPD 72 horas após.
- A substância injetada deve formar uma pequena pápula na pele. Não deve ser massageada.
- A penetração da agulha não deve passar de 2 mm (somente o bisel). Aplica-se entre a pele
e o tecido subcutâneo.
- Volume máximo: 0,5 ml.
- Contra-indicações: úlceras com necrose do tecido.
1.2- Via Subcutânea
Conceito:
A via subcutânea, também chamada hipodérmica, é indicada principalmente para
drogas que não necessitem ser tão rapidamente absorvidas, quando se deseja eficiência da
dosagem e também uma absorção contínua e segura do medicamento.
Finalidades:
Certas vacinas, como a anti-rábica, drogas como a insulina, a heparina, a adrenalina
e outros hormônios têm indicação especifica por esta via. Para administração por esta via,
as soluções devem ser de fácil absorção e não irritantes.
Áreas de Aplicação:
Os locais mais adequados para aplicação são aqueles afastados das articulações,
nervos e grandes vasos sangüíneos (tela subcutânea, onde há acúmulo de gordura) como na
região deltóide, faces externas dos braços; face externa e anterior das coxas; abdome
(hipocôndrio Direito e Esquerdo); região escapular. Não se deve aplicar nos antebraços e
pernas; nas proximidades da região umbilical; próximo das articulações; na região genital e
inguinal, pela ausência de tela subcutânea para absorção do fármaco.
Material:
São utilizados: Cuba-rim; Seringa especial de 0,5 a 01 ml (seringa para insulina) ou
de 03 ml; Agulha 13 X 4.5 mm; Álcool a 70%; Algodão; Medicação prescrita; Saco
plástico para lixo.
Procedimento:
- Conferir o nome do cliente, do fármaco, a dose, o horário e a via de administração.
- Lavar as mãos.
- Preparar a medicação conforme técnica.
- Explicar ao paciente o que vai fazer e deixá-lo confortável, sentado ou deitado.
- Expor a área de aplicação e proceder a anti-sepsia do local escolhido.
- Permanecer com o algodão na mão não dominante.
- Segurar a seringa com a mão dominante, como se fosse um lápis.
- Com a mão não dominante, fazer uma prega na pele, na região onde foi feita a anti-sepsia.
- Nesta prega cutânea, introduzir a agulha com rapidez e firmeza, com ângulo de 90º
(perpendicular à pele).
- Aspirar para ver se não atingiu um vaso sangüíneo, exceto na administração da heparina.
- Injetar o líquido vagarosamente.
- Esvaziada a seringa, retirar rapidamente a agulha, e com algodão fazer ligeira pressão no
local, e logo após, fazer a massagem. Para certos tipos de drogas, como a insulina e a
heparina, não é conveniente a massagem após a aplicação, para evitar a absorção rápida.
- Observar o paciente alguns minutos, para ver se este apresentará alterações.
- Providenciar a limpeza e a ordem do material.
- Lavar as mãos.
- Checar o cuidado fazendo as anotações necessárias.
Observações:
- Não utilizando a agulha curta, a angulação será de 45º.
- Na aplicação da heparina subcutânea, para evitar traumatismo do tecido, não é
recomendado aspirar antes de injetar a medicação e para evitar absorção rápida da
medicação, não se deve massagear o local após a aplicação.
- Na aplicação de insulina, utilizar a técnica do revezamento, que é um sistema padronizado
de rodízio dos locais das injeções para evitar abscessos, lipodistrofias e o endurecimento
dos tecidos na área da injeção.
- Tempo de aplicação: 3 a 5 segundos
- Volume máximo: 2 ml, porém, geralmente não ultrapassa 1ml.
Complicações:
- Abscessos pela contaminação do material;
- Embolia devido à lesão dos vasos sangüíneos;
- Lesão dos nervos;
- Formação de nódulos – fenômeno de ARTHUS – injeções repetidas;
- Formação de tecido fibrótico – volume excessivo, velocidade rápida ou injeções repetidas.
1.3- Via Intramuscular
Conceito:
É a deposição de medicamento dentro do tecido muscular. Depois da via
endovenosa, é a de mais rápida absorção, o que explica o seu largo emprego.
Áreas de Aplicação:
Músculos Deltóide, Grande Glúteo, Glúteo Médio ou Vasto Lateral da Coxa. Na
escolha do local para aplicação é muito importante levar em consideração à distância em
relação a vasos e nervos importantes; a musculatura suficientemente grande para absorver o
medicamento; a espessura do tecido adiposo; a idade do paciente; a irritabilidade da droga;
e a atividade do cliente. Na escolha do local, devem ser consideradas as condições
musculares.
Material:
São utilizados: Cuba-rim; Bolas de algodão; Frasco com álcool a 70%; Seringa
descartável; Agulha descartável: 30 x 8 mm, 25 x 8 mm, 30 x 7 mm, 25 x 7 mm;
Medicação prescrita. Saco plástico para lixo.
Observações:
- Caso venha sangue na seringa, retirar imediatamente e aplicar em outro local.
- O volume máximo para injeção IM é de 05 ml. Volumes acima de 05 ml devem ser
fracionados e aplicados em locais diferentes.
- Estabelecer rodízio nos locais de aplicação de injeções.
- O uso do músculo deltóide é contra-indicado em pacientes com complicações vasculares
dos membros superiores, pacientes com parestesia ou paralisia dos braços, e aquelas que
sofreram Mastectomia. Fazer compressas quentes antes e / ou após a aplicação de
medicação IM.
Procedimento:
- Conferir o nome do cliente, do fármaco, a dose, o horário e a via de administração.
- Lavar as mãos.
- Preparar a medicação conforme técnica, utilizando uma agulha de maior calibre para
aspirar a medicação do frasco.
- Explicar ao paciente o que vai fazer e deixá-lo confortável, sentado ou em pé.
- Expor a área de aplicação e proceder à anti-sepsia do local escolhido.
- Permanecer com o algodão na mão não dominante.
- Segurar a seringa com a mão dominante, como se fosse um lápis.
- Com a mão não dominante, fazer uma prega no músculo, na região onde foi feita a antisepsia.
- Nesta prega, introduzir a agulha com rapidez e firmeza, no ângulo indicado.
- Aspirar para ver se não atingiu um vaso sangüíneo.
- Injetar o líquido vagarosamente (01 ml a cada 10 segundos).
- Esvaziada a seringa, retirar rapidamente a agulha, e com algodão fazer ligeira pressão no
local.
- Observar o paciente alguns minutos, para ver se este apresentará alterações.
- Providenciar a limpeza e a ordem do material.
- Lavar as mãos.
Músculo Deltóide:
- Volume Máximo: 03 ml
- Ângulo da Agulha: 90º
- Posição do Bisel: Lateralizado
- Aplicar aproximadamente 04 dedos abaixo do ombro e no meio do músculo com o
paciente sentado ou deitado com o braço fletido sobre o abdome.
Músculo Grande Glúteo ou Dorsoglúteo:
- Volume Máximo: 05 ml
- Ângulo da Agulha: 90º
- Posição do Bisel: Lateralizado ao músculo, diagonal ao corpo.
- Aplicar o fármaco no quadrante superior externo do glúteo, com o cliente em decúbito
lateral ou ventral.
Músculo Glúteo Médio, Ventroglúteo ou Hoschstetter:
- Volume Máximo: 05 ml
- Ângulo da Agulha: 60º voltado para a crista ilíaca.
- Posição do Bisel: Lateralizado ao músculo, diagonal ao corpo.
- Mantenha a mão não dominante no quadril oposto do cliente, coloque a falange distal do
dedo indicador na crista ilíaca anterior e a falange distal do dedo médio na crista ilíaca
posterior. O local de aplicação é o centro superior do “V” formado pelos dois dedos.
Músculo Vasto Lateral da Coxa:
Volume Máximo: 04 ml
- Ângulo da Agulha: 45º voltado para o joelho.
- Posição do Bisel: Lateralizado ao músculo, diagonal ao corpo.
- Aplicar o fármaco no terço médio da coxa e com o paciente deitado em decúbito dorsal ou
sentado
1.4- Via Endovenosa ou Intravenosa
Conceito:
É a introdução de medicamentos diretamente na veia.
Finalidades:
As finalidades desta via de administração incluem obter efeito imediato do
medicamento, além da possibilidade de administração de drogas contra-indicadas pela via
oral, SC, IM, por sofrerem a ação dos sucos digestivos ou por serem irritantes para os
tecidos.
A administração de grandes volumes de soluções em casos de desidratação, choque,
hemorragia e cirurgias também é um outro fator que indica a utilização desta via. Além
disto, é possível efetuar nutrição parenteral, instalar terapêutica com sangue e
hemoderivados.
Áreas de Aplicação:
Qualquer veia acessível, dando-se preferência para: Faixa etária / atividade e Local.
Crianças e adultos: Articulação do cotovelo (basílica, mediana basílica, cefálica e mediana
cefálica), longitudinais do antebraço (radial e cubital / ulnar), dorso da mão (vias
metacarpianas). Bebês: Região cefálica – veias epicranianas e jugulares. Coleta de sangue e
administração de dosagem única: Articulação do cotovelo (basílica, mediana basílica,
cefálica e mediana cefálica).
Observações:
- Não administrar drogas que contenham precipitados ou flóculos em suspensão.
- Para administrar dois medicamentos ao mesmo tempo, usar uma seringa para cada droga.
Só misturar drogas na mesma seringa se não existir contra-indicação.
- A presença de hematoma ou dor indica que a veia foi transfixada ou a agulha está fora
dela: retirar a agulha e pressionar o local com algodão. A nova punção deverá ser feita em
outro local, porque a recolocação do garrote aumenta o hematoma.
- Para facilitar o aparecimento da veia, podem-se empregar os seguintes meios: Aquecer o
local com auxilio de compressas ou bolsas de água quente; Fazer massagem local com
suavidade, sem bater; Os "tapinhas" sobre a veia devem ser evitados, pois além de
dolorosos podem lesar o vaso. Nas pessoas com ateroma, pode haver seu desprendimento,
causando sérias complicações. Solicitar paciente que, com o braço voltado para baixo,
movimente a mão (abrir e fechar) e o braço (fletir e estender) diversas vezes.
Acidentes locais:
- Esclerose da veia por injeções repetidas no mesmo local.
- Abscessos / Necrose tecidual: devido a administração de substâncias irritantes fora da
veia.
- Hematomas: por rompimento da veia e extravasamento de sangue nos tecidos próximos.
- Inflamação local e abscessos: por substâncias irritantes injetadas fora da veia ou falta de
assepsia.
- Flebites e tromboflebites: injeções repetidas na mesma veia ou aplicação de substâncias
irritantes.
Venóclise:
É a introdução de grande quantidade de líquido, por via endovenosa. Locais de
aplicação: de preferência veias que estejam distantes de articulações, para evitar que com o
movimento a agulha escape da veia.
Observações:
- Observar o local da punção, para detectar se o escalpe está na veia, evitando edema,
hematoma, dor e flebite.
- Controlar o gotejamento do soro.
- No caso de obstrução do cateter ou escalpe, tentar aspirar o coágulo com uma seringa.
Jamais empurrá-lo.
- Para verificar se o soro permanece na veia: observar a ausência de edema, vermelhidão ou
dor no local, Colocar o frasco abaixo do local de punção, a fim de verificar se há refluxo de
sangue para o escalpe e devido ao risco de contaminação, não se deve desconectar o soro
escalpe para ver se o sangue reflui. Caso os testes demonstrem problemas, providenciar
imediatamente nova punção.
- Em casos de pacientes inconscientes, agitados e crianças, fazer imobilizações.
- Só aplicar soluções límpidas.
- Usualmente o frasco fica pendurado no suporte, numa altura aproximada de um metro
acima do leito, mas pode variar conforme a pressão que se deseja obter. Quanto mais alto
estiver o frasco, maior é a força da gravidade que impulsiona o líquido.
Procedimento:
- Preparar o material necessário;
- Rever a prescrição médica;
- Lavar e fazer anti-sepsia das mãos;
- Preparar a medicação e aplicação da droga observando os princípios de assepsia;
- Garrotear aproximadamente 10 cm acima do local escolhido, solicitando que o cliente
feche a mão e mantenha o braço em hiperextensão e imóvel;
- Pedir ao cliente para abrir e fechar a mão diversas vezes, com o braço voltado para baixo,
o que auxiliará na dilatação das veias;
- Calçar luvas;
- Realizar anti-sepsia do local e do dedo com o qual fará a palpação da veia, com algodão e
álcool 70%, no sentido do retorno venoso, trocando o algodão quantas vezes for necessário,
até sair limpo;
- Retirar o ar da seringa;
- Esticar a pele com o polegar da mão não dominante, logo abaixo do local da punção, para
manter a veia estável;
- Introduzir a agulha com a outra mão (bisel para cima).
- Após o sangue fluir adequadamente na seringa, pedir ao cliente que abra a mão;
- A confirmação de que a agulha ganhou a luz do vaso se faz pela aspiração do êmbolo
(presença de sangue na seringa);
- Retirar o garrote. Manter o braço garroteado no caso de coleta de sangue, mas remover
antes de retirar a agulha;
- Injetar lentamente a medicação. Retirar a agulha e comprimir o local da punção com
algodão por cerca de 2 a 3 minutos, mantendo o braço estendido e elevado. Essa
providência facilitará a hemostasia e evitará a formação de equimose;
- Desprezar o algodão, seringa e agulha em recipiente apropriado;
- Retirar as luvas e descartá-las diretamente no saco plástico de lixo hospitalar;
- Após o procedimento, lavar as mãos;
- Observar o paciente alguns minutos, para ver se este apresentará alterações;
- Providenciar a limpeza e a ordem do material;
- Checar o cuidado fazendo as anotações necessárias.
Download