TEXTO DE ESTUDO – O Socialismo/Comunismo A expansão do capitalismo industrial no século XIX enriqueceu a burguesia, mas criou uma multidão de explorados. A situação de miséria dos trabalhadores estimulou a reflexão de alguns pensadores europeus, que propuseram o socialismo para eliminar as desigualdades sociais. Entre eles destacam-se Owen, Fourier e Phoudon. São representantes do socialismo utópico. pois acreditavam que o mundo poderia ser modificado pela boa vontade dos empresários ou pelo entusiasmo de algumas pessoas idealistas. Todos os socialistas defendiam iniciativas políticas e econômicas que propunham: a) O predomínio do bem comum no lugar do individual; b) A eliminação das classes sociais (ricos e pobres, patrões e empregados); c) O fim da propriedade privada dos meios de produção (indústrias, fábricas, máquinas); Os principais pensadores socialistas foram os alemães Karl Marx e Friedrich Engels, os pais do socialismo científico ou marxismo. Em seu livro mais famoso, O Capital, Marx tentou demonstrar cientificamente que o capitalismo era um sistema injusto e irracional. Para ele o capitalismo era injusto porque só haveria um meio da burguesia lucrar: explorando a força do trabalho do proletariado. Tudo o que o proletariado produz além do valor do seu salário é embolsado pelo patrão: isso é o que Marx chama de mais-valia. Em outra obra, chamada Manifesto Comunista, eles propunham que o proletariado (operariado) destruísse o Estado burguês pela revolução e acabasse com a propriedade privada dos meios de produção (as terras, as minas, as máquinas, as empresas em geral, os bancos). Tais meios de produção sempre estiveram nas mãos de uma minoria rica. Na nova sociedade tudo pertenceria à coletividade. Tudo seria de todos e o os frutos, distribuídos de acordo com o trabalho de cada um, de forma igualitária. Esse novo sistema foi chamado de comunismo. O proletário seria a grande força da transformação social que iria destruir o capitalismo e construir o socialismo. Para alcançar o comunismo, Marx e Engels conclamaram os operários a se unirem, formando sindicatos e partidos políticos. Representantes de movimentos operários do século XIX reuniram-se para formar uma grande organização internacional denominada Primeira Internacional Comunista. Dessa organização participaram socialistas e anarquistas. O grande objetivo era ajudar as lutas dos trabalhadores no mundo inteiro. Apesar da troca de idéias, a 1a internacional durou pouco tempo (de 1864 a 1876). Acabou sendo dissolvida porque seus membros tinham idéias muito diferentes uns dos outros. Antecedentes da Revolução Russa Na Rússia, em 1917, houve a primeira tentativa de se construir uma sociedade socialista. Era um dos países mais atrasados e opressores do mundo. Cerca de 80% da população vivia no campo e o índice de analfabetismo beirava os 90%. Havia muita desigualdade social. A nobreza russa possua muitos privilégios e uma vida de luxo e ostentação. Era dona de quase todas as terras e os camponeses eram muito explorados por ela. Nas grandes cidades (São Petersburgo e Moscou) havia um razoável desenvolvimento industrial, mas grande parte das indústrias pertencia a investidores estrangeiros. Os trabalhadores ainda não tinham direitos trabalhistas – era comum jornadas de 12, 14, 16 horas diárias, sem férias, sem aposentadoria, sem direito a greve, sindicatos, etc. A Rússia era governada por um czar (imperador) com poderes quase absolutistas. Não havia Parlamento, nem Constituição. Era proibida a existência de qualquer partido político. A imprensa era censurada. O Ensaio Geral A situação social piorou entre 1904 e 1905 com a desastrosa guerra entre Rússia e Japão pelo controle da Manchúria (região ao nordeste da China). Nessa guerra a Rússia levou a pior e aumentou as dificuldades do seu povo. Em janeiro de 1905 milhares de pessoas se juntaram numa passeata pacífica. Os manifestantes pretendiam entregar uma petição ao czar Nicolau II, na qual expunham suas queixas e reivindicações. Os soldados do Imperador abriram fogo contra a multidão massacrando centenas de pessoas. Esse episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento e desencadeou numerosas rebeliões pelo império. Uma delas foi dos marinheiros do ‘’Encouraçado Potemkim’’, episódio imortalizado no filme de mesmo nome. Ocorreram greves gerais que paralisaram a economia do país. Todo o país exigia direitos democráticos. Os trabalhadores dos centros industriais formaram sovietes - conselhos que reuniam representantes de diversas fábricas da Rússia. Diante das pressões, Nicolau II acabou cedendo parcialmente às manifestações populares. Foi promulgada uma Constituição e organizado um Parlamento chamado de Duma (formado por uma maioria de nobres e ricos burgueses). Assim, conseguiu governar por mais 12 longos anos. Duas revoluções no mesmo ano: A revolução burguesa de março e a revolução socialista de novembro de 1917 Haviam duas organizações revolucionárias favoráveis à implantação do socialismo na Rússia por volta de 1914 - os mencheviques e os bolcheviques. Os primeiros, mais moderados, propunham uma aliança com os burgueses liberais para a realização de reformas que conduzissem o país, aos poucos, ao socialismo. Acreditavam que a Rússia deveria tornar-se antes um país capitalista moderno, democrático e industrializado. Já os bolcheviques, liderados por Lênin, defendiam uma ação revolucionária imediata, com a derrubada do czarismo e do sistema capitalista. O envolvimento da Rússia na Primeira Guerra Mundial abalou o império, que não possuía preparo e recursos para enfrentar uma guerra tão longa. As derrotas consecutivas e a morte de 3 milhões de russos só no primeiro ano de guerra, desmoralizou o exército, colocando-o contra o governo czarista. Internamente a situação do país era péssima. A falta de alimentos, a escassez de mercadorias e o aumento dos preços trouxeram fome e miséria. Nas cidades, ocorreram numerosos saques, ataques a prédios públicos, greves, passeatas de protesto. A população clamava por terra, pão e paz. No início de 1917 o país estava ingovernável. Diante da pressão popular e do exército, Nicolau II renunciou. Formou-se um governo provisório composto por socialistas moderados (mencheviques) e burgueses liberais. Na capital e por toda a Rússia, formaram-se sovietes reunindo trabalhadores, camponeses e soldados. O novo governo russo manteve a Rússia na guerra e adotou algumas medidas liberais: anistia aos presos políticos, liberdade de imprensa, redução da jornada de trabalho para oito horas, etc. Mas a população estava impaciente: queria medidas mais radicais. Liderados por Lênin e Trotski, os bolcheviques ganharam popularidade canalizando a vontade do povo nas Teses de abril. Tais teses, elaboradas por Lênin, propunham a saída da Rússia da guerra, a divisão das grandes propriedades entre os camponeses e a regularização do abastecimento de alimentos. Sob o lema “paz, terra e pão” e “todo poder aos sovietes” os bolcheviques lideraram tropas populares que tomaram os principais edifícios da capital, obrigando o governo provisório a renunciar. Os bolcheviques assumiram o poder na Rússia. O governo de Lênin (1917 – 1922) e a criação da União Soviética (1923) No comando do governo estava Lênin. Trotski era encarregado dos negócios estrangeiros, e Stálin, chefiava os negócios internos. De início, os bolcheviques determinaram a paz com a Alemanha, tirando a Rússia da guerra; fizeram uma reforma agrária, redistribuindo as terras aos camponeses pobres; nacionalizaram as indústrias, fábricas e bancos, incluindo empresas estrangeiras; colocaram o controle das fábricas sob responsabilidade dos comitês operários. Essas medidas marcaram o rompimento radical com o sistema capitalista mas colocaram os bolcheviques contra os mencheviques, burgueses e czaristas (que passaram a ser chamados de russos brancos ou contrarevolucionários). Os russos brancos eram apoiados pelas potências aliadas (França e Inglaterra) que temiam que a revolução se espalhasse em seus territórios. As duas facções mergulharam a Rússia numa violenta guerra civil, que só terminaria em 1921, com a vitória dos bolcheviques. A Rússia ficou devastada após esse episódio e sua economia arrasada. Para estimular a recuperação econômica, Lênin criou a NEP (Nova Política Econômica), que autorizava o retorno parcial do capitalismo, permitindo a formação de pequenas empresas e fábricas privadas, a venda livre de produtos pelos camponeses nos mercados e o pagamento de salários. Pretendia dessa forma motivar a produção e garantir a produção. Graças à NEP, a produção agrícola e industrial russa foi retomada. Por outro lado, o governo russo estava ficando cada vez mais fechado politicamente e antidemocrático. O poder político centralizou-se ainda mais no Partido Comunista, o único partido permitido no país. Pouco antes de falecer (1924), Lênin estava preocupado porque os sovietes (órgãos que representavam os trabalhadores) estavam enfraquecidos.Os trabalhadores estavam perdendo a sua participação política e os funcionários do partido estavam acumulando muitos poderes. O governo de Stálin (1924 – 1953) Com a morte de Lênin, o poder soviético passou para Stálin . Com ele o regime comunista tomou outro rumo. A partir de 1928, a economia soviética viveu a socialização total, com a abolição da NEP e a instauração dos planos qüinqüenais que objetivavam modernizar e industrializar a União Soviética. O 1o deles buscou o aumento da produção, estimulando a industrialização pesada (siderurgia, maquinaria, usinas petrolíferas, etc). No meio rural foi instalada a coletivização agrícola, implantando-se duas formas de estabelecimentos rurais: as fazendas estatais e as cooperativas de trabalhadores. Os reflexos do estabelecimento dos planos qüinqüenais foram positivos, gerando um considerável progresso na URSS e tornando uma das maiores potências do globo. No plano político, Stálin consolidou seu poder assumindo o total controle do Partido Comunista, transformado no poder máximo que supervisionava todos os outros poderes. Centralizando todo o poder do Estado soviético, Stálin livrou-se da oposição, afastando todos os opositores, por meio de julgamentos, condenações, expulsões do partido e punições – processos que ficaram conhecidos como expurgos de Moscou. Sem alarde ou protestos, abafados pelo medo, inúmeros líderes políticos e cidadãos comuns foram aprisionados, executados ou mandados para prisões em regiões geladas como a Sibéria. O governo de Stálin foi um dos mais tiranos da História, afastando-se das idéias socialistas defendidas por Marx e Engels.