Artes Rubem Valentim e a cultura afro-brasileira Valéria Peixoto de Alencar* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Objetivos - Estudar as obras de Rubem Valentim. - Elaborar desenhos ou pinturas que sintetizem elementos do contexto cultural dos alunos. Comentários Rubem Valentim criou uma forma muito peculiar de representar elementos da cultura afrobrasileira, especialmente a religiosidade. Esta aula propõe que os alunos conheçam o trabalho do artista e também elementos da cultura afro - e busquem, então, maneiras de sintetizar, por meio de desenhos e pinturas, objetos presentes em seu próprio contexto cultural. Material O texto sobre Rubem Valentim pode se utilizado como ponto de partida para o estudo. Estratégia - itura e interpretação do texto. - Leitura de imagens que estão no texto e de outras que o professor leve para a sala de aula, inclusive imagens (e objetos, se possível) dos elementos sintetizados por Valentim, relacionados aos cultos do candomblé e da umbanda. - Os alunos deverão pesquisar e apresentar objetos que façam parte de seu contexto cultural (escola, família, bairro, religião, língua...) e que eles considerem importantes, representativos. Atividade A partir das discussões sobre o trabalho de Valentim e da apresentação dos objetos pelos alunos, eles deverão elaborar, individualmente, uma composição em que um ou mais objetos sejam representados de maneira sintetizada, sempre a partir da geometrização das formas. Depois do desenho pronto, é o momento mais importante: a apresentação e discussão sobre os trabalhos. Dessa forma, conceitos como construtivismo, concretismo, síntese e signos serão esclarecidos. *Valéria Peixoto de Alencar é historiadora formada pela USP e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. É uma das autoras do livro Arte-educação: experiências, questões e possibilidades (Editora Expressão e Arte). História geral Reforma Protestante e reação da Igreja Católica Luciane Cristina Miranda de Jesus* Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação Ponto de partida Ler o texto Reformas religiosas: a Reforma Católica e a Contra-Reforma. Objetivos 1) Conceituar a palavra "reforma" a partir do contexto histórico em que os alunos vivem. 2) Constatar, por meio de pesquisa (levantamento de informações sobre as religiões seguidas pelos próprios alunos), que vivemos numa democracia religiosa. 3) Refletir sobre a liberdade de credo no Brasil, comparando-a aos fatos do século 16, na Europa Ocidental. 4) Conhecer as várias correntes de pensamento que explicam a dimensão da Reforma Protestante num universo dominado pela Igreja Católica. 5) Enumerar as ações da Igreja Católica na tentativa de conter o avanço da Reforma Protestante na Europa Ocidental e nas Américas, sobretudo na América portuguesa. Estratégias 1) Pergunte aos alunos no que pensam quando se fala em "reforma". Anote na lousa o que eles disserem. 2) Em seguida, passe para cada aluno uma ficha em que ele possa escrever qual a sua religião e de que forma essa escolha ocorreu. Elabore uma ficha na qual o aluno não precise se identificar e que deverá conter os seguintes itens: a) Se pertence ao sexo feminino ou masculino; b) Qual a religião; c) Se a escolha da religião partiu dele; d) Se a escolha da religião foi influência dos pais, porque já a praticavam. 3) O próximo passo é trabalhar com o professor de Matemática. Ele poderá ficar incumbido de tabular os dados das fichas, sendo que os resultados obtidos poderão ser convertidos em gráficos, mostrando o universo da sua série em números e porcentagens. 4) Apresente o resultado da pesquisa aos alunos, mostrando como vivemos, no Brasil, em uma democracia, inclusive do ponto de vista religioso. A seguir, informe os alunos de que, durante a Idade Média e início da Idade Moderna, não existia tolerância religiosa na Europa Ocidental. Ou seja, a realidade era muito diferente da que vivemos hoje na maioria dos países ocidentais, pois a Igreja Católica era a única referência religiosa. Conte a eles que, a partir do século 16, a Europa passou por transformações estruturais que abalariam o modo de os homens lidarem com os dogmas impostos por uma única religião. 5) Depois, retome o conceito de "reforma" com os alunos. Explique que o conceito expressa a idéia de "mudança", e que foi exatamente isso o que aconteceu quando começaram a surgir na Europa Ocidental várias novas religiões, embora todas fossem cristãs. O processo de surgimento dessas novas religiões é chamado de Reforma ou Reforma Protestante. 6) Em seguida, esclareça que os historiadores interpretam a Reforma Protestante sob variados ângulos. Cite os historiadores que analisam a Reforma a partir das transformações ocorridas na economia e na reorganização social, com a emergência da burguesia, e também os que atribuem igual importância às críticas ao comércio de indulgências e à adoração de relíquias. 7) Leia o texto citado acima com os alunos. Peça que eles indiquem quais as ações tomadas pela Igreja Católica no sentido de conter o avanço das novas religiões cristãs. A essas ações os historiadores dão o nome de Contra-Reforma. O texto proposto traz à tona a volta da Inquisição, o surgimento da Companhia de Jesus e o Concílio de Trento. 8) Retome com os alunos o parágrafo que descreve as ações da Igreja Católica e lembre-os de que o Brasil, enquanto colônia portuguesa, também sofreu restrições religiosas. *Luciane Cristina Miranda de Jesus é formada em história pela Universidade de São Paulo e professora na rede particular de ensino do Estado de São Paulo. Artes Barroco na Europa Valéria Peixoto de Alencar* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Objetivos Estudar as diferenças e semelhanças do Barroco na Europa. Estimular a pesquisa sobre História da Arte entre os alunos. Comentários Quando pensamos no estilo barroco, logo vem à mente as imagens das igrejas de Minas Gerais ou de obras do Aleijadinho. Entretanto, saber sobre o início do movimento, na Europa, é um ótimo tema de pesquisa. Material Os textos Barroco na Europa - Alguns países e seus pintores e Barroco - Igreja impulsiona arte sacra podem servir como pontos de partida para o nosso estudo. Estratégias 1) Leitura e interpretação dos textos. 2) Leitura das imagens que estão nos textos sugeridos e de outras que o professor apresente. 3) Dividir os alunos em grupos para a realização da atividade de pesquisa. Atividade de pesquisa 1) Os grupos devem pesquisar o Barroco em um país ou região da Europa. Certifique-se de que cada grupo escolha países ou regiões diferentes. 2) Cada grupo deverá pesquisar o Barroco nas diversas linguagens: pintura, escultura, gravura, arquitetura, música, etc. 4) Oriente os alunos para que observem as características das obras, comparando-as com outros movimentos, como o Renascimento ou o Neoclassicismo, por exemplo. 5) Faça com que os alunos percebam como as características de cada estilo nascem de diferentes contextos culturais - ou seja, do convívio social, da política e da religião, elementos que podemos estudar a partir das obras de arte. 6) Os grupos apresentarão o resultado de suas pesquisas na forma de seminários. Sugestões Seria interessante trabalhar, ao mesmo tempo, com os professores de Português e História, o que daria mais substância à pesquisa. *Valéria Peixoto de Alencar é historiadora formada pela USP e cursa o mestrado em Artes no Instituto de Artes da Unesp. É uma das autoras do livro Arte-educação: experiências, questões e possibilidades (Editora Expressão e Arte). 24/10/2008 - 13h12 POLÍTICA E RELIGIÃO O Estado laico e o reino de Deus Rodrigo Gurgel* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação O papa Bento XVI e o presidente Lula em 2005: encontro de chefes de Estado Em 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte do Poder Judiciário no Brasil, convocou diferentes representantes da sociedade para audiências públicas que tratariam de questões éticas e religiosas: o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas e a liberação do aborto nos casos em que os fetos apresentassem anencefalia. Essas audiências públicas - em que diversos grupos sociais, seguidores de diferentes posições filosóficas e religiosas, apresentaram seus pontos de vista, a fim de contribuir para um julgamento equilibrado da corte representam uma das principais características dos sistemas republicanos modernos: a de garantir, por diversos meios, que a sociedade possa expressar livremente seu pensamento. As bases dessa livre expressão do pensamento encontram-se na própria origem do sistema republicano - e em uma de suas qualidades mais distintivas: a separação entre Estado e religião. Mas o que hoje nos parece natural é fruto de uma longa jornada, que envolveu parcela significativa da humanidade. Uma jornada na qual forças antagônicas lutaram entre si, às vezes no plano das idéias, às vezes recorrendo à censura e à violência. Diferentes experiências nasceram da relação entre Estado e confissões religiosas, e acabaram por comprovar que a independência entre essas duas forças sociais oferece benefícios aos cidadãos que almejam viver em liberdade. Teocracias Teocracias são regimes em que o poder político é exercido, em nome de uma autoridade divina, por homens que se declaram seus representantes na Terra, quando não uma encarnação da própria divindade. O exemplo mais próximo de nós - talvez o único existente nos dias atuais - é o Vaticano. Seu governante, o papa, ocupa, ao mesmo tempo, o cargo de administrador temporal do território incrustado na cidade de Roma, na Itália, e, também, o de sumo sacerdote de uma das principais confissões religiosas do mundo, o Catolicismo, escolhido para o cargo por um colégio de cardeais que se acredita, para tanto, inspirado por Deus. Mas há outros exemplos de teocracias. No Japão, até o fim da Segunda Guerra Mundial, o imperador era considerado descendente direto dos deuses que criaram a Terra. O Tibete, hoje ocupado pela China, antes vivia sob a direção de um dalai-lama (supremo sacerdote e guia espiritual do budismo tibetano). E se caminharmos rumo ao passado mais distante, basta lembrar do Egito, onde o faraó era, ele mesmo, um deus, descendente direto do deus Hórus. Estados confessionais Neste início de século 21, no entanto, se desejamos refletir sobre as relações entre religião e Estado, devemos nos referir ao Estados confessionais, países em que uma única confissão religiosa é reconhecida oficialmente pelo Estado, recebendo, em certos casos, os privilégios decorrentes dessa condição. Contudo, há, entre esses Estados, grandes diferenças. O Catolicismo, na Argentina, ainda que seja a religião oficial do país, não possui qualquer privilégio. O Protestantismo Luterano é a religião oficial da Dinamarca, mas sua influência na sociedade dinamarquesa não se assemelha nem um pouco ao poder exercido, por exemplo, pelo Islamismo no Irã, onde, depois da revolução que depôs o xá Reza Pahlevi, em 1979, os aiatolás (altos dignitários na hierarquia religiosa islamítica) tomaram o poder, criando um Estado no qual a religião prepondera sobre a política. Alguns estudiosos, inclusive, chegam a classificar o Irã como uma teocracia. Os países islâmicos, aliás, são exemplos contemporâneos de como a religião pode se confundir com a política. Desde seu início, quando fundado pelo profeta Maomé, o Islamismo, à medida que se expandiu pelo Oriente Médio, Extremo Oriente e Norte da África, chegando à Europa, instituiu uma cultura na qual as lideranças políticas e religiosas se concentram em um único governo. Assim, a religião islâmica é indissociável das estruturas políticas, sociais e econômicas desses países, não importando se falamos do Egito, onde há relativa democracia, ou da Arábia Saudita, uma monarquia absolutista. Estado laico No Brasil, como em inúmeros outros países, dizemos que o Estado é laico, ou seja, uma forma de governo independente de qualquer confissão religiosa. Mas, na época da monarquia, o imperador tinha o poder de nomear religiosos para os cargos eclesiásticos mais importantes e aprovar, ou não, documentos papais, a fim de que fossem seguidos pelos católicos do país. O Estado laico, no entanto, prevaleceu após a Proclamação da República. As bases do Estado laico podem ser encontradas no Renascimento, quando começou a ocorrer uma gradual separação entre, de um lado, o pensamento político, a filosofia e a arte, e, de outro, as questões religiosas. Lentamente, graças à recuperação dos valores da Antiguidade clássica, o homem se voltou à livre busca das verdades, mediante o exame crítico e o debate independente, recusando a predominância ou a autoridade de uma verdade revelada por Deus e que se colocasse como absoluta e definitiva. Essa maneira de pensar e agir - que pode ser chamada de laicismo ou secularismo - deu origem a Estados laicos, onde as instituições públicas e a sociedade civil mantêm independência em relação às diretrizes e aos dogmas religiosos - e onde não se aceita, ao menos teoricamente, a ingerência direta de qualquer organização religiosa nos assuntos de Estado. Isso não quer dizer, entretanto, que as democracias modernas sejam Estados ateus, onde as religiões são proibidas. Ao contrário, esses países concedem a todas as confissões religiosas, sem quaisquer distinções, igual liberdade, permitindo que elas exerçam livremente sua influência cultural e, portanto, política. Autonomia Assim, o Estado laico não é um Estado irreligioso ou anti-religioso - nesses países, a relação entre o temporal e o espiritual, entre a lei e a fé, não é uma relação de contraposição, mas, sim, de autonomia recíproca entre duas linhas distintas da atividade e do pensamento humanos. Não por outro motivo o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, ao convocar as audiências sobre questões éticas e religiosas, quis ouvir a opinião não só dos católicos, mas também dos espíritas, dos cristãos de diferentes observâncias, dos budistas e de todas as confissões religiosas que desejassem se manifestar. Agindo assim, o Estado leigo protege a autonomia, a liberdade do poder civil, sem aceitar qualquer controle religioso, mas garantindo que todas as religiões possam se expressar livremente. Privilegiar a liberdade O filósofo e monge franciscano Guilherme de Ockham, no século 14, talvez tenha sido o primeiro a defender a importância de separarmos a fé e o pensamento livre. "As asserções principalmente filosóficas, que não concernem à teologia [ciência que se ocupa de Deus, de sua natureza e seus atributos e de suas relações com o homem e com o universo], não devem ser condenadas ou proibidas por ninguém, já que, em relação a elas, cada um deve ser livre para dizer o que deseja", afirma Ockham. Essas idéias foram sintetizadas, no século 17, por outro filósofo, John Locke, que as retirou da esfera das reflexões filosóficas individuais, expandindo-as à própria organização do Estado. Locke afirma que "o Estado nada pode em matéria puramente espiritual, e a Igreja nada pode em matéria temporal". Essa busca de uma harmonização entre forças que, num primeiro momento, podem parecer incompatíveis - o pensamento liberal e a doutrina religiosa (no caso de Locke, a doutrina cristã) - tem marcado, desde então, o processo de desenvolvimento das democracias ocidentais. Convivência No transcorrer dos últimos séculos, religião e Estado procuram encontrar uma fórmula que privilegie, acima de tudo, a liberdade humana - sem a qual não há nem verdadeira busca religiosa nem Estado verdadeiramente livre. E a própria Igreja Católica reconhece a necessidade dessa independência, em um dos documentos que compõem as resoluções do Concílio Vaticano 2º, a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (sobre a Igreja no mundo atual): "No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas". Ao sair da esfera de influência direta das religiões, o Estado tornou-se laico - e o laicismo não só impregnou a evolução das sociedades democráticas, mas se transformou também em um método de convivência, no qual filosofias e religiões, se não deixam de pretender possuir a verdade absoluta, também não transformam suas respectivas maneiras de pensar em atitudes que violentam a ordem jurídica ou afrontam a liberdade individual. E, de fato, esse é o ideal: no que se refere tanto às confissões religiosas como aos governantes, que eles procurem defender seus pontos de vista e exercer sua influência dentro dos limites estabelecidos pela lei, agindo sempre com tolerância. Religiões seculares Isso não quer dizer, no entanto, que a separação entre religião e Estado seja uma concepção política inquestionável, seguida por todos os países. Se, nos dias de hoje, há Estados que vivem intrinsecamente ligados à religião, como os do mundo islâmico, a história também nos mostra que, às vezes, os Estados podem transformar partidos políticos ou ideologias em verdadeiras religiões. Essa sacralização de uma ideologia ou de um partido é sempre marcada pela intolerância violenta - e chega ao extermínio físico dos adversários e dos dissidentes. Os regimes totalitaristas de influência fascista, nazista ou marxista são exemplos dessas religiões seculares, nas quais - como em muitos países islâmicos - as políticas mais repressoras são colocadas em prática. Esses Estados, apoiando-se em uma confissão religiosa ou em uma ideologia qualquer (que são transformadas em verdadeiros dogmas), instauram a censura e destroem a autonomia das esferas filosóficas, artísticas, espirituais e políticas da sociedade - aniquilando assim o direito à liberdade. Fontes Dicionário do pensamento social do século XX, William Outhwaite e Tom Bottomore, Jorge Zahar Editor. Diccionario de filosofia, Nicola Abbagnano, Fondo de Cultura Económica (México). Dicionário crítico de sociologia, Raymond Boudon e François Bourricaud, Editora Ática. Dicionário de política, Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino, Editora da Universidade de Brasília. Uma história dos povos árabes, Albert Hourani, Editora Cia. das Letras. História do Brasil Religião no Brasil Colônia Érica Alves da Silva* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Introdução A Constituição de 1988 garante aos brasileiros a liberdade de crença. Entretanto, essa garantia legal de liberdade religiosa não existiu em todos os momentos da História do Brasil. Estudar essa questão com os alunos pode ajudar a reconhecer permanências e mudanças na realidade nacional. Objetivos 1) Reconhecer os principais objetivos da administração portuguesa no início da colonização e suas reorientações históricas no que se relaciona às questões religiosas. 2) Identificar e comparar com a situação presente a antiga oficialidade do catolicismo, como religião do Estado. 3) Reconhecer as resistências à obrigatoriedade do catolicismo e o sincretismo religioso. Estratégias 1) Faça uma breve explanação sobre o início da colonização portuguesa no território brasileiro, saliente as motivações dos colonizadores. Essas motivações ajudam a entender as transformações sofridas ao longo do tempo no processo de colonização. 2) Discuta com os alunos o que eles achariam dos indígenas se eles fossem europeus do século 16 que aqui estivessem chegando. Proponha a mesma situação em relação aos europeus. Dessa maneira, os alunos problematizarão as dificuldades de um povo reconhecer e valorizar aquilo que lhe é diverso, principalmente em um momento como o século 16 quando esses contatos mal começavam a acontecer. 3) Analise com os alunos os artigos da Constituição de 1988 relativos às liberdades individuais. Depois realize uma pequena exposição sobre a época em que ela foi escrita. Após a leitura do texto, peça aos alunos que registrem em seus cadernos as principais semelhanças e diferenças que identificam entre os anos 1980 e o início da colonização portuguesa no Brasil. Atividades 1) Peça que os alunos, divididos em grupos, escrevam pequenas histórias em quadrinhos, nas quais os personagens criados devem refletir aspectos do modo de vida dos indígenas no Brasil do início do século 16. 2) Durante o processo de formulação das HQs corrija possíveis erros ortográficos e também aspectos relacionados à própria estrutura das histórias em quadrinhos. *Érica Alves da Silva é historiadora História do Brasil _ Ensino fundamental Religião no Brasil Colônia Érica Alves da Silva* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Introdução A Constituição de 1988 garante aos brasileiros a liberdade de crença. Entretanto, essa garantia legal de liberdade religiosa não existiu em todos os momentos da História do Brasil. Estudar essa questão com os alunos pode ajudar a reconhecer permanências e mudanças na realidade nacional. Objetivos 1) Reconhecer os principais objetivos da administração portuguesa no início da colonização e suas reorientações históricas no que se relaciona às questões religiosas. 2) Identificar e comparar com a situação presente a antiga oficialidade do catolicismo, como religião do Estado. 3) Reconhecer as resistências à obrigatoriedade do catolicismo e o sincretismo religioso. Estratégias 1) Faça uma breve explanação sobre o início da colonização portuguesa no território brasileiro, saliente as motivações dos colonizadores. Essas motivações ajudam a entender as transformações sofridas ao longo do tempo no processo de colonização. 2) Discuta com os alunos o que eles achariam dos indígenas se eles fossem europeus do século 16 que aqui estivessem chegando. Proponha a mesma situação em relação aos europeus. Dessa maneira, os alunos problematizarão as dificuldades de um povo reconhecer e valorizar aquilo que lhe é diverso, principalmente em um momento como o século 16 quando esses contatos mal começavam a acontecer. 3) Analise com os alunos os artigos da Constituição de 1988 relativos às liberdades individuais. Depois realize uma pequena exposição sobre a época em que ela foi escrita. Após a leitura do texto, peça aos alunos que registrem em seus cadernos as principais semelhanças e diferenças que identificam entre os anos 1980 e o início da colonização portuguesa no Brasil. Atividades 1) Peça que os alunos, divididos em grupos, escrevam pequenas histórias em quadrinhos, nas quais os personagens criados devem refletir aspectos do modo de vida dos indígenas no Brasil do início do século 16. 2) Durante o processo de formulação das HQs corrija possíveis erros ortográficos e também aspectos relacionados à própria estrutura das histórias em quadrinhos. *Érica Alves da Silva é historiadora. História geral_Ensino Fundamental Islamismo e Idade Média Luciane Cristina Miranda de Jesus* Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação Ponto de Partida Ler a entrevista Expansão islâmica: muçulmanos dominaram península Ibérica no site Educação do UOL. Justificativa Sempre estudamos a Idade Média com nossos olhares voltados para o continente europeu, pois os próprios marcos históricos da Linha do Tempo da História, que sinalizam o início e o fim da Idade Média, se referem à história da Europa. E se víssemos o mesmo período com nossos olhares voltados para mais de um continente? Neste caso, veríamos o avanço do islamismo na África, Ásia e Europa e entenderíamos que o processo do feudalismo na Europa não foi somente um processo ocorrido por razões internas, mas também externas! Objetivos 1) Reconhecer a origem da palavra islão e as suas derivações; 2) Reconhecer o contexto histórico sobre a origem do islão e sua repercussão como elo unificador da península Arábica; 3) Identificar os continentes conquistados pelo islamismo; 4)Destacar durante o período medieval as contribuições mouras no campo da cultura e arquitetura na península Ibérica. Estratégias 1) Em primeiro lugar, destacar para os alunos que o texto a ser lido é uma entrevista com um historiador contemporâneo. Vale a pena comentar com os alunos que Mustafá Yazbek é brasileiro, embora seu nome seja de origem libanesa, devido a nacionalidade dos seus pais. Peça aos alunos que enumerem as perguntas da entrevista, pois assim o professor terá a liberdade de escolher qual pergunta e resposta pode ser lida, bastando mencionar a sua posição numérica. 2) Propor aos alunos, antes da leitura da entrevista, que falem sobre o que entendem com relação à palavra islão e outras palavras derivadas deste radical, como islamismo, islâmico, islã. É interessante que o professor faça os registros na lousa e os alunos no caderno. 3) O passo seguinte é apresentar a eles a origem da palavra islão, que significa "submissão" e o momento em que ela passa a ser conhecida oficialmente como uma nova religião frente às mais antigas, como o judaísmo e o cristianismo. A origem do islão está vinculada à figura do profeta Maomé. São intrínsecas, por isso deve-se fazer um breve relato da biografia (vida) deste homem. As perguntas nas posições 2 e 3 realizadas pelo entrevistador e as respostas dadas pelo historiador Mustafá explicam quem foi Maomé e a importância de suas experiências no campo da espiritualidade e difusão do islão. Portanto, o professor deverá convidar dois alunos para lerem em voz alta para toda a classe, essas perguntas e respostas no sentido de complementar explanação do professor. 4) Faça uso do mapa-múndi para localizar a península Arábica e a expansão do islão a partir do século 7. A localização dos territórios conquistados pelos muçulmanos pode seguir paralelo à leitura das perguntas e respostas nas posições 5, 7 e 8, pois elas dão conta de explicar como ocorreu a unificação político-religiosa das tribos arábicas e a conquista de territórios durante a Idade Média na Europa, Ásia e África. 5) Destaque para os alunos que o crescimento do islão proporcionou aos muçulmanos o domínio das rotas comerciais do Oriente para o Ocidente, principalmente a do mar Mediterrâneo, daí o isolamento da Europa frente ao domínio islâmico. Diante disso, elabore perguntas problematizadoras com relação ao processo de feudalismo ocorrido na Europa, como por exemplo: a) Durante a Idade Média, a Europa se isolou por questões internas ou fatores externos conduziram-na ao processo de feudalismo? b) Que fatores externos poderiam interferir na vida econômica da Europa feudal, principalmente a partir do século VII? Após essas perguntas problematizadoras, peça a dois alunos que leiam a pergunta e a resposta da entrevista na posição 6, pois o entrevistado explica o isolamento deste continente justamente devido a expansão islâmica. 6) Para finalizar, proponha aos alunos que realizem, junto com o professor de português, uma pesquisa sobre a herança árabe que herdamos principalmente no nosso vocabulário, uma vez que a região de Portugal foi de domínio islâmico durante oito séculos. Por meio dessa pesquisa o professor pode trabalhar as noções de permanência na História. 7) Como sugestão de síntese do conteúdo estudado, pode-se também propor, junto com a disciplina de Artes, que os alunos pesquisem imagens de construções arquitetônicas que mostrem a presença islâmica na península Ibérica, tanto em Portugal quanto na Espanha. *Luciane Cristina Miranda de Jesus é formada em história pela Universidade de São Paulo e professora dessa disciplina na rede particular de ensino do Estado de São Paulo. REFORMAS RELIGIOSAS (2) A reforma luterana Gilberto Salomão* Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação O alemão Martinho Lutero estabeleceu os princípios de uma doutrina cristã reformada O que hoje chamamos de Alemanha era, desde a Idade Média, parte do Sacro Império Romano Germânico. Criado no século 11 como uma extensão temporal do poder do papado, houve momentos em que o poder imperial entrou em choque com o papa, como na questão envolvendo as investiduras de bispos, no século 16. A vitória do papado nessa que ficou conhecida como a Querela das Investiduras aprofundou o poder político da Igreja na região. Por outro lado, o poder enorme exercido pela Igreja tornava-a o local ideal para a venda de relíquias e indulgências. Empenhado na construção da Basílica de São Pedro, o papa Leão 10º (1513-1521) encarregou o dominicano John Tetzel de realizar uma maciça venda de indulgências por toda a Alemanha. Foi contra isso que se voltou o duque Frederico da Saxônia, impedindo a entrada de Tetzel em seu território. A alegação para a proibição foi o fato de a Igreja ter feito um acordo com a família de banqueiros alemães, os Függer, no qual os banqueiros emprestavam à Igreja o dinheiro necessário em troca da garantia de metade da renda obtida com a venda de indulgências. Martinho Lutero Nesse conflito envolveu-se Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano e professor de teologia na Universidade de Wittenberg, com o apoio de Frederico. Na verdade, as críticas de Lutero à prática da Igreja já eram antigas, encontrando nesse contexto o espaço certo para sua disseminação. Em 1517, Lutero fixou na porta da catedral de sua cidade um documento intitulado "95 Teses Contra as Indulgências". Nele, não apenas Lutero criticava violentamente a prática da Igreja, denunciando que o dinheiro das indulgências era usado para financiar o luxo do clero e atacando seu desregramento, como também se opunha a dogmas da Igreja. Ao afirmar que as indulgências eram incorretas, pois o fiel se salva não pelos atos que pratica, mas pela fé, Lutero incorria numa negação à doutrina da Igreja, uma heresia do ponto de vista da Igreja Católica, expondo-se assim à ação da Inquisição. Excomungado como herege em 1520 pelo papa, Lutero recusou-se também a se retratar na Dieta de Worms, convocada pelo imperador Carlos 5º (Carlos de Habsburgo) e composta por todos os nobres laicos e eclesiásticos do Sacro Império. Estes, por sua vez, tinham interesse em apoiar Lutero, interessados em livrarse da autoridade papal e em limitar o poder do imperador, defensor do catolicismo. Foram os príncipes alemães e a alta nobreza que ocultaram Lutero num castelo da Saxônia, impedindo sua execução. Guerras e revoltas Durante os três anos em que ficou oculto, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, numa forma de tornar seu conhecimento mais difundido entre a população, de modo a provar o quanto a Igreja havia se afastado dos propósitos cristãos. Em sua maioria, os príncipes alemães declararam-se adeptos da nova religião proposta por Lutero. Vendo nisso uma clara ameaça a seu poder, o imperador Carlos 5º impôs o catolicismo como religião oficial do império. Os príncipes protestaram contra essa imposição (daí advindo o termo "protestante"), dando início a um longo processo de guerras de religião na Alemanha. Por outro lado, além do apoio da nobreza, por razões políticas, as idéias de Lutero despertaram o apoio dos camponeses, vendo nos ataques à Igreja uma oportunidade de reduzirem o grau de profunda desigualdade e exploração a que estavam submetidos. Várias revoltas camponesas eclodiram na Alemanha, entre elas a principal, liderada por Thomas Müntzer. Lutero voltou-se violentamente contra esses movimentos, posto que, dependente do apoio dos nobres, ele jamais poderia colocar-se ao lado de revoltas camponesas. Assim, Lutero defendeu a postura mais agressiva possível contra eles ("[...] É preciso estrangulá-los; é preciso matar o cão raivoso que se lança contra ti ou ele te matará."). A repressão aristocrática aos camponeses durou de 1524 a 1536 e produziu mais de cem mil mortos. Mudanças Já em 1527, Lutero, juntamente com Melanchton, elaborou a Confissão de Augsburgo, que estabelecia os princípios de sua doutrina. Por ela estabelecia-se: que as Escrituras Sagradas eram o único dogma da nova religião; a fé era vista como a única fonte da salvação; a livre interpretação da Bíblia passava a ser permitida; negava-se a transubstanciação (transformação do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo, presente na fé católica) e a crença de que a presença de Cristo na Eucaristia era espiritual; adotava-se o alemão, e não mais do latim, como idioma nos cultos religiosos; a Igreja passava a ficar submetida ao Estado; e, finalmente, permaneciam apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia. Em 1555, a Dieta de Augsburgo permitiu que cada príncipe escolhesse a sua religião, que passaria a ser também a de seus súditos ("cujus regio ejus religio" - tal príncipe, sua religião). O luteranismo triunfara na Alemanha. Foi adotado também na Suécia, em 1527, e na Dinamarca e Noruega, em 1536, como forma de afirmação dos poderes reais contra a interferência de Roma. Veja também Reformas religiosas (1) Reformas religiosas (3) Reformas religiosas (4) Reformas religiosas (5) REFORMAS RELIGIOSAS (1) Causas e contexto histórico Gilberto Salomão* Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação O filósofo humanista Erasmo de Roterdã fez severas críticas ao comportamento da Igreja O século 16 teve como uma de suas manifestações mais profundas o processo de reformas religiosas, responsável por quebrar o monopólio exercido pela Igreja Católica na Europa e pelo advento de uma série de novas religiões que, embora cristãs, fugiam aos dogmas e ao poder imposto por Roma, as chamadas religiões protestantes. Mais do que apenas um movimento religioso, as reformas protestantes inseriram-se no contexto mais amplo que marcou a Europa a partir da Baixa Idade Média, expressando a superação da estrutura feudal tanto em termos da fé como também em seus aspectos sociais e políticos. Da mesma forma, não se pode considerar as reformas religiosas como um processo que se iniciou no século 16. Ao contrário, elas representaram o transbordamento de uma crise que já vinha se manifestando na Europa desde o início da Baixa Idade Média, fruto da inadequação da Igreja à nova realidade, marcada pelo declínio do mundo feudal, pelo crescimento do comércio e da vida urbana, pela centralização do poder político nas mãos dos reis e pelo advento de uma nova camada social, a burguesia. Também não se pode deixar de lado a influência do Renascimento Cultural, no sentido de romper com o monopólio cultural exercido pela Igreja Católica na Idade Média. O Renascimento teve o efeito de possibilitar a aceitação de conceitos e de visões de mundo diferentes daqueles impostos pela Igreja Católica, ao quebrar o quase monopólio intelectual que a Igreja exercia na Idade Média. Num certo aspecto, as Reformas Protestantes são filhas do Renascimento, e representaram, como este, uma adequação de valores e de concepções espirituais às transformações pelas quais a Europa passava - nos campos econômico, social e cultural. Humanismo e desvirtuamento da Igreja As contestações ao poder e aos dogmas da Igreja não eram um fenômeno desconhecido na Europa do século 16. O próprio crescimento do pensamento humanista, absorvido pela Igreja através das universidades, e uma nova visão teológica, representada pelo tomismo, podem ser vistos como uma abertura da Igreja ao racionalismo e a uma visão de mundo mais humanística, se comparada ao forte teocentrismo que prevalecera até ali. As universidades foram canais por onde pôde penetrar a influência do pensamento racional, ao mesmo tempo em que o tomismo fundia a fé com elementos do racionalismo greco-romano. Ao mesmo tempo, há que se levar em conta o desvirtuamento da Igreja e sua incapacidade de dar resposta aos anseios espirituais dos fiéis. Essa questão tem origem no papel que a Igreja passou a ocupar a partir da Idade Média. O fato de ser ela a principal possuidora de terras na Europa, bem como a instituição mais poderosa politicamente, colocava-a ao lado da nobreza como uma instituição beneficiária da estrutura feudal e, também, responsável por sua manutenção. Na verdade, o vínculo orgânico entre a Igreja e a nobreza criava, necessariamente, distorções. A tendência é que as nomeações para cargos na alta hierarquia da Igreja (o termo correto para essas nomeações é investidura) obedecessem a critérios que passavam muito longe da vocação ou formação religiosa do postulante. Essas investiduras eram feitas levando-se em consideração o grau de riqueza, de poder e as benesses que a aliança com esta ou aquela família pudesse trazer para a Igreja. A prática das chamadas investiduras leigas acabou acarretando graves problemas para a Igreja medieval. Em primeiro lugar, os problemas políticos, decorrentes da constante disputa com os poderes temporais para a ocupação de cargos e terras. Mais grave que isso, entretanto, foi o fato de gerar um clero inadequado às suas funções religiosas, incapaz de dar resposta às necessidades espirituais dos fiéis. O desregramento do clero evidenciava-se numa atitude conhecida usualmente como nicolaísmo, termo usado para designar o desregramento que passara a marcar o comportamento do clero. Mais que isso, a constante busca por um aumento da renda que sustentava o imenso luxo em que vivia o clero, levou a Igreja a intensificar, durante a Idade Média, práticas como a venda de relíquias sagradas ou de cargos eclesiásticos (práticas conhecidas como simonia) e a venda de indulgências (absolvição dos pecados cometidos). Assim, cresciam manifestações intelectuais de críticas ao comportamento da Igreja. Nomes como Erasmo de Roterdã ou Thomas Morus propunham uma reforma interna da Igreja, com um retorno à pureza original do cristianismo. Por trás dessas propostas havia, por certo, uma crítica ao excessivo apego da Igreja aos bens materiais e ao poder. Nacionalismo, heresias e política Tais críticas já haviam atingido níveis mais preocupantes para Roma desde o final do século 14. Na Inglaterra, John Wycliff pregava o confisco dos bens da Igreja, o voto de pobreza por parte dos membros do clero e uma retomada das Sagradas Escrituras como única fonte da fé. No reino da Boêmia, então pertencente ao Sacro Império, John Huss, tendo por base as idéias de Wycliff, viu suas pregações constituírem-se na base do sentimento nacionalista da região contra o domínio do Império e da Igreja de Roma. A prisão, seguida da condenação e execução de Huss, não conseguiu apagar a chama nacionalista, o que mostrava um lado intenso da crise vivida pela Igreja, qual seja, o seu domínio sendo alvo de reações nacionalistas. Há outra forma de reação a esse desvirtuamento do papel da Igreja e ela fica evidente ao observarmos o crescimento das heresias. O termo era empregado para designar todas as manifestações de pensamento religioso discordante dos dogmas impostos pela Igreja Católica. Durante a Baixa Idade Média, e particularmente no século 13 (considerado o grande século das heresias), cresceram de modo significativo o número de seitas heréticas e o número de adeptos a essas seitas. Ao contrário de uma primeira impressão, as heresias constituem-se numa prova de fé e não de falta de fé. Evidenciam a existência de uma população imbuída de uma profunda religiosidade não contemplada pelos dogmas e pelo materialismo da Igreja. Esta, por sua vez, jamais foi capaz de compreender o real significado das heresias. Ao contrário, a Igreja apenas viu nelas o que representavam em termos de ameaça ao seu poder baseado na unidade da fé. Assim, a reação da Igreja Católica às heresias concentrou-se na repressão. Não foi outra a função da criação do Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição, justamente no século 13. Há outros elementos decisivos nesse processo. A questão política passa a ganhar um peso significativo a partir do início do processo de centralização do poder. Naturalmente, os reis, ao buscarem se fortalecer politicamente, vão entrar em choque com o poder da Igreja. Em muitos casos (e o exemplo da Inglaterra, como veremos a seguir, é apenas o mais evidente), romper com a Igreja Católica e criar uma nova Igreja sob seu comando foi a forma encontrada pelos reis para se libertar do poder político do papado. Além disso, num quadro de crescimento do comércio, os dogmas da Igreja, de condenação à usura e ao lucro excessivo, representavam um forte obstáculo para a burguesia. Assim, também essa nova camada ascendente vai ter interesse em romper com os entraves impostos pelo catolicismo e adotar uma nova religião, para a qual suas práticas não se constituíssem em pecados e fossem consideradas como dignificantes do homem. Veja também Reformas religiosas (2) Reformas religiosas (3) Reformas religiosas (4) Reformas religiosas (5) *Gilberto Salomão, formado em história pela USP, é professor do Curso Intergraus e autor dos livros de história do Sistema de Ensino Poliedro.