RELATÓRIO ECONÔMICO 44/09 Resumo preparado pela Projector Engenharia das notícias econômicas publicadas pela imprensa brasileira Período: 08 a 15/10/09 Data: 19/10/09 I - INFORMAÇÕES ECONÔMICAS GERAIS 1. O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou o Censo Agropecuário do Brasil, contendo os dados de 2006. Trata-se de um retrato detalhado da estrutura produtiva do agronegócio do país e este foi o décimo censo, que é realizado todos os anos, desde 1995. Este censo veio com informações boas e ruins. Entre as informações boas, está o destaque que tem tido a agricultura familiar, aquela da pequena propriedade, muitas delas oriundas de assentamentos da reforma agrária. Segundo o censo de 2006, a agricultura familiar é a responsável de fato pela segurança alimentar da população brasileira e o desenvolvimento desta forma de atividade econômica tem sido a razão básica para a redução que se observa hoje no fluxo interno de migrantes, das pessoas que deixam o campo por falta de perspectivas e vão para as cidades, onde a grande maioria se amontoa em favelas, convertendo-se em problema social, como foi no passado não muito distante, sobretudo a partir de 1964. 2. Entre as más notícias está o fato de um contingente de 1 milhão de menores de 14 anos ainda trabalhar na agricultura e a existência de um número muito grande de produtores rurais ainda analfabetos, o que representa perigo no manuseio de agrotóxicos, produtos que normalmente exigem manipulação especial, segundo procedimentos escritos razoavelmente complexos. O perigo tanto pode ser para o produtor analfabeto que manuseia o material tóxico, como pode ser para o consumidor do produto final. 3. O levantamento do IBGE englobou um total de 5,2 milhões de propriedades rurais e mostrou que ocorreu aumento da concentração das terras, não obstante o esforço que tem sido feito no sentido de reforma agrária. Medindo-se esta concentração na forma de índice de Gini [como se faz com a distribuição da renda], observa-se que entre 2005 e 2006 o índice cresceu de 0,856 e 0,872, indicando uma altíssima [e péssima] concentração da terra no país [lembrando que no caso do índice de Gini, quanto mais perto de 1,000 for o índice, pior a situação avaliada]. 4. Para se ter uma idéia do absurdo: o censo mostrou que apenas 1% do número total de propriedades rurais ocupa nada menos que 43% de todas as terras agrícolas do país(!!). Trata-se de propriedades gigantes, com mais de 1.000 hectares cada uma. [Lembrando que 1.000 hectares representam 10.000.000 m2 ou 10 km2, ou seja, por exemplo, uma área em forma retangular de 2 km de largura por 5 km de extensão.] 5. Do total de propriedades abrangidas pelo censo, 47% têm menos de 10 hectares [ou 100.000 m2, isto é, um retângulo de 200 m de largura por 500 m de comprimento] e ocupam apenas 2,7% das terras cultivadas. Em resumo, o censo concluiu que cerca de 4,4 milhões de propriedades ocupam apenas 24% da área agrícola, com uma superfície média de 19 hectares ou 190.000 m2 apenas. E o mais importante: cerca de 80% de todos os produtos agrícolas que são adquiridos em feiras, quitandas e supermercados são originárias dessas pequenas propriedades familiares. 6. O Banco Mundial divulgou os valores estimativos do PIB de mais de 200 países, calculados segundo o critério de simples conversão do valor em moeda local para valor em dólares, utilizando-se a taxa de câmbio vigente. Esses valores, relativos aos 12 países sul-americanos, são apresentados no quadro a seguir. Mas o quadro mostra, também, o PIB desses mesmos países, calculado pelo critério da paridade do poder de compra (PPC), aquele método em que o PIB é convertido em dólares não pela taxa de câmbio do dia, que pode sofrer muitas distorções, mas pela taxa obtida a partir da comparação de preços de uma cesta de bens e serviços definidos previamente vigentes, na mesma data, no mercado do país cujo PIB se deseja calcular, e no mercado norteamericano. O quadro mostra, também, quanto o PIB calculado pelo critério PPC é maior que o PIB calculado pela simples taxa de câmbio. PIB dos Países Sul -Americanos (Valores em US$ bilhões) País PIB pela PPC (A) PIB pela Taxa de Câmbio (B) Relação(A/ B) Argentina 572,9 328,4 1,74 Bolívia 43,4 16,7 2,60 Brasil 1.981,2 1.612,5 1,23 Chile 243,0 169,5 1,43 Colômbia 396,6 242,3 1,64 Equador 107,0 52,6 2,03 Guiana 3,1 1,2 2,58 Paraguai 29,4 16,0 1,84 Peru 245,9 127,4 1,93 Suriname 4,4 2,9 1,52 Uruguai 42,5 32,2 1,32 Venezuela 358,6 313,8 1,14 América do Sul 4.028,0 2.915,5 1,38 Fonte: Banco Mundial 7. Sobre os dados do quadro anterior, é bom lembrar que toda comparação entre o valor do PIB de países diferentes somente pode ser feita considerando-se o PIB (PPC), isto é, os valores da coluna (A), nunca pelos valores da coluna (B). Observa-se que, no caso do Brasil, a distorção causada pelo PIB calculado pela taxa de câmbio é da ordem de 23% para menos. Ou seja: o PIB real brasileiro é 1,23 vezes maior que o PIB pala taxa de câmbio. A distorção, no caso da Bolívia, é muito maior, da ordem de 2,60 vezes. Observa-se, também, que o PIB real brasileiro representa 49,2% do PIB da América do Sul, e não 55,3%, conforme divulgado pela imprensa [calculado pelo método errado]. No quadro acima não consta a Guiana Francesa, porque não se trata de país e sim de parte do território da França, logo, para incluí-la, seria necessário incluir o PIB francês. 8. O banco HSBC criou um novo indicador trimestral do estado da economia de um país e o está aplicando a 13 países emergentes selecionados, entre os quais o Brasil. O estudo mostrou que o centro de gravidade do mundo econômico está se deslocando rapidamente do Ocidente para o Oriente e para o Sul, e que a China não vai demorar muito para superar os Estados Unidos. Stephen Green, presidente do grupo HSBC, declarou que o Brasil deverá crescer 1,4% em 2009, enquanto o mundo, em geral, deverá cair -2,3%. E em 2010, o PIB do Brasil crescerá 5,3%. 9. O quadro visto a seguir foi publicado no jornal Valor Econômico do dia 3 de Julho passado. Nele aparecem as diversas moedas que o país teve desde quando o Presidente Getúlio Vargas substituiu o velhíssimo mil-réis por uma nova moeda, que foi chamada cruzeiro. Observando-se o quadro, verifica-se que o país não havia experimentado qualquer surto de inflação mais grave, a não ser a partir do chamado “milagre econômico”, período em que os dirigentes do país assumiram irresponsavelmente dívidas externas impagáveis, do que resultou um pouco mais tarde o período de inflação galopante que atormentou o país ao longo de quase duas décadas, até ser definitivamente encerrado em Julho de 1994 de forma indiscutivelmente brilhante. Inflação e Moedas no Brasil Período de Vigência da Duração em Moeda Meses da Vigência De Até Cruzeiro Nov. 1942 Jan. 1967 292 Cruzeiro Novo Fev. 1967 Mai. 1970 40 Cruzeiro Jun. 1970 Fev. 1986 190 Cruzado Mar. 1986 Dez. 1988 35 Cruzado Novo Jan. 1989 Fev. 1990 15 Cruzeiro Mar. 1990 Jul. 1993 41 Cruzeiro Real Ago. 1993 Jun. 1994 11 Real Jul. 1994 Mai. 2009 179 Fonte: IBGE/ Banco Central/ Valor Econômico 03/07/09 Moeda Circulante Inflação no Período de Vigência da Moeda (%) Acumulada Média Mensal 31.191 1,99 90 1,61 206.288 4,10 5.699 12,30 5.937 31,44 118.590 18,85 2.396 33,97 245 0,70 10. [ O mecanismo econômico que começou a ser “montado” na década de 70 e levou o país a um surto inflacionário descontrolado e brutal, que chegou a 31,44% ao mês, pode ser facilmente explicado: o aumento forte da dívida externa na década de 70, agravado pela primeira crise do petróleo, que ocorreu simultaneamente ao crescimento da dívida, obrigou os “responsáveis” pelas finanças públicas a “produzirem” dólares para poder pagar os encargos da dívida e ainda continuar a importar petróleo. Para obter esses dólares, o “governo” da época contraía ainda mais dívidas no exterior e comprava no mercado interno de câmbio todo dólar disponível. Para poder comprar esses dólares disponíveis no mercado interno, o “governo” emitia mais dinheiro novo [a Casa da Moeda trabalhava tempo integral] e/ ou emitia mais títulos da dívida pública interna, captando recursos para comprar dólares. Com isto, além de ampliar o volume de moeda em circulação, aumentava ainda mais tanto a dívida externa, como a dívida interna. Para poder continuar a vender títulos da dívida no mercado interno, o “governo” aumentava a taxa de juros, para atrair compradores. Com mais dinheiro posto em circulação e com a alta da taxa de juros, o mercado reagia aumentando os seus preços. E o sistema de correção monetária criado por Roberto Campos em 1964 se encarregava de realimentar a inflação.] 11. A Fundação Getúlio Vargas tem acompanhado a evolução do ânimo dos empresários do setor industrial brasileiro através do Índice de Confiança da Indústria. Pode-se observar, no quadro a seguir, que a confiança está, de fato, voltando e deverá recuperar op nível em que se encontrava antes do colapso do Lehman Brothers, em Setembro de 2008. Índice de Confiança do Setor Industrial Brasileiro Mês/ Ano Índice de Confiança Mês/ Ano Índice de Confiança Agosto de 2008 119,2 Março de 2009 77,8 Setembro 115,0 Abril 84,5 Outubro 104,4 Maio 89,5 Novembro 83,9 Junho 93,6 Dezembro 74,7 Julho 99,5 Janeiro de 2009 75,3 Agosto 105,7 Fevereiro 76,2 Setembro 109,5 Fonte: FGV/ Carta Capital de 07/10/09 12. A melhora do índice de confiança é um reflexo da produção industrial atual, que corre para poder atender ao aumento da demanda. O quadro mostra o índice de ocupação da capacidade de produção da indústria, observando-se que, em Setembro, este índice já se aproximava do registrado em Agosto de 2008, um ano de extraordinário crescimento econômico do Brasil, antes de estourar a crise em Setembro. Taxa de Ocupação da Capacidade de Produção da Indústria Brasileira (Em %) Setor Industrial Ocupação em Ago.08 Ocupação em Set.09 Indústria de transformação em geral 86,6 81,9 Indústria de bens de consumo 86,8 84,4 Indústria de bens intermediários 87,8 83,3 Indústria de bens de capital 87,8 77,3 Fonte: FGV/ O Globo 11/10/09 13. A pesquisa da FGV concluiu que, de 27 sub-setores industriais pesquisados, 6 já estão operando a uma taxa de ocupação da capacidade acima daquela que foi registrada em Setembro de 2008, que foi um record, o nível mais elevado de toda a série histórica. 14. O processo de aproximação entre Angola e o Brasil acelerou-se. Em viagem a ser realizada brevemente a Luanda, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, será acompanhado por numerosa delegação de empresários brasileiros. A missão será depois estendida à África do Sul e a Moçambique. Dentro deste processo de aproximação, o Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada vai inaugurar um escritório em Angola para desenvolver estudos angolanos, com base na experiência adquirida no Brasil. Também a Apex – Agência Brasileira de Promoção às Exportações está abrindo escritório em Luanda, no mesmo espaço em que já está instalada a agência angolana do Banco do Brasil, que lá se encontra desde 2004. A Embrapa já iniciou os seus trabalhos para reestruturar o Instituto de Investimento Agrícola de Angola. E a Petrobras já tem parceria fechada com a estatal angolana de petróleo, a Sonangol, para exploração da camada pré-sal da costa daquele país. 15. Apenas para se ter uma base de avaliação do quanto será necessário crescer, no Brasil, o crédito imobiliário que, além de estimular um importantíssimo setor gerador de empregos é, também, a principal fonte de recursos para a eliminação do déficit habitacional que ainda existe no país, o quadro a seguir permite uma comparação entre o montante do crédito imobiliário brasileiro e o verificado em alguns países selecionados. O volume de financiamento para a compra de residências é referido como percentual do PIB de cada país. Crédito Imobiliário como Percentual do PIB de Países Selecionados (Em %) País Percentual do PIB País Percentual do PIB Dinamarca 100,8 Suécia 56,7 Holanda 98,4 Alemanha 51,3 Reino Unido 83,1 Bélgica 36,3 Irlanda 70,1 França 32,2 Portugal 59,2 México 13,0 Espanha 58,6 Brasil 2,4 Fonte: Abecip/ Banco Central/ Gazeta Mercantil 24/11/08 16. O mercado aos poucos – e diante das evidências bastante claras – vai revendo as suas projeções de crescimento do PIB brasileiro neste ano. Antes, imaginava-se que haveria uma queda de -0,5%. Depois, passou-se a raciocinar com 0%. Logo depois, começou a admitir uma pequeníssima alta de 0,01%. Mais recentemente, esta modesta previsão foi multiplicada por 10, mas continuou sendo ridícula, de apenas 0,10%. Enquanto isto, o FMI ainda crê que haverá queda no PIB brasileiro de -1,3% neste ano e alta de 2,5% em 2010. Para 2010, o mercado é mais otimista e avalia que haverá aumento de 4,8% no PIB. 17. Porém, se as previsões do FMI para este ano não são muito boas para o Brasil, para outros países essas previsões são muito piores: segundo o Fundo, em 2009, a economia global vai cair -1,4%, para voltar a crescer 2,5% em 2010; para os países ricos, a queda neste ano será de -3,8% e a alta, no ano seguinte, de apenas 0,6%; a economia americana vai cair -2,6% neste ano, para crescer 0,8% em 2010; a Alemanha cairá 6,2% em 2009 e -0,6% no ano seguinte; a França terá queda de -3,0% e alta de 0,4%; e o Japão cairá -6,0% em 2009 e crescerá 1,7% em 2010. 18. Com relação aos países do BRIC, a avaliação do FMI é de que o crescimento da China será de 7,5% neste ano e de 8,5% no ano seguinte; a Rússia cairá -6,5% e subirá 1,5%; e a Índia crescerá 5,4% e 6,5%. Na América do Sul, o que se sabe é que o PIB chileno caiu -4,5% no segundo trimestre deste ano e o Brasil, segundo os cálculos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, cresceu 1,7% no mesmo trimestre. II – INFRAESTRUTURA Energia Elétrica 1. A Gallway é uma empresa que tem sede na Holanda e esteve investindo, desde 2007, na construção da central hidrelétrica de Serra do Facão, que é um dos projetos incluídos no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. O empreendimento tem custo de implantação estimado em R$ 770 milhões e a central terá capacidade para gerar 212 MW, com data de início de geração prevista para Janeiro de 2011. O problema é que este projeto necessita receber financiamento de R$ 540 milhões do BNDES e ocorre que a Gallway está em situação de inadimplência junto ao próprio BNDES, por conta de outros projetos que também receberam financiamento do Banco. Conclusão: para o projeto continuar a ser desenvolvido com recursos públicos, a Eletrobrás, através da sua controlada Furnas, entrou no projeto, adquirindo a parte que era da Gallway. Tendo já aprovadas todas as exigências dos órgãos de controle do meio ambiente, o projeto poderá agora ser concluído dentro do prazo programado. 2. A CGTEE – Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica, que é empresa estatal do sistema Eletrobrás, está estudando a possibilidade de construir uma nova central termelétrica a carvão mineral em Candiota, no Rio Grande do Sul. Esta será a fase D do projeto de construção do Complexo de Geração, localizado em uma área rica em carvão vegetal. As fases iniciais do projeto, denominadas fase A e B, já estão em operação e a fase C está em construção. A nova térmica a ser construída poderá ser implantada em duas etapas, cada uma tendo capacidade para gerar 600 MW, totalizando, portanto, 1.200 MW de potência. Ou poderá ser implantada em duas fases, cada uma de 350 MW de capacidade, somando 700 MW. A fase C, que está sendo executada, prevê a instalação de uma unidade capaz de gerar 350 MW e deverá custar investimento de R$ 1,2 bilhão. Neste caso, se a alternativa escolhida para a fase D for a execução em duas etapas, totalizando 700 MW, o custo de implantação deverá ser de R$ 2,4 bilhões. III – INDÚSTRIA DE BASE Petróleo e Gás 1. A Schlumberger, empresa prestadora de serviços na área de petróleo o gás, assinou contrato com a Universidade Federal do Rio de Janeiro para instalar um centro de pesquisas de tecnologia para o pré-sal no Parque Tecnológico da Universidade, na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. A Coppe e a Petrobras são parceiras do projeto. 2. A Petrobras e a estatal norueguesa Statoil Hydro estão avaliando a viabilidade econômica da exploração da jazida de petróleo descoberta em um poço perfurado na bacia do rio Jequitinhonha, na Bahia, no bloco BM – J – 3. A Petrobras tem 60% de participação neste empreendimento, e a Statoil Hydro tem 40%. 3. Como estratégia para explorar as reservas gigantes da camada pré-sal, a Petrobras decidiu iniciar a exploração a partir dos campos localizados sob outros campos da camada pós-sal que já estejam sendo explorados comercialmente. Uma dessas áreas que já se encontram em produção é o chamado Parque das Baleias, localizado na bacia de Campos, a apenas 85 km de distância do litoral Sul do Estado do Espírito Santo. Trata- se de uma área que reúne diversos campos [Baleia Azul, Jubarte, Cachalote, Baleia Franca, Baleia Anã, Caxaréu, Pirambu, Mangangá e Náutilus] todos localizados na camada pós-sal, contendo reservas recuperáveis que somam 4 bilhões de barris de petróleo pesado. Nesta mesa área foi feita a descoberta de petróleo leve de alta qualidade [30º API] na camada pré-sal do bloco 1 – ESS – 103 A, com reservas recuperáveis de 1,5 bilhão a 2 bilhões de barris. A intenção é utilizar a plataforma P-34, que já foi instalada para extrair petróleo do pós-sal, para que ela produza, também, petróleo do pré-sal, reduzindo consideravelmente os custos de produção. IV - INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO Indústria de Embalagens 1. Para os que ainda não perceberam o ritmo de recuperação da assustada indústria privada nacional, o quadro a seguir mostra a evolução da produção brasileira de papelão ondulado, material utilizado para embalagens de produtos industrializados, que sempre tem sido usado como indicador confiável da situação da indústria, em termos de ritmo de produção. Os dados apresentados indicam a produção mensal de papelão nos últimos meses, incluindo o record histórico alcançado em Outubro de 2008, quando os efeitos do subprime ainda não tinham sido sentidos. Produção Brasileira de Papelão Ondulado (Em 1.000 toneladas) Mês/ Ano Produção Mês/ Ano Produção Mês/ Ano Produção Abril 2008 192,8 Outubro 2008 208,2 Abril 2009 175,8 Maio 199,5 Novembro 186,2 Maio 186,4 Junho 197,8 Dezembro 157,1 Junho 186,9 Julho 201,8 Janeiro 2009 161,2 Julho 194,5 Agosto 193,1 Fevereiro 157,8 Agosto 193,9 Setembro 195,8 Março 183,5 Setembro 205,7 Fonte: Valor Econômico 14/10/09 e Conjuntura Econômica de Setembro de 2009 Indústria de Material Ferroviário 1. Já está operando na CSN – Companhia Siderúrgica Nacional a primeira locomotiva projetada e construída totalmente no Brasil. Trata-se da máquina desenvolvida e construída pela EIF, empresa instalada em Paulínia, no Estado de São Paulo, especializada em manutenção e restauração de locomotivas. É uma máquina de baixa potência – 1.000 HP – utilizada na fábrica de cimento da CSN, instalada em seu complexo industrial de Volta Redonda, no Sul do Estado do Rio de Janeiro. 2. É claro que se trata de uma pequena locomotiva, se comparada com outras muito mais potentes e que são apenas montadas no Brasil. Mas o fato é inédito na história do país e ocorre em um momento em que as perspectivas são de expansão no setor ferroviário, bastando lembrar que, em 1998, as ferrovias transportavam apenas 18% de todas as cargas movimentadas no Brasil, tendo este percentual subido para 26%, em 2008, no mesmo período em que a frota de locomotivas do país subia de 1,5 mil para 2,8 mil unidades. Indústria de Produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos 1. A alemã Nívea do Brasil não faz por menos: sua meta é de crescimento de 15% nas vendas em 2009. E para o período 2011 – 2015, para continuar crescendo, será necessário investir. Quem diz isto é o presidente da empresa no Brasil, Nicolas Fischer. Indústria de Papel e Celulose 1. A sueca Stora Enso reafirmou sua intenção de executar o projeto Veracel 2, de US$ 2,5 bilhões, que vai duplicar a atual capacidade de produção da fábrica de celulose Veracel 1, instalada em Eunápolis, no Sul do Estado da Bahia. A atual capacidade, que é de 1,12 milhão de toneladas de celulose por ano, será ampliada para 2,24 milhões. [As condições climáticas e a qualidade do solo do Sul da Bahia propiciam uma produtividade que se torna impressionante, se comparada com o que se observa na Finlândia, grande produtora de celulose e papel, onde a Stora Enso tem áreas de cultivo e também produz celulose. Na Bahia, de cada hectare cultivado com árvores para produção de celulose, pode-se obter, em média, 50 m3 de celulose por ano, enquanto na Finlândia somente se obtém 5 m3 de celulose por hectare; além disto, o ciclo vital das árvores, desde o plantio da semente até o ponto de ser abatida, é de apenas 7 anos na Bahia, contra nada menos de 35 anos, no Hemisfério Norte.] V - COMÉRCIO E SERVIÇO Finanças 1. As variáveis referentes a câmbio, risco-país, cotação do A-Bond e juros futuros apresentaram o seguinte comportamento: Cotação do ADia Bond (em % do valor de face) 08/10/09 2,5750 1,7412 220 115,938 09 2,5579 1,7389 213 115,875 13 2,5662 1,7298 218 116,125 14 2,5510 1,7099 206 116,063 15 2,5420 1,7037 207 115,750 Fonte: O Globo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil N/ d = não disponível Taxa de Câmbio (real/ euro) Taxa de Câmbio (real/ dólar) Risco-país (em pontos percentuais) Juros Futuros (em % ao ano) 10,450 10,470 10,470 10,410 10,470 Transporte Aéreo 1. Em Setembro, a demanda doméstica de tráfego aéreo da empresa GOL registrou alta de 26,6% em comparação com Setembro de 2008. Em relação ao mês de Agosto deste ano, o aumento da demanda foi de 6,5%. Por outro lado, a ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil informou que o fluxo de passageiros em vôos domésticos em Setembro cresceu nada menos que 29,93% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Nesta mesma base de comparação, a taxa de ocupação das aeronaves passou de 61,29%, em Setembro de 2008, para 63,43%, em Setembro deste ano. VI – AGRIBUSINESS Açúcar e Álcool 1. A Petrobras manteve o seu plano de investir, como sócia minoritária, na construção de 20 usinas de álcool. Cada uma dessas usinas será constituída através de uma parceria com um produtor nacional, na condição de majoritário, e dois investidores minoritários, sendo um deles a estatal e o outro, um parceiro estrangeiro. Os dois parceiros minoritários comprarão toda a produção. O primeiro projeto é a construção da usina de Itarumã, em Goiás, que terá capacidade para produzir 200 milhões de litros de álcool por ano e que deverá custar investimento de US$ 227 milhões. O parceiro estrangeiro deste projeto é o grupo japonês Mitsui, que assumiu o compromisso de comprar toda a produção durante os próximos 20 anos. Biocombustíveis 1. Um relatório divulgado pela The Nature Conservancy, elaborado pela empresa de consultoria LMC, do Reino Unido, concluiu que em 2014 o mundo estará necessitando de dispor de mais 54 milhões de hectares para poder atender ao consumo de biocombustíveis e desses 54 milhões de hectares a mais, 90% virão de países da América do Sul. Isto é, até lá, os atuais 31 milhões de hectares que têm sido utilizados para a produção de biocombustíveis, deverão subir para 85 milhões. O estudo mostra que o Brasil será o grande fornecedor desses produtos e é também o país que tem todas as possibilidades de atender a esta demanda, simplesmente combinando as atuais áreas de pastagens extensivas, com áreas destinadas a fins agrícolas. O quadro abaixo resume a evolução da distribuição de terras brasileiras em áreas cultivadas e áreas de pastagens. No quadro se tem, também, o número de bovinos criados no país, nessas pastagens. Área Cultivada e Área de Criação de Bovinos no Brasil (Em milhões de hectares) Ano Área Cultivada Área de Pastagem Número de Bovinos (milhões de animais) 1970 38 155 81 1975 40 165 100 1980 47 179 121 1985 51 180 182 1995 40 178 179 2006 79 173 176 Fonte: TNC/ Gazeta Mercantil 20/11/08 Borracha Natural 1. O Governo do Estado do Paraná está desenvolvendo um programa de incentivo ao plantio de seringueiras, com o objetivo de ampliar, em um prazo de 10 anos, a atual área de cultivo, que é de 1.000 hectares, para algo em torno de 10.000 hectares. O objetivo é expandir a produção de borracha natural no Paraná, além de melhorar a renda da população rural, sem com isto agredir o meio ambiente. A borracha natural, extraída da seringueira, planta natural da Amazônia, é uma das matérias primas para a fabricação de pneumáticos, que utiliza, também, a borracha sintética, que é produto derivado do petróleo. No Brasil, além dos Estados da Região Norte, a seringueira é cultivada nos Estados da Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Paraná.