GLAUCIA CRISTINA DA CRUZ ARRUDA_94_65187

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INTRODUÇÃO
Em 1980 o Brasil era um dos países com maior índice de carie entre as crianças e
adolescentes, e possuía 11% da Mão de obra odontológica disponível no mundo (Pinto 2000.
Com a regulamentação do sistema único de saúde SUS.
A partir da constituição de 1988 e das leis 8080 e 8142 de 1990 a odontologia passou a
integrar no contexto pré-existente do exercício da profissão nos setores públicos e privados.
O PSF foi criado no Brasil em 1990 em modelo assistencial de outros países tais
como, Cuba, Inglaterra e Canadá, e foi adequado a realidade brasileira.
Em 2000 com a criação da equipe de saúde bucal no programa da saúde da família, o
ministério da saúde aderiu a atenção odontológica ao programa.
A integração da Estratégia Saúde da Família é capaz de fortalecer a equidade em saúde
fazendo assim a superação com relação as desigualdade sociais em saúde nos diferentes
contextos, conforme a realidade local.
Ao assumirmos a Estratégia da Saúde da Família Beira Rio em outubro de 2009,
percebemos que tínhamos uma unidade de saúde com condições necessárias para o
funcionamento como um todo e principalmente o consultório odontológico em perfeita
condições de trabalho.
Nesse período em que nós estamos trabalhando na Estratégia da Saúde da Família
Beira Rio, percebemos que a grande maioria dos seus usuários do consultório odontológico
encontrava-se com sérios problemas periodontais em pacientes diabéticos.
O bairro Beira Rio localizado na área portuária da cidade de Corumbá no Estado de
Mato Grosso do Sul, é um bairro carente e a maioria da sua população vive basicamente da
pesca sobrevivendo de aproximadamente de um salário mínimo. Pessoas de pouca cultura e
religiosidade e sem conscientização da sua prevenção a saúde principalmente a saúde bucal.
Ao nos depararmos com o problema e agravos periodontais em pacientes diabéticos
começamos a perceber o quanto é importante a aplicação de métodos preventivos com relação
a esses usuários, tentando com isso esclarecer através de palestras educativas dentro da
unidade de saúde e fora da unidade de saúde (escola) a qual fazem parte da área determinada
da ESF.
Os problemas periodontais nesses pacientes diabéticos eram muitos ao qual
percebemos à má higienização e a falta de orientação eram as causas desses agravos
periodontais,
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O resgate do usuário para que se faça um controle a cada seis meses tem tido uma
resposta satisfatória, visto que os conceitos e as orientações com relação a sua saúde bucal
estão tendo uma significativa melhora.
A odontologia na estratégia da Saúde da Família permite uma abordagem
multidisciplinar nas doenças crônicas. Contribuindo para melhoria da qualidade de vida da
população brasileira, tendo assim o profissional da estratégia da saúde da família uma visão
voltada para mudanças de hábitos, principalmente procurando prevenir doenças/ou
complicações buscando uma saúde preventiva.
Com base nesse contexto a doença crônica a ser trabalhada por mim é diabetes melitus
que é definida segundo Smeltzer e Bare (2002) como um grupo de distúrbio heterogêneo
caracterizado por níveis elevados de glicose no sangue.
O cirurgião dentista por sua vez tem o papel importante na equipe da ESF observando
o usuário como um todo a sua saúde através da anamnese atuando assim no processo saúdedoença desse usuário. Chegando a uma evidencia de que a doença periodontal está presente
em usuários diabéticos devido ao alto índice de bactéria bucal nesses pacientes justamente
com a alteração sanguíneas à difícil cicatrização e a queda da imunidade. Com o alto índice de
bactéria no paciente diabético podendo alcançar a corrente sanguínea, danificando ou
destruindo as células responsáveis pela produção de insulina ao qual se forma um ciclo
vicioso em doença periodontal e diabetes.
Havendo assim uma necessidade do controle da glicemia justamente com a sua saúde
bucal. (periodontal satisfatória).
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REVISÃO LITERÁRIA
No Brasil, de acordo com o VIGITEL 2007 (Sistema de Monitoramento de Fatores de
Riscos e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis), a ocorrência média de
diabetes na população adulta (acima de 18 anos) é de 5,2%, o que representa 6.399.187 de
pessoas que confirmaram ser portadoras da doença. E a prevalência aumenta com a idade: o
diabetes atinge 18,6% da população com idade superior a 65 anos (MINISTERIO DA
SAUDE, 2010).
Segundo Prestes (2007), podemos ter vários tipos de diabetes, como a insípido, a
gestacional ou diabetes em decorrência de tumores pancreáticos ou devido à síndrome de
Cushing. Entretanto, a forma mais comum é a diabetes mellitus , tipo I e II. No tipo I é
percebida como uma doença crônica auto-imune com sinais iniciais subclínicos caracterizados
por uma perda seletiva de insulina produzida pelas células betas das ilhotas pancreáticas em
indivíduos geneticamente predispostos. Acredita-se que fatores dietéticos e viróticos possam
induzir o processo auto-imune levando, em alguns indivíduos, à destruição extensa de células
beta e, por fim, a manifestação clínica de diabetes.
Alves ET AL. (2007), define diabetes mellitus como uma doença crônica caracterizada
por deficiência parcial ou total na produção de insulina ou por resistência à sua ação. Isso leva
à anormalidade nos metabolismos glicídio, protéico e lipídico, que resultam em hiperglicemia,
a qual induz múltiplas anormalidades sistêmicas.
Dentre as principais manifestações bucais e aspectos dentais dos pacientes com
diabetes estão a xerostomia, glossodínia, ardor na língua, eritema, e distúrbios de gustação. O
diabetes mellitus leva a um aumento de acidez do meio bucal, aumento da viscosidade e
diminuição do fluxo salivar, os quais são fatores de risco para cárie 9 (SCHNEIDER ET AL
1995).
Segundo Souza (2001), pacientes com controle inadequado do diabetes têm
significativamente mais sangramento gengival do que pacientes que não apresentam a doença
ou que apresentam a doença e possuem um controle bom ou moderado. Os tecidos
periodontais dos pacientes diabéticos tipo 2 quando comparados aos pacientes saudáveis
apresentam: maior grau de vascularização, maior grau de espessamento de parede vascular,
obliteração total e parcial de luz vascular, alterações vasculares nos tecidos gengivais, e estas
parecem estar relacionadas ao caráter hiperinflamatório desses pacientes.
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Os tecidos gengivais sadios normalmente apresentam coloração rosa pálida, sua
superfície tem aspecto granulado e tônus consistente. A natureza insidiosa da doença
periodontal é indicada pela ocorrência documentada de inflamação gengival branda nas
crianças, aumentando de gravidade em adolescentes e adultos jovens, e a freqüente progressão
para a perda parcial ou completa dos dentes na meia idade ou mais tarde. Assim, a concepção
de que a doença periodontal manifesta-se apenas no adulto já esta ultrapassada, obrigando-nos
à necessidade de prevenir, diagnosticá-la e tratá-la na infância e adolescência (PRESTES,
2007).
A doença periodontal deve ser vista como um processo de desequilíbrio entre ações de
agressão e defesa sobre os tecidos de sustentação e proteção do dente, q eu
tem
como
principal determinante a placa bacteriana, a partir das diferentes respostas dadas pelo
hospedeiro (BRASIL, 2008). Segundo Alves ET AL. (2007), ela refere-se a qualquer
alteração inflamatória visível, microscópica e clinicamente, no periodonto afetado. Esta
inflamação representa a reação do organismo a microbiota da placa e seus produtos. Como
manifestação inicial da doença periodontal temos a gengivite e esta se não tratada pode
evoluir para periodontite.
Borges et al. (2007), caracteriza as gengivites como doenças que causam vermelhidão
das gengivas, alterações de contorno, sangramento à sondagem, edema e aumento do fluído
gengival; porem os achados clínicos e radiográficos não denotam perda de inserção
periodontal e osso alveolar. Segundo Almeida (2006), a gengivite ocorrerá se houver acúmulo
suficiente de placa bacteriana para promover uma reação inflamatória, em respostas aos
produtos microbianos. As alterações patológicas verificadas na gengivite progridem até haver
destruição do ligamento periodontal e migração apical do epitélio de união.
Nas periodontites, o epitélio ulcerado das bolsas periodontais serve como meio de
entrada para as bactérias e seus produtos na corrente circulatória, além disso, pela maior
capacidade de virulência, as periodontites ativam a resposta inflamatória local em proporções
muito superiores que nas gengivites. A inflamação gengival se estende para o sistema de
suportes do dente (ligamento periodontal, cemento radicular e osso alveolar) e as perdas de
suporte ósseo e de tecido conjuntivo são achados clínicos característicos dessas doenças
(CARRANZA e NEWMAN; 1997).
Para Gusmão et AL. (2005), os microrganismos do biofilme dental que formam a
placa bacteriana são agentes extremamente importantes para iniciar a doença, porem não são
totalmente responsáveis pela agressividade ocorrida nos tecidos periodontais. Por este motivo,
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fatores locais e sistêmicos, como diabetes, são responsáveis pelo desequilíbrio ocasionado
entre o hospedeiro e os microrganismos.
Não existe diferença significativa entre a microbiota de diabéticos e não diabéticos.
Isso sugere que a maior prevalência, extensão e gravidade das doenças periodontais
destrutivas nestes indivíduos sejam atribuídas às alterações na resposta imune do hospedeiro
(CORRAINE e PANNUTI; 2008). Na cavidade bucal, encontramos a queilose, diminuição do
fluxo salivar, alteração da microbiota e a doença periodontal destrutiva, como algumas
alterações mais comuns (PRESTES, 2007).
Um trabalho realizado por Drumond-Santana et AL. (2007), avaliou o impacto dos
problemas periodontais na qualidade de vida dos diabéticos. Através de um questionário,
observou que 75% dos diabéticos apresentaram impacto negativo na qualidade de vida em
pelo menos uma pergunta. Considera-se o diagnóstico da doença periodontal, os grupos com
periodontite, tanto na forma leve a moderada quanto na forma avançada, relataram impactos
negativos intensificados na qualidade de vida, entretanto, não foi observada diferença
estatisticamente significativa entre estes grupos. O resultado do estudo indica que é necessário
o desenvolvimento de programas específicos com estratégias que minimizem os efeitos
negativos da doença periodontal na qualidade de vida de indivíduos portadores de diabetes
mellitus.
A doença periodontal tem como origem uma associação multifatorial complexa e
ainda indefinida, quanto a sua progressão e severidade. É um processo inflamatório que
ocorre na gengiva em resposta a antígenos bacterianos da placa dentária que se acumulam ao
longo da margem gengival. Em pacientes diabéticos com controle metabólico inadequado
apresentam respostas aumentadas aos antígenos bacterianos, e consequentemente, há uma
maior destruição dos tecidos periodontais (AAP, 2000).
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OBJETIVOS
3.1
OBJETIVO GERAL
Verificar a incidência de doenças periodontais em diabéticos na Estratégia Saúde da
Família do Beira Rio.
3.2
OBJETIVO ESPECÍFICO
Mediante
os
casos
de
doenças
periodontais
em
diabéticos,
propus
um
acompanhamento com esses usuários através de controle da placa bacteriana (raspagem supra
gengival e sub gengival), juntamente com orientações ao usuário através de palestra
educativas e informativas com relação a sua saúde como um todo (dieta alimentar, controle da
sua glicemia, acompanhamento médico e odontológico). Por todos esses motivos exposto
realizei através de exame odontológico uma sondagem do periodonto o índice de perda de
inserção periodontal (P. I. P.).
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METODOLOGIA
Foi realizado o exame odontológico em 30% dos usuários diabéticos da área de
abrangência da Estratégia Saúde da Família Beira Rio em Corumbá, Mato Grosso do Sul, o
que corresponde a 20 pacientes, o qual foi usado como método de dados do IPC, (Índice
Periodontal Comunitário), os exames foram conduzidos com auxilio de uma sonda
milimetrada, especificamente desenvolvida para tal, chamada sonda IPC.
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DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS
O exame odontológico realizado com 30% dos usuários que corresponde a 20
pacientes foi através do índice de perda de inserção periodontal (P.I.P.), avaliados com auxilio
da sonda IPC (Índice Periodontal Comunitário) para melhor entendimento dos índices
avaliadores ou de mensuração para doença periodontal. O tratamento deve se estender por
varias sessões de preferência, sendo necessário realizar a raspagem e polimento supra
gengival mediante o controle da placa bacteriana e promover ações educativas para controle
da doença periodontal associada a diabetes. Os parâmetros para avaliação foram: 0 para
periodonto saudável; 1 para sangramento a sondagem; 2 para presença de cálculo; 3 para
profundidade a sondagem de 3 a 5 mm; 4 para profundidade a sondagem igual ou maior que 6
mm.
Tabela 1 – Número de pacientes examinados conforme índice
de perda de inserção periodontal na
ESF Beira Rio, Corumbá/MS
Índice
Pacientes
0
3
1
4
2
10
3
3
4
0
15
Verificou dos 30% dos usuários da ESF Beira Rio 20 pacientes foram feitos exames
odontológicos, ao qual verificou-se então que 15% dos pacientes apresentava periodonto
saudável, 20% apresentou sangramento a sondagem, 50% apresentou com presença de
calculo, 15% apresentou com profundidade a sondagem de 3 a 5 mm e 0% não apresentou
profundidade a sondagem igual ou maior que 6 mm.
Após os exames odontológicos realizados percebi que o índice maior é com relacao a
presença de cálculo, que é um agravante para pacientes com diabete com resultado cheguei a
seguinte conclusao que os usuarios da ESF Beira Rio necessita de controle a placa bacteriana,
para que não se evolua a doença periodontal nesse paciente diabético, evitando-se chegar ao
grau de profundidade a sondagem igual ou maior que 6 mm visto que com um diagnostico
nessa profundidade de sondagem é considerado grave e na maioria das vezes se é dado um
diagnóstico de perda dental e por esse motivo existe a necessidade do controle tanto da
diabetes como da saúde bucal, com base nesse exame odontológico em diabéticos percebe se
a intergridade entre usuário diabético e equipe(médico, dentista e enfermagem)
multidisciplinar voltada ao controle da diabete através de (controle alimentar para uma vida
saudável), valorizando a sua saúde bucal (periodonto saudável).
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CONCLUSÃO
Propor ações para diminuir a prevalência de doenças periodontais e que haja uma
melhora nas condições de saúde do diabético com uma integração entre, médico, dentista e
usuário, pois a saúde com os princípios preventivos e ao mesmo tempo curativo. O resultado
esperado e que haja uma melhora nas condições da saúde do diabético e uma integração entre,
médico, dentista e usuário, pois a saúde deve ser tratada com os princípios preventivos e ao
mesmo tempo curativos.
Propor que essas ações de tratamento periodontal através de raspagem, orientação
quanto a sua higienização e controle das placas bacterianas juntamente com as consultas
medicas e controle da glicemia desse paciente sejam iniciadas em janeiro de 2012 com a
perspectiva em dezembro de 2012 no decorrer do tratamento chegar a um resultado
satisfatório e um controle das suas infecções que são as causas da prevalência ao diabético,
visto que, a saúde é para todos. Com um intervalo de duas em duas semanas pára consulta e
tratamento e a cada seis meses uma nova sondagem da estrutura periodontal.
Com o objetivo de propor um plano de intervencao que deverá ter um prazo de
iniciando em janeiro de 2012 e término de janeiro de 2013, mediante tratamento dos pacientes
com doença peridontal, juntamente com palestras educativas relacionadas a uma dieta
saudável, orientação com relação aos cuidados com a sua saúde bucal. Nesse plano de
intervenção farei uma avaliação de através do P.I.P (Perda de Inserção Periodontal) com
auxilio de uma sonda melimetrada.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Área Técnica de Saúde Bucal. A reorganização da Saúde Bucal na Atenção Básica.
Brasília, DF, 2000.
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Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2002.
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ALVES, C.; et al. Mecanismo patogênicos da doença periodontal associada ao diabetes
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BORGES, P. K. O.; et al. Prevalência e característica associadas à síndrome metabólica
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CARRANZA, Jr. F.A.; Newman, M.G.; Periodontia clínica. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Editora
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