Caderno Reivindicativo 2009 Índice 1. Enquadramento político-sindical..................................................... pág. 3 2. Salários........................................................................................... pág. 5 3. Pensões e Regime de Aposentação............................................... pág. 6 4. ADSE.............................................................................................. pág. 7 5. Subsídio de Refeição...................................................................... pág. 7 6. Ajudas de Custo............................................................................. pág. 7 7. IRS................................................................................................. pág. 8 8. Outras Matérias............................................................................. pág. 8 a 11 FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 2 de 11 A FESAP- Frente dos Sindicatos da Administração Pública, em cumprimento do disposto na lei n.º 23/98 de 26 de Maio que estabelece o regime de negociação colectiva e a participação dos trabalhadores da Administração Pública em regime de direito público, para efeitos de negociação salarial anual, vem apresentar a sua proposta para o ano de 2009, o que faz nos seguintes termos e fundamentos: 1. Enquadramento político-sindical Aos trabalhadores da Administração Pública têm sido impostos aumentos salariais abaixo do valor da inflação verificada. Há mais de dez anos que, sucessivamente, os governos têm vindo a desvalorizar o poder de compra de mais de 700 mil trabalhadores. Quer por força do mecanismo de congelamento salarial acima de um determinado índice durante dois anos consecutivos, quer com os apregoados “aumentos zero”, quer pelo congelamento do tempo de serviço para efeitos de progressão em carreira e categoria. Em abono da verdade, a realidade é que, na prática, verificou-se uma perda do poder de compra que se cifra acima dos 11% líquidos. Enquanto encetava uma Reforma da Administração Pública, sem precedentes, o Governo prometia a restituição do poder aquisitivo. Porém, verificou-se uma vez mais, que os aumentos ficaram aquém dos valores da inflação verificada e tendo imposto mais um congelamento que desta feita, nas progressões e promoções, tudo isso em nome do combate ao défice orçamental. Combate esse que foi feito essencialmente com o sacrifício dos trabalhadores da Administração Pública. FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 3 de 11 Ora, a existência de desequilíbrio orçamental não pode ser imputada em primeira instância aos trabalhadores do sector da administração pública, pois não foram estes que geriram o erário público. Acrescente-se também que o aumento do seu número não se lhes pode ser assacado uma vez que o processo de admissão no sector não resulta da vontade destes, mas sim das necessidades sentidas pela própria administração. Ademais, como é comummente reconhecido, o aumento das prestações sociais do Estado, nomeadamente após a revolução que instaurou a democracia em 25 de Abril de 1974, acarretou um aumento significativo da contratação de novos trabalhadores para fazer face a essas necessidades. Na verdade, este número de trabalhadores foi crescendo ao sabor da vontade dos governos, e por vezes até ao sabor dos calendários eleitorais, sendo que, na maioria dos casos, não reformou nem remodelou o funcionamento da Administração Pública, nem tão pouco se requalificaram os recursos humanos. A FESAP considera necessário chamar novamente a atenção para estes aspectos, pois as afirmações feitas sempre pelos mesmos “fazedores de opinião” contribuem para a intoxicação existente no seio da sociedade, distorcendo a realidade. A FESAP relembra que os trabalhadores da Administração Pública nunca estiveram contra a necessidade de se realizar a Reforma do sector, pugnando, isso sim, por uma maior e efectiva participação como, aliás, se verificou em alguns casos em cujo contributo foi decisivo para a sua melhoria. Desta forma, os trabalhadores maioritariamente justificaram de forma transparente o seu desejo de reforma, dando prova de grande maturidade com a concordância de princípio que se plasmou num alargado número de diplomas da dita Reforma da Administração Pública. A concordância destes princípios revela o valor dos sindicatos de propositura em detrimento de outros. Foi na concertação de posições com propostas exequíveis nas mesas de negociações que se criou uma primeira Reforma - apesar de não ser a FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 4 de 11 nossa -, ainda por concluir, mas que poderá servir para melhorar o funcionamento do sector Concomitantemente, os pensionistas têm sofrido uma forte diminuição do poder de compra, desta feita por conta das regras de atribuição das pensões, as quais são actualizadas em função do crescimento do PIB e da Inflação transactas. Atendendo aos índices de crescimento do PIB, a actualização a realizar em 1 de Janeiro de 2009 virá agravar a malograda situação daqueles, pelo que se alerta também para a necessidade de revisão da legislação actual nesta matéria. Tendo em conta a recente publicação do Estatuto Disciplinar e do Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas, dois importantes vértices da Reforma, falta nesta altura negociar e acordar a Tabela Salarial e as Carreiras Especiais, Estatuto do Pessoal Dirigente, processo concursal, etc. Entendemos que o crescimento insuficiente dos salários e pensões é não só penalizador para os trabalhadores e pensionistas mas para o próprio desenvolvimento sustentável do País. Neste contexto, apresentamos a nossa proposta para 2009. 2. Salários 2.1. Como questão prévia em matéria salarial e em cumprimento das tão propaladas afirmações do Governo, deverá ser efectuada uma compensação excepcional de um valor de sensivelmente 0,9% como percentual que reflicta a diferença entre o aumento de 2,1% para o ano de 2008 e o valor da inflação que se homologará em Dezembro, como salvaguarda da manutenção do poder de compra. 2.2. Relativamente ao ano de 2009, tendo presente o contexto e os cenários macroeconómicos previstos bem como a necessidade da recuperação do poder de FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 5 de 11 compra já perdido e o crescimento real dos salários, a actualização salarial deve ter por base um aumento de 3,5% 3. Pensões e Regime de Aposentação 3.1. É imperioso proceder a uma compensação excepcional de um valor percentual de mais ou menos 0,9% que reflecte a diferença entre os aumentos verificados no ano de 2008 e o valor da inflação que se homologará em Dezembro de 2008, como salvaguarda da manutenção do poder de compra. 3.2. A FESAP entende que em 2009 para efeitos de actualização de pensões é preciso salvaguardar que, face ao crescimento baixo do PIB e num contexto de inflação a subir, não se volte a penalizar o poder de compra de todos os pensionistas, mesmo os de baixas pensões. Devem ser, por isso, alteradas excepcionalmente a forma de cálculo atribuição das pensões, de modo a que os pensionistas beneficiem de aumentos idênticos aos dos salários, ou seja, sem degradação do seu poder compra. Nesse contexto, assume especial relevância uma actualização mais intensa das baixas pensões, nomeadamente as de sobrevivência. 3.3. A FESAP defende a possibilidade de todos os trabalhadores da Administração Pública que tenham, no mínimo, 40 anos de descontos, independentemente da idade, possam aposentar-se sem qualquer penalização. 3.4. Em suma, a FESAP entende ser necessário proceder-se a uma revisão ou alteração das Leis nºs 53-B/2006 e 52/2007, atendendo ao regime de convergência previsto, onde se verifica uma grande diferença com as regras gizadas para o sector privado. FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 6 de 11 4. Protecção Social Relativamente à ADSE, a FESAP: - considera necessária a adesão a este subsistema de protecção social a todos os trabalhadores com Contrato de Trabalho em Funções Públicas, bem como todos os que exercem funções nas Entidades Públicas Empresariais, como por exemplo no sector da Saúde. - reitera a necessidade de devolução aos aposentados dos descontos feitos indevidamente por esta entidade para além dos 12 meses, tal como já sucede com os trabalhadores da Administração Pública; Tal reembolso deverá ser efectuado até 31 de Dezembro de 2008. - entende ser necessário proceder-se ao aumento da rede de apoios convencionados em todas as especialidades e meios de diagnóstico a nível nacional, através de uma efectiva descentralização nacional; - reivindica, ainda, como necessário proceder ao Aumento/actualização dos valores de comparticipação do regime livre; - considera urgente a introdução de um sistema que permita a informação “Semestral” ao beneficiário, das comparticipações efectuadas para efeitos de reembolso. - manifesta a necessidade de proceder à diminuição do tempo de reembolso das comparticipações. A FESAP alerta para o regular funcionamento do Conselho Consultivo da ADSE, o que não tem sucedido. 5. Subsídio de refeição Actualização do seu valor para €6 6. Ajudas de custo Actualização em 4%, tendo em conta a prática dos preços actuais nos sectores de Hotelaria e Restauração. FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 7 de 11 7. Política Fiscal A FESAP entende ser necessário implementar uma política fiscal mais justa e equitativa, que responda também à necessidade de assegurar o crescimento real de salários e pensões: Assim é necessário: - proceder-se a uma actualização dos escalões, deduções e benefícios (em sede de IRS) de 0,9% + 3,5%. Note-se, que esta actualização tem sido, nos últimos anos, inferior à inflação o que se traduz num agravamento da carga fiscal para trabalhadores e pensionistas; - desagravar a carga fiscal que incide sobre trabalhadores e pensionistas de mais baixos rendimentos; - incentivar um inequívoco apoio à formação e aprendizagem ao longo da vida e para tal , em sede de IRS, a dedução de despesas com formação profissional certificada suportadas pelo trabalhador individualmente deve ser separada das despesas com educação/formação do agregado familiar; - aumentar a dedução à colecta das despesas com seguros de saúde. 8. Outras matérias 8.1. Recuperação do tempo de serviço O congelamento do tempo de serviço para efeitos da progressão em carreira foi uma medida altamente penalizadora para todo os trabalhadores que viram goradas as suas legítimas expectativas de carreira e salariais. Acresce, ainda, que na transição para nova estrutura de carreira alguns grupos profissionais voltaram a ser penalizados com nova perda de tempo de serviço. 8.2.Inspecção-geral de Finanças (IGF) A FESAP defende a definição, o reforço e a operacionalização da Inspecçãogeral de Finanças mediante a atribuição de mais meios para uma efectiva fiscalização FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 8 de 11 das relações de trabalho, nomeadamente na aplicação dos diplomas da Reforma da Administração Pública, SIADAP, etc. 8.3. Reforma da Administração Pública A FESAP reitera a necessidade da negociação dos diplomas relativos às Carreiras Especiais, Corpos Especiais e Tabela Remuneratória Única, Estatuto do Pessoal Dirigente, Processo Concursal, etc. 8.4. Precariedade no Emprego O combate à precariedade ilegal e a redução do trabalho precário são questões centrais. A situação precária em que milhares de trabalhadores se encontram, nomeadamente pela utilização abusiva e ilegal do recibo verde, é uma realidade.(+ de 15.000 Trabalhadores) Urge: - a celebração de contratos por tempo indeterminado com os trabalhadores que desempenhem funções há 3 anos ou mais e que preencham necessidades permanentes dos serviços, conforme o compromisso assumido pelo Governo em sede negocial, prevendo a inclusão de medida no Orçamento de Estado para 2009. - iniciar o processo negocial de regulamentação colectiva de trabalho a nível sectorial e, reinicio dos que ficaram paralisados em virtude do processo legislativo de reforma na Administração Pública com implicação directa e que se encontra, actualmente, terminado. - salvaguardar a possibilidade de despedimentos injustificados e de colocação em situação de mobilidade especial, aquando da elaboração dos mapas de pessoal, durante a preparação para o Orçamento de 2009. . 8.5. Prémios de Desempenho A FESAP defende a transferência para 2009 das verbas que não foram utilizadas e que se destinavam à atribuição de prémios de desempenho em 2008, bem como o reforço do montante a afectar em 2009. FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 9 de 11 8.6. Mudanças de Escalão A FESAP reivindica a passagem para o escalão imediatamente seguinte de todos os trabalhadores que completaram 3 ou 4 anos no mesmo escalão, visto que esses trabalhadores foram penalizados em consequência do congelamento das mudanças de escalão verificado em Agosto de 2005. 8.7. Formação Profissional A FESAP defende um maior investimento por parte do Governo no que respeita à formação e valorização dos seus recursos humanos, dotando os serviços dos meios adequados à prossecução desse objectivo. Para a FESAP a formação e a valorização dos trabalhadores é essencial para a melhoria da resposta dada às exigências impostas pela Reforma da Administração Pública. 8.8. Mobilidade Especial Depois da colocação em regime de mobilidade especial de alguns milhares de trabalhadores, e tendo em conta que o Governo criou a GERAP – entidade responsável pela gestão e recolocação dos trabalhadores nos diversos serviços –, a FESAP entende que essa nova entidade deverá ser munida dos meios necessários ao seu efectivo funcionamento, ao mesmo tempo que dota os trabalhadores de formação profissional que facilite a rápida finalização do drama que tem sido para inúmeras famílias a incerteza quanto ao futuro. 8.9. Processos Concursais A FESAP considera que deverão acautelar-se os efeitos perversos que poderão resultar da não conclusão até 31 de Dezembro dos processos concursais a decorrer, atendendo à entrada em vigor do Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas. 8.10. Condições de Trabalho Com efeito, é sobretudo ao nível da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho que se verifica uma das maiores questões pelo não cumprimento das leis e dos acordos sobre SHST. FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 10 de 11 Na perspectiva da FESAP, a solução poderá ser encontrada no âmbito da contratação colectiva, e por conseguinte urge iniciar tal negociação no sentido de: - encontrar as medidas que permitam desenvolver com maior eficácia o trabalho dos representantes dos trabalhadores; - proceder ao levantamento dos serviços e entidades que ainda não têm ou Serviço de Higiene e Saúde no Trabalho e/ou médico de trabalho como obriga a lei; - maior investimento e incentivo à formação dos trabalhadores em SHST; - criar condições que permitam a concessão de dispensa aos representantes de SHST para poderem participar nessas acções de formação. Relativamente a esta matéria são por demais evidentes as carências verificadas nos locais de trabalho, nomeadamente, no sector da Educação, as quais urgem ser corrigidas. Lisboa, 23 Setembro de 2009 FESAP | Caderno Reivindicativo | pág. 11 de 11