ISSN: 2362-3365 II SEMINARIO INTERNACIONAL DE LOS ESPACIOS DE FRONTERA (II GEOFRONTERA): DIFERENCIAS E INTERCONEXIONES1 5 – Naturaleza y ambiente en la Frontera/ Natureza e ambiente na fronteira GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À CARTOGRAFIA GEOMORFOLÓGICA: O ESTUDO DE CASO DA BACIA DO PARANÁ III BR/PY Maicol Rafael Bade Mestrando em Geografia, UNIOESTE [email protected] Anderson Sandro da Rocha Doutorando em Geografia, UEM [email protected] José Edézio da Cunha Professor da PPGG- UNIOESTE [email protected] Maria Teresa de Nóbrega Professora do PGE- UEM [email protected] Resumo: As geotecnologias apresentam-se como importantes ferramentas de obtenção, processamento e análise de dados georreferenciados. Essas ferramentas normalmente utilizadas com base nas técnicas de SIGs, Sensoriamento Remoto, GPS e da Cartografia Digital, têm proporcionado significativas contribuições aos estudos de monitoramento de objetos e fenômenos da superfície terrestre. Nesse sentido, o presente trabalho visa 1 Editor: Facultad De Humanidades y Ciencias Sociales (FHyCS) Universidad Nacional de Misiones (UNaM). Direccion: Oficina de Relaciones Internacionales – 1er piso Biblioteca, Calle Tucuman 1946, Posadas, Misiones, CPA: N3300BSP, Correo electrónico: [email protected] 1 demostrar as contribuições das geotecnologias para a caracterização de unidades do modelado da bacia hidrográfica do Paraná III, localizada na fronteira do Brasil com o Paraguai. A partir das cartas básicas (geologia, solos e hidrografia já existentes), e temáticas (declividade, hipsometria, curvatura vertical do relevo e do relevo sombreado) foi confeccionada a carta final de unidades do modelado, diferenciadas pelas semelhanças topográficas e de rugosidade do terreno, com base na classificação taxonômica do relevo, proposta por Ross (1992), com identificação de nove unidades na bacia do Paraná III, cinco no território brasileiro (Cascavel, São Francisco, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Guaíra) e quatro no território paraguaio (Santa Fé Del Paraná, Nueva Esperanza, Corpus Cristhi e Salto Del Guaíra). INTRODUÇÃO Os estudos de gênese e evolução do relevo são fundamentais para a compreensão do modelado terrestre e, por conseguinte, da estrutura e do funcionamento das paisagens em área urbanas, perirubanas e rurais. De acordo com Amaral e Ross (2006), estudos do meio físico, particularmente os que analisam os processos que envolvem as relações entre o solo e o relevo, temporal e espacialmente, são poderosos instrumentos de gestão territorial, porque além de permitirem a identificação das áreas de maior ou menor vulnerabilidade aos riscos socioambientais, ajudam na escolha dos seus usos e ocupações mais adequados. Como ressaltam esses autores, esse tipo de estudo é aplicado de forma satisfatória na prevenção e contenção de áreas suscetíveis aos processos erosivos porque integra a esses fatores (solo-relevo), o uso e a ocupação das terras. O crescimento populacional, quase sempre, acompanhado da necessidade de uso e ocupação espacial demonstra que os estudos de planejamento e gestão ambiental precisam de conhecimento teórico-conceitual da cartografia temática, dos SIGs e do sensoriamento remoto, como exemplificam Guerra e Cunha (1998, p. 387). Atualmente com a utilização e emprego das novas tecnologias voltadas para o estudo das formas de relevo, como a utilização dos MNT (Modelos Numéricos do Terreno, ou em inglês DEM – Digital Elevation Model) e do sensoriamento remoto (SRTM, ASTER, etc.), aliados aos mais diversos softwares de SIGs do mercado, permitiram uma nova abordagem dos procedimentos e técnicas, vindos a garantir maior agilidade, qualidade e confiabilidade aos produtos cartográficos finais. De acordo com Florenzano (2012, p. 146) o uso dessas novas ferramentas auxiliam os mais diferentes estudos como, por exemplo, aqueles que buscam compreender as 2 causas e os efeitos das queimadas, dos desmatamentos, do uso e ocupação dos solos, das enchentes, dos deslizamentos. Os avanços tecnológicos ocorridos nas últimas décadas têm permitido a obtenção de dados e informações de melhor resolução espacial, espectral, radiométrica e temporal, que ajudam no mapeamento, na medição e no estudo de uma variedade de fenômenos geográficos e ambientais com maior rapidez e precisão (FLORENZANO, 2012, p. 147). Esta autora além de destacar que esses dados permitem visualizar o espaço geográfico em três dimensões, exemplifica dizendo que a utilização de um SIG permite obter, de forma automática, variáveis morfométricas (altitude, declividade, orientação de vertentes, etc.) essenciais para os estudos geomorfológicos, pedológicos e ambientais. Um bom exemplo desse avanço são os produtos gerados a partir do SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). As imagens SRTM apresentam sensores de visada vertical e lateral, que permitem a reprodução de imagens georreferenciadas, capazes de representar o relevo terrestre em três dimensões espaciais: latitude, longitude e altitude (SOUZA e SANTOS, 2013). Diante do exposto, a presente pesquisa tem como objetivo aplicar as geotecnologias na identificação das unidades do modelado, diferenciadas pelas semelhanças topográficas, formas e declividade das vertentes e de rugosidade do terreno da Bacia Hidrográfica do Paraná III BR/PY. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A Bacia Hidrográfica do Paraná III BR/PY (Figura 1), situada na região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, abrange 28 municípios no Oeste do Estado do Paraná e 12 distritos na região Leste do departamento de Canindeyu e nordeste do departamento de Alto Paraná PY. 3 Figura 1: Localização da área de estudo: bacia hidrográfica do Paraná III BR/PY. 4 Com extensão territorial de 19.193 km2 a bacia é delimitada ao norte pela Área de Proteção Ambiental – APA Federal das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná e pelo Parque Nacional de Ilha Grande e ao Sul pelo limite do Parque Nacional do Iguaçu, onde se registra a maior diversidade de organismos. Predominam nesta unidade hidrográfica do Paraná III BR/PY as rochas vulcânicas básicas da Formação Serra Geral (Grupo São Bento) com cobertura pedológica de textura argilosa, como os Latossolo Vermelho, Nitossolo Vermelho e Neossolo Litólico e o Arenito Caiuá com cobertura pedológica de textura arenosa, como os solos Ultisol (argissolos), Alfisol (Argissolos), Entisol (Neossolos) e Oxisol (Latossolos) (GOROSTIAGA, 1995; EMBRAPA, 2006). Conforme a classificação climática de Köppen (1900) predomina na região o clima Cfa, subtropical, úmido, mesotérmico com precipitações médias anuais entre 1.600 a 1.700 mm (IAPAR, 1994), com tendência de concentração de chuvas nos meses de verão, sem estação seca definida. A média das temperaturas dos meses mais quentes é superior a 22°C enquanto que a dos meses mais frios é inferior a 18°C. Os principais afluentes do lado brasileiro são os rios São Francisco com nascente em Cascavel; Guaçu com nascente em Toledo, São Francisco Falso com nascente em Céu Azul e o Ocoí com nascente em Matelândia (SEMA, 2007). Já os principais afluentes do lado paraguaio são os rios Pirity, Gasory, Itambey e Limoy. METODOLOGIA Para atingir os objetivos da pesquisa foram realizadas as seguintes etapas: a) trabalhos de campo com acompanhamento de documentos cartográficos que permitiram o reconhecimento preliminar das principais unidades tectônicas e morfoesculturais; b) elaboração de cartas temáticas (declividade, hipsometria, curvatura vertical e relevo sombreado) com contribuições das cartas bases (geologia, solos, hidrografia), já existentes; c) elaboração da carta de unidades do modelado, diferenciadas pelas semelhanças topográficas e de rugosidade do terreno. Para a compartimentação do relevo foi utilizada a metodologia de Ross (1992), baseado nos conceitos de morfoestrutura e morfoescultura, desenvolvidos pelos russos Guerasimov (1946) e Mecerjakov (1968). A escala adotada nesta pesquisa (mapas base 1:250.000) permitiu a definição até o 3º táxon. Pois conforme destacam Ross e Moroz (1997, p. 45) os demais táxons (4º, 5º e 6º) exigem escalas de representação de maior detalhe. 5 Os dados para a delimitação da bacia de drenagem, tanto em território brasileiro como em território paraguaio, foram obtidos pelo site do INPE (2013), em formato GeoTiff (SRTM, resolução de 30m). As informações sobre a cobertura pedológica e a hidrografia foram obtidas através do site do ITCG 2013, em formato shape file na escala de 1: 250.000 e os dados referentes a geologia, pela Mineropar (2006), formato shape file, disponíveis na escala de 1:650.000. Os dados para a delimitação dos distritos e departamentos em território paraguaio foram vetorizados e georreferenciados a partir de informações encontrados no site da Secretaria del Ambiente do Paraguai (SEAM, 2011), através do link GEOPORTAL – Mapas Temáticos On Line. As informações sobre as principais classes de solos da região Oriental do Paraguai foram obtidas na escala de 1:500.000 (GOROSTIAGA et. al., 1995) que posteriormente foram georreferenciadas, vetorizadas e compatibilizadas na escala de 1:250.000. No que diz respeito à geologia, foram utilizadas as informações do Esboço Geológico do Paraguai Oriental, elaborado por Sandra Fariña (2009) em escala não definida. O esboço também foi georreferenciado e vetorizado em escala compatível de 1:250.000. Para a elaboração das cartas temáticas intermediárias (declividade, hipsometria, curvatura vertical e Relevo Sombreado), foram utilizados os dados da missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). Estes dados foram refinados da resolução espacial original de 3 arco-segundos (~90m) para 1 arco-segundo (~30m), e encontram-se disponibilizados no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2013). O software utilizado para a confecção das cartas (declividade, hipsometria e curvatura vertical) foi o ArcGis 9.3 através de sua extensão ArcMap. Para a confecção da carta de Relevo Sombreado utilizou-se o software Envi 5.0. Já para a delimitação das unidades e subunidades do modelado, o software Global Mapper 13. Os dados SRTM abrangendo a bacia de drenagem foram organizados em mosaico e contemplaram as seguintes cartas: 23s555, 23s54, 24s555, 24s54, 25s555 e 25s54, ambas em escala compatível de 1:250.000. A partir da imagem SRTM foi criado o modelo digital de elevação (DEM), possibilitando a obtenção de informações tridimensionais da área de estudo (latitude, longitude e altitude). Essas informações subsidiaram a elaboração das seguintes cartas: - Carta hipsométrica: para a elaboração desta carta foi criada, primeiramente, uma estrutura de grade triangular conhecida como TIN – “Triangular Irregular Network”, a partir dos dados SRTM. Para a confecção do TIN foi realizada a extração das curvas de nível do SRTM através da barra de ferramentas “3D analyst”, “surface analyst” e em seguida o comando “contourn”. Através dessas etapas foram geradas curvas de nível em intervalos de 6 50 metros melhor compatibilizado com a área de estudo. Com as curvas de nível geradas utilizou-se novamente o comando “3D analyst”, “create modify TIN” e o comando “create TIN from features”. Criado o TIN, em seguida na janela “layer properties” foi selecionado a opção “elevation” através do quadrante “add renderer”. Na aba “classification” foram estabelecidas sete classes altimétricas, com intervalos de 100 metros, o que originou o mapa hipsométrico. Para a escolha das cores utilizou-se a opção “color ramp”. - Carta de declividade: Foi elaborada para demonstrar o ângulo de inclinação (zenital) do relevo em relação a um eixo horizontal. Foi gerada através do TIN elaborado no passo anterior. Através da guia “layers properties” do TIN, seguiu-se para a opção “add...”, “face slope with graduated color ramp”, gerando assim um novo plano de informação com os dados de declividade. Após esta etapa, passou-se para a definição e número de classes de declividade predominantes e compatíveis com a metodologia da pesquisa. Selecionada a opção “slope” na guia “layer properties”, que foi gerado no passo anterior, seguiu-se para a alternativa “classification” e em seguida a opção “classify”. Na nova janela aberta, através da opção “method” no quadrante “classification”, escolheu-se a alternativa “manual”, para definição das 5 classes de declividade apresentadas na seguinte ordem: 0 - 3%, 3 - 6%, 6 12%, 12 - 20%, 20 - 30% e > 30%. - Carta de curvatura vertical: esta carta tem o objetivo de expressar o formato de determinada vertente, referindo-se ao caráter convexo/côncavo do terreno. O mapeamento da curvatura vertical encontra-se disponível no site do INPE, para todo o território nacional, com opções de 3 e 5 classes. Conforme a escala da presente pesquisa, optou-se pela utilização do mapa de curvatura vertical em 3 classes (relevo côncavo, retilíneo e convexo). Os dados de curvatura vertical foram baixados em formato GeoTiff (32 bits, extensão “tif”) e finalizados através da extensão ArcMap, do software ArcGis 9.3. - Carta de Relevo Sombreado (“Shaded Relief”): o plano de informação desta carta foi editado e gerado através do programa Envi 5.0, desenvolvido pela Excelis Visual Information Solution, inc. Para este plano foram utilizadas as mesmas informações SRTM, ou seja, os mesmos dados que geraram as cartas hipsométrica e de declividade. Os dados SRTM foram importados através da opção “Open As” > “Generic Formats” > “TIFF/Geo TIFF”. Aberto o arquivo SRTM, seguiu-se para a aba “Toolbox” e na pasta “Terrain” utilizouse a ferramenta “Topographic Modeling”. Uma nova janela com o nome “Topographic Features input DEM” foi aberta. Nesta nova janela em “Select Input Band” foi selecionada a banda 1 “Band 1”, referente ao plano de informação necessário para a criação do mapa. Terminada esta etapa, outra janela foi aberta “Topo Models Parameters”. Nesta, foi selecionada somente a opção “Shaded Relief” e na guia abaixo “Comput Sun Elevation and Azimuth”, foi digitado o valor 30 para “Elevation” e 45 para “Azimuth”. 7 Para a elaboração da carta de unidades do modelado, diferenciadas pelas semelhanças topográficas, formas e declividade das vertentes e de rugosidade do terreno, a delimitação das unidades do relevo da bacia do Paraná III (polígonos) foi vetorizada manualmente no software Global Mapper v. 13.00, desenvolvido pela Blue Marble Geographics, não envolvendo nenhum processo automatizado nesta etapa. A análise e correlação das informações obtidas nas cartas temáticas de declividade, hipsometria, curvatura vertical e relevo sombreado, permitiram a elaboração da carta preliminar de unidades do modelado que, depois de somadas as informações básicas de geologia, pedologia e hidrografia, confirmadas no campo, possibilitaram a confecção da carta final de unidades do modelado da bacia hidrográfica da Paraná III BR/PY. RESULTADOS E DISCUSSÕES Pautado na classificação proposta por Ross (1992) e no trabalho de Santos et. al. (2006) e Oka-Fiori et. al. (2006), a bacia hidrográfica do Paraná III, apresenta no primeiro nível taxonômico a unidade morfoestrutural da Bacia Sedimentar do Paraná e no segundo nível, as duas grandes unidades morfoesculturais, denominadas de Terceiro Planalto Paranaense e Planalto do Paraguai Oriental. A análise das cartas temáticas (Figura 2) somadas às informações de geologia, pedologia e hidrografia confirmadas nos trabalhos de campo possibilitou a definição do terceiro táxon, ou seja, da elaboração da carta de unidades do modelado, diferenciadas pelas semelhanças topográficas e rugosidade do terreno, com cinco unidades morfoesculturais na margem esquerda da bacia, abrangendo o território brasileiro e quatro unidades morfoesculturais na margem direita, situadas no território paraguaio (Figura 3). A margem esquerda comtempla as unidades de Cascavel, São Francisco, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Guaíra, e a margem direita, as unidades de Santa Fé Del Paraná, Nueva Esperanza, Corpus Cristhi e Salto Del Guaíra. A unidade do Platô de Cascavel apresenta três subdivisões denominadas: unidade de Cascavel (1a), subunidade de Santa Teresa do Oeste (1b) e subunidade de Nova Santa Rosa (1c). As subunidades apresentam condições semelhantes em relação à posição hipsométrica, com gradientes altimétricos que variam entre 400 e 775 metros, contemplando a maior parte das nascentes da margem esquerda da bacia. As subdivisões fizeram-se necessárias em razão das características de declividade e de solos. Na unidade de Cascavel (1a), as vertentes caracterizam-se como retilíneas e côncavas, com declividades entre 0 a 12%, e o predomínio de Latossolos e Nitossolos. Na 8 subunidade de Santa Teresa do Oeste (1b) ocorrem declividades mais acentuadas, entre 6 a 20%, e apresenta pequenas áreas de solos Neossolos, associados aos Latossolos e Nitossolos e rupturas de declives levemente abruptas. A subunidade de Nova Santa Rosa, embora apresente semelhantes condições pedológicas em relação a unidade (1a), exibe porcentagens de declividades menos acentuadas e vertentes mais aplainadas. No curso intermediário da margem esquerda da bacia localiza-se a unidade do São Francisco, com cotas altimétricas que variam entre 225 e 600 metros. Contempla o setor de maior dissecação, com vertentes complexas de formas convexo-côncavas fortemente entalhadas e valores entre 20 a mais de 30% de declividade. Predominam na unidade os Neossolos (em declividades acima de 20%) intercalados com os Nitossolos. Apenas em pequenos pontos ao sul e a oeste as vertentes são menos dissecadas, com ocorrência de declividades entre 0 e 6% e solos do tipo Latossolos. A unidade de Foz do Iguaçu abrange o setor rebaixado localizado as margens do rio Paraná e contempla cotas altimétricas entre 100 e 400 metros. As declividades em sua maioria ocorrem entre 0 e 12%, com vertentes predominantemente planas e cobertura pedológica representada pelos Latossolos nos setores de topo e os Nitossolos na baixa vertente. 9 10 A unidade de Marechal Cândido Rondon também expressa altitudes que variam entre 100 e 400 metros, porém apresenta uma associação de diferentes formas de vertentes. Nos setores de maior declividade de 12 e 20% ocorrem formas fortemente convexas e a presença de Neossolos, Cambissolos e Nitossolos. Em setores mais aplainados de forma convexas-côncavas e retilíneas com gradientes entre 0 e 12% de declividade, verificam-se os Latossolos e Nitossolos, com ocorrência de Neossolos nos setores onde há fortes rupturas de declive. A unidade de Guaíra abrange o setor norte da bacia, e caracteriza-se como uma unidade de transição geológica, zona de contato do basalto com o arenito. Por estar situada em área de transição, verificam-se solos de textura argilosa, (Latossolos e Nitossolos) e arenosos (Argissolos e Neossolos Quartzarênicos). Em toda a unidade ocorrem vertentes predominantemente aplainadas em cotas altimétricas que variam entre 100 e 300 metros. A margem direita da bacia localizada no Paraguai apresenta no ambiente de platô a unidade de Corpus Cristhi. A unidade comtempla gradientes altimétricos dominantes entre 300 e 400 e abrange todas as nascentes situadas no alto curso. As vertentes destacam-se pelo domínio de formas convexas e retilíneas, declividade entre 0 e 6% e solos do tipo Latossolo (Oxisol). O modelado do relevo e as condições geoambientais exibem características semelhantes ao longo de toda a unidade. O setor norte da bacia compõe a unidade de Salto Del Guaíra, que apresenta características bastante particulares devido às condições geológicas e pedológicas. A unidade abrange uma zona de transição da formação basáltica com a arenítica ocorrendo predominantemente solos de textura arenosa e areno-argilosa em solos do tipo Argissolo (Ultisol e Alfisol). A área possui vertentes retilíneas, com altimetrias que variam entre 100 e 400 metros e declividades entre 0 e 12%. A unidade de Nueva Esperanza exibe vertentes mais inclinadas em relação aos outros setores localizados na margem direita. A unidade apresenta áreas setorizadas, que denotam topos mais inclinados e declividades com porcentagens entre 12 e 20%, localizadas em uma pequena faixa arenítica. Na maior parte da unidade, sobretudo nos 11 ambientes de baixa vertente, verifica-se o predomínio de declividades entre 0 e 12%, com a presença de solos de textura argilosa, resultante da formação basáltica. No setor sul, destaca-se a unidade de Santa Fé Del Paraná abrangendo grande parte do baixo curso da margem direita do Rio Paraná. A unidade é composta por modelos topográficos particularmente semelhantes, caracterizados por vertentes tipicamente planas e cobertura pedológica com o domínio dos Latossolos (Oxisols). No contexto geral, a delimitação das unidades geomorfológicas da bacia expressa importantes correlações entre as formas topográficas e os tipos de uso do solo. Nos setores de declividades menos acentuadas ocorrem predominantemente os cultivos de cultura temporária (soja e milho), sendo que nas áreas de maior inclinação topográfica e/ou setores compostos por formação arenítica, o uso é caracterizado por pastagens. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Este trabalho, em desenvolvimento, permite considerar que pesquisas de ordem físico-territoriais desenvolvidas na escala espacial das bacias hidrográficas, quando subsidiadas pela cartografia geomorfológica e, principalmente, pelas geotecnologias, possibilitam mapear e compreender diferentes aspectos do relevo, como demonstrado neste estudo de caso que definiu e caracterizou as principais unidades do modelado, diferenciadas pelas semelhanças topográficas e de rugosidade do terreno da Bacia Hidrográfica do Paraná III BR/PY. Outra consideração importante é que os dados obtidos nesta pesquisa, em escala regional, deverão subsidiar futuros estudos que busquem a compreensão da evolução espaço-temporal dos processos modeladores destas formas de relevo, particularmente aqueles que permitam o entendimento das suas fragilidades e potencialidades, considerado importante para o planejamento socioambiental deste espaço geográfico de fronteira. 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